Sorry for the capital letters guys. Eu estava apenas querendo dizer que com essas prometidas negociacoes de um acordo para uma ZLC monstro entre UE e os EUA caminhando, as torturadas e tortuosas negociacoes de um acordinho birregional UE-Mercosul poderiam ir para o brejo. So be it...
Paulo Roberto de Almeida
Acordo comercial EUA-Europa indica desafio para Brasil
Ruth Costas
Da BBC Brasil em Londres
14 de fevereiro, 2013 - 17:55 (Brasília)
Possível acordo foi analisado como resposta à crise financeira global
A eventual aprovação de um acordo de livre comércio entre os Estados Unidos e a União Europeia pode representar o surgimento de novos desafios internacionais para o Brasil e outros países emergentes, de acordo com analistas ouvidos pela BBC Brasil.
O mundo assistiu a uma proliferação de pactos comerciais bilaterais e regionais nos últimos anos. Mas os analistas concordam que poucos têm um peso geopolítico e econômico tão grande quanto o esperado do acordo comercial EUA-Europa, que recebeu um pontapé inicial nesta semana.
O objetivo declarado de americanos e europeus é chegar o mais perto possível de uma área "transatlântica" de livre comércio e usar essa integração para impulsionar a geração de empregos e crescimento econômico.
O projeto precisará superar uma série de barreiras, mas se deslanchar o resultado pode ser a maior zona de livre comércio do planeta - um gigante reunindo metade do PIB e um terço de todas as trocas comerciais globais.
"Trata-se de uma espécie de resposta dos centros ‘tradicionais’ de poder econômico e político globais à crise econômica e ao fortalecimento dos BRICS - que pressionam por um mundo mais multipolar", diz a professora de relações internacionais Miriam Gomes Saraiva, que atualmente pesquisa as relações Brasil-Europa na Universidade de Oxford.
"Para o Brasil e outros emergentes que vinham se esforçando para ter mais peso em fóruns multilaterais e debates econômicos globais, em um primeiro momento um projeto que aponta para um maior alinhamento entre Europa e EUA não parece uma boa notícia", opina.
Para Erik van der Marel, especialista em negociações comerciais da London School of Economics, ainda é cedo para entender até que ponto o acordo poderia fazer produtores de outros países perderem mercados americanos e europeus para concorrentes locais. No entanto, ele acredita que é normal esperar que haja algumas "vítimas" do acordo em outros países.
No caso do Brasil, Saraiva diz que há muita convergência nas pautas de exportação brasileiras para os EUA e para a Europa - o que limitaria o impacto do acordo. Ela não descarta, porém, a possibilidade de que setores específicos possam sofrer com a concorrência de rivais do Norte nesses mercados, dependendo dos termos e perfil do acordo.
Divergências
Já para Stephen Barber, professor associado de políticas públicas na London South Bank University, o efeito do pacto transatlântico pode ser positivo até para países do Sul do globo.
"Se esse acordo ajudar os EUA e a Europa a retomarem ritmo de crescimento, todos vão ganhar. Até porque ambos estão entre os principais mercados de muitos países emergentes, como o Brasil"
O início das negociações sobre a "Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento" foi anunciado pelo presidente americano, Barack Obama, nesta quarta-feira. Americanos e europeus agora vão se dedicar a gestões internas e, segundo o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, devem se sentar à mesa para debater a integração em junho.
No total, o comércio bilateral movimenta US$ 646 bilhões por ano.
Além das tarifas, EUA e Europa também pretendem reduzir as barreiras "não tarifárias" ao comércio - regulamentações que encarecem os negócios - e facilitar investimentos bilaterais.
"Um comércio livre e justo através do Atlântico estimulará (a criação) de milhares de empregos bem remunerados para os americanos", prometeu Obama.
Desafios
As negociações não serão fáceis. Uma das questões politicamente intrincadas diz respeito aos subsídios a produtores locais oferecidos por governos dos dois lados - em especial, a Política Agrícola Comum europeia.
Ainda não está claro se o resultado do acordo pode ser uma redução efetiva desses subsídios, como sugere Barber, ou se americanos e europeus podem unir forças para resistir a pressões externas para cortar seus programas - ameaça levantada por Saraiva.
Algumas regulamentações específicas também podem ser um problema para a integração. A Europa, por exemplo, tem ressalvas sobre o comércio de alimentos geneticamente modificados, o que já causou disputas comerciais com os Estados Unidos no passado.
Autoridades americanas e europeias tem dado a entender que poderia haver um tratamento especial para o que elas chamam de "produtos sensíveis" - aqueles protegidos por grupos de interesses locais. "Em vez de um acordo de livre comércio radical também é possível que tenhamos uma versão 'light'", diz Marel.
Segundo Barber, para garantir que as negociações avancem de forma constante, o ideal seria que as partes envolvidas montassem uma estrutura institucional com tal missão - por exemplo, com um secretariado.
"Por muito tempo assuntos de segurança dominaram a agenda entre os EUA e a Europa, apesar da enorme importância das relações econômicas", diz Barber.
"As negociações para esse novo acordo são em parte um reconhecimento de que, apesar de todo o entusiasmo com o mercado chinês, a maior parte dos clientes dos dois lados ainda está aqui no Norte."
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Guerra cambial: esses banqueiros enviesados contra nos...
Deve ser mentira: ou então se basearam no que disse o ministro da Fazenda, a pessoa justamente menos preparada para tratar de política cambial...
Esses banqueiros acreditam em qualquer um...
Paulo Roberto de Almeida
Esses banqueiros acreditam em qualquer um...
Paulo Roberto de Almeida
Brasil é o 4º mais intervencionista no câmbio, diz HSBC
País cai no ranking, pois no ano passado ocupava a segunda posição; Suíça e Japão são os países que mais intervêm
13 de fevereiro de 2013
Fernando Nakagawa, da Agência Estado
LONDRES - O Brasil deixou de ser um dos países mais
ativos na proteção de sua moeda. A constatação é de um estudo divulgado
nesta quarta-feira: o Ranking da Guerra Cambial. Produzido pela equipe
de pesquisa global do banco britânico HSBC, o levantamento compara 36
moedas e a ação desses países no mercado. De zero a dez, o Brasil ficou
com sete pontos na contagem dos mais intervencionistas no câmbio - o que
lhe rendeu o quarto lugar da lista. Com dez pontos, Japão e Suíça
dividem o título de mais ativos na defesa de suas moedas.
No estudo, economistas do HSBC compararam o comportamento de 35 diferentes países e também da União Europeia nos últimos 12 meses. Levaram em conta desde aspectos subjetivos, como os discursos e a retórica dos líderes econômicos, até itens comparáveis, como taxa de juro, volume de intervenções diretas, medidas regulamentares e programas de relaxamento quantitativo.
Feita a comparação, o Brasil recebeu sete pontos em uma escala que varia de zero - o menos intervencionista - até dez - o mais ativo possível. Além de medidas tradicionais de política monetária como corte de juros, o estudo diz que "a regulamentação tornou-se a tática adicional favorita dos emergentes".
O HSBC dá como exemplos a mudança de alíquotas de impostos ou novas regras para o mercado. "O Brasil é um exemplo notável disso, onde novas alíquotas passaram a ser cobradas em operações financeiras que estavam pressionando o real."
Com sete pontos, o Brasil divide o 4.º lugar no ranking com o Peru e Taiwan. À frente estão Colômbia, Venezuela e Turquia, com oito pontos, e Argentina, com nove pontos, além dos líderes Japão e Suíça, que têm a pontuação máxima.
Queda. No ano passado, o Brasil era mais intervencionista e estava em segundo lugar, atrás apenas da Suíça. "Um ano atrás, a intervenção era maior e visava a enfraquecer o real. Agora, há uma ação de duas vias para manter a relação entre o dólar e o real em um intervalo", diz o estudo, que sinaliza que o menor esforço brasileiro tem a ver com a cotação do dólar no Brasil que, nos últimos meses, tem oscilado entre R$ 1,95 e R$ 2,05.
Outro fator que explica o Brasil menos ativo é o custo dessa intervenção. "Uma moeda mais fraca pode aumentar a inflação. O Brasil usou sua moeda para estimular o crescimento, mas recentemente reconheceu que o impacto negativo disso é ter mais inflação", diz o relatório. Diante desse custo para a economia, o HSBC prevê que o governo brasileiro passará a agir de maneira "mais suave".
Atrás do Brasil no ranking estão todos os outros grandes emergentes e também as economias maduras: os Estados Unidos têm seis pontos, China e Reino Unido têm quatro pontos, Rússia e Chile fizeram três pontos e a Índia tem apenas um ponto. Na lanterna, Canadá, México e África do Sul têm zero ponto e recebem o título de menos intervencionistas no mercado cambial.
As perspectivas de curto prazo para a guerra cambial não são muito otimistas. Para o banco, atualmente são maiores as chances de um recrudescimento da disputa de moedas nos próximos meses, especialmente com uma possível reação do Banco Central Europeu e de países produtores de commodities. O estudo, porém, não cita quais os países produtores de produtos básicos poderiam reagir.
No estudo, economistas do HSBC compararam o comportamento de 35 diferentes países e também da União Europeia nos últimos 12 meses. Levaram em conta desde aspectos subjetivos, como os discursos e a retórica dos líderes econômicos, até itens comparáveis, como taxa de juro, volume de intervenções diretas, medidas regulamentares e programas de relaxamento quantitativo.
Feita a comparação, o Brasil recebeu sete pontos em uma escala que varia de zero - o menos intervencionista - até dez - o mais ativo possível. Além de medidas tradicionais de política monetária como corte de juros, o estudo diz que "a regulamentação tornou-se a tática adicional favorita dos emergentes".
O HSBC dá como exemplos a mudança de alíquotas de impostos ou novas regras para o mercado. "O Brasil é um exemplo notável disso, onde novas alíquotas passaram a ser cobradas em operações financeiras que estavam pressionando o real."
Com sete pontos, o Brasil divide o 4.º lugar no ranking com o Peru e Taiwan. À frente estão Colômbia, Venezuela e Turquia, com oito pontos, e Argentina, com nove pontos, além dos líderes Japão e Suíça, que têm a pontuação máxima.
Queda. No ano passado, o Brasil era mais intervencionista e estava em segundo lugar, atrás apenas da Suíça. "Um ano atrás, a intervenção era maior e visava a enfraquecer o real. Agora, há uma ação de duas vias para manter a relação entre o dólar e o real em um intervalo", diz o estudo, que sinaliza que o menor esforço brasileiro tem a ver com a cotação do dólar no Brasil que, nos últimos meses, tem oscilado entre R$ 1,95 e R$ 2,05.
Outro fator que explica o Brasil menos ativo é o custo dessa intervenção. "Uma moeda mais fraca pode aumentar a inflação. O Brasil usou sua moeda para estimular o crescimento, mas recentemente reconheceu que o impacto negativo disso é ter mais inflação", diz o relatório. Diante desse custo para a economia, o HSBC prevê que o governo brasileiro passará a agir de maneira "mais suave".
Atrás do Brasil no ranking estão todos os outros grandes emergentes e também as economias maduras: os Estados Unidos têm seis pontos, China e Reino Unido têm quatro pontos, Rússia e Chile fizeram três pontos e a Índia tem apenas um ponto. Na lanterna, Canadá, México e África do Sul têm zero ponto e recebem o título de menos intervencionistas no mercado cambial.
As perspectivas de curto prazo para a guerra cambial não são muito otimistas. Para o banco, atualmente são maiores as chances de um recrudescimento da disputa de moedas nos próximos meses, especialmente com uma possível reação do Banco Central Europeu e de países produtores de commodities. O estudo, porém, não cita quais os países produtores de produtos básicos poderiam reagir.
Teoria das (des)vantagens (nao)comparativas (ultra)relativas: o Brasil e o (nao)comercio internacional - Editorial O Globo
Em materia de comércio exterior, pode-se dizer, numa caracterização benigna, que o Brasil tem feito raríssimas coisas certas, para não dizer que fez tudo errado. Vejamos.
Primeiro, os companheiros inventaram um tal de "nova geografia do comércio internacional", que só existia na cabeça deles, já que todo mundo estava mesmo comerciando com base na velha geografia, ou seja, aquela que tem montanhas, vales, rios, oceanos, portos, grandes metrópoles consumidoras, países importadores de tarifas liberais, países em desenvolvimento protecionistas e todas as outras modalidades que são conhecidas há décadas, senão há séculos.
Depois tentaram consolidar essa "teoria" estapafúrdia num tal conceito Sul-Sul, que também só existia na cabeça deles, já que os do Sul estavam preferencialmente exportando para o Norte, e onde mais fosse, para o Sul também, especialmente para aqueles países que tinham inventado uma outra maravilha maravilhosa, a tal de "substituição de importações", em favor do Sul, claro, que o grande arauto dos povos defendia como sendo uma "diplomacia da generosidade", ou seja, que o Brasil deveria importar dos vizinhos e de outros países em desenvolvimento, mesmo que fosse mais caro e de menor qalidade, apenas por "ser do Sul", entendem?, e o Brasil, por ser grande, forte, generoso e rico, importaria ainda assim, pois assim é que os verdadeiros amigos do Sul deveriam fazer.
Alguém sabe me dizer se algum outro país -- do Sul, ou de qualquer outra latitude, longitude, altura e extensão como a nossa -- seguiu essa ideia maravilhosa?
Claro, tudo isso era para "dar um truco" nos países ricos, e "não ficar dependente do comércio com os Estados Unidos", entenderam a estratégia inteligente?
Outro representante dessas novas teorias do comércio internacional até chegou a dizer que tinha sido uma maravilha o Brasil ter recusado a Alca, pois imagina o que teria acontecido conosco no quadro da crise americana??!! Teríamos afundado muito mais, entenderam,? mesmo tendo exportado mais para os malvados americanos, entenderam?
Em terceiro lugar, organizaram uma tais de conferências só do Sul, com aliados estratégicos, e também desenvolveram mecanismos de integração exclusivos, ou seja, excluindo o Império e os outros colonialistas e imperialistas, entenderam? Esses malvados só queriam manter-nos acorrentados ao velho padrão de comércio internacional Norte-Sul, pelo qual nó só exportávamos commodities e eles nos exportavam manufaturas. O tal de "intercâmbio desigual", entenderam? E ainda por cima com a tal "deterioração dos termos do intercâmbio", como ensinava mestre Prebisch, entenderam? Ou seja, com os imperialistas nós estávamos condenados a só exportar matérias primas, e ficar dependentes da importação de produtos de alto valor agregado.
Isso não! Onde já se viu? Tínhamos mesmo de desenvolver a nossa indústria, mesmo se para isso fosse preciso praticar subsídios generosos aos industriais amigos do rei e ser um pouquinho protecionistas, mas só um pouquinho, entenderam?
Finalmente, os companheiros, já tendo definido os nossos "aliados estratégicos", sugeriram que tínhamos mesmo de desenvolver o comércio com a China, com a Índia e outros parceiros preferenciais, esses caras que nunca foram imperialistas, hegemônicos, e que só trabalham para o nosso bem, entenderam?
E assim fomos, de etapa em etapa, com a maravilha do Mercosul e seus acordos maravilhosos, aumentando nosso comércio, graças à nossa generosidade e a dos nossos aliados estratégicos. Foi assim que chegamos ao perfeito comércio Norte-Sul, com a China, entenderam?, no qual conseguimos realizar a proeza de exportar 95% de commodities (cinco ou seis, no máximo), e de importar 95% de manufaturados, essas bugigangas chinesas que deixam os nossos bravos industriais da Avenida Paulistda de cabelos em pé, entenderam?
Não é uma maravilha a tal de "teoria das desvantagens pouco comparativas e ultrarelativas do (não)comércio internacional"? David Ricardo não teria elaborado teoria melhor, que merece figurar em todos os manuais de economia internacional. Ainda bem que temos os gênios companheiros que nos ajudaram a desenvolver essa brilhante elucubração da economia teórica e prática, a que nos elevou significativamente de patamar, e nos conquistou a admiração de todos os povos deste nosso planetinha redondo, desde os fenícios até os malvados americanos.
E não é que os americanos, sempre conspiradores, se preparam para nos passar a perna, dando um truco nas nossas pretensões? Pois a gente discute com a UE faz mais ou menos 15 anos um acordo de liberalização comercial -- já tendo abrido convenientemente o caminho para isso, implodindo a Alca, esse malvado projeto de anexação imperial -- e não é que agora os europeus traidores dizem que querem um acordo de livre comércio com o Império? Ingratos! Assimétricos! Anti-geográficos!
Me segura que vou ter um troço...
(Não, não sou eu; estou apenas fazendo figuração, entenderam?)
Paulo Roberto de Almeida
===========
Ideologia prejudica comércio exterior
Editorial O Globo, 14/02/2013
Os discursos anuais do Estado da União proferidos pelos presidentes americanos perante sessão conjunta do Congresso funcionam como peça política de afirmação de doutrinas, programas e linha de governo.
O feito no fim da noite de terça-feira por Barack Obama teve sua importância amplificada por se tratar de um pronunciamento balizador do segundo mandato do presidente, quando o governante tenta deixar sua marca na Casa Branca, sem se preocupar mais em disputar votos. Deseja encerrar a carreira política em cargos eletivos com um passaporte para a História.
Devido ao peso dos Estados Unidos, deve-se prestar atenção a tudo que emana do governo e Congresso americanos.
No caso deste discurso, destaca-se o anúncio formal feito por Obama de apoio às negociações bilaterais com a União Europeia sobre um acordo comercial transatlântico.
O Brasil tem interesse direto no assunto — ou deveria ter. E mesmo que os responsáveis pela política externa brasileira desdenhem este projeto, o país será afetado por ele, caso venha a ser fechado.
Em artigo no GLOBO de terça, o ex-embaixador Rubens Barbosa chamou a atenção para a fase de mudanças por que passa o comércio internacional, com a assinatura de vários acordos bilaterais, na esteira do fracasso da Rodada de Doha, de liberalização do comércio em escala planetária.
Deste processo de evolução o Brasil está alijado, por ter feito uma opção ideológica errada.
Como a política externa foi capturada pela visão terceiro-mundista simpatizante do chavismo e bolivarianismo, o comércio exterior brasileiro vai sendo engessado nas limitações crescentes do Mercosul, paralisado pela crise política, econômica e institucional da Argentina, situação agravada na absorção do bloco pela Alba, associação dominada por Chávez e os irmãos Castro.
Enquanto o Mercosul e o Brasil estão paralisados, o comércio mundial tende a fluir cada vez mais por meio de acordos entre economias e blocos.
Não faz muito tempo, Chile, Colômbia, Peru e México se uniram na Aliança do Pacífico, próxima dos Estados Unidos e Ásia. O México já é do Nafta, junto com os EUA e Canadá.
Há dias, países latino-americanos reuniram-se com a União Europeia, no Chile. Perda de tempo, devido à visão autárquica de argentinos, venezuelanos, equatorianos e bolivianos, aliados preferenciais de Brasília.
Não será fácil a negociação entre americanos e os 27 países da UE. Separa-os um contencioso semelhante ao que existe quando brasileiros e europeus tentam se entender: desentendimentos em torno de exportações agrícolas, o setor de serviços, proteção à propriedade intelectual, por exemplo.
Mas se trata de um gigantesco fluxo comercial de US$ 2,7 bilhões diários. Se chegarem a algum entendimento — importante para os dois —, o Brasil, amarrado a um Mercosul de tonalidade chavista, ficará mais para trás neste novo comércio internacional.
Primeiro, os companheiros inventaram um tal de "nova geografia do comércio internacional", que só existia na cabeça deles, já que todo mundo estava mesmo comerciando com base na velha geografia, ou seja, aquela que tem montanhas, vales, rios, oceanos, portos, grandes metrópoles consumidoras, países importadores de tarifas liberais, países em desenvolvimento protecionistas e todas as outras modalidades que são conhecidas há décadas, senão há séculos.
Depois tentaram consolidar essa "teoria" estapafúrdia num tal conceito Sul-Sul, que também só existia na cabeça deles, já que os do Sul estavam preferencialmente exportando para o Norte, e onde mais fosse, para o Sul também, especialmente para aqueles países que tinham inventado uma outra maravilha maravilhosa, a tal de "substituição de importações", em favor do Sul, claro, que o grande arauto dos povos defendia como sendo uma "diplomacia da generosidade", ou seja, que o Brasil deveria importar dos vizinhos e de outros países em desenvolvimento, mesmo que fosse mais caro e de menor qalidade, apenas por "ser do Sul", entendem?, e o Brasil, por ser grande, forte, generoso e rico, importaria ainda assim, pois assim é que os verdadeiros amigos do Sul deveriam fazer.
Alguém sabe me dizer se algum outro país -- do Sul, ou de qualquer outra latitude, longitude, altura e extensão como a nossa -- seguiu essa ideia maravilhosa?
Claro, tudo isso era para "dar um truco" nos países ricos, e "não ficar dependente do comércio com os Estados Unidos", entenderam a estratégia inteligente?
Outro representante dessas novas teorias do comércio internacional até chegou a dizer que tinha sido uma maravilha o Brasil ter recusado a Alca, pois imagina o que teria acontecido conosco no quadro da crise americana??!! Teríamos afundado muito mais, entenderam,? mesmo tendo exportado mais para os malvados americanos, entenderam?
Em terceiro lugar, organizaram uma tais de conferências só do Sul, com aliados estratégicos, e também desenvolveram mecanismos de integração exclusivos, ou seja, excluindo o Império e os outros colonialistas e imperialistas, entenderam? Esses malvados só queriam manter-nos acorrentados ao velho padrão de comércio internacional Norte-Sul, pelo qual nó só exportávamos commodities e eles nos exportavam manufaturas. O tal de "intercâmbio desigual", entenderam? E ainda por cima com a tal "deterioração dos termos do intercâmbio", como ensinava mestre Prebisch, entenderam? Ou seja, com os imperialistas nós estávamos condenados a só exportar matérias primas, e ficar dependentes da importação de produtos de alto valor agregado.
Isso não! Onde já se viu? Tínhamos mesmo de desenvolver a nossa indústria, mesmo se para isso fosse preciso praticar subsídios generosos aos industriais amigos do rei e ser um pouquinho protecionistas, mas só um pouquinho, entenderam?
Finalmente, os companheiros, já tendo definido os nossos "aliados estratégicos", sugeriram que tínhamos mesmo de desenvolver o comércio com a China, com a Índia e outros parceiros preferenciais, esses caras que nunca foram imperialistas, hegemônicos, e que só trabalham para o nosso bem, entenderam?
E assim fomos, de etapa em etapa, com a maravilha do Mercosul e seus acordos maravilhosos, aumentando nosso comércio, graças à nossa generosidade e a dos nossos aliados estratégicos. Foi assim que chegamos ao perfeito comércio Norte-Sul, com a China, entenderam?, no qual conseguimos realizar a proeza de exportar 95% de commodities (cinco ou seis, no máximo), e de importar 95% de manufaturados, essas bugigangas chinesas que deixam os nossos bravos industriais da Avenida Paulistda de cabelos em pé, entenderam?
Não é uma maravilha a tal de "teoria das desvantagens pouco comparativas e ultrarelativas do (não)comércio internacional"? David Ricardo não teria elaborado teoria melhor, que merece figurar em todos os manuais de economia internacional. Ainda bem que temos os gênios companheiros que nos ajudaram a desenvolver essa brilhante elucubração da economia teórica e prática, a que nos elevou significativamente de patamar, e nos conquistou a admiração de todos os povos deste nosso planetinha redondo, desde os fenícios até os malvados americanos.
E não é que os americanos, sempre conspiradores, se preparam para nos passar a perna, dando um truco nas nossas pretensões? Pois a gente discute com a UE faz mais ou menos 15 anos um acordo de liberalização comercial -- já tendo abrido convenientemente o caminho para isso, implodindo a Alca, esse malvado projeto de anexação imperial -- e não é que agora os europeus traidores dizem que querem um acordo de livre comércio com o Império? Ingratos! Assimétricos! Anti-geográficos!
Me segura que vou ter um troço...
(Não, não sou eu; estou apenas fazendo figuração, entenderam?)
Paulo Roberto de Almeida
===========
Ideologia prejudica comércio exterior
Editorial O Globo, 14/02/2013
Os discursos anuais do Estado da União proferidos pelos presidentes americanos perante sessão conjunta do Congresso funcionam como peça política de afirmação de doutrinas, programas e linha de governo.
O feito no fim da noite de terça-feira por Barack Obama teve sua importância amplificada por se tratar de um pronunciamento balizador do segundo mandato do presidente, quando o governante tenta deixar sua marca na Casa Branca, sem se preocupar mais em disputar votos. Deseja encerrar a carreira política em cargos eletivos com um passaporte para a História.
Devido ao peso dos Estados Unidos, deve-se prestar atenção a tudo que emana do governo e Congresso americanos.
No caso deste discurso, destaca-se o anúncio formal feito por Obama de apoio às negociações bilaterais com a União Europeia sobre um acordo comercial transatlântico.
O Brasil tem interesse direto no assunto — ou deveria ter. E mesmo que os responsáveis pela política externa brasileira desdenhem este projeto, o país será afetado por ele, caso venha a ser fechado.
Em artigo no GLOBO de terça, o ex-embaixador Rubens Barbosa chamou a atenção para a fase de mudanças por que passa o comércio internacional, com a assinatura de vários acordos bilaterais, na esteira do fracasso da Rodada de Doha, de liberalização do comércio em escala planetária.
Deste processo de evolução o Brasil está alijado, por ter feito uma opção ideológica errada.
Como a política externa foi capturada pela visão terceiro-mundista simpatizante do chavismo e bolivarianismo, o comércio exterior brasileiro vai sendo engessado nas limitações crescentes do Mercosul, paralisado pela crise política, econômica e institucional da Argentina, situação agravada na absorção do bloco pela Alba, associação dominada por Chávez e os irmãos Castro.
Enquanto o Mercosul e o Brasil estão paralisados, o comércio mundial tende a fluir cada vez mais por meio de acordos entre economias e blocos.
Não faz muito tempo, Chile, Colômbia, Peru e México se uniram na Aliança do Pacífico, próxima dos Estados Unidos e Ásia. O México já é do Nafta, junto com os EUA e Canadá.
Há dias, países latino-americanos reuniram-se com a União Europeia, no Chile. Perda de tempo, devido à visão autárquica de argentinos, venezuelanos, equatorianos e bolivianos, aliados preferenciais de Brasília.
Não será fácil a negociação entre americanos e os 27 países da UE. Separa-os um contencioso semelhante ao que existe quando brasileiros e europeus tentam se entender: desentendimentos em torno de exportações agrícolas, o setor de serviços, proteção à propriedade intelectual, por exemplo.
Mas se trata de um gigantesco fluxo comercial de US$ 2,7 bilhões diários. Se chegarem a algum entendimento — importante para os dois —, o Brasil, amarrado a um Mercosul de tonalidade chavista, ficará mais para trás neste novo comércio internacional.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Diplomacia presidencial: desconhecimento e preconceito...
Declaração de Dilma sobre ação militar no Mali irrita governo francês
Por Murillo Camarotto | Valor, 3/02/2013
RECIFE - Não
pegou bem em Paris a declaração da presidente Dilma Rousseff sobre a
intervenção do exército francês no Mali. Após uma reunião com líderes
europeus, há três semanas, Dilma afirmou que o combate ao terrorismo não
deveria “reavivar antigas tentações coloniais”.
Fontes do governo francês informaram ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, que a observação de Dilma foi muito mal recebida em Paris. “Um comentário como esse revela, acima de tudo, desconhecimento”, disse uma pessoa com trânsito na diplomacia francesa.
De acordo com a fonte, a operação militar está amparada nos requisitos necessários, como pedido oficial de ajuda pelo governo do Mali e aval da Organização das Nações Unidas (ONU). “A intervenção também conta com apoio dos países vizinhos ao Mali, que temem a proliferação do terrorismo na região”, reforça a mesma fonte.
Colônia da França até 1960, o Mali passa por uma onda de violência após o envolvimento de grupos terroristas de origem muçulmana e ocidental em disputas políticas locais. As forças francesas entraram em ação no dia 11 de janeiro, no momento em que rebeldes ameaçavam derrubar o governo local.
No último dia 24, Dilma se reuniu em Brasília com os presidentes da União Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Conselho Europeu, Herman van Rompuy. Na ocasião, a presidente cobrou solução para os conflitos no Mali, na Síria, em Israel e na Guiné-Bissau.
Dilma defendeu a submissão das ações militares às decisões do Conselho de Segurança da ONU e mencionou eventuais tentações coloniais. “O combate ao terrorismo também não pode ele mesmo violar os direitos humanos nem reavivar nenhuma das tentações, inclusive as antigas tentações coloniais", disse a presidente.
Na avaliação dos franceses, a declaração revela também o “desinteresse” do governo Dilma pela política externa. Os europeus reclamam de dificuldades em conseguir agendar reuniões e coletar informações junto aos ministérios e demais órgãos do governo. Os empecilhos, segundo os franceses, teriam aumentado após Dilma assumir a Presidência da República.
Em um primeiro momento, os diplomatas franceses avaliaram a declaração como um arroubo presidencial e esperaram, em vão, por um esclarecimento do Ministério das Relações Exteriores. “Um país que tem a sexta economia do mundo e quer um assento no Conselho de Segurança da ONU não pode falar em colonialismo em pleno século 21”, arrematou a fonte no governo francês.
(Murillo Camarotto | Valor)
Fontes do governo francês informaram ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, que a observação de Dilma foi muito mal recebida em Paris. “Um comentário como esse revela, acima de tudo, desconhecimento”, disse uma pessoa com trânsito na diplomacia francesa.
De acordo com a fonte, a operação militar está amparada nos requisitos necessários, como pedido oficial de ajuda pelo governo do Mali e aval da Organização das Nações Unidas (ONU). “A intervenção também conta com apoio dos países vizinhos ao Mali, que temem a proliferação do terrorismo na região”, reforça a mesma fonte.
Colônia da França até 1960, o Mali passa por uma onda de violência após o envolvimento de grupos terroristas de origem muçulmana e ocidental em disputas políticas locais. As forças francesas entraram em ação no dia 11 de janeiro, no momento em que rebeldes ameaçavam derrubar o governo local.
No último dia 24, Dilma se reuniu em Brasília com os presidentes da União Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Conselho Europeu, Herman van Rompuy. Na ocasião, a presidente cobrou solução para os conflitos no Mali, na Síria, em Israel e na Guiné-Bissau.
Dilma defendeu a submissão das ações militares às decisões do Conselho de Segurança da ONU e mencionou eventuais tentações coloniais. “O combate ao terrorismo também não pode ele mesmo violar os direitos humanos nem reavivar nenhuma das tentações, inclusive as antigas tentações coloniais", disse a presidente.
Na avaliação dos franceses, a declaração revela também o “desinteresse” do governo Dilma pela política externa. Os europeus reclamam de dificuldades em conseguir agendar reuniões e coletar informações junto aos ministérios e demais órgãos do governo. Os empecilhos, segundo os franceses, teriam aumentado após Dilma assumir a Presidência da República.
Em um primeiro momento, os diplomatas franceses avaliaram a declaração como um arroubo presidencial e esperaram, em vão, por um esclarecimento do Ministério das Relações Exteriores. “Um país que tem a sexta economia do mundo e quer um assento no Conselho de Segurança da ONU não pode falar em colonialismo em pleno século 21”, arrematou a fonte no governo francês.
(Murillo Camarotto | Valor)
© 2000 – 2012. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso.
Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou
transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico.
Leia mais em:
http://www.valor.com.br/brasil/3004464/declaracao-de-dilma-sobre-acao-militar-no-mali-irrita-governo-frances?utm_source=newsletter_tarde&utm_medium=14022013&utm_term=declaracao+de+dilma+sobre+acao+militar+no+mali+irrita+governo+frances&utm_campaign=informativo&NewsNid=3004006#ixzz2KvB6qVcWLeia mais em:
Petrobras: triunfo (ilusorio) e tragedia (real) do lulopetismo...
A Petrobras conviveu, nos seus primeiros dez anos com presidências incompetentes, em sua maior parte, comandadas politicamente, e portanto com parcos resultados substantivos. Depois, tivemos duas décadas de regime militar, com gestão mais prussiana, mas também com resultados medíocres, em função de todo aquele stalinismo industrial, daquele nacionalismo rústico que sempre caracterizou o pensamento econômico (se pensamento havia) dos militares.
Depois foi a mediocridade da Nova República, embora se tenha tentado fazê-la avançar. A Constituinte, obtusa como era no plano econômico, confirmou as piores decisiões que se poderia esperar de estatizantes entusiasmados sobre como aproveitar (mal) os recursos nacionais e como atrasar ainda mais a exploração e transformação industrial do petróleo.
Com FHC e as emendas constitucionais de modernização econômica (e mental), a Petrobras adquiriu uma gestão profissional, tecnicamente sólida, e com a ANP pragmática foram abertos muitos campos à exploração conjunta, da Petrobras e de empresas estrangeiras.
Aí veio a praga do lulopetismo, com todos os vícios, mazelas, preconceitos, incompetências acumuladas de décadas passadas. Saíram anunciando grandes triunfos e colheram grandes tragédias.
Infelizmente todo o povo brasileiro vai pagar caro pela má gestão petista no comando da Petrobras, e mais ainda os acionistas.
Não falo só do valor de mercado da companhia, que já caiu pela metade, mas dos retrocessos acumulados na operação própria da companhia, e que vai ser difícil recuperar nos próximos anos.
Esta é mais uma das heranças malditas do lulopetismo, junto com a roubalheira do Mensalão, a deterioração das instituições, o recuo educacional, o aumento da corrupção e o atraso mental, claro.
Paulo Roberto de Almeida
A Petrobras especializada na fabricação de prodígios só existiu enquanto durou a quermesse dos patriotas de galinheiro
Augusto Nunes, 14.02.2013
“Quando a gente quiser ter orgulho de alguma coisa neste país, a gente lembra da Petrobras mais do que o Carnaval, mais do que o futebol”, comunicou em 29 de outubro de 2010 o ainda presidente Lula. “A Petrobras é a certeza e a convicção de que este país será uma grande nação”. Nem sempre fora assim, ressalvou o palanque ambulante. Fundada em 3 de outubro de 1953, a empresa nasceu de novo quando a Divina Providência presenteou o grotão sul-americano com o maior dos governantes desde Tomé de Souza.
Entre tantas ideias luminosas, foi Lula quem descobriu que a estatal merecia ser comandada pelos companheiros José Eduardo Dutra e José Sérgio Gabrielli. Em dois anos e meio no cargo, o Zé geólogo ajudou o chefe a desmatar a trilha que conduz à autossuficiência em petróleo. Nos seis anos seguintes, o Zé economista ajudou o chefe a localizar a rota que leva às jazidas do pré-sal ─ um colosso nas funduras do Atlântico que antecipou a inauguração do Brasil Maravilha.
“Vamos usar esse petróleo para resolver um problema crônico de investimento na educação e para tirar esse atraso”, anunciou Lula em agosto de 2008. “Vamos usar parte desse dinheiro para resolver o problema dos miseráveis desse país, das pessoas que ainda não conquistaram cidadania”. Já de olho no gabinete presidencial, Dilma Rousseff achou essencial explicar que “o pré-sal é um recurso tão importante para a nossa geração e próximas que é de fato um conjunto da população brasileira”.
Enquanto tentavam entender a primeira frase, os ouvintes foram apresentados pela Mãe do PAC a outras preciosidades em dilmês primitivo. “Isso define o princípio que vai nortear o governo sobre seu uso, que é tomar todas as medidas para transformar esse grande recurso em fonte que vai permitir que os brasileiros tenham melhoria da educação, das condições que permitirão que avancemos em direção à sociedade do conhecimento, que inova e faz pesquisa, e pela forma que chegamos ao pré-sal”.
Em setembro de 2009, no discurso transmitido por uma cadeia nacional de rádio e TV, Lula concedeu ao pré-sal o título de “Dádiva de Deus”, reduziu a traidores da pátria os que ousaram duvidar da eficácia da Petrobras, condenou à danação eterna os pessimistas de ofício e, caprichando na pose de Pedro III, proclamou a Segunda Independência. Terminado o palavrório, milhões de crédulos sem cura foram dormir na OPEP. E só neste começo de 2013 deixaram de sonhar com o litro de gasolina abaixo de 10 centavos.
Um ano depois da substituição de Gabrielli por Graça Foster, despertadas pelo desabamento dos lucros e dos investimentos, as vítimas da tapeação enfim começam a enxergar o que a fantasia em frangalhos procurou esconder. A autossuficiência em petróleo nunca existiu. A aventura do pré-sal não desceu do palanque. As jazidas de dimensões colossais jamais foram vistas fora da imaginação dos engarrafadores de nuvens. A festa acabou. E agora, Josés? O que tem a dizer a dupla de nulidades? E o Primeiro Farsante, tem algum álibi a apresentar?
A estatal de matar de inveja qualquer similar estrangeira é tão real quanto a transposição das águas do São Francisco, o trem-bala, a erradicação da miséria, o terceiro aeroporto de São Paulo, a inocência de Lula ou a competência de Dilma Rousseff. A Petrobras especializada na fabricação de prodígios só existiu enquanto durou a quermesse dos patriotas de galinheiro.
============
Gonçalo Osório: O estranho sumiço da tropa de choque que sempre estrila quando é citado o santo nome da Petrobras
Augusto Nunes
Transcrevo na íntegra o comentário do meu amigo Gonçalo Osório sobre o post que tratou da Petrobras. (AN)
Uma observação a respeito desse excelente texto teu sobre a Petrobras. Estranha a ausência da tropa de choque da própria empresa, que sempre estrila (afinal, tem mais jornalista contratado do que 2/3 da imprensa brasileira) quando o santo nome dessa estatal é citado. Não é preciso ser sequer estudante de sociologia para entender que existe, numa empresa daquele tamanho, um espírito corporativo (como existe no Banco do Brasil, na Receita Federal, e por aí vai) que começa a reagir às barbaridades cometidas contra a própria empresa (portanto, contra seus integrantes concursados) pelo sindicalismo safado e corrupto que é a principal característica do lulopetismo.
Curiosa e irônica essa volta da história: antes acreditava-se que seria necessário lutar contra esse espírito corporativo para privatizar essa estatal; agora espera-se que esse espírito corporativo amacie o estrago causado pelo lulopetismo. Isso talvez explique a ausência dos chiliques com que o aparato de comunicação montado na estatal entrava em campo toda vez que surgia alguma crítica ao santo nome da Petrobras. A corporação acha que é o PT quem está apanhando — e deixa o chicote cair — e não a Petrobras. O que vem a ser uma boa desculpa para a própria ineficiência.
Os erros estratégicos do atual governo surgem em cada setor que se examina: energia, transportes (aeroportos incluídos), saúde, educação, política monetária e, com o anúncio das negociações entre EUA e UE para um amplo acordo de comércio, também no comércio exterior. Eu tenho a sensação chata de que o país vai sendo sufocado, manietado, travado, oprimido, sugado, espoliado e, sinceramente, só textos como esse teu ajudam a respirar e dizer: ainda há vida inteligente por aqui.
Depois foi a mediocridade da Nova República, embora se tenha tentado fazê-la avançar. A Constituinte, obtusa como era no plano econômico, confirmou as piores decisiões que se poderia esperar de estatizantes entusiasmados sobre como aproveitar (mal) os recursos nacionais e como atrasar ainda mais a exploração e transformação industrial do petróleo.
Com FHC e as emendas constitucionais de modernização econômica (e mental), a Petrobras adquiriu uma gestão profissional, tecnicamente sólida, e com a ANP pragmática foram abertos muitos campos à exploração conjunta, da Petrobras e de empresas estrangeiras.
Aí veio a praga do lulopetismo, com todos os vícios, mazelas, preconceitos, incompetências acumuladas de décadas passadas. Saíram anunciando grandes triunfos e colheram grandes tragédias.
Infelizmente todo o povo brasileiro vai pagar caro pela má gestão petista no comando da Petrobras, e mais ainda os acionistas.
Não falo só do valor de mercado da companhia, que já caiu pela metade, mas dos retrocessos acumulados na operação própria da companhia, e que vai ser difícil recuperar nos próximos anos.
Esta é mais uma das heranças malditas do lulopetismo, junto com a roubalheira do Mensalão, a deterioração das instituições, o recuo educacional, o aumento da corrupção e o atraso mental, claro.
Paulo Roberto de Almeida
A Petrobras especializada na fabricação de prodígios só existiu enquanto durou a quermesse dos patriotas de galinheiro
Augusto Nunes, 14.02.2013
“Quando a gente quiser ter orgulho de alguma coisa neste país, a gente lembra da Petrobras mais do que o Carnaval, mais do que o futebol”, comunicou em 29 de outubro de 2010 o ainda presidente Lula. “A Petrobras é a certeza e a convicção de que este país será uma grande nação”. Nem sempre fora assim, ressalvou o palanque ambulante. Fundada em 3 de outubro de 1953, a empresa nasceu de novo quando a Divina Providência presenteou o grotão sul-americano com o maior dos governantes desde Tomé de Souza.
Entre tantas ideias luminosas, foi Lula quem descobriu que a estatal merecia ser comandada pelos companheiros José Eduardo Dutra e José Sérgio Gabrielli. Em dois anos e meio no cargo, o Zé geólogo ajudou o chefe a desmatar a trilha que conduz à autossuficiência em petróleo. Nos seis anos seguintes, o Zé economista ajudou o chefe a localizar a rota que leva às jazidas do pré-sal ─ um colosso nas funduras do Atlântico que antecipou a inauguração do Brasil Maravilha.
“Vamos usar esse petróleo para resolver um problema crônico de investimento na educação e para tirar esse atraso”, anunciou Lula em agosto de 2008. “Vamos usar parte desse dinheiro para resolver o problema dos miseráveis desse país, das pessoas que ainda não conquistaram cidadania”. Já de olho no gabinete presidencial, Dilma Rousseff achou essencial explicar que “o pré-sal é um recurso tão importante para a nossa geração e próximas que é de fato um conjunto da população brasileira”.
Enquanto tentavam entender a primeira frase, os ouvintes foram apresentados pela Mãe do PAC a outras preciosidades em dilmês primitivo. “Isso define o princípio que vai nortear o governo sobre seu uso, que é tomar todas as medidas para transformar esse grande recurso em fonte que vai permitir que os brasileiros tenham melhoria da educação, das condições que permitirão que avancemos em direção à sociedade do conhecimento, que inova e faz pesquisa, e pela forma que chegamos ao pré-sal”.
Em setembro de 2009, no discurso transmitido por uma cadeia nacional de rádio e TV, Lula concedeu ao pré-sal o título de “Dádiva de Deus”, reduziu a traidores da pátria os que ousaram duvidar da eficácia da Petrobras, condenou à danação eterna os pessimistas de ofício e, caprichando na pose de Pedro III, proclamou a Segunda Independência. Terminado o palavrório, milhões de crédulos sem cura foram dormir na OPEP. E só neste começo de 2013 deixaram de sonhar com o litro de gasolina abaixo de 10 centavos.
Um ano depois da substituição de Gabrielli por Graça Foster, despertadas pelo desabamento dos lucros e dos investimentos, as vítimas da tapeação enfim começam a enxergar o que a fantasia em frangalhos procurou esconder. A autossuficiência em petróleo nunca existiu. A aventura do pré-sal não desceu do palanque. As jazidas de dimensões colossais jamais foram vistas fora da imaginação dos engarrafadores de nuvens. A festa acabou. E agora, Josés? O que tem a dizer a dupla de nulidades? E o Primeiro Farsante, tem algum álibi a apresentar?
A estatal de matar de inveja qualquer similar estrangeira é tão real quanto a transposição das águas do São Francisco, o trem-bala, a erradicação da miséria, o terceiro aeroporto de São Paulo, a inocência de Lula ou a competência de Dilma Rousseff. A Petrobras especializada na fabricação de prodígios só existiu enquanto durou a quermesse dos patriotas de galinheiro.
============
Gonçalo Osório: O estranho sumiço da tropa de choque que sempre estrila quando é citado o santo nome da Petrobras
Augusto Nunes
Transcrevo na íntegra o comentário do meu amigo Gonçalo Osório sobre o post que tratou da Petrobras. (AN)
Uma observação a respeito desse excelente texto teu sobre a Petrobras. Estranha a ausência da tropa de choque da própria empresa, que sempre estrila (afinal, tem mais jornalista contratado do que 2/3 da imprensa brasileira) quando o santo nome dessa estatal é citado. Não é preciso ser sequer estudante de sociologia para entender que existe, numa empresa daquele tamanho, um espírito corporativo (como existe no Banco do Brasil, na Receita Federal, e por aí vai) que começa a reagir às barbaridades cometidas contra a própria empresa (portanto, contra seus integrantes concursados) pelo sindicalismo safado e corrupto que é a principal característica do lulopetismo.
Curiosa e irônica essa volta da história: antes acreditava-se que seria necessário lutar contra esse espírito corporativo para privatizar essa estatal; agora espera-se que esse espírito corporativo amacie o estrago causado pelo lulopetismo. Isso talvez explique a ausência dos chiliques com que o aparato de comunicação montado na estatal entrava em campo toda vez que surgia alguma crítica ao santo nome da Petrobras. A corporação acha que é o PT quem está apanhando — e deixa o chicote cair — e não a Petrobras. O que vem a ser uma boa desculpa para a própria ineficiência.
Os erros estratégicos do atual governo surgem em cada setor que se examina: energia, transportes (aeroportos incluídos), saúde, educação, política monetária e, com o anúncio das negociações entre EUA e UE para um amplo acordo de comércio, também no comércio exterior. Eu tenho a sensação chata de que o país vai sendo sufocado, manietado, travado, oprimido, sugado, espoliado e, sinceramente, só textos como esse teu ajudam a respirar e dizer: ainda há vida inteligente por aqui.
Happy Valentine's Monopoly Day!: worse off...
Certamente, as passagens vão ficar mais caras, o serviço pior, e o desemprego setorial vai aumentar...
Viagens aéreas estão ficando piores do que ônibus centro-americanos, atualmente...
Paulo Roberto de Almeida
American Airlines and US Airways announced that they were merging, the last of the big American carriers to do so. The deal creates one of the world's biggest airlines.
Viagens aéreas estão ficando piores do que ônibus centro-americanos, atualmente...
Paulo Roberto de Almeida
American Airlines and US Airways announced that they were merging, the last of the big American carriers to do so. The deal creates one of the world's biggest airlines.
Chantagem contra o Brasil: mafia sindical quer paralisar portos...
Antigamente, nos tempos da brilhantina (ou seria no Jurássico da sociedade brasileira?), o sindicato dos estivadores é que decidia quantos dos seus seriam necessáriospara descarregar um navio qualquer. Vocês sabem como é: toda aquela coisa é muito pesada, e mesmo com a ajuda de guindastes e outras engenhocas, era preciso, sempre, o triplo do que alguém poderia imaginar para realizar a difícil operação. Claro, também demorava o triplo do tempo que alguém poderia pensar...
Folgados esses estivadores (mas eles eram amados pelo Jorge Amado e pelo velho Partidão).
Por acaso, o mesmo filme já tinha passado em outros países.
A Inglaterra foi levada à decadência de quase se tornar um país do Terceiro Mundo -- não estou inventando, eu vi -- porque lá também havia um pacto perverso entre a CUT e o PT deles, ou seja, entre a TUC, o Trade Union Congress, a central sindical inglesa, e o Labour, ainda marxista. Quem decidia quantos gráficos iriam ser necessários para imprimir o Times, jornal secular, não era o dono do Times, mas o sindicato dos gráficos, que também exigia o triplo de operários do que seria necessário para tocar as rotativas. Em algumas ocasiões, o Times deixou de circular. O Le Monde também já passou por esse tipo de humilhação, mas vocês sabem, os franceses adoram uma greve...
A Margareth Thatcher teve um trabalhão para acabar com esse tipo de chantagem: aguentou uma greve de seis meses dos mineiros, quando a Inglaterra tremeu de frio por falta de carvão de aquecimento, e ficou sem luz, sem lixeiros, sem ferroviários, sem coveiros (whoever...), mas conseguiu, finalmente, quebrar a espinha dorsal do sindicalismo mafioso que chatageava toda a sociedade britânica.
Está na hora da sociedade brasileira dar um basta no sindicalismo mafioso, privado e governamental...
Paulo Roberto de Almeida
Folgados esses estivadores (mas eles eram amados pelo Jorge Amado e pelo velho Partidão).
Por acaso, o mesmo filme já tinha passado em outros países.
A Inglaterra foi levada à decadência de quase se tornar um país do Terceiro Mundo -- não estou inventando, eu vi -- porque lá também havia um pacto perverso entre a CUT e o PT deles, ou seja, entre a TUC, o Trade Union Congress, a central sindical inglesa, e o Labour, ainda marxista. Quem decidia quantos gráficos iriam ser necessários para imprimir o Times, jornal secular, não era o dono do Times, mas o sindicato dos gráficos, que também exigia o triplo de operários do que seria necessário para tocar as rotativas. Em algumas ocasiões, o Times deixou de circular. O Le Monde também já passou por esse tipo de humilhação, mas vocês sabem, os franceses adoram uma greve...
A Margareth Thatcher teve um trabalhão para acabar com esse tipo de chantagem: aguentou uma greve de seis meses dos mineiros, quando a Inglaterra tremeu de frio por falta de carvão de aquecimento, e ficou sem luz, sem lixeiros, sem ferroviários, sem coveiros (whoever...), mas conseguiu, finalmente, quebrar a espinha dorsal do sindicalismo mafioso que chatageava toda a sociedade britânica.
Está na hora da sociedade brasileira dar um basta no sindicalismo mafioso, privado e governamental...
Paulo Roberto de Almeida
Unidos contra a modernização
14 de fevereiro de 2013 | 2h 06
Editorial O Estado de S.Paulo
Só não causa mais estranheza a insólita e ativa aliança
entre dirigentes sindicais e parte do empresariado contra a política de
modernização dos portos, anunciada em dezembro pelo governo e resumida
na Medida Provisória (MP) 595, porque seus objetivos são claros: eles
não querem mudar nada, pois a modernização acabará com privilégios e
garantias especiais. Interessados apenas em si próprios, eles são contra
a entrada de novos participantes privados nas operações portuárias e,
assim, tentam impedir ou retardar os investimentos necessários para a
expansão, a melhoria e o aumento da eficiência dos serviços.
O gargalo representado pelo inadequado serviço dos portos impõe perdas ao País, pois encarece as exportações, mas pode ter efeitos ainda mais nocivos quando utilizado como instrumento de pressão e de ameaça por dirigentes nas suas negociações com as autoridades, como ocorreu com frequência no passado. Esse instrumento está sendo novamente acionado pelo deputado federal Paulinho da Força (PDT-SP), que carrega no nome sua fonte de poder político e sindical - há quase 20 anos é presidente da Força Sindical, a segunda maior central sindical do País -, numa campanha contra a MP 595 na qual tem a companhia de dirigentes empresariais.
"Querem destruir os portos públicos, mas nós estaremos lutando contra", prometeu Paulinho, depois de reunião com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), da qual participaram também outros parlamentares e dirigentes sindicais. "O pau vai comer", garantiu. Segundo ele, se o governo não concordar com modificações de pontos da MP que ele e sua Força Sindical consideram essenciais, "nós vamos paralisar os portos do País e o Brasil ficará parado". Não exportará nem importará nada, assegurou.
E por que a Força Sindical - a maior central sindical do País, Central Única dos Trabalhadores (CUT), anunciará sua posição dentro de alguns dias - é tão violentamente contra a MP 595? Porque não aceita justamente o que ela tem de mais modernizante no que se refere às relações trabalhistas nos portos.
A Lei dos Portos, de 1993, estabeleceu novas formas de contratação de mão de obra portuária, setor antes inteiramente dominado pelos sindicatos, ao criar o Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo). Formado por representantes dos trabalhadores e das empresas, o Ogmo é o organismo responsável pela intermediação da contratação de trabalhadores avulsos. Sua criação foi precedida de grandes disputas entre governo, sindicatos e empresas, mas, por ter preservado o poder sindical nesse campo, a despeito da presença de representantes dos empregadores, acabou sendo aceito por todos.
A MP permite que as novas empresas que, por meio de licitação, passarem a operar terminais de carga nos portos públicos possam contratar livremente os trabalhadores, sem a intermediação do Ogmo. Como ainda mantém poder no Ogmo, a Força quer evitar seu esvaziamento, estendendo suas funções às novas empresas.
Empresários que já têm operações nos portos, de sua parte, tentam mudar a MP pois, além de permitir a construção e operação de terminais por empresas que não demonstrem ter carga própria suficiente para tornar o empreendimento viável, ela determina que sejam licitados os terminais arrendados até 1993 (quando entrou em vigor a Lei dos Portos) e cujos contratos estão vencidos. Os operadores desses terminais queriam a prorrogação dos contratos por até 50 anos em alguns casos. Por conveniência, aliaram-se à Força.
A posição do governo tem sido coerente. "Podemos melhorar alguns pontos (da medida provisória) e aceitar novos artigos, aperfeiçoar a redação", disse o ministro-chefe da Secretaria de Portos, Leônidas Cristino. "Mas há pontos importantes que não podemos mudar", acrescentou. E a livre contratação de mão de obra, a licitação dos terminais com contratos vencidos e a entrada de novos operadores mesmo sem demonstração de carga própria suficiente estão entre eles.
Com a instalação, prevista para o dia 20, da comissão mista que discutirá a MP 595, o debate chegará ao Congresso.
O gargalo representado pelo inadequado serviço dos portos impõe perdas ao País, pois encarece as exportações, mas pode ter efeitos ainda mais nocivos quando utilizado como instrumento de pressão e de ameaça por dirigentes nas suas negociações com as autoridades, como ocorreu com frequência no passado. Esse instrumento está sendo novamente acionado pelo deputado federal Paulinho da Força (PDT-SP), que carrega no nome sua fonte de poder político e sindical - há quase 20 anos é presidente da Força Sindical, a segunda maior central sindical do País -, numa campanha contra a MP 595 na qual tem a companhia de dirigentes empresariais.
"Querem destruir os portos públicos, mas nós estaremos lutando contra", prometeu Paulinho, depois de reunião com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), da qual participaram também outros parlamentares e dirigentes sindicais. "O pau vai comer", garantiu. Segundo ele, se o governo não concordar com modificações de pontos da MP que ele e sua Força Sindical consideram essenciais, "nós vamos paralisar os portos do País e o Brasil ficará parado". Não exportará nem importará nada, assegurou.
E por que a Força Sindical - a maior central sindical do País, Central Única dos Trabalhadores (CUT), anunciará sua posição dentro de alguns dias - é tão violentamente contra a MP 595? Porque não aceita justamente o que ela tem de mais modernizante no que se refere às relações trabalhistas nos portos.
A Lei dos Portos, de 1993, estabeleceu novas formas de contratação de mão de obra portuária, setor antes inteiramente dominado pelos sindicatos, ao criar o Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo). Formado por representantes dos trabalhadores e das empresas, o Ogmo é o organismo responsável pela intermediação da contratação de trabalhadores avulsos. Sua criação foi precedida de grandes disputas entre governo, sindicatos e empresas, mas, por ter preservado o poder sindical nesse campo, a despeito da presença de representantes dos empregadores, acabou sendo aceito por todos.
A MP permite que as novas empresas que, por meio de licitação, passarem a operar terminais de carga nos portos públicos possam contratar livremente os trabalhadores, sem a intermediação do Ogmo. Como ainda mantém poder no Ogmo, a Força quer evitar seu esvaziamento, estendendo suas funções às novas empresas.
Empresários que já têm operações nos portos, de sua parte, tentam mudar a MP pois, além de permitir a construção e operação de terminais por empresas que não demonstrem ter carga própria suficiente para tornar o empreendimento viável, ela determina que sejam licitados os terminais arrendados até 1993 (quando entrou em vigor a Lei dos Portos) e cujos contratos estão vencidos. Os operadores desses terminais queriam a prorrogação dos contratos por até 50 anos em alguns casos. Por conveniência, aliaram-se à Força.
A posição do governo tem sido coerente. "Podemos melhorar alguns pontos (da medida provisória) e aceitar novos artigos, aperfeiçoar a redação", disse o ministro-chefe da Secretaria de Portos, Leônidas Cristino. "Mas há pontos importantes que não podemos mudar", acrescentou. E a livre contratação de mão de obra, a licitação dos terminais com contratos vencidos e a entrada de novos operadores mesmo sem demonstração de carga própria suficiente estão entre eles.
Com a instalação, prevista para o dia 20, da comissão mista que discutirá a MP 595, o debate chegará ao Congresso.
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Liberando um artigo que passou um ano no limbo: Mercosul e União Europeia: a longa marcha da cooperação à associação Recebo, em 19/12/2025,...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Homeric Epithets: Famous Titles From 'The Iliad' & 'The Odyssey' Word Genius, Tuesday, November 16, 2021 https://www.w...
-
O destino do Brasil? Uma tartarug a? Paulo Roberto de Almeida Nota sobre os desafios políticos ao desenvolvimento do Brasil Esse “destino” é...
-
ÚLTIMO ENCONTRO DO CICLO DE HUMANIDADES 2025- 🕊️ A Paz como Projeto e Potência! 🌎 Acadêmicos, pesquisadores e todos os curiosos por um ...
-
Quando a desgraça é bem-vinda… Leio, tardiamente, nas notícias do dia, que o segundo chanceler virtual do bolsolavismo diplomático (2019-202...
-
O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...