quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Greves no Brasil: dos medicos aos motoristas de onibus - Milton Simon Pires

Todos esses movimentos grevistas se desenvolvendo de modo mais ou menos selvagem no Brasil trazem à lembrança outros tempos: os anos Goulart e a crise permanente, inclusive de falta de autoridade e de descalabro administrativo, nas quais o Brasil vivia. Terminou mal, como sabemos.
Só que, desta vez, não haverá marcha de um milhão de pessoas, de classe média obviamente, contra o governo, em defesa da família, da ordem e da propriedade (todas elas ameaçadas, como hoje, aliás), nem haverá outro golpe militar.
Desta vez, não haverá ruptura da democracia, ainda que a democracia já esteja conspurcada pelo fascismo reinante no Brasil.
Desta vez, a única força organizada no país, e com projeto próprio, e operante, é o partido totalitário.
O Brasil ainda não acordou para a realidade.
Paulo Roberto de Almeida 

CHAMEM OS MOTORISTAS CUBANOS PARA PORTO ALEGRE.


Milton Pires

Hoje, dia 29 de janeiro de 2014, a cidade de Porto Alegre amanheceu sem absolutamente nenhum ônibus circulando. Trata-se da mais abrangente greve dos rodoviários de que me recordo aqui na cidade. O impasse provocado pelo ex-petista José Fortunati, agora prefeito, existe pelo fato de que os proprietários das empresas de ônibus querem “atrelar” o aumento dos salários dos trabalhadores ao aumento das tarifas. Astuto, o prefeito sabe da consequência de um aumento para ordem pública aqui em Porto Alegre. Subindo o preço da passagem, a reação dos integrantes do Movimento Passe Livre (MPL) vai ser radical: novos ataques às lojas, bancos, e demais estabelecimentos comerciais...ônibus incendiados, e por aí vai: tudo aquilo que já conhecemos em 2013.
Curioso em tudo isso é o tratamento que a grande imprensa está dando ao tema. Ao contrário da polêmica envolvendo a vinda dos médicos cubanos, quando toda ela ficou contra a classe médica brasileira, agora leio, assisto e escuto gente (de grandes meios de comunicação) que dá razão aos motoristas! Por que, hein? O que diferencia uma questão da outra?
Lendo o que escrevo aqui, tem gente que vai perguntar: Milton, o que “tem a ver” uma coisa com a outra? Motoristas não são médicos, ganham muitíssimo menos! O lucro dos empresários é enorme. Médicos encontram emprego em qualquer lugar; motoristas não!
Ora, não me interessa a diferença que existe entre médicos e motoristas! O importante é que o Poder Público apresenta (e ingressa na justiça contra) os dois serviços – os de saúde e de transporte – como “essenciais à população”. Se são essenciais, se há tanto tempo existe greve de rodoviários no Brasil, por que o tratamento que a imprensa dá aos dois temas é tão diferente?
Em abril de 2003 eu passei por uma das experiências mais vergonhosas de toda minha vida profissional. Decretada uma greve dos médicos municipários de Porto Alegre, a Prefeitura ingressou na justiça e o movimento foi considerado ilegal. Ameaçado com uma enorme multa, no dia 12 de abril de 2003 (ou foi no dia 16? Não me lembro mais..), perante um auditório da Associação Médica do Rio Grande do Sul lotado, o presidente do SIMERS, Paulo de Argollo Mendes, decretou o fim da greve. A partir daquela data, jurei para mim mesmo que nunca mais em toda minha vida eu participaria pessoalmente de qualquer movimento grevista na minha profissão.
Hoje, 29 de janeiro, motoristas de ônibus e cobradores estão mostrando uma coragem milhares de vezes maior do que a dos médicos. Trabalham em verdadeiras carroças...saunas ambulantes aqui da nossa cidade, sem segurança alguma, levando gente como gado para o abate e mantendo intacta uma máfia que controla todo transporte público de um país que deveria ser baseado fundamentalmente em trens e navios. Não tenho dúvida alguma de que os rodoviários tem mais dignidade e coragem do que os médicos brasileiros. Não tenha dúvida de que o prejuízo para população vai ser enorme, mas afirmo com todas as letras que ninguém merece tanto um prejuízo político como esse quanto o prefeito de Porto Alegre. Junto com o nosso secretário municipal da saúde, outro defensor ferrenho do Programa Mais Médicos, ele agora está numa encruzilhada da qual quero ver como vai sair. Enquanto não encontra o caminho, deixo aqui a minha sugestão: Chamem motoristas cubanos para Porto Alegre!

Porto Alegre, 29 de janeiro de 2014

Violencia urbana: as cidades mais violentas da America Latina e doBrasil

15 CIDADES BRASILEIRAS ENTRE AS MAIS VIOLENTAS DO MUNDO!

            
(Revista Forum) De acordo com relatório de ONG mexicana, 41 municípios da América Latina marcam presença no ranking.  Em 2012 eram 14 cidades; no ano de 2013, 15. Em 2014, o relatório anual da ONG mexicana Conselho Cidadão Para a Segurança Pública e Justiça Penal adicionou mais um município brasileiro ao ranking de 50 cidades com maior índice de homicídios do mundo. A maioria das “mais violentas” está no continente americano (46 cidades), e na América Latina, em particular (41). Os países latino-americanos com maior problema de violência são Honduras, Venezuela, Guatemala, El Salvador, México e Brasil.
            
2. Com uma taxa de 187 homicídios a cada 100 mil habitantes, a cidade hondurenha de San Pedro Sula ocupou pelo terceiro ano consecutivo a liderança do ranking. O segundo lugar fica com Caracas, capital da Venezuela, e, em terceiro, Acapulco, no México, com taxas de 134 e 113, respectivamente, a cada 100 mil habitantes. Saíram da lista as seguintes cidades que figuravam na lista de 2012: Brasília e Curitiba, no Brasil; Barranquilla, na Colômbia; Oakland nos EUA e Monterrey no México. Todas estas tiveram taxas inferiores ao 50° colocado, Valencia, na Venezuela.
              
3. As 16 cidades brasileiras que estão na lista são: - Maceió (AL) com 79,8; / - Fortaleza (CE) com 72,8; / - João Pessoa (PB) com 66,9; / - Natal (RN) com 57,62; / - Salvador (BA) com 57,6; / - Vitória (ES) com 57,4; / - São Luís (MA) com 57,0; / - Belém (PA) com 48,2; / - Campina Grande (PB) com 46,0; / - Goiânia (GO) com 44,6; / - Cuiabá (MT) com 44,0; / - Manaus (AM) com 42,5; / - Recife (PE) com 36,8; / - Macapá (AP) com 36,6; / - Belo Horizonte (MG) com 34,7 e - Aracaju (SE) com 33,4.

Argentina: de novo na beira do abismo - Editorial New York Times

More than a decade after it defaulted on its foreign debts, Argentina is again facing a financial crisis caused largely by misguided government policies.

The administration of President Cristina Fernández de Kirchner recently devalued the peso and relaxed some capital controls in an effort to preserve the country’s dwindling foreign reserves. The government is hoping that these steps will ease some of the pressure on the currency, which does not float freely against the dollar. But Argentina needs to do a lot more to address inflation and other underlying economic problems that have led investors and ordinary citizens to bet against the peso.

In the years after its painful default in 2002, which wiped out the savings of millions of people, Argentina enjoyed a fast-growing economy thanks in part to the booming world demand for soybeans and other commodities the country exports. But Mrs. Kirchner squandered the recovery in recent years by increasing spending on wasteful subsidies and financing the government partly by printing pesos. As a result, inflation has shot up; independent economists estimate that consumer prices jumped 28 percent last year. The official inflation rate was only 10.9 percent but few economists or the International Monetary Fund find that data credible.

Mrs. Kirchner has also hurt the economy by picking unnecessary fights with private businesses and investors. In recent years, she nationalizedan oil company, an airline and pension funds. And, in 2011, the country implemented controls on how many pesos its citizens could convert into dollars, which has helped create a thriving black market for currency transactions and undermined public confidence in the government’s economic policies. A recent poll showed that three-quarters of the country said the economy was headed in the wrong direction.

Government officials have begun taking some small steps to correct past mistakes. For example, the economy minister, Axel Kicillof, has been negotiating compensation for the oil company, YPF, that the government seized in 2012. And Argentina will put out a new inflation index next month to convince the I.M.F. to accept its official data again. But Mrs. Kirchner will have to take much bolder steps to repair the damage.

Ortega, o novo Somoza: reeleicoes infinitas (vai dar inveja nos companheiros...)

América Central

Nicarágua aprova reforma que abre caminho para reeleição infinita de Ortega

Maioria governista votou a favor de texto que também amplia os poderes do sandinista

Assembleia Nacional da Nicarágua aprova reeleição infinita

Assembleia Nacional da Nicarágua aprova reeleição infinita (Oswaldo Rivas/Reuters)

A maioria sandinista na Assembleia Nacional da Nicarágua aprovou nesta terça-feira uma reforma constitucional que permite a reeleição infinita, uma ambição do presidente Daniel Ortega, fiel seguidor do manual de instalação de ditaduras de esquerda em países com instituições fracas.

A mudança, que também dá mais poderes ao presidente, foi aprovada em segunda votação – a primeira ocorreu em dezembro – por 64 votos a favor e 25 votos contrários dos deputados de oposição. Os deputados da opositora Bancada Partido Liberal Independente (Bapli) se retiraram do plenário depois da aprovação do texto geral. Desta forma, a votação artigo por artigo só contou com os votos favoráveis dos sandinistas e aliados.

O novo texto permite que o mandatário seja eleito em primeiro turno e com maioria simples de votos e autoriza o chefe de Estado a emitir decretos com força de lei. Uma carta pública assinada por cinco ex-chanceleres do país afirma, segundo o jornal espanhol El País, que a reforma viola acordos internacionais subscritos pela Nicarágua, relacionados ao respeito à democracia representativa, aos direitos humanos, à separação de poderes e à alternância no poder. A carta ressalta que a mudança “debilita ainda mais a institucionalidade democrática da Nicarágua”.

Ricardo Setti: Bolivariano Ortega é acusado pela filha de prisão ilegal e tortura 

Ortega também é chefe da Polícia Nacional e do Exército e seu partido, Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), já controla a maioria dos governos municipais e também o Parlamento, o Poder Judiciário e o Eleitoral. Em novembro de 2011, Ortega foi reeleito depois de usar sua influência sobre a Corte Suprema para um golpe institucional. Um artigo da Constituição que proibia a reeleição foi anulado. Na sequência, o Tribunal Eleitoral o declarou vencedor do pleito com mais de 60% dos votos, em uma disputa infestada por denúncias de irregularidades.

A oposição argumentou que o projeto dá mais poder ao presidente sem que isso se traduza em benefício para os nicaraguenses. “Não precisamos de um Somoza, perdão, um Ortega para sempre”, disse o deputado Alberto Lacaio, em alusão ao ditador Anastásio Somoza. Ortega liderou a Revolução Sandinista, que derrubou a ditadura de Somoza em 1979. Mas sua primeira passagem pela Presidência do país também foi ruinosa. Meses antes de deixar o poder, em 1990, ele comandou a piñata, o saque de bens e propriedades promovido pelos sandinistas. Ele voltou para disputar as eleições em 2006 travestido de democrata, pedindo "perdão pelos erros do passado".

Agora, seus aliados no Parlamento unicameral tentam justificar a nova ditadura que Ortega está tentando implantar no país e que opositores comparam à dinastia que comandou o país por mais de quarenta anos. A mulher de Ortega, Rosario Murillo, é chefe de fato do gabinete de governo e os filhos do casal ocupam postos estratégicos, como a direção de meios de comunicação.

(Com agência EFE)

Os cinco emergentes frageis (Brasil incluido) - NYTimes





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Winnowing crops in India. Jayanta Dey/Reuters

The long-running boom in emerging markets came to be identified, if not propped up, by wide acceptance of the term BRICs, shorthand for the fast-growing countries Brazil, Russia, India and China. Recent turmoil in these and similar markets has produced a rival expression: the Fragile Five.
The new name, as coined by a little-known research analyst at Morgan Stanley last summer, identifies Turkey, Brazil, India, South Africa and Indonesia as economies that have become too dependent on skittish foreign investment to finance their growth ambitions.
The term has caught on in large degree because it highlights the strains that occur when countries place too much emphasis on stoking fast rates of economic growth. The new catchphrase also raises pressing questions about not just the BRICs but about emerging markets in general.
The Morgan Stanley report came out in August, when there were reports that the Federal Reserve would soon reduce its bond-buying program. The term that report coined became a quick and easy way for investors to give voice to fears of a broader emerging markets rout, propelled by runs on the Turkish lira, Brazilian real and South African rand.

Emerging Problems


2013
South Africa, Turkey, India, Indonesia and Brazil become
known as the Fragile Five because their economies are
too dependent on foreign investment, which is forecast
to decline this year.
Investment in
emerging markets
$1.2
trillion
Africa and The
Middle East
1.0
1997
2001
Asia
(except China)
After years of steady
growth, the Asian

currency crisis
slows investment in
emerging markets.
The fast-growing
economies of Brazil,
Russia, India and China
attract investors and
become known by the
acronym BRIC.
0.8
Europe
0.6
Latin
America
0.4
0.2
China
0
FORECAST
’90
’95
’00
’05
’10
’14

These fears were realized this week when Turkey, seen by most investors as the most fragile of the Fragile Five, raised interest rates 4.25 percentage points on Tuesday.
The sharper-than-expected increase by the country’s central bank — which previously took a fairly passive approach to defending its currency — was intended to persuade foreign investors, as well as corporate and household savers, to hold on to their lira instead of exchanging them for dollars.
As with other members of the Fragile Five, Turkey relies heavily on fickle short-term investment from foreigners to finance gaping current account deficits — the result of which has been a currency that many investors say is overvalued.
Investment analysts love to come up with catchy names that simplify their views and, ideally, capture the market spirit of the moment. During the early period of the euro crisis, PIGS, unkindly, came to describe Portugal, Ireland, Greece and Spain. And when the focus turned to Greece and its future in the euro zone, Grexit became the term of art.
Not all of them catch on. In September, Deutsche Bank analysts came up with Biits, which covers the same countries as the Fragile Five, but it graced hardly any analysts’ reports.
The countries in the Asian financial crisis of 1997 never got saddled with a nickname. As in that and other emerging market blowups, foreign investors and lenders pulled their money out because of broader concerns about political and economic uncertainty.
And while there have been sharp outflows from Turkey and some of the other members of the Fragile Five, broadly speaking, foreign investors have retreated from the asset class as a whole.
None of which surprises Jim O’Neill, who, as an economist at Goldman Sachs in late 2001, came up with the phrase BRICs as a way to highlight the long-term growth potential of large emerging market economies.


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A miner in Indonesia. Mercury is used to process ore from small-scale mines, which carries risks to the miners and the environment. Yusuf Ahmad/Reuters

“I still believe these are the best investment opportunities in the world,” said Mr. O’Neill, who acknowledges being irritated at having to defend his thesis every time there is an emerging market wobble.
Mr. O’Neill, who recently left Goldman and now works independently, has just come up with yet another, similarly dynamic club. This one, of populous countries with high growth potential, he calls MINTs, for Mexico, Indonesia, Nigeria and Turkey.
When Mr. O’Neill coined the BRICs phrase, foreign capital inflows into emerging markets were about $190 billion a year, according to data from the Institute of International Finance, the trade group for international banks.
His timing could not have been better: The Federal Reserve was moving to a policy of very low interest rates and China’s growth engine was revving up, driving what would become a long-running commodity boom.
Yield-starved investors began pouring into Mr. O’Neill’s markets and their economies. Since 2010, annual net inflows into these markets have averaged a little over $1 trillion a year.
As a result, Mr. O’Neill became quite the global man about town. He has been celebrated by investors and the BRIC nations themselves, which even formed a BRIC-development bank.
All this changed last summer, when the Fed’s announcement that it would eventually reverse its bond-buying program panicked giddy emerging-market investors. Other concerns, like a slowdown of growth in China, political uncertainty in Russia and Turkey and most crucially, vulnerable currencies in Brazil and South Africa, spurred concerns over the possibility of a broader market panic.
So in early August, when James K. Lord, a fairly junior currency analyst at Morgan Stanley sent out a research note warning of the risks within the “fragile five,” the name spread quickly, especially among investors already nervous about their emerging-market holdings.


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Food shopping in São Paulo, Brazil. Nacho Doce/Reuters

Turkey, more than any of the others, has been the primary target. Since May, foreign investors have sold, in net terms, $3.9 billion worth of lira-denominated bonds, according to data from the Institute of International Finance, a substantial amount for such a short period.
Although Mr. O’Neill, while at Goldman, aggressively marketed his BRICs notion, Mr. Lord and his team at Morgan Stanley have been more circumspect, avoiding for the most part public statements in the news media.
In response to questions about his Fragile Five thesis, Mr. Lord, who this year was promoted from vice president to a more senior position, asked that he be quoted playing down his original thesis.
“We have been using the term less and less in our research,” he said, explaining that responses by policy makers in these countries have to some extent addressed the issues he raised.
That is not surprising. Banks are always wary of promoting critical investment calls, especially when important, fee-generating nations like Brazil and Turkey are concerned.
But more skeptical investors remain less inclined to view currency-stabilizing steps taken by Turkey and other Fragile Five members in such a sanguine light.
“People made mistakes investing in these markets just because of the headline G.D.P. and demographics,” said Stephen L. Jen, a former economist for the International Monetary Fund who now manages a hedge fund based in London. Important issues like corruption and governance, not to mention excessive lending in urban areas that favored the political and economic elites, have been ignored, he pointed out.
“Istanbul does not need 100 malls,” he said. “There is a reason these people are poor.”
Mr. Jen did make a stab at crafting his own catchphrase and considered adding Russia to transform the Fragile Five into the Sorry Six, before ditching the notion.
Better to keep it simple, he said, and steer clear of currencies with four letters: the Mexican peso, the South African rand, the Brazilian real and, of course, the Turkish lira.

O Brasil e o PISA: a vergonha da educacao nacional - João Batista Araujo Oliveira

A ponte entre educação e economia

27 de janeiro de 2014 | 2h 06
João Batista Araujo Oliveira* - O Estado de S.Paulo
A última rodada do Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (Pisa), divulgada no final do ano passado, mostra que o Brasil continua firme no ranking entre os países com pior desempenho em educação. E os melhores países continuam os mesmos, com algumas mudanças de posição. As sete primeiras são ocupadas pelos asiáticos. A diferença entre os alunos do país mais bem colocado - China, Xangai - e os do Brasil é de mais de 200 pontos, ou seja, o equivalente a cinco anos escolares. É com países desse naipe educacional que competimos na arena internacional.
É fato que não se podem esperar grandes mudanças a cada aplicação do Pisa. Para isso acontecer teria sido necessário um esforço gigantesco dos brasileiros, o que não ocorreu. O que chama mesmo a atenção, contudo, é o silêncio e o alheamento dos responsáveis pela política econômica e das lideranças empresariais diante da situação educacional do Brasil em relação ao restante do mundo. Afinal, o Pisa é a ponte que liga a educação à economia do conhecimento.
Concebido na virada do século por especialistas reunidos pela Organização de Cooperação para Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Pisa logo se tornou um benchmark, o termômetro da qualidade internacional da educação. A cada ano é maior o número de países que adere a esse teste, aplicado a cada três anos e que é original em várias dimensões.
A característica mais importante do Pisa é a de que a avaliação afere habilidades consideradas essenciais para o sucesso do jovem na escola, no mercado de trabalho e na vida da economia do século 21. O teste está para a sociedade do conhecimento da mesma forma que saber ler e escrever estava para os primórdios da Revolução Industrial. É preciso ressaltar que o Pisa não é um teste escolar, ele mede a capacidade das pessoas de mobilizar conhecimentos das três disciplinas escolares básicas - Linguagem, Matemática e Ciências - para lidarem com informações e problemas do mundo real. É tudo o que um empresário gostaria de saber antes de recrutar um novo funcionário. O Pisa faz isso.
O Pisa também traz outro alerta importante para o setor produtivo: a escola deve preparar o aluno para continuar a estudar e para resolver os problemas concretos do mundo. Mas para isso é preciso existir um ensino rigoroso das disciplinas básicas no ensino fundamental. Profissionalização é assunto para o ensino médio e deve ser realizada em instituições com vocação específica, não relegadas a status inferior em escolas de educação geral.
Os dados colhidos na aplicação dos testes também revelam a importância da disciplina, da pontualidade e do respeito aos professores para o sucesso escolar dos alunos. Crianças que faltam ou se atrasam já na pré-escola se situam entre as de pior desempenho mais tarde. A escola não é fábrica. A educação escolar, contudo, deve ser também educação para a cidadania e para os valores do mundo do trabalho.
Estudos realizados com alunos que fizeram o primeiro teste do Pisa, em 2003, comprovam a sua validade preditiva quanto ao desempenho acadêmico e profissional dos jovens nas economias globalizadas. Não por acaso, em pouco menos de dez anos o Pisa virou uma espada de Dâmocles pairando sobre os países industrializados, levados a ajustar os seus sistemas educativos aos resultados do teste.
Da última rodada do Pisa participaram 65 países. O Brasil ficou entre os seis e/ou os oito piores, dependendo da disciplina considerada - Linguagem, Matemática e Ciências. O mais preocupante é a quantidade de alunos brasileiros abaixo do mínimo, o nível 2 - em Matemática são mais de 67%. Nos países da OCDE, com os quais competimos comercialmente, 23% dos alunos estão abaixo desse nível.
Outro dado que deveria preocupar as elites brasileiras: em média, 12,6% dos alunos dos países da OCDE alcançam o patamar superior da prova. Esse porcentual no Brasil é de apenas 0,8%. Não cuidamos das categorias de base nem do grupo de elite. A média dos alunos de nossas escolas particulares fica a uma boa distância abaixo da dos países mais desenvolvidos. E por aí vai.
O Brasil participa do Pisa desde a primeira rodada e tem mostrado alguns avanços. Mas a maior parte deles não se deve a melhoras na educação, e sim na economia. O melhor desempenho econômico das famílias e a escolaridade dos pais estão entre os fatores que explicam o avanço dos alunos. No País é a economia que melhora a educação, e não vice-versa. Nada que justifique qualquer demonstração de euforia.
O comentário mais interessante sobre os resultados dos Estados Unidos no Pisa de 2012 veio do economista Erik Hanushek, da Universidade Stanford. Disse ele: "Nossa economia ainda continua forte porque temos um bom sistema econômico capaz de superar as deficiências de nosso sistema educativo".
Mudar a educação não é fácil. Se fosse, muitos países teriam um sistema educacional muito melhor. Mas os caminhos para que isso ocorra são conhecidos e são muito diferentes dos que vimos trilhando ou do que está delineado no Plano Nacional da Educação (PNE). Em qualquer país, uma reforma educativa requer o estabelecimento de um consenso e uma mobilização em torno de ideias básicas e cientificamente fundamentadas, como currículo, avaliação, formação e carreira de professores e gestão. Requer foco e capacidade de definir prioridades, sem açodamento. E requer também uma enorme capacidade de implementação adequada, no caso, ao nosso modelo federalista de governo.
Se Erik Hanushek teme que a economia americana não venha a se tornar robusta o suficiente para financiar um sistema educacional que se situe na média do dos países da OCDE, o que diria ele da economia brasileira? Penso que não compartilharia a euforia que o ministro da Educação do Brasil tem demonstrado.
*João Batista Araujo Oliveira é presidente do Instituto Alfa e Beto (IAB).

Jamil Chade: um reporter que reporta... a verdade! Simples, pois nao?

Esse pessoal parece nunca ter ouvido aquele famoso refrão: mentira tem pernas curtas. 
E as pernas do reporter Jamil Chade são longas, muito longas...
Paulo Roberto de Almeida 

Ministra mentiu sobre o jantar da presidente

As incoerências sobre as versões da viagem de Dilma Rousseff para Portugal não são poucas. No sábado, o Estado revelou com exclusividade a parada da presidente por Lisboa. Este repórter apenas publicou a matéria quando Dilma entrou pelo lobby do hotel Ritz. Mas ao contrário do que foi anunciado pelo chanceler Luis Figueiredo, a viagem não foi decidida de última hora. Os hotéis, restaurante e até segurança confirmaram que os planos já estavam preparados há dias.

A própria reportagem do Estado ficou sabendo da viagem com tempo suficiente para sair de Davos, viajar durante três horas de trem até Zurique, comprar uma passagem no aeroporto para Lisboa e voar até a capital portuguesa. E ainda chegar quatro horas antes do avião presidencial.

Mas essa não foi a única contradição da viagem. O Estado solicitou na noite de sábado à ministra Helena Chagas, chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República uma confirmação se Dilma havia saído para jantar. Ela, naquele momento, afirmou que “não sabia” do programa da presidente e confirmou que estava retornando de um jantar com outros ministros.

A ministra disse que verificaria a eventual saída de Dilma e pediria que um assessor avisasse a reportagem caso o jantar tivesse de fato ocorrido. O combinado por Helena Chagas era de que um não contato do Palácio com este reporter significaria que o jantar não tinha ocorrido com a presença de Dilma. Nas horas que se seguiram, não apenas o Palácio não entrou em contato, como outro assessor indicou que a informação da presença de Dilma não era correta.

Mas uma foto publicada no jornal português Expresso deixou a comitiva sem explicações e visivelmente irritada. Na foto, Dilma está saindo do luxuoso restaurante Eleven, acompanhada pelo embaixador do Brasil em Portugal, Mario Vilalva.

A foto ainda mostra a ministra Helena Chagas, que afirmou que não sabia do programa de Dilma, caminhando com a presidente ao deixar o restaurante. Pode-se ver um dos segurança e o próprio embaixador carregando uma sacola com garrafas de vinho.

No domingo, questionada por este repórter sobre a foto em que ela aparece, Helena Chagas apenas disse: “eu não vi a foto”. E emendou: “Não tenho a obrigação de dar a agenda privada da presidenta”.

Um outro funcionário do Planalto sugeriu à reportagem do Estadão de não publicar essas declarações. “Não faça isso. Depois o Palácio vai soltar um desmentido e serão as suas palavras contra as dela”, disse. (Jamil Chade, Estadão).

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...