terça-feira, 1 de novembro de 2011

Brasil protecionista recai no ultraprotecionismo... - Valor Econômico

Não vamos nos iludir: o Brasil SEMPRE foi protecionista, sempre, desde o início, até hoje. Os momentos de protecionismo reduzido foram raros, tímidos, quase inexistentes.
Os empresários e os burocratas brasileiros são instintivamente protecionistas, atavicamente protecionistas, e posso provar por dados muito claros, relativos à proteção aparente e explícita, tarifária e para-tarifária.
Então não devemos nos surpreender com este tipo de matéria. 
Não é de hoje que o Brasil é protecionista.
Paulo Roberto de Almeida 



COMÉRCIO EXTERIOR
Protecionismo do Brasil começa a preocupar membros da OMC
Assis Moreira
Valor Econômico, 31/10/2011

O Brasil passou a ser um dos países a sofrer mais vigilância entre os 151 membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) por suspeita de crescente protecionismo, num cenário de tensão causado pela queda da demanda global.

     "O Brasil corre o risco de virar a "Geni" do comércio internacional, levando bordoadas de todo lado", disse um importante observador próximo da OMC, resumindo a situação atual e comparando o país à personagem da música "Geni e o Zepelim", de Chico Buarque.

      Relatório da OMC para os líderes do G-20 diz que a Índia, o Brasil e Rússia foram os países do grupo que mais impuseram novas medidas restritivas ao comércio nos últimos meses, embora os três tenham também adotado várias ações de liberalização.

      A OMC tem um novo mecanismo para monitorar de perto os países e pede aos governos a confirmação de medidas comerciais, sem porém fazer comentário sobre a compatibilidade ou não com as regras internacionais. Nos últimos tempos, a lista sobre o Brasil não cessa de aumentar, indo de aplicação de licença não automática a importação, passando por preferência nacional nas licitações, subsídios no crédito e aumento de tarifas.

      Em outro relatório, a União Europeia aponta a Argentina e o Brasil como os dois maiores usuários de medidas protecionistas recentemente. Em comparação com 2009-2010, os europeus dizem que o Brasil está agora "ativamente" acelerando para alcançar o vizinho com "medidas inquietantes que impactam sobre o comércio e o investimento". Além de se queixar de uma série de restrições, a UE acusa o Brasil de ter começado a aumentar tarifas de importação, independentemente da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, vendo uma tendência que "vai continuar no futuro próximo".

      Uma "preocupação crescente" específica dos europeus é de que o Brasil siga a Índia e aplique taxa de exportação sobre minério de ferro, afetando o suprimento do produto e fazendo o preço aumentar nos próximos meses.

      Para parceiros, as restrições ao comércio por parte do Brasil se tornaram ainda mais relevantes diante da conjuntura frágil da economia internacional. Mas também levando em conta a posição agressiva até recentemente do país com vitórias contra os Estados Unidos no caso do algodão e da União Europeia no caso do açúcar.

      Quando as medidas de política industrial começaram a tomar contornos mais comerciais, incluindo reforço da defesa comercial e mais agilidade para encurtar o prazo de investigações sobre importações ditas desleais, o país passou a ser suspeito de enveredar o caminho do protecionismo.

      As medidas eram consideradas, porém, da "área cinzenta". Os parceiros reclamavam sem excesso e o Brasil podia justificar com ou menos dificuldade. Porém, a alta do IPI para carros importados, em setembro, rompeu completamente a barreira. O consenso na área comercial em Genebra é de que o país dessa vez sequer teve a sutileza de esconder a inconsistência com as regras da OMC e atropelou duas delas de uma só vez, sobre benefícios vinculados a desempenho exportador e conteúdo nacional.

      O Japão e a Coreia do Sul começaram o ataque contra a alta do IPI no Comitê de Acesso ao Mercado. Mais queixas virão em outros comitês e dessa vez o Brasil não poderá escapar com argumentos de procedimento e precisará dar explicações. O passo seguinte pode ser o questionamento diante dos juízes da OMC, o que pode conduzir à retaliação mais tarde.

      Outra medida que "acendeu a luz" de parceiros foi a nova margem de preferência de 25% que o governo Dilma Rousseff dará para as empresas nacionais nas compras governamentais. A UE anunciará em dezembro uma nova legislação sobre compras governamentais, visando sobretudo o Brasil, China e Rússia. Vai exigir reciprocidade ou do contrário também fechará seu mercado a empresas brasileiras no setor.

      A credibilidade brasileira está sendo afetada em várias áreas na cena comercial. O país, antes reclamante, passou a ser questionado nos comitês de diferentes temas na OMC. O peso de seus argumentos também mudou para menos, nas discussões de preparação da conferência ministerial de dezembro e sobre o futuro das negociações da Rodada Doha.

      Outra constatação repartida por vários negociadores na cena comercial é de que a proposta brasileira para a OMC discutir impacto do câmbio no comércio, apresentada em maio, está mais comprometida. Não há a menor chance de o país conseguir tão cedo apoio para levar a OMC a abrir negociação do impacto de câmbio sobre o fluxo comercial.

      A ideia de antidumping cambial, para impor tarifa adicional na importação originária de parceiro com câmbio desvalorizado, não tem como decolar tão cedo. Tudo isso é visto no momento na OMC como pretexto para o Brasil impor novas medidas protecionistas.

O Estado brasileiro em estado kierkegaardiano (ou seja, angustiado)

 O Estado brasileiro em estado kierkegaardiano (ou seja, angustiado)

Paulo Roberto de Almeida

Recebi neste dia 1o. de Novembro de 2011, a seguinte mensagem, abaixo transcrita, de funcionários dedicados da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, certamente preparada por pessoas dotadas de boas intenções, funcionários públicos de carreira, empenhados em fazer do Estado brasileiro uma “máquina” (se o termo se aplica) um pouco mais racional e eficiente do que ele consegue ser, atualmente, quando o vejo como um ogro famélico pelos recursos produzidos pelo setor privado para alimentar sua própria fome de recursos em benefício dos que o controlam, atualmente.
Vou primeiro transcrever a mensagem recebida, que reputo eivada de boas intenções – que denota um fundo de frustração por terem os envolvidos nessa área seu trabalho interrompido (e espero que para coisa melhor do que tivemos até agora) – fazendo-a seguir de meus comentários pessoais, que remeti aos expedidores (gespublica@planejamento.gov.br), mesmo tendo plena consciência de que escrevia inutilmente.
Em todo caso, não deixo de firmar posição e de manifestar minha contrariedade com o que vejo (e pago) em favor de um Estado que NÃO reconheço como meu – ou seja, jamais seria o Estado que eu ajudaria a construir para o povo brasileiro – esperando que, ao menos, alguns dos que receberem minha mensagem possam refletir um pouco sobre os pontos nela tocados. Meus argumentos são exclusivamente meus, e não pretendem refletir posições de qualquer grupos ou castas aos quais eu possa involuntariamente pertencer, como servidor público federal da carreira diplomática.
Paulo Roberto de Almeida 

Primeiro, a mensagem recebida em minha caixa pessoal:
On 01/11/2011, at 01:26, gespublica@planejamento.gov.br wrote:
Prezado(a) colaborador(a),
A Secretaria de Gestão, coordenadora do Programa GesPública, está sendo reestruturada para assumir, de forma integrada, as responsabilidades pela condução das políticas de gestão pública e de gestão de pessoas, no âmbito do Poder Executivo Federal.
A mudança é estratégica, ante a necessidade premente de estender, à gestão de pessoas, as diretrizes de inovação e melhoria que vêm sendo traçadas para a gestão pública. Entende-se que, para alcançar o objetivo de implantar no País um modelo de gestão pública democrática, fundado na participação e no controle social da ação governamental e direcionado para a obtenção dos resultados sociais e econômicos esperados pela Sociedade Brasileira, é fundamental dar foco especial ao agente público e garantir que as políticas de desenvolvimento e gestão de pessoas estejam em total sintonia com as estratégias de fortalecimento da capacidade de governança dos órgãos e entidades estatais.
Nesse contexto, o Programa GesPública tem posição e papel especiais, ante a sua vocação para a promoção da excelência na gestão pública, seja por meio da concepção de novos modelos, métodos e ferramentas gerenciais; pela orientação e disseminação desses modelos ou pela formação de servidores públicos e colaboradores em agentes de mudança.
E é dentro desse espírito de continuidade e de conquista de novos patamares de atuação para o Programa que Secretaria de Gestão compartilha com os integrantes do GesPública, o principal desafio que se impõe no momento. É indispensável ajustar as estratégias e linhas de atuação do GesPública à nova Agenda de Gestão do Governo Federal, proposta para os próximos quatro anos e constante do Programa Democracia e Aperfeiçoamento da Gestão Pública, do Plano Plurianual 2012-2015.
A nova Agenda impõe seis objetivos estratégicos:
1.              fortalecer a governança e ampliar a capacidade institucional da Administração Pública, visando a melhor organização e funcionamento do Estado (OBJETIVO: 0579);
2.              ampliar a oferta de serviços públicos de excelência ao cidadão, às empresas e às demais organizações da sociedade, mediante a melhoria dos marcos legais, dos processos de trabalho e da tecnologia da informação (OBJETIVO: 0605);
3.              aperfeiçoar a gestão de pessoas na administração pública federal, orientada por competências e pela democratização das relações de trabalho, visando aumentar a capacidade do governo na implementação de políticas públicas (OBJETIVO: 0606)
4.              aperfeiçoar o processo de alocação e de gestão dos recursos públicos mediante o fortalecimento e a integração das funções de planejamento, orçamento, execução, monitoramento, avaliação e controle de políticas públicas.( OBJETIVO: 0607);
5.              fortalecer a relação federativa de forma a promover maior cooperação e ampliar a capacidade técnica, gerencial e financeira do Estado, visando otimizar os resultados produzidos para a sociedade (OBJETIVO: 0608);
6.              ampliar o diálogo, a transparência e a participação social no âmbito da Administração Pública, de forma a promover maior interação entre o Estado e a sociedade (OBJETIVO: 0609).
Para que a Coordenação do GesPública possa elaborar e propor uma nova agenda estratégica para o Programa, que preserve as suas linhas originais mas se alinhe, de forma clara e direta, aos objetivos e projetos estratégicos do Governo da Presidente Dilma Roussef, [sic] impõe-se, no momento, suspender, temporariamente, o atendimento às demandas ao GesPública, que envolvem a oferta de cursos, a assessoria e orientação a processos de auto-avaliação e implantação de cartas de serviços; a participação em eventos externos; dentre outros.
Na medida do possível, esperamos que a suspensão não afete o funcionamento dos Núcleos Regionais do Programa, que poderão continuar atendendo às organizações adesas.
A suspensão limitar-se-á aos meses finais de 2011 - período necessário para que a equipe de Coordenação possa elaborar propostas de reorganização e apresentá-las às considerações e contribuições da Rede Nacional de Gestão Pública. Nesse período, convidamos aos que quiserem e puderem colaborar, a enviarem suas críticas e sugestões sobre as formas de atuação do Programa, para o e-mail gespublica@planejamento.gov.br
A partir de 2012, levaremos ao conhecimento da Rede a proposta da nova agenda estratégica, para discussão e validação. 
Agradecemos a compreensão e a colaboração de todos
Secretaria de Gestão 
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Minha mensagem expedida em 1/11/2011, 01:00h: 

Minha única recomendação, ou se desejarem, minha exclusiva sugestão, não vai ser implementada, uma vez que as mesmas forças que comandam o processo de gestão pública, nos mesmos setores que são supostamente responsáveis pela mensagem recebida, atuam para preservar seu poder arbitrário, determinando que a gestão pública se faça, não em função dois interesses do público, ou da sociedade, em seu conjunto, mas em função do monopólio do poder por um partido, de vocação claramente autoritária, quando não totalitária, como se constata atualmente.
Em todo caso, mesmo sabendo que minha recomendação, ou sugestão, não vai ser seguida, ou sequer considerada, preservando-se o blá-blá-blá insosso que se vê em todo discurso governamental, aqui vai ela, uma síntese de procedimentos de racionalização administrativa que, volto a dizer, NÃO VAI SER IMPLEMENTADA: 
DIMINUIR o número absurdo de cargos de confiança que caracterizam o aparato estatal brasileiro, REDUZIR drasticamente os cargos de livre nomeação que são designados politicamente, e que são usados pelos partidos e pelos políticos para fins pouco republicanos, e na verdade com o objetivo de obter vantagens partidárias e muito frequentemente de ampliar benefícios pessoais, mesmo de forma ilegal e até criminosa. 
Por outro lado, REVISAR drasticamente a selva salarial que caracteriza atualmente a estrutura de cargos e funções no setor público, e seu respectivo leque de remunerações, uma verdadeira anarquia de vencimentos (e prebendas continuamente acrescentadas), que foi sendo composta de forma corporativa, resultando no triste espetáculo que se constata atualmente, que é o verdadeiro assalto aos recursos públicos por castas de mandarins e marajás do serviço público, organizados sindicalmente (ou até clandestinamente) com esse mesmo objetivo, ou seja, preservar privilégios, e ampliar ganhos, numa total DESPROPORÇÃO entre sua produtividade relativa e a estrutura das remuneração que prevalece no setor privado, que é quem, finalmente, SUSTENTA o mandarinato do serviço público.
Por último, REDUZIR como um todo o peso do setor público na repartição funcional da economia brasileira, pois é desse peso excessivo que vem o EXCESSO DE TRIBUTAÇÃO – e, portanto, a diminuição das taxas de poupança e de investimento – e, em decorrência, o triste ESPETÁCULO DA CORRUPÇÃO que caracteriza hoje o Brasil, ademais dos terríveis constrangimentos ao setor privado.
Quando é que a sociedade brasileira vai entender que o Estado brasileiro, de promotor, no passado, do processo de desenvolvimento econômico e social, se tornou, atualmente, o mais formidável OBSTRUTOR do desenvolvimento, ao sugar recursos vivos da nação e ao promover o mais triste espetáculo da corrupção de que se tem notícia em toda nossa história?
Aí figuram, portanto, minhas recomendações, que formulo com total realismo e ceticismo. Não existe NENHUMA CHANCE, no futuro previsível, de que elas sejam implementadas, ou sequer consideradas.
Boa sorte a todos vocês, nesse descanso remunerado que agora atravessam, e que vocês possam dormir com a consciência tranquila...
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Paulo Roberto de Almeida

Curso rapido (presencial e a distancia) de corrupcao pelo metodo mais rapido, pratico e eficaz

Raras vezes se tem um depoimento tão eloquente, tão sincero, tão direto sobre como fazer desvio de dinheiro, roubalheira declarada, falcatruas, enfim (uma professorinha da UnB diria enfins) corrupção direta.
Quase como um "Idiot's Guide to Brazilian Corruption", ou então "Corruption for Dummies in Brazil".
Nada como aprender com profissionais:

http://www.istoe.com.br/reportagens/172411_O+ESQUEMA+DE+AGNELO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

Sem mais comentários.
Paulo Roberto de Almeida

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Brasil-Argentina: Hermanos, pero no mucho - Marcelo de Paiva Abreu

Deve ser duro assistir impassível a tantas "guevadas" -- não vou traduzir -- sendo produzidas, disseminadas, repetidas e elogiadas em cada uma das duas margens do Prata, mais especificamente entre esses dois grandes pirralhos...
Paulo Roberto de Almeida 


“Eu sou você amanhã” de novo?
Marcelo de Paiva Abreu *
O Estado de São Paulo, segunda-feira, 31.10.2011

         Mesmo que haja significativa assimetria entre as economias do Brasil e da Argentina, o que ocorre no vizinho pode ter repercussões importantes sobre o Brasil. Os desdobramentos da recente consagração nas urnas do "cristinismo" devem, portanto, merecer atenção.

Os dois vizinhos mantêm, desde a independência, relações nem sempre marcadas por sintonia. 
       Mas, entre estereótipos preconceituosos que incluíam macaquitos e milongueiros, as relações amadureceram, culminando no Mercosul. Em certa medida, isso resultou de mudanças de longo prazo nas percepções recíprocas. Por muito tempo o Brasil foi rival menor da Argentina. Afinal, o PIB per capita argentino, quase o dobro do brasileiro após a guerra do Paraguai, alcançou, depois do boom pré-1914, patamar (mantido até 1930) quatro vezes maior que o PIB per capita brasileiro. 
        No meio século seguinte o Brasil recuperou boa parte do terreno: em 1980, o PIB-PPC per capita brasileiro era 75% do argentino; hoje está pouco abaixo disso. Ou seja, num período em que a economia brasileira estagnou por mais de 20 anos, o desempenho argentino foi apenas marginalmente melhor e caracterizado por volatilidade muito maior. 
        O tamanho relativo das economias mudou também como consequência do aumento relativo da população brasileira, hoje cinco vezes maior que a argentina: era menos de três vezes maior no final dos anos 20. Disso resultou espetacular alteração na importância relativa das duas economias: em 1930 o PIB argentino era cerca de 1/3 maior do que o brasileiro - hoje, é menos de 1/3 do PIB brasileiro. 
         É neste contexto que devem ser considerados os comentários de analista argentino que, algo melodramaticamente, se perguntava, com os EUA em mente, se a Argentina seria o Canadá do Brasil ou o México do Brasil.

No terreno da formulação de políticas econômicas, todavia, a Argentina pode ter importante influência sobre o governo brasileiro. Há registro de manifestações de altos funcionários brasileiros demonstrando preferência pelas políticas argentinas quando contrastadas ao que consideram excesso de ortodoxia brasileiro.

Na década de 1980, uma campanha publicitária de vodca ficou famosa: um homem se olhava no espelho e seu reflexo, bastante amarrotado, lhe dizia "eu sou você amanhã". A sugestão era de que a ressaca poderia ser evitada, caso fosse consumida a marca anunciada. 
           O efeito Orloff se popularizou com aplicação à tradicional propensão brasileira de repetir políticas econômicas adotadas na Argentina. Em meados da década de 1980, o exemplo notável foi a tentativa fracassada do Plano Cruzado, na esteira do também fracassado Plano Austral.

Desde o início dos anos 90 os caminhos divergiram. A estabilização do Brasil em 1993-1994 mostrou-se bem-sucedida e duradoura. O desempenho em termos de crescimento foi modesto, mas bem menos volátil do que no vizinho. A Argentina teve sucesso na estabilização dolarizada em 1991 e bom desempenho em termos de crescimento até o final da década, mas seguiu-se grave crise com abandono da conversibilidade, calote da dívida externa e queda significativa do nível de atividade. 
          A partir de 2003, partindo de uma base deprimida, o crescimento do PIB foi em torno de 8% ao ano.

Há dúvidas crescentes quanto à possibilidade de manutenção desse desempenho. A condução da política econômica sob o "kirchnerismo" em seus vários matizes foi marcada pela sistemática intervenção do governo por meio de um leque de subsídios e "retenções". Os subsídios têm como alvo manter estáveis os preços de energia ao consumidor, cujo aumento é considerado oneroso politicamente. As "retenções" são impostos de exportação sobre os produtos agrícolas, hoje de até 35%. Essa persistente interferência nos preços básicos da economia tem como pano de fundo significativa aceleração inflacionária, escamoteada de forma sistemática e truculenta pelo governo. Essas políticas públicas geram ineficiência e perigo de recrudescimento inflacionário numa economia com história marcada por alta volatilidade. Tudo em meio a controvérsias quanto à generalização de práticas corruptas. 
         A recente fuga de capitais em meio ao processo eleitoral indica a vulnerabilidade do "modelo" pós-2003.

O efeito demonstração do modelo argentino sobre as autoridades econômicas brasileiras não deve ser subestimado. O terreno é fértil, como indicam decisões recentes que desafiam o bom senso, a análise econômica elementar e maculam a reputação brasileira em foros internacionais, em particular na OMC. Medidas protecionistas primitivas, como o aumento seletivo do IPI e a desoneração fiscal seletiva em benefício dos setores automotivo e eletrônico, indicam regressão a desastres passados. 
           Decisões agora coroadas com a estapafúrdia prorrogação por meio século (!) da Zona Franca de Manaus, instituição emblemática do cartorialismo tupiniquim. E, pelo rodar da carruagem, o febeapá está longe de acabar.

Com base nesse retrospecto de inépcia nas políticas "microeconômicas" e de redução da prudência macroeconômica, aumentam as preocupações com o uso que o governo fará da bonança do pré-sal. Será toda desperdiçada?

* Doutor em Economia pela Universidade de Cambridge, é professor titular no Departamento de Economia da PUC- Rio.

Estado brasileiro: campeão de investimentos...

...calma!
Campeão de investimentos em si próprio...
Paulo Roberto de Almeida 



Érica Fraga
 Folha de S.Paulo, 31/10/2011

Uma fatia pequena do aumento expressivo da carga tributária ocorrido desde meados da década de 90 se traduziu em novos investimentos públicos no Brasil. De cada R$ 100 a mais em impostos arrecadados entre 1995 e 2010, apenas R$ 8,6 foram direcionados para elevar investimentos feitos pelo governo, como construção de escolas e hospitais, ampliação de portos e aeroportos e melhorias em estradas. A conta é do economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central. A elevação significativa da carga tributária nos últimos anos serviu principalmente para sustentar o aumento dos gastos correntes do governo, que incluem benefícios sociais e salários de funcionários públicos. “Nós aumentamos a carga tributária para gastar mais”, afirma Schwartsman.
Os investimentos da chamada administração direta (incluindo governos federal, estaduais e municipais) cresceram R$ 56,9 bilhões entre 1995 e 2010, descontada a inflação. Esse aumento equivale a 8,6% dos R$ 661,6 bilhões a mais arrecadados. “O governo está tomando muitos recursos sob a forma de impostos e retribuindo muito pouco em investimentos”, diz o economista Marcelo Moura, do Insper. Moura ressalta que, em 2010, quase metade das despesas do governo federal foi direcionada a gastos sociais (como os programas de transferências de renda e a previdência social). Outros 25% cobriram gastos com servidores públicos e 6,8% se converteram em investimentos.

Hemisoheric Giants: US-Brazil relations


Hemispheric Giants: The Misunderstood History of U.S.-Brazilian Relations  library.nu #450995Hemispheric Giants: The Misunderstood History of U.S.-Brazilian Relations

by:  Britta Crandall
  • Hardcover: 230 pages
  • Publisher: Rowman & Littlefield Publishers (January 16, 2011)
  • Language: English
  • ISBN-10: 1442207876
  • ISBN-13: 978-1442207875
  • Tracing the full arc of U.S.-Brazilian interaction, Hemispheric Giants thoroughly explores the enigmatic and often-misunderstood nature of the relationship between the two largest countries in the Western Hemisphere. Britta Crandall asks the crucial question of why significant engagement between the United States and Brazil has been so scarce since the inception of the bilateral relationship in the late 1800s. Especially, she critically examines Washington's so-called "benign neglect"—a policy often criticized as unbefitting Brazil's size and strategic importance. Drawing on a rich array of archival sources and personal interviews, Crandall pinpoints the key examples through time of high-level U.S. policy attention to Brazil. Her comprehensive analysis of the ebbs and flows of policy engagement allows Crandall to tease out common threads among her cases. In so doing, she shows that the label "neglect," implying a one-sided, fitful relationship, is far from the reality of a mutual, ongoing policy engagement between the U.S. and Brazilian governments. To be sure, their different relative power positions and foreign policy traditions have limited high-level bilateral engagement. However, Crandall argues convincingly that the diminishing power disparity between the United States and Brazil is leading to closer ties in the twenty-first century—a trend that will bring about growing cooperation as well as competition in the future.
    Table of Contents
    Preface and Acknowledgments p. vii
    Introduction: The Importance of Dual Priorities p. 1
    1893 to World War II
    The 1893 Naval Revolt and the Rio Branco Years: Origins of the "Unique Alliance" p. 17
    World War I: Widening Power Disparity p. 35
    World War II: Engagement during the Roosevelt-Vargas Years p. 47
    The Postwar Era: Drop in Policy Attention p. 59
    The Cold War
    The 1950s: Bilateral Distancing p. 75
    The 1960s: Brazil in the Fight against Communism p. 93
    The Carter Administration: Human Rights and Nuclear Tensions p. 119
    The Reagan Administration: Atomic Bombs and Foreign Debt p. 133
    Post-Cold War
    Presidents Bush and Clinton: An Economic Agenda p. 149
    After September 11: Signs of Convergence p. 159
    Looking to the Future: Equal Partners? p. 179
    Conclusion: U.S.-Brazilian Relations in Perspective p. 191
    Selected Bibliography p. 195
    Index p. 201
    About the Author p. 211
    Review
    A stimulating and analytically powerful study of Brazilian-U.S. relations. Arguing against the idea that the United States 'neglects' Brazil, Britta Crandall refocuses the bilateral relationship over time and offers fresh and important guidelines for the future of the relationship as Brazil, in the twenty-first century, will play an increasingly important regional and global role. (Roett, Riordan )

    Hemispheric Giants directly and cogently attacks the mainstream whine that the United States has forever neglected Brazil, marshalling strong evidence that U.S. officials—both at the senior and middling levels of the bureaucracy—have in fact recognized Brazil's relative weight, but more often than not have had their aspirations dashed by Brazil's own reluctance to engage constructively with Washington. We are fortunate to have this sophisticated and balanced framework for assessing past and present U.S.-Brazilian relations. (Richard Feinberg )

    Much of what is written on U.S.-Latin American relations relies on media reports or recycles other academic works. Crandall, in contrast, took the time to interview U.S. policymakers and career diplomats. Her discovery: the mainstream complaint that the United States has forever neglected Brazil is way off the mark. In fact, U.S. officials—at both the senior and the middle levels of the bureaucracy—have recognized Brazil's relative weight and have repeatedly sought to engage its Foreign Ministry. But hung up on fears of being overwhelmed by U.S. power, or driven by their own dreams of Brazilian hegemony over South America, Brazilian diplomats have often turned their backs on U.S. advances. In this well-researched and balanced treatment, Crandall foresees the potential for bilateral cooperation on emerging global issues, ranging from financial stability to energy supplies, on which U.S. and Brazilian interests may converge. But will Brazil sufficiently redefine its strategic posture to pick up these gains? (Foreign Affairs )
    About the Author
    Britta H. Crandall is adjunct professor of political science at the Johns Hopkins School for Advanced International Studies.

Assim caminha a America Latina (caminha?)...


Venezuela: Chávez ordena la “adquisición forzosa” de tierras de filial británica

Hugo chávez
Infolatam/Efe
Caracas, 30 de octubre de 2011
Las claves
  • "Ya tenemos el control, ahora estamos nacionalizando las propiedades que eran de la llamada compañía inglesa, Agroflora", sostuvo Chávez.
  • El Gobierno ha intervenido un total de 3 millones de hectáreas de tierras, lo que representa el 10 % de los terrenos con potencial productivo del país.
El presidente de Venezuela, Hugo Chávez, autorizó la “adquisición forzosa” de las tierras de la llamadaCompañía Inglesa, de capitales británicos, que cuenta en el país con nueve hatos ganaderos que suman unas 290.000 hectáreas.
Chávez avaló el inicio de un procedimiento que, aseguró, “autoriza al Ejecutivo Nacional la adquisición forzosa mediante justa indemnización” de la empresaAgropecuaria Flora (Agroflora), filial de la Compañía Inglesa, C.A. y subsidiaria de Vestey Group, que ya estaba bajo control del Gobierno.
“Ya tenemos el control, ahora estamos nacionalizando las propiedades que eran de la llamada compañía inglesa, Agroflora”, sostuvo Chávez al intervenir en un acto de su partido, el Socialista Unido de Venezuela (PSUV), en la ciudad de Maracay (centro-oeste).
Indicó que con ello toman el “control total, administrativo y operacional” de la firma y se negó a la solicitud de los representantes de la filial que, aseguró, pedían el pago de sus activos “en moneda extranjera”.
“No, estamos en Venezuela”, respondió el jefe de Estado, quien aclaró que no robarán a nadie.
“Vamos a hacer el avalúo, eso sí, vamos a hacer el avalúo justo, y después le pagamos (..) A ver si les pagamos por parte, le pagamos con unos bonos”, explicó Chávez, quien detalló que Agroflora está establecida en Venezuela desde 1909.
En el país está vigente desde 2003 un control de cambio que limita y regula el acceso a las divisas, y que mantiene el precio del dólar en el equivalente a 4,30 bolívares, cotización que se duplica en el ilegal mercado paralelo.
En agosto del año pasado, Chávez reiteró que compraría “cientos de miles de hectáreas” de los nueve hatos de la Compañía Inglesa con la que llegó a un “acuerdo amistoso”, según dijo entonces.
Explicó entonces que su Gobierno realiza un avalúo de los terrenos y del “buen ganado” que albergan, unas 130.000 reses, según datos de la empresa, para determinar el precio a pagar.
El ministro de Agricultura y Tierras, Juan Carlos Loyo, precisó a Chávez que Agroflora posee 290.000 hectáreas.
En enero pasado, Loyo indicó que el Gobierno ha intervenido un total de 3 millones de hectáreas de tierras, lo que representa el 10 % de los terrenos con potencial productivo del país.
El ministro explicó que en Venezuela existen “450.000 pequeñas, medianas y grandes fincas” que suman “cerca de 30 millones de hectáreas” con vocación agrícola, pecuaria y forestal.
Loyo precisó la cifra de tierras intervenidas por el Gobierno de Chávez desde 1999, para rebatir la afirmación opositora de que el Estado venezolano es el gran latifundista del país, según difundió entonces la agencia estatal de información.



Los bancos y casas de cambio de Argentina deberán desde el próximo lunes pedir autorización al Fisco para concretar operaciones cambiarias, en medio de una seguidilla de medidas del Gobierno para evitar la fuga de capitales y frenar presiones alcistas sobre el precio del dólar.


“La Presidenta ganó las internas abiertas el 14 de agosto, pero la adquisición compulsiva de dólares no se frenó. No hay datos aún de octubre, pero las recientes medidas oficiales para atemorizar a los compradores indicarían que la voracidad social por el dólar no mermó” (La Nación. Argentina)

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...