domingo, 7 de setembro de 2014

A obsessão antiamericana de Samuel Pinheiro Guimaraes - Paulo Roberto de Almeida


A obsessão antiamericana de um ideólogo diplomático dos companheiros: algumas ideias fixas de Samuel Pinheiro Guimarães

Paulo Roberto de Almeida

Antigamente, muito antigamente, quando ele andava discordando publicamente das posições diplomáticas do ancien régime neoliberal dos tucanos no poder, o Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães costumava me mandar por e-mail (eu no exterior) os artigos que ele dizia pretender publicar, e solicitava comentários. Ingênuo, como muitos acadêmicos abertos ao debate, eu afastava certas tarefas urgentes para comentar imediatamente os textos geralmente polêmicos que ele me enviava; pena perdida: assim que eu terminava de redigir minhas réplicas em total sinceridade, o artigo em questão já tinha sido postado e estava circulando em todos os quadrantes.
Depois que ele foi ascendido a conselheiro principal da nova política externa dos companheiros no poder (ativa, altiva e soberana), ele nunca mais me mandou artigo nenhum, mesmo continuando a publicar intensamente, em meio às suas novas funções de Secretário-Geral da Casa que outrora era conhecida como sendo de Rio Branco (deixou de sê-lo durante todo o reinado dos companheiros, a despeito deles pretenderem retomar a tradição). Ele fez mais do que isso: bloqueou um convite que eu tinha do Diretor do Instituto Rio Branco para assumir a direção do programa de mestrado que estava então sendo montado, com a tarefa de dirigir pesquisas, editar uma revista, etc. Fiquei no deserto do Itamaraty – mais conhecido por Departamento de Escadas e Corredores – durante toda a gestão da dupla Samuel-Amorim (nessa ordem) à frente da diplomacia lulo-petista. Não que isso me incomodasse muito: eu me incomodaria muito mais se tivesse de defender algumas das posições malucas, e anti-diplomáticas, que eles imprimiram àquela instituição, ao arrepio de todas as posições de direito e de bom senso. Ficando no deserto, eu pude ler, escrever e publicar livremente, o que deve ter aumentado ainda mais a antipatia de ambos por minhas posições.
Em todo caso, nunca deixei de comentar os textos de Samuel, mesmo se ele não me mandava mais nada. E é por isso que comento agora sua mais recente entrevista, publicada simultaneamente em dois veículos companheiros: “EUA apostam em Marina”. Os interessados e admiradores do Embaixador Samuel (SPG) podem ler a entrevista completa no site de Carta Maior (http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Samuel-Pinheiro-Guimaraes-EUA-apostam-em-Marina/4/31754) ou no jornal Correio do Brasil (http://correiodobrasil.com.br/destaque-do-dia/com-aecio-fora-do-jogo-eua-se-inclinam-para-marina-afirma-pinheiro-guimaraes/726801/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=b20140907); eu também a postei no meu blog (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/eleicoes-2014-desespero-companheiro-ve.html), todos com data de 6/09/2014.
Como sempre faço, vou destacar apenas alguns trechos, algumas frases, ou ideias do Embaixador Samuel (SPG: ) e comentar imediatamente após (PRA: ). Como sempre, também, eu não discuto pessoas, e sim ideias, ou posições políticas, e tenho o hábito de dizer sinceramente o que penso a respeito. Acredito que SPG goze de um imenso prestígio entre milhares de acadêmicos, professores e alunos, e suas ideias são seguidas quase religiosamente por toda essa tribo de universitários convencidos de que aquelas posições são as melhores possíveis, de acordo com os interesses nacionais. Como eu discordo em praticamente tudo do que eles pensam, mas não disponho da mesma audiência ou prestígio, meu combate é de retaguarda, e apenas de caráter idealista, mas creio que vale a pena persistir. Chamo o meu esforço de quilombo de resistência intelectual e acho que, como quilombo, ele permanecerá relativamente isolado e sem maiores consequências imediatas ou futuras. Mas não me importo com isso: basta eu conservar coerência metodológica e honestidade intelectual. Isso me basta.

SPG: “Considero que a candidata Marina Silva encarne a anulação do progresso conquistado nestes 12 anos. Ela e os setores que representa buscam outro modelo de inserção internacional. Um pensamento que se traduz no propósito de enfraquecer o Mercosul com o pretexto de torná-lo aberto ao mundo”
PRA: Não me interessa nada o que pensa ou deixa de pensar a candidata sobre política externa. Permito-me apenas registrar que SPG já sabe que Marina Silva (MS) vai enfraquecer o Mercosul, o que me parece redundante, pois ele já foi enfraquecido tremendamente nos últimos doze anos pelas ações combinadas (mas não entre si) de argentinos e brasileiros, estes sempre apoiando as arbitrariedades e ilegalidades dos primeiros. Também registro que SPG não quer que o Mercosul se abra ao mundo.

SPG: “...há interesses dos Estados Unidos que foram prejudicados durante os governos de Lula e Dilma, e é claro que o candidato de que mais gostavam era o Aécio. (...) Quando o Aécio fica fora do jogo, os Estados Unidos se inclinam para a Marina, por pragmatismo e porque ela representa o oposto ao PT. Além disso, é alguém sem quadros próprios e, segundo dizem, tem bons contatos nos Estados Unidos, e que demonstrou estar aberta para desmontar o Estado, reduzir sua capacidade e autonomia internacional. Interessa aos Estados Unidos que o Mercosul sejam desmontado e que projetos da era tucana sejam retomados, não nos enganemos: nestas eleições, está em jogo a retomada do processo privatizador, parcial ou total, da Petrobras, do Banco do Brasil e do BNDES.”
PRA: Se existe uma obsessão tipicamente samuelística – não que ela lhe seja exclusiva, mas é que ele a mantém de forma “extraordinária”, como gosta de repetir – esta é o antiamericanismo renitente, entranhado, exibido e até orgulhoso, sem que ele explique muito bem as razões dessa oposição de princípio ao grande império. Talvez seja porque SPG, como seu amigo Moniz Bandeira, acredita que os EUA nasceram e cresceram imperialistas desde que eram uma colônia, e isso se desenvolveu, de forma “extraordinária” diria ele, a partir da ascensão industrial daquele país. Para SPG, os EUA sempre têm um golpe baixo pronto para sacar do coldre de intenções maléficas, e tudo o que eles fazem é ditado pelo seu próprio interesse egoísta, e obviamente contra os interesses dos demais povos, contra quem eles se esforçam por dominar, submeter, ou em todo caso impedir o desenvolvimento e a ascensão. SPG não é marxista, muito menos leninista, mas ele também acha que o capitalismo dos países avançados é necessariamente perverso e interessado apenas na dominação de outros povos e nações. Ele acredita piamente nas bobagens construídas por Ha-Joon Chang, um pretenso economista historiador – que nem é bom economista, muito menos historiador – que construiu uma nova versão da teoria da dependência e do cepalianismo prebischiano, com todos os requintes dos antiglobalizadores atuais, inclusive retomando a teoria conspiratória do Consenso de Washington (que as metrópoles do capitalismo avançado aplicariam antes mesmo que ele existisse, depois de se terem desenvolvido aplicando políticas exatamente contrárias ao CW). Esse manancial de bobagens, apenas um pouco mais trabalhadas do que as imensas bobagens de um Eduardo Galeano e suas “Veias Abertas da América Latina” – das quais ele se redimiu recentemente –, constitui toda uma doutrina anti-imperialista e antiamericana que não difere muito das bobagens mais antigas que haviam sido criadas por Rosa Luxemburgo e repetidas por Lênin.
Não existem provas de que os EUA tramem contra o Mercosul e queiram desmantelá-lo, mas a questão para SPG é de fé, não de provas. Quem tem fé, não precisa de provas, e para SPG os EUA sempre serão contra o Mercosul e atuantes para desmontá-lo. Não se sabe de documentos do Departamento de Estado, algum wikileaks que demonstre isso, mas não é preciso provas documentais para demonstrar a perversidade imperial, não é mesmo? Quanto às intenções – dos EUA, de MS? – de privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil e o BNDES não se sabe bem de onde veio isso, nem estava na pergunta do repórter.

SPG: “Avalio que [o desmantelamento do Mercosul] possa começar com a eliminação da cláusula que obriga os países do Mercosul a negociar conjuntamente acordos de livre comércio com outros blocos. Este ponto, que até agora não conseguiram derrubar, é uma cláusula que vem desde o Tratado de Assunção (assinado em 1991, na formação do Mercosul).”
PRA: É surpreendente que SPG, um diplomata que negociou os primeiros acordos de integração Brasil-Argentina – baseados em protocolos setoriais, e não no livre comércio automático, como seria o caso do Mercosul – e que assistiu ao nascimento do Mercosul, com o qual ele não estava de acordo, diga-se de passagem – e isso desde a Ata de Buenos Aires, que trocou a metodologia de integração entre o Brasil e a Argentina, abrindo caminho para o Mercosul, menos de um ano depois, não saiba que não existe, no Tratado de Assunção, nenhuma cláusula de negociação conjunta de acordos de livre comércio com terceiros países ou outros blocos. Repito: nenhuma. O que existe, sim, é um compromisso, constante do artigo primeiro de um tratado que foi expressamente mencionado como provisório (o TA), pelo qual os países membros estabeleceriam uma política comercial comum, o que jamais foi cumprido, além da implementação da Tarifa Externa Comum (TEC), que começou a ser furada desde o seu início. O que existiu, logo em seguida, foi uma resolução do Conselho de Ministros, durante a fase de transição, comprometendo os países a negociarem conjuntamente acordos com terceiros, e a não oferecerem a esses maiores vantagens, sem consulta aos outros membros. Esse compromisso, sempre sob a forma de uma resolução do CMM, foi reafirmado, já na fase em que o Mercosul era, supostamente, uma união aduaneira (UA) e possuía, hipoteticamente, personalidade de direito internacional.
Ora, sabemos perfeitamente que a TEC nunca foi respeitada integralmente pelos quatro países, que eles criaram e mantiveram exceções nacionais, e não comuns, à TEC, e que jamais houve coordenação suficiente ente eles para o estabelecimento de uma política comercial comum. O que havia era um consenso negativo, pelo qual os quatro membros recusavam acordos com terceiros (países ou blocos) e se juntavam apenas no mínimo denominador comum (que era absolutamente mínimo, ou seja, irrisório). Na verdade, o Mercosul jamais chegou a completar sequer a sua zona de livre comércio e sua UA nunca funcionou, a começar que nunca teve uma autoridade aduaneira comum e sequer um código aduaneiro funcional e efetivamente aplicado (o que pode parecer bizarro, para uma UA, mas é o que de fato ocorre com o Mercosul). Enfim, o certo é que não existe cláusula desse tipo no TA, e isso SPG parece ignorar.

SPG: “Uma vez eliminada essa cláusula, o caminho estará aberto para a assinatura de acordos do Brasil com a União Europeia, sem a participação dos outros quatro integrantes do Mercosul.”
PRA: SPG parece ignorar que, logo no início do Mercosul, a Argentina insistiu em assinar um acordo com os EUA, e depois Uruguai e Paraguai também bateram na mesma tecla. Foi o Brasil quem se opôs, até “hegemonicamente”, que isso acontecesse, não por uma defesa de sagrados princípios, ou cláusula fundacional, do Mercosul, mas porque simplesmente essa “proibição” inteiramente política garante que o Mercosul continue sendo uma reserva de mercado para suas próprias indústrias, um interesse egoísta portanto. Foi aliás o Brasil quem “forçou a mão” dos outros três membros para a imposição de alíquotas aduaneiras bem mais elevadas do que seria o gosto dos demais, numa série de produtos que eles teriam interesse em importar mais barato, para atender seu mercado interno, consumidores ou industriais. Essa foi uma das razões para que a TEC nunca funcionasse efetivamente, uma vez que o Brasil se desviava da alíquota para cima – consoante seus instintos eternamente protecionistas – e os outros países o faziam para baixo, com tarifa zero ou muito reduzida para os produtos de seu interesse importador. Como as pautas eram diferentes, tendo em vista os níveis diferenciados de intensidade industrial, o Mercosul passou a conviver com essas perfurações da TEC, mantendo ainda assim a ficção de que constituía uma UA.
É certo que, uma vez eliminado o compromisso – que não é cláusula, voltamos a repetir –, o que pode ser feito mediante uma simples decisão do Conselho, todos os países, e não só o Brasil, poderão, teoricamente, negociar acordos de livre comércio com terceiras partes. E a existência da TEC, pergunta-se prontamente? Pois bem: uma vez que existem desvios, basta que o acordo com terceiros seja consagrado como um desvio da TEC, à condição que todo e qualquer favor e vantagem concedido a uma terceira parte seja automaticamente estendido a todos os membros do Mercosul, consoante a cláusula de nação-mais-favorecida (esta sim uma cláusula, não do Mercosul, mas um velho princípio do direito comercial internacional, que os países se obrigaram respeitar pelo Gatt, não por um acordo regional, onde ele também vigora).

SPG: “Mas se a cláusula continuar em pé, seria igualmente perigoso um pacto entre todo o Mercosul e a União Europeia. E essa negociação, que já se iniciou mas avança lentamente, provavelmente será acelerada durante o governo de Marina.”
PRA: Bem, parece que SPG é contra qualquer acordo de livre comércio entre o Mercosul e qualquer parceiro que não seja do seu agrado, e estes são apenas os do Sul (mas provavelmente não a China). Ou seja, o Mercosul deve permanecer puro e intocado, como uma vestal, ou apenas transacionando internamente, não com estranhos. Ele também já sabe, profeta que é, que isso seria acelerado sob um governo MS. Bem, é seu direito achar isso, embora vários expoentes já tenham dito, inclusive a própria presidente de plantão, sem saber que feria uma “cláusula férrea” do Mercosul.

SPG: “...uma [das consequências que um acordo do Mercosul com a UE traria] é a redução considerável das tarifas [de importações] industriais europeias afetando nossas fábricas. Defendo faz tempo que esta aproximação, que agrada os economistas da Marina, é o passo inicial rumo ao fim do Mercosul.”
PRA: Ou seja, SPG é contrário qualquer acordo que reduza tarifas, o que realmente faz sentido em quem defende a inexistência de qualquer acordo com a UE, pois supostamente ele teria essa consequência. SPG acredita que o Mercosul está muito bem ao manter tarifas elevadas, e que a sua redução significaria o fim do Mercosul. Este, na visão de SPG, seria tão frágil a ponto de não poder suportar qualquer acordo externo. Não se venha argumentar com os supostos acordos Sul-Sul, pois estes são ridiculamente inexpressivos, irrelevantes, marginais, consistindo geralmente na redução negociada de algumas poucas tarifas fixas, sem qualquer incidência sobre o comércio real, já que abrindo mercados onde eles são os menos importantes.

SPG: “...a assinatura de um acordo entre os dois blocos significará uma extraordinária vantagem para empresas europeias que poderão exportar para cá sem que cobremos taxas, enquanto não haverá grandes benefícios para os exportadores sul-americanos.”
PRA: Para SPG, os negociadores brasileiros, ou mercosulianos, que não ele, seriam tão incompetentes, e entreguistas, que fariam um acordo que só daria vantagens à outra parte, sem qualquer benefício para os seus próprios países e seu bloco. Para ele não importa que nossas empresas também tenham tarifa zero (se beneficiando ainda de mão-de-obra mais barata, eventualmente energia e outros insumos, que podem contar à altura de 60% do custo de um produto), o que vale mesmo é que as vantagens estejam todas pré-determinadas para um só lado. Trata-se, aqui também, de um artigo de fé.

SPG: “E acrescento que se este acordo acontecer, afetará outra instituição fundamental do Mercosul, que é a Tarifa Externa Comum, fixada para terceiros países. Se isto acontece, a união aduaneira é pulverizada, qualidade central do Mercosul.”
PRA: Supreendentemente, só SPG se lembra da TEC, quando nenhum outro ator relevante sequer a mencione nos seus planos estratégicos ou cálculos de abertura de mercados, uma vez que ela é tão desrespeitada que parece uma colcha de retalhos, e ninguém parece dar muita bola para ela. Em todos esses anos, nunca consegui obter de algum economista dos quatro países membros – ou de algum funcionário da Secretaria do Mercosul – uma informação completa, fiável e credível sobre o quanto do comércio dos membros é feito ao abrigo da TEC, pois as entradas e saídas do mecanismo são tão intensas, recorrentes e arbitrárias que esse cálculo seria muito complicado, talvez impossível, de ser feito. E assim ficamos: ninguém sabe qual a cobertura da TEC para o comércio efetivo do Mercosul, e SPG ainda pretende defendê-la. Na verdade, como disse acima, não é certo que a TEC seja desrespeitada num acordo de livre comércio entre o Mercosul e a UE, e se o for, as mesmas vantagens passam a valer para todos, automaticamente, em virtude da cláusula (essa sim, férrea) de NMF. De resto, nunca haverá um acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, mas sim um simples acordo de liberalização comercial, o que é muito diferente.

SPG: “E uma vez que chegarmos à hipotética assinatura do pacto de livre comércio com os europeus, os Estados Unidos reaparecerão.”
PRA: É surpreendente, mais uma vez, que SPG não saiba que os europeus só “apareceram” porque havia a ameaça de um acordo de livre comércio entre os EUA e os países da América Latina, que os companheiros, com SPG à frente, se encarregaram de sabotar e de implodir rapidamente, uma vez chegados ao poder. Isso não porque tenham feito cálculos e estimações econômicas sobre os eventuais efeitos nefastos da Alca para os países latino-americanos, e sim por pura prevenção ideológica, por simples anti-imperialismo primário, por antiamericanismo infantil e paranoico. Tanto não foi assim que, uma vez implodida a Alca, vários países da região correram para assinar acordos de livre comércio com os EUA: eles o fizeram porque são todos submissos ao império, porque são vendidos ao imperialismo, porque são entreguistas, ou por interesse próprio e de suas economias? Tanto não foi assim que grande parte do Congresso americano – em grande medida formado por protecionistas caipiras – e a quase a totalidade dos sindicatos de trabalhadores americanos também eram contra a Alca: eles assim o fizeram contra o interesse imperial de explorar outros países? Ou seja, de obter vantagens unilaterais contra nossos próprios interesses? SPG parece pensar que todos são ingênuos e desinformados, e apenas ele é clarividente e sábio.

SPG: “Os meios e os grupos de interesses brasileiros que se sentirem representados pela Marina só falam de um acordo com a União Europeia por oportunismo, pela boa imagem dos europeus, que seriam maravilhosos, educados, que nos abririam as portas do primeiro mundo. Uma retórica para ocultar que o acordo será prejudicial para nós. Quem quiser saber o que nos espera com esse acordo que pergunte aos gregos e aos espanhóis como a velha Europa é tratada.”
PRA: SPG deveria perguntar aos gregos e espanhóis se eles se sentem explorados pelos velhos imperialistas da Europa setentrional, e se eles pretendem realmente sair da UE, já que essa integração seria prejudicial para eles. Mas aqui também é um artigo de fé: SPG já sabe que um acordo seria prejudicial para o Brasil e o Mercosul, e por isso ele o recusa por princípio, antes mesmo de fazer estudos a respeito. Ele prefere que o Mercosul permanece soberanamente isolado do mundo, ou só se relacione cm outros iguais a ele, ou seja, protecionistas e introvertidos.

SPG: “Agora tudo isso nos leva ao começo desta conversa, que são os Estados Unidos. Por quê? Porque uma vez assinado o pacto UE-Mercosul, no outro dia, Washington vai querer igualdade de condições comerciais que europeus conquistaram, exigindo de nós um acordo de livre comércio. Os Estados Unidos nunca se esqueceram do espírito da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas).”
PRA: Ah, as velhas obsessões nunca desaparecem: os imperialistas americanos (ou estado-unidenses?) estão sempre sorrateiramente à espreita, prontos para abocanhar mais um pedaço do continente se deixarmos. Ainda bem que SPG está vigilante. Mas, parece que os EUA desistiram de vez dessa ideia de fazer uma Alca: muito complicado, aliás inútil. Como deveria saber SPG, ao império convém melhor a estratégia “divida e domine”. Para que se aborrecer com um esquema multilateral se é muito melhor negociar separadamente com cada parceiro – ou conjuntamente com um bloco de pequenos – e assim impor as condições que melhor lhes apetecem, do que ficar se chateando com protecionistas históricos como Brasil e Argentina

SPG: “Tudo me leva a pensar que o projeto norte-americano de integração hemisférica comercial, de eliminação de barreiras, de sanção de um sistema de leis que privilegiam suas multinacionais etc., continua em vigor. É preciso prestar atenção na Aliança do Pacífico (México, Colômbia, Peru e Chile).”
PRA: Engano de SPG: os EUA já abandonaram essa ideia, que foi um mau passo dado por Bush pai, querendo ser generoso para os pobres latinos, endividados (ao propor a “Iniciativa para as Américas”), mau passo reiterado por Bill Clinton, com sua ideia de uma Alca (mais uma vez querendo ser bonzinho). Os realistas dos EUA já chegaram à conclusão que é muito melhor negociar separadamente, tanto é assim que assinaram diversos acordos bilaterais de livre comércio com vários tipos de países.
Quanto à menção à Aliança do Pacífico, não está muito claro o que SPG quis dizer com essa “atenção”. Seria algo como: “atenção, eles são traiçoeiros, já se aliaram ao império, todos eles, e agora vão querer seduzir o Mercosul também; não caiamos nessa, olha lá hem!” Só pode ser isso. Pois do contrário o que poderiam esses quatro países contra os poderosos dois grandes do Mercosul: obrigá-los a entrar num acordo iníquo e desigual com o império? Mas a Aliança do Pacífico não tem tanto a ver com o comércio regional – aliás nem entre eles, que é pequeno – e sim com uma estratégia de negociação conjunta com a bacia do Pacífico, o grande eixo da integração produtiva, comercial e tecnológica, que se desenha rapidamente naquela vasta região, e que deve superar os fluxos e intercâmbios econômicos norte-atlânticos dentro de mais alguns anos, superando, assim, o cenário geopolítico dos últimos cinco séculos.

SPG: “suas posições [de MS] sobre política externa refletem as aspirações se setores empresariais, de banqueiros e grandes meios de comunicação que demonstraram certa saudade da dependência colonial.”
PRA: Uau! SPG não deixa por menos e não vai por quatro caminhos. Para ele, nossos empresários e banqueiros, tão protecionistas e introvertidos, sentiriam saudades de uma suposta dependência colonial. Mas seria possível? 200 anos depois? Ou seria a dependência dos EUA ainda muito em voga nos anos anteriores à gloriosa era do Nunca Antes? Não se sabe, exatamente, mas é bom ficar prevenido, alerta ele. Se algum outro presidente se instalar, que não seja um companheiro, vai logo sacrificar o Brasil nos braços do império.

SPG: “No segundo mandato, a presidenta [Dilma] deveria ter como objetivo reduzir a vulnerabilidade externa do país, a dependência de capitais especulativos para o pagamento da dívida e tudo isto cria um círculo vicioso que aumenta as taxas de juros. É falso, é um mito que as taxas sobem para combater a inflação.”
PRA: Surpresa: em 12 anos os companheiros, dispondo de um Congresso submisso, de uma oposição castrada e inoperante, e de toda a simpatia de gregos e goianos, vale dizer, de toda a comunidade acadêmica, empresarial e banqueira, não conseguiram diminuir a tal de vulnerabilidade externa, nem a dependência de capitais especulativos, nem a dívida externa, nem os juros, nem a inflação? Incompetentes eles são, não é mesmo? Mas o que eles fizeram exatamente? Durante anos, seus economistas esquizofrênicos, os seus keynesianos de botequim ficaram azucrinando nossos ouvidos, acusando os neoliberais tucanos de terem feito tudo aquilo, e quando chega a vez deles, necas de pitibiribas, não conseguem fazer nada? Aliás, seria preciso dizer ao Banco Central para abaixar os juros, pois isso não serve para combater a inflação. Inflação se combate com produção, com oferta, com investimentos, não é mesmo? O resto é conversa de economista neoliberal, ou monetarista...

SPG: “...em um segundo governo a presidenta Dilma terá que trabalhar para diversificar nosso comércio exterior, para reduzir nossa vulnerabilidade comercial devido ao crescimento das exportações de produtos primários cujos preços não somos nós quem decidimos. Quando digo diversificar penso em base para reforçar exportações industriais porque o Brasil corre o risco de seguir rumo a uma especialização regressiva na produção agropecuária e mineral, acompanhada de uma contração do setor industrial, aliada a uma atrofia de sua capacidade tecnológica.”
PRA: Mas, tudo isso não foi construído justamente sob os três governos lulo-petistas? SPG quer agora que um quarto governo lulo-petista faça exatamente o contrário do que eles fizeram até aqui? Mas que contradição! Eles tiveram doze anos para fazer tudo isso, implementaram cinco ou seis políticas industriais, inventaram uma fabulosa teoria da “nova geografia do comércio internacional” – comércio Sul-Sul, que era Sul-Sul só para o Brasil, não para os outros do Sul – e assistiram passivamente à nova dominação das exportações primárias sobre o conjunto do comércio exterior brasileiro, e agora SPG vem dizer que vão fazer tudo ao contrário! Dá para acreditar?
Será que o tal banco dos Brics, mais o Banco do Sul, proposto por Chávez, vão ajudar nessa reconquista? Mas será que o problema do comércio ou dos investimentos é falta de dinheiro? Não parece! Dinheiro abunda no mundo, e cada vez mais concentrado (se acreditarmos num tal de Piketty), e o que faz falta são projetos consistentes e sólidos para fazer jus aos capitais produtivos.
Não parece que os companheiros sejam capazes de reconhecer o que fizeram de errado, e que levou o Brasil justamente a esses impasses mencionados por SPG. Se eles mesmos não reconhecem o que está errado, como e por que deveríamos dar-lhes novo crédito de confiança para que continuem especulando com as políticas econômicas? Eles merecem isso? Se até SPG aponta o que está errado, por que é que nós, que não temos nada a ver com o que foi feito de errado, deveríamos renovar o contrato? Não é melhor mudar a direção do barco? Com a palavra o sábio, o profeta Samuel...

Paulo Roberto de Almeida
Portland, 7 de setembro de 2014.

sábado, 6 de setembro de 2014

O Petrolao dos companheiros: um super-Mensalao - Reinaldo Azevedo

Na VEJA.com:
Em campanha em Brumado, cidade baiana a 555 quilômetros ao sul de Salvador, Marina Silva classificou de “ilação” a citação ao ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, morto em 13 de agosto, no depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, que aceitou negociar os termos de um acordo de delação premiada com a Justiça.

Segundo Marina, “o fato de haver um investimento da Petrobras em Pernambuco não dá o direito, a quem quer que seja, de colocar Campos na lista dos que cometeram irregularidades” na estatal. “Todo o Brasil aguarda as investigações dos desmandos da Petrobras, que estão ameaçando o futuro da empresa e do pré-sal”, disse Marina. Para ela, o governo deve explicar a má governança na Petrobras, “levando a empresa que foi sempre exitosa e respeitada dentro e fora do Brasil a quase uma total falência.”
Marina ainda ironizou os recentes ataques de Dilma Rousseff (PT), presidente da República e candidata à reeleição, que critica a suposta falta de prioridade que Marina dá à exploração de petróleo. “Quem está ameaçando o pré-sal não somos nós. Vamos manter a exploração no pré-sal e usar os recursos para a saúde e educação. Quem ameaça o pré-sal é a corrupção que está assolando a Petrobras.”
O candidato a vice-presidência na chapa de Marina, Beto Albuquerque, também defendeu Campos das acusações. “Repudio as ilações e a vilania que estão tentando fazer contra Eduardo Campos depois que ele morreu. Quando ele estava vivo, não tinham coragem de enfrentá-lo. Agora, começam a levantar acusações, como se ele pudesse se defender.”
Por meio de comunicado, a assessoria do PSB afirmou que não se manifestará sobre a menção a Campos no depoimento do ex-diretor da Petrobras. Dentro do partido, a avaliação é a de que Paulo Roberto Costa não apresentou provas concretas contra o ex-governador de Pernambuco. “Apenas jogaram no ar o nome de uma pessoa que já morreu, é um absurdo”, comentou um auxiliar.
Até o momento, Costa afirmou que três governadores, seis senadores, um ministro de Estado e pelo menos 25 deputados federais embolsaram ou tiraram proveito de parte do dinheiro roubado dos cofres da Petrobras. Entre os nomes elencados por Costa estão os ex-governadores Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, Campos, de Pernambuco, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, além do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Os nomes das autoridades com foro privilegiado já foram encaminhados ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável por levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF).
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 Por Felipe Frazão, na VEJA.com:
A presidente-candidata Dilma Rousseff chamou de “especulação” as revelações de distribuição de propina a parlamentares e aliados do governo federal, detalhados com exclusividade na edição de VEJA deste fim de semana. Em ato de campanha em São Paulo, ela afirmou que “tomará as providências cabíveis” sobre o depoimento do ex-diretor de Refino e Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, que aceitou negociar os termos de um acordo de delação premiada com a Justiça.

“Acredito que precisamos ter dados oficiais dessa questão. A própria revista que anuncia este fato diz que o processo está criptografado, guardado dentro de um cofre e que irá para o Supremo. Eu gostarei de saber direitinho quais são as informações prestadas nessas condições e te asseguro que tomarei as providências cabíveis. Não com base em especulação. Eu quero as informações. Acho que elas são essenciais e são devidas ao governo, porque, caso contrário, a gente não pode tomar medidas efetivas”, disse Dilma.
Até o momento, Costa afirmou que três governadores, seis senadores, um ministro de Estado e pelo menos 25 deputados federais embolsaram ou tiraram proveito de parte do dinheiro roubado dos cofres da Petrobras. Entre os nomes elencados por Costa estão os ex-governadores Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, Eduardo Campos, de Pernambuco, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, além do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Os nomes das autoridades com foro privilegiado já foram encaminhados ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável por levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A equipe da campanha de Dilma à reeleição, assim como a de seus principais rivais, Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB), passaram a noite desta sexta-feira discutindo o impacto das denúncias de corrupção. Entre aliados de Dilma, a avaliação é a de que, por envolver aliados diretos do governo federal, parlamentares alinhados ao Palácio do Planalto e até um ministro de Estado, as revelações do ex-diretor da Petrobras causarão danos à campanha da presidente-candidata.
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O QUE ELES DIZEM SOBRE O PETROLÃO 3 – Aécio: “É mensalão 2″!
Por Laryssa Borges, de Brasília, e Bruna Fasano, na VEJA.com:
O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou neste sábado que as revelações de distribuição de propina a parlamentares e aliados do governo federal, detalhados com exclusividade na edição de VEJA deste fim de semana, equivalem a um novo mensalão, até então o maior esquema de corrupção desde a redemocratização. “O Brasil acordou hoje perplexo com as mais graves denúncias de corrupção na nossa história recente. Está aí o mensalão 2. É o governo do PT patrocinando o assalto às nossas empresas públicas para a manutenção do seu projeto de poder”, disse Aécio em um vídeo publicado em seu canal de campanha no YouTube.

Ao participar de ato público na cidade de Presidente Prudente, em São Paulo, Aécio afirmou que a presidente Dilma Rousseff, que já ocupou o Ministério de Minas e Energia e foi presidente do Conselho de Administração da estatal, não pode alegar que desconhece o megaesquema de corrupção na Petrobras. A tese do “eu não sabia” foi utilizada pelo ex-presidente Lula para tentar se desvincular do escândalo do mensalão. “A atual presidente da República controlou com mão de ferro essa empresa ao longo dos últimos 12 anos. Foi ministra de Minas e Energia e presidente do Conselho da Petrobras. Foi ministra da Casa Civil. É inadmissível ela alegar desconhecimento sobre isso, a exemplo do que fez seu antecessor com o mensalão”, declarou o candidato.
“Durante os últimos 9 anos, o mensalão continuou a existir nesse governo. Agora ele é financiado pela principal empresa pública do país, a Petrobras. Poucas vezes na história deste país assistimos a tanta desfaçatez. É algo extremamente vergonhoso”, afirmou ele em Presidente Prudente.
Até o momento, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou, em um acordo de delação premiada, que três governadores, seis senadores, um ministro de Estado e pelo menos 25 deputados federais embolsaram ou tiraram proveito de parte do dinheiro roubado dos cofres da estatal. Entre os nomes elencados por Costa estão os ex-governadores Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, Eduardo Campos, de Pernambuco, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, além do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Os nomes das autoridades com foro privilegiado já foram encaminhados ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável por levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em vídeo postado na internet, Aécio Neves cobrou investigações profundas sobre o caso. No Congresso Nacional, a oposição vai pressionar por uma convocação extraordinária da CPI mista da Petrobras para analisar as novas denúncias. “É fundamental que essas investigações possam ir ainda mais a fundo para que os verdadeiros responsáveis pelo assalto às empresas brasileiras sejam punidos de forma exemplar. Estamos disputando essas eleições contra um grupo que utiliza dinheiro sujo da corrupção para manter-se no poder. Por isso eu acredito que chegou a hora, de forma definitiva, de darmos um basta nisso e tirarmos o PT do poder”, afirmou Aécio Neves no vídeo em que comenta a reportagem de VEJA.
Além da campanha do tucano, as equipes da petista Dilma Rousseff e da ex-senadora Marina Silva passaram a noite desta sexta-feira em reuniões internas para analisar os efeitos das denúncias de corrupção. Eduardo Campos, citado por Costa, era o cabeça de chapa de Marina Silva antes de morrer em um acidente aéreo no dia 13 de agosto e, por isso, o partido avalia ser inevitável que as acusações respinguem na nova candidata. No bunker petista, o ministro da Comunicação Social, Thomas Traumann, acompanha de perto os desdobramentos do caso e também entre aliados de Dilma a avaliação é a de que, por envolver aliados diretos do governo federal, parlamentares alinhados ao Palácio do Planalto e até um ministro de Estado, as revelações do homem-bomba da Petrobras causará danos à campanha da presidente-candidata.

Across the Empire, 2014: postagens no blog Diplomatizzando sobre a viagem pelos Estados Unidos (so far...)


Across the Empire, 2014
Postagens no blog Diplomatizzando sobre a viagem pelos Estados Unidos

Paulo Roberto de Almeida

            Uma consolidação da informação já oferecida em “pílulas”, com pequenas postagens a cada dia de viagem, com muitas fotos e algumas ilustrações, relatando o itinerário percorrido desde a saída de Hartford, na costa leste, no final da sexta-feira, dia 29 de agosto, até Portland, em 6/09, quase às margens do Pacífico. Para quem não leu, ou perdeu alguma postagem, remeto aqui aos links dessas postagens improvisadas, geralmente feitas noite adentro, antes de adormecer nos hotéis de etapas.
            Desde Hartford até aqui foram exatamente 3.500 milhas, ou seja, 5.600 km. Temos um pouco mais do que isso até voltar, pois ainda vamos a Vancouver, várias outras localidades no norte dos EUA e vamos terminar por Toronto, ainda no Canadá. Carmen Lícia é minha planejadora de viagens, de visitas, de passeios, mestre em obras artísticas (sobretudo fotografias) e sobretudo controladora deste motorista que escreve...
Paulo Roberto de Almeida
Portland, 6 de setembro de 2014

0) Crossing the Empire (0): segunda viagem através dos EUA: 12,6 mil km em 30 dias: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/crossing-empire-segunda-viagem-atraves.html

1) Across the Empire (1) First day: boring roads, sempre mais do que o planejado...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/across-empire-1-first-day-boring-roads.html

2) Across the Empire (2) Second day: only the road, no more than the road...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/across-empire-2-second-day-only-road-no.html

3) Across the Empire (3): Des Moines, Omaha e o caminho dos pioneiros...: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-3-des-moines-omaha-e-o.html

4) Across the Empire (4): de North Platte, Nebraska, a Denver, Colorado: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-4-de-north-platte.html

5) Across the Empire (5): em Denver, num jardim botânico de vidro (Chihuly): http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-5-em-denver-num-jardim.html).


7) Across the Empire (7): de Denver a Cody, leituras no velho Oeste: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-7-leituras-no-velho-oeste.html

8) Across the Empire (8): tinha um Yellowstone no caminho: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-8-tinha-um-yellowstone-no.html

9) Across the Empire (9): de Twin Falls a Portland, pelo Oregon Trail: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-9-de-twin-falls-portland.html

10) Across the Empire (10): em Portland, buscando cultura: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/across-empire-10-em-portland-buscando.html

Across the Empire (10): em Portland, buscando cultura...

Logo de manhã, Carmen Lícia e eu, passamos algumas horas na Oregon Historical Society, um museu sobre tudo o que faz, existe, se movimenta, pensa e produz em Oregon, e nas imediações, com a história completa da ocupação humana nesta região, desde os antigos habitantes (aborígenes, diriam os antropólogos, mas eles provavelmente não eram originários daqui), passando pelos primeiros exploradores europeus, os pioneiros americanos, até os modernos ocupantes, com toda a diversidade étnica e cultural, inclusive japoneses, que são mais numerosos e foram mais importantes do que eu pensava. Depois de Pearl Harbor, por exemplo, um submarino japonês, em abril de 1942, ainda entrou pela embocadura do rio Columbia, bombardeou as imediações e se foi, impunemente, de volta para o Japão. Foi o único ataque de uma força estrangeira contra os Estados Unidos continental, desde a guerra contra os inglêses, em 1812, que destruiram algumas cidades, inclusive tocando fogo em Washington. Isso eu não sabia, mas é por isso que a gente visita museu.
Um vigilante do museu tirou esta foto minha e de Carmen Lícia, no grande lobby de entrada:
Depois eu tirei esta foto de Carmbem Lícia junto a uma carroça típica dos pioneiros que colonizaram a região.

Oregon tornou-se uma importante região produtora de vinhos, dos melhores aparentemente, similares aos da Califórnia. Só lamentei não ter vinho para comprar no museu: um vinho que tirou nota 9 (sobre 10) num concurso internacional foi um Pinot Noir de 2008. Preciso ir atrás dele...

O aspecto que eu mais valorizo, como todos sabem, é a leitura e a educação. Na seção destinada ao retorno dos GIs locais, os soldados que retornaram da II Guerra Mundial, existe uma informação sobre as caixas de livros que eles recebiam enquanto estavam nas frentes de combates, ou em tarefas de vigilância, e dispondo de tempo morto entre suas missões. Caixas e mais caixas de livros foram expedidas às frentes de guerra.


Na volta, todos os soldados puderam se inscrever em universidades com bolsas federais. Aqui está o que escreveu a respeito o conhecido humorista Art Buchwald, sobre sua inscrição em cursos de terceiro ciclo:

Bem, depois fomos ao bairro chinês, e comemos por lá. Agora vamos sair novamente, e terminar o dia numa das maiories livrarias do mundo: Powell's, um quarteirão inteiro de livros. Parece que tem mais de um milhão. Acho que só vou comprar 3 ou 4, e ver 0,0001% da livraria...
Paulo Roberto de Almeida
Portland, 6 de setembro de 2014

Megacorrupcao atinge os partidos do governo: impressionante a lama dedezenas de politicos (Veja)

Veja, sábado, 6 de setembro de 2014

Paulo Roberto Costa começa a revelar nomes dos beneficiários do esquema de corrupção da Petrobras


• Sergio Cabral, Roseana Sarney, Eduardo Campos, Renan Calheiros e Edison Lobão estão entre os citados nos depoimentos do ex-diretor da Petrobras

Rodrigo Rangel - Veja

Preso em março pela Polícia Federal, sob a acusação de participar de um mega esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras Paulo Roberto Costa aceitou recentemente os termos de um acordo de delação premiada – e começou a falar.

No prédio da PF em Curitiba, ele vem sendo interrogado por delegados e procuradores. Os depoimentos são registrados em vídeo — na metade da semana passada, já havia pelo menos 42 horas de gravação. Paulo Roberto acusa uma verdadeira constelação de participar do esquema de corrupção.

Entre eles estão os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA). Do Senado, Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, e Romero Jucá (PMDB-RR), o eterno líder de qualquer governo. Já no grupo de deputados figuram o petista Cândido Vaccarezza (SP) e João Pizzolatti (SC), um dos mais ativos integrantes da bancada do PP na casa. O ex-ministro das Cidades e ex-deputado Mario Negromonte, também do PP, é outro citado por Paulo Roberto como destinatário da propina. Da lista de três “governadores” citados pelo ex-diretor, todos os políticos são de estados onde a Petrobras tem grandes projetos em curso: Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio, Roseana Sarney (PMDB), atual governadora do Maranhão, e Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República morto no mês passado em um acidente aéreo.

Paulo Roberto também esmiúça a lógica que predominava na assinatura dos contratos bilionários da Petrobras – admitindo, pela primeira vez, que as empreiteiras contratadas pela companhia tinham, obrigatoriamente, que contribuir para um caixa paralelo cujo destino final eram partidos e políticos de diferentes partidos da base aliada do governo.
Sobre o PT, ele afirmou que o operador encarregado de fazer a ponte com o esquema era o tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto, cujo nome já havia aparecidao nas investigações como personagem de negócios suspeitos do doleiro Alberto Youssef.

Conheça, nesta edição de VEJA, outros detalhes dos depoimentos que podem jogar o governo no centro de um escândalo de corrupção de proporções semelhantes às do mensalão.
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Caiu a República (coluna Esplanada)

Com informações sigilosas do MP, a Polícia Federal se mobiliza para nova grande operação, a Lava Jato 3, que vai mandar para a cadeia uma penca de assessores, familiares e políticos sem mandato. Na quinta-feira, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Pires abriu o jogo: Pelo menos 70 parlamentares – entre deputados, senadores e um governador – da base aliada receberam propina dele. O caderninho foi entregue e o depoimento gravado em vídeo. Assim que se encerrarem os depoimentos, Pires será solto e livre de processos. Mas por determinação judicial, retido em casa no Rio. Sérgio Cabral, Roseana Sarney, Eduardo Campos, Renan Calheiros estão entre os citados (
Balanço prévio. O PT e sua base estão indo para o saco mortuário. É o que se depreende não só das pesquisas eleitorais, mas da delação premiada do ex-diretor. Toda a base está envolvida.
Parem as máquinas! Até a imprensa envolvida. A PF teria gravações do encontro de um conhecido jornalista com o doleiro Alberto Yousseff, no qual o editor de um portal recebeu R$ 240 mil.
Urna ferve. A um mês da eleição, a revista VEJA promete para este sábado trazer a lista dos propinados: seriam governadores, deputados, senadores e um ministro.
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sábado, 6 de setembro de 2014


Reunião de emergência no Planalto avalia estrago causado por delator

• Auxiliares de Dilma veem prejuízo na base aliada, mas lembram que Costa mantinha contato com os mais variados partidos

Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O alívio que as recentes pesquisas eleitorais deram à campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff foi interrompido nesta sexta-feira, 5, depois que o portal do Estado revelou que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa apontou em seu depoimento à Polícia Federal que pelo menos 32 parlamentares, um governador e cinco partidos políticos receberam propina decorrentes de contratos negociados pela estatal com outras empresas.

Assim que desembarcou em Brasília, no final da tarde desta sexta, depois de dias de uma agenda carregada em campanha nos últimos dias, Dilma convocou uma reunião de emergência no Palácio da Alvorada para avaliar o estrago da denúncia. O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, foi o primeiro a se reunir com ela.

À espera. No Alvorada, todos aguardavam a divulgação dos termos e possíveis envolvidos na delação premiada que motivou o depoimento de Costa à Polícia Federal para ter ideia exata do estrago que isso possa ocorrer no governo e na campanha à reeleição.

No círculo próximo à presidente, a primeira avaliação foi a de que até aquele momento as informações com os nomes das pessoas que estavam sendo citadas eram as mesmas que circulavam nos bastidores, como o do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e dos deputados André Vargas (sem partido-PR) e Luiz Argôlo (SD-BA). Há preocupação com o que ainda está por vir e qual o tamanho do estrago que isso poderá provocar na campanha dos aliados do governo.

Um dos interlocutores da presidente lembrou que Costa, na Petrobrás, não tinha vínculos apenas com o governo, mas com inúmeros partidos. O problema, portanto, pode se espalhar em várias direções.

Bebes bilingues aprendem mais rapido do que os monoglotas - The Independent

Vejam este link: http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/bebes-bilingues-aprendem-mais-rapido-que-os-demais-bebes/

Estudo

Bebês bilíngues aprendem mais rápido que os demais bebês

Estudo mostra que crescer exposto a duas línguas estimula as habilidades cognitivas e a vontade de adquirir conhecimento

fonte | A A A
Um estudo feito por pesquisadores do National University of Singapore e do Singapore Institute for Clinical Sciences revelou que crescer em um lar bilíngue traz mais benefícios do que se imaginava.
Segundo o estudo, bebês expostos a mais de um idioma desenvolvem mais as habilidades cognitivas do que aqueles expostos a apenas uma língua.
Durante o estudo, os pesquisadores mostraram imagens aos dois tipos de bebês e descobriram que os bilíngues se entediam facilmente quando são expostos a uma imagem repetida, mostrando mais vontade de ver imagens novas do que os demais bebês. Segundo os pesquisadores, isso indica uma grande vontade de adquirir conhecimento, o que contribui para o desenvolvimento do QI.
O estudo foi conduzido com bebês de vários países, o que comprova que tais benefícios abrangem todas as línguas. Os pesquisadores acreditam que esses benefícios são gerados porque bebês bilíngues desenvolvem cedo a habilidade para processar informações. De acordo com o estudo, essas habilidades permanecem pelo resto da vida adulta.

Eleicoes 2014: desespero companheiro ve os EUA atras de Marina Silva

Não, Samuel não é um companheiro. Ele só está a serviço dos companheiros, a associação mafiosa mais corrupta que assaltou o poder no Brasil.
Não, ele não é marxista, talvez gramsciano, em todo caso anti-americano, desse anti-imperialismo infantil que a gente só imagina encontrar nis estudantes do PCdoB e do PSOL. 
No caso dele é patético observar como ele vê o dedos dos estadunidenses em tudo. Aliás é ridículo. 
Paulo Roberto de Almeida

Samuel Pinheiro Guimarães: EUA apostam em Marina

Eleição de Marina seria a vitória de um modelo diplomático alinhado aos EUA, similar ao que tivemos nos anos 90, diz embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.


Darío Pignotti (@DarioPignotti)
Agência Brasil

“Os estrategistas dos Estados Unidos seguramente estão de acordo com as diretrizes da política externa defendida pela candidata Marina Silva. Se ela for eleita, será a vitória de um modelo diplomático similar ao que tivemos nos anos 90”, declarou à Carta Maior o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, ex-secretário-geral do Itamaraty no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Junto do ex-chanceler Celso Amorim e do assessor Marco Aurélio Garcia, Pinheiro Guimarães integrou a troika responsável por planejar de diplomacia com sotaque nas relações Sul-Sul aplicada entre 2003 e 2010. Premissas que “tiveram continuidade a partir de 2011 durante o mandato da presidenta Dilma Rousseff, que adotou medidas muito corretas sobre o Mercosul e contra a Inteligência norte-americana no escândalo da NSA, e resistiu às pressões para a compra de aviões de guerra norte-americanos”, afirmou Pinheiro Guimarães.

No programa de governo apresentado uma semana atrás por Marina, foram formuladas propostas em alguns casos antagônicas às dos governos de Dilma e Lula, além de formular críticas enredadas ao que define como uma diplomacia “ideologizada” e “partidarizada” durante as três gestões petistas.

Embaixador, estamos diante do risco de serem restaurados princípios diplomáticos que dominaram a segunda metade dos anos 90?

Considero que a candidata Marina Silva encarne a anulação do progresso conquistado nestes 12 anos. Ela e os setores que representa buscam outro modelo de inserção internacional. Um pensamento que se traduz no propósito de enfraquecer o Mercosul com o pretexto de torná-lo aberto ao mundo.

Será o fim de qualquer aspiração de uma diplomacia independente?

Até agora, a única vez que escutei Marina falar de independência foi para mencionar a independência do Banco Central (risos).

Washington aposta em Marina ou Aécio?

Não estou em Washington para dizer o que pensam. Agora, há interesses dos Estados Unidos que foram prejudicados durante os governos de Lula e Dilma, e é claro que o candidato de que mais gostavam era o Aécio.

A Embaixada norte-americana adotou um perfil muito discreto nas eleições, mas isso não deve se confundir com o fato de estarem alheios ao que acontece. Quando o Aécio fica fora do jogo, os Estados Unidos se inclinam para a Marina, por pragmatismo e porque ela representa o oposto ao PT. Além disso, é alguém sem quadros próprios e, segundo dizem, tem bons contatos nos Estados Unidos, e que demonstrou estar aberta para desmontar o Estado, reduzir sua capacidade e autonomia internacional. Interessa aos Estados Unidos que o Mercosul sejam desmontado e que projetos da era tucana sejam retomados, não nos enganemos: nestas eleições, está em jogo a retomada do processo privatizador, parcial ou total, da Petrobras, do Banco do Brasil e do BNDES.

Como a Marina implementaria esse desmantelamento do Mercosul?

Avalio que possa começar com a eliminação da cláusula que obriga os países do Mercosul a negociar conjuntamente acordos de livre comércio com outros blocos. Este ponto, que até agora não conseguiram derrubar, é uma cláusula que vem desde o Tratado de Assunção (assinado em 1991, na formação do Mercosul).

E depois de terminada esta limitação, o que aconteceria? 

Uma vez eliminada essa cláusula, o caminho estará aberto para a assinatura de acordos do Brasil com a União Europeia, sem a participação dos outros quatro integrantes do Mercosul. Mas se a cláusula continuar em pé, seria igualmente perigoso um pacto entre todo o Mercosul e a União Europeia. E essa negociação, que já se iniciou mas avança lentamente, provavelmente será acelerada durante o governo de Marina.

Quais consequências um acordo com a UE traria? 
Muitas, uma delas é a redução considerável das tarifas [de importações] industriais europeias afetando nossas fábricas. Defendo faz tempo que esta aproximação, que agrada os economistas da Marina, é o passo inicial rumo ao fim do Mercosul.

Vou resumir assim: a assinatura de um acordo entre os dois blocos significará uma extraordinária vantagem para empresas europeias que poderão exportar para cá sem que cobremos taxas, enquanto não haverá grandes benefícios para os exportadores sul-americanos.

E acrescento que se este acordo acontecer, afetará outra instituição fundamental do Mercosul, que é a Tarifa Externa Comum, fixada para terceiros países. Se isto acontece, a união aduaneira é pulverizada, qualidade central do Mercosul. E uma vez que chegarmos à hipotética assinatura do pacto de livre comércio com os europeus, os Estados Unidos reaparecerão.

De que maneira?

Os meios e os grupos de interesses brasileiros que se sentirem representados pela Marina só falam de um acordo com a União Europeia por oportunismo, pela boa imagem dos europeus, que seriam maravilhosos, educados, que nos abririam as portas do primeiro mundo. Uma retórica para ocultar que o acordo será prejudicial para nós. Quem quiser saber o que nos espera com esse acordo que pergunte aos gregos e aos espanhóis como a velha Europa é tratada.

Agora tudo isso nos leva ao começo desta conversa, que são os Estados Unidos. Por quê? Porque uma vez assinado o pacto UE-Mercosul, no outro dia, Washington vai querer igualdade de condições comerciais que europeus conquistaram, exigindo de nós um acordo de livre comércio. Os Estados Unidos nunca se esqueceram do espírito da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas).

MAR DEL PLATA, NOVEMBRO DE 2005

No começo da década passada, FHC sancionou Pinheiro Guimarães por ter se oposto publicamente à assinatura da ALCA, que seria enterrada durante a Cúpula das Américas, celebrada em novembro de 2005 no balneário argentino de Mar del Plata, graças a uma frente formada pelos presidentes Lula, Néstor Kirchner, Hugo Chávez e Evo Morales, apoiados por outros líderes sul-americanos diante de um atônito George Walker Bush e de seu aliado, o mexicano Vicente Fox, ex-gerente da Coca Cola com um grande bigode.

A tese da ALCA pode ser recriada com outro nome. É possível que a Marina, FHC e a inteligência neoliberal reciclem o projeto?

Tudo me leva a pensar que o projeto norte-americano de integração hemisférica comercial, de eliminação de barreiras, de sanção de um sistema de leis que privilegiam suas multinacionais etc continua em vigor. É preciso prestar atenção na Aliança do Pacífico (México, Colômbia, Peru e Chile).

Entendo que os Estados Unidos se preparem para retomar essa proposta em caso de a Marina ganhar. Porque suas posições sobre política externa refletem as aspirações se setores empresariais, de banqueiros e grandes meios de comunicação que demonstraram certa saudade da dependência colonial.

Com Marina voltaremos ao passado anterior ao encontro de Mar del Plata?

A candidata parece estar muito aberta a essas ideias. Mas o interessante é que ela não está sozinha.

No seu entorno, se expressa esse espírito anterior à reunião de Mar del Plata. Eu me refiro ao professor André Lara Rasende, ao professor Eduardo Giannetti da Fonseca, à senhora Maria Alice Setúbal (Banco Itaú). Além disso, me parece natural que depois do primeiro turno (5 de outubro) se somem outras pessoas com pensamento similar e que hoje estão junto do candidato Aécio. Estou falando o professor Armínio Fraga, do professor Pedro Malán.

DILMA REELEITA

O senhor acredita que, apesar da subida de Dilma, a Marina será a futura presidenta?

Não, pelo contrário, acredito que, apesar de toda esta comoção, a presidenta Dilma será reeleita. Acredito que, ao longo destes dois meses, as ideias da ex-senadora vão ficar em evidência.

Neste caso, quais seriam os objetivos de sua política externa em um segundo mandato?

Em primeiro lugar, deve-se mencionar que sua política externa não teve diferenças coma de Lula, apesar de Dilma não ter o mesmo estilo de fazer política externa. Trabalho para reforçar os BRICS, impulsionou o banco dos BRICS, foi firme a favor da entrada da Venezuela no Mercosul, apesar de os Estados Unidos terem manifestado abertamente seu interesse em substituir o governo venezuelano, postura que encontra eco na grande imprensa brasileira, no FHC e nos dirigentes tucanos

No segundo mandato, a presidenta deveria ter como objetivo reduzir a vulnerabilidade externa do país, a dependência de capitais especulativos para o pagamento da dívida e tudo isto cria um círculo vicioso que aumenta as taxas de juros. É falso, é um mito que as taxas sobem para combater a inflação.

Ou seja, as alianças diplomáticas devem continuar, mas são necessárias mudanças na estratégia econômica internacional?

Sim, e está completo o comentário dizendo que em um segundo governo a presidenta Dilma terá que trabalhar para diversificar nosso comércio exterior, para reduzir nossa vulnerabilidade comercial devido ao crescimento das exportações de produtos primários cujos preços não somos nós quem decidimos. Quando digo diversificar penso em base para reforçar exportações industriais porque o Brasil corre o risco de seguir rumo a uma especialização regressiva na produção agropecuária e mineral, acompanhada de uma contração do setor industrial, aliada a uma atrofia de sua capacidade tecnológica.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...