sábado, 23 de outubro de 2010

Interrupcao eleitoral (17): O Manifesto da desonestidade intelectual - Guilherme Fiuza

Eu retiraria o "intelectual": acho que não cabe tal adjetivo para uma assemblagem de militantes de uma causa que tem tudo de política, exclusivamente política, e da mais baixa extração.
Intelectual tem a ver com coisas do espírito, com o uso da capacidade de pensar, de argumentar racionalmente, de guiar-se pela lógica, pela verdade dos fatos.
Tudo isso está em total contradição com o que ocorreu no Rio de Janeiro, nesse encontro patético, se não fosse simplesmente ridículo.
Paulo Roberto de Almeida

O Manifesto da desonestidade intelectual
Guilherme Fiuza
revista Época, 22.10.2010

A burguesia culpada ataca novamente. O manifesto de intelectuais a favor da candidatura Dilma – aquele que incluiu a assinatura do diretor de Tropa de elitecontra a vontade dele – resume o Brasil do faz de conta. Faz de conta que o país está dividido entre ricos e pobres, conforme a mitologia criada por Lula desde seu primeiro discurso presidencial. Faz de conta que os avanços sociais vão acabar se a oposição vencer. Faz de conta que a vida do povo melhorou porque Lula é pobre.

A elite envergonhada se sente nobre quando bajula o povão. Não contem para ninguém que os avanços sociais começaram no governo de um sociólogo, porque isso vai estragar todo o heroísmo da esquerda festiva. Ela estava feliz em sua jornada nostálgica no Teatro Casa Grande, onde aconteciam as históricas reuniões de resistência à ditadura. Não perturbem Chico Buarque, Leonardo Boff e demais artífices do manifesto dos intelectuais em seu doce sonho de altruísmo. Deixem-nos curtir seu abraço metafórico ao operariado.

O único problema desse abraço é a metáfora em si. Ela se chama Dilma Rousseff e está prestes a virar abóbora. A fada que a transformou em encarnação da esperança popular deve estar exausta. O encanto começa a se dissipar, e a donzela começa a rosnar mensagens constrangedoras, com o rosto novamente crispado, masculinizado, hostil. A mamãe dos brasileiros está se desmanchando ao vivo. Os intelectuais e artistas de esquerda precisam fazer alguma coisa, porque o estoque de licenças poéticas do plano Dilma está no fim. Talvez pudessem importar um lote novo da Venezuela.

Após sua participação no debate presidencial da TV Bandeirantes, Dilma foi entrevistada ao vivo, ainda no estúdio. O repórter perguntou-lhe o que ela quis dizer com a acusação de que seu adversário pretende privatizar o pré-sal. Dilma mostrou então todo o seu preparo como candidata a Vanusa. Seu raciocínio saltou das profundezas oceânicas para os hospitais públicos, emendando num salto espetacular para as salas de aula do Brasil carente. Com os olhos vagando pelo nada, talvez em busca do sentido da vida, Dilma começava a dissertar sobre segurança pública quando foi salva pelo repórter da Band. Ele livrou-a de seu próprio labirinto mental da única forma possível: encerrou a entrevista.

Como nem tudo na vida é propaganda eleitoral gratuita, a musa dos intelectuais de esquerda logo apareceria de novo sem as fadas do marketing. Dessa vez, cercada por microfones, explicou que o maior acesso da população aos telefones nada tinha a ver com a privatização da telefonia. “O pobre passou a ter telefone porque passou a ter renda. Não por causa da privatização”, afirmou, categórica.

A elite envergonhada se sente nobre quando bajula o povão, num doce sonho de altruísmo

O eleitor não deve se zangar só porque a afirmação contraria a história. O fato de que a abertura da telefonia ao capital privado melhorou a vida do povo precisa mesmo ser esquecido. Para piorar, isso aconteceu no governo do sociólogo, ou seja, destoa completamente da apoteose operária que está levando o Brasil ao paraíso. Não vamos estragar o enredo. Até porque, se o aumento da felicidade per capita não puder ser atribuído à bondade estatal de Lula e Dilma, como os intelectuais progressistas vão fazer para se reunir no Teatro Casa Grande, lançar manifestos e se sentir importantes? Sinceridade tem limite.

Vamos deixar isso tudo combinado, antes que o encanto acabe. Os planos do PT para controlar a informação não existem. É pura invenção da imprensa burguesa, que não quer a ascensão popular, como alerta o manifesto dos intelectuais. O povo está com Dilma, e portanto a verdade também. O resto é despeito dessa elite egoísta que não gosta de pobre.

O diretor José Padilha mandou tirar seu nome do manifesto. No mínimo, deve ser um privatista. Mas aqui é a terra do filho do Brasil. Privatização, só na Casa Civil. Rumo ao Oscar.

Mapas historicos, na ponta do mouse...

Para quem, como eu, gosta de mapas antigos, este é um dos sites (o outro é, obviamente o da Library of Congress):

Biblioteca Digital de Cartografia Histórica da USP

A Biblioteca Digital de Cartografia Histórica reúne a coleção de mapas impressos do antigo Banco Santos - atualmente sob custodia do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP), conforme determinação da Justiça Federal. Além de disponibilizar os mapas em alta resolução, o site oferece informações cartobibliográficas, biográficas, dados de natureza técnica e editorial; assim como verbetes explicativos que procuram contextualizar o processo de produção, circulação e apropriação das imagens cartográficas.

A concepção da Biblioteca Digital foi desenvolvida pela equipe do Laboratório de Estudos de Cartografia Histórica (LECH), da Cátedra Jaime Cortesão, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP), e executada pelo Centro de Informática de São Carlos (CISC/USP), com o apoio da FAPESP (Projeto Temático Dimensões do Império Português). A equipe do IEB realizou a digitalização dos mapas, sendo também responsável pela conservação dos mesmos.

Noticias do capitalismo americano...

Para quem acha que o Estado burguês salva todo e qualquer capitalista de derrocadas eventuais:

From the Editors of American Banker
Seven Banks Fail, Bringing Failures for Year to 139

Tally is just one away from final 2009 count
Seven banks failed Friday, bringing the total number of failures this year to within one of the number of failures in all of 2009.
So far 139 banks have failed in 2010. Friday's failures are expected to cost the deposit insurance fund a collective $478 million.

E ja que estamos falando do "elemento", seus dez piores momentos - Ordem Livre

Claro: são apenas dez de maneira a fazer um número redondo, pois uma pesquisa rápida nos arquivos da imprensa, em oito anos de logorréia irreprimível, revelaria muito mais do que dez piores momentos; provavelmente mais de cem momentos deploráveis, de envergonhar qualquer cidadão com dois neurônios no cérebro, o cérebro no crâneo, e este posto numa cabeça normalmente constituída em cima dos ombros...
Só eu sou capaz de lembrar de vinte outros momentos lamentáveis para o pudor nacional. Acredito que cada um dos meus leitores também teria registro de algumas frases (des)memoráveis...
O "nunca antes", nunca antes se aplicou tão bem a um personagem...
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Ver no link as ilustrações pertinentes.

Os 10 piores momentos de Lula
Ordem Livre, 21 de Outubro de 2010

O governo Lula não foi a sovietização do Brasil como temiam os pessimistas de direita. Tampouco transformou o país no jardim do éden que vislumbram os otimistas de esquerda. Foi um governo que, de acordo com a visão liberal, se enquadrou no padrão de políticos à procura da maximização do seu poder, combinando a distribuição de privilégios para grupos de interesse, corrupção para os aliados, empregos para os amigos, moderação macroeconômica para inglês ver, e acenos ideológicos para as tradicionais bases petistas.

Desse emaranhado, destacamos 10 momentos em que Lula abusou da presidência para golpear (ao menos verbalmente) os valores da democracia liberal.

Confiram abaixo os 10 piores momentos do presidente Lula:

10 – Larry Rohter
Ninguém pode dizer que tomei uma decisão de governo porque bebi ou não bebi”. (13/05/2004)

Viver sob o estado de direito significa ter a certeza de que você não será vítima das arbitrariedades do poder político. Larry Rohter descobriu logo que estava vivendo na verdade sob o estado do direito de ser manso ou ficar quieto. Quando sugeriu que o presidente abusava de uma branquinha, Rohter correu o risco de ser deportado.
Foi um momento grave para um líder e seus auxiliares que, embebidos nos milhões de votos conquistados em 2002, ainda se familiarizavam com o poder (exagerado) do Executivo.
Diferentemente do que fizeram com os parlamentares que discordavam da direção do partido, como os que votaram pela eleição de Tancredo Neves, pelo menos dessa vez, o PT não conseguiu usar uma expulsão para calar vozes dissonantes.

9 – Conselho Federal de Jornalismo

Vocês são um bando de covardes mesmo, hein? Vocês não tiveram coragem de defender o Conselho Nacional de Jornalista”. (06/08/2004)

Planejado para “orientar, disciplinar e fiscalizar” o exercício do jornalismo, o Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) proposto pelo governo regulamentaria uma profissão da qual a plena e irrestrita liberdade deve ser a base.
Por mais que se esconda atrás de eufemismos, a proposta do governo traria apenas consequências indesejadas para aqueles que prezam pela democracia e a liberdade de expressão.
A orientação, ficalização e a disciplinamento de uma ação que anteriormente era realizada livremente só poderá resultar na limitação dos agentes. No caso do jornalismo, em coerção e censura.

8 – Cuba

Eu acho que greve de fome não pode ser utilizada como um pretexto dos Direitos Humanos para libertar pessoas. Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade”. (10/03/2010)

As pessoas tendem a acreditar que aprendemos a partir de nossas experiências. Lula foi perseguido e preso por uma ditadura, mas parece não ter aprendido que a liberdade é um valor que não deve ser relativizado. O Brasil costuma manter silêncio sobre violações de liberdades e direitos humanos em outros países. Quando o presidente Lula quebra esse silêncio, em vez de condenar moralmente as atividades da ditadura castrista, prefere justificá-las.
A comparação entre a prisão de dissidentes do regime assassino de Cuba e presos comuns em São Paulo não é apenas um desastre cognitivo. Não é praxe diplomática. É condescendência às violações das liberdades individuais na ilha da família Castro.

7- Hugo Chávez

Eu não sei se a América Latina teve um presidente com as experiências democráticas colocadas em prática na Venezuela”. (30/09/2005)

É certo que Lula não se referia à tentativa de golpe militar orquestrado por Chávez em 1992, contra o presidente Carlos Andrés Pérez, como sendo uma experiência democrática do coronel venezuelano. Lula também não se referia à constante repressão – com uso da força – às manifestações oposicionistas ou ao fechamento de estações de rádio e televisão menos simpáticas ao governo socialista de Chávez.
Talvez Lula tenha se referido às repetidas reeleições e referendos vencidos por Chávez. No entanto, esse argumento dificilmente se sustentaria em um sistema baseado no estado de direito, fundamentado numa constituição democrática e em um processo eleitoral de regras claras.
Chávez e seu governo manipulam os distritos eleitorais para garantir a seu partido a maioria na Assembléia Nacional venezuelana mesmo sem obter a maioria dos votos nacionais. Reescrevem a constituição para que as regras do jogo eleitoral estejam em seu favor e permitam a reeleição sem limite de mandatos. A intolerância chavista à dissidência e à contestação jamais garantirão a Chávez uma vaga no clube da democracia nem mesmo nessa fábrica de ditadores que é a América Latina.

6- Eleições no Irã

Eu não conheço ninguém, além da oposição, que tenha discordado da eleição no Irã. Não tem número, não tem prova. Por enquanto, é apenas uma coisa entre flamenguistas e vascaínos”. (16/06/2009)

O mundo reagiu às acusações de fraudes iranianas com indignação revolucionária. Governos exigiram recontagem dos votos, estrangeiros ofereceram solidariedade para com os dissidentes. O impacto foi tanto que, por alguns dias, estávamos todos fixados no que acontecia no Irã, e #iranelection estava fixado no topo dos Trending Topics do Twitter.
A repressão venceu a ousadia. O governo bloqueou a conectividade dos cidadãos erguendo uma firewall maior que a chinesa. Atirou nos manifestantes. Em meio a tudo isso, o presidente Lula tratou essa série de assassinatos e repressão política com a naturalidade de quem acompanha uma série de TV ou um jogo de futebol (em que seu time não está jogando, diga-se).

5- Crise Financeira

O que aconteceu com o famoso mercado onipotente? Quando o mercado teve uma dor de barriga, (…) quem é que eles chamaram para salva-lo? O Estado que eles negaram durante 20 anos”. (04/12/2008)

Nenhuma economia atual é totalmente livre nem totalmente estatizada. Impera em todos os países do mundo o intervencionismo, uma mistura de estado e mercado na economia. No entanto, sempre que o intervencionismo entra em crise, a culpa cai sobre o mercado. Ao Estado só cabe o papel de salvador da pátria. Quando defende essa dicotomia falsa, o presidente Lula colabora para que o desenvolvimento econômico brasileiro continue engatinhando. A evidência é clara: quanto mais estado, menor crescimento econômico.
A grande recessão de 2008 foi resultado de bancos centrais do mundo inteiro adotando políticas de crédito barato, o que descola o investimento privado da poupança real, e leva investidores a financiar projetos que só existem por causa dos juros artificiais do governo. Isso quando o governo não favorece certos projetos deliberadamente, como as políticas imobiliárias americanas.
O livre mercado, por definição, nega a intervenção do estado. Mas quem foi que disse que o mercado brasileiro quer ser livre? Pelo contrário, o Brasil tem uma tradição de chocadeira protecionista. As empresas escolhidas pelo governo são amamentadas com o crédito do BNDES, protegidas da competição externa por meio de tarifas e da interna por políticas de antitruste. Se enfraquecerem, levam uma injeção de subsídio e se quebrarem suas dívidas serão relativizadas. Em seus momentos de recaída, Lula dispara brados socialistas que, se levados a sério, só serviriam para aumentar o número de brasileiros dependentes do bolsa-família.

4- Zelaya

A comunidade internacional exige que José Manuel Zelaya reassuma imediatamente a presidência de seu país e deve estar atenta à inviolabilidade da missão diplomática brasileira na capital hondurenha”.(29/09/2009)

Por alguns meses Honduras esteve a beira de um colapso institucional. Se dependesse exclusivamente dele, Lula daria o empurrão. Manuel Zelaya estava seguindo o business plan chavista para a anexação de Honduras ao projeto bolivariano quando foi condenado pela suprema corte hondurenha. Pode-se discordar sobre a legalidade de sua deportação. Mas a deposição de um presidente que quisesse alterar a constituição para se manter no poder estava prevista na constituição.
De qualquer maneira, o governo brasileiro, que supostamente preza pela não-intervenção, fez mais do que qualquer outro para determinar o destino do povo hondurenho. Ao aceitar que a embaixada brasileira hospedasse Zelaya, e ao se manifestar veementemente contra novas eleições, Lula advogou a restauração de um presidente que tentou, ele próprio, um golpe contra a constituição de seu próprio país.

3- O ataque à imprensa

Enquanto a classe política não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste País. A covardia é muito grande”. (18/10/2010)

Quando a imprensa perde o medo do governo há liberdade. Quando o governo perde o medo da imprensa há tirania. Lula atacou diversas vezes os meios de comunicação brasileiro por faltarem com o sagrado dever de serem simpáticos ao governo.
Em retaliação, jornais e revistas de grande circulação atacaram de volta ao presidente. Seria uma briga interessante de acompanhar se não tivesse uma assimetria cruel: os jornalistas contam com a força das palavras e os políticos contam com a força da lei.
Em um momento em que o Brasil se desvencilha de uma lei de imprensa caquética, toda a atenção deve ser mantida contra novas tentativas de reconstruir a censura por meio de eufemismos como “controle social” e “democratização da mídia”.

2- Mensalão

Isso me cheira a folclore dentro do Congresso Nacional”. (07/11/2005)

O Supremo Tribunal Federal discordou da afirmação do presidente, e indiciou mais de 40 pessoas. Quase toda a cúpula do PT caiu, num estrago que culminou na cassação do ex-presidente do partido e então ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu.
O escândalo atingiu toda a base do governo, do PT ao PR, passando pelo PTB e o PMDB. Atingiu também publicitários, banqueiros e empresários.
O governo reagiu e a declaração do presidente reflete uma das estratégias utilizadas pelo PT e seus aliados para negar a existência do esquema de corrupção. No fim, se agarraram a tese de que ao invés se serem utilizados para a compra de votos dos parlamentares, os fundos seriam apenas recursos de campanha não contabilizados, ou o não menos ilegal, Caixa 2.

1- PNDH-3

Eu estava dizendo: a gente sofreria menos, se a gente transformasse os nossos companheiros em heróis, não apenas em perseguidos, mas em heróis. (…) O Franklin Martins participou do sequestro de um embaixador americano exatamente para que a gente tivesse mais liberdade.” (21/12/2009)

Nenhuma legislação recente ameaçou as liberdades e direitos individuais dos brasileiros com a ousadia do Plano Nacional de Direitos Humanos – 3, assinado pelo presidente Lula. Seu mecanismo de inversão não se limitava a tratar criminosos socialistas como heróis democráticos: essencialmente qualificava uma série de abusos contra a humanidade como direitos humanos.
Suas 25 diretrizes incluíam o controle político da imprensa, a adoção de uma cartilha ideológica para as escolas, a criação de um “júri comunitário” destinado a decidir sobre direitos de propriedade nas cidades e no campo, a unificação das forças policiais sob uma coordenação nacional, a restatização de empresas privatizadas e a instituição de referendos que abririam as comportas para que mais insanidades autoritárias pudessem passar.
Felizmente, o PNDH-3 não passou, e o legado de Lula ficou livre deste germe totalitário no miolo democracia brasileira. Mas o sistema imunológico nacional ainda não foi vacinado das tentações autoritárias que representam o PNDH-3. Vigiar e resistir ainda é necessário.

Bonus round:
Balas paulistinha

Eu achava que a gente não deveria judiar do próprio corpo para contestar, sabe, a nossa prisão. Mas aí a maioria deliberou fazer greve de fome, vamos fazer greve de fome. Eu tinha um monte de bala Paulistinha, e eu escondi embaixo do travesseiro, na expectativa de que eu pudesse de noite chupar uma balinha… E ai o meu companheiro Djalma de Souza Bom descobriu e deu descarga nas minhas balas todas e eu fiquei sem bala.”

Circunferência da Terra
Essa questão do clima é delicada por quê? Porque o mundo é redondo. Se o mundo fosse quadrado, sabe, ou retangular, e se a gente soubesse que nosso território está a 14 mil quilômetros de distância dos centros mais poluidores… ótimo… vai ficar só lá, sabe? Mas como o mundo gira e a gente também passa lá embaixo onde tá mais poluído, a responsabilidade é de todos…

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Bonus PRA:
Na mesma ocasião em que o "elemento" ficou preso, e burlou a "greve da fome" montada politicamente, e contornada fraudulentamente, o personagem em questão tentou abusar de um jovem, detido em outras circunstâncias, mas infelizmente (para ele) encarcerado com "harassers" decididos, o que não se sabe bem como terminou. Existem declarações a respeito, em tom jocoso, do próprio personagem principal, o que é revelador de seu caráter. Haja estômago...

Interrupcao eleitoral (16): "MacunaiLula", um chefe de faccao sem nenhum carater...

Quanto ao caráter do "elemento", não sou eu quem diz, é o Estadão, que aliás chegou tarde a essa conclusão...
Quanto à paráfrase à la Mário de Andrade, bem, ela pode ser debitada a mim mesmo (com muito gosto, aliás...)
Paulo Roberto de Almeida

Uma questão de caráter
Editorial - O Estado de S.Paulo
22 de outubro de 2010

Na reta final do segundo turno da eleição presidencial a baixaria se generaliza. É impossível determinar até que ponto o lamentável rebaixamento do nível do que deveria ser um debate político esclarecedor deve-se à ação direta dos comandos das campanhas.

Certamente, boa parte dessa guerra suja pode ser debitada à iniciativa irresponsável de militantes extremamente agressivos, de ambos os lados, que, principalmente pela internet, lançam mão das mais torpes mentiras para atacar os adversários. Mas há também o horário gratuito na mídia eletrônica, que nos últimos dias vem sendo usado cada vez mais para veicular ataques e acusações. E assim, tudo considerado, não há como eximir de culpa os responsáveis pela condução das campanhas. É tudo muito lamentável e a constatação a que se acaba chegando, com benevolência, é a de que este é, infelizmente, o tributo que se paga à imaturidade política e à fragilidade dos valores democráticos da sociedade brasileira - problemas que muitos julgavam já superados. Somos, portanto, todos responsáveis.

A responsabilidade, porém, deve ser atribuída com peso proporcional à importância de cada um dos atores da cena política. E é aí que assoma o triste papel que vem desempenhando - na verdade, desde sempre - o presidente da República. Lula, que é, reconhecidamente, quem dá o tom da campanha da candidata do PT, não hesita em partir para a agressão sempre que se vê contrariado. E não mede palavras quando parte para o ataque. Nada mais natural, portanto, que seu exemplo de agressividade seja seguido pelos militantes petistas. Até com agressão física, como a que ocorreu em Campo Grande, no Rio de Janeiro, contra o candidato tucano José Serra.

Depois do susto do primeiro turno, o homem que se considera o inventor do Brasil resolveu partir para o tudo ou nada contra aqueles que elegeu como seus principais inimigos: a oposição e a imprensa. Na verdade, ele gosta de achar que uma e outra são a mesma coisa, mas isso faz parte da tática de confundir para dominar.

Na entrega dos prêmios "As empresas mais admiradas do Brasil", ao qual compareceu a convite da revista semanal promotora do evento, Lula pontificou: "Enquanto a classe política não perder o medo da imprensa, a gente não vai ter liberdade de imprensa neste país. A covardia é muito grande." Pouco lisonjeiro para a "classe política", certamente. Mas qual será o significado real dessa exortação? Mais uma ameaça à imprensa que não lhe rende loas? De fato, Lula tem uma visão muito peculiar de qual deva ser o papel dos veículos de comunicação. Foto e exaltação a Dilma Rousseff na capa do jornal da CUT pode. Crítica ao PT na capa da revista Veja é "acinte à democracia e uma hipocrisia". A indignação do presidente parece resultar de que boa parte dos jornais, revistas, rádios e televisões se nega a atender ao pouco que ele pede: "A única coisa que quero que digam é a verdade. Sejam contra ou a favor, mas digam a verdade." Mas, quando cada um tem a sua própria verdade, Lula quer que fiquemos sempre com a dele.

Por exemplo, em comício realizado dias atrás em Goiânia, ao lado de sua escolhida para governar o Brasil, Lula ensinou: "Política a gente não pode fazer com ódio, com agressão. Ninguém aguenta mentira. Não tem nada pior do que um político mau caráter, alguém que não colocou um trilho na ferrovia dizer que ele fez a ferrovia", disse, referindo-se ao candidato ao governo de Goiás Marconi Perillo.

Claro que não se dá conta de que, partindo para a xingação pura e simples, está liberando os seus "balilas" do Rio de Janeiro para a agressão física. Em caso algum se pode admitir que um presidente da República insulte adversários políticos do alto de um palanque eleitoral. No caso de Lula, porém, a coisa é mais grave, considerando-se que se cercando das companhias de que se cercou para constituir maioria no Congresso, que autoridade moral tem para acusar alguém de mau-caratismo?

Como cidadão, Luiz Inácio Lula da Silva tem o direito de tomar partido no processo de sua sucessão - até inventando, como fez, a candidata. Como presidente, tem o dever de se comportar com a dignidade e a moderação que seu cargo exige. Não faz isso, por uma questão de caráter.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Segunda carta aos leitores do blog Diplomatizzando

Segunda carta aos leitores do blog Diplomatizzando
Paulo Roberto de Almeida
(Kyoto, 22.10.2010)

Aproximadamente um mês atrás, elaborei uma “carta” aos seguidores e leitores deste blog Diplomatizzando, “conversando” um pouco sobre o espírito do blog, seus objetivos e as responsabilidades e princípios deste autor (ver neste link). A ocasião tinha sido dada pela ultrapassagem da marca de 200 seguidores, o que me motivou a iniciar um diálogo com os leitores e comentaristas, ciente de que algo eu devia (e devo) a tantos curiosos e interessados num simples trabalho de compilação de matérias diversas sobre temas internacionalistas e algumas observações minhas sobre os temas focados nesses postos um tanto anárquicos.
O que eu lhes devo, exatamente? Talvez nada de muito específico, pois imagino que as motivações desses leitores e visitantes ocasionais possam ser muito diversificadas, embora os temas sejam situados num mesmo universo de temas internacionais e de política externa do Brasil. Suponho também que a maior parte dos visitantes e seguidores seja composta de interessados na carreira diplomática, e reconheço que o blog não tem se dedicado muito aos aspectos “didáticos”, digamos assim, da preparação para o concurso de ingresso na carreira. Mas tento permanecer no âmbito mais vasto da cultura geral que, de certa forma, integra uma formação humanista de maior escopo intelectual, essencial na vida de todo diplomata.
Desta vez não tenho um tema específico a discutir – embora não me faltem assuntos, a começar pela conjuntura eleitoral – mas desejo refletir um pouco do que recebi de um ou dois leitores novos, isto é, pessoas não habituadas a frequentar o blog, mas que o descobriram e resolveram partilhar comigo suas primeiras impressões. Transcrevo em primeiro lugar mensagem da Rayane Siqueira, que me escreveu o seguinte:

On Oct 21, 2010, at 10:47 AM, Ray Siqueira wrote:
Boa Noite,
Há alguns dias soube da existência do seu blog Diplomatizzando, o que me ocorreu num momento bastante oportuno, afinal essa eleição é a primeira da qual participo, e estava, e ainda estou, ávida por informações fidedignas sobre o que realmente acontece no Brasil - e no mundo. Apesar de ainda não ser obrigada a votar, creio que esse é um dever que não posso prevaricar. Nunca quis ser aquele tipo de eleitor alienado, aquele que, na verdade, não tem a mínima noção do que realmente está acontecendo, um mero "papagaio de televisão". Entretanto, a dificuldade de se obter informações não-manipuladas ou não-simplistas é incrível. Foi nesse contexto que tomei conhecimento do seu blog. Inicialmente, fui atraída devido às minhas aspirações à diplomacia. Hoje, o seu blog se tornou minha fonte de informação sobre o Brasil, em todos os âmbitos. Fiquei abismada com a quantidade de ideias errôneas , baseadas no senso comum, que me foram passadas ao longo dos meus 17 anos. Impressionou-me também como, em poucos dias, o meu conhecimento e o meu senso crítico aumentaram, claro que ainda estou muito longe do que almejo, mas foi um começo espetacular. Por isso, gostaria de vir agradecer ao senhor por desprender, todos os dias, um tempo para compartilhar seu conhecimento, pelo menos uma parte dele, que é importantíssimo para mim e ,ouso afirmar com convicção, para muitas pessoas. Tenho certeza de que o senhor já ouviu, ou leu, nesse caso, diversas e diversas vezes essas mesmas palavras. Mesmo assim eu precisava agradecer
.”

A Rayane se refere em seguida a um jogo eletrônico que encontrou navegando por site identificados (e provavelmente a serviço) da candidata oficial, cujo objetivo, descreve ela, “é chegar ao Palácio do Planalto , recolhendo estrelinhas do PT e urnas eletrônicas, fugindo dos tucanos e dos Serras (que parecem uns zumbis cabeçudos)”, sendo que o “ataque especial”, algo do tipo como uma “arma secreta”, é o presidente Lula (eu até diria que é a única “arma” de que dispõe a candidata, pois não lhe conheço outros méritos ao se apresentar aos eleitores, senão como “criatura eleitoral” desse que passa por ser presidente).
Não vou fazer, nem ela pretende que se faça, propaganda em torno desse joguinho emblemático do fundamentalismo sectário que vigora nesses meios, mas a Rayane revela sua “indignação”. Permito-me, a esse respeito, apenas repetir suas palavras em relação ao “jogo”: “Creio que, ‘nunca antes na história desse país’, foi lançado algo tão sórdido”, na categoria dos “artifícios usados em propaganda eleitoral”.

Finalmente, a Rayane termina assim sua mensagem:
Enfim, não sei se o senhor terá tempo de ler meu e-mail, compreendo perfeitamente caso não puder, mas se ler, saiba que é de um valor imensurável para mim. Sempre admirei pessoas inteligentes e mais ainda as sábias, considero que ambas as qualidades se apliquem ao senhor. Tenho profundo respeito pela sua pessoa e pelo seu trabalho, espero um dia ingressar na mesma carreira. Mais uma vez, muito obrigada.
Atenciosamente,
Rayane Siqueira
.”

Escrevi a ela para agradecer, mas no mesmo momento entrava nova mensagem de um leitor, do Ceará, que escreveu-me em separado para agradecer algum material que correspondeu às suas expectativas:
Mais uma vez, comunico-me com o senhor, desta vez, para agradecer o post, sobre privatizações e política econômica do FHC,o qual havia pedido anteriormente,não sei se foi intencional, mas muito obrigado.
E tornar conhecido ao senhor, o meu agradecimento por todos os posts, os quais são de extrema serventia, a mim e diversas outras pessoas, que buscam entendimento. Já passei o endereço do seu blog à varias pessoas, que buscam ,como eu, informações críveis a respeito da real atualidade brasileira.
E digo, de forma pessoal, que estou inclinado a prestar vestibular para economia e não mais para direito, após diversas leituras em seus blogs. Sempre tive a intenção de fazer ambos, porém os nosso amados governantes me ‘proibiram’ de fazer duas universidades públicas, pois ,assim, estaria tirando a vaga de outras pessoas, o que é ridículo.
Bastante agradecido


Tenho tido várias mensagens desse gênero, mas não gostaria de transformar esta oportunidade de diálogo em uma janela para o narcisismo bloguístico, ou qualquer outro.
Numa próxima carta vou retomar de maneira mais substantiva, comentando sobre o sentido da produção em função das necessidades dos leitores.
O abraço do

Paulo Roberto de Almeida (Kyoto, 22.10.2010)

Contando visitas, paginas vistas, volumetria, apenas

Toda sexta-feira, um serviço contratado gratuitamente comparece na minha caixa de entrada para informar sobre as visitas e páginas vistas neste blog. Nem tenho a quem agradecer, apenas registro, apago, e sigo adiante.
Um último balanço que eu havia feito, creio ter sido por ocasião das primeiras 120.000 visitas em sete ou oito meses, não tenho certeza, e ao ter constatado a marca de 200 seguidores do blog.
Permito-me novamente registrar o último relatório recebido, nesta sexta-feira 22 de outubro.

Diplomatizzando

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Vale algum comentário, talvez...

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...