segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Limites ao crescimento: uma tarefa impossivel, e inutil... - Livro Skidelsky

Ainda não li o livro dos Skidelsky (mas conheço vários outros do pai, inclusive a biografia de Keynes e seu excelente The Road from Serfdom, que recomendo), mas vou buscá-lo na próxima vez que entrar numa Barnes&Noble, um dos meus exercícios habituais, sempre que tenho tempo.
Mas, a julgar pela resenha do senador, o livro é falho em seus argumentos principais, ou então a resenha é mal construída, mal argumentada, e simplesmente impossível de ser realizada na prática.
Existe uma tendência inerente ao ser humano que é a de consumir, sempre mais, sempre mais sofisticado. Não existe nada de mais necessário, na vida dos seres humanos, do que o supérfluo.
O supérfluo é o responsável por todas as inovações ocorridas na história humana, desde a revolução agrícola, quando a humanidade ultrapassou os limites da subsistência para patamares de consumo mais estáveis do que a simples caça e coleta diárias.
Existe uma outra tendências inata aos homens, e às sociedades mais complexas -- ou seja, as baseadas na divisão social do trabalho -- que é a de ampliar continuamente a capacidade produtiva, visando justamente a ampliação do consumo. Sem isso não haveria criação de riqueza, não haveria progresso, não haveria melhoria das condições de vida.
É simplesmente impossível acontecer o que o senador diz -- e o que, talvez, os economistas preconizam, mas eu tenho dúvidas de que seja assim tão simples, ou simplista -- e nem preciso alinhar outros argumentos para explicar por que: não acontecerá, pronto, e os homens, as sociedades vão continuar consumindo, produzindo, criando riqueza, provocando desperdícios, lixo, poluição e encontrando solução para todos os problemas, os bons, e os maus.
O senador está errado: ou ele é ingênuo, ou ele não é economista, como diz ser. Nos dois casos, a conversa em torno das limitações de consumo é simplesmente inócua, ou inútil.
Em todo caso, vou conferir o livro, e depois farei meus comentários.
Paulo Roberto de Almeida
How Much is Enough?
Quanto é o bastante: dinheiro e a vida boa'
por Cristovam Buarque
O Globo, 11/02/2013

'Quanto é o bastante: dinheiro e a vida boa' é um livro de Robert Skidelsky e Edward Skidelsky. Robert Skidelsky é o mais conhecido biógrafo de John Maynard Keynes. Ele nada tem de economista verde, nem de pessimista sobre o futuro do desenvolvimento. Mas, ele e seu filho Edward escreveram um belo livro sobre a ideia de um limite ao crescimento, não apenas ecológico, mas também moral e existencial.

A continuação do crescimento econômico é impossível e é desnecessário. As pessoas não vão conseguir consumir mais no mundo inteiro, e não precisam consumir mais para serem felizes.

Obviamente há um mínimo necessário do qual cerca de quatro bilhões de seres humanos estão excluídos. Porém há excedente no consumo de outros três bilhões. Isso impossibilita o mesmo padrão de consumo das classes médias e ricas do mundo para todos, não importa em que país a pessoa viva.

Apesar de que há uma forte resistência a esta constatação óbvia, fisicamente lógica e convincente moralmente, ela está cada vez mais aceita, menos na elite pensante brasileira, especialmente naqueles que são de esquerda.

Porque a direita, sem moral, mas, com lógica, não defende estender o consumo elevado para todos. A esquerda, por ilusão ou oportunismo, vende a ideia de que todos poderão ter um ou dois ou três automóveis. Oportunismo e egoísmo, porque não quer dividir o que tem, nem negar aos outros, e termina prometendo o impossível.

Recentemente, no debate relativo à redução nas tarifas de luz, um conhecido ator disse que um crítico ao incentivo à ampliação do consumo de luz, não queria que os pobres tivessem ar condicionado. Mas ele não aceitaria, diante da óbvia crise energética no futuro e do desperdício de hoje, que alternassem quem tem com quem não tem ar condicionado. Ele não quer ficar sem o dele durante um ano para que os pobres tenham. Então promete a mentira de que todos terão.

Também já está claro que todos terem automóveis privados será como se ninguém tivesse, todos ficariam paralisados em monumentais engarrafamentos, mas os que oferecem o impossível não aceitam uma regra de rodízio para que alguns tenham carro um ano e outros no ano seguinte.

Mas a crítica aos limites ao crescimento não se limita aos aspectos ecológicos, ela tem uma dimensão moral. A felicidade é um conceito sério demais para vincularmos como sinônimo de mais consumo. Não foram os economistas que começaram a falar isso, foram filósofos e os jovens hippies.

A humanidade precisa substituir seu padrão de bem estar, conforto e felicidade por algo mais substancioso moral e existencialmente do que a renda e o consumo.

Este livro do Skildelsky é um formidável texto para aqueles que resistem a isso, seja porque optam indecentemente para que apenas alguns consumam muito e outros consumam quase nada e para os que prometem a ilusão de que todos terão tudo.

Ele não fica apenas na divagação hippie, vai ao grande cientista do crescimento no século XX, o economista John Maynard Keynes, e tira dele até mesmo um número de quanto seria o limite máximo que cada pessoa precisa para ter a vida que deseja, sem a ilusão de uma abundância elusiva, na qual nunca chegaremos.

Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo PDT-DF
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How Much is Enough?

Money and the Good Life

How Much is Enough?
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US$ 19.99 (+ tax)
A provocative and timely call for a moral approach to economics, drawing on philosophers, political theorists, writers, and economists from Aristotle to Marx to Keynes.

What constitutes the good life? What is the true value of money? Why do we work such long hours merely to acquire greater wealth? These are some of the questions that many asked themselves when the financial system crashed in 2008. This book tackles such questions head-on.
   The authors begin with the great economist John Maynard Keynes. In 1930 Keynes predicted that, within a century, per capita income would steadily rise, people’s basic needs would be met, and no one would have to work more than fifteen hours a week. Clearly, he was wrong: though income has increased as he envisioned, our wants have seemingly gone unsatisfied, and we continue to work long hours.
   The Skidelskys explain why Keynes was mistaken. Then, arguing from the premise that economics is a moral science, they trace the concept of the good life from Aristotle to the present and show how our lives over the last half century have strayed from that ideal. Finally, they issue a call to think anew about what really matters in our lives and how to attain it.
   How Much Is Enough? is that rarity, a work of deep intelligence and ethical commitment accessible to all readers. It will be lauded, debated, cited, and criticized. It will not be ignored.
Other Press; June 2012
ISBN 9781590515082
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Politica Externa: de sapatos retirados a calcas arriadas...

De um comentário lido numa das transcrições deste post do jornalista Paulo Henrique Amorim, circulado amplamente em certos meios:

"Melhor ter retirado os sapatos, por causa de uma exigência de segurança nos EUA pós-11 de Setembro de 2001, do que ter abaixado as calças para os cubanos, por uma questão de identidade de projetos totalitários".
J.A.

Em todo caso, aqui vai, por uma questão de simples informação, sem preconceitos. Leitores inteligentes, como os que frequentam este blog, saberão tirar suas conclusões.
Paulo Roberto de Almeida

Publicado em 07/02/2013

MAG: a política externa
que não tirou os sapatos

O PiG chama de política externa dos atabaques. Êpa ! O Ministério Público sabe disso ?


O Conversa Afiada reproduz artigo de Saul Leblon, na Carta Maior, sobre o trabalho de Marco Aurélio Garcia:

Uma ponte itinerante chamada ‘MAG’

Quando quiser, e se um dia achar conveniente, o ministro Marco Aurélio Garcia – assessor internacional da Presidência da República desde o governo Lula – poderá escrever um dos livros mais interessantes destes tempos em que a América Latina deixou de ser o terreno baldio dos EUA.

Garcia, ou simplesmente MAG, como é tratado pelos mais próximos, participou diretamente ou testemunhou todos – repita-se, todos – os principais episódios da construção inconclusa da nova agenda regional, destinada a devolver aos povos latino-americanos o comando de seu destino histórico e geopolítico.

Ao lado de Samuel Pinheiro Guimarães e do ex-embaixador Celso Amorim, ele compôs o trio que definitivamente reposicionou a política externa brasileira no século 21.

E o fez para bem longe daquilo que ficou conhecido como ‘a diplomacia dos pés descalços’.

Em 31 de janeiro de 2002, o então chanceler do governo FHC, Celso Lafer, submeteu-se ao humilhante ritual de tirar os sapatos no aeroporto de Miami. Uma imposição da segurança ianque, se quisesse ingressar no país.

Se essa condição um dia fosse imposta a MAG, o que aconteceria?

Alguma dúvida?

Nem ‘eles’, nem os seus assemelhados nativos, as tem.

Discreto sem nunca ser acanhado, MAG sabe a hora certa de ser contundente com os poderes e os poderosos que em relação a ele nutrem justificados temores.

Professor aposentado do Departamento de História da Unicamp, esse gaucho que lecionou também em universidades de Paris e Santiago, ocupou a vice -presidência da UNE nos anos 60 e, coisa que poucos sabem, exerceu um mandato de vereador em Porto Alegre, nunca foi visto, à direita ou à esquerda, como um assessor comum.

Seu nome é uma espécie de carimbo presente nos principais capítulos da luta política da esquerda brasileira nas últimas décadas.

Ecumênico nesse campo, com bom trânsito entre as variadas correntes políticas, de suas convicções mais fundas apenas Lula costuma às vezes ironizar: ‘ Ele não diz nada, mas batizou o filho de Leon…’

MAG coordenou o Programa de Governo do Presidente Lula nas eleições de 1994, 1998 e 2006.

Exerceu a mesma coordenação sobre o Programa de Governo da Presidente Dilma Rousseff na eleição de 2010.

Na luta pela reeleição de Lula em 2006, antecedida da tentativa de impeachment contra o presidente com base na ‘denúncia’ do chamado ‘mensalão’, foi ele quem comandou a campanha vitoriosa.

O cerco conservador era absoluto.

Muitos dentro do próprio PT defendiam genuflexões à mídia; os mais afoitos avocavam a prerrogativa de promover expedições ‘pacificadoras’ junto a donos de corporações que vergastavam o partido e o Presidente diuturnamente.

Traziam promessas de ‘trégua’ que nunca se confirmaram.

Ao contrário.

Reinava um clima de ‘agora ou nunca’.

Insuficiente porém para dobrar a altivez de MAG.

Em meio à beligerância ostensiva, às vésperas do primeiro turno, o então colunista de Veja, Diogo Mainardi, que dispensa apresentações, solicitou-lhe por e-mail uma entrevista exclusiva.

“Eu gostaria de entrevistá-lo por cerca de quatro minutos para um podcast da Veja. O assunto é a imprensa. Eu me comprometo a não cortar a entrevista,”, assegurava a solicitação que chegou a MAG.

A resposta, também por email, condensa a conhecida capacidade maguiana de associar altivez, mordacidade e contundente elegância:

“Sr. Diogo Mainardi,

Há alguns anos – da data não me lembro – o senhor dedicou-me uma coluna com fortes críticas. Minha resposta não foi publicada pela Veja, mas sim, a sua resposta à minha resposta — aliás, republicada em um de seus livros. Desde então decidi não falar com a sua revista. Seu sintomático compromisso em não cortar minhas declarações não é confiável. Meu infinito apreço pela liberdade de imprensa não vai ao ponto de conceder-lhe uma entrevista”.

Explica-se o, digamos, ‘desconforto’ dos meios & dos mainards com a presença constante e ativa desse espírito crítico, nos circuitos que decidem a política externa brasileira, desde 2003.

Derrubá-lo daí foi sempre o troféu cobiçado e ao mesmo tempo inalcançável do conservadorismo local e forâneo.

A trajetória de MAG diz muito sobre essa obsessão fracassada.

MAG era o Secretário de Relações Internacionais do PT, em 1990, quando foi criado o Foro de São Paulo.

Seu objetivo estratégico: promover a nucleação de todos os grupos de esquerda da América Latina e Caribe.

Para quê?

Para lançar as sementes de uma integração latinoamericana e caribenha oposta à agenda regional secularmente subordinada aos impérios.

Remonta daí a sua imbatível rede de relacionamento com lideranças e forças regionais que hoje estão no poder, exercem cargos relevantes na estrutura do Estado, ocupam cadeiras nos Legislativos, comandam partidos, dirigem organizações sociais.

Seu papel como ponte itinerante nesse diálogo agigantou-se no governo Lula, quando assumiu missões decisivas, em momentos graves e estratégicos da vida regional.

A maioria delas exitosas para decepção do conservadorismo que o mantém sob permanente suspicácia.

Os interlocutores da constelação de governos e lideranças progressistas da AL e Caribe sabem com quem estão falando quando o telefone toca e é MAG que chama.

Emotivo, perspicaz e fraterno, dono de um coração que rivaliza em generosidade com o tamanho de suas convicções progressistas, MAG coleciona amigos na grande pátria latinoamericana e caribenha que ajuda a delinear.

Dos prováveis aos mais improváveis.

A um Humala candidato, de perfil algo endurecido, ainda engomado pela farda militar, MAG surpreendeu um dia ao sugerir: ‘O senhor deveria se fazer acompanhar sempre de sua esposa; ela é muito inteligente.E muito bonita’.

De fato.

A carismática Nadine Heredia acabou se transformando em uma coadjuvante decisiva na renhida final das eleições peruanas de 2011, vencidas por Humala.

Hoje sua figura é cada vez mais popular. Com índices de aprovação superiores aos do marido, seu protagonismo suscita especulações de uma candidatura em 2016, se obstáculos jurídicos forem superados.

A eventual ascensão dessa nova estrela regional não surpreenderá MAG.

Como não o surpreendeu a do velho amigo Maduro, na Venezuela, bem como a de outras lideranças da grande constelação em cujos bastidores a sua presença sempre brilhou.

De volta de uma missão a Cuba, para onde fora enviado pela Presidenta Dilma em manifestação de alto zelo com a evolução da saúde do presidente Chávez, MAG submeteu-se a exames cardiológicos rotineiros no último sábado.

O cuidado preventivo diante da dura agenda de viagens que teria pela frente, antes e depois do Carnaval, desdobrou-se em uma cirurgia cardíaca.

MAG recebeu duas pontes de safena nesta 5ª feira. E passa bem.

Manifestações de toda a América Latina e Caribe evocam a sua rápida volta à estrada

Um caminho que ele conhece melhor que ninguém.

Um caminho que ainda não está pronto.

Mas que sem dúvida está sendo construído.

E nele o acrônimo MAG pontua a pavimentação de vários trechos, antes considerados intransponíveis.

Fascismo corporativo atinge o MECsauro: logico!

Os companheiros no poder são fascistas sem perceber, sem se dar a mínima conta disso.
É que faz parte da natureza deles, vocês precisam compreender. 
Eles pensam que são de esquerda ou progressistas, e só conseguem ser fascistas...
Do mesmo tipo de fascismo corporativo que atinge várias instituições públicas brasileiras, e que não são constituídas apenas por companheiros no poder. A Receita Federal, por exemplo, é um órgão perfeitamente fascista, sem ser especialmente companheiro.
Mas temos várias outras agências públicas, como a Anvisa, por exemplo, que foram assaltadas pelos companheiros, e que se tornaram exuberantemente fascistas.
É o fascismo corporativo, que atinge o Brasil desde a era Vargas, mas que se combina perfeitamente com o fascismo natural, endógeno, cromossômico, dos companheiros ditos socialistas. Está no DNA deles, é mais forte do que a própria consciência.
Assim como Monsieur Jourdain fazia prosa sem o saber, os companheiros são fascistas sem o saber.
Mas tem mais: o MEC, que já está dominado pela pedagogia obscurantista e primitiva das "saúvas freirenas", ou seja, os pedagogos que crêem na bíblia esquizofrênica do atual (promovido pelos companheiros) "patrono da (des)educação brasileira", agora também está dominado pelo fascismo corporativo, o que é perfeitamente natural e esperado.
Abaixo, mais uma demonstração do fascismo instintivo dessas saúvas totalitárias que pululam, infestam, destroem a educação brasileira.
Paulo Roberto de Almeida 

Demagogia com a medicina

Editorial O Estado de S.Paulo, 11 de fevereiro de 2013

Em mais uma iniciativa centralizadora e intervencionista, o Ministério da Educação (MEC) agora quer decidir o local onde faculdades de medicina poderão ser instaladas. Para o governo, no Brasil não há falta de médicos, mas, sim, má distribuição desses profissionais pelo território nacional. Cerca de 70% dos médicos brasileiros vivem e trabalham nas Regiões Sul e Sudeste.
Para corrigir essa situação, o MEC só autorizará a criação de novos cursos de medicina onde há carência de médicos – especialmente nos Estados mais pobres, como Bahia e Maranhão, que têm as piores proporções de médicos por habitantes em todo o País. Com isso, o governo quer estimular os novos médicos a se fixarem em cidades do interior e nas regiões mais atrasadas e evitar a abertura de novas faculdades de medicina nas áreas onde há ampla oferta de matrículas – como no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Entre outras exigências, os editais deverão apontar as cidades que têm infraestrutura para receber alunos, como leitos de hospital e residência médica em áreas consideradas prioritárias pelo Ministério da Saúde, como ginecologia, pediatria, cirurgia e clínica médica. A demanda de médicos também vai nortear a ampliação das vagas nas faculdades de medicina já existentes. As instituições interessadas terão de comprovar a "demanda social" por profissionais médicos na região de saúde do curso. Segundo o Censo da Educação Superior 2011, o Brasil forma 17 mil médicos por ano. Atualmente, há 187 cursos de medicina em funcionamento, com 108 mil alunos matriculados. Em 1992, eram 83 cursos. No ano passado, a presidente Dilma Rousseff lançou o Plano Nacional de Educação Médica, para aumentar em 4,5 mil o número de médicos formados anualmente.
Introduzidas por uma portaria, as novas regras valerão apenas para as instituições privadas de ensino superior e para as universidades federais. As universidades estaduais têm autonomia garantida pela Constituição.
O governo também quer que as principais instituições de ensino superior e os hospitais de referência – como o Albert Einstein, Sírio Libanês e Oswaldo Cruz – elaborem projetos e se submetam às concorrências que serão abertas pelo MEC. "Gostaria que as melhores faculdades do Brasil, as excelentes universidades privadas e os hospitais de excelência concorressem. Seria fantástico", diz o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Na realidade, se há algo fantástico nessa iniciativa é seu caráter demagógico. A proposta de Mercadante agride o bom senso. Se há déficit de médicos em muitas cidades do interior, isso não decorre da localização das escolas de medicina, mas dos baixos salários oferecidos pelos municípios e Estados e da falta de condições de trabalho, como equipamentos, salas de cirurgia e residências médicas. Isso já foi evidenciado quando o governo federal tentou autorizar a revalidação automática dos diplomas expedidos por faculdades de medicina argentinas, bolivianas e cubanas, dispensando seus portadores do exame de proficiência e habilitação. A justificativa foi a de que eles atenderiam à demanda de profissionais de saúde em regiões pobres.
Na época, o Conselho Federal de Medicina e a Federação Nacional dos Médicos afirmaram que, uma vez autorizados a clinicar, os médicos formados no exterior migrariam para os centros mais desenvolvidos, onde os salários são mais altos e estão instalados os hospitais de referência. As duas entidades alegaram que o problema da má distribuição de médicos pelo País será vencido apenas quando o poder público criar uma "carreira de Estado" específica para os médicos do Sistema Único de Saúde e assegurar um mínimo de infraestrutura para os hospitais e Santas Casas das pequenas comarcas do interior.
Em vez de fazer o que não lhe cabe – usurpar prerrogativas de universidades e a liberdade de escolha da iniciativa privada e centralizar o ensino superior, a pretexto de "interiorizar" as escolas de medicina –, o governo deveria melhorar a qualidade do ensino das faculdades já existentes. No último exame do CRM, quase 55% dos formandos de São Paulo erraram 60% dos testes.

Presidente do Senado anuncia que vai deixar o cargo no final do mes...

Ops, me enganei de manchete. A correta é esta aqui:

Bento XVI anuncia que vai deixar pontificado no dia 28 de fevereiro

De acordo com o comunicado oficial, renúncia ocorre por causa de sua idade avançada - 85 anos - e por não ter força para cumprir deveres, e nova eleição deve ocorrer até o fim de março; é a primeira vez que um papa renuncia em quase 600 anos.

Com perdão pela maldade, mas é apenas a expressão de um desejo, que poderia estar materializado na seguinte manchete:

Renan Calheiros anuncia que vai deixar a presidência do Senado no dia 28 de fevereiro

De acordo com o comunicado oficial, renúncia ocorre por causa de um surto repentino de moralidade e de ética, talvez provocada pelo volume de protestos contra a sua eleição e o desgaste que deve ocorrer em função dos processos por peculato, fraude e outros crimes comuns em curso no STF; é a primeira vez que um presidente do Senado renuncia em quase 200 anos.

Que tal, ficou bonito não?
Pena que nada disso vai ocorrer e teremos de suportar a cavalgadura durante exatos dois anos, ou até quando durar o processo contra o meliante.
Paulo Roberto de Almeida

A frase da semana: "A luta contra a austeridade custa dinheiro"

Ouvido do militante trotsquista Alain Krivine, fundador da Liga Comunista Internacionalista, da França, em entrevista na Radio France Info, reclamando contra a falta de dinheiro que hoje aflige o sucessor desse partido da esquerda radical, o Novo Partido Anticapitalista:

"Lutter contre l'austerité ça coûte de l'argent..."

Ironia involuntária, talvez inconsciente, do autor, sem dúvida. Os revolucionários acham que é preciso recolher muito dinheiro, antes, para poder, depois, lutar de maneira mais eficiente contra a austeridade. Pois é, essas coisas custam dinheiro, e como dizia Milton Friedman, there is no free lunch.
Como vocês vêem, é preciso gastar dinheiro para poder fazer austeridade.
É o triunfo da lógica e da coerência...
Mas não nos enganemos: o economista e Prêmio Nobel Paul Krugman pensa a mesma coisa...
Paulo Roberto de Almeida

O Governo FRAUDA os seus proprios dados: assistencialismo populista (e mentiroso)

Sempre fui contra o assistencialismo governamental, em qualquer época, de qualquer governo, sob qualquer circunstância.
Sob o lulopetismo, o assistencialismo governamental expandiu-se exagerada e deliberadamente e converteu-se num imenso curral eleitoral. Foi feito expressamente para isso mesmo: faz parte do projeto de dominação permanente, monopólica e totalitária de seus autores.
Agora se descobre que é tambem mais um foco de fraude e de mentiras oficiais.
Eles sempre foram assim, se voces querem saber...
Como conviver com essa nova vergonha governamental?
Paulo Roberto de Almeida

Miséria publicitária
Editorial da Folha de S. Paulo de 10/2/2013

Ao distorcer dados da emancipação de miseráveis, governo solapa a seriedade necessária para discutir os rumos da política social

A área econômica do governo Dilma Rousseff faz escola. O malabarismo estatístico, ou "contabilidade criativa", difunde-se também para outros setores da administração federal.

O Planalto alardeia ter tirado da miséria quase 20 milhões de pessoas. São 10% da população brasileira, e isso em apenas dois anos.

O segredo da prestidigitação, no caso, está em manipular os dois aspectos cruciais da contabilidade: a definição do que vem a ser pobreza extrema (ou miséria), de um lado, e o cadastro das famílias declaradas miseráveis, do outro.

Desde 2009 está fixado em R$ 70 o teto da renda mensal familiar per capita que define a miséria para fins do Bolsa Família e de outros programas federais de assistência.

Já o rendimento dos mais pobres no mercado de trabalho veio aumentando, nesse período, mais depressa que a inflação.

Trata-se de uma emancipação social independente da ação do governo. Mas ela seria menor que a alegada na propaganda oficial superlativa, e mais corretamente medida, se o Planalto reajustasse a linha da indigência pelos índices de preço.

Corrigidos pelo IPCA, os R$ 70 de 2009 correspondem a quase R$ 90 hoje.

A alquimia para simular tamanha progressão social instantânea envolve outro sortilégio. Em 2010, o Censo do IBGE apontava cerca de 16 milhões de brasileiros com rendimento inferior a R$ 70 mensais.

Abaixo, portanto, dos 19,5 milhões que o governo anuncia terem saído da miséria nos dois anos seguintes.

Em vez de fiar-se no IBGE, o governo passou a contabilizar os indigentes de acordo com seu próprio cadastro, realizado em parceria com os mais de 5.500 municípios brasileiros. Daí surgiu o milagre da multiplicação dos miseráveis, dois anos atrás.

Não é preciso muita reflexão para atribuir ao cadastro dos beneficiários do governo um grau de vulnerabilidade técnica - para não falar das brechas a fraudes- bem mais elevado que o do Censo do IBGE.

A discussão sobre a pobreza e as formas de enfrentá-la está pronta para subir de patamar. Sabe-se hoje, por exemplo, que as condições de moradia e instrução dos mais pobres evoluíram bem mais lentamente que a renda.
Deveriam ganhar mais destaque na política social e originar novos indicadores.

Os reiterados lances de pirotecnia estatística do governo federal, porém, chamuscam sua seriedade e sua credibilidade nesse debate.

A Justica do Trabalho TEM DE SER EXTINTA: ela cria conflitos, custaexcessivamente, frauda o contribuinte...

Comentário recebido de um leitor, no meu post sobre os salários dos nossos mandarins e marajás ("Deu no New York Times"), dentre os quais os pilantras da (in)Justiça do Trabalho estão entre os maiores do mundo, e os maiores fraudadores da justiça e da ética nacional.
Apenas países anormais exibem essa monstruosidade institucional.
Sempre fui pela extinção dessa aberração jurídica.
Paulo Roberto de Almeida

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Marajás, mandarins, atenção: deu no New York Times...":

Dados do Relatório Analítico do TST de 2011 em:
http://www.tst.jus.br/documents/10157/54de5978-1794-4632-bf9a-fb494ea5f306

Valores pagos aos reclamantes fruto das ações trabalhistas 14.758.015.512,23 = R$ 14,7 bilhões

ARRECADAÇÃO DE CUSTAS, EMOLUMENTOS E TRIBUTOS R$ 3.341.265.123,06 sendo que os tributos (INSS e Imposto de Renda correspondem a 90% desse total) = 3,3 bilhões

Imagino que as custas, emolumentos e tributos sejam pagos pelos reclamantes ou seja valor líquido pago aos reclamantes é de 14,7 – 3,3 = R$ 11,4 bilhões. Certamente os reclamantes terão de pagar pelo menos 15% aos advogados ou seja receberão o valor líquido de R$ 9,7 bilhões

Por outro lado o custo da Justiça do Trabalho por habitante foi de R$ 61,80 ou seja R$11,7 bilhões para 190 milhões de habitantes.

Considerando a arrecadação de custas, emolumentos e tributos o custo da Justiça Trabalhista foi de 11,7-3,3 = R$ 8,4 bilhões.

Ou seja se o governo acabasse com a Justiça do Trabalho e o governo pagasse 85% do valor de todas as reclamações trabalhistas e os empregadores pagassem somente 15%, os reclamantes receberiam o valor devido sem custo adicional nenhum para o governo e os empregadores poderiam investir 85% do valor das reclamações em atividades produtivas. Os únicos que reclamariam seriam os funcionários da Justiça do Trabalho e os advogados.

Nas Varas, foram recebidos 2.110.718 casos novos
Nos TRTs, foram recebidos 569.270 casos novos,
No TST, foram recebidos 169.818 casos novos

Um País que tem mais de dois milhões de causas trabalhistas por ano certamente tem uma legislação trabalhista obsoleta.

Enquanto não houver uma reforma das leis do trabalho o Brasil nunca será um País com uma economia competitiva no cenário internacional.

E esses burocratas ainda querem aumento nos seus salários de marajás?

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...