segunda-feira, 30 de junho de 2014

Chile 14 vs Brasil 0: Copa das liberdades economicas e dos resultados sociais

Na verdade, o resultado final não é 13 a 1, e sim 14 a 0. O único item que aparentemente colocaria o Brasil na frente do Chile, o desemprego menor, de fato é maior, de acordo com as estatísticas amplas do IBGE, e não com a amostra de apenas 8 regiões metropolitanas que resulta nessa taxa mais favorável.
O Brasil perde em todos os capítulos.
Paulo Roberto de Almeida

Longe do gramado, Brasil toma goleada do Chile.
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Na "Copa da Liberdade Econômica", o Brasil patrimonialista de Dilma e Lula perde de 13 a 1 para o Chile, segundo levantamento realizado pelo Instituto Liberal de São Paulo:


Independentemente do resultado dentro dos gramados, fora deles o Chile é talvez o maior exemplo de como o Brasil poderia prosperar se adotasse medidas liberais em sua economia. Partido de indicadores muitos próximos aos brasileiros, o 7° país mais liberal do mundo teve nos últimos 30 anos uma grande melhora em todos os indicadores sociais e econômicos, goleando o Brasil em praticamente todos e atingindo níveis de países do primeiro mundo. Os chilenos vivem mais, têm facilidade muito maior para abrir empresas (11 *minutos* e pela internet), assassinatos são raros, a imprensa é muito mais livre, a corrupção é baixa e o sistema de saúde é muito superior. Tudo isso com baixa inflação e taxa de juros, levando o Chile a ter o maior PIB per capita da América Latina.

Concurso para a carreira diplomatica: perguntas bizarras e arbitrarias

Já tinha postado esta matéria do Correio Braziliense aqui, que volto a transcrever pois o problema permanece atual: a subjetividade de algumas questões colocadas aos candidatos. Eu provavelmente não conseguiria responder nenhuma delas e talvez tivesse sido reprovado.
Paulo Roberto de Almeida

Tradicionalmente um dos mais difíceis do país, o concurso para o Instituto Rio Branco - que forma os diplomatas brasileiros - está especialmente concorrido neste ano.

Cerca de 4.000 inscritos disputam apenas 18 vagas, com salário inicial de R$ 14.290,72. A seleção, que teve a primeira etapa no início de abril, entrou na segunda fase neste sábado e se encerra em 17 de maio.
Candidatos descontentes com os atuais critérios de seleção criaram no Facebook o grupo 'Por um CACD (Concurso de Admissão à Carreira Diplomática) mais objetivo'. Na sexta, o grupo contava 199 membros.
Eles querem que os formuladores da prova comentem os gabaritos e que as questões sejam elaboradas a partir de uma bibliografia, para evitar interpretações divergentes sobre os temas cobrados. Defendem ainda que, se os candidatos tiverem negados pedidos de revisão da prova, os examinadores justifiquem suas decisões.
Uma candidata que concorria ao exame pelo quarto ano seguido e não se classificou para a segunda fase diz ter desistido da carreira porque 'a prova se tornou muito subjetiva'.
Ela afirma ainda que boa parte dos conteúdos cobrados nos últimos concursos dificilmente será aplicada na carreira. A candidata cita a prova de inglês em 2013, em que se exigia a tradução do inglês para o português de um texto que mencionava diversos tipos de sons emitidos por pássaros.
O candidato deveria saber as palavras em português correspondentes aos termos 'cackle', 'croak', 'whistle' e 'squawk' - segundo o dicionário Michaelis, as traduções mais próximas são, respectivamente, 'cacarejar', 'coaxar', 'assobiar' e 'grasnar'.
Também pesaram - em sua decisão de desistir - os gastos que teria com mais um ano de preparação. Hoje, por causa da dificuldade da prova, grande parte dos aprovados no Instituto Rio Branco recorre a cursos preparatórios para o exame.
O curso mais popular, o Clio, cobra cerca de R$ 30 mil por cinco meses de aulas para todas as disciplinas exigidas no exame. A prova requer conhecimentos de geografia, história, português, política internacional, direito, economia, inglês, espanhol e francês.
Alguns candidatos concorrem ao exame quatro ou cinco vezes até serem aprovados. A maioria, porém, desiste de tentar a vaga após alguma reprovação.
O Ministério de Relações Exteriores disse que o rigor da seleção se deve ao grande número de candidatos. Segundo a pasta, outros concursos públicos para carreiras concorridas têm grau de dificuldade equivalente.
O ministério afirmou que a elaboração das provas é responsabilidade do Cespe (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos), da UnB (Universidade de Brasília).
Em nota, o Cespe afirmou que a prova 'é estabelecida com base na complexidade e nas características do cargo público para o qual a seleção está destinada'.
— A explicitação da referida estrutura é feita no edital de abertura do certame, ao qual o candidato adere ao efetuar a sua inscrição. O Cespe/UnB esclarece, ainda, que os editais de abertura de todos os concursos, que contêm as regras que regem os certames, são definidos em comum acordo entre as instituições contratante e contratada.
Menos vagas
Nos últimos anos, outro fator tem desencorajado aspirantes a diplomata. Após contratar cem diplomatas ao ano entre 2006 e 2010, em movimento concomitante à abertura de embaixadas brasileiras no exterior, o Itamaraty vem reduzindo o número de admissões anuais.
O número de postos oferecidos neste ano, 18, é o menor desde que o Instituto Rio Branco passou a registrá-los, em 1996, quando 30 diplomatas foram contratados.
O Itamaraty disse à BBC Brasil que o número de vagas obedece a decisão do Ministério do Planejamento e reflete os esforços de contenção de gastos em todo o governo.
Porém, para Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas, as vagas ofertadas neste ano são insuficientes para atender às necessidades da política externa brasileira.
— O número, que é historicamente baixo, mostra que o governo atual não tem um compromisso muito sério com o projeto da política externa e não se importa muito com questões globais.
Corpos diplomáticos
Segundo Stuenkel, mesmo com a expansão de postos nos anos Lula, o Brasil segue com um dos menores corpos diplomáticos entre todos os países emergentes.
— A decisão de não continuar com a expansão tem consequências importantes, porque o Brasil não terá capacidade de analisar a situação em vários países e dependerá de análises de outros países, feitas conforme interesses diferentes dos seus.
Stuenkel elogia, contudo, o caráter meritocrático da seleção de diplomatas. Segundo ele, "o Itamaraty é o único ministério do governo brasileiro que um novo presidente não consegue encher com seus aliados".
A imunidade do órgão a apadrinhamentos e indicações políticas, diz ele, fez com que os diplomatas ganhassem boa reputação no país.
Por outro lado, afirma Stuenkel, num país desigual como o Brasil, a meritocracia acaba por privilegiar "um grupo bastante elitizado".
— O Itamaraty já mudou bastante, já tem uma composição étnica diferente, diplomatas de origem mais humilde. Mas, como todas as instituições de elite no Brasil, ainda não conseguiu refletir a diversidade da sociedade brasileira.
O Itamaraty diz que tem se esforçado para ampliar a diversidade étnica e social dos seus quadros. Por meio de sua assessoria de imprensa, o órgão citou seu programa de ação afirmativa, iniciado em 2002.
O programa concede bolsas para que candidatos negros se preparem para o concurso para o Instituto Rio Branco. Uma reportagem da BBC Brasil em 2012 revelou, porém, que apenas 2,6% dos candidatos aprovados desde o início do programa eram negros que se beneficiaram das bolsas
O professor Oliver Stuenkel questiona, ainda, o grande peso que se dá ao conhecimento acadêmico na seleção e formação de diplomatas no país.
Segundo ele, o trabalho do diplomata brasileiro se distancia cada vez mais da 'diplomacia clássica' e se aproxima de áreas técnicas do governo, como agricultura e educação.
'Isso requer pessoas com interesses diversificados e que idealmente tenham experiência de trabalho, e não só jovens academicamente brilhantes'.
Já para o diplomata e ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero, o concurso para diplomatas já atrai candidatos com formações e competências variadas.
— Há muita gente brilhante e que se destacou nas várias áreas de que o Itamaraty cuida, como comércio, meio ambiente e direitos humanos.
Ele defende que a formação de diplomatas continue privilegiando uma 'abordagem de cultura humanística geral'.
'Embora tenda a exigir uma especialização, a diplomacia é em grande parte uma atividade política, que exige uma personalidade dotada de cultura ampla para compreender outros povos e mentalidades'.
Quanto à diminuição de vagas nos últimos concursos, Ricupero diz se tratar de processo natural após o forte crescimento do ministério na gestão do então chanceler Celso Amorim (2003-2011).
— O Brasil já tem uma das maiores redes [diplomáticas] do mundo, não dá para continuar expandindo muito mais.

domingo, 29 de junho de 2014

Reflexões ao léu: deformações mentais brasileiras - Paulo Roberto de Almeida

Reflexões ao léu: deformações mentais brasileiras
proibicionismo, iniquidade, obrigatoriedade, inconsciência

Paulo Roberto de Almeida

Por vezes eu me pergunto se o Brasil, ou melhor, se os brasileiros não padecem de certos desvios de comportamento que revelam, no fundo, deformações mentais, não no sentido de doenças congênitas – típicas dos chamados retardados – mas equívocos de compreensão quanto ao funcionamento do mundo, das coisas, das relações de causa a efeito, enfim. Tantos são os exemplos dessas deformações que eu não teria problemas em ordenar toda uma lista dos desvios mais frequentes; de fato acabei colecionando alguns casos recentes que me parecem ilustrativos do argumento defendido neste texto. Alinhei no subtítulo aqueles que me parecem os mais frequentes, e vou aproveitar algumas postagens receitas feitas em meu blog Diplomatizzando para tratar de cada um deles.

1. Proibicionismo
Comecemos por este exemplo típico, aliás já tratado aqui anteriormente pelos mesmos motivos: os corporativos de sempre querem impedir os cidadãos de adotar as medidas que eles julgam mais adequadas para seus deslocamentos diários entre casa e trabalho, querendo obrigá-los a usar os transportes regulamentados, e portanto a pagar transportes coletivos (sempre péssimos, mesmo os metros) ou taxis individuais. A nova notícia é esta aqui: “Carona paga é ilegal, diz agência reguladora sobre app Uber”, já postada sob este link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/06/nosso-fascismo-ordinario-o-estado.html
Como comentei em minha introdução a essa postagem, essas novas formas de transporte “solidário” (na verdade, de fato com pagamento compartilhado) ou baseados em esquemas tipo Uber, são extremamente relevantes em nossas cidades engarrafadas, pois podem justamente desafogá-las de milhares de carros individuais. Provavelmente, as autoridades fascistas, seja porque estão a serviço de concessionários oligopolistas (e geralmente corruptos), seja porque são justamente de mentalidade fascista, querem proibir essas novas formas de transporte e, a pretexto de defender os direitos dos cidadãos, desejam impedir a concorrência aos seus pagadores corruptos habituais, daí a intenção de regulamentar proibindo e, em todo caso, taxar.

2. Iniquidade
Vejam agora esta outra idiotice econômica, que obviamente deve ter sido obtida ao cabo de um poderoso lobby de “cineastas” brasileiros desejosos de consolidar para si um mercado cativo. Já tendo obtido cotas nas salas de cinema nacionais e na programação televisiva, eles avançam agora para a parte mais passiva de todas: alunos do sistema público de ensino, aliás não só publico, mas nacional. Todas as escolas do ciclo fundamental deverão exibir pelo menos duas horas de filmes nacionais por mês. Leiam a matéria nesta postagem que fiz sobre este tema: “As escolas de educação básica terão agora que exibir no mínimo duas horas mensais de filmes de produção nacional”, neste link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/06/deseducacao-brasileira-mais-uma-reserva.html
A medida, como sempre obrigatória, deverá gerar mais receita para os ditos “cineastas”, e mais despesas para o sistema público de ensino e para as escolas privadas. Adivinhe quem vai pagar por tudo isso caro leitor? Sim, acertou: você, e todos os demais brasileiros, mesmo aqueles que não têm nada a ver com tudo isso. Quem vai ganhar? Um punhado de dilapidadores da riqueza alheia, que conspiraram com aquele outro bando de idiotas nacionais, que são os nacionalisteiros, os patrioteiros, os tais defensores da “cultura nacional”, que usarão a lei obrigatória para transferir renda de toda a sociedade para os seus bolsos, sempre com a ajuda dos ingênuos, equivocados, dos idiotas, simplesmente. Depois eles não sabem por que, a despeito de todas as medidas distributivas, a renda no Brasil continua concentrada em favor dos mais ricos (eu diria dos mais espertos). É devido a medidas idiotas como essa que a renda continua concentrada. E os pobres dos alunos vão ter de passar a assistir essas comédias nacionais, semi-eróticas e semi-idiotas...

3. Obrigatoriedade
As suas postagens anteriores ilustram também o terceiro aspecto: o caráter compulsório das medidas adotadas pelo Estado fascista. Não basta ao Estado arvorar-se em regulamentador do que é mais positivo, adequado, útil ou saudável para o cidadão comum; ele também quer proibi-lo de decidir segundo sua própria vontade o que é melhor para ele, seja em matéria de transporte, de educação, de lazer, de qualquer coisa. A mesma obrigatoriedade está presente no decreto bolivariano emitido em 25 de maio pela presidência, ou seja, a consulta à organizações ditas sociais – sob o rótulo enganoso de “participação social” – que toda e qualquer agência pública (o que compreende cada um dos 39 ministérios) deve fazer antes de adotar qualquer medida, qualquer política de âmbito público. Não sem razão, vários observadores já chamaram o famigerado decreto de bolivariano ou de equivalente aos sovietes.
Em diversas outras instâncias, medidas que poderiam até ser adotadas segundo o arbítrio dos cidadãos, ou por decisão de um conselho de pais e mestres, acabam se tornando compulsórias em âmbito nacional. Penso, por exemplo, na introdução de espanhol e de estudos afro-brasileiros no primário, e de sociologia e de filosofia no secundário, duas medidas altamente custosas para toda a população brasileira, sendo que muitas escolas já adotam uma ou outra recomendação a título voluntário.
Esses atos discricionários do Estado custam muito caro aos cidadãos, e são muitas vezes eivados de irregularidades, ilegalidades e até de inconstitucionalidades, como salientado nesta entrevista com o advogado Ives Gandra Martins, também transcrita em meu blog: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/06/o-fascismo-que-chegamos-o-cidadao-so.html.

4. Inconsciência
Todas essas medidas, todas essas arbitrariedades são adotadas seja na total inconsciência dos legisladores, ou então com a sua colaboração ativa e de má-fé; eles atuam, portanto, com total consciência de que estão roubando dinheiro dos cidadãos para entregar recursos a protegidos, a protecionistas, a corruptos. Isso me faz sempre lembrar uma velha distinção que aprendi a fazer, com base em leituras, nos estudos históricos, nas pesquisas sobre as formas de comportamento social existentes nas sociedades anglossaxãs, por um lado e nas sociedades ibéricas, por outro; por facilidade, confrontemos, digamos, a livre iniciativa na América Latina e nos Estados Unidos.
Vivendo nos EUA atualmente, constato como novos negócios são lançados a cada dia, e se transformam em sucessos de público, de consumo, de moda. A própria matéria sobre o Uber ilustra bem esse aspecto: “O Uber, aplicativo americano de “carona” mais popular do mundo, anunciou sua chegada ao Brasil em maio, pouco antes de ser avaliado em 18,2 bilhões de dólares.” Ou seja, um aplicativo em quase nada revolucionário, mas sem dúvida inovador, permite ao cidadão comum dispensar um carro individual, seja para seu uso eventual, seja mesmo para posse como ativo, pois ele pode apelar para um carro tipo taxi a qualquer momento, de qualquer lugar. Esse tipo de facilidade permite, por exemplo, eliminar milhares de carros de cidades já congestionadas. O espírito fascista de nossas autoridades e a reserva de mercado de motoristas de taxi se combinaram para proibir tal prática, pretendendo, no Brasil, que ela não é regulamentada, e portanto estaria proibida. Essa é uma interpretação criativa dos fascistas nacionais, sem dúvida alguma.
Volto à minha distinção, e eis aqui como se distinguem dois modelos sociais.
Tudo o que não estiver expressamente proibido nas sociedades derivadas do velho mundo saxão, das lei costumeiras, está ipso facto permitido à iniciativa dos cidadãos, que assim podem criar um novo negócio, explorá-lo sem qualquer reserva de mercado, e ficarem ricos, com base no sucesso de mercado, ou seja, dependendo do interesse dos consumidores. Por isso mesmo, essas sociedade são ricas, produtivas, inovadoras, numa palavra: livres.
Em contraste, tudo o que não estiver expressamente previsto na lei – e sabemos que a lei tem um longo caminho pela frente – e não for detalhadamente previsto nos regulamentos, tudo aquilo que não for objeto de algum alvará régio, de uma autorização do executivo, de uma lei votada pelo parlamento, estará automaticamente proibido, e os cidadãos que tentarem começar novos negócios, sem a devida autorização das agências públicas, poderão se expor às penas da lei.
É por isso mesmo que nossa sociedade são tão pobres, tão pouco inovadoras, tão constrangidas e oprimidas pelo Estado.
Para mim isso é fascismo.
Ou seja, já vivemos num Estado fascista, mas os brasileiros não têm consciência disso.

É uma pena...
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 29 de junho de 2014



As “descobertas” de Piketty estao invertidas - George Reisman

As “descobertas” de Piketty estão invertidas
Instituto Ludwig Von Mises Brasil, sexta-feira, 27 de junho de 2014

 

Turning_Piketty_capitalismo.jpgThomas Piketty, um professor neomarxista francês, escreveu um livro de quase 700 páginas, publicado pela Harvard University Press.  Seu título é Capital no Século XXI, em homenagem a Das Capital, obra de Karl Marx escrita no século XIX.  Foi recebido com aplausos delirantes da esquerda intelectual e já consta nas listas de mais vendidos do The New York Times e da Amazon.
Embora seu livro seja ostensivamente dedicado ao estudo do capital e de sua taxa de retorno,Piketty aborda o assunto sem aparentemente ter lido uma única página de Ludwig von Mises ou de Eugen von Böhm-Bawerk, os dois principais teóricos deste assunto. Não há uma única referência a qualquer um destes indivíduos em seu livro. Existem, no entanto, setenta referências a Karl Marx.
Em seu livro, Piketty argumenta que a poupança e a acumulação de capital feita pelos capitalistas geram apenas a redução dos salários dos trabalhadores.  Segundo Piketty, o capital acumulado não tem nenhuma ligação com o aumento da produção; o capital acumulado em nada contribui para o aumento da produção.  Tudo o que ele faz é, supostamente, aumentar a fatia da renda nacional que vai para os lucros ao mesmo tempo em que reduz, de maneira equivalente, a fatia que vai para os salários dos trabalhadores.  
Logo, dado que o capital acumulado não gera nenhuma produção adicional, o efeito de uma mudança nestas duas fatias é uma correspondente mudança em termos absolutos — ou seja, um aumento nos lucros reais dos capitalistas e uma diminuição nos salários reais dos trabalhadores.
Para evitar esta infindável e destrutiva acumulação de capital, bem como sua consequente "espiral de desigualdade", Piketty defende um imposto de renda progressivo, cuja alíquota pode chegar a 80% "sobre rendas acima de US$500.000 ou US$1 milhão por ano", acompanhado por um imposto progressivo que incide diretamente sobre o próprio capital acumulado, cuja alíquota pode chegar a 10% ao ano.
As alegações de Piketty sobre as fatias da renda nacional que vão para os salários dos trabalhadores e para os lucros dos capitalistas podem ser refutadas simplesmente ao imaginarmos as consequências de um aumento na poupança e nos investimentos dos capitalistas, e então observarmos as consequências disso, tanto nos salários pagos quanto na quantidade de lucro no sistema econômico.  Será possível observar que os salários pagos necessariamente aumentarão e a quantidade de lucro necessariamente diminuirá, resultados diametralmente opostos às alegações de Piketty.
Assim, suponha que, inicialmente, a quantidade total de lucro no sistema econômico seja de 200 unidades de dinheiro.  Suponha também que o capital acumulado no sistema econômico seja de 2.000 unidades de dinheiro.  Consequentemente, a taxa média inicial de lucro é de 10%.
E, finalmente, suponha que os capitalistas, que até agora vêm consumindo seus 200 de lucro, decidam poupar e investir metade deste lucro de 200.  Eles, portanto, passam a fazer agora um gasto adicional com bens capitais e com mão-de-obra no valor de 100.
Muito bem.  Qualquer fatia destes 100 que seja usada para pagamentos de salários irá necessariamenteaumentar o total de salários pagos no sistema econômico.  Ao mesmo tempo, o gasto adicional de 100 com bens capitais e com mão-de-obra representa um acréscimo de 100 aos custos agregados do sistema produtivo, custos esses que, por uma mera questão de contabilidade, terão de ser deduzidos das receitas, desta forma reduzindode maneira equivalente os lucros agregados.
Esse aumento nos custos pode ocorrer imediatamente ou ao longo de muitos anos, dependendo de em quê estes 100 serão gastos.  Em um extremo, se eles forem gastos inteiramente com itens que não representam investimentos — como, por exemplo, despesas administrativas —, eles aparecerão nos balancetes imediatamente como custos adicionais.  
Em outro extremo, se eles forem gastos inteiramente em investimentos em bens de capital — como, por exemplo, a construção de fábricas ou de instalações (ativos) cuja vida depreciável seja de quarenta anos —, eles levarão quarenta anos para ser computados integralmente como custos adicionais equivalentes de produção.
De uma maneira ou de outra, estes 100 aparecerão como custos adicionais equivalentes e, portanto, reduzirãode maneira equivalente a quantidade de lucro no sistema econômico.
Isso é regra contábil pura, algo que aparentemente o professor desconhece.
Assim, as tão reverenciadas "descobertas" de Piketty estão, na realidade, invertidas. A poupança e os investimentos dos capitalistas — que aumentam a proporção entre capital acumulado e renda — aumentam a fatia da renda nacional que vai para os salários dos trabalhadores e diminui a fatia que vai para os lucros.
No que mais, essa maior oferta de bens de capital — resultante de uma maior acumulação de capital, possibilitada por mais poupança e mais investimentos — faz aumentar a produtividade da mão-de-obra eaumentar o total de bens e serviços que podem ser produzidos, incluindo uma oferta ainda maior de bens de capital.
Por outro lado, a tributação desta poupança e deste capital acumulado — que é o que defende Piketty — irá gerar efeitos exatamente opostos: menos investimentos, menos salários, menos produção, mais escassez de bens e serviços, mais carestia.
O programa de Piketty é um programa de total destruição econômica, bem ao gosto de seu mentor do século XIX. O mundo e, acima de tudo, os assalariados do mundo necessitam é da abolição de impostos e de regulamentações que obstruem o acúmulo de capital e o aumento da produção.  
As bases sólidas para um aumento no padrão de vida geral e, mais especificamente, nos salários reais são a acumulação de capital e o aumento da produção, e não o igualitarismo e suas teorias e programas insensatos (quando não homicidas).  Tributação e confisco de renda geram apenas prolongamento da escassez, sendo positivos apenas para os burocratas que comandam esse confisco.
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Leia todos os nossos artigos sobre Piketty
George Reisman é Ph.D e autor de Capitalism: A Treatise on Economics. (Uma réplica em PDF do livro completo pode ser baixada para o disco rígido do leitor se ele simplesmente clicar no título do livro e salvar o arquivo). Ele é professor emérito da economia da Pepperdine University. Seu website: www.capitalism.net. Seu blog georgereismansblog.blogspot.com.

Deseducacao Brasileira: mais uma reserva de mercado idiota

Tudo no Brasil é compulsório. Nada é deixado ao livre arbítrio dos cidadãos.  Gastos inúteis são feitos para dar reserva de mercado a poucos privilegiados. Com isso vem a concentração de renda. Bando de idiotas!
Paulo Roberto de Almeida

Lei obriga escolas brasileiras a exibirem filmes nacionais

UOL, em São Paulo


As escolas de educação básica terão agora que exibir no mínimo duas horas mensais de filmes de produção nacional.
A alteração na Lei 9.394 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional foi publicada noDiário Oficial da União desta sexta-feira (27).
A exibição dos filmes constituirá componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica das escolas.

Itamaraty: invadido por hackers porque amputado? - Claudio Humberto

Não é verdade. O Itamaraty teria sido hackeado mesmo com um orçamento dez vezes maior. As pessoas sempre querem um bode expiatório para a sua própria inépcia. 
Mas é verdade que os cortes foram amplos e irresponsáveis. O Estado dá calote no Brasil. Mas no exterior é complicado... Fica-se com fama de Argentina, a qual aliás continuamos a apoiar em todas as suas loucuras. 
Paulo Roberto de Almeida 

  • 29 de junho de 2014

    A vulnerabilidade do Ministério das Relações Exteriores, que permitiu recente invasão de hackers, destruiu a confiança nas comunicações da Casa. O problema decorre da falta de investimentos e dos constantes cortes de recursos ordenados pela presidenta Dilma. Embaixadas e consulados agora preferem trocar informações de Estado, reservadas, por meio de Gmail, Hotmail ou Yahoo, que acham mais confiáveis.

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  • Dilma materializa seu pouco-caso por diplomatas cortando-lhes as verbas, como se pretendesse matar o Itamaraty de inanição.

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  • Diplomatas morrem de medo de retaliações, e tratam os números da pindaíba, na área de tecnologia, como “segredo de Estado”.

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  • O Itamaraty avisou que só forçado pela Lei de Acesso à Informação dirá os valores destinados ou retirados da sua área de tecnologia.

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  • O desprezo de Dilma pelos diplomatas é correspondido. Referem-se a ela, no serpentário, até por e-mail, com apelidos impublicáveis.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...