sábado, 16 de fevereiro de 2013

Duvida cruel: onde comeca a Europa? - Francisco Seixas da Costa

Acho até que não é difícil, com uma pesquisa em bibliotecas, arquivos e no Google, saber onde, ou por onde, começou a Europa, pelo menos aquela que conhecemos, espalhada por aqui e por ali, com suas dezenas de milhares de eurocratas, e algumas centenas de milhares de funcionários nacionais a vagar de um canto a outro, em aviões, trens, carros, bicicletas, sempre saindo de uma reunião e entrando em outra, seguidos, por sua vez, por um batalhão de intérpretes simultâneos, para pelo menos fazer uma das 75 traduções cruzadas entre o fino-ungárico e o basco (e o galego?).
Mas, aposto como ninguém sabe dizer onde acaba a Europa: alguns dizem que é na Turqui, outros em Gibraltar, quem sabe no polo norte, ou talvez no comitê do orçamento?
Em todo caso, toda essa perplexidade, está refletida nesta pequena crônica de um européen convaincu (hoje talvez um pouco desconfiado)...
Paulo Roberto de Almeida

Europas
Francisco Seixas da Costa
Blog Duas ou três coisas, 15/02/2013

Hoje, ao estacionar o meu carro na área da rua de S. Caetano reservada a algumas viaturas de quem trabalha no Centro-Norte Sul do Conselho da Europa, que atualmente dirijo, uma senhora parou em frente a mim e disse: "Eu conheço-o de qualquer sítio! É isso, vi-o na televisão! Trabalha 'na Europa', não é?".

Desvanecido com o reconhecimento, porque o nosso ego é afagado com maior facilidade à medida que avançamos (ou recuamos) na vida, disse que sim, e que agora trabalhava ali, numa estrutura do Conselho da Europa, como se podia ler na placa de estacionamento colocada na rua.

Sempre amável, a senhora inquiriu: "Essa coisa do Conselho da Europa é onde trabalha o dr. Durão Barroso, não é?".

Desta vez com uma paciência cuja dimensão a senhora não era obrigada a adivinhar, expliquei-lhe que não, que o dr. Barroso não mandava nada por ali. E, para sua aparente surpresa, disse-lhe que o Conselho da Europa é a mais antiga instituição europeia, criada em 1949, muito antes daquilo a que hoje se chama União Europeia, que é "onde trabalha o dr. Durão Barroso".

A senhora agradeceu e disse que se lembrava de ouvir dizer, há dias, que o primeiro-ministro português estivera no Conselho da Europa.

Aí voltei a esclarecer: o dr. Passos Coelho nunca esteve no Conselho da Europa, que tem sede em Estrasburgo, ao lado do Parlamento Europeu, mas sim no Conselho Europeu, que é a instituição onde se reúnem os chefes de governo da União Europeia, geralmente em Bruxelas.

"Mas o Parlamento Europeu não é em Bruxelas? Tenho uma amiga que trabalha lá".

Aí, críptico, expliquei: "Tem razão, o Parlamento é em Bruxelas mas também é em Estrasburgo. Reune lá uma semana por mês..."

"Há-de concordar que isto é tudo uma grande confusão!", disse-me a senhora, sorridente.

Aí retorqui: "Ó minha senhora! Concordo em absoluto! Nem a senhora sabe da missa a metade..." 

Argentina: ja falamos dela hoje? Agora, com o Chavez no estaleiro, sobra a CK...

De erro em erro, Argentina se isola

Editorial O GLOBO - 16/02/2013

Cristina Kirchner governa de acordo com suas necessidades imediatas e sem levar em conta graves consequências para o país


Cristina Kirchner governa de acordo com suas necessidades mais imediatas e adota medidas “da mão para a boca”, com desprezo para as graves consequências para o povo argentino e a credibilidade do país. O piloto, nesses voos rasantes e temerários, é o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno.

Não é de hoje que a inflação tornou-se um problema para a Casa Rosada. Moreno, então, interveio no Indec (responsável pelos índices), que passou a produzir taxas fajutos de 10% ao ano. A inflação real, hoje de 25% e em alta, continuou sendo calculada por consultorias privadas, até que elas foram ameaçadas de processo penal pelo governo. Com isto, passaram ao Congresso a tarefa de divulgar os números. O país passou a ter dois índices — o oficial, que ninguém leva a sério, e o do Congresso. Como resultado, a Argentina já foi formalmente advertida pelo FMI e corre o risco até de ser afastada do Fundo.

Quando a manipulação dos índices se tornou insuficiente, o governo recorreu a Moreno para congelar os preços, a princípio até 1º de abril. As consequências não tardaram: começaram a faltar produtos nas prateleiras da Grande Buenos Aires. O desabastecimento é um subproduto inevitável do congelamento. Outro é o surgimento do “mercado negro”, no qual as mercadorias reaparecem, mas com preço mais alto. Ao governo K o que interessa é poder trombetear uma queda da inflação, mesmo que o anúncio careça de credibilidade. E também, com isso, conter as demandas por aumento salarial. Os sindicatos querem reajustes na faixa dos 30%, mas a Casa Rosada não quer ir além dos 20%.

A farsa do congelamento ensejou um novo capítulo da guerra dos governos K contra a imprensa independente, nomeadamente os grupos Clarín e La Nación. Moreno proibiu supermercados e cadeias de varejo de publicar suplementos com ofertas de produtos nas edições dominicais dos jornais, acabando com uma de suas principais fontes de receita.

A Argentina segue na rota do isolamento. Uma das maneiras é afrontar os EUA, à maneira chavista. Assim, a Casa Rosada produziu um acordo com o Irã para, supostamente, relançar as investigações sobre o atentado contra a associação judaica Amia, realizado em 1994, em Buenos Aires, com 85 mortos e 300 feridos. A Justiça argentina pede a extradição de oito iranianos envolvidos na ação, entre eles altos funcionários do atual governo de Teerã. Com o inédito acordo, a ser ainda votado pelo Congresso, Buenos Aires solicita a cooperação do criminoso, o Irã, para deslindar o que já sabe. A Casa Rosada é acusada de se render ao Irã ,e a comunidade judaica está possessa. Com razão, tudo indica.

Mas Cristina não quer ficar para trás em relação à Venezuela e, em menor grau, ao Brasil, na parceria com os aiatolás da bomba nuclear. Doa a quem doer. No caso, dói nos próprios argentinos.

Pausa para... um filme: Trem noturno para Lisboa

Infelizmente, ainda não terminei de ler o romance, filosófico como poucos...
Paulo Roberto de Almeida

Berlim – Trem noturno para Lisboa

Correio do Brasil, 15/2/2013 14:12
Por Rui Martins, de Berlim

Thriller político reúne resistentes ao salazarismo e torturadores da PIDE portuguesa.
Thriller político reúne resistentes ao salazarismo e torturadores da PIDE portuguesa.
Baseado num livro best-seller, Trem noturno para Lisboa é o longa metragem mais próximo do Brasil, exibido no Festival de Berlim. Embora não seja falado em português, os atores Jeremy Irons, Melanie Laurent, Jack Huston e Martina Gedek tentam dar um sotaque luso ao inglês, som no qual foi rodado o filme. Na verdade, o filme poderia ter sido feito em alemão, pois o livro no qual se inspirou, vem de Berna. Conta a história de um professor da Universidade de Berna, mas foi também escrito por um professor de filosofia dessa universidade. Ex-professor porque como o livro vendeu mais de dois milhões de exemplares, o professor Peter Bieri deixou Berna e vive atualmente em Berlim.
Quando escreveu o livro, romance contando justamente a busca de um professor de Berna, em Lisboa, de um filósofo e poeta português, preferiu utilizar um pseudonimo Pascal Mercier, pois como contou numa entrevista ao Diário de Notícias, de Lisboa, temia, na época, as consequências de sua audácia sobre sua carreira universitária.
Ainda mais que, num certo momento, a personagem do filme, Raimund Gregorius, fala de Berna como cidade entediante, mais ou menos como Clarice Lispector contava ao seu amante Samuel Wainer, quando era obrigada a viver em Berna, acompanhando seu marido diplomata brasileiro.
Porém, os temores de Peter Bieri eram infundados. Seu livro não se restringiu ao pequeno mundo suíço, mas teve sucesso em toda a Europa, tanto que o cineasta Bille August foi escolhido para fazer sua transposição para o cinema. E assim Comboio ou trem noturno para Lisboa, se transformou num filme de quase duas horas, bem menos que tempo necessário no longo trajeto de um trem noturno, nos anos 70, de Berna a Lisboa.
Ao salvar uma jovem portuguesa que tentava se jogar da ponte do Kirchenfeld, em Berna, o professor Raimund descobre um livro de filosofia, escrito por um certo Amadeu de Prado. Dentro do livro, havia uma passagem para Lisboa que Raimundo, numa decisão repentina, decide utilizar. A jovem salvada do suicídio desaparecera, mas não é ela o alvo de sua busca e sim Amadeu do Prado. Existe algum filósofo e poeta português com esse nome ? Uma espécie de outro Fernando Pessoa, que lutara contra a ditadura salazarista ? Ou se trata de uma personagem de Peter Bieri, aliás Pascal Mercier ?
Esse é o filme que se enriquece das ruas, dos bondes, das praças e da ponte sobre o Tejo. Contá-lo seria tirar o prazer da leitura do livro e da visão do filme.
Mas um resumo é possível – Amadeu do Prado era um médico, filho de juiz salazarista, amigo de Jorge, colega de universidade, apesar de uma diferença fundamental entre ambos – Amadeu era de família rica e influente, Jorge era filho de pobretões. No seu discurso de formatura, Amadeu provoca escândalo denunciando a ditadura, sua parceira a Igreja católica e se declarando ateu contra um Deus omniciente e omnipresente, invasor da intimidade das pessoas, e contra a imortalidade prometida aos fiéis, porque pior coisa não poderia haver do que ser condenado a viver para sempre.
O filme é thriller político, cujas personagens são os resistentes ao salazarismo e, do outro lado, os torturadores da PIDE, a polícia política portuguesa versão mais sofisticada do Doi-Codi dos nossos anos de ditadura. E também tem história de amor, pois a mesma mulher é amada tanto por Jorge como por Amadeu. É ela que detém os nomes dos resistentes que, na manhã do 25 de abril, vão derrubar a ditadura ao som de Grandola Vila Morena, na Rádio Renascença.
Não sei se o monopólio americano da distribuição dos filmes levará aos cinemas brasileiros essa história portuguesa, revelada pelo professor suíço. Se passar no Brasil, não perca, é um filme bonito de se ver. Em Portugal, imagino ser tão obrigatório como foi a Cidade Branca, do suíço Alain Tanner, fora do circuito turístico das cidades européias de Woody Allen.
Rui Martins, de Berlim, convidado pelo Festival.

Oposicao? Onde?? Alguem viu??? - Editorial OESP

A oposição, obsequiosa e muda

15 de fevereiro de 2013
Editorial O Estado de S.Paulo
 
Diante da emergência de governar sem o Orçamento, que o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), impediu o Congresso de votar antes de decidir sobre mais de 3 mil vetos presidenciais, o Executivo baixou medida provisória ao arrepio da ordem institucional, arrogando-se o poder de gastar R$ 42 bilhões em investimentos quando teria de se limitar a gerir o dia a dia comezinho até o Legislativo decidir sobre em que se poderá utilizar o dinheiro arrecadado em impostos. Nenhum opositor teve forças para tugir ou mugir.
Os truques contábeis empregados pelo prestidigitador Guido Mantega no Ministério da Fazenda para dar um "jeitinho" nas contas públicas no fim do ano, condenados até por um especialista ouvido pelos atuais donos do poder, como o professor Delfim Netto, também passaram em branco pelos parlamentares que dizem dissentir de Dilma e de sua equipe econômica.
Seis anos depois do anúncio do milagre econômico a ser produzido pelo petróleo extraído no pré-sal e a dois e meio da "maior capitalização da história do capitalismo" com a venda de R$ 107 bilhões em ações pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a Petrobrás confessou seu deplorável estado financeiro. O balanço de 2012 registrou queda de 36% dos lucros, seu valor caiu para 65% do patrimônio, a joia mais preciosa da coroa nacionalista despencou no ranking das petroleiras mundiais para o oitavo lugar e perdeu o posto de líder na América do Sul para uma colombiana. Nenhum tucano ou "demista" lamentou a derrocada.
Luiz Pinguelli Rosa, primeiro especialista em eletricidade no Partido dos Trabalhadores (PT), denunciou publicamente o desmanche da Eletrobrás para tentar salvar a petroleira. Na oposição, ninguém percebeu: tudo foi aceito como uma imposição inexorável dos fados. À exceção de gestores como o secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, que não aceitou a antecipação da renovação da concessão das usinas paulistas exigida por Dilma, e de tucanos mineiros que o seguiram nesta posição isolada, seus correligionários e aliados se comportaram como se nada houvesse a fazer. Na verdade, havia. Mas nenhum opositor se deu ao trabalho de repetir avisos dados por especialistas de que a redução da tarifa só seria sustentável se não comprometesse a distribuição da carga elétrica.
E, para confirmar o aparente inferno astral na virada da primeira metade do mandato da presidente para o segundo, a inflação bateu em janeiro o recorde em dez anos: a taxa de 0,86% foi a pior desde 2003.
Mas esta foi, parece, a gota d'água para a oposição calar e sumir de vez. Tido como pule de dez na escolha do tucano para tentar evitar a reeleição de Dilma ano que vem, Aécio Neves (PSDB-MG) fez súbita aparição no Senado para recomendar aos companheiros de bancada que não votassem em Renan Calheiros para presidente. Funcionou como uma senha pelo avesso: sua bancada deu os votos de que o peemedebista precisava para não ter de enfrentar algum intruso em eventual segundo turno.
Depois de passar um ano limitados a apresentar queixas formais contra o emprego pela presidente de convocações de redes de rádio e televisão para fazer campanha eleitoral antecipada, baixando tarifas de eletricidade e chamando-os de maus brasileiros, os opositores preferiram começar 2013 no silêncio obsequioso. Mineiros e paulistas, que controlam o PSDB, anteciparam a folga do carnaval. E a cúpula "demista" correu atrás do trio elétrico do PT baiano para ninguém dizer sobre eles que "só não foi quem já morreu". Ah, mas justiça seja feita: antes do longuíssimo feriado, todos trataram de espalhar à boca pequena que, depois do tríduo momesco, ressurgiriam na Quarta-Feira de Cinzas. Alguém aí ouviu uma voz oposicionista?
Pois é. Todas as notícias dadas no início desta nota devem passar a impressão de que o País poderia sobreviver melhor sem a gestão desastrada dos petistas. Mas, ó céus, como o PT faz falta na oposição combatendo gastos públicos, aumento do índice inflacionário, maquiagem contábil, malefícios ao "petróleo é nosso" e apagões a granel!

O que sera' que vao dizer nos corredores da Casa Grande?

Essa é fácil de responder:
"-- Mas você viu quem escreveu? Aquele jornalista de direita, que odeia o PT e o governo..."
Pois é, gente assim não tem nenhuma credibilidade, só merece o nosso desprezo...
E depois, não foi a Economist que criticou...
Mais um pouco e vamos passar a acreditar que todos os problemas derivam mesmo dos escritos de jornalistas mal intencionados.
Com o que se encontra plenamente justificado o "controle social da mídia".
CQD...
PRA

Dilma vai visitar uma ditadura Africana. E a fala de uma tal Edileuza…
Reinaldo Azevedo, 15/02/2013

Nos dez anos de governo petista, o Itamaraty, em nome do suposto pragmatismo, fez uma aliança preferencial com todas as ditaduras do planeta — desde, é claro, que os países em questão alimentassem ou as fantasias antiamericanistas de setores do petismo ou a conversa mole de uma política externa autônoma. Mais vagabundo moralmente do que essa proximidade é o discurso que a justifica. Leiam isto:

“Dilma mesma disse que, quando se trata de direitos humanos, todos podem melhorar, inclusive nós”. A frase, que leio em reportagem da Folha, é da subsecretária-geral política do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis. Já houve uma Edileuza mais interessante: a empregada folgada e desbocada do humorístico “Sai de Baixo”, interpretada, então, pela atriz Cláudia Jimenez.

A que se referia esta senhora? Na próxima quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff visita a Guiné Equatorial, governada, desde 1979, por um carniceiro chamado Teodoro Obiang Nguema Mbasogo. Escreve a Folha: “Na próxima quinta, Dilma participa da 3ª Cúpula ASA, que vai reunir representantes de 66 países da América do Sul e da África. Segundo a embaixadora Maria Edileuza, o encontro não é um foro de negociação de direitos humanos, mas de consolidação de laços econômicos, em especial na área de infraestrutura, energia e transportes.”

Edileuza, como a sua xará, não se contenta com uma besteira. Prefere logo dizer uma penca. A propósito: em 2010, Lula também visitou o país. Celso Amorim, então ministro das Relações Exteriores, classificou os questionamentos sobre direitos humanos de “críticas moralistas” e despejou, para nossa estomagação: “Negócios são negócios”.

Então vamos ver, pela ordem:
1: quando Dilma pronunciou aquela bobagem, estava sabem onde? Em Cuba! Chegara ao país pouco depois de um dissidente morrer na cadeia. Ao afirmar que todos tinham explicações a dar sobre direitos humanos, inclusive o Brasil, omitia o fato de que a ilha dos irmãos assassinos mantém presos de consciência e usa o aparelho repressivo do estado para esmagar adversários, a exemplo do que faz o tal Mbasogo. Comparações dessa natureza tornam democracias imperfeitas, como a nossa, piores do que são, e ditaduras asquerosas, como Cuba e Guiné Equatorial, melhores do que são;

2: não me oponho ao fato de que, nas relações externas, “negócios são negócios”. A China, em muitos aspectos, é uma Guiné Equatorial com séculos de tradição… Não faremos negócios com os chineses por isso? Bobagem! A questão é outra. Há modos de tratar do assunto. É perfeitamente possível deixar claro o repúdio a ditaduras, lembrando, no entanto, que um país não impõe a outro condicionantes dessa natureza no comércio internacional;

3: reduzir a preocupação com direitos humanos à mera “pregação moralista” é um ato de pura delinquência intelectual. De resto, é mentira até mesmo que o Brasil seja sempre pragmático. Infelizmente, é também ideológico;

4: tomem-se dois casos exemplares: Honduras e Paraguai. No primeiro, um movimento contragolpista depôs um bolivariano maluco, Manuel Zelaya; no segundo, um processo legítimo de impeachment derrubou Fernando Lugo.  O Brasil reagiu de maneira estúpida: tentou levar a guerra civil a Honduras, em apoio a Zelaya, e suspendeu o Paraguai do Mercosul, abrindo as portas para um ditador como Hugo Chávez.

O Brasil não precisa, de fato, impor uma pauta de direitos humanos aos países com os quais faz negócio. Mas poderia se dispensar do vexame de tentar minimizar as violências cometidas por “ditadores amigos”.
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Enquanto isso, em outras esferas...

O Globo, 16/02/2013
O vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodorin Nguema Obiang Mangue, estava em Salvador quinta-feira quando a Justiça francesa expediu mandado de prisão contra ele, no processo em que responde por lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos estrangeiros. Mangue, que é filho do atual presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, deixou a capital baiana na noite da mesma quinta-feira, em avião oficial do governo de seu país.

Ele passou o carnaval em Salvador, deu grandes festas privadas, foi fotografado com autoridades como o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e o deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB), e participou do desfile do bloco afro Ilê Aiyê, que este ano saiu com o tema “Guiné Equatorial — da herança pré-colonial à geração atual”, em referência à luta contra a discriminação racial e à valorização da cultura africana na Bahia.

De acordo com o jornal francês “Le Monde”, o mandado de prisão foi expedido após Mangue faltar a uma audiência do processo, na última quarta-feira, em Paris. Nesse dia, ele patrocinava uma festa numa das três mansões que alugou para acomodar a delegação de seu país, na Praia de Busca Vida, em Lauro de Freitas, região nobre do litoral norte baiano. Zeca Pagodinho teria sido um dos artistas contratados para animar a festa.

Em Salvador, a Polícia Federal informou que não havia recebido até o início da noite desta sexta-feira o mandado de prisão expedido pela Justiça da França. A presidente Dilma Rousseff irá à Guiné Equatorial, no fim da próxima semana, para a reunião de cúpula dos países da América do Sul e da África. Segundo a embaixadora Maria Edileuza Reis, subsecretária-geral de Política do Ministério das Relações Exteriores, a escolha do país seguiu o critério do revezamento entre os dois continentes.
(…)

Por que no Brasil magnata precisa do BNDES?

Nao precisa, justamente. Eles poderiam, tranquilamente, se abastecer no mercado de creditos privado.
Mas e' que o BNDES e' um sorvedouro de recursos do Tesouro ( ou seja, de toda a populacao), especialmente dos trabalhadores (FGTS, FAT), e depois precisa sair por ai dando dinheiro para capitalistas abastados e megaempresas apenas para justificar sua existencia.
Uma distorcao completa, claro, so existente num pais anormal como o Brasil, no qual companheiros supostamente amigos do povo arrancam dinheiro do povo para dar a ricacos.
Paulo Roberto de Almeida

Por que no Brasil Lemann precisa do BNDES?
Fernando Dantas
Blogs do Estadao, 15 de fevereiro de 2013

A oferta de aquisição, junto com Warren Buffett, da multinacional americana de alimentos Heinz (conhecida pela tradicionalíssima marca de ketchup do mesmo nome) pela 3G Capital coloca em destaque os três bilionários brasileiros – Jorge Paulo Lemann, Marcelo Telles e Carlos Sicupira – que podem ser considerados os maiores símbolos nacionais do capitalismo liberal, desimpedido e agressivo. Desde o início da sua carreira, Lemann, ex-campeão de tênis (e também um dos pioneiros do surf no Brasil, detalhe menos conhecido), tornou-se conhecido, e até cultuado, como um visionário empreendedor, que aplica na prática, e com feroz zelo, as leis de mercado pregadas por Adam Smith e que contribuem mais para geração de riqueza para os indivíduos e para as nações do que qualquer outro sistema econômico.
A história dos bilionários brasileiros da 3G Capital é bem conhecida. Do ultra agressivo e competitivo (inclusive internamente) Banco Garantia, fundado no início da década de 70 e posteriormente vendido ao Credit Suisse, às aquisições espetaculares das Lojas Americanas e da Brahma, à fusão desta com a Antarctica na AmBev, e à posterior formação da Inbev (hoje Anheuser-Busch InBev), maior grupo de bebidas do mundo, com a fusão com a belga Interbrew.
Nos Estados Unidos, o trio esteve à frente da aquisição da Anheuser-Busch, fabricante da conhecidíssima cerveja Budweiser, pela InBev; da aquisição da empresa ferroviária CSX (a maior do Leste dos Estados Unidos); e, agora, a aquisição conjunta, por US$ 28 bilhões, da Heinz. Essas são, claro, apenas algumas das operações mais conhecidas dos três bilionários.
Nem é preciso mencionar a honra no altar do capitalismo que representa a participação numa operação como a da Heinz, de igual para igual (e inclusive com a 3G Capital no papel de operadora) com o mítico Warren Buffett, a maior lenda viva do mundo dos investidores. E não seria exagero dizer, como saiu na imprensa internacional, que Lemann (auxiliado por seus dois sócios de toda uma vida de negócios) é uma espécie de Buffett brasileiro, um investidor de fantástica eficiência e sucesso, que o colocam num patamar à parte dos seus pares. Aliás, Eike Batista, com sua fortuna oscilante e montada em negócios muito mais arriscados, já foi ultrapassado por Lemann (que tem US$ 18,8 bilhões, segundo a Bloomberg) no posto de brasileiro mais rico.
O economista Mansueto Almeida, especialista em contas públicas e política industrial, não mede palavras para descrever a nova operação da 3G Capital. “Eles são impressionantes, fascinantes, e mostram exatamente o que a gente espera de um capitalismo ultracompetitivo”, ele diz.
Na sua opinião, as operações internacionais, e especialmente nos Estados Unidos, de Lemann, Telles e Sicupira colocam em evidência virtudes que não são nada típicas dos grupos empresariais brasileiros e latino-americanos. O economista nota que os três investidores atuam de uma forma totalmente desvinculada do modelo de empresa familiar tão comum na região.
“Quando você se associa a um grande investidor lá fora, ele vai querer uma gestão totalmente profissional, formal, certamente não vai querer nada de família envolvido”, comenta Almeida. Ele acha inclusive que este detalhe pode ter ajudado a azedar a relação de Abílio Diniz com o grupo Casino, que comprou o Pão de Açúcar.
Outra característica da 3G, polêmica junto ao público em geral, mas muito popular em Wall Street, é a forma rápida e impiedosa com que cortam custos das empresas adquiridas. Almeida, que já teve contatos com executivos do grupo, lembra-se de relatos de como eles aplicaram na CSX sistemas desenvolvidos na brasileira ALL (da qual também participam) para reduzir drasticamente o número de controladores das composições. “Eles me disseram na
época que a ferrovia era muito mal administrada, e que eles sabiam que poderiam melhorá-la”, recorda-se o economista.
No caso do Burger King, Almeida lembra uma conversa na qual executivos do grupo revelaram que haviam feito uma avaliação do custo de tomar o controle do McDonald’s, que era fabulosamente alto. Foi dessa forma que a 3G pôde notar o quão barato estava o preço de adquirir o Burger King, US$ 3,3 bilhões. Naturalmente, para depois, com seus métodos agressivos de gestão, reformular a tradicional marca americana e expandi-la no mundo emergente.

Ironia
Mas o economista acha irônico que o trio de bilionários brasileiros, que é uma aula viva sobre o funcionamento e as vantagens do capitalismo liberal, aja em solo pátrio exatamente como o grosso dos grandes grupos nacionais, buscando todas as oportunidades de usufruir de financiamentos públicos subsidiados.
“Apesar de eles não precisarem de governo, como mostra esta operação da Heinz, aqui no Brasil eles têm vários empréstimos com o BNDES”, diz Almeida. Segundo o economista, entre os dez maiores emprestadores do BNDES em 2011, na categoria que inclui indústria e varejo, constam três empresas ligadas ao trio de bilionários: a AmBev, as Lojas Americanas e a B2W, resultado da fusão da Americanas.com com o Submarino. O total de créditos do BNDES às três em 2011, de acordo com Almeida, é de pouco mais de R$ 3 bilhões.
Ele observa ainda que a AmBev tem um ativo diretor de Relações Corporativas, Milton Seligman, ex-Ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso e que ocupou vários cargos no setor público. O economista deixa claro que não está fazendo nenhuma crítica ao legítimo trabalho de Seligman, mas acrescenta que é típico no Brasil a importância de um diretor que se ocupa basicamente das relações com o governo e com os órgãos públicos.
“Esses são os melhores capitalistas brasileiros, um exemplo, e se dão muito bem lá fora, inclusive conseguem entrar no mercado americano, o mais competitivo do mundo, e comprar empresas e marcas históricas. Por que aqui dentro do Brasil eles precisam do BNDES?”, indaga Almeida.
Ele ressalva que não se trata de uma crítica particularista, aos três sócios da 3G. Afinal, como raciocina o economista, se há o dinheiro barato do governo, disponível, seria “burrice” por parte de três águias como Lemann, Telles e Sicupira se não o pegassem. E ele nota que a prática, obviamente, não se limita aos três. Outro sensacional homem de negócios e financista brasileiro, o jovem André Esteves, do BTG Pactual, também se aliou ao governo, entrando junto com a Caixa Econômica no banco PanAmericano. A própria Vale privatizada, uma potência internacional, também é grande usuária dos recursos do BNDES.
Essa absorção de financiamento público por parte de alguns dos mais audazes e competitivos capitalistas do mundo ocorre, continua Almeida, num momento de extraordinária expansão do BNDES. Os empréstimos do Tesouro para os bancos públicos saíram de R$ 14 bilhões, ou 0,5% do PIB, no final de 2007, para R$ 406 bilhões, ou 9,22% do PIB, ao fim de 2012. Ele nota que o salto de 8,7 pontos porcentuais do PIB é maior do que os dois grandes programas
americanos de saneamento financeiro e reativação da economia (respectivamente, de George W. Bush e de Barack Obama), lançados para tirar o país do abismo da crise financeira global.
Juntos, eles somam 8,4% do PIB norte-americano.
“Foi uma expansão brutal do BNDES, e, quando a gente vê esses financiamentos a capitalistas que absolutamente não precisam deste dinheiro, fica claro que boa parte desta expansão não era necessária”, critica Almeida.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Cuba e' o centro do mundo? Se nao e', parece...

Incrível capacidade que possuem os líderes latino-americanos, especialmente os hispano-americanos, de fazer de uma ilha decadente economicamente o foco de suas tratativas puramente bilaterais entre si, ou para questões que não necessariamente precisam do aval dos cubanos.
PRA

Canciller de Venezuela suspende visita a Perú por llamado desde Cuba

Elías Jaua
Elías Jaua, canciller de Venezuela, canceló su cita con el presidente del Perú, Ollanta Humala.

Según el diario El Universal de Caracas, Elías Jaua canceló cita este viernes con Ollanta Humala.

El ministro de Relaciones Exteriores de Venezuela, Elías Jaua, suspendió la visita que tenía agendada para este viernes con el presidente peruano Ollanta Humala y su homólogo peruano, Rafael Roncagliolo, en Lima, confirmó la Cancillería peruana.
Mientras que la agencia de noticias Efe habla de la suspensión de su visita “por problemas de agenda”, el periódico El Universal afirma que esta se dio por un llamado a Jaua desde La Habana, donde permanece internado y bajo estricta observación médica el presidente venezolano Hugo Chávez.
De otra parte, la agencia AFP señaló que una fuente diplomática dijo que "El presidente Hugo Chávez ha llamado al canciller Elías Jaua a La Habana, la visita (a Perú de Jaua) se ha postergado".
Horas después del anuncio de la visita hecho por un portavoz de la Cancillería se produjo la suspensión de la misma por problemas de agenda del ministro venezolano, con la posibilidad de ser reprogramada en las próximas semanas, según la agencia Efe.
La visita de Jaua a Lima fue anunciada después de que el presidente Humala estuviera en Cuba y se interesara por la evolución de la salud de su colega venezolano, Hugo Chávez, operado en ese país en diciembre último y que permanece aún en La Habana.
Humala se reunió el pasado 11 de enero con algunos familiares del mandatario venezolano y con el vicepresidente de Venezuela, Nicolás Maduro, en La Habana, tras manifestar a su llegada a Cuba que indagaría por la salud de Chávez.
La última vez que Humala visitó a Chávez en Caracas fue hace un año cuando acudió a un encuentro bilateral que concluyó con la firma de varios acuerdos de cooperación política y comercial.
LIMA
EFE y EL UNIVERSAL

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...