Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Holocausto e anti-Holocausto: Iran faz concurso de humor negacionista
Venezuela: donos de loja presos por criarem "artificialmente" filas muito longas...
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Venezuelan President Nicolas Maduro says the owners of an unnamed chain of shops have been arrested for artificially creating long queues.
BBC, 2/02/2015
Mr Maduro said the owners had reduced the number of employees working on cash tills in order to create queues and "annoy the Venezuelan people".
He has accused Venezuela's business elite of boycotting his government.
The opposition blames the socialist policies of the past 16 years for the worsening economic crisis.
"Yesterday we detected that a famous chain of stores was conspiring, irritating the people," said Mr Maduro.
"We came, we normalized sales, we summoned the owners, we arrested them and they're prisoners for having provoked the people," he said.
'Time in prison'A week ago, thousands of Venezuelans attended an opposition march in Caracas, banging empty pots to highlight what they say is the shortage of many staple foods.
Demonstrators also voiced discontent at high inflation, crime and long queues.
Many analysts say currency controls that restrict the availability of dollars for imports play a key role in creating a scarcity of many items.
But President Maduro is adamant that many businessmen are colluding with the political opposition to oust his government.
He accused four supermarket chains of hoarding goods and smuggling items out of the country.
"Those who use their stores to hurt the people will pay with time in prison," Mr Maduro told a group of his supporters.
Last month he called on the National Assembly to open an inquiry into what he described as "an economic war" waged against his socialist government.
Venezuela - a major oil producer - has been heavily affected by the fall in oil prices on international markets. The economy officially entered recession in December.
Figures released by the central bank showed that GDP declined by 2.3% in the third quarter of 2014, after contracting by 4.8% and 4.9% in the first and the second quarters respectively.
Inflation in Venezuela reached 63.6% in the 12 months to November, one of the highest rates in the world.
Politica brasileira: Chegou a hora? - Fernando Henrique Cardoso
Lava Jato: o Ministerio Publico frauda a historia - Reinaldo Azevedo
É preciso desconhecer profundamente a história do Brasil, e do PT em particular, para que se tenha alguma dúvida sobre o que está em curso no petrolão. Não estamos diante de uma questão hamletiana; afastem dessa conversa o “ser ou não ser”; tirem do embate as incertezas, porque tolas, sobre a origem da roubalheira. A resposta é tão simples, a resposta é tão óbvia, a resposta é tão evidente: se o governo, como braço operativo do Estado, legitimado pelas urnas, atua como um ente neutro, contrata os serviços que precisa contratar junto à iniciativa privada, toma as devidas cautelas para que o dinheiro público seja bem aplicado e fará a melhor escolha: aquela que alia a qualidade ao melhor preço. Havendo a suspeita de cartelização, punem-se os responsáveis. E pronto!
As empresas não têm como chantagear o governo porque não fazem leis. Mas o governo tem como chantagear as empresas porque ele ou seus prepostos fazem leis. As empresas não têm como impor a sua vontade ao governo porque não redigem os editais de licitação. Mas o governo tem como impor a sua vontade às empresas porque redige editais de licitação — quando há licitação. As empresas não têm como conduzir as escolhas do governo porque não podem instrumentalizar órgãos de Estado para puni-lo. Mas o governo tem como conduzir as escolhas das empresas porque pode instrumentalizar órgãos de estado para puni-las.
Não! Eu não estou aqui a afirmar que as empreiteiras formam uma conspiração de anjos. Segundo o que se viu até agora, não mesmo! Mas foram elas que apareceram, como o demônio do “Fausto”, de Goethe, tentando a alma incorruptível dos políticos? Quer dizer que estes tinham, até ali, uma história de retidão e ascetismo, mas eis que chegaram aqueles homens maus do concreto armado, com um monte de dólares nas mãos, para seduzir aqueles pobres senhores? Tenham paciência!
O Ministério Público Federal criou uma página com esclarecimentos sobre a Lava Jato. Acho a iniciativa louvável, sim, embora haja ali um tantinho de proselitismo, de que a página deveria ser escoimada. A ilustração-síntese sugere que tudo começa com um grupo de empresários que decide praticar fraudes. Para tanto, corrompem agentes públicos, com a ajuda de doleiros.
Com a devida vênia, isso frauda é a história. Cadê o projeto de poder dali? Não se trata de uma questão de gosto, de leitura, de ideologia, de viés, mas de fato. Em sua página, infelizmente, o MP omite a essência do que estava em curso: havia um partido no comando da operação. Aliás, isso está no depoimento do próprio Paulo Roberto Costa, segundo quem o PT ficava com parte considerável mesmo da propina que era paga ao PP.
Os empreiteiros, parceiros da companheirada na lambança, estão indignados — e isso lá entre eles faz sentido — porque perceberam que, se deixarem tudo como está, vão, sim, virar bois de piranha. Eles pagarão a maior parte do preço pela sem-vergonhice que reinou por mais de 10 anos na Petrobras — será que foi só lá? —, enquanto há o risco de os principais beneficiários das falcatruas (E NÃO FORAM AS EMPRESAS) saírem por aí livres, leves e soltos. Isso já aconteceu no mensalão. Katia Rabello, a banqueira, não precisava daquela safadeza para ficar rica — ela já era. Deu-se mal quando pôs a sua empresa a serviço de uma estrutura criminosa que, esta sim, ganhou muito: ganhou o poder — que pretendia fosse eterno.
No esforço de manter parte da investigação na 13ª Vara Federal, em Curitiba, para que não migre toda para o Supremo Tribunal Federal, o juiz Sergio Moro tem impedido que empreiteiros e ex-diretores da Petrobras citem nomes de políticos com mandato. Vamos ser claros: não deixa de ser uma forma incômoda de condução do processo, que leva, ademais, a uma suposição errada — a de que o esquema tinha um braço de funcionamento que independia da política. Isso é simplesmente mentira.
A síntese é a seguinte: é preciso que o dito rigor de Sérgio Moro não acabe contribuindo para aliviar o peso sobre as costas do PT, que é, afinal, desde sempre, o maestro da ópera, não é mesmo? Se os verdadeiros responsáveis restarem impunes — ou receberam uma pena branda —, tudo seguirá igual no Estado brasileiro.
Façamos um corte puramente sincrônico e vamos contatar uma óbvia desigualdade: há uma penca de empreiteiros presos, e todos os verdadeiros beneficiários dos crimes de que são acusados estão soltos. Há algo de errado nisso aí.
Texto publicado originalmente às 2h07
domingo, 1 de fevereiro de 2015
Revista Brasileira de Politica Internacional, numero 2/2014 disponivel no Scielo
We´re glad to announce that the latest issue of Revista Brasileira de Política Internacional (RBPI – Vol. 57 – N. 2/2014) is avaliable at the journal page in Scielo. You can reach this issue at http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0034-732920140002&lng=en&nrm=iso.
Sincerely,
The Editorial Team
Revista Brasileira de Política Internacional Editorial Office
editoria@ibri-rbpi.org
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RBPI – Vol. 57 – No. 2/2014
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--- Editorial
Os sessenta anos do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, by Antônio Carlos Lessa & Paulo Roberto de Almeida
--- Articles
Rio Branco, grand strategy and naval power, by João Paulo Alsina Jr.;
UN Security Council decision-making: testing the bribery hypothesis, by Eugenio Pacelli Lazzarotti Diniz Costa & Mariana Baccarini;
O orçamento de defesa dos EUA: racionalidade X pressões domésticas, by Juliano da Silva Cortinhas;
A paz (ainda) pela jurisdição compulsória?, by George Rodrigo Bandeira Galindo;
An outline of military technological dynamics as restraints for acquisition, international cooperation, and domestic technological development, by Édison Renato Silva & Domício Proença Júnior;
Uma política para o continente – reinterpretando a Doutrina Monroe, by Carlos Gustavo Poggio Teixeira;
O declínio: inserção internacional do Brasil (2011–2014), by Amado Luiz Cervo & Antônio Carlos Lessa;
Governança de recursos comuns: bacias hidrográficas transfronteiriças, by Matilde de Souza, Franciely Torrente Veloso, Letícia Britto dos Santos, & Rebeca Bernardo da Silva Caeiro;
A discreta transição da Coreia do Norte: diplomacia de risco e modernização sem reforma, by Paulo Fagundes Vizentini & Analúcia Danilevicz Pereira;
Multi-level governance and social cohesion in the European Union: the assessment of local agents, a study case inside Galicia, by Antón Lois Fernández Álvarez e Mónica López-Viso;
Potências emergentes na ordem de redes: o caso do Brasil, by Daniel Flemes & Miriam Gomes Saraiva.
Petrobras, a tragedia - Marcos Coronato, Graziele Oliveira (Revista Epoca, edicao 869)
Temos de ler a mídia golpista então...
Paulo Roberto de Almeida
A queda trágica da Petrobras
Roída pela corrupção, pela ineficiência e pelo uso político, a estatal afunda. Há duas saídas: encolher ou continuar rumo à destruição
Há oito anos, a empresa – junto com os brasileiros – vibrava com a descoberta de petróleo na região do pré-sal. Hoje, não se pergunta mais qual será o próximo recorde de profundidade na extração de petróleo, e sim como a empresa pagará suas dívidas – sem balanço auditado, os credores no exterior podem começar a cobrá-las antecipadamente. A cúpula da petroleira pareceu acordar para a realidade na semana passada. “O grande mote do nosso plano 2015-2019 é o redimensionamento da Petrobras”, disse a presidente da companhia, Graça Foster, ao comentar os resultados financeiros.
Venezuela rompe sua propria Constituicao: Mercosul e Unasul?
Vou falar do governo assassino de Nicolás Maduro, na Venezuela. Mas, antes, uma lembrança.
Dilma Rousseff, a nossa governanta, discursou no dia 28 na 2ª Sessão Plenária da III Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), na Costa Rica. Referiu-se às conversações em curso entre Cuba e Estados Unidos nestes termos:
“Recentemente, presenciamos um fato de transcendência histórica: o anúncio da normalização das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos. Assim, começa a se retirar da cena latino-americana e caribenha o último resquício da Guerra Fria em nossa região. Não tenho dúvidas de que a CELAC tem sido um catalisador desse processo. Foram necessários coragem e sentido de responsabilidade histórica por parte dos presidentes Raúl Castro e Barack Obama, para dar esse importante passo. Os dois Chefes de Estado merecem nosso reconhecimento pela decisão que tomaram – benéfica para cubanos e norte-americanos, mas, sobretudo, benéfica para todos os cidadãos do continente. Merece, igualmente, nosso reconhecimento o Papa Francisco, por sua importante contribuição nesse processo. Não podemos esquecer, todavia, de que o embargo econômico, financeiro e comercial dos Estados Unidos a Cuba ainda continua em vigor. Essa medida coercitiva, sem amparo no Direito Internacional, que afeta o bem-estar do povo cubano e prejudica o desenvolvimento do país, deve, tenho certeza, do ponto de vista de todos os países aqui representados, ser superada. O Brasil, ao financiar as obras do Porto de Mariel, inaugurado à margem da Cúpula da CELAC em Havana, atuou em prol de uma integração abrangente. Agradecemos ao governo cubano e ao povo cubano a grande contribuição que tem dado ao Brasil no atendimento a serviços básicos de saúde para 50 milhões de brasileiros.”
Bem… Cuba é que deveria ser grata ao Brasil, não? Há 7.400 médicos cubanos por aqui. Cada um custa R$ 10 mil por mês, mas ficam com apenas R$ 2,9 mil desse dinheiro. O resto vai para a ditadura dos irmãos Castro. A escravidão moderna rende, líquidos, à ilha R$ 52.540.000 por mês — ou R$ 630,48 milhões por ano. Um negócio e tanto. Mais: o porto de Mariel é negócio de pai para filho. Consta que não conhecemos dessa história nem a metade. Mas sigamos.
Reparem que, em seu discurso, Dilma censurou os EUA pelo embargo, mas não censurou Cuba pela ditadura. A soberana não deve achar que seja esse um assunto grave. E, agora sim, posso voltar à Venezuela. O governo de Maduro assinou uma resolução que permite às Forças Armadas abrir fogo — atirar mesmo, pra valer — contra manifestantes. Em outras palavras: matá-los. O texto, informa a http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/206122-venezuela-autoriza-atirar-contra-protesto.shtml Folha, estabelece o seguinte: “diante de uma situação de risco mortal, o funcionário militar aplicará [o] uso da força potencialmente mortal, com arma de fogo ou outra arma potencialmente mortal”.
O texto viola dois artigos da Constituição, mesmo aquela que há lá, bolivariana, talhada ao gosto dos tiranos: o 68, que “proíbe o uso de armas de fogo [...] no controle de manifestações pacíficas; e o 332, segundo o qual os “órgãos de segurança cidadã são de caráter civil [e não militar]”. E daí?
O governo do Brasil, que lisonjeia a ditadura cubana e critica os EUA, uma democracia, é um dos principais aliados do regime venezuelano. Com a liderança de que dispõe no continente, o nosso país estaria obrigado a se manifestar sobre a decisão de Maduro, mas não vai. Prefere se esconder na chamada “não ingerência em assuntos internos” de outro país.
Como esquecer que Dilma Rousseff e Cristina Kirchner deram um verdadeiro golpe no Mercosul para abrigar a Venezuela, violando, inclusive, a cláusula do tratado que define o bloco? A dupla se aproveitou de uma crise política no Paraguai para suspender esse país do Mercosul e dar abrigo, então, a Hugo Chávez.
Reitero: essa resolução viola uma cláusula do tratado do Mercosul. Não se ouvirá um pio. Dilma acha o embargo dos EUA a Cuba um crime de lesa-humanidade, mas não vê nada de mais que se matem pessoas nas ruas feito moscas. Afinal, Lula já chegou a dizer que, na Venezuela, “existe democracia até demais”.
A democracia da bala.
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