segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Holocausto e anti-Holocausto: Iran faz concurso de humor negacionista

O que vai acontecer?
Algum comando sionista vai se explodir no local da exposição?
Não, nada, rigorosamente nada.
Haverá mais matérias de jornal do que real interesse por um concurso besta como esse...
Paulo Roberto de Almeida


CONCURSO DE CARICATURAS NEGACIONISTAS: Um centro cultural iraniano anunciou um plano para realizar uma competição de caricaturas de negação do Holocausto, em resposta ao massacre da revista Charlie Hebdo após a publicação de caricaturas do profeta Maomé. A Casa do Irã de Desenhos Animados e do Complexo Sarcheshmeh Cultural organizou o concurso, de acordo com o jornal Independent, e convidou os participantes a apresentarem desenhos satíricos sobre o tema da negação do Holocausto, para julgamento no início de abril. A competição anunciou um prêmio de US$ 12.000 para o vencedor, com prêmios de US$ 8.000 e US$ 5.000 para segundo e terceiro lugar, respectivamente. Masud Shojaei-Tabatabaii, o organizador da competição, disse que as caricaturas seriam exibidas no Museu Palestina de Arte Contemporânea de Teerã antes de serem mostradas em outras partes da capital.

(retirado de um boletim de notícias de um consulado israelense)

Venezuela: donos de loja presos por criarem "artificialmente" filas muito longas...

Até onde chega a demência dos bolivarianos no poder.
Paulo Roberto de Almeida

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Venezuelan President Nicolas Maduro says the owners of an unnamed chain of shops have been arrested for artificially creating long queues. 

BBC, 2/02/2015

Mr Maduro said the owners had reduced the number of employees working on cash tills in order to create queues and "annoy the Venezuelan people".

He has accused Venezuela's business elite of boycotting his government. 

The opposition blames the socialist policies of the past 16 years for the worsening economic crisis.

"Yesterday we detected that a famous chain of stores was conspiring, irritating the people," said Mr Maduro.

"We came, we normalized sales, we summoned the owners, we arrested them and they're prisoners for having provoked the people," he said.

'Time in prison'

A week ago, thousands of Venezuelans attended an opposition march in Caracas, banging empty pots to highlight what they say is the shortage of many staple foods.

Demonstrators also voiced discontent at high inflation, crime and long queues.

Many analysts say currency controls that restrict the availability of dollars for imports play a key role in creating a scarcity of many items.

But President Maduro is adamant that many businessmen are colluding with the political opposition to oust his government.

He accused four supermarket chains of hoarding goods and smuggling items out of the country.

"Those who use their stores to hurt the people will pay with time in prison," Mr Maduro told a group of his supporters.

Last month he called on the National Assembly to open an inquiry into what he described as "an economic war" waged against his socialist government.

Venezuela - a major oil producer - has been heavily affected by the fall in oil prices on international markets. The economy officially entered recession in December.

Figures released by the central bank showed that GDP declined by 2.3% in the third quarter of 2014, after contracting by 4.8% and 4.9% in the first and the second quarters respectively.

Inflation in Venezuela reached 63.6% in the 12 months to November, one of the highest rates in the world.

Politica brasileira: Chegou a hora? - Fernando Henrique Cardoso

Boa análise do ex-presidente sobre a atual situação do Brasil (mas menos contundente do que seria preciso quanto as desmandos e mesmo crimes, comuns e econômicos, das três últimas administrações), mas totalmente equivocado na parte prescritiva final quanto a uma vaga e indefinida reforma política. Não só ele não diz exatamente o que quer (e o que não quer) ou o que seria preciso fazer nessa área, como tem a pretensão, ou a ilusão completa, de achar que a classe política vai cometer suicídio voluntariamente.
FHC costuma ser bom nos diagnóstico e péssimo nas prescrições. 
Paulo Roberto de Almeida 

Chegou a hora

Fernando Henrique Cardoso

1 de fevereiro de 2015
Discurso de Fernando Henrique Cardoso durante a comemoração dos 20 anos do Plano RealQuando eventualmente este artigo vier a ser lido, a Câmara dos Deputados estará escolhendo seu novo presidente. Ganhe ou perca o governo, as fraturas na base aliada estarão expostas. Da mesma maneira, o esguicho da operação “Lava Jato” respingará não só nos empresários e ex-dirigentes da Petrobrás nomeados pelos governos do PT, mas nos eventuais beneficiários da corrupção que controlam o poder. A falta de água e seus desdobramentos energéticos continuarão a ocupar as manchetes. Não se precisa saber muito de economia para entender que a dívida interna (três trilhões de reais!), os desequilíbrios dos balanços da Petrobrás e das empresas elétricas, a diminuição da arrecadação federal, o início de desemprego, especialmente nas manufaturas, o aumento das taxas de juros, as tarifas subindo, as metas de inflação sendo ultrapassadas dão base para prognósticos negativos do crescimento da economia.
Tudo isso é preocupante, mas, não é o que mais me preocupa. Temo, especialmente, duas coisas: o havermos perdido o rumo da história e o fato da liderança nacional não perceber que a crise que se avizinha não é corriqueira: a desconfiança não é só da economia, é do sistema político como um todo. Quando esses processos ocorrem não vão para as manchetes de jornal. Ao entrar na madeira, o cupim é invisível; quando percebido, a madeira já apodreceu.
Por que temo havermos perdido o rumo? Porque a elite governante não se apercebeu das consequências das mudanças na ordem global. Continua a viver no período anterior, no qual a política de substituição das importações era vital para a industrialização. Exageraram, por exemplo, ao forçar o “conteúdo nacional” na indústria petrolífera, excederam-se na fabricação de “campeões nacionais” à custa do Tesouro. Os resultados estão à vista: quebram-se empresas beneficiárias do BNDES, planejam-se em locais inadequados refinarias “Premium” que acabam jogadas na vala dos projetos inconclusos. Pior, quando executados, têm o custo e a corrupção multiplicados. Projetos decididos graças à “vontade política” do mandão no passado recente.
Pela mesma cegueira, para forçar a Petrobrás a se apropriar do pré-sal, mudaram a lei do petróleo que dava condições à estatal de concorrer no mercado, endividaram-na e a distancianciaram da competição. Medida que isentava a empresa da concorrência nas compras, se transformou em mera proteção para decisões arbitrárias que facilitaram desvios de dinheiro público.
Mais sério ainda no longo prazo: o governo não se deu conta de que os Estados Unidos estavam mudando sua política energética, apostando no gás de xisto com novas tecnologias, buscando autonomia e barateando o custo do petróleo. O governo petista apostou no petróleo de alta profundidade, que é caro, descontinuou o etanol pela política suicida de controle dos preços da gasolina que o tornou pouco competitivo e, ainda por cima (desta vez graças à ação direta de outra mandona), reduziu a tarifa de energia elétrica em momento de expansão do consumo, além de ter tomado medidas fiscais que jogaram no vermelho as hidrelétricas.
Agora todos lamentam a crise energética, a falta de competitividade da indústria manufatureira e a alta dos juros, consequência inevitável do desmando das contas públicas e do descaso com as metas de inflação. Os donos do poder esqueceram-se de que havia alternativas, que sem renovação tecnológica os setores produtivos isolados não sobrevivem na globalização e que, se há desmandos e corrupção praticados por empresas, eles não decorrem de erros do funcionalismo da Petrobrás, nem exclusivamente da ganância de empresários, mas de políticas que são de sua responsabilidade, até porque foi o governo quem nomeou os diretores ora acusados de corrupção, assim como foram os partidos ligados a ele os beneficiados.
Preocupo-me com as dificuldades que o povo enfrentará e com a perda de oportunidades históricas. Se mantido o rumo atual, o Brasil perderá um momento histórico e as gerações futuras pagarão o preço dos erros dos que hoje comandam o país. Depois de doze anos de contínua tentativa de desmoralização de quase tudo que meu governo fez, bem que eu poderia dizer: estão vendo, o PT beijou a cruz, tenta praticar tudo que negou no passado: ajuste fiscal, metas de inflação, abertura de setores públicos aos privados e até ao “capital estrangeiro”, como no caso dos planos de saúde. Quanto ao “apagão” que nos ronda, dirão que faltou planejamento e investimento como disseram em meu tempo? Em vez disso, procuro soluções.
Nada se consertará sem uma profunda revisão do sistema político e mais especificamente do sistema partidário e eleitoral. Com uma base fragmentada e alimentando os que o sustentam com partes do orçamento, o governo atual não tem condições para liderar tal mudança. E ninguém em sã consciência acredita no sistema prevalecente. Daí minha insistência: ou há uma regeneração “por dentro”, governo e partidos reagem e alteram o que se sabe que deve ser alterado nas leis eleitorais e partidárias, ou a mudança virá “de fora”. No passado, seriam golpes militares. Não é o caso, não é desejável nem se vêm sinais.
Resta, portanto, a Justiça. Que ela leve adiante a purga; que não se ponham obstáculos insuperáveis ao juiz, aos procuradores, delegados ou à mídia. Que tenham a ousadia de chegar até aos mais altos hierarcas, desde que efetivamente culpados. Que o STF não deslustre sua tradição recente. E, principalmente, que os políticos, dos governistas aos oposicionistas, não lavem as mãos. Não deixemos a Justiça só. Somos todos, responsáveis perante o Brasil, ainda que desigualmente. Que cada setor político cumpra sua parte e, em conjunto, mudemos as regras do jogo partidário eleitoral. Sob pena de sermos engolfados por uma crise, que se mostrará maior do que nós.
*Fernando Henrique Cardoso é ex-presidente da República
**Artigo publicado nos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo, além do site Observador Político  – 1º/02/2015

Lava Jato: o Ministerio Publico frauda a historia - Reinaldo Azevedo

Eu já disse isso com outras palavras, quando postei aqui, e coloquei o dossiê à disposição, o site do MPF que tenta "explicar" o Petrolão, esquecendo o principal, ou seja, o chefe da orquestra, que é o partido totalitário pelos seus chefes principais.
Excesso de timidez, precaução processual, falta de coragem, ou de caráter? 
Não sei dizer, mas o fato é que o MPF frauda a história.
Paulo Roberto de Almeida

É preciso desconhecer profundamente a história do Brasil, e do PT em particular, para que se tenha alguma dúvida sobre o que está em curso no petrolão. Não estamos diante de uma questão hamletiana; afastem dessa conversa o “ser ou não ser”; tirem do embate as incertezas, porque tolas, sobre a origem da roubalheira. A resposta é tão simples, a resposta é tão óbvia, a resposta é tão evidente: se o governo, como braço operativo do Estado, legitimado pelas urnas, atua como um ente neutro, contrata os serviços que precisa contratar junto à iniciativa privada, toma as devidas cautelas para que o dinheiro público seja bem aplicado e fará a melhor escolha: aquela que alia a qualidade ao melhor preço. Havendo a suspeita de cartelização, punem-se os responsáveis. E pronto!

As empresas não têm como chantagear o governo porque não fazem leis. Mas o governo tem como chantagear as empresas porque ele ou seus prepostos fazem leis. As empresas não têm como impor a sua vontade ao governo porque não redigem os editais de licitação. Mas o governo tem como impor a sua vontade às empresas porque redige editais de licitação — quando há licitação.  As empresas não têm como conduzir as escolhas do governo porque não podem instrumentalizar órgãos de Estado para puni-lo. Mas o governo tem como conduzir as escolhas das empresas porque pode instrumentalizar órgãos de estado para puni-las.

Não! Eu não estou aqui a afirmar que as empreiteiras formam uma conspiração de anjos. Segundo o que se viu até agora, não mesmo! Mas foram elas que apareceram, como o demônio do “Fausto”, de Goethe, tentando a alma incorruptível dos políticos? Quer dizer que estes tinham, até ali, uma história de retidão e ascetismo, mas eis que chegaram aqueles homens maus do concreto armado, com um monte de dólares nas mãos, para seduzir aqueles pobres senhores? Tenham paciência!

O Ministério Público Federal criou uma página com esclarecimentos sobre a Lava Jato. Acho a iniciativa louvável, sim, embora haja ali um tantinho de proselitismo, de que a página deveria ser escoimada. A ilustração-síntese sugere que tudo começa com um grupo de empresários que decide praticar fraudes. Para tanto, corrompem agentes públicos, com a ajuda de doleiros.

esquema MP

Com a devida vênia, isso frauda é a história. Cadê o projeto de poder dali? Não se trata de uma questão de gosto, de leitura, de ideologia, de viés, mas de fato. Em sua página, infelizmente, o MP omite a essência do que estava em curso: havia um partido no comando da operação. Aliás, isso está no depoimento do próprio Paulo Roberto Costa, segundo quem o PT ficava com parte considerável mesmo da propina que era paga ao PP.

Os empreiteiros, parceiros da companheirada na lambança, estão indignados — e isso lá entre eles faz sentido — porque perceberam que, se deixarem tudo como está, vão, sim, virar bois de piranha. Eles pagarão a maior parte do preço pela sem-vergonhice que reinou por mais de 10 anos na Petrobras — será que foi só lá? —, enquanto há o risco de os principais beneficiários das falcatruas (E NÃO FORAM AS EMPRESAS) saírem por aí livres, leves e soltos. Isso já aconteceu no mensalão. Katia Rabello, a banqueira, não precisava daquela safadeza para ficar rica — ela já era. Deu-se mal quando pôs a sua empresa a serviço de uma estrutura criminosa que, esta sim, ganhou muito: ganhou o poder — que pretendia fosse eterno.

No esforço de manter parte da investigação na 13ª Vara Federal, em Curitiba, para que não migre toda para o Supremo Tribunal Federal, o juiz Sergio Moro tem impedido que empreiteiros e ex-diretores da Petrobras citem nomes de políticos com mandato. Vamos ser claros: não deixa de ser uma forma incômoda de condução do processo, que leva, ademais, a uma suposição errada — a de que o esquema tinha um braço de funcionamento que independia da política. Isso é simplesmente mentira.

A síntese é a seguinte: é preciso que o dito rigor de Sérgio Moro não acabe contribuindo para aliviar o peso sobre as costas do PT, que é, afinal, desde sempre, o maestro da ópera, não é mesmo? Se os verdadeiros responsáveis restarem impunes — ou receberam uma pena branda —, tudo seguirá igual no Estado brasileiro.

Façamos um corte puramente sincrônico e vamos contatar uma óbvia desigualdade: há uma penca de empreiteiros presos, e todos os verdadeiros beneficiários dos crimes de que são acusados estão soltos. Há algo de errado nisso aí.

Texto publicado originalmente às 2h07

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Revista Brasileira de Politica Internacional, numero 2/2014 disponivel no Scielo

Dear Dr. Paulo Roberto de Almeida:

We´re glad to announce that the latest issue of Revista Brasileira de Política Internacional (RBPI – Vol. 57 – N. 2/2014) is avaliable at the journal page in Scielo. You can reach this issue at http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0034-732920140002&lng=en&nrm=iso.

Sincerely,

The Editorial Team
Revista Brasileira de Política Internacional Editorial Office
editoria@ibri-rbpi.org

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RBPI – Vol. 57 – No. 2/2014
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--- Editorial

Os sessenta anos do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, by Antônio Carlos Lessa & Paulo Roberto de Almeida

--- Articles

Rio Branco, grand strategy and naval power, by João Paulo Alsina Jr.;

UN Security Council decision-making: testing the bribery hypothesis, by Eugenio Pacelli Lazzarotti Diniz Costa & Mariana Baccarini;

O orçamento de defesa dos EUA: racionalidade X pressões domésticas, by Juliano da Silva Cortinhas;

A paz (ainda) pela jurisdição compulsória?, by George Rodrigo Bandeira Galindo;

An outline of military technological dynamics as restraints for acquisition, international cooperation, and domestic technological development, by Édison Renato Silva & Domício Proença Júnior;

Uma política para o continente – reinterpretando a Doutrina Monroe, by Carlos Gustavo Poggio Teixeira;

O declínio: inserção internacional do Brasil (2011–2014), by Amado Luiz Cervo & Antônio Carlos Lessa;

Governança de recursos comuns: bacias hidrográficas transfronteiriças, by Matilde de Souza, Franciely Torrente Veloso, Letícia Britto dos Santos, & Rebeca Bernardo da Silva Caeiro;

A discreta transição da Coreia do Norte: diplomacia de risco e modernização sem reforma, by Paulo Fagundes Vizentini & Analúcia Danilevicz Pereira;

Multi-level governance and social cohesion in the European Union: the assessment of local agents, a study case inside Galicia, by Antón Lois Fernández Álvarez e Mónica López-Viso;

Potências emergentes na ordem de redes: o caso do Brasil, by Daniel Flemes & Miriam Gomes Saraiva.

Petrobras, a tragedia - Marcos Coronato, Graziele Oliveira (Revista Epoca, edicao 869)

Parece que a propaganda enganosa do governo não pretende esclarecer os motivos pelos quais a vaca petrolífera foi para o brejo.
Temos de ler a mídia golpista então...
Paulo Roberto de Almeida

A queda trágica da Petrobras

Roída pela corrupção, pela ineficiência e pelo uso político, a estatal afunda. Há duas saídas: encolher ou continuar rumo à destruição

MARCOS CORONATO E GRAZIELE OLIVEIRA
Revista Época, 30/01/2015
Kindle
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Capa edição 869 (Foto: reprodução)
>> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana:
A Petrobras sempre foi descrita em números superlativos. Maior empresa do Brasil. Referência mundial em prospecção, extração, refino e distribuição de petróleo, admirada por seus pares – estatais mundo afora que concentram toda a cadeia produtiva. Empresa mais inovadora do Brasil, tão inovadora que superava nossas maiores universidades em patentes registradas por ano. Pois a Petrobras não resistiu a anos de administração corrupta e incompetente e agoniza diante dos brasileiros em queda trágica e espetacular. Tão espetacular que seus números são igualmente superlativos. Em quatro anos de governo Dilma Rousseff, a empresa perdeu valor de mercado em progressão geométrica. Vale hoje R$ 112 bilhões em comparação a R$ 413 bilhões em 2011. A Petrobras hoje detém o título de empresa mais endividada do mundo. Na sexta-feira, dia 30, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a estatal e informou que considera rebaixá-la novamente. Isso significa avisar a investidores mundo afora que a capacidade da Petrobras de honrar suas dívidas piora rapidamente. Nesta semana, a Petrobras finalmente divulgou os resultados do terceiro trimestre de 2014 – com atraso, sem aprovação de auditoria e ainda sem embutir os resultados de perdas por corrupção. Pela lei do Estado de Nova York, a Petrobras já está dando calote nos investidores americanos, ao descumprir regras de divulgação de resultados.

Há oito anos, a empresa – junto com os brasileiros – vibrava com a descoberta de petróleo na região do pré-sal. Hoje, não se pergunta mais qual será o próximo recorde de profundidade na extração de petróleo, e sim como a empresa pagará suas dívidas – sem balanço auditado, os credores no exterior podem começar a cobrá-las antecipadamente. A cúpula da petroleira pareceu acordar para a realidade na semana passada. “O grande mote do nosso plano 2015-2019 é o redimensionamento da Petrobras”, disse a presidente da companhia, Graça Foster, ao comentar os resultados financeiros.
>> Continue lendo esta reportagem em ÉPOCA desta semana

Venezuela rompe sua propria Constituicao: Mercosul e Unasul?

Segundo as cláusulas democráticas dessas instituições, desrespeitar a Constituição é uma ruptura democrática. Elas não vão fazer nada? Sequer um pronunciamento?
Paulo Roberto de Almeida 

Vou falar do governo assassino de Nicolás Maduro, na Venezuela. Mas, antes, uma lembrança.

Dilma Rousseff, a nossa governanta, discursou no dia 28 na 2ª Sessão Plenária da III Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), na Costa Rica. Referiu-se às conversações em curso entre Cuba e Estados Unidos nestes termos:
“Recentemente, presenciamos um fato de transcendência histórica: o anúncio da normalização das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos. Assim, começa a se retirar da cena latino-americana e caribenha o último resquício da Guerra Fria em nossa região. Não tenho dúvidas de que a CELAC tem sido um catalisador desse processo. Foram necessários coragem e sentido de responsabilidade histórica por parte dos presidentes Raúl Castro e Barack Obama, para dar esse importante passo. Os dois Chefes de Estado merecem nosso reconhecimento pela decisão que tomaram –  benéfica para cubanos e norte-americanos, mas, sobretudo, benéfica para todos os cidadãos do continente. Merece, igualmente, nosso reconhecimento o Papa Francisco, por sua importante contribuição nesse processo. Não podemos esquecer, todavia, de que o embargo econômico, financeiro e comercial dos Estados Unidos a Cuba ainda continua em vigor. Essa medida coercitiva, sem amparo no Direito Internacional, que afeta o bem-estar do povo cubano e prejudica o desenvolvimento do país, deve, tenho certeza, do ponto de vista de todos os países aqui representados, ser superada. O Brasil, ao financiar as obras do Porto de Mariel, inaugurado à margem da Cúpula da CELAC em Havana, atuou em prol de uma integração abrangente. Agradecemos ao governo cubano e ao povo cubano a grande contribuição que tem dado ao Brasil no atendimento a serviços básicos de saúde para 50 milhões de brasileiros.”

Bem… Cuba é que deveria ser grata ao Brasil, não? Há 7.400 médicos cubanos por aqui. Cada um custa R$ 10 mil por mês, mas ficam com apenas R$ 2,9 mil desse dinheiro. O resto vai para a ditadura dos irmãos Castro. A escravidão moderna rende, líquidos, à ilha R$ 52.540.000 por mês — ou R$ 630,48 milhões por ano. Um negócio e tanto. Mais: o porto de Mariel é negócio de pai para filho. Consta que não conhecemos dessa história nem a metade. Mas sigamos.

Reparem que, em seu discurso, Dilma censurou os EUA pelo embargo, mas não censurou Cuba pela ditadura. A soberana não deve achar que seja esse um assunto grave. E, agora sim, posso voltar à Venezuela. O governo de Maduro assinou uma resolução que permite às Forças Armadas abrir fogo — atirar mesmo, pra valer — contra manifestantes. Em outras palavras: matá-los. O texto, informa a http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/206122-venezuela-autoriza-atirar-contra-protesto.shtml Folha, estabelece o seguinte: “diante de uma situação de risco mortal, o funcionário militar aplicará [o] uso da força potencialmente mortal, com arma de fogo ou outra arma potencialmente mortal”.   

O texto viola dois artigos da Constituição, mesmo aquela que há lá, bolivariana, talhada ao gosto dos tiranos: o 68, que “proíbe o uso de armas de fogo [...] no controle de manifestações pacíficas; e o 332, segundo o qual os “órgãos de segurança cidadã são de caráter civil [e não militar]”. E daí?

O governo do Brasil, que lisonjeia a ditadura cubana e critica os EUA, uma democracia, é um dos principais aliados do regime venezuelano. Com a liderança de que dispõe no continente, o nosso país estaria obrigado a se manifestar sobre a decisão de Maduro, mas não vai. Prefere se esconder na chamada “não ingerência em assuntos internos” de outro país.

Como esquecer que Dilma Rousseff e Cristina Kirchner deram um verdadeiro golpe no Mercosul para abrigar a Venezuela, violando, inclusive, a cláusula do tratado que define o bloco? A dupla se aproveitou de uma crise política no Paraguai para suspender esse país do Mercosul e dar abrigo, então, a Hugo Chávez.

Reitero: essa resolução viola uma cláusula do tratado do Mercosul. Não se ouvirá um pio. Dilma acha o embargo dos EUA a Cuba um crime de lesa-humanidade, mas não vê nada de mais que se matem pessoas nas ruas feito moscas. Afinal, Lula já chegou a dizer que, na Venezuela, “existe democracia até demais”.

A democracia da bala.

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Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...