Leio o seguinte na coluna da jornalista Monica Bergamo, na FSP, de 19/04/2013:
Papel picado
Coluna Mônica Bergamo
Folha de S. Paulo, 19/04/2013
A Venezuela foi tema do almoço entre Susan Rice, representante permanente dos EUA na ONU, e o chanceler brasileiro Antonio Patriota, anteontem, em Brasília. Ela defendeu a necessidade de recontagem dos votos para que Nicolás Maduro seja reconhecido como vencedor por outros países. Os diplomatas brasileiros rechaçaram. E até citaram eleições nos EUA que foram questionadas.
PICADO 2
Um dos diplomatas lembrou que, em 2000, mesmo com acusações de fraude na eleição de George W. Bush, o Brasil reconheceu prontamente o resultado --o Itamaraty diz que cabe ao sistema interno de cada país resolver esse tipo de questão e que os outros não poderiam "meter a colher". Naquele ano, Bush foi declarado vencedor depois de a Suprema Corte negar recontagem manual de votos na Flórida.
Meu comentário: ou a jornalista é muito distraída, ou esse "diplomata" que falou é muito ignorante. Em nenhum momento, algum país reconhece ou deixa de reconhecer resultados eleitorais em outros países. Se fosse assim, os governos passariam o tempo todo tendo de decidir, ou escolher, quais resultados eletorais iriam hipoteticamente "reconhecer" a cada momento que se realizassem eleições nas 150, ou mais, democracias representativas (algumas nem tanto) do mundo.
O Brasil NUNCA reconheceu, ou deixou de reconhecer, o resultado das eleições presidenciais americanas de 2000. Simplesmente não nos cabia fazê-lo, numa questão de competência interna exclusiva dos EUA. Quem se mete a dar palpites e a intervir nos assuntos internos de outros países sāo os companheiros do Foro de Sāo Paulo, com a sua miopia política tradicional. O diplomata que falou, se falou, estava apenas querendo justificar o apoio verbal público, aliás indevido e apressado, do Brasil ao sucessor do caudilho de Caracas.
Paulo Roberto de Almeida
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sábado, 20 de abril de 2013
Deficit no comercio de texteis: adivinhem qual vai ser a resposta?
Em lugar de baratear a produção, o governo vai encarecer o comércio, isso é evidente. Como ele não consegue baixar os custos da produção nacional, por incompetência e voracidade tributária, a única solução que ele encontra é encarecer o comércio, colocando tarifas altas e prejudicando o consumidor. Querem apostar?
Paulo Roberto de Almeida
Déficit da balança têxtil triplica no Ceará em um ano
Diário do Nordeste [Sérgio de Sousa]
- 18/04/2013
Informações do MDIC apontam uma tendência de substituição de produtos locais por artigos vindos de fora do Brasil, principalmente, oriundos da China.
Os dados do IBGE e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) apontam uma realidade preocupante: enquanto que a produção de produtos têxteis e de vestuário no Ceará caiu no ano passado, as vendas no varejo desses itens cresceu. Isso mostra que o incremento do consumo está sendo suprido não só por produtos de outros estados, mas pelos importados.
No ano passado, o Estado exportou US$ 80 milhões em têxteis e confeccionados, ao passo que importou o equivalente a US$ 178 milhões. E esse déficit da balança comercial vem se alargando, tendo triplicado somente no último ano.
SUBSTITUIÇÃO As informações do Mdic apontam uma tendência de substituição de produtos locais pelos importados, já aparente aos consumidores pelo crescente volume de itens, em especial, chineses nas lojas e camelôs do Estado.
Em 2012, as exportações de têxteis e confeccionados registraram queda de 18% em relação a 2011, enquanto que as importações, no mesmo intervalo, elevaram-se em 38%. Ou seja, o déficit passou de US$ 31 milhões em 2011 para US$ 98 milhões no ano seguinte.
FATIA PEQUENA Mesmo assim, o Ceará ainda tem uma representação pequena diante da importação brasileira destes itens, participando com 2,7% do total, que chega a mais de US$ 6,5 bilhões.
Já no volume de exportações, que representa apenas cerca de 1% do total da produção nacional, o Estado possui uma fatia de 6,3%. “Em 1996, a Organização Mundial do Comércio (OMC) anunciou que o acordo de comercialização têxtil iria acabar em dez anos, iniciando a liberalização do comércio mundial do setor. No Brasil, não se fez nada para se preparar para isso. Então, em 2005, os chineses começaram a chegar e, em 2007, já estavam estabelecidos, e só então o brasileiro percebeu o espaço que estava perdendo”, explica o técnico do conselho consultivo da Associação Brasileira de Técnicos Têxteis (ABTT), Julio Caetano Cardoso, que participou esta semana da Tecnotêxtil Brasil 2013, que ocorreu de segunda-feira última a ontem, em São Paulo, organizada pela Fcem – Feiras, Congressos e Empreendimentos. Segundo ele, é preciso que se estabeleça uma isonomia no mercado, evitando a concorrência desleal hoje existente.
PRODUTO BARATO “O chinês não segue as regras do comércio doméstico no Brasil. Por exemplo, nós não podemos usar um corante incentivador de câncer, mas eles podem. Uma barraca de praia que fazemos, tem que ter proteção UV (ultravioleta), a deles não. Daí, fazem mais barato”, reclama. O técnico defende uma maior fiscalização dos produtos importados, e que esta se dê ainda nos contêineres, quando eles entram no Estado.
“Já faz tempo que os nossos produtos têxteis sofrem esta concorrência desleal. Estamos perdendo competitividade por falta de normas iguais”, reforça o conselheiro consultivo da ABTT, João Luiz Pereira. “Entretanto, mesmo assim, nossa indústria têxtil é a quinta maior do mundo, e a de confecções, a quarta do mundo”, pondera.
INDÚSTRIA PAULISTA QUER ICMS ÚNICO Legislando em causa própria e defendendo que a produção esteja próxima de onde está o consumo, o presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de São Paulo (Sinditêxtil-SP) e vice-presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Rafael Cervone, diz que a indústria paulista irá brigar para que seja aprovada a unificação das alíquotas do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em todo o País.
“Vamos fazer toda a pressão do mundo para aprovar a unificação deste imposto, e acabar, assim, com esta guerra desleal que existe entre os Estados”, declarou Cervone. O governo federal defende a unificação das alíquotas do tributo em 4%, acabando com a diferenciação existente entre os Estados da regiões mais pobres (Nordeste, Norte e Centro-Oeste), cuja alíquota é de 12%, e Sul e Sudeste, onde se pratica um percentual de 7%.
DESINDUSTRIALIZAÇÃO As lideranças nordestinas, em especial, defendem o modelo atual, preocupados com uma possível desindustrialização da região, que perderia um dos principais atrativos para a prospecção de indústrias e atração de novos empreendimentos.
Questionado se a unificação não acarretaria em uma fuga de investimentos do Nordeste, Cervone afirmou: “ninguém muda uma fábrica assim rápido, de uma hora pra outra”, não avaliando quais seriam as consequências a médio e longo prazos. “A guerra fiscal precisa acabar”, reforçou, durante a Tecnotêxtil Brasil 2013, realizada em São Paulo.
CEARÁ Atualmente, o Ceará possui pouco mais de 5% do número de empresas do setor têxtil e confeccionista brasileiro, o que representa cerca de 1.600 empresas, levando em consideração aquelas com cinco ou mais funcionários. Desta forma, o Estado grega 7% dos empregos do setor no Brasil, somando aproximadamente 120 mil postos diretos.
A saída de empresas implicaria, diretamente, em um significativo volume de demissões, uma vez que este é o segundo maior setor da indústria de transformação em geração de empregos, atrás apenas do de alimentos e bebidas.
MODA O presidente do Sinditêxtil-SP defendeu que o Ceará, por estar mais próximo dos mercados da Europa e Estados Unidos, poderá se beneficiar do comércio exterior, por mais que este represente cerca de 1% da produção têxtil nacional. “Mas nós deveremos crescer nesse aspecto, e estamos trabalhando nisso”, disse ele, que também é o diretor executivo do Programa de Exportação da Indústria da Moda Brasileira (Texbrasil).
“O Ceará tem algo que nenhum estado tem: a riqueza cultural e do artesanato na moda, que, ampliada, não tem pra ninguém”, afirma, apontando o Ceará como o novo destaque da moda nacional.
Mentiras oficiais, verdades oficialescas - Jose Roberto Guzzo
J. R. GUZZO
Revista Veja, 20/04/2013
O governo brasileiro viciou-se em confundir estatísticas com realidades. Está escrito em algum papel oficial? Então é verdade. Como fomos todos informados pela presidente Dilma Rousseff, não há mais miseráveis no Brasil desde o dia 31 de março, quando foi riscado do cadastro federal o nome do último cidadão brasileiro com renda inferior a 70 reais por mês. A partir daí, quem ganha 71 mensais deixou de ser miserável, pois para a ciência estatística a miséria acaba naqueles 70 reaizinhos — ou cerca de 1,25 dólar por dia, pela média dos critérios internacionais. Daí para a frente o sujeito é promovido a pobre e deixa de incomodar tanto.
“O cadastro foi zerado”, anunciou Dilma. Conclusão: como não existem mais nomes no cadastro, não existem mais miseráveis no Brasil. Ah, sim, ainda há um probleminha com gente que ganha menos de 70 reais por mês e que não estava inscrita na lista oficial; é mera questão de tempo até o governo encontrar todo mundo, dar um dinheirinho a mais para eles e acabar não apenas com a “miséria cadastrada”, como falam os técnicos do Palácio do Planalto, mas com o problema inteiro.
Nada disso faz nexo no mundo do bom-senso, mas o governo tomou-se dependente de um outro vício — massagear números aqui e ali e fazer uso deles para tratar como retardado mental todo brasileiro que foi à escola, prestou um pouco de atenção às aulas e acabou aprendendo alguma coisa. O problema de meter-se por essa trilha é que, com frequência, os especialistas em fazer mágicas aritméticas têm de experimentar o próprio veneno. Acaba de acontecer, mais uma vez, com as últimas cifras da ONU sobre o índice de Desenvolvimento Humano em 187 países — uma medida que informa o nível de bem-estar da população, e não da “economia”. em termos de vida saudável, acesso ao conhecimento e padrão de vida decente, traduzido em dinheiro no bolso do povo.
O Brasil pegou o 85° lugar em 2013, dezesseis postos abaixo do Cazaquistão e outras potências do mesmo quilate. Não é um desastre. É apenas aquilo que realmente somos — a mediocridade em estado puro. Só na América Latina, ficamos atrás de Argentina, Chile, Uruguai. Cuba, Panamá. México, Venezuela e Peru, com a Colômbia prometendo passar à frente já no próximo levantamento. Sobra o quê, aqui em volta? Só os casos de subdesenvolvimento que já estão num leito de UTI.
A coisa não para aí. Já que o negócio é ficar refogando números, como a presidente Dilma tanto gosta, por que não servir a salada inteira? Em 1980, mais de vinte anos antes de o ex-presidente Lula decidir que o Brasil tinha sido inventado por ele, o IDH brasileiro era de 522, numa escala que começa no zero e chega ao máximo de 1000; subiu sem parar nesse tempo todo, chegando a quase 700, ou perto de 35% a mais, no Ano I da Nova História do Brasil — 2003 —, quando Lula começou sua primeira Presidência.
Nestes dez anos de Lula, Dilma e PT, o índice foi para os 730 onde está hoje. Mais: durante os dois anos do governo Dilma, o IDH brasileiro ficou perto do nível de pressão zero por zero. com crescimento praticamente nulo. O que toda essa tabuada está dizendo, no mundo das coisas reais, é o contrário do que diz o mundo da propaganda oficial: com a sexta ou sétima maior economia do mundo em volume, o Brasil simplesmente não consegue repassar o bem-estar dessa grandeza, nem de longe, para os brasileiros que a constroem.
O governo, assim que recebeu os últimos números, entrou no seu modo habitual de indignação automática: a ONU está errada, as cifras são injustas etc. Quer que a população acredite na demência segundo a qual um cidadão que ganha 71 reais por mês não é mais miserável; ao mesmo tempo, não quer que acredite nos números da ONU. Mais que tudo. ignora o fato de que “a revolução na renda” registrada nos governos petistas. e patenteada como invenção pessoal e exclusiva de Lula, é uma mentira: o mundo inteiro, mesmo nos casos mais desesperados da África, viveu uma rápida e inédita redução da pobreza durante os dez anos de governo lulista.
De 2000 para cá, 70 milhões de pessoas saem da miséria a cada ano pelo mundo afora. Em apenas seis anos, de 2005 a 2011, a pobreza mundial foi reduzida em meio bilhão de seres humanos. Desde 2003, os países pobres vêm aumentando em 5% ao ano, em média, a sua renda per capita. De onde Lula e Dilma foram tirar a lenda segundo a qual fizeram o que ninguém jamais havia feito? Vá com calma ao mexer em estatísticas, presidente. É um produto que pode ter efeitos colaterais indesejáveis.
Vesguice mental dos decisores politicos em economia - Editorial Estadao
Timidez contra a inflação
19 de abril de 2013 | 2h 09
Editorial O Estado de S.Paulo
A inflação disparada parece haver preocupado, afinal, a presidente Dilma Rousseff e os dirigentes do Banco Central (BC). Não havia mais como olhar para outro lado. Em março a taxa acumulada em 12 meses chegou a 6,59% e estourou o limite de tolerância, de 6,5%. O assunto ganhou destaque nas primeiras páginas dos jornais, nas capas de revistas semanais e nos programas de rádio e TV. A demorada resposta foi dada na quarta-feira, quando o Comitê de Política Monetária (Copom), de maneira quase envergonhada, elevou de 7,25% para 7,5% a taxa básica de juros da economia. O tímido aumento foi acompanhado de uma promessa de "cautela" nos próximos passos.
A timidez transparece também no comunicado emitido pelo Copom. A nota menciona a inflação elevada, a disseminação dos aumentos e a resistência da inflação, fatos bem conhecidos e apontados muitas vezes, desde o ano passado, por analistas do mercado financeiro e de instituições independentes. O documento sugere a possibilidade de novas altas de juros, mas com uma ressalva: "Incertezas internas e, principalmente, externas cercam o cenário prospectivo para a inflação" e recomendam cautela na política monetária.
A ressalva, um tanto cabalística, é menos misteriosa e mais preocupante do que pode parecer à primeira vista. O pessoal do BC continua argumentando como se os grandes problemas internos, como a persistente alta de preços e o fiasco do crescimento, fossem determinados principalmente, ou em grande parte, pelas condições externas. Essa alegação foi usada em agosto de 2011, quando o Copom iniciou a redução dos juros. A recessão internacional, segundo se explicou na época, derrubaria as cotações dos alimentos e de outros produtos básicos e isso ajudaria a frear a inflação no Brasil.
A previsão foi errada, como se verificou em 2012, e o erro decorreu principalmente de um diagnóstico falho. Ao contrário da tese oficial, a inflação brasileira, claramente vinculada a fatores como o gasto público excessivo e a rápida expansão do crédito, é um produto essencialmente nacional, assim como a estagnação do PIB. Basta olhar a evolução de outros países emergentes e em desenvolvimento para ver como é falso o discurso repetido em Brasília. Pode-se crescer muito mais, com inflação bem menor, apesar do ambiente externo desfavorável. Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai e Peru comprovam essa possibilidade.
O erro maior e mais sério, no entanto, resulta de uma espécie de vesguice mental. A presidente Dilma Rousseff insiste em proclamar a redução dos juros como grande realização de seu governo. Se novos aumentos forem necessários, diz a presidente, a taxa ainda será menor do que a vigente em outros tempos.
Há dois equívocos nesse palavrório. De fato, os instrumentos de política monetária tornaram-se mais eficazes, mas isso é consequência da integração financeira. Há dez anos o crédito correspondia a 25% do PIB. Essa relação dobrou. Qualquer medida - alta dos juros ou aperto do crédito, por exemplo - pode produzir mais efeitos do que há alguns anos. É uma tolice atribuir essa mudança ao voluntarismo da presidente da República. Mas instrumentos mais eficazes só funcionam se forem usados, e o BC, obediente à Presidência, demorou muito a agir.
Além disso, a presidente Dilma Rousseff, aplaudida por uma parte do empresariado, agiu sempre como se o grande problema do Brasil, no setor monetário, fosse a persistência de juros mais altos que os de outros países. Essa tese desvia a atenção do problema central. Juros altos podem ser ruins, mas a questão realmente grave é a persistência de uma inflação endêmica e bem maior que a de quase todos os participantes do comércio global. Em outros países, surtos inflacionários são combatidos com rapidez e determinação. No Brasil, a própria meta de inflação, de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos porcentuais, já revela uma perniciosa tolerância inflacionária. Como o governo gasta demais e ainda transforma em farsa o compromisso com a meta fiscal, sobra a política monetária como arma contra a alta de preços. E mesmo essa arma o BC, submisso à desorientação do Palácio do Planalto, deixou de usar por quase dois anos
Chefe da quadrilha quer continuar chefiando a quadrilha (dinheiro ele tem...)
COLUNA ESPLANADA
Dirceu inicia maratona de luxo para se defender
Condenado como operador do mensalão, ex-ministro do governo Lula começou um roteiro que o levará para quatro capitais para defender-se da condenação
por Leandro Mazzini
Apesar de não ter mais poder, o ex-ministro José Dirceu mostra que tem muito dinheiro. Ele começou na quinta-feira um roteiro que até segunda passará por quatro capitais: Teresina, Macapá, Belém e São Luís, segundo relatou a amigos. E só ficará em
hotéis cinco estrelas – em Teresina, hospedou-se no Petropolitan. Dirceu viaja em jatinho fretado da Flex Aero em Jundiaí, um Citation Mustang para quatro lugares, que diz ser bancado por ele. Cada trecho não sai por menos de R$ 30 mil. Só de frete, gastará cerca de R$ 150 mil.
Rumo à OEA
Em Teresina, Dirceu revelou que recorrerá às cortes internacionais para tentar anular sua condenação. E que vai usar as viagens a convite do PT para defender Lula e Dilma.
Cofrinho pra quê?
Dirceu foi condenado a 10 anos e 10 meses e a pagar multa de R$ 676 mil à Justiça. Pelo visto, a militância perde tempo em jantares para arrecadar fundos que o ajudem.
Defesa paralela
Em sua defesa, o ex-ministro se diz injustiçado, que o Mensalão é uma farsa e carrega um livro em que detona a tese dos ministros do STF que o condenaram.
Drible
Dirceu chega amanhã à noite em São Luís. Contam no Palácio dos Leões que, para driblá-lo, a governadora Roseana Sarney deixará o vice petista no cargo para recebê-lo.
Amante do presidente tinha vida de rainha... (Veja, O Globo)
A revista em questão é conhecida pelas suas matérias investigativas. Mas quando chegam os materiais na redação, parece que se tomam de pruridos e evitam chamar as coisas pelo nome.Por exemplo, por que "influência que desfrutava com o ex-presidente Lula"???
Por que não chamar as coisas pelo nome: a amante do presidente desfrutava de vantagens indevidas?
Simples assim, não é?
Paulo Roberto de Almeida
Veja revela os detalhes da sindicância que foi
mantida em segredo pelo governo porque poderia criar "instabilidade
institucional". Ela mostra como a ex-secretária Rosemary Noronha se
aproveitou da intimidade com o ex-presidente Lula para
ganhar dinheiro, traficar poder e viver como uma soberana
Robson Bonin
Construído no centro da Piazza Navona, um dos
endereços mais cobiçados de Roma. o Palazzo Pamphili é uma preciosidade
arquitetônica entre os edifícios que abrigam a embaixada brasileira nas
capitais do mundo. O prédio, erguido no século
XVII, tem salões, quartos e pátios adornados com quadros, esculturas e
afrescos barrocos de alta qualidade artística. São poucos os
privilegiados que conhecem suas dependências mais íntimas. Estão nessa
lista presidentes e ex-presidentes da República e personalidades
estrangeiras convidadas, entre elas a princesa Diana da Inglaterra. Tão
luxuoso quanto restrito, sabe-se agora, o palácio frequentado pela
realeza e por chefes de estado também abriu seus a aposentos reservados
para uma funcionária pública, Rosemary Noronha,
ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, que
protagonizou recentemente um dos mais rumorosos casos de promiscuidade
entre os interesses públicos e privados. Veja teve acesso a documentos
oficiais que registram esse e outros capítulos
inéditos da história envolvendo a mulher que, por anos, conduziu uma
repartição pública como se fosse um pequeno reino - o reino de Rose.
Durante dois meses, uma comissão especial do
governo colheu depoimentos de funcionários, vasculhou mensagens
eletrônicas, registros de agenda e listas de visitantes para tentar
reconstituir, ao menos em parte, a rotina no gabinete da Presidência
da República em São Paulo entre 2009 e 2012. No ano passado, a Polícia
Federal descobriu que Rosemary Noronha usava a influência e a intimidade
que desfrutava com o ex-presidente Lula para se locupletar do poder.
Ela patrocinou lobbies, agendou encontros com
autoridades e ajudou uma quadrilha que vendia pareceres a empresários.
Em troca, recebia vantagens e remuneração em dólar, euro, real e até em
won, a moeda coreana. Exonerada do cargo e indiciada por formação de
quadrilha, tráfico de influência e corrupção
passiva, Rosemary foi alvo de uma sindicância conduzida por técnicos da
Presidência. O relatório final da investigação, mantido em segredo por
determinação expressa do próprio governo, é a síntese do que para alguns
é a norma fria do serviço público em Brasília,
uma grande loja de facilidades.
O resultado da investigação é um manual de como
proceder para fraudar e trapacear no comando de um cargo público quando
seu ocupante priva da intimidade do presidente da República. Sob o
comando da Casa Civil da Presidência, os técnicos
rastrearam anormalidades na evolução patrimonial de Rosemary Noronha e
recomendaram que ela seja investigada por suspeita de enriquecimento
ilícito. Um processo administrativo já foi aberto na Controladoria-Geral
da União. Ex-bancária, Rose, como é chamada
pelos mais íntimos, foi uma destacada militante do movimento sindical
no início da década de 90. Era admirada na categoria pelos belos cabelos
longos e por outras peculiaridades do seu biotipo. Seus talentos foram
logo notados pelos figurões do PT. O então
deputado José Dirceu. de quem se tornou muito amiga, contratou-a como
secretária de gabinete. Logo depois, promovida, Rose passou a organizar a
agenda do candidato Lula, cuidar das suas contas, anotar seus recados,
enfim, gerenciar o cotidiano do futuro presidente.
E fazia isso com muita competência, segundo pessoas próximas. No
governo petista, ela continuou cuidando do dia a dia do presidente,
principalmente quando havia viagens internacionais. Por determinação do
cerimonial do Palácio do Planalto, era autorizada a
se engajar na comitiva sempre que Marisa, a esposa de Lula, não podia
acompanhar o marido. Sem uma função definida, Rose ficava hospedada no
mesmo hotel do presidente, de prontidão para ser acionada em caso de
necessidade. A extrema proximidade com o presidente
provocou ciúme e desentendimentos. Em 2007, ela deixou o cargo de
assessora especial de Lula e assumiu a chefia do escritório da
Presidência da República em São Paulo. Àquela época, a corte já sabia:
falar com Rose era o atalho mais rápido para se comunicar
com o presidente.
A sindicância destoa da tradição dos governos
petistas de amenizar os pecados de companheiros pilhados em falcatruas.
Dedicado exclusivamente aos feitos da poderosa chefe de gabinete, o
calhamaço de 120 páginas produzido pela sindicância
é severo com a ex-secretária. Mostra que Rosemary encontrou diferentes
formas de desvirtuar as funções do cargo. Ela pedia favores ao "PR" -
como costumava se referir a Lula em suas mensagens - com frequência. Era
grosseira e arrogante com seus subalternos.
Ao mesmo tempo, servia com presteza aos poderosos, sempre interessada
em obter vantagens pessoais - um fim de semana em um resort ou um
cruzeiro de navio, por exemplo. Rosemary adorava mordomias. Usava o
carro oficial para ir ao dentista, ao médico, a restaurantes
e para transportar as filhas e amigos. O motorista era seu contínuo de
luxo. Rodava São Paulo a bordo do sedã presidencial entregando cartas e
pacotes, fazendo depósitos bancários e realizando compras. Como uma
rainha impiedosa, ela espezinhava seus subordinados.
Depoimentos de motoristas, secretárias e copeiras
que recebiam ordens da ex-secretária revelam uma rotina de humilhações
públicas. Rosemary gritava e distribuía insultos na frente de visitantes
do gabinete. Um simples cumprimento de boa
tarde dirigido a ela na hora errada poderia resultar em tremenda
grosseria. Certo dia, humilhou uma secretária a tal ponto que o caso foi
parar no hospital. Depois de cair em prantos por ter sido ameaçada de
demissão, a servidora passou mal e precisou ser
socorrida pelos bombeiros do órgão. Ao constatar que a pressão dela
estava muito alta, o bombeiro chamou Rosemary à sala e relatou a
necessidade de levar a servidora imediatamente ao médico. Não havia
ambulância disponível - mas alguém lembrou que o carro
oficial estava na garagem. Rosemary ficou transtornada com a sugestão e
proibiu o motorista de prestar socorro. A funcionária e o bombeiro
acabaram indo de táxi para o hospital. Depois disso, a rainha Rose ainda
proibiu a serva de lhe dirigir a palavra e,
por fim, a demitiu.
Rosemary Noronha se comportava e era tratada como
majestade, independentemente de onde estivesse. Os registros de uma
viagem à Itália em 2010, por exemplo, comprovam que as regalias à sua
disposição extrapolavam as fronteiras. Mensagens
inéditas reunidas no relatório da investigação mostram que a
ex-secretária foi recebida com honras de chefe de estado na embaixada
brasileira em Roma. Todas as facilidades possíveis lhe foram
disponibilizadas. Rose temia ter problemas com a imigração no
desembarque
em Roma. O embaixador José Viegas enviou-lhe uma carta oficial poderia
ser apresentada em de algum imprevisto. Rose conhecia a Itália. O
embaixador colocou o motorista oficial à sua disposição. Rose não tinha
hotel. O embaixador convidou-a a ficar hospedada
no Palazzo Pamphili - e ela não ocuparia um quarto qualquer. Na
mensagem, o embaixador brasileiro saudou a ida de Rose com um
benvenuti!, em seguida desejou-lhe buon viaggio e avisou que ela ficaria
hospedada com o marido no "quarto vermelho". Quarto vermelho?
Como o Itamaraty desconhece esse tipo de
denominação, acredita-se que "quarto vermelho" fosse um código para
identificar os aposentos relacionados ao chefe - assim como normalmente
se diz "telefone vermelho", "botão vermelho", "sala
vermelha"... Independentemente disso, com a ajuda da
Controladoria-Geral da União, a investigação da Casa Civil confirmou que
a ex-chefe de gabinete não estava a trabalho em Roma. Por isso,
considerou que a estada nas dependências diplomáticas configurou mais
um caso de apropriação particular do patrimônio público e recomendou
que o Itamaraty apurasse o episódio. Indagado, o embaixador José
Viegas, que deixou o posto em 2012, disse que não podia "discriminar
quem chega com dinheiro público ou privado" à
embaixada. Em tese. portanto, qualquer mortal de passagem por Roma está
autorizado a pernoitar uns dias na embaixada. Sobre o tal "quarto
vermelho", garantiu que se trata de um cômodo secundário.
Tanto nessa passagem pela embaixada brasileira em
Roma quanto nos desmandos e abusos cometidos no gabinete de São Paulo, a
fonte de poder de Rosemary sempre foi a mesma: a relação de intimidade
com o ex-presidente Lula. Por força dessa
proximidade, ela passava boa parte do tempo recebendo gente importante
preocupada em bajulá-la. Um rosário de empresários que apostavam no
prestígio dela para conseguir reuniões com servidores inacessíveis do
governo, intermediar contratos milionários em órgãos
públicos e abrir caminho para nomeações em cargos de alto escalão.
Diariamente, por telefone ou e-mail, dirigentes da Caixa Econômica
Federal, do Banco do Brasil e da Petrobras, para citar alguns exemplos,
recebiam pleitos de Rosemary. Na maioria das vezes,
os pedidos eram mequetrefes, como ingressos para shows e eventos
culturais. Mas, em outras oportunidades, os contatos envolviam cifras
milionárias. As mensagens interceptadas revelam a falta de cerimônia com
que ela misturava interesses públicos com privados,
chegando até a falsificar diplomas para ela e o marido. Por ser tão
próxima de Lula - seu único fiador no cargo -, Rosemary articulava
nomeações nas mais variadas áreas do governo. De vagas em agências
reguladoras a tribunais superiores, os candidatos constantemente
recorriam a sua influência. Uma troca de mensagens apreendidas mostra
que Francis Bicca, então assessor de Dias Toffoli na Advocacia-Geral da
União, procurou os serviços de Rose para tentar emplacar o irmão em uma
cadeira do Superior Tribunal Militar. Rosemary
pergunta: "Quem mais além do Toffoli falou com o PR?". Bicca responde
que "só tem certeza mesmo" da recomendação direta do "ministro José
Dirceu, do Gilberto Carvalho e do Chefe, além dos militares". Rose diz a
Bicca que cumpriu sua missão: "Entreguei ao PR.
conversei e falei dos apoios. Ele levou o currículo e acho que vai dar
tudo certo". Nesse caso, alguma coisa deu errado. Depois de reconstituir
esses episódios da corte de Rosemary, a ministra-chefe da Casa Civil,
Gleisi Hoffmann, determinou a abertura de
processo administrativo. Um detalhe curioso: o relatório final da
sindicância era mantido em segredo porque a comissão avaliou que sua
divulgação poderia causar "instabilidade institucional". A reação de
Rosemary Noronha mostra que realmente há motivos mais
do que concretos para tamanha preocupação.
Veja - A ameaça de Rose
Thiago Prado
Rosemary Noronha está magoada e ameaça um revide em
grande estilo. Sentindo-se desamparada pelos velhos companheiros que
deixaram correr solta a investigação que pode levá-la mais uma vez às
barras da Justiça, agora por enriquecimento ilícito,
a ex-chefe do gabinete presidencial em São Paulo ameaça contar seus
segredos e implicar gente graúda do partido e do governo. Se não for
apenas mais um jogo de chantagem típico dos escândalos do universo
petista, Rose poderá enfim dar uma grande contribuição
ao país. Pelo menos até aqui, a ameaça da amiga dileta de Lula faz-se
acompanhar de lances concretos - tão concretos que têm preocupado
enormemente a cúpula partidária. O mais emblemático deles é a troca da
banca responsável por sua defesa. Rose, que vinha
sendo defendida por advogados ligados ao PT, acaba de contratar um
escritório que durante anos prestou serviços a tucanos. O Medina Osório
Advogados, banca com sede em Porto Alegre e filial no Rio de Janeiro,
trabalhou para o PSDB nacional e foi responsável
pela defesa de tucanos em vários processos, como os enfrentados pela
ex-governadora gaúcha Yeda Crusius.
Os novos advogados foram contratados para
defendê-la no processo administrativo em que ela é acusada de usar e
abusar da estrutura da Presidência da República em benefício próprio -
justamente o motivo da mágoa que Rose guarda de seus antigos
companheiros. Para ela, com esforço, até dá para compreender que a
companheirada não tenha conseguido barrar a Operação Porto Seguro,
investigação da Polícia Federal que apontou suas ligações com uma máfia
especializada em vender pareceres oficiais. O que
ela não engole é que o próprio Palácio do Planalto, numa apuração
administrativa, esteja permitindo que seus podres venham à tona - e,
mais do que isso, que ela possa ser responsabilizada e cobrada
judicialmente por seus malfeitos. Dizendo-se abandonada, ela
já confidenciou a pessoas próximas que está perto de explodir. O que
isso quer dizer? Não se sabe. O fato é que seus advogados anunciaram que
vão arrolar como testemunhas de defesa no processo figuras-chave da
república petista. Na semana passada, ela decidiu
pedir que quatro destacados companheiros sejam ouvidos na investigação
administrativa tocada pelo governo. Gilberto Carvalho, secretário-geral
da Presidência e ex-chefe de gabinete de Lula, e Erenice Guerra,
ex-ministra da Casa Civil e ex-braço-direito da
presidente Dilma, encabeçam a lista. Completam o rol Beto
Vasconcelos, atual número 2 da Casa Civil, e Ricardo Oliveira,
ex-vice-presidente do Banco do Brasil e um assíduo visitante do gabinete
que ela chefiava na Avenida Paulista. São apenas os primeiros
nomes, segundo a estratégia montada pela ex-secretária.
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Rosemary Noronha se hospedou em embaixada em viagem não oficial, diz revista
- O Globo, 20/04/2013
- Relatório de comissão especial da Presidência pede que ex-funcionária seja investigada por suspeita de enriquecimento ilícito
- Advogados negam acusações e pedem a anulação da sindicância, por entender que houve “cerceamento da defesa”
- SÃO PAULO. A ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, usou sua influência para se hospedar na embaixada do Brasil em Roma, na Itália, em viagem não oficial, segundo relatório da comissão especial da Presidência da República obtido pela revista “Veja”.Denunciada no fim do ano passado pelo Ministério Público Federal (MPF) por formação de quadrilha, tráfico de influência e corrupção passiva, Rosemary foi alvo de investigação solicitada pela ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que ao ter acesso ao relatório determinou a instauração de processo administrativo contra a ex-funcionária e recomendou que o Itamaraty apurasse o episódio.Técnicos responsáveis pela produção do documento também recomendaram que Rose seja investigada por suspeita de enriquecimento ilícito, crime que os advogados da ex-servidora, Fábio Medina Osório e Aloísio Zimmer Júnior, negam ter ocorrido. Eles também sustentam que viagens e contatos de sua cliente “tiveram natureza legítima”.E-mails obtidos pela Presidência mostram que Rosemary foi convidada pelo então embaixador do Brasil na Itália, José Viegas, a ficar hospedada no Palazzo Pamphili com o marido, em viagem realizada em 2010.Com ajuda da Controladoria-Geral da União, os técnicos do governo apuraram que a ex-chefe de gabinete não estava a trabalho em Roma, de acordo com o relatório. Por isso, entenderam que a estada nas dependências diplomáticas poderia ser considerado um caso de apropriação particular do patrimônio público e recomendaram ao Itamaraty a apuração do episódio.À revista, o ex-embaixador do Brasil na Itália, José Viegas, disse que não poderia “discriminar quem chega com dinheiro público ou privado” à embaixada.Depoimentos de funcionários, mensagens eletrônicas trocadas por Rose e registros em agendas e livros de visitantes do escritório da Presidência da República em São Paulo trazem indícios de que a funcionária usava a influência e a intimidade que desfrutava com o ex-presidente Lula para obter vantagens indevidas, de acordo com a revista. O relatório também aponta que Rosemary usava o carro oficial da Presidência para compromissos pessoais, como ir ao dentista, médico, levar filhos e amigos a compromissos particulares.Advogados de Rose, Osório e Zimmer conseguiram recentemente a suspensão de depoimentos que seriam coletados no processo, para que tivessem acesso aos autos e colhessem informações “necessárias ao direto de defesa de Rosemary”, informaram ao GLOBO neste sábado. Eles pediram a anulação da sindicância, por entender que houve “cerceamento de defesa” de Rose.— Rosemary não foi ouvida na sindicância, na medida em que camuflaram sua condição de investigada, chamando-a de testemunha e, com isso, negaram acesso aos autos por parte do anterior defensor constituído — afirmaram, mencionando a Súmula 14 do STF, que garante ao advogado ter acesso amplo a elementos de prova documentados em procedimento investigatório e que diga respeito ao exercício do direito de defesa.Os defensores criticaram, ainda, o vazamento “de dentro do próprio do governo federal” de informações que eles consideram “distorcidas para os meios de comunicação social agredirem a imagem de Rosemary”.Investigação realizada pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal, no âmbito da Operação Porto Seguro, mostrou que Rose patrocinou lobbies e ajudou uma quadrilha que vendia pareceres a empresários, em troca de vantagens. De acordo com a PF e o MPF, a ex-funcionária usou sua influência para falsificar um atestado de capacidade técnica para a empresa New Talent, do marido e, com isso, a empresa conseguiu um contrato de R$ 1,1 milhão com uma subsidiária do Banco do Brasil.
Los Hermanos; fazendo seu trabalho habitual...
Argentina e combustíveis derrubam exportações da indústria em 8,2%
Queda é fruto das barreiras comerciais e baixo crescimento da Argentina, do recuo de quase 45% na exportação de combustível e da falta de competitividade da indústria brasileira
19 de abril de 2013 | 21h 55
Luiz Guilherme Gerbelli, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - A exportação de produtos manufaturados caiu 8,2% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2012. O levantamento da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) - com base nos dados do Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e Comércio Exterior - também mostra uma queda de 5,2% no acumulado em 12 meses.
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A venda dos produtos dessa classe está sendo prejudicada pelas barreiras comerciais e baixo crescimento da Argentina, pelo recuo de quase 45% na exportação de combustível e pela já conhecida falta de competitividade da indústria brasileira. A fatia histórica da Argentina na importação de produtos manufaturados brasileiros é de cerca de 20%. No primeiro trimestre, as exportações ao país caíram 10,4%.
O saldo da balança comercial até março está negativo em US$ 5,2 bilhões. No ano, as exportações totais caíram 7,7%, enquanto as importações subiram 6,3%.
"Estamos um pouco mais pessimistas do que nós estávamos no fim de 2012, quando notamos um crescimento para os nossos mercados. Mas, agora, houve uma mudança bastante forte com a queda nos manufaturados", afirma Rodrigo Branco, economista da Funcex.
Parte do resultado ruim da balança também pode ser atribuído ao recuo de 8,4% na venda de produtos básicos, prejudicada pelo atraso do embarque da soja e do milho. O resultado dos produtos básicos deve melhorar conforme a supersafra começar a ser escoada. "Se a soja já tivesse entrado na balança comercial, o déficit atual seria muito pequeno ou não existiria", diz Branco.
A queda na exportação dos produtos manufaturados deve fazer do Brasil um país ainda mais "agrodependente". No acumulado de 12 meses encerrados em março, a exportação de básicos correspondeu a 46,7% de toda a pauta de exportação, enquanto os manufaturados representaram 37,3%. Os semimanufaturados ficaram com 13,8%.
"A nossa balança comercial está cada vez mais dependente do agronegócio. Os produtos agrícolas têm tido uma demanda maior por causa do alto consumo dos países asiáticos", afirma Fabio Martins Faria, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
A última estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prevê a safra de grãos deste ano 12% maior que a do ano passado. Serão 181,3 milhões de toneladas.
Saldo comercial. Essa supersafra, porém, não vai ser suficiente para elevar o superávit comercial do Brasil neste ano. Em 2012, o saldo foi de US$ 19,43 bilhões, o mais baixo em dez anos.
Para este ano, a previsão da Funcex é de um superávit de US$ 13 bilhões. A AEB projeta um saldo positivo de US$ 14,6 bilhões. Este número foi projetado no fim de 2012, mas deve ser revisto no meio do ano.
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