domingo, 10 de fevereiro de 2013

A journey Inside the Whale: explaining the title

Muitos leitores deste blog, pelo menos os mais atentos, ou os mais literários, digamos assim, podem ter questionado o título dado a alguns dos meus posts, os mais diretamente pessoais, sob a rubrica repetida já três vezes de
A Journey Inside the Whale

Posso explicar, mas a razão é puramente fortuita, ou alegórica, e não tem a intenção de reproduzir nenhuma grande obra literária, ou aventura pessoal.
Journey remete a aventura, périplo, caminho, andança, recorrido, percurso, itinerário, ou qualquer equivalente funcional ou conceitual. Ou seja, trata-se simplesmente de uma estada ou excursão.

A palavra remete a várias obras literárias, ou aventuras exóticas, a primeira das quais é o périplo cientifico do suíço-americano Louis Agassiz ao Brazil, a partir de Harvard, onde ele já ensinava. Seu livro foi publicado em Boston, no começo ou meados dos anos 1860 (e pode ser facilmente encontrável na internet, em versão digital), e nele ele relata sua estada de vários meses no Brasil, para pesquisas científicas. O naturalista, apesar de antidarwinista, é considerado um dos país do establishment cientítico americano, pela sua imensa capacidade de trabalho na classificação de espécies e de pesquisas de terreno, em várias áreas, inclusive geologia, mineralogia, botânica, zoologia e outras, destacando-se ainda sua correspondência e amizade com o imperador D. Pedro II, também um humanista interessado nas ciências naturais. A Journey to Brazil é uma descrição sincera de todas as suas andanças, inclusive o confronto com a escravidão e a falta de cultura literária (ou seja, ausência completa de livros), até hoje, aliás, em nosso país.

A segunda referência é ao romance realista de Louis-Ferdinand Céline, Voyage au Bout de la Nuit, um livro inovador para a época (1932), no qual ele relata todo o horror que tinha da Primeira Guerra Mundial, das experiências colonialistas na África e até na América fordista de Detroit, e seu capitalismo desenfreado. Em inglês, o romance se chama A Journey Inside the Night, e nesse título se pode tomar inspiração para qualquer reflexão sobre aventuras, jornadas, passeios e outros percursos que expressem a descrição de lugares e situações com intenções reflexivas e intelectuais. Obviamente, não existe nada que o conecte com o percurso ulterior desse grande autor, no sentido de se aproximar dos fascismos ambientes nos anos 1930 na Europa e de sua experiência colaboracionista, ou simpática, em relação ao regime de Vichy e ao próprio nazismo na França ocupada, postura que quase lhe rendeu uma condenação à morte na Libertação.

A terceira referência é ao livro de memórias e de críticas literárias de George Orwell, Inside the Whale, no qual ele relata suas andanças por Paris e Londres, na maior miséria, por sinal.
Pode-se também remetar à famosa frase do nacionalista cubano José Marti, que dizia conhecer  as "entranhas do monstro", ou seja, do Império, por ter vivido em New York, como exilado político da então dominação espanhola sobre sua ilha natal.

Nenhuma dessas referências é exclusiva, ou deve ser tomada em seu sentido próprio, uma vez que as palavras possuem existência própria e diversos significados. Eu juntei esses conceitos para descrever alguns aspectos de minhas andanças e reflexões no coração do império, embora não esteja bem no coração, e já não tenho certeza de que estou no império (não assumido, em todo caso).
Os EUA são, inquestionavelmente, o centro do mundo, para qualquer coisa que se possa imaginar, menos para a maldade absoluta (isso fica com a Coréia do Norte), para a desfaçatez autoritária (deixemos isso para a pobre Cuba), para a tristeza incomensurável e o sofrimento humano (creio que o recorde ainda pertence ao Congo ex-belga), ou para a mentira institucional (aqui a concorrência é forte, havendo vários latino-americanos na competição, mas talvez a China seja o melhor exemplo).

Os EUA são o império da inovação, da modernidade e, sobretudo, da liberdade, em todos os seus sentidos, inclusive aquele de carregar armas mortíferas que nas mãos dos malucos se convertem em instrumentos ocasionais de morte e sofrimento.
São também o império do pragmatismo, mesmo ao preço do charme e da non-chalance, que pertencem inquestionavelmente à Europa, bem mais rica culturalmente, mas mais difícil materialmente falando.
Enfim, estou no coração do império, pelos próximos três anos, e nele pretendo aproveitar todas as possibilidades de enriquecimento intelectual que aqui existem em tal abundância que não podem ser comparadas a qualquer outro continente ou país, mesmo a Europa e suas instituições seculares.
Vale a experiência, vale uma vida, vale um artigo, como este, modesto e sintético.
Vale!

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 10 de fevereiro de 2013

Prospective zombie; or "It had to be you"...

Médicos comunican a familia de Chávez que éste no se recuperará

El Nuevo Herald, 10/02/13.

El diario español ABC.es en su version digital informa de que el presidente venezolano Hugo Chávez no se recuperará de su dolencia.
Según el diario español, los médicos que atienden a Chávez en La Habana ya han comunicado a su familia, a los hermanos Castro y a la cúpula chavista, que el mandatario no está en condiciones de regresar a Venezuela para ejercer la presidencia.

El medio sostiene que fuentes en contacto con el equipo médico indicaron que Chávez ha perdido la voz por completo “a consecuencia del tratamiento médico recibido” y que no puede moverse de la cama. Dicho tratamiento, “ha causado daño permanente en sus cuerdas vocales y difícilmente va a poder recuperar la voz”, según el rotativo español. Las mismas fuentes que cita el diario agregan que el presidente se encuentra muy deprimido.
Acorde con ABC, en los próximos días el gobierno venezolano daría a conocer la incapacidad del presidente para asumir el cargo.
El diario, que ha recibido fuertes críticas del gobierno venezolano —que lo acusa de participar en una campaña de calumnias contra Venezuela— reitera informaciones previas acerca del aspecto demacrado y la persistente dificultad respiratoria de Chávez. Además, señala que los síntomas del avance de su enfermedad (rabdomiosarcoma) “son de nuevo claramente manifiestos”.
En contrate, el canciller de Venezuela, Elías Jaua, aseguró el sábado que el jefe de Estado, Hugo Chávez, está “al mando” y “tomando decisiones estratégicas”, y señaló que en el país hay estabilidad, sus instituciones funcionan con normalidad y la comunidad internacional lo respalda.
“El presidente está al mando y tomando decisiones de carácter estratégico para el desarrollo económico productivo del país”, aseguró Jaua a periodistas tras sostener un encuentro con su par brasileño, Antonio Patriota, apuntando que hay “un país en paz”, con “un normal funcionamiento de todas sus instituciones”.
Jaua respondió así al ser preguntado por la preocupación manifestada en algunos sectores empresariales en el exterior para invertir en Venezuela por la situación de salud del mandatario, quien se recupera de una intervención quirúrgica en Cuba desde hace dos meses.
“Esas preocupaciones, entre comillas, solo existen en los laboratorios mediáticos que por el mundo intentan hacer ver que en Venezuela hay unas condiciones de desestabilización que no existen por ningún lado”, apuntó.
Jaua quien viajó esta semana a La Habana a visitar a Chávez en compañía del vicepresidente, Nicolás Maduro, y la procuradora general, Cilia Flores, dijo que el presidente los había recibido con un “sarao” de música llanera, y muy agradecido por las muestras de solidaridad con lo que destacó el buen ánimo del gobernante.
El viernes, Maduro se refirió a una conversacion sostenida con Chávez en La Habana. Según ésta, Chávez reconoció que el proceso de recuperación de su cuarta operación de cáncer era “lento” y que seguía en “batalla” aferrado a Cristo.
Chávez también “estuvo conversando” de la imagen de un Cristo en su habitación que le regaló el ministro de la Defensa, Diego Molero, relató Maduro.
“También nos ratificó que tiene gran confianza en el equipo médico, en el tratamiento que está haciendo de manera disciplinada”, explicó el funcionario.
Según Maduro, ante las “expresiones de amor diarias” que le expresa el pueblo venezolano, Chávez dijo: “todo eso me da mucha fortaleza, el cariño y el afecto me levanta aún más la voluntad de luchar y vivir” y “darle gracias” al pueblo.
Read more here: http://www.elnuevoherald.com/2013/02/10/1404102/medicos-comunican-a-familia-de.html#storylink=cpy

Senado brasileiro: necessitando fechar para reformas...

Uma petição necessária
Normalmente não sou de seguir correntes, colocar meu nome em abaixo-assinados, endossar petições, participar de movimentos em prol-disso ou daquilo, ou seja, não sou normalmente levado a aderir a qualquer empreendimento coletivo, mesmo aqueles com os quais estou filosoficamente, politicamente ou até conceitualmente de acordo, tendo em vista meu comprometimento fundamental com os princípios do livre-arbítrio e minha postura radicalmente favorável a um individualismo anarco-libertário.
Raramente o fiz, em minha vida, e raramente vou fazer no que me resta dela. Nunca vou aderir a um partido político, por exemplo, pois isso me retiraria, ipso facto, ou pelo menos me limitaria tremendamente, o direito de criticá-lo, rebatê-lo e até de me opor a suas inicitiavas e tomadas de posição que eu julgasse contrárias não ao meu posicionamento individual, mas ao interesse nacional, tal como eu o concebo (como fruto de estudos, reflexões e detida análise dos problemas brasileiros).
Um dos grandes problemas brasileiros, eu até diria ENORMES problemas, talvez o MAIOR de todos, é a corrupção de sua classe política, sem mencionar sua incompetência, mediocridade, total descompasso com as necessidades do país e de seu sistema econômico (razoavelmente moderno, ou pelo menos tentativamente aggiornato, em relação à modernidade do mundo).
O Brasil, costumo repetir, não é um país tão atrasado materialmente, quanto ele é atrasado mentalmente, e esse atraso mental se reflete sobretudo em suas universidades, mas principalmente no corpo político, legislativo e executivo (e muitas vezes também no judiciário, que ademais de vários problemas de marajanato, costuma ser autista, arrogante e pretendidamente autossuficiente).
Mas volto ao problema principal. Sendo radicalmente democrata, penso que um corpo político representativo, eficiente, inteligente, é absolutamente necessário para o encaminhamento de TODAS as demais reformas de que o Brasil necessita, embora eu não acredite que ele, mesmo renovado, vá fazê-las todas, pelo menos na dimensão e profundidade de que o Brasil precisa (na área educacional, por exemplo, que precisaria passar por uma verdadeira revolução, enterrando tudo o que está ai e começando com algo que seja minimamente aceitável).
Entendo, portanto, que precisariamos começar pelo corpo político, que deveria ser minimamente respeitável para poder empreender pelo menos parte das reformas importantes.
Resumo e termino: apenas por isto, decidi juntar-me a centenas de milhares de outros brasileiros e assinar este manifesto-petição, que pode até não resultar em nada, mas que pelo menos serve para medir nossa recusa, expressar nossa indignação, deixar claro nosso protesto e nossa absoluta rejeição do espetáculo lamentável a que assistimos atualmente em nosso Congresso, a começar pelo Senado.
Apenas por isto, mas fundamentalmente por isso, junto-me aos mais de 1 milhão e trezentos mil brasileiros (ver no contador do site) que já assinaram esse manifesto.
Quero deixar claro meu agradecimento ao amigo intelectual e colega blogueiro, batalhador como eu das boas causas educacionais, opositor, como eu, da mediocridade imperante hoje na academia, Orlando Tambosi, e que colocou em seu blog o post abaixo transcrito, e que aproveito integralmente para consumar minha adesão aos assinantes e para incitar outros a fazê-lo.
Estou absolutamente seguro de que ultrapassaremos facilmente a marca de 1,5 milhão de assinaturas, mas não vejo isso como ato consumado e tarefa feita. Estou também quase 100% seguro de que, dessa iniciativa, nada vai resultar: que o Congresso, em primeiro lugar, o STF ou qualquer outro corpo, em segundo ou terceiro lugares, vão ignorar solenemente a petição, e que os bandidos encastelados nas duas casas do poder legislativo (em minúsculas e se possível com ponto 1,5, de medíocre) vão ali continuar até o final de seus respectivos mandatos, e provavelmente mais além, em cargos executivos em seus estados.
Não importa, fica aqui consignado minha rejeição a esse estado de coisas e meu apoio a esta causa coletiva que reputo importante, a despeito de relativamente ingênua (a começar pelo conceito de impeachment).
Concito meus leitores a fazê-lo, e a disseminar o apelo, mesmo conscientes da possível inutilidade do gesto. Vale a tomada de princípio para cada um de nos. Estamos conscientes de que fizemos o possível para melhorar um pouquinho, só um pouquinho esse país corrupto que é atualmente o Brasil, não pela sua população, mas pela sua classe política.
Paulo Roberto de Almeida
Aqui: https://secure.avaaz.org/po/petition/Impeachment_do_Presidente_do_Senado_Renan_Calheiros/?aAZGUab

Addendum em 11/02/2913:
Uau! Nós ultrapassamos nossa meta! Vamos agora chegar a 1,6 milhão antes do fim do Carnaval -- o dobro do número de pessoas que votaram em Renan para Senador. Compartilhe agora!

Mais de um milhão já assinaram pedido de impeachment de Renan
Blog do Orlando Tambosi
No jornal O Globo:

Um abaixo-assinado alcançou, nesta sexta-feira, 1 milhão de assinaturas a favor do impeachment de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado.
A petição, que está disponível na web, foi publicada há apenas oito dias pelo internauta Emiliano Magalhães. Outra já havia sido criada pela ONG Rio de Paz e pelo Movimento 31 de julho, organizações que combatem a corrupção. Os manifestantes pediam, antes das eleições para a presidência do Senado, que os parlamentares não elegessem o senador, que pode ser réu por peculato e outros crimes no Supremo Tribunal Federal (STF).
O novo abaixo-assinado tem o objetivo de alcançar o apoio de 1,3 milhão de pessoas a favor da deposição do senador.
“Vamos conseguir 1.360.000 assinaturas (1% do eleitorado nacional), levar esta petição para o Congresso e exigir que os Senadores escutem a voz do povo que os elegeu. Segundo nossa Contituição. ‘A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles’”, diz o texto.
Em sua página no Facebook, o autor do abaixo-assinado, morador de Ribeirão Preto (SP), ressalta que não é filiado a nenhum partido, e escreve:
“Meu nome é Emiliano, sou Representante Comercial, e atualmente o Senado não me representa.”

Assine aqui.

No momento em que assino, o site computa 1,328,798 assinaturas, mas dezenas estão entrando ao mesmo tempo. Vai ser um sucesso de assinaturas, resta ver o que vai ocorrer depois...
Paulo Roberto de Almeida

The Bretton Woods transcripts: available online

Para todos os que se interessam pela história "íntima" (se ouso dizer) de Bretton Woods, aqui vai uma dica:

The Bretton Woods Transcripts
The Transcripts | Did You Know? | Documents and Memorabilia | Blog | The Project
The Bretton Woods Transcripts, edited by Center for Financial Stability (CFS) Senior Fellow Kurt Schuler and CFS Research Associate Andrew Rosenberg, offer the reader a front row seat at the conference that has shaped the international monetary system for nearly 70 years. The Bretton Woods Transcripts were never intended for publication, and give an inside perspective of what participants at this major international gathering said behind closed doors.
The Transcripts reveal an untold story from World War II, as well as the vision of luminaries such as John Maynard Keynes, future presidents, prime ministers, and other world leaders. Despite a war still waging in 1944, delegates from 44 nations worked tirelessly in Bretton Woods, New Hampshire to construct a financial system that would promote growth, minimize global imbalances, and foster stability. Show More
Quotes from The Bretton Woods Transcripts


Harry Dexter White (left), chief U.S. negotiator of the Bretton Woods agreements, and John Maynard Keynes, chief British negotiator, at the first meeting of the IMF and World Bank governors in 1946.
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On international economic cooperation…
Fred Vinson (U.S. delegate, future Supreme Court chief justice): We are met here in Bretton Woods in an experimental test, probably the first time in the history of the world, that forty-four nations have convened seeking to solve difficult economic problems. We fight together on sodden battlefields. We sail together on the majestic blue. We fly together in the ethereal sky. The test of this conference is whether we can walk together, solve our economic problems, down the road to peace as we today march to victory. Sometimes [certain] problems seem to be most important on a particular day. Some folks think that the problems of the world were made to be solved in a day or in one conference. That can’t be. We must have cooperation, collaboration; utilize the machinery, the instrumentalities, that have been set up to provide succor to those who are hungry and ill; to set up, establish instrumentalities that will stabilize or tend toward stabilization of economies of our world.
(Commission I, seventh meeting)
Praise for The Bretton Woods Transcripts
Schuler, along with his coeditor, Andrew Rosenberg, has done a superb job in putting this treasure trove in shape for publication. Even though there have been thousands and thousands of pages written about the Bretton Woods Conference, nothing beats the transcripts for a first-hand feel of what transpired.”
From the preface by Jacques de Larosière, Managing Director of the IMF from 1978-1987, and Steve H. Hanke, Professor of Applied Economics, Johns Hopkins University, Baltimore
Kurt Schuler, Andrew Rosenberg and the Center for Financial Stability deserve our thanks and congratulations for having unearthed and then nicely reproduced and edited the original Bretton Woods transcripts. This is truly a treasure trove for historians, showing exactly who said what to whom, when and why at that iconic Conference.”
Charles Goodhart, Financial Markets Group, London School of Economics; Former Chief Advisor, Bank of England
“The global economy is stuck with low growth rates and over indebtedness in very many leading countries today. The two issues - growth and fiscal/private debt overhangs - are the classical scopes of work of the International Monetary Fund; and we see that in this epoch the global institution named, has been relegated only to a back seat, while the so called ‘Troika’ does most of the diagnosis and most of the decision-making.

“Thus, what better than to counter now with a primary testimony of how the founding fathers of the IMF and the World Bank discussed, convened, negotiated and came about to a broad consensus at Mount Washington, New Hampshire, in order to create an institutionality with a clear technical, financial, and macro mandate?”

Eduardo Aninat, Former Deputy Managing Director, IMF; Former Finance Minister of Chile; Present, Director General, UNIAPAC Foundation, Paris
“Bretton Woods set the standard for all future international economic conferences. These transcripts are a precious contribution to historical study and more importantly an inspiration for those charged with shaping the future.
Lawrence H. Summers, Former Secretary, US Treasury; Charles W. Eliot University Professor of Harvard University, Harvard Kennedy School, Mossavar-Rahmani Center for Business and Government
“A fascinating and useful new e-book, The Bretton Woods Transcripts, has just been published by the Center for Financial Stability (CFS). While an 822 page ‘transcript’ might turn off all but the most serious monetary scholars, Kurt Schuler, who discovered the transcripts in the Treasury, and his coeditor Andrew Rosenberg have done a remarkable job of making the book user friendly. Their commentary is fascinating in its own right. Moreover, standard search engines allow one to easily scan through the document looking for topics or participants.

“In reading through various passages, I was most impressed by the foresight of the participants at the conference and their spirit of international cooperation, as they hammered out the agreements.

John B. Taylor, Former Under Secretary, US Treasury; Mary and Robert Raymond Professor of Economics, Stanford University; and George P. Shultz Senior Fellow and Chair of Working Group on Economic Policy, Hoover Institution
“Everyone thinks they know what happened at Bretton Woods, but what they know has been filtered by generations of historical accounts. By publishing the Bretton Woods transcripts, Kurt Schuler and Andrew Rosenberg provide the unfiltered version. International monetary history will never be the same.
Barry Eichengreen, George C. Pardee and Helen N. Pardee Professor of Economics and Political Science, University of California, Berkeley
“Historical memory, as we well know, can often fade, becoming encrusted with distortions and misperceptions. With the publication of these transcripts, Kurt Schuler and Andrew Rosenberg have done us all a lasting service. Economists and historians will gain fresh insight into what really happened and what was really intended at Bretton Woods. Diplomats and policy makers can gain valuable lessons about how to successfully organize and manage a complex international negotiation.”
Benjamin J. Cohen, Louis G. Lancaster Professor of International Political Economy, University of California, Santa Barbara
Contact
If you would like to contribute information or have questions about Bretton Woods, please contact Kurt Schuler, kschuler@the-cfs.org.

Book Details
eBook: 800 pages
Publisher: Center for Financial Stability
Price: $9.00
ISBN-13: 9781941801000
Excerpt includes table of contents, preface, introduction, and sample transcript.

Pausa para... um diario intimo...

Não, não é meu, pois não mantenho diário íntimo. O meu é todo visível e de trabalho. Quem quiser saber da minha vida (alô ABIN, alô CIA, alô chineses, russos, sul-africanos...) que vá aos posts deste blog, às listas de trabalho do meu site, ou que penetre meu computador, como estou certo de que todos esses serviços já fizeram, como vasculharam minhas contas e descobriram todos os saldos vermelhos e a lista dos pagamentos do próximo mês...
O diário foi publicado na Piauí, e sendo esta uma revista do maior respeito nacional, só pode ser coisa séria.
Com isso dou por encerrado os posts deste sábado de nevasca e vou cuidar de coisa mais séria. Escrever um trabalho encomendado, como tenho vários no pipeline.
Divirtam-se, desopilem-se, mas atenção, moderadamente.
Vou atacar de hot-dog e de cerveja...
Paulo Roberto de Almeida
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Augusto Nunes, 08/02/2013
às 18:24 \ Feira Livre

Diário da Dilma: Canguru que é despejado dá valor à própria bolsa

PUBLICADO NA EDIÇÃO DE FEVEREIRO DA REVISTA PIAUÍ

1º DE JANEIRO ─ Dia da Confraternização Universal. Confraternizei com o Eduardo Campos em torno de um sambinha com biricutico e salaminho. Fiz questão de cantar Camarão que Dorme a Onda Leva olhando bem na íris daqueles olhos verdes. Neto do Arraes, neto do Tancredo, uns meninos chatos e eu tenho que fingir interesse. De neto, gosto só do meu, que além de uma gracinha não quer me suceder.
2 DE JANEIRO ─ Faltou luz aqui na base militar. Eu, mamãe, titia, Paula e o Eduardo Campos passamos a tarde jogando adedanha. Quando sortearam”animal com a letra L”, pensei besteira. Mas disse “Lobo”. Depois dessa, parei de beber a caipirinha. Já estava mais faceira que mosca em tampa de xarope.
3 DE JANEIRO ─ Estou como o diabo gosta! Só de short, regata e sandália de dedo. O Sarney que não me venha com essa história de liturgia do cargo! A Helena sabe que se eu pegar um fotógrafo aqui vai ser caso de morte. Desde que cheguei aqui não passo mais laquê. São bem uns 10 quilos a menos. Titia veio me dizer que deu um auê danado na posse do Genoino. Fiquei uma arara, dei um murro na mesa e gritei: “Não interrompa minhas férias!” Deus me dê paciência e um pano para embrulhá-la.
4 DE JANEIRO ─ Ganhei um Kindle brasileiro daquele pernóstico do Mercadante. E já veio com dez livros. Tudo chatice: Keynes, Paulo Coelho, Churchill, Maquiavel, Eduardo Giannetti, valha-me Deus. Fui lá e pá! Comprei os dois últimos volumes de Cinquenta Tons de Cinza. Vou começar a ler ainda hoje depois de assistir um pouco dos Tudors. Me falaram maravilhas da série e estou atrasada. Dormi antes de começar a ler. Que espetáculo esses Tudors! Se Brasília fosse animada daquele jeito!
5 DE JANEIRO ─ Mandei o Marco Aurélio assuntar a doença do Chávez. Ele adora essa coisa meio Mercedes Sosa, meio Glória Magadan.
Gastei demais nessas férias. Só em salaminho, tremoços e antiácido foi embora uma fortuna. Sem falar que engordei. Férias é sempre esse inferno: a gente sai da rotina, enche a cara de cerveja, come aquele monte de acarajé e arremata com cocada. As roupas estão todas pegando no quadril…
6 DE JANEIRO ─ E não é que acabou a luz justo na hora H do Henrique VIII com a Ana Bolena? Será que foi a mando do Lobão, sempre tão decoroso nessas questões de moral e bons costumes?
7 DE JANEIRO ─ De volta ao batente, infelizmente. Mamãe teve que me sacudir da cama para que eu pudesse acordar. “Quem primeiro se queixa foi quem atirou a ameixa”, ralhou. Pedi para o Sérgio Cabral fazer as pazes com os índios do Maracanã. Sei não. Brigar com índio dá azar. Não é à toa que está há tanto tempo sem chover.
8 DE JANEIRO ─ Hum, a luz falhou umas duas vezes hoje. Mandei comprar uns três pacotes de vela. Gabrielzinho detesta escuro.
9 DE JANEIRO ─ Choveu! Choveu! Fiquei tão encantada que ergui os braços e saí correndo de baby-doll pelos jardins do Alvorada cantandoThe Hills Are Alive. Para acabar de vez com as insinuações da imprensa burguesa, pedi ao Lobão que desse uma coletiva para negar o risco de apagão. Tiro e queda. O magnetismo desse homem sempre deixa os jornalistas mesmerizados.
10 DE JANEIRO ─ Gabrielzinho está começando a fazer conta nos dedinhos. Ontem ele chegou para mim e disse: “Vovó, os números do governo não fecham”. Está ficando chato.
11 DE JANEIRO ─ Gente, que tudo! Estou afogueada! Esse Christian Grey é uma coisa! Uma coisa!!!!!!
12 DE JANEIRO ─ Quando o pessoal do Congresso volta de férias? Tá uma beleza isso aqui, vazio, silencioso. Gabrielzinho tem andado de velotrol por esses corredores imensos.
14 DE JANEIRO ─ Comecei a me desanimar com os Tudors. Tem mais dancinha na corte do que em novela da Gloria Perez. É bom desapegar dessas coisas. Durante Avenida Brasil não consegui governar e deu no tal Pibinho.
15 DE JANEIRO ─ Falei grosso com o Eduardo Paes e com o menino Haddad: nada de aumentar a passagem de ônibus. Não estou podendo. Canguru que é despejado dá valor à própria bolsa. De tarde, fui ao Senado brincar de esconde-esconde com o Gabrielzinho. Tentei entrar debaixo da mesa diretora, mas bati com o topete e lasquei um pouco a madeira.
17 DE JANEIRO ─ O Eike veio aqui em Brasília. Estava louca para conferir aquele aplique ridículo dele. Ia até dar um toque, mas meu dia estava tão corrido que nem deu tempo. Como a ministrada estava meio sem fazer nada, pus todo mundo pra falar com ele. O Eike sempre rende alguma coisa. Quem ficou uma arara por não ter sido avisada foi a Ideli. Ela acha o Eike parecido com o Romney e já deu a entender que não se importaria em mudar o nome para Idelix.
18 DE JANEIRO ─ Botei o bloco na rua! O Lula já devia saber que quem foi ao vento perdeu o assento. Sou candidatíssima de mim mesma. Para não deixar dúvidas, viajei para o Piauí e me vesti de cangaceira. Foi difícil o chapéu por causa do laquê, mas o recado está dado. Pena que na hora em que saquei a peixeira acabou a luz.
19 DE JANEIRO ─ Meu São Mateus dos Mercados Perpétuos! Não é que vou ter de tomar uma atitude contra aquela revista inglesa ou americana que vive me cornetando? Não nego que o Guido esteja mais por fora do que surdo em bingo, mas pegar no pé do governo só por causa dessa bobagem das contas? Quem não dá uma ajeitadinha? É que nem no cheque especial. Ninguém precisa saber que você está no vermelho. Na primeira folguinha você vai lá e cobre.
20 DE JANEIRO ─ Não aguento essa Marcha dos Prefeitos. É tanta gente para botar em hotel, providenciar transporte, comida. Malandro era o FHC, que ignorava solenemente patente abaixo de governador.
21 DE JANEIRO ─ Liguei para o Kamura e fui firme: “Se franja é a nova tendência e você deixou a Michelle sair na frente, considere sua carreira em Brasília encerrada. Na melhor das hipóteses, você ganhará a vida cortando o cabelo da Ideli”. O homem começou a chorar e jurou que a franja não pega. Durante o discurso, Michelle usou aquele vestido azulão com saia trapézio evasê. É para acomodar o pacová, que, convenhamos, no caso dela é quase um aleijão. Não precisava daquele cinto de motoqueiro. No meio da fala, a Malia deu um bocejadão espantoso. O Gabrielzinho nunca faria isso.
22 DE JANEIRO ─ Só hoje pude acompanhar a cobertura dos bailes. De vestido vermelho eu entendo. O da Michelle ficou o ó. Aquele veludo molhado parecia uma cortina de cabaré. Agora, como dançam bem, ela e o Obama. Que o Demétrio Magnoli não me ouça, mas acho que tem a ver com a raça. Vai pôr um búlgaro para valsar…
23 DE JANEIRO ─ Ao contrário do que me garantiu a Abin, na terceira temporada de The Killing a Sarah Lund não aposentou aqueles suéteres de matar. Não espanta que a fama internacional da moda dinamarquesa seja tão grande quanto a dos nossos serviços de inteligência.
24 de JANEIRO ─ Derrubei no grito as tarifas de energia. O Lula não quer voltar? Que lide com as consequências. Aproveitei para reduzir na maciota a alíquota de importação daquele aparelho nir que delineia a mandíbula. Tentei comprar um no shopping e quase caí para trás. Ideli pediu para eu incluir no pacote a redução de IPI dos shakes dietéticos.
26 DE JANEIRO ─ Renan e Henrique Alves. Não vão sobrar nem as cúpulas do Niemeyer.
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Addendum, pouco íntimo:

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

NEM SEGURANÇAS AGUENTAM O HUMOR DE DILMA
Conhecida por seus acessos de fúria, a presidente Dilma não deixa apenas os ministros à beira de um ataque de nervos. Segundo fontes palacianas, o Gabinete de Segurança Institucional tem dificuldades de encontrar oficiais do Exército que aceitem chefiar o serviço de segurança presidencial. Entre os mais estressados estaria o coronel Artur José Solon Neto, que por breve período cobriu as férias do titular.

QUERIA
O coronel Neto, hoje secretário adjunto do Gabinete de Segurança Institucional, queria sair do cargo burocrático e ir mais a campo.

HUMILHAÇÃO PÚBLICA
Habituada ao perfil discreto do general Amaro, seu chefe de segurança, Dilma não poupou puxões de orelha públicos em quem o substituiu.

CHUTANDO O BALDE
Em junho de 2011, a capitã de fragata E.H., oficial brilhante, cansou dos esculachos presidenciais e foi embora. Quase deixou a Marinha.

INCLUA-ME FORA DESSA
O Palácio do Planalto também demorou a encontrar quem aceitasse substituir a capitã E.H. como ajudante de ordens.

O dragao da maldade e os guerreiros atrapalhados...

Na fábula, na legenda, ou na história (cada um aceite como quiser), São Jorge, de lança em punho, matava valentemente o dragão, que ameaçava comer a donzela mandada para aplacar a sua fome (ou seja lá o que for...). 
Na figuração econômica, sobretudo brasileira, o dragão ficou simbolizando a inflação. Num passado não muito distante (digamos, 18 anos, mais ou menos), o vice-presidente guindado à presidência por um desses golpes do acaso (corrupção), que hoje pareceriam contos da Carochinha, achou que era São Jorge, mas mesmo atrapalhado, permitiu que os bravos guerreiros comandados pelo então ministro da Fazenda FHC (mas o mérito cabe todo à sua equipe de economistas, não a ele, sequer ao presidente, que não permitiu um ajuste real nas contas públicas), dessem um golpe certeiro na inflação. Ele foi dado, e durante o restante dos anos 1990 ela permaneceu em patamares civilizados, chegando mesmo, antes da crise de 1998, a meros 2% (se estou bem lembrado), patamar jamais alcançado antes ou depois. Se ela subiu em 2002 -- e por isso deu vazão à acusação desonesta de "herança maldita" por um provocador de inflação -- foi justamente porque o partido de oposição, vulgo dos trabalhadores, sempre sacrificou os trabalhadores, no seu pacto perverso com a CUT dos patrões, a FIESP, todos engajados em produzir inflação, ao anunciar planos mirabolantes de "mudar tudo isso que está aí". Ainda bem que não o fizeram, e a inflação, depois de recrudescer na campanha eleitoral, voltou a patamares civilizados com um presidente de BC que acreditava no tripé macroeconômico definido em 1999. Isso é história.
Mas, o governo dos companheiros perdeu a mão quando a atual presidente ascendeu à Casa Civil, bloqueando um ajuste mais forte, um superávit primário mais robusto, e dando início ao período de gastança que abalaria um dos pés do tripé, o equilíbrio fiscal. O segundo tripé, as metas da inflação, começou a ser desacreditado quando o atual ministro da Fazenda, ainda no governo anterior, se opôs ao rebaixamento da meta, num momento em que era possível fazê-lo, pois a de 2005 tinha ficado até abaixo da meta. Mas desde 2005 que não apenas a meta é mantida em 4,5% (mais de três vezes a média mundial) mas também o espaço de variação é muito grande, de 2%, exagerados. Finalmente, o terceiro pé, câmbio, vem sendo desacreditado desde muito tempo pelo ministro trapalhão (escolha qualquer um deles) que diz que o câmbio flutua, desde que seja pertinho de 2 reais por dólar.
Em qualquer país sério, executor monetário que prometesse cumprir metas e não cumprisse, seria chamado ao parlamento, e eventualmente demitido. O presidente do BC prometeu, em 2011, que entregaria a inflação dentro da meta em 2012. Não apenas não o fez, como diz que não sabe quando o fará.
Por isso a população está legitimamente preocupada, como indicam os dois artigos a seguir.
Eu já estou ao abrigo da inflação brasileira (não tanto, pois ainda pago contas no Brasil, para familiares), mas me preocupa que a estabilização monetária, tão duramente conquistada em 1994, e o tripé macroeconômico, tão dramaticamente introduzido em 1999 seja tão canhestramente sabotados, aparentemente de forma consciente, por gente que não sabe o que está destruindo.
Paulo Roberto de Almeida 
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Augusto Nunes, 09/02/2013
às 8:31 \ Direto ao Ponto

Nocauteada pelo Plano Real, a inflação avisou de novo que está querendo acordar

Dragão adormecido (Imagem: Gunilla Riddare)
Milhões de brasileiros sensatos estão compreensivelmente inquietos com o monstro adormecido há mais de 18 anos (Imagem: Gunilla Riddare)
Nocauteado pelo Plano Real em 1995, o dragão que atormentou o Brasil por quase meio século voltou a entreabrir os olhos neste janeiro: o índice de 0,86% é o maior dos últimos dez anos ─ e elevou para 6,15% a taxa anual. Os números seriam ainda mais perturbadores se os prefeitos Fernando Haddad e Eduardo Paes não tivessem adiado, a pedido de Dilma Rousseff, o aumento das tarifas do transporte coletivo em São Paulo e no Rio. Mas os governantes do Brasil Maravilha seguem contemplando o horizonte com a expressão beatífica de um Gilberto Carvalho quando vê Lula a menos de cinco metros de diostância. A coisa vai bem demais, recitam as flores da inépcia. Se melhorar, estraga.
Na quinta-feira, Dilma Rousseff mandou a inflação passear para encontrar-se a sós com o senador amazonense Alfredo Nascimento. Demitido do Ministério dos Transportes depois de pilhado pela imprensa em cenas de corrupção explícita, Nascimento apareceu no Planalto caprichando na pose de presidente do PR. Na sexta-feira foi a vez de Carlos Lupi, apeado do Ministério do Trabalho também por ter aterrissado ruidosamente no noticiário político-policial. No papel de comandante do PDT, Lupi enfim reviu a chefe que lhe inspirou espalhafatosas declarações de amor.
“A presidenta quis trocar ideias com nossos aliados”, fantasiou Gilberto Carvalho. Quem passou a vida trocando favores não tem ideias para trocar. Nas duas audiências, só se tratou do contrato de aluguel que deverá garantir o apoio do PR e do PDT à candidatura de Dilma a um segundo mandato. A trinca não perdeu tempo com assuntos desagradáveis ─ as razões do despejo da dupla, por exemplo. Ninguém infiltrou na pauta temas incômodos ─ a inflação de janeiro, por exemplo. Dilma, Nascimento e Lupi examinaram exclusivamente questões ligadas à eleição de 2014. O passado e o presente ficaram fora da pauta que só tratou do futuro.
No lugar da presidente ocupada com dois casos de polícia, irrompeu no picadeiro o inevitável Guido Mantega. O que tinha a dizer sobre o índice divulgado pelo IBGE? “A projeção é de que janeiro foi o pico”, reincidiu a usina de vigarices. Depois de atravessar 2012 enxergando um pibão até ser atropelado pelo pibinho, depois de recorrer a trapaças de envergonhar qualquer 171 para esconder crateras nas contas públicas, Mantega recomeçou a sequência de previsões cretinas. A tapeação não pode parar.
“Eu não tenho projeção até dezembro, mas nos próximos meses a inflação vai para baixo”, mentiu outra vez. Até o aprendiz de ilusionista disfarçado de ministro da Fazenda sabe que a taxa de janeiro seria mais alarmante se o o preço da gasolina subisse no começo do ano, como queria Graça Foster, presidente da Petrobras. O próximo índice já refletirá os efeitos desse aumento.
Ainda no primeiro semestre, queiram ou não os prefeitos companheiros, paulistanos e cariocas estarão pagando mais caro para embarcar em ônibus, trens urbanos e metrôs. O crescimento da demanda (estimulado pelo governo) e a redução da oferta (decorrente da retração da atividade industrial) ameaçam reprisar a parceria historicamente perversa. E a curva ascendente dos preços dos alimentos começa a causar estragos sobretudo nos bolsos da classe média (velha ou nova).
Como registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, milhões de brasileiros sensatos estão compreensivelmente inquietos com os sinais emitidos pelo monstro adormecido há mais de 18 anos. Os encarregados de impedir que desperte não perdem o sono por tão pouco. Dilma e Mantega estão brincando com o perigo. Podem acabar engolidos pelo bicho que acordaram.
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Inflação preocupante

09 de fevereiro de 2013 | 2h 08
Editorial O Estado de S.Paulo
 
Com os preços em disparada, o ano começou mal para as famílias brasileiras e com sinais agourentos para o governo da presidente Dilma Rousseff. Nenhum outro país emergente vem enfrentando, como o Brasil, a combinação de custo de vida em alta e produção estagnada, uma das grandes marcas da economia nacional nos últimos dois anos. As perspectivas de expansão da atividade parecem melhores em 2013 do que no biênio anterior, mas as pressões inflacionárias continuam preocupantes, embora as autoridades apostem, pelo menos oficialmente, numa melhora gradual do quadro. A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 0,79% em dezembro para 0,86% em janeiro e atingiu a maior variação mensal desde abril de 2005, segundo informou na quinta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta acumulada em 12 meses chegou a 6,15% e continuou a distanciar-se da meta fixada pelas autoridades de 4,5%. Não há ainda sinal, no entanto, de uma política anti-inflacionária mais firme que a adotada a partir de agosto de 2011, quando o Banco Central (BC) passou a reduzir os juros.
A hipótese de um aumento de juros já foi considerada nos mercados, depois de o presidente do BC, Alexandre Tombini, descrever o quadro atual como desconfortável, mas ainda é tratada como improvável. Os dirigentes do BC reafirmaram no fim de janeiro, na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a expectativa de uma acomodação dos preços ao longo de 2013. Reiteraram também a disposição de manter a atual política por um "período suficientemente prolongado".
Esse é um jogo de alto risco. A experiência já desmentiu no ano passado algumas das previsões mais importantes do Copom. A inflação, segundo o pessoal do BC, vinha sendo impulsionada principalmente pelos preços internacionais dos produtos agrícolas. A crise global derrubaria esses preços. Oscilaram, de fato, mas voltaram a subir. O governo cumpriria a meta fiscal e isso também ajudaria a conter as pressões inflacionárias. Também essa projeção foi errada. No fim do ano, o Ministério da Fazenda recorreu a uma porção de truques para maquiar o resultado das contas públicas. Além de tudo, outros fatores, além dos preços internacionais das commodities, alimentaram fortemente a inflação. Os fatos, portando, desmentiram tanto o diagnóstico quanto os prognósticos oficiais.
Os fatos continuam desmentindo a avaliação oficial dos técnicos e dirigentes do BC. A alta dos preços das matérias-primas é apenas um dos componentes do quadro. Os números mostram um cenário mais complexo e um problema bem mais grave. Em dezembro, aumentos de preços foram registrados em 70% dos itens componentes do IPCA. Bastaria isso para desmentir a tese de uma inflação associada a uma classe única de fatores. Em janeiro esse indicador de difusão chegou a 75%, denunciando um alastramento ainda mais amplo.
É fácil entender esse quadro quando se levam em conta o alto nível de emprego, a expansão da massa de rendimentos, o rápido aumento do crédito e a expansão do gasto público, apesar das dificuldades orçamentárias em fase de estagnação econômica. Curiosamente, o próprio Copom, em sua última ata, menciona "a maior dispersão" dos aumentos de preços ao consumidor, a "estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho", as perspectivas de uma demanda interna ainda robusta e, afinal, a "posição expansionista das contas públicas".
Alguns desses fatores haviam sido apontados em documentos anteriores do Copom. No entanto, as decisões sobre a política monetária foram tomadas, ao longo do ano, como se esses problemas devessem esgotar-se nos meses seguintes, sem deixar marcas no sistema de preços. Esse otimismo, até agora contrariado pelos fatos, parece manter-se. O governo continua confiando em medidas tópicas, destinadas a conter este ou aquele preço (da eletricidade, por exemplo), como remédios contra a inflação. Que um governo com inclinações populistas faça isso é até compreensível. Chocante, mesmo, é a passividade do BC.

Perfeita coordenacao economica governamental: de surpresa em surpresa

Sempre ficarei surpreso, nesta minha vida de retinas fatigadas por constantes leituras de jornais, revistas, blogs e alfarrábios, com a perfeita coordenação governamental em matéria de política econômica. Aliás estou cada vez mais surpreendido...
No espaço de meros dois dias recolhi os mais diversos exemplos de como pode ser perfeita, detalhista, acurada, sensível, bem medida, ponderada (enfim, etc., vocês encontrem outros adjetivos positivos para colocar nas próximas três linhas), a nossa política econômica, tanto a macroeconômica (em especial a cambial), como a setorial, ou microeconômica (com destaque para a política industrial).
Acho que o Financial Times ainda não se acostumou com o nosso padrão de ordem, harmonia, sincronização, graça e beleza (enfim, tudo o que temos nos blocos de Carnaval, incluindo o Cordão da Bola Preta, e podem colocar também aí os blogs de Carnaval, que a Economist também gosta dessas ironias), que possuem nossos coordenadores governamentais, especialmente os três grandes personagens, MiniFaz, MDIC e Bacen, pelas suas siglas conhecidas do mercado.
Mais um pouco, a Standard&Poors e outras agências de rating vão elevar a nossa nota para o máximo permitido, já que as medidas governamentais avançam como se desfilassem na passarela.
Não acreditam?
Basta olhar um pouco o noticiário...
Para completar a análise, acrescento os comentários de dois analistas sem graça...
Paulo Roberto de Almeida

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Pimentel: câmbio é vigilante e mira R$ 2; Mantega: mais intervenção, se necessário
O regime de câmbio no Brasil é flutuante, “porém vigilante”, para manter a cotação do dólar em torno de R$ 2, disse o ministro do Planejamento, Fernando Pimentel, ao Valor PRO, o serviço de notícias em tempo real do Valor.   “O câmbio é flutuante, mas não saiu do patamar. Ele vai ficar por aí, em torno de RS 2”, disse o ministro, ao negar que as recentes oscilações da moeda possam afetar as decisões de investimento no país. “Claro que, para o sujeito que exporta, faz diferença entre R$ 2,05 e R$ 1,96, mas aí ele tem de ter hedge, aí é o risco do mercado, do câmbio flutuante”, comentou o 
ministro, que defendeu uma taxa competitiva, mas cobrou das empresas iniciativas para aumentar sua própria competitividade.  “Um câmbio que destrua nossa indústria não vamos ter mais, mas também não vamos ter aquela ilusão de uma desvalorização excessiva da moeda brasileira em que todo mundo fica achando que a indústria recuperou a competitividade sem ter mudado uma máquina de lugar, sem ter criado uma tecnologia nova, um software sequer”, acrescentou Pimentel.  O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também garantiu que governo não permitirá que o dólar volte a ser cotado a R$ 1,85 e intervirá no mercado caso seja  necessário, assegurou. “O ideal é que não houvesse intervenção, mas isso é sonho. Agora, se houver de novo uma tendência especulativa, se o pessoal se animar, aí estaremos de novo  intervindo”, disse o Mantega. Entre as medidas que o governo poderia tomar, Mantega citou a elevação do Imposto sobre Operações Financeira (IOF) nas operações de ingresso de moeda estrangeira no país e a compra de dólares no mercado. “Se houver tendência especulativa, aumentaremos a intervenção: posso comprar mais reservas e posso reconstituir os IOFs (que foram reduzidos)”, disse, acrescentando que o dólar está flutuando em uma faixa adequada.
O dólar rompeu no final de janeiro o piso de uma banda informal de R$ 2 a R$ 2,10 que vigorou durante boa parte de 2012, e o mercado interpretou esse movimento como um sinal de preocupação com a inflação.  Desde então, o dólar tem ficado em torno de R$ 1,98. “O câmbio está flutuando mais ao sabor do mercado. Flutua sem causar prejuízo ao exportador, não está causando prejuízo ao importador de máquinas e equipamentos. O câmbio encontrou faixa de flutuação razoável”, avaliou Mantega.  

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Bagunça geral na política econômica

09 de fevereiro de 2013 | 2h 05
ROLF KUNTZ - O Estado de S.Paulo
Não dá para separar. O estrago na Petrobrás, a inflação disparada, a indústria emperrada e a maquiagem das contas públicas são sintomas do mesmo problema. O governo conseguiu bagunçar tanto a economia quanto a caixa de ferramentas da política econômica. O estrago da caixa é o mais grave. Gasta-se muito tempo discutindo se a presidente Dilma Rousseff e sua troupe de trapalhões ainda levam a sério os três princípios adotados no fim dos anos 90 - meta de inflação, meta de superávit primário e câmbio flutuante. Não se vai muito longe com esse requisitório. O governo pode responder positivamente a todas as perguntas, com as ressalvas de sempre. Tem de haver certa margem de erro para a inflação, o resultado fiscal é sujeito a imprevistos e nenhum regime cambial é estritamente isento de intervenções. Tudo isso parece razoável, mas a conversa oficial é uma embromação. É possível embromar, nesse caso, porque as questões realmente importantes são outras, a começar pela importância atribuída, de fato, às condições básicas de estabilidade. Esse teste permitiria comparar o governo brasileiro com os de outros países latino-americanos. A semelhança mais notável seria, certamente, com a administração da presidente Cristina Kirchner, sobrando uma diferença muito mais de grau que de vocação.
Se o governo brasileiro se importasse realmente com a inflação, a meta seria muito mais baixa, como em outras economias, tanto desenvolvidas quanto em desenvolvimento. Desde 2005 houve mudanças no Brasil e no cenário externo, mas a meta de 4,5% foi mantida, sem nenhum benefício para o País. A tolerância à alta de preços jamais proporcionou à economia brasileira maior eficiência, dinamismo ou competitividade.
Além disso, as autoridades têm agido como se o alvo real fosse qualquer ponto na margem de variação. As ações são conduzidas como se um resultado final de 6,5% fosse perfeitamente aceitável. O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, chegou a classificar como desconfortável o número acumulado até janeiro - 6,15% em 12 meses. Reiterou, no entanto, a disposição de apostar numa acomodação dos preços no segundo semestre. Mero sangue-frio?
A tolerância à inflação permitiu, no ano passado, conciliar a redução de juros desejada pela presidente Dilma Rousseff e a manutenção de uma política fiscal frouxa. Uma gestão mais séria das contas públicas deveria compensar o relaxamento da política monetária a partir dos meses finais de 2011, segundo explicaram, há cerca de um ano e meio, os dirigentes do BC. Essa condição jamais se realizou. O recurso a artifícios para maquiar as contas públicas no fim de 2012 foi um desdobramento dessa história. Mas esse é apenas o dado mais pitoresco.
O resultado concreto foi uma economia brasileira um tanto mais torta. O combate à inflação por meio da política monetária foi suspenso, enquanto a expansão do crédito continuou alimentando a demanda, principalmente de consumo. Essa demanda foi alimentada também por incentivos fiscais concedidos a alguns setores pelo Executivo. Esses incentivos serviram ainda para a redução temporária de alguns preços, com efeito benéfico de curtíssimo prazo nos indicadores de inflação. O desajuste entre a demanda e a capacidade de oferta da indústria nacional criou um vazamento nas contas externas. Sem o aumento da importação, o efeito inflacionário teria sido maior. A produção industrial encolheu porque as fábricas foram incapazes de competir, e o investimento diminuiu.
Sem distinguir objetivos de curto e de longo prazos, desafios conjunturais e problemas estruturais, o governo colheu inflação elevada, estagnação econômica e contas públicas mais frágeis. Ao mesmo tempo, bagunçou a política econômica e seus instrumentos. O BC deixou de combater a inflação, a política de juros foi decidida no Palácio do Planalto, deficiências estruturais foram tratadas como problemas de conjuntura e os preços foram contidos por meio de intervenções tópicas. A redução do imposto sobre os automóveis e outros bens duráveis e a contenção das tarifas de combustíveis entram nesse capítulo. A insistência da presidente em reduzir as contas de energia elétrica, a partir de agora, é uma continuação dessa trapalhada. É uma imprudência tratar o preço final da eletricidade como questão isolada, sem levar em conta os programas de investimento e os vários componentes de custos, incluída a tributação em todos os níveis.
Os danos impostos à Petrobrás são em parte explicáveis por essa confusão de objetivos e políticas, tão característica do governo atual. Mas decorrem também da subordinação da estatal aos interesses político-partidários do Palácio do Planalto, da peculiar diplomacia terceiro-mundista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da conversão da empresa em instrumento de política industrial. Em vez de cuidar de seus objetivos empresariais e especialmente do enorme desafio da exploração do pré-sal, a companhia foi forçada a atender a uma porção de outras solicitações. Os resultados são indisfarçáveis.
Mas o governo parece impermeável à maior parte dessas lições. O Ministério da Fazenda dispõe-se a adotar novos artifícios para encenar o cumprimento da meta fiscal. Tudo se passa, de fato, como se o resultado real das contas públicas fosse muito menos importante que a sua representação contábil. Sem medidas típicas de política monetária, o BC tem atuado no mercado cambial para desvalorizar o dólar, em mais uma tentativa de influenciar indiretamente a inflação. A conta será parcialmente paga, é claro, pelos setores prejudicados pela valorização do real. De vez em quando, num surto de lucidez, o governo leva em conta as consequências mais amplas de suas decisões. Exemplo disso é a disposição de rever os termos das novas concessões no setor de transportes. Mas surtos desse tipo têm sido raros e brevíssimos e a confusão do voluntarismo volta a se impor.
* JORNALISTA
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Furos na economia

9 de fevereiro de 2013 | 16h30
Celso Ming

É carnaval, os foliões sambam nas passarelas, o povo se diverte como pode e, por enquanto, os índices de aprovação da administração Dilma seguem batendo recordes.
Mas os fundamentos da economia do Brasil estão em deterioração. É só conferir o que a atual administração está entregando: uma sucessão de pibinhos, a inflação mais alta desde 2005, o investimento empacado, a indústria em franco esvaziamento, a Petrobrás sangrando em seu caixa, o outrora pujante setor dos biocombustíveis perdendo importância, a balança comercial passando sinais preocupantes; a percepção externa sobre o Brasil piorando aos poucos…
O galardão da presidente Dilma é a área social. As classes médias seguem aumentando. O povo nunca consumiu tanto, nunca viajou tanto. O setor de serviços está em grande expansão. Paradoxalmente, a área mais pujante da economia é o agronegócio, justamente o setor que vem sendo acusado por áreas do governo como o reduto dos ruralistas, da monocultura e da exploração do trabalhador. Apenas um reparo: há dois subsetores no agronegócio que, ao contrário dos outros, enfrentam séria crise: é o já mencionado ramo do açúcar e do álcool, em consequência do represamento dos preços dos combustíveis; e o da laranja, atacado por forte deterioração dos preços internacionais.
O descontentamento começou a espalhar-se numa área até recentemente tida como aliada do governo: o dos empresários. As empresas enfrentam custos crescentes, especialmente de mão de obra, e já não podem contar com o rendimento financeiro para compensar o baixo retorno operacional. É o que explica tantos balanços bem mais fracos do que os apresentados em outros anos. O empresário não se anima a investir porque entende que deixou de ganhar dinheiro – não importando aqui o quanto isso é verdadeiro. Ele só não demite mais porque a situação de pleno emprego tornou mais difícil a contratação de pessoal.
Os cala-bocas da hora não vêm surtindo o efeito desejado. A tão festejada desoneração dos encargos sociais é pouco mais do que uma insignificância. As renúncias fiscais (isenção ou redução de impostos) não podem mais ser mantidas; estão sendo gradativamente revogadas. A desvalorização cambial (alta do dólar) que veio para dar mais competitividade ao setor produtivo, está em parte sendo revertida pelo Banco Central e, em parte, comida pela inflação à proporção de 6% ao ano. E o BNDES não é uma solução para todos porque só contempla os previamente destinados a serem campeões em sua área.
A presidente Dilma parece ter-se convencido de que não pode mais tratar o setor privado a pão e água e que precisa abrir as licitações de projetos de infraestrutura e energia. Mas essa mudança vem um pouco tarde e deverá demorar muito mais a maturar e a dar frutos.
A desenvoltura da inflação preocupa. Se continuar com o discurso de que não é preciso agir porque, logo adiante, a inflação cederá por simples imperativo estatístico, o Banco Central corre o risco de perder ainda mais credibilidade. Já não conduz as expectativas, passou a percepção de que só reage com autorização superior e aceitou passivamente demais à deterioração das contas públicas. Agora pode defrontar-se com a força da inércia inflacionária. Mais ainda, corre o risco de ter de puxar os juros de volta para cima apenas às vésperas das eleições.
CONFIRA


Acima, uma relação de 12 produtos ou serviços consumidos no carnaval e a carga tributária incidente sobre cada um deles.
 

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Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...