terça-feira, 4 de junho de 2013

O Brasil dos companheiros: o balanco que eles nao gostariam de ver...

Os companheiros comemoraram, recentemente, seus primeiros dez anos de poder, que eles chamam de modelo pós-neoliberal (seja lá o que isso queira dizer).
Parece que antes deles, vivíamos num inferno neoliberal. Você sabia disso leitor?
Pois bem, eles tiveram dez anos para consertar as coisas, e esperam ter mais dez para tentar melhorar o que não conseguiram fazer até agora.
O que eles conseguiram fazer, todos sabemos.
Enfiaram 45 milhões de pessoas (e continuam buscando mais) na dependência do Estado, tornando-os viciados em assistência pública e cobradores ativos de mais favores estatais (que nós, classe média, e os empresários, pagamos).
O que eles não conseguiram fazer, e em certos casos até retrocederam nos indicadores, nós também sabemos, e está registrado em todos os rankings de comparações internacionais sérios.
Retiro do post anterior apenas algumas das vergonhas brasileiras que os companheiros não conseguem resolver:

Doing Business, do Banco Mundial: Brasil está em 130. na lista, atrás de Bangladesh e da Etiópia; no respeito aos contratos está em 116, também se arrasta no lugar 121 para começar um novo negócio (abrir empresas), e ISSO NÃO É NENHUMA SURPRESA, na classificação de n. 156 para PAGAR IMPOSTOS.

Já o relatório sobre competitividade mundial do World Economic Forum coloca o Brasil no lugar 107 para infraestrutura, caindo para o 123 para estradas e no 135 para os portos. 
Na legislação setorial, o panorama continua a ser sombrio: o Brasil fica com o lugar  118 para flexibilidade salarial, no 123 para tarifas aduaneiras, no 129 para corrupção no comércio exterior, e, ISSO TAMPOUCO CONSTITUI SUPRESA, no lugar 132 para matemáticas e ciências, no campo da educação.

Este é o Brasil dos companheiros.
Eles tem algo a dizer sobre isto tudo?
Paulo Roberto de Almeida 

O fim do "modelo economico" brasileiro (The Telegraph): mas houve algum modelo, alguma vez?

Acho que este articulista, do respeitável jornal inglês The Telegraph, se engana conceitualmente.
Desde 2003 o Brasil não tem qualquer modelo, nenhum, necas de pitibiribas, zero...
Os companheiros primeiro adotaram, sem dizer, todos os grandes mecanismos e ferramentas da política econômica anterior, desavergonhadamente (mas acertadamente, graças ao Palocci, é preciso reconhecer). Roubaram o software dos tucanos, como já disse José Carlos Mendonça de Barros, sem pagar royalties, nenhum direito autoral, e isso mesmo acusando uma "herança maldita" que eles mesmos tinham criado com suas receitas esquizofrênicas de política econômica aprovadas no congresso de Olinda (dezembro de 2001) do seu partido companheiro (e felizmente nunca aplicadas inteiramente).
Depois que o companheiro neoliberal se foi, por outras patifarias que tem mais a ver com seus costumes e vícios degradados do que com a política econômica, esta começou a se deteriorar lentamente, sob as mãos e as patas dos novos responsáveis econômicos, keynesianos de botequim e provavelmente nem isso, pois nunca tiveram uma educação econômica razoável, se contentando com o software alheio e o temor de fazer errado.
Como o Brasil surfou na bonança mundial, e chinesa, tudo andou bem durante algum tempo.
Agora os maus tempos chegaram, e junto a consequência de sua inação irracional em preparar o Brasil para esse fim de bonança: os companheiros não sabem o que fazer e ficam improvisando no puxadinho setorial, sem qualquer ação coerente sobre o conjunto ou no contexto adequado. Uma redução de impostos para os amigos da corte aqui, uma proteção tarifária ali, este crédito subsidiado para os nossos amigos, aquela concessão enviesada acolá, enfim, uma panóplia de medidas desconectadas que só poderiam dar no que deu: em nada.
No final de tudo, as empresas ficam onde estavam: sem horizonte seguro para investir, e com a mesma alta carga tributária de sempre, pois os companheiros são incapazes de fazer uma verdadeira reforma fiscal que desonere a produção e estimule o investimento.
Eles simplesmente não conseguem se libertar de seu vício fundamental que é amar o Estado sobre todas as coisas. Vão ficar com um Estado moribundo e nós, trabalhadores e consumidores, no pior dos mundos possíveis.
Paulo Roberto de Almeida

Brazil faces 1970s stagflation as resource boom wilts
The Telegraph,  30 May 2013

Brazil has been forced to tighten monetary policy to curb inflation despite a slump in growth and a manufacturing crisis, raising fears that the country’s economic model is breaking down.

The central bank raised interest rates a half point to 8pc, bucking the worldwide trend towards looser money. The surprise move came hours after the release of data showing growth remained stuck at 1.9pc in the first quarter.
This was far short of expectations for the fifth quarter in a row and dashes hopes of a quick return to pre-crisis growth rates. The country grew just 0.9pc last year, a recession in emerging market terms.
“Brazil is stuck in a 1970s 'stagflation’ trap,” said Lars Christensen from Danske Bank. “It has rising inflation and falling long-term growth. There is obviously a structural problem and it is getting worse.
“The country is a very good illustration of why emerging markets have been doing so badly lately. They are trying to manage their problems by fiddling around with wage and price controls and other half-baked measures to treat the symptoms. There is a whiff of Argentina to this."
The Bovespa index of stocks in Sao Paulo is down by more than a third in dollar terms since early 2010, and has entirely missed the roaring global equity rally over the past year. The real has fallen 8pc since March and has broken out of its trading band.

Finance minister Guido Mantega gave a green light on Thursday to a further slide in the currency, saying the authorities were no longer relying on the exchange rate to check inflation, now almost 7pc.
“The sell-off in the real has been particularly violent,” said Benoit Anne from Societe Generale, calling it a symptom of a broader flight from the developing world as the US Federal Reserve prepares to tighten policy. “We think that there is a powerful shift in the thematic drivers of global emerging markets. This is the end of the bull market. It is an absolute bloodbath for rates [fixed income],” he said.
Aloisio Teles from Nomura said Brazil’s apparent abandonment of the strong real policy risks spinning out of control. “The real is having a very bad hair day,” he said.
Brazil has a war chest of €379bn (£325bn) in foreign reserves, and its public debt is no longer in dollars. It is at little risk of an old-fashioned currency crisis, but faces other deep problems.
The economic boom for much of the past decade was driven by exports of iron ore, grains and other raw materials, mostly to China. The commodity bonanza caused a surge in the real and an erosion of the country’s industrial base, a textbook case of the “resource curse”. Brazil’s car exports have been in freefall. Overall manufacturing output is still 3pc below the pre-Lehman peak, a pattern closer to southern Europe than Asia’s tigers.
A 30pc crash in iron prices this year and the broader commodity slide have choked recovery and left the country with a current account deficit of 3pc of GDP. “This should raise a red flag,” said Marcio Garcia from EconoMonitor, predicting a “melancholic ending” to Brazil’s flagging catch-up drive.
“They enjoyed the party while it lasted but they didn’t do their homework on clearing infrastructure bottlenecks,” said David Rees from Capital Economics.
Brazil languishes at 130 in the World Bank’s rankings for ease of doing business, below Bangladesh and Ethiopia. It is at 116 for enforcing contracts, 121 for starting a business and 156 for paying taxes.
The World Economic Forum ranks Brazil 107 for infrastructure, falling to 123 for roads and 135 for ports. It is 118 for wage flexibility, 123 for tariffs, 129 for customs red-tape and 132 for maths and science education. The overall picture falls far short of what is needed for a country hoping to break out of the “middle income trap”.
The Left-leaning government of Dilma Rousseff has resorted to industrial subsidies and trade barriers to protect jobs, a return to practices that have blighted Latin America for decades. The contrast with Mexico is becoming stark.

Related Articles
22 May 2013
29 May 2013
28 May 2013
23 May 2013
24 May 2013

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Fundamentalismo religioso: uma doenca mental? - Kathleen Taylor

Graças a meu amigo de bons combates e colega de blog de resistência, Orlando Tambosi, tomei conhecimento desse trabalho: também acho que certas crenças fundamentalistas religiosas podem ser assemelhadas a doenças mentais. Quem acha, por exemplo, que se explodir com uma bomba no meio de um mercado, no atrio de uma igreja, no pátio de uma escola representa uma forma qualquer de luta política, e que isso lhe garante de imediato um lugar no paraíso (eventualmente cercado de sete virgens), só pode ser um grande idiota, um débil mental, enfim, um doente profundo, necessitando tratamento imediato.
Os que os instruiram nessa conduta devem partilhar a mesma condição, mas são covardes demais, ou desonestos bastante, para não se explodirem eles mesmos.
Paulo Roberto de Almeida


Orlando Tambosi
É o que sugere uma neurocientista inglesa. Bene, que certas crenças levem à loucura, não parece haver dúvida - a história é farta em exemplos de crimes praticados por fanáticos.

Kathleen Taylor, neurocientista e pesquisadora da Universidade de Oxford, afirma que o fundamentalismo religioso poderá, futuramente, ser tratado como doença mental curável. A declaração foi feita durante uma apresentação sobre a pesquisa do cérebro no Festival literário do País de Gales, na última semana.

Em resposta a uma pergunta sobre o futuro da neurociência, a cientista disse que “uma das surpresas pode ser a de que pessoas com certas crenças podem ser tratadas“. Assim, alguém que se tornou radical em função de alguma ideologia religiosa poderá ser visto como portador de algum distúrbio mental, ao invés de ser encarado como uma pessoa que chegou a isto puramente por livre-arbítrio. 
Ela se refere não só ao islamismo radical, mas àqueles que, por exemplo, acreditam ser aceitável espancar crianças. (Na íntegra, em inglês - danke, Cristiano).

O futuro da industria no Brasil - Edmar Bacha (entrevista) - IstoÉ Dinheiro


"Desvalorizar o real e abrir mais o País dariam um rumo à indústria"
Entrevista: Edmar Bacha
Economista e ex-presidente do BNDES
Por Carla Jimenez
Revista IstoÉ Dinheiro, 2/06/2013

O economista Edmar Bacha, que integrou a equipe criadora do Plano Real em 1994, dirige hoje a Casa das Garças, uma espécie de think tank dedicado ao debate sobre a economia brasileira

O espaço está mais identificado com economistas tucanos, adeptos do neoliberalismo. Mesmo assim, Bacha tem fomentado uma discussão que, segundo ele próprio, deixou alguns amigos neoliberais “de cabelo em pé”. Preocupado com a perda da importância do setor industrial no País, Bacha propõe um projeto ousado, de longo prazo, de trabalhar com um câmbio desvalorizado por um determinado período, para fomentar exportações, ao mesmo tempo que se derrubam as tarifas de importação para ampliar a abertura comercial brasileira. “Mudar a lógica de proteção vai alterar tudo”, afirma Bacha. “A indústria toparia jogar.” Em outras palavras, aumentaria a taxa de investimento e de inovação, necessária para aumentar a produtividade.

DINHEIRO – O sr. tem defendido uma espécie de Plano Real para a indústria a fim de retomar a importância do setor no País. Por onde essa reindustrialização começaria?
EDMAR BACHA – Talvez a palavra mais correta seja reestruturação. Não tenho nenhuma concepção fechada, ou antevisão, de como vamos sair do lado de lá, ou seja, quais serão os setores que encabeçariam essa reindustrialização. A ideia é induzir investimentos a partir do que a indústria já faz hoje, trabalhando com o padrão atual. Trabalhar mudando a lógica de proteção, que vai alterar tudo. O que vai aparecer, não sei exatamente. Mas acredito que serão indústrias com características novas. Primeiro, porque terão de operar com muito mais utilização da tecnologia, pois serão capazes de acessar insumos e bens de capital de última geração mais baratos. Serão empresas que terão escala muito maior, não vão produzir só para 3% do PIB mundial, ou seja, para o mercado brasileiro, mas para 100% do PIB global. Trabalharão com tecnologia, escala e especialização. Não dá para ter só supermercado no Brasil.

DINHEIRO – Um dos pilares da sua proposta é a desvalorização do câmbio, em paralelo à redução do custo das tarifas de importação. Como essa equação funcionaria a favor da indústria?
BACHA – É preciso trabalhar uma proposta integrada. Seria a troca de uma tarifa de importação mais baixa pelo câmbio mais desvalorizado. Dessa forma, a proteção pela tarifa desaparece e, por outro lado, uma tarifa cambial, que é uma medida vertical e serve a todos os setores, beneficiaria as exportações. E aí estou disposto a encarar os meus amigos mais neoliberais que ficam com o cabelo em pé com a minha proposta. O Banco Central teria, nessa transição, uma taxa de referência para compensar essa queda das tarifas e as mudanças nas importações e exportações. Ele trabalharia com uma banda, para modular a maior ou menor oferta de dólares. E, eventualmente, aplicar medidas macroprudenciais. Nesse processo, imagino uma transformação estrutural, de grande monta. Ali na frente, haverá outra indústria.

DINHEIRO – Um câmbio a R$ 2,40, R$ 2,70?
BACHA – Não há um parâmetro específico. Já falei em R$ 2,40, hipoteticamente, mas haveria um valor como referência. O mercado teria de aprender (a encontrar a taxa ideal) a partir da forma com que o governo viesse a intervir. E o BC teria de aprender a trabalhar também dentro desse novo modelo, com o parâmetro das bandas. Ao longo da transição, na medida em que se conclui o processo de eliminar a parafernália do protecionismo, vou alargando os limites até o câmbio flutuar. Outra ponta dessa nova lógica seria investir em novos acordos comerciais. Pois, se vamos abrir o País, é preciso mudar de postura. Vamos voltar à Alca, à Aliança do Pacífico. De modo a assegurarmos uma contrapartida em termos de acesso a novos mercados.

DINHEIRO – Um real desvalorizado não corre o risco de viciar as empresas?
BACHA – Negociações são necessárias, barganhas, para acomodar situações específicas. Durante a implantação do Plano Real, nós fizemos isso. Pedimos aos empresários, em diversas reuniões: “Não aumentem os preços de forma alguma.” É possível fazer as coisas com suavidade. Uma taxa mais vantajosa com a abertura comercial daria um rumo à indústria.
DINHEIRO – Esse modelo ajudaria a aumentar o investimento produtivo da indústria, que anda muito baixo?
BACHA – Suponha que a carga tributária caia de 60% para 40%. Suponha que, em vez de bens de capital, as indústrias possam também importar componentes. Vamos abrir a economia e o câmbio vai se desvalorizar, indo para algo como R$ 2,40. Esse seria o mundo. Eu, que já tenho mercado interno, tenho a oferta de me integrar com o resto. Supondo que a infraestrutura vai finalmente ser resolvida, a indústria toparia jogar. Onde investir? Deixo para o empresário escolher. Claro que é preciso tomar alguns cuidados, olhar com cautela setores mais sensíveis, dar mais prazos para esta ou aquela cadeia.

DINHEIRO – O País tem diversos fatores que desestimulam o investimento, atualmente, como o próprio custo Brasil. Mas a indústria não tem responsabilidade, também, por não fortalecer a oferta, diante de um mercado consumidor aquecido?
BACHA – Com esse câmbio atual e essa tarifa de importação, ouço empresários que dizem preferir não fazer investimentos. Outro ponto: quem entrou atuando dentro dessas regras do jogo, que é para produzir para o mercado interno, deixa as coisas como estão. Por isso, o Brasil vive, hoje, um déficit na balança comercial, a economia não tem produtividade, não vai para lado nenhum. Para exportar produto primário, não precisa inovar. Para o mercado interno, também não. Tudo é protegido. O ambiente econômico não é propício. Numa economia sem rumo, quem vai querer inovar?

DINHEIRO – Pela sua proposta, mudaria a configuração atual do parque industrial?
BACHA – Deixaríamos de importar alguns produtos ou de produzir outros. A indústria poderia se beneficiar da importação de insumos e bens de capital de última geração. Ao contrário da tendência atual de investir na densificação da cadeia. E haveria muito mais concorrência. O mesmo que acontece com a Embraer, um dos poucos exemplos de indústria bem-sucedida, capaz de competir em igualdade de condições com o Exterior.

DINHEIRO – Seria a hora de fazer escolhas?
BACHA – Hoje, o mundo é muito mais globalizado que antes. Muito mais integrado. E tem um personagem chamado China no meio do caminho, que desequilibra o mercado. Mas vai tirar a China do jogo? Não, tem de compatibilizar. Tem um bilhão de pessoas lá e agora temos a Índia, com outro bilhão! Nas décadas de 1970 e 1980, falava-se em substituir importações. Cabia naquela fase, mas não cabe agora. E não se pode repetir a história, já dizia Karl Marx...
DINHEIRO – O sr. tem se posicionado contrário à política de conteúdo nacional do atual governo. Durante o leilão de concessões da Petrobras, no entanto, os lances ofertados superaram o conteúdo mínimo exigido. Os empresários não estão endossando a proposta?
BACHA – Embora tenham ofertado mais que o mínimo, foi menos que a rodada anterior. Antes, as empresas queriam pagar para ver. Conferir se, de fato, a Agência Nacional de Petróleo ia multá-las por não seguir a obrigação. Agora, já estão saindo notícias apontando que a Petrobras vai construir uma sonda no Exterior. Há um ponto cego na questão do conteúdo nacional. Quando o produtor nacional precisa pagar sobrepreço sobre importado e tem uma tarifa estabelecida, de 35%, por exemplo, ele já sabe exatamente quanto tem que pagar a mais para importar: sairão 35% a mais do seu bolso. Quando se trata de conteúdo nacional, não sei quanto estou pagando. Qual grau de ineficiência admito para ter indústria nova? É algo muito restritivo, uma política que força a barra. E torna os custos da Petrobras mais elevados, fazendo com que ela perca valor. Isso é nacionalismo?

DINHEIRO – Mas economistas defendem que há uma curva de aprendizado que fica para o Brasil. O sr. não concorda?
BACHA – Curva de aprendizado era a mesma tese utilizada para a Lei de Informática (de 1984 a 1992, que encarecia os computadores estrangeiros). Nossa experiência não indica nada nesse sentido.

DINHEIRO – O Plano Real só foi possível quando houve consenso nacional, de alto a baixo, de que era necessário debelar a inflação. Uma proposta para a indústria já encontra apoio na sociedade?
BACHA – Deveremos ter consenso sobre um plano para a indústria em menos tempo do que foi necessário na época do Plano Real. Estou surpreso com a repercussão deste debate. A Força Sindical e a União Geral dos Trabalhadores têm citado minhas ideias. A Firjan está fazendo contato, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento In­dus­trial também está interessado. Chegou a hora, a evidência está muito forte de que a economia não vai para lugar nenhum com essa política atual. Ninguém chegou lá sem se integrar com o mundo.

DINHEIRO – Os economistas da Fiesp e da CNI disseram que esse clima de campanha eleitoral antecipada que se instalou no País retarda debates importantes do setor industrial. O sr. concorda?
BACHA - Partilho dessa opinião, é preciso separar uma coisa de outra. Não quero dar contexto partidário ao debate. Se a presidenta Dilma abraçar a ideia, maravilha. Isso é bom para o Brasil. Quem fizer isso vai ficar na história, como ficou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com o Plano Real. Se será ela, eu não sei. O importante é que se dê conta de que proteger o mercado é legítimo no curto prazo, mas não no longo prazo. Hoje há neoliberais e desenvolvimentistas prestando atenção nesse debate. Não interessa quem, o que importa é o que é bom para o País.

Tem o Samba do Perdao, e a Diplomacia do Perdao; o primeira era da dupla Baden Powell-Paulo Cesar Pinheiro; a segunda deve ser dos companheiros


Perdoados
Otávio Cabral
Veja, 2/06/2013

Para atender a potenciais financiadores de campanha, o governo brasileiro perdoa dívida de países chefiados por nababos que enriqueceram à custa do povo


Na comemoração dos cinquenta anos da fundação da União Africana, realizada na semana passada na Etiópia, a presidente Dilma Rousseff deu aos anfitriões um presentão de 840 milhões de dólares. O valor equivale ao total da dívida que doze países do continente haviam contraído com o Brasil e que a partir de agora não terão  mais de se preocupar em pagar. O governo brasileiro os perdoou. Na foto oficial do evento, em que os chefes das nações beneficiadas aparecem sorridentes ao lado da brasileira, estão Teodoro Obiang e Omar al-Bashir. O primeiro é o mais longevo ditador africano. Sua biografia inclui o assassinato de inimigos, entre eles um tio. Ao longo dos 34 anos em que comanda com mão de ferro a miserável Guiné Equatorial, acumulou uma fortuna que inclui uma frota de 32 carros de luxo, entre eles sete Ferrari, cinco Bentley, quatro Rolls-Royce, dois Maserati, dois Lamborghini, dois Maybach, dois Mercedes, dois Porsche, um Aston Martin e um Bugatti. Jamais, porém, seu governo pagou os 12 milhões de dólares que deve ao Brasil. Seu colega Omar al-Bashir — 24 anos de poder, dois mandados internacionais de prisão e 9 bilhões de dólares em paraísos fiscais, segundo um promotor do Tribunal Penal Internacional — acaba de ter perdoada a dívida de 43 milhões de dólares que seu país tinha para com o Brasil. Habituados a enriquecer à custa de suas populações, Obiang e Al-Bashir agora darão prejuízo também ao contribuinte brasileiro.

Foi o pragmatismo eleitoral, mais do que a solidariedade aos povos sofredores, que orientou a decisão da presidente Dilma de perdoar a dívida dos países africanos. A questão é que empreiteiras, mineradoras e produtoras agrícolas brasileiras querem atuar nesses países com financiamento do BNDES (o órgão acaba de aprovar a criação de um escritório de representação na África do Sul). Ocorre que a legislação nacional impede a concessão de benefícios a nações com dívidas atrasadas junto ao Brasil. Ao abrir mão da cobrança dos débitos, medida que ainda precisa ser aprovada pelo Senado, o governo pretende remover essa barreira — e deixar o caminho livre para as empresas amigas.

A empreiteira Camargo Corrêa foi convidada por Obiang a construir uma rede de estradas ligando o litoral ao centro da Guiné Equatorial, obra orçada em 2 bilhões de dólares. Empresas agrícolas como a Amaggi, do senador Blairo Maggi (PR-MT), foram chamadas por Al-Bashir para plantar soja no Sudão, que tem relevo e clima semelhantes aos do cerrado brasileiro. A Camargo Corrêa foi a segunda maior financiadora da campanha de Dilma em 2010, com 7,6 milhões de reais. Entre as empresas de soja, só a Amaggi pingou no cofre da campanha 620 000 reais. A presidente conta com a continuação dessa generosidade no ano que vem, quando disputará a reeleição. A expectativa se justifica pelo tamanho do favor prestado. "O perdão da dívida atendeu a um pedido dos financiadores de campanha", confirma um assessor da presidente. "Como troco, a medida dá prestígio político e diplomático ao Brasil na região." Países africanos estão entre os principais eleitores de candidatos brasileiros que chegaram ao comando de organismos internacionais, como José Graziano na FAO (agência de alimentação da ONU)l e Roberto Azevêdo na Organização Mundial do Comércio.

As dívidas perdoadas foram constituídas nos anos 1970 e 1980, quando diversos países africanos deixaram de honrar negócios com estatais e empresas privadas brasileiras. As transações eram garantidas pelo Instituto de Resseguros Brasil, que foi extinto. Os valores, então, passaram a ser devidos ao Tesouro Nacional. O Brasil, alegando ter pouca chance de receber aquilo a que tinha direito, aderiu há dois anos a um projeto da ONU, FMI e Banco Mundial destinado a beneficiar países insolventes. "O valor do qual o Brasil abriu mão não é alto, mas o gesto manterá aberto todo o mercado africano, onde a balança comercial pende para nós", defende o ex-embaixador do Brasil em Washington Roberto Abdenur.

Se são bons para o governo, o PT e seus financiadores de campanha, negócios como esses já se revelaram péssimos para os contribuintes brasileiros. Em 1981, a empreiteira Mendes Júnior foi contratada pelo governo do Iraque para construir uma estrada de seis pistas e 128 quilômetros, por 333 milhões de dólares. Assim como faz agora na África, o governo brasileiro foi o fiador do negócio para manter abertos o mercado iraquiano e o acesso a seu petróleo — o Banco do Brasil abriu linhas de crédito de 209 milhões de dólares à Mendes Júnior. Com o início da guerra entre Irã e Iraque, a inflação no país disparou, os custos com logística aumentaram e a empreiteira tomou um calote do governo que foi de Saddam Hussein. Para receber o dinheiro, acionou, claro, o governo brasileiro. O processo se arrasta há anos e já está avaliado em mais de 10 bilhões de reais.

A aproximação do Brasil com os países africanos foi iniciada no governo Lula com o objetivo de melhorar a balança comercial e aumentar a relevância do país no exterior. Para Lula, o totalitarismo de governantes nunca foi um problema — o ex-presidente chegou a dizer que queria aprender com o ditador do Gabão "como ficar 37 anos no poder". Até a semana passada, a estratégia tinha produzido mais ganhos para o governo e o PT do que para o país. Agora, o rol dos beneficiados inclui também alguns tiranos. A frota de Obiang em breve deverá crescer. (com reportagem de Julia Carvalho e Adriano Ceolin)

Aos que acreditam na divisao centro-periferia e na perversidade do centro contra a periferia: coloquio economia-mundo...

Tem crenças para todos os os gostos. Tem gente, por exemplo, que acha que os movimentos de protesto na Europa, o Occupy Wall Street nos EUA e a tal de primavera árabe (que já fenesceu faz muito tempo) fazem parte de um grande processo de desconcentração mundial, capaz de abalar os alicerces da hegemonia dos países centrais na economia-mundo, assim designada por um fiat de Wallerstein e outros, que se encantam ao descobrir a pólvora do academismo ingênuo.
Enfim, sempre é uma oportunidade para gente inteligente oferecer suas contribuições idem...
Paulo Roberto de Almeida


CHAMADA DE TRABALHOS
VII COLÓQUIO BRASILEIRO EM ECONOMIA POLÍTICA DOS SISTEMAS-MUNDO
Florianópolis, 26 e 27 de Agosto de 2013
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil.
DESIGUALDADES INTERNACIONAIS NA ATUAL CRISE SISTÊMICA

A crise do capitalismo mundial deflagrada em 2008 intensificou o debate sobre as desigualdades (econômicas, políticas, científico-tecnológicas, etc.) entre os estados nacionais que formam o sistema interestatal. A persistência da recessão nos países do Norte e do crescimento nos países emergentes nos leva a vislumbrar um cenário de maior equidade entre países. A presente revolução mundial - representada na consolidação dos governos de centro-esquerda na América Latina, no movimento Occupy Wall Street, na Primavera Árabe, dentre outros eventos - reforça as possibilidades de um sistema-mundo socialmente mais inclusivo. Por outro lado, atores governamentais e empresariais de países centrais reagem no sentido de conservar as hierarquias globais de riqueza e poder prevalecentes até então. União Européia, Estados Unidos e Japão são acusados de alimentar uma “guerra cambial” em detrimento dos países emergentes, de bloquear reformas na governança das instituições multilaterais, e de promover novos tratados internacionais - como a Trans-Pacific Partnership - que privilegiam seus interesses.

Em sua sétima edição, o Colóquio Brasileiro em Economia Política dos Sistemas-Mundo (EPSM) convida pesquisadores que utilizam a EPSM a investigar e discutir as forças atualmente em operação que reproduzem ou desafiam a estratificação do sistema-mundo capitalista em centro-periferia.

Como sempre, também são bem-vindos trabalhos sobre outros temas e épocas do moderno sistema mundial, que utilizem a EPSM como principal orientação teórico-metodológica.
Sub-temas sugeridos:
- A obsolescência das organizações internacionais construídas sob a hegemonia norteamericana;
- As relações sul-sul: sua trajetória, possibilidades, limites e contradições;
- O neo-desenvolvimentismo latino-americano;
- Os movimentos anti-sistêmicos no pós-crise;
- BRICS;
- A ascensão da China e os países em desenvolvimento: competição ou cooperação?
- A relação entre as desigualdades intra-nacionais e as desigualdades internacionais.
Instruções para submissão de trabalhos:
Nesta edição do colóquio, apenas trabalhos completos poderão ser submetidos.
Especificação da formatação: arquivo MS Word ou PDF, máximo de 30 páginas, espaço 1,5 e
tipo Times New Roman 12
Data limite para envio: 16/06/2013
E-mail para submissão: hpgpepsm@cse.ufsc.br
Mais informações: Chamada de Trabalhos VII Coloquio EPSM.PDF
Divulgação dos trabalhos aceitos na página do GPEPSM (www.gpepsm.ufsc.br): até
01/07/2013.
Comissão científica:
Pedro Antonio Vieira
Felipe Amin Filomeno
Marcelo Arend
Antronio Brussi
Comissão organizadora:
Pedro Antonio Vieira (coordenador)
Felipe Amin Filomeno
Helton Ricardo Ouriques
Luiz Mateus da Silva Ferreira

Ops: crise de transacoes correntes arrisca vir antes da crise fiscal: deficit comercial aumenta...

Os companheiros devem andar preocupados: já não bastasse o baixo crescimento, já não bastasse a alta inflação, já não bastasse a deterioração das contas públicas, que ameaça virar crise fiscal, vem essa agora: aumento do déficit comercial, o que pode precipitar uma crise de transações correntes antes do tempo.
Sorte deles que o neoliberalismo do ancien régime tucanês adotou a tal de flutuação cambial, em lugar das desvalorizações constantes, que os companheiros achavam o ideal (certamente para deixar mais pobres os simples companheiros trabalhadores, e contentar os burgueses da proteção, que são os que lhes pagam as prebendas e extorsões livremente consentidas). Sorte deles, pois dá para acomodar quedas na cotação sem ameaça grave, pois havendo desvalorização (como houve no começo do regime), as contas tendem a se ajustar.
Mas eles ainda vão passar à História por três feitos gloriosos na economia nacional: inflação sem crescimento (o que contraria os preceitos do keynesianismo de botequim que eles praticam), e perda de competitividade com desvalorização cambial, por excesso de gastos públicos e tributação impiedosa.
Eles são mesmo campeões da incompetência econômica esses companheiros...
Paulo Roberto de Almeida

Comércio Exterior

Déficit comercial é o maior da história: US$ 5,4 bi até maio

Apesar do superávit de 760 milhões de dólares em maio, de janeiro até agora o país registrou déficit de 5,392 bilhões de dólares

Veja.com, 3/06/2013
Contêineres armazenados nos terminais da Santos Brasil, no Porto De Santos
Contêineres armazenados nos terminais da Santos Brasil, no Porto De Santos (Ivan Pacheco)
A balança comercial brasileira registrou superávit de 760 milhões de dólares em maio, valor 74,3% ante igual mês do ano passado, quando atingiu 2,962 bilhões de dólares. Esse é o menor valor para o mês desde 2002. Em abril, o país registrou um déficit de 994 milhões de dólares, o pior resultado para o mês. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Apesar do resultado positivo de maio, o país acumula um déficit de 5,392 bilhões de dólares de janeiro a maio deste ano, o pior déficit para os cinco primeiros meses do ano desde o início da série histórica do Banco Central, em 1959. 
Até o momento, o maior déficit comercial registrado no acumulado dos primeiros cinco meses do ano havia sido de 3,339 bilhões de dólares, em 1995. Em igual período de 2012, por exemplo, o Brasil registrou um superávit comercial de 6,261 bilhões de dólares. “O saldo acelerará e alcançará os 6 bilhões de dólares de superávit ao fim de 2013”, diz Ilan Goldfajn, economista-chefe Itaú Unibanco, em seu relatório sobre o assunto.
De acordo com Raul Velloso, economista especializado em finanças públicas, é comum que ocorram déficits tanto na conta corrente como na balança comercial para países com um baixo nível de poupança. “Países com situação econômica melhor que a do Brasil têm déficit, e isso não os preocupa”, afirma Velloso. No entanto, a fragilidade com que o governo tem tratado a economia nos últimos meses prejudica a divulgação dos dados oficiais – ainda mais quando são negativos. “O governo tem feito muitas intervenções pontuais por meio de uma política econômica errática. O problema é que a gestão da política econômica está sendo mal feita", explica Velloso.
Mês - Em maio, as exportações alcançaram 21,824 bilhões de dólares, com média diária de 1,039 bilhão de dólares, crescimento de 10,8% em relação a abril de 2013. As importações totalizaram 21,064 bilhões de dólares e média diária de 1,003 bilhão de dólares, números recordes para meses de maio. Já no acumulado do ano, as exportações somam 93,291 bilhões de dólares, com média diária de 905 milhões de dólares e queda de 2,8% em relação ao mesmo período de 2012. Em contrapartida, as importações são recordes para o período. Somam 98,683 bilhões dólares e média diária de 958,1 milhões de dólares, alta de 9,8% na comparação com janeiro a maio do ano passado.
Combustíveis — No resultado anual, um dos fatores que mais pesou no déficit foi o aumento das importações de combustíveis e lubrificantes, que teve alta de 25,5% na comparação com igual período de 2012. As importações da Petrobras pesam nesse resultado. A estatal está aumentando suas importações de petróleo porque suas refinarias estão processando um volume maior da commodity do que a empresa consegue produzir.
“As exportações de petróleo devem se acelerar com o fim da manutenção de várias plataformas e consequente alta na produção; o passivo de combustíveis importados em 2012 e registrados este ano finalmente chegou ao fim”, afirma Ilan Goldfajn, do Itaú Unibanco
Nos cinco primeiros meses deste ano, ante igual período do ano passado, as importações em matérias-primas e intermediários tiveram alta de 8,9%; os bens de capital, de 6,5%; e houve ainda aumento de 1,7% de bens de consumo.
(com agência Reuters e Estadão Conteúdo)
===============

Países da América Latina reduzem compras do Brasil

De 2008 para 2011, País perdeu US$ 5,4 bilhões em vendas a países vizinhos, que deram preferência a China, EUA, UE e México

03 de junho de 2013 | 20h 49
Cleide Silva, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Além de importar muito, o Brasil perde exportações para seus tradicionais compradores da América Latina, que nos últimos cinco anos fizeram acordos com diversos blocos econômicos, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia (UE).
De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), desde o início da crise internacional, em 2008, até 2011, o País perdeu US$ 5,4 bilhões em vendas para a Argentina, México, Peru, Colômbia, Chile, Equador, Venezuela, Paraguai e Bolívia. As compras foram direcionadas para China, Estados Unidos, União Europeia e México.
Os acordos que o Chile tem envolvem 62 países, incluindo os 27 da UE. Os da Colômbia envolvem 60 países, os do Peru 52, os do México 50 e os do Brasil, apenas 22, a maioria de pouca expressão comercial, como Israel, Egito, Palestina e a União Aduaneira do Sul da África (Sacu). Os três últimos ainda nem entraram em vigor.
Soraya Rosar, gerente executiva da Unidade de Negociações Internacionais da CNI, afirma que, tradicionalmente, a postura do empresariado brasileiro era mais defensiva, de resguardo ao mercado doméstico para a indústria local. Isso mudou com a perda da competitividade local e com a onda de acordos deflagrados pelos demais países, que colocam o Brasil no isolamento.
"A CNI entende que a perda de competitividade da indústria brasileira e a queda nas exportações de semi e manufaturados sinalizam que o Brasil precisa dar mais atenção às negociações internacionais", diz Soraya. "O País corre o risco de perder mais espaço em seus mercados exportadores se não entrar no jogo mundial e buscar novas parcerias no comércio internacional."
Soraya reconhece, contudo, que acordos comerciais, em si, não resolvem o problema se o País não melhorar sua competitividade.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, também favorável aos acordos internacionais, ressalta que a falta de competitividade e a baixa produtividade da indústria brasileira em geral vão exigir um período de transição para adequação dos setores.
A entidade tem o desafio de exportar 1 milhão de veículos até 2017. Há sete anos, o setor exportou 900 mil veículos, mas, desde então, os números despencaram. Em 2012, foram 442 mil unidades e, neste ano, não devem passar de 420 mil. Segundo Moan, a Anfavea já entregou ao governo suas propostas para a negociação do acordo do Mercosul com a UE e pede que o setor seja tratado como "sensível".
Sem consenso. Apesar do apoio de grandes entidades, a defesa dos acordos comerciais não é consenso em toda a indústria. Uma parte teme a abertura comercial desenfreada, como ocorreu no passado.
"A tarefa é difícil, vai exigir determinação e visão de longo prazo, mas não podemos mais perder tempo, pois nosso atraso é federal", diz Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Ele lembra que as cadeias globais de setores como eletrônico, farmacêutico e tecnologia da informação "nem passaram perto do Brasil".
O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, ressalta que o momento é bastante complicado para as negociações. "O mundo passa por um momento de crise e todos os países querem aumentar suas exportações e diminuir as importações, ou seja, a conta não fecha."
Para o Brasil, que ficou afastado dos grandes acordos, a situação é ainda mais difícil. Segundo Castro, em 2007 o Brasil tinha 20.889 empresas exportadoras. Hoje, são 18.630, ou 2.259 a menos.
Já o número de empresas importadoras aumentou de 28.911 para 42.458, ou 13.547 a mais. Só de janeiro a abril deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, 59 empresas deixaram a lista de exportadoras e 776 entraram na lista de importadoras, informa a AEB.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...