quinta-feira, 7 de junho de 2012

Ideologia verde: apocalipticos e desintegrados - Joao Luiz Mauad

Não existe coisa mais esquizofrênica do que um neomaltusiano, como são todos, com pequenas variações, os ecologistas empedernidos, que vivem nos ameaçando das piores catástrofes se não nos redimirmos e aderirmos às suas crenças totalmente desprovidas de fundamentos científicos. 
Um artigo bem fundamentado deve colocar um pouco de água fria na fervura desses malucos...
Paulo Roberto de Almeida 



João Luiz Mauad, administrador de empresas
O Globo, 5/06/2012

Com a aproximação da Conferência Rio+20, as declarações apocalípticas dão o tom do debate. Gilberto Carvalho, por exemplo, declarou que “o mundo se acabaria rapidamente se fosse universalizado o padrão de consumo das elites”.
No mesmo diapasão, o neoconservaciocista Delfim Neto — ninguém menos que um dos idealizadores da escandalosa Transamazônica — foi categórico, em entrevista ao Globo:“Conflitos serão inevitáveis. Não há como o planeta sustentar nove bilhões de pessoas com renda de US$ 20 mil cada”.
Essa gente não tem a menor imaginação. No início do Século XIX, quando a Terra era habitada por apenas 1 bilhão de pessoas, Thomas Malthus previu que a população mundial cresceria em proporções geométricas, enquanto a produção de alimentos e outros recursos cresceria em progressão aritmética.

Pobres ficarão sem esperança de progredir e consumir mais e melhor

Em 1968, quando a população mundial era de 3,5 bilhões, o ecologista Paul Ehrlich escreveu um livro (The Population Bomb) onde previu que, como resultado da superpopulação, centenas de milhões de pessoas morreriam de fome nas décadas seguintes.
Num discurso de 1971, previu que “até o ano de 2000, o Reino Unido será simplesmente um pequeno grupo de ilhas empobrecidas, habitadas por cerca de 70 milhões de famintos.”
De lá para cá, a população mundial dobrou e as previsões alarmistas de Malthus e Ehrlich jamais se concretizaram.
Pelo contrário, graças às novas tecnologias e ao crescimento exponencial da produtividade, o percentual de subnutridosnos países em desenvolvimento, em relação ao total da população, vem apresentando uma firme tendência declinante há quatro décadas, tendo baixado de 33% em 1970 para 16% em 2004.
Com o tempo, o chamado “movimento verde” foi sendo dominado e transformado por ideólogos esquerdistas, preocupados não com a poluição ou com a nossa saúde, mas com a política e o poder.
A partir desse ponto, a doutrinação, o proselitismo e a disseminação do pânico foram tão fortes que as teorias mais bizarras tornaram-se politicamente corretas.
A essência da ideologia verde está na crença de que a humanidade deve minimizar o seu impacto sobre a natureza, custe o que custar.
Vide a gritaria contra a aprovação do novo Código Florestal, uma lei extremamente preservacionista e restritiva à atividade econômica, sem similar no mundo, mas que, mesmo assim, conseguiu desagradar os xiitas.
O que os adeptos desse radicalismo se recusam a enxergar é que nós, seres humanos, só sobrevivemos e prosperamos através da transformação da natureza, sem o quê não satisfazemos as nossas necessidades mínimas. Nosso bem estar está diretamente ligado à nossa capacidade de tornar o ambiente a nossa volta menos agressivo e mais hospitaleiro.
     Graças a Deus, as gerações que nos precederam visaram o  progresso. Elas tiveram orgulho de construir fábricas, abrir estradas, perfurar poços e escavar a terra a procura de novos recursos.

Graças a Deus, as gerações que nos precederam visaram o progresso.

Felizmente, não estavam contaminados pela ideologia verde.

É verdade que tudo isso resultou em alguma poluição e desmatamento. No entanto, mesmo esses indesejáveis efeitos negativos têm sido superadas com bastante êxito pelas nações mais avançadas.
É claro que a solução não está na restrição do consumo, mas no aumento da produtividade e no desenvolvimento tecnológico.
Sem falar que os mais prejudicados, caso esse fanatismo ambientalista prevaleça, serão os mais pobres, caso sejam privados do uso de fontes de energia eficientes e baratas, e da chance de poderem um dia usufruir do padrão de vida dos países ricos.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

G20 no Mexico : qual o grau de entendimento?

Será que o Brasil vai continuar com o mesmo discurso de "guerra cambial" e de "tsunami financeiro"? Questões reais deveriam ser chamadas pelos seus nomes reais...
Paulo Roberto de Almeida 

Spain Warns on Borrowing as G-7 
Discusses Crisis
The International Herald Tribune, June 5, 2012
PARIS — Spain warned Tuesday that the moment was nearing when it would be unable to borrow in the bond market without help from its European partners, as Group of 7 finance and central bank officials held a teleconference to discuss the crisis in Europe.
“The risk premium says Spain doesn’t have the market door open,” Treasury Minister Cristóbal Montoro told Onda Cero radio, Reuters reported. “The risk premium says that as a state we have a problem in accessing markets, when we need to refinance our debt.”
The risk premium describes the extra interest rate that investors demand to hold Spanish debt, compared with German debt, which is considered the safest in the euro zone. Currently, Spain’s 10-year bonds yield about 6.3 percent, compared with Germany’s 1.2 percent; thus, the risk premium stands at about 5.1 percentage points.
Mr. Montoro said Spain needed help from European institutions to recapitalize, though he did not give an indication of how much money was required. Emilio Botín, the chairman of Banco Santander, said Tuesday that about 40 billion euros, or $50 billion, of European funds would be needed to fix Spain’s banking sector, Bloomberg News reported.
While Spain’s overall debt is not considered dangerously high, its economy and banks have been hammered by the collapse of a real estate bubble, and it trying to cut government spending to meet European targets even as the economy contracts, leaving the government little leeway to aid lenders.
Spain is planning a bond auction Thursday that could help to decide whether the country must seek a bailout from the European Union, the International Monetary Fund and the European Central Bank, as Portugal, Greece and Ireland have done.
Group of 7 officials spoke Tuesday morning, Washington time. The Kyodo News agency cited Finance Minister Jun Azumi of Japan as telling reporters that he had agreed with his G-7 counterparts to cooperate in addressing the European crisis. Mr. Azumi also said he expressed Japan’s concerns about the volatility of the yen, which is threatening to wreak havoc with Japan’s export-led economy.
The G-7 did not issue a statement after the emergency talks. Members of the group are Britain, Canada, France, Germany, Italy, Japan and the United States.
The Group of 20, which includes the G-7 as well as important emerging nations including Brazil, Russia, India and China, is scheduled to meet June 18-19 in Mexico. Greece will hold elections just a day earlier, on June 17, in a vote that is seen by some as a referendum on the struggling country’s continuing membership in the euro. Some economists fear that a rejection of pro-bailout parties by Greek voters could lead to chaos in the markets.
The euro zone continues to disappoint already low expectations of economic growth. Retail sales fell in April by 1.0 percent from March, Eurostat, the European Union statistical agency said Tuesday. From a year earlier, April retail sales fell by 2.5 percent in the euro area. That was far below the forecasts of economists polled by Reuters, who had expected a 0.1 percent monthly decline and and 1.1 percent annual decline.
A separate report showed German industrial orders sliding by 1.9 percent in April from March’s revised 3.2 percent increase, the Economy Ministry reported in Berlin. The lion’s share of the decline resulted from shrinking overseas orders. Orders fell 3.8 percent from a year earlier.
In European afternoon trading Tuesday, the Euro Stoxx 50 index, a barometer of euro zone blue chips, rose 0.6 percent. London markets were closed for a second day for Queen Elizabeth II’s diamond jubilee celebration.
The dollar was higher against other major European currencies. The euro fell to $1.2444 from $1.2499 late Monday in New York, while the British pound fell to $1.5358 from $1.5384. The dollar rose to 0.9647 Swiss francs from 0.9609 francs, and to 78.62 yen from 78.34 yen.
Hiroko Tabuchi contributed from Tokyo.

Que tal o fim da estabilidade para o funcionalismo?

Acho que o término de alguns privilégios ajudaria a conter o entusiasmo dessa malta por greves que são férias remuneradas. 
Quando isso vai acabar no Brasil? 
Em algum momento do século XXII, talvez...
Paulo Roberto de Almeida 



Gabriel Castro
VEJA Online, 5/06/2012

Reunidos em assembleia, representantes de 31 entidades sindicais do serviço público federal decidiram nesta terça-feira iniciar uma greve geral no dia 11 de junho. Cerca de mil pessoas participaram da votação, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Os trabalhadores cobram do governo um reajuste de 22,08%, o que equivale à inflação acumulada e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) desde 2010, quando foi dado o último aumento. O governo alega que não pode conceder reajustes gerais e diz que vai negociar apenas com categorias em que há distorções na folha de pagamento.
Uma comitiva dos funcionários chegou a se reunir nesta terça com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Valter Correia, mas não houve avanços. “Nós fomos lá cobrar uma evolução. Ele ficou de conversar com a ministra Gleisi Hoffmann”, diz Paulo Barella, um dos organizadores do protesto. O governo promete apresentar uma proposta até 31 de julho. Mas os sindicatos não estão dispostos a esperar. Dentre as categorias mais propensas a aderir à greve, estão os professores e funcionários de universidades federais (parte dos quais já cruzou os braços), os servidores dos ministérios e os funcionários do Judiciário.

Investimentos: a "eficiencia" do setor publico...

Com um setor público tão eficiente quanto o que temos, por que culpar a recessão europeia e o "tissunami" financeiro pelos problemas da economia brasileira?
Paulo Roberto de Almeida 

Regina Alvarez, Vivian Oswald, Geralda Doca e Danilo Fariello
O Globo, 5/06/2012

A execução do Orçamento de 2012 até maio explica a preocupação da presidente Dilma Rousseff com a lentidão dos investimentos públicos na esfera federal e os anúncios de medidas para aquecer a economia praticamente estagnada. Os três ministérios responsáveis por obras de infraestrutura - Transportes, Integração Nacional e Cidades - executaram apenas 14,9% dos investimentos previstos para o ano. De uma dotação de R$ 33,331 bilhões aprovada pelo Congresso foram gastos R$ 4,966 bilhões. No mesmo período de 2011, as três pastas já tinham executado 23,9% dos investimentos previstos, ou R$ 7,032 bilhões de uma dotação de R$ 29,438 bilhões. O levantamento foi feito no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) pela assessoria de Orçamento da liderança do DEM no Congresso. Os cálculos incluem os chamados “restos a pagar”, despesas de exercícios anteriores executadas este ano.
Nos Transportes, carro-chefe da área de infraestrutura, apenas 16,2% dos investimentos foram executados até maio. De uma dotação de R$ 17,682 bilhões, a pasta só conseguiu executar R$ 2,860 bilhões. No mesmo período de 2011, o gasto chegava a 27,5% do valor aprovado. Ou seja, tinham sido executados R$ 4,724 bilhões de um orçamento de R$ 17,139 bilhões.
Segundo assessores da presidente Dilma Rousseff, o maior problema está no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), alvo de faxina realizada pelo Executivo no fim de 2011. O rigor com contratos e obras foi reforçado, mas produziu um efeito colateral que é a liberação a conta-gotas de investimentos já autorizados . “Este é o preço a se pagar pelas investigações. Faz parte. Mas o dinheiro já está liberado e os projetos podem começar a andar ainda este ano”, disse um interlocutor da presidente.
O diagnóstico do Planalto é que é a burocracia que estaria emperrando os projetos do governo e não a falta de dinheiro. Por isso, a presidente determinou que Transportes e Cidades, mais do que os outros ministérios, devem pisar no acelerador, sobretudo por ser ano eleitoral, quando os gastos são limitados pela lei às vésperas do pleito.
Estímulos só terão efeito a médio prazo
No Ministério das Cidades, que tem programas importantes como Minha Casa Minha Vida e as obras de mobilidade urbana, a execução também é muito baixa. Foram executados em 2012 só 12% da dotação - R$ 1,064 bilhão contra R$ 8,923 bilhões. Em 2011, até maio a execução chegava a 16,9%.
Técnicos reconhecem que, se não fossem os subsídios ao programa Minha Casa Minha Vida - que passaram a ser considerados investimentos na contabilização da execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - a execução dos investimentos da pasta das Cidades estaria pior. Na Integração Nacional, a situação é parecida: foram usados apenas 15,5% dos investimentos previstos.
(…)

terça-feira, 5 de junho de 2012

Economia do Brasil: estimular o investimento - Ilan Goldfajn

Este economista pede que o governo faça o que não está fazendo e não sabe como fazer: estimular o investimento. Mas o governo só sabe estimular o consumo, o dispêndio, o desperdício dos recursos públicos, e sustentar determinadas atividades setoriais que contam com amigos poderosos na corte.
Seria pedir muito milagre ao santo, usando apenas velas como recurso.
Acho que não vai dar...
Paulo Roberto de Almeida 

Estimular incentivando

Ilan Goldfajn
O Estado de S.Paulo05 de junho de 2012 

Havia ilusão, talvez esperança. Quem sabe, a "década perdida" duraria apenas a metade? A realidade é que chegamos ao quinto ano da crise (2007- 2012) e não há sinal de recuperação rápida. Agora a crise na Europa bate à porta. Mesmo que seja debelada, a incerteza gera um recuo na atividade mundial. Exportações diminuem, investimentos são adiados e os governos têm de recorrer a mais estímulos para manter suas economias crescendo. O sucesso dos estímulos vai depender da forma como são desenhados e implementados. É preciso estimular, pelo incentivo, de preferência no que faz falta. Na China a ênfase deve ser no consumo maior, no Brasil, em aumentar o investimento.
Nos EUA a chave está na renovação dos estímulos fiscais que vencem este ano. As projeções para o crescimento do PIB em 2012 estão caindo para uma faixa de 2%. Antes chegavam a quase 3%. Com as empresas menos endividadas e as famílias no mesmo processo, as esperanças se renovaram. O governo deve continuar endividado por um tempo. Um plano fiscal crível de médio e longo prazo é necessário para que não haja dúvida quanto à sustentabilidade futura. Os investidores precisam continuar confiando nos títulos do governo para que seus juros sigam baixos.
Esse luxo (a confiança do investidor) a Europa parece não ter mais. Pelo menos nos países da periferia. A Grécia e Portugal não têm acesso ao mercado privado para rolar suas dívidas, dependem do apoio público do resto do mundo. A Espanha está indo no mesmo caminho. Precisa pedir ajuda externa para salvar os seus bancos em dificuldades. Ajuda do próprio governo espanhol não serve mais. Os investidores se perguntam: como o governo vai conseguir o dinheiro para ajudar seus bancos? Não virá do bolso dos investidores, ao que tudo indica.
Neste mundo de dificuldades, a Europa caminha para uma recessão este ano (entre -0,5% e -1%), mesmo num cenário em que a crise seja debelada. Mas a crise pode ser deflagrada por qualquer faísca solta neste momento. E não faltam faíscas. As eleições na Grécia são uma delas. Os gregos não querem sair do euro, mas também não se dispõem a fazer os ajustes que fazem parte do programa que assinaram. É possível que os outros governos da Europa ainda indiquem alguma flexibilidade no tamanho do ajuste requerido. Mas, dependendo do resultado das eleições, a Grécia pode ver sua saída do euro desencadeada pela falta de apoio às medidas e pela fuga de recursos do país.
A resolução da crise na zona do euro, em minha opinião, não virá mais de um grande anúncio - um novo plano de reformulação com mais união fiscal e ajuda entre os governos. Esse plano pode vir a complementar o ocorrido, a posteriori. Mais provável é que a saída venha na hora do aperto, quando o Banco Central Europeu (BCE) for empurrado a monetizar as dívidas e financiar os bancos dos países periféricos para estancar corridas bancárias que venham a ameaçar um ou mais países do euro. Na hora da crise países centrais, como Alemanha e França, podem preferir de facto (implicitamente) a flexibilidade extrema do BCE, a monetização e socialização das dívidas, a aceitar a derrocada do projeto político de união europeia. O BCE transformar-se-ia numa espécie de Fed (o banco central americano) com um balanço tão ou mais inchado com títulos privados. Não será a solução de longo prazo, mas alivia os mercados e o curto prazo. Abre tempo e espaço político para o novo desenho da zona do euro.
Como deveriam agir os países de economias emergentes, como o Brasil?
A China vê sua economia desacelerar em razão da menor demanda por suas exportações pelos países afetados pela crise, mas também do esgotamento do estímulo à demanda interna via mais investimentos. Tudo indica que a China continuará estimulando sua economia, mas de forma sustentável ao longo do tempo e com ênfase crescente no consumo doméstico, dada a sua taxa de poupança elevada. Mais consumo na China, substituindo suas exportações, é o que desejam chineses e o resto do mundo.
No Brasil, ao contrário, o problema não tem sido de consumo. O crescimento do PIB tem decepcionado, sim, com apenas 0,2% no primeiro trimestre (em relação ao trimestre anterior). E os fracos dados da produção industrial de abril comprometem a expectativa de reaceleração forte do crescimento no segundo trimestre.
Mas a decomposição do crescimento do primeiro trimestre revela que a melhor estratégia para a frente é concentrar no estímulo à oferta e ao investimento no Brasil. Vejamos.
Os dados do primeiro trimestre mostram uma surpresa maior pela ótica da produção (lado da oferta) que da absorção doméstica (demanda), que cresceu 0,8%, bem acima do PIB. Uma parte do crescimento da demanda foi atendida pelas importações (o setor externo contribuiu com -0,1ponto porcentual para o crescimento do trimestre) e outra parte, pelos estoques.
O consumo continua crescendo na economia brasileira (1%). Foi o investimento que caiu 1,8%. Uma parte da queda do investimento tem fatores específicos, como a produção de bens de capital para os segmentos de transporte, que caiu um pouco mais de 20% (o resto subiu cerca de 0,8%), em parte consequência da entrada em vigor de mudança tecnológica (para veículos mais alinhados com a sustentabilidade ambiental). Mas como ainda há capacidade ociosa na indústria, e as incertezas globais têm aumentado, é natural esperar um processo mais lento de recuperação dos investimentos.
Nesse contexto global, são necessários estímulos que de fato incentivem. O Brasil deveria concentrar-se em incentivar o investimento, o caminho mais direto para recuperar o crescimento de forma sustentável. Para isso é necessário oferecer as melhores condições ao investimento, por meio de segurança (clima de negócios) e retorno adequado ao longo do tempo.
* ECONOMISTA CHEFE DO ITAÚ UNIBANCO SÓCIO DO ITAÚBBA

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Classe media: o governo parece viver num mundo a parte...

O governo é engraçado. Ou melhor, seria engraçado, se as pessoas enquadradas nessas faixas de renda que eles proclamam, com tanta sabedoria, se sentissem realmente da "baixa classe média", ou da "classe alta".
Eu me pergunto, como uma pessoa de classe média, com renda mensal de 291 reais, faz para pagar habitação, transporte e comida (estou retirando todo o resto dessa classe média, pois não cabe...)???
Paulo Roberto de Almeida


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Classe média: renda per capita entre R$ 291 e R$ 1.019 (Fonte: Reprodução/Exame)
TRÊS SUBCLASSES

A classe média segundo o governo Dilma

De acordo com critérios do governo, classe média representa atualmente 54% da população brasileira

fonte | A A A
Novos critérios do governo federal divulgados pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) dividiu a classe média brasileira em três subclasses, que são definidas pela renda familiar mensal per capita.
O governo Dilma determinou que, a partir de agora, a classe média tem renda per capita entre R$ 291 e R$ 1.019, sendo formada pela baixa classe média, com renda entre R$ 291 e R$ 441, média classe média, com renda per capita de R$ 442 a R$ 641, e alta classe média, com renda entre R$ 642 e R$ 1.019.

Baixa classe alta e alta classe alta

Desta forma, a classe média representa hoje 54% da população brasileira, bem acima dos 37% registrados em 2001.
O governo também dividiu a classe alta em duas categorias: baixa classe alta, com renda per capita entre R$ 1.020 e R$ 2.480, e alta classe alta, com renda superior a esse valor.

O fabuloso construtor de universidades: retrato com poucos retoques

Na verdade, o único retoque que eu faria seria este aqui: as pessoas, sejam aquelas a favor do governo, sejam as do contra (como parece ser o editorial do Estadão, abaixo reproduzido), estão focando apenas nas condições materiais dessas universidades fantasmas criadas pela mais fabulosa máquina de propaganda conhecida no Brasil desde Cabral.
Eu preferiria discutir o conteúdo dos cursos, a substância da matéria, a qualidade dos cursos, que imagino deva ser um pouquinho mais tantão pior do que as instalações materiais (desculpem a linguagem, mas eu tento ficar conforme os padrões oficiais atuais da educação brasileira).
Paulo Roberto de Almeida


As universidades de Lula

Editorial O Estado de S.Paulo, 04 de junho de 2012
Nas centenas de discursos que o presidente Lula pronunciou nos últimos meses de seu mandato, em 2010, um dos temas mais recorrentes foi a educação. Em diversas oportunidades afirmou ter criado mais universidades que o presidente Juscelino Kubitschek. Em cinco anos de governo, JK criou 10 instituições, enquanto Lula, em seus dois mandatos, criou 14, sendo 10 voltadas para a interiorização da educação superior e 4 para promover a integração regional e internacional.
Um ano e meio depois de ter deixado o governo, algumas das universidades por ele inauguradas com muita pompa, circunstância e rojão funcionam em instalações emprestadas e prédios improvisados, sem água, refeitório, biblioteca e professores em número suficiente. O câmpus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em Guarulhos é uma boa amostra do tipo de instituições de ensino erguidas pelo presidente "recordista" com a preocupação precípua de "mostrar serviço".
O acesso ao câmpus é difícil e não há ônibus suficientes. As salas de aula são abafadas. O refeitório funciona num galpão de madeira. Cerca de 30 mil livros destinados à biblioteca continuam encaixotados. A biblioteca tem 240 mil livros mas, como não há lugar onde colocá-los, só 70% do acervo pode ser consultado. Por falta de infraestrutura, o laboratório de informática não tem como ser ampliado. A demora para se tirar uma fotocópia é de 40 minutos, em média. E quando os 50 computadores são operados simultaneamente, a velocidade da internet cai.
Projetado originariamente pela prefeitura de Guarulhos para abrigar uma escola técnica, o câmpus funciona desde 2006, oferecendo cursos de ciências sociais, filosofia, história, letras e pedagogia a cerca de 3,1 mil alunos. Mas, como um edifício prometido desde 2007 jamais saiu do papel, os poucos prédios disponíveis estão superlotados e algumas aulas tiveram de ser transferidas para uma escola municipal que atende cerca de 700 crianças.
Nessa escola, os cursos da Unifesp são dados à tarde e à noite, mas o número de salas também é insuficiente. "Estamos discutindo Hegel e a molecada está no recreio, fazendo correria ao lado. Como não há ventilação e o prédio pega sol o dia inteiro, no verão é insuportável", diz o estudante Michael de Santana. Por causa da falta de salas climatizadas, a ilha de edição de vídeo financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo não pode ser usada. Além disso, há carência de professores em muitos cursos e o quadro administrativo tem menos da metade do número de servidores necessários.
Para exigir que o governo da presidente Dilma Rousseff terminasse o que Lula "inaugurou", os alunos deflagraram uma greve no final de março, que perdura até agora. Em maio, ocuparam a reitoria acadêmica por três dias. A direção do câmpus da Unifesp em Guarulhos alega que o uso das dependências da escola municipal do bairro dos Pimentas foi planejado de comum acordo com a prefeitura de Guarulhos, como contrapartida pela instalação do câmpus na cidade, em 2007. As salas serão devolvidas quando o prédio novo - cuja licitação só foi concluída este ano - for construído. Para amenizar os problemas, a Unifesp alugou um prédio em frente ao câmpus, para servir de sala de aula.
Outras universidades federais criadas por Lula enfrentam problemas semelhantes. Na própria Unifesp, um dos prédios da unidade da Baixada Santista está interditado desde o final de abril, por causa de uma forte chuva. Em Minas Gerais, o câmpus avançado da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha, também criada em 2007, só tem um quinto de suas instalações construídas. Na Universidade Federal do ABC, os problemas de gestão e logística desestimularam os alunos - em 2009, a instituição registrou uma taxa de evasão de 42%, uma das mais altas do País.
Esse é o cenário de muitas das universidades criadas por Lula. Suas primeiras turmas estão tendo fortes prejuízos em sua formação acadêmica, como reconhecem os professores e dirigentes dessas instituições.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...