segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Nova biografia do barão por L.C. Villafane- resenha por Rubens Ricupero


O maior conhecedor da obra do Barão atualmente, Rubens Ricupero, resenha a terceira grande biografia do patrono da diplomacia brasileira, que se alinha, com louvor, às duas precedentes, a de Alvaro Lins (1945), que era semi-oficialesca, e a de Luis Vianna Filho (1959), excelente. Luis Claudio Villafañe promete passar à categoria dos clássicos imediatos, como aliás foi o caso com o livro do próprio Ricupero, A Diplomacia na Construção do Brasil, 1750-2017.
Paulo Roberto de Almeida


CRÍTICA

Nova biografia renova e vira referência sobre vida do barão do Rio Branco

Obra faz uma síntese atual e completa síntese da vida do patrono da diplomacia brasileira


Ler aqui: 
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/11/nova-biografia-renova-e-vira-referencia-sobre-vida-do-barao-do-rio-branco.shtml

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domingo, 4 de novembro de 2018

Desafios (externos) ao Brasil no próximo governo - Uniceub, 5/11, 19h30

Um ex-aluno meu do doutoramento em Direito no Uniceub, Fernando Elias, atualmente professor no curso de Relações Internacionais na mesma instituição de Brasília, consultou-me recentemente – mais ainda antes do segundo turno – sobre o que poderíamos apresentar aos seus alunos sobre o cenário que se abriria ao Brasil a partir da instalação do próximo governo, em janeiro de 2019.
Naturalmente tendente a analisar mais as questões econômicas, do que as políticas ou mesmo as diplomáticas, sugeri a organização de uma mesa redonda sobre os desafios externos ao Brasil, e indiquei convites a dois economistas de minha confiança: Felipe Salto, da Instituição Financeira Independente, órgão do Senado Federal, e o professor Roberto Ellery, do Departamento de Economia da UnB. O próprio Fernando Elias faria a coordenação dos debates.
Eis o banner preparado para a ocasião: 

Para tal ocasião, e para facilitar minha exposição antes do debate, preparei uma apresentação, como registrado nesta ficha: 

3357. “Desafios externos ao Brasil no próximo governo”, Brasília, 4 novembro 2018, 24 slides. Apresentação em mesa-redonda no Uniceub, com a participação de Felipe Salto (IFI-Senado) e Roberto Ellery (Eco-UnB), sob a coordenação do prof. Fernando Elias, do curso de Relações Internacionais, em 5/11/2018. Disponível na plataforma Academia.edu (link: http://www.academia.edu/37701676/DesafiosExternosBrasil.ppt).

Na verdade, como se verá, todos, ou praticamente todos, os grandes problemas do Brasil são essencialmente domésticos, mas como o curso é de relações internacionais, ficou o título.

Minha apresentação, portanto, já está disponível. As dos dois colegas poderão ser disponibilizadas oportunamente.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 novembro 2018


Programa de trabalho

Os treze anos e meio durante os quais fui um dissidente, um outcast, um opositor consciente do lulopetismo diplomático serviram-me de espaço de reflexão (e de produção) sobre as idas e vindas das posturas corporativas e das estratégias de “sobrevivência” de colegas de trabalho nos dois ambientes nos quais me exerço: a diplomacia e a academia.
Em ambas contemplei, no mais das vezes solitariamente, o que de melhor e o que de pior existe na condição humana, com suas contradições inevitáveis.
A ciclotimia constatada me induz a permanecer nas mesmas condutas que sempre foram as minhas: a observação crítica, a reflexão ponderada, o ceticismo sadio, a expressão de minhas constatações com a maior objetividade possível e com todo o rigor da honestidade intelectual.
Pretendo perseverar, daí a importância de permanecer independente funcionalmente e autônomo intelectualmente.

Brasília, 4/11/2018

sábado, 3 de novembro de 2018

Nova biografia do Barão por Luis Claudio Villafane - Resenha de Rubens Ricupero

O maior conhecedor da obra do Barão atualmente, Rubens Ricupero, resenha a terceira grande biografia do patrono da diplomacia brasileira, que se alinha, com louvor, às duas precedentes, a de Alvaro Lins (1945), que era semi-oficialesca, e a de Luis Vianna Filho (1959), excelente. Luis Claudio Villafañe promete passar à categoria dos clássicos imediatos, como aliás foi o caso com o livro do próprio Ricupero, A Diplomacia na Construção do Brasil, 1750-2017.
Paulo Roberto de Almeida

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CRÍTICA

Nova biografia renova e vira referência sobre vida do barão do Rio Branco

Obra faz uma síntese atual e completa síntese da vida do patrono da diplomacia brasileira


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Uma tragédia brasileira: as regras para fazer o Brasil não funcionar - Marcos Mendes

Uma fábula de improdutividade
(economista do Senado, atualmente no Ministério da Fazenda do governo Temer)
João é inteligente e nasceu numa família de classe alta. Estudou em boas escolas e entrou para uma universidade pública, gratuita, no curso de Engenharia. 
Formado, viu que os melhores salários iniciais de engenheiros estavam em R$ 5 mil. Fez concurso para um cargo de nível médio num tribunal: salário de R$ 9 mil mais gratificações, aposentadoria integral, estabilidade, expediente de seis horas. O contribuinte custeou a formação de um engenheiro e recebeu um arquivador de processos sobrerremunerado. 
Amanhã João estará em frente ao Congresso, com seus colegas, todos em greve por aumento salarial. Não terá o dia de trabalho descontado nem se sente remotamente ameaçado de demissão.
Pedro não tem muito talento intelectual. Mas sua família pôde pagar uma boa escola, o que lhe garantiu uma vaga num curso não muito concorrido em universidade pública. 
Carente de habilidades acadêmicas, Pedro não se adaptou e mudou de curso duas vezes, deixando para trás centenas de horas-aula desperdiçadas e duas vagas que poderiam ter sido ocupadas por outros estudantes que jamais terão acesso àquela universidade. 
Foi fácil desistir dos cursos, pois Pedro nada pagou por eles. 
Após oito anos na universidade, Pedro finalmente se formou em Biologia. Sonha em ter um emprego igual ao de João. Entrou num cursinho preparatório para concursos públicos. Lá conheceu centenas de jovens formados em universidades públicas que, em vez de irem para o mercado de trabalho aplicar os seus conhecimentos, estão em sala de aula decorando apostilas para conseguirem um emprego público. 
Jorge, o dono do cursinho, é um brilhante advogado que poderia contribuir para a sociedade redigindo contratos empresariais. Mas descobriu que ganha mais dinheiro preparando candidatos ao serviço público.
Um dos professores do cursinho de Jorge é Manuel, que também abandonou sua formação universitária e mudou de ramo. Ao perceber que jamais exercerá a profissão original, ele pediu desfiliação do respectivo conselho profissional.
Mas não consegue, porque Márcia, funcionária daquele conselho, tem como missão criar todo tipo de dificuldade às desfiliações e manter em dia a arrecadação compulsória. Manuel desistiu e vai pagar a contribuição pelo resto de sua vida profissional, ainda que não se beneficie em nada e pouca satisfação seja dada pelo conselho profissional acerca do uso desse dinheiro. 
As limitações acadêmicas de Pedro o impedem de ser aprovado em concurso público. Ele vai ser um medíocre professor numa escola de ensino fundamental de segunda linha (pública ou privada), oferecendo ensino de baixa qualidade às novas gerações das famílias que não podem pagar por uma escola melhor. 
Pedro só conseguiu essa vaga porque há uma reserva de mercado: por lei, as escolas de ensino fundamental só podem contratar professores com diploma de nível superior. Fosse permitido contratar universitários, diversos graduandos em Biologia mais talentosos e motivados que o diplomado Pedro estariam em sala de aula, oferecendo boas aulas às crianças.
Antônio é tão brilhante quanto João. Daria um excelente engenheiro, mas nasceu em família pobre e estudou em escola pública. Teve professores limitados, no padrão de Pedro, e a desorganização administrativa da escola piorava as coisas: muitas vezes não havia professores em sala. Falta com atestado médico não dá demissão.
Antônio até conseguiu passar no vestibular de Engenharia em universidade pública, pelo sistema de cotas, mas sua formação deficiente em Matemática foi uma barreira intransponível. Abandou o curso, deixando mais horas-aula perdidas e mais uma vaga ociosa na conta dos contribuintes.
Antônio, porém, é empreendedor. Não se abalou com o insucesso universitário, aprendeu a consertar eletrônicos por meio de vídeos no YouTube. Montou um pequeno negócio de manutenção de smartphones e computadores. 
Seu talento poderia torná-lo um grande empresário. Mas para crescer ele precisa transferir sua empresa do regime de tributação Simples para a tributação normal, pagando impostos muito mais altos, porque o governo precisa de muito dinheiro para pagar altos salários, para custear a universidade gratuita que desperdiça vagas e para sustentar escolas públicas que não dão aula, entre outras despesas. Mesmo assim, o governo permanece em déficit e toma empréstimo para se financiar, aumentando a taxa de juros. 
Com impostos altos e crédito caro, Antônio prefere manter seu negócio pequeno. A grande empresa e seus empregos morreram antes de nascer.
Chico é um líder talentoso. Dirige uma central sindical que congrega os sindicatos dos companheiros do Judiciário e dos professores, entre outras categorias. Chico está em frente ao Congresso Nacional apoiando a greve de Pedro por melhores salários. 
Faz um discurso contra os neoliberais, que só pensam em cortar gastos públicos e arrochar os trabalhadores. Chico não tem muito do que reclamar (embora, como líder sindical, a sua especialidade seja, justamente, reclamar): além da remuneração paga pelo sindicato (e custeada pelo imposto sindical, cobrado obrigatoriamente dos contribuintes), ele está aposentado pelo INSS desde os 52 anos de idade. Até o fim da sua vida receberá muito mais do que contribuiu para a Previdência.
Nenhum dos personagens acima citados tem comportamento ilegal. Eles jogam o jogo de acordo com as regras que estão postas. 
O erro está nas regras. 
Mudá-las requer superar as dificuldades das decisões coletivas. Não mudá-las implica continuar com talentos profissionais e dinheiro público mal alocados, empregos improdutivos, potenciais inexplorados, gasto público excessivo, oportunidades perdidas, incentivos errados.
*Marcos Mendes tem graduação, mestrado e doutorado em economia, custeados pelos contribuintes, em universidades públicas. Não se anuncia como ‘economista’, pois não é filiado ao conselho regional de economia e não quer ser processado por isso. É servidor público bem remunerado."

Une democradure au Bresil? - Olivier Dabène (Sciences Po)

Olivier Dabène est un des "brésiliennistes" français, prof. à Sciences Po.
Je voudrais commenter plus extensivemente, mais je n'ai pas le temps.
Je dirais seulement qu'il se trompe, comme d'ailleurs la plupart des commentateurs étrangers, contaminés par la publicité mensongère du PT et ses sympathisants à l'étranger.
Pas tous les 47 millions de votes pour le "poteaux" de Lula étaient pour le PT ou en défense de la démocratie. Une moitié au moins c'était déjà pour le PT, n'importe lequel serait le fantoche de Lula. Une partie était contre la "menace fasciste", un FakeNews du PT et des "intellectuels" sympathisants.
Ni les 57 millions de votes pour Bolsonaro étaient de droite, fascistes ou conservateurs. Ils voulaient simplement éviter le retour au pouvoir de la mafia du PT.
Il n'y a pas de risque de retour en arrière au Brésil, de dictature, ou "démocradure".
Reste la confusion mentale, d'une part et de l'autre.
C'est la seule chose sure au Brésil.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3/11/2018

BRÉSIL, LE SPECTRE D'UNE « DÉMOCRADURE »

Par Olivier Dabène (CERI)

Au lendemain du second tour de la présidentielle, trois Brésil émergent. Pour les 57 millions d’électeurs de Jair Bolsonaro, la radicalité de leur champion est à la hauteur des enjeux. Le pays a besoin d’un vaste coup de balai contre la corruption et de fermeté pour enrayer la violence. Les 47 millions de Brésiliens qui ont voté pour Fernando Haddad ont, quant à eux, souhaité défendre la démocratie tout autant qu’exprimer leur fidélité au Parti des travailleurs (PT).
Reste le Brésil invisible de plus de 40 millions d’électeurs qui soit n’ont pas pris part au vote, soit ont voté blanc ou nul. Cette proportion anormalement élevée traduit un certain désarroi face à une dangereuse polarisation politique.

Comment en est-on arrivé là ?

Le candidat Jair Bolsonaro est parvenu durant sa campagne à incarner la figure de l’outsider antipolitique, alors même qu’il est parlementaire depuis 28 ans. Ses positionnements radicaux l’ont, il est vrai, longtemps marginalisé au sein de la classe politique, lui permettant d’incarner une alternative au monde corrompu des professionnels de la politique. Bolsonaro a aussi tiré profit de son passé militaire pour donner du crédit à ses propositions musclées en matière de lutte contre la violence et l’insécurité. Il a, enfin, capitalisé sur la frustration générée par la lenteur de la reprise économique.
La radicalité de Bolsonaro est proportionnelle au dégoût que suscite l’ensemble de la classe politique compromise dans des scandales de corruption. L’attachement à la démocratie, en baisse dans les enquêtes d’opinion, n’a pas dissuadé les électeurs de voter pour un nostalgique de la dictature. Pour certains, la haine contre le Parti des travailleurs (PT, au pouvoir entre 2002 et 2016), a motivé un vote de rejet dont Bolsonaro a bénéficié.
Ces élections ont ainsi clôturé une séquence marquée par une stratégie de revanche de la droite défaite dans les urnes à quatre reprises par le PT (en 2002, 2006, 2010, 2014).
Les mobilisations sociales de juin 2013 (mouvement étudiant pour la gratuité des transports publics), ont été mal gérées par le PT, qui s’est coupé de la jeunesse. Elles ont aussi été récupérées par la droite qui a cru pouvoir en faire un argument de campagne électorale.
Malgré tout, aux élections présidentielles de 2014, le PT emporte sa quatrième victoire consécutive. Les mobilisations sociales orchestrées par la droite en 2014 témoignent de la volonté d’en découdre. Parallèlement, les premières révélations de la vaste enquête contre la corruption lancée en 2014 (Lava Jato) secouent l’ensemble de la classe politique. Pour autant, la justice se focalise sur le Parti des travailleurs et les médias amplifient ce discrédit qui frappe le parti de Lula. En 2016, la présidente Dilma Rousseff est destituée dans des conditions douteuses pour « crime de responsabilité fiscale ».
En 2018, la campagne électorale de Bolsonaro séduit trois types d’électeurs :
  • un électorat jeune, urbain et diplômé opte pour un vote utile afin d’écarter le PT ;
  • un électorat populaire est séduit par le discours sécuritaire ;
  • et un électorat proche des Églises évangéliques ne retient que la défense de valeurs néo-conservatrices.
Tous sont adeptes de WhatsApp qui véhicule une propagande extrémiste au contenu haineux.

Le risque d’une dérive autoritaire

La dérive autoritaire du Brésil a commencé sur deux registres. Au plan institutionnel, la politisation de la justice et le recours abusif à la procédure de destitution contre Dilma Rousseff ont rompu l’équilibre des pouvoirs. Sur le plan des comportements, Bolsonaro durant sa campagne a trahi l’esprit de la démocratie en présentant son opposant comme un ennemi à éliminer. Ses évocations nostalgiques de la période de dictature (1964-1985) ont d’ailleurs valeur d’aveu.
La démocratie peut certes fonctionner en l’absence de convictions démocratiques d’un président de la République, mais elle reste alors subordonnée à ses actes. Et en la matière, Bolsonaro inspire toutes les craintes.
Ainsi, il n’est pas déraisonnable de penser que les opposants à Bolsonaro vont tenter de le déstabiliser dans la rue, ce qui pourrait occasionner des réactions musclées de la part des forces de police galvanisées par le soutien du Président. Toutes les options sont alors ouvertes, du retour rapide au calme à un engrenage à la vénézuélienne compromettant les libertés publiques. La démocratie brésilienne deviendrait alors illibérale.
Il n’est pas non illogique d’imaginer les conséquences dramatiques de la politique répressive que Bolsonaro annonce pour ramener la paix par la violence dans les quartiers affectés. Le recours aux forces armées a déjà été testé au Brésil et les politiques de mano dura ont augmenté la violence partout en Amérique latine. La démocratie brésilienne deviendrait militarisée, une « démocradure » encore plus violence.

Un axe conservateur émerge en Amérique du Sud

On peut enfin spéculer sans grand risque sur la volonté de Bolsonaro de se faire réélire dans quatre ans. Son utilisation massive des fake news durant sa campagne 2018, montre à quel point il ne reculera devant rien pour rendre la victoire de l’opposition impossible. Le régime relèvera alors de l’autoritarisme électoral, comme le Venezuela, la Turquie ou la Russie.
Ces risques de dérive autoritaire peuvent être accentués par les soutiens internationaux dont il pourra se targuer.
L’admiration de Bolsonaro pour les États-Unis de Trump, pour commencer, ne fait pas de doute. Bolsonaro cherchera à établir un lien privilégié avec l’administration républicaine, afin de faire de son pays un relais d’influence dans la région. Il soutiendra par ailleurs les positions de Trump, notamment au Moyen-Orient (transfert de la capitale à Jérusalem).
En Amérique du Sud, l’émergence d’un axe conservateur comprenant l’Argentine, le Chili et la Colombie, bouleverse la géopolitique régionale. Sa portée sera toutefois atténuée par l’accent placé par le Brésil de Bolsonaro sur la défense d’intérêts nationaux (lutte contre le narcotrafic). L’opposition agressive au Venezuela devrait être confirmée, mais sans aller jusqu’à une action militaire concertée avec la Colombie et les États-Unis, envisagée un temps durant la campagne.

Des capacités de résistance au sein de la société civile

Dès le soir de la défaite du candidat du PT, le Brésil mobilisé pour la défense de la démocratie est entré en résistance. Nul doute que les organisations de la société civile brésilienne opposées à Bolsonaro exerceront une vigilance de tous les instants et qu’elles dénonceront vigoureusement les éventuelles dérives évoquées précédemment.
Elles pourront compter pour ce faire sur le soutien de certaines institutions comme le Tribunal suprême fédéral, qui est déjà intervenu durant la campagne pour défendre la liberté de conscience et d’expression des Universités. Ce Tribunal aura à juger de la conformité à la Constitution de certaines réformes annoncées par Bolsonaro. Dans certains cas comme la réduction de la responsabilité pénale à 16 ans ou la privatisation d’entreprises publiques, les débats promettent d’être acharnés.
La période qui s’ouvre constituera sans nul doute un test pour l’État de droit brésilien comme pour la qualité de sa démocratie.The Conversation
Olivier Dabène, professeur des universités, président de l’Observatoire politique de l’Amérique latine et des Caraïbes (OPALC) du Centre de recherches internationales de Sciences Po (CERI).
Cet article est republié à partir de The Conversation sous licence Creative Commons. Lire l’article original.

Moro: embates do futuro ministro com os supreminhos (STF)

Prioridades de Moro no governo devem levar a embates com ministros do STF
Folha de S. Paulo, 3/11/2018

 Principal crítico da atuação do juiz federal Sergio Moro nos quatro anos da Operação Lava Jato, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo, dizia no ano passado que as prisões preventivas que o magistrado decretava flertavam com a ilegalidade: "Temos um encontro marcado com as alongadas prisões que se determinam em Curitiba. Temos que nos posicionar sobre este tema que conflita com a jurisprudência que desenvolvemos ao longo desses anos". Gilmar criticava Moro porque o então juiz mantinha suspeitos presos por mais tempo e com justificativas mais elásticas que as previstas em lei. Agora que aceitou ser ministro da Justiça do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), Moro deve ter uma pauta de discussão, e de potenciais conflitos, muito mais ampla do que o tema das prisões preventivas, sobre o qual ele derrotou o entendimento de Gilmar e do Supremo.
A primeira questão, e potencialmente a mais explosiva, deve ser a da prisão a partir de condenação em segunda instância, usada para mandar o ex-presidente Lula para a cadeia. O Supremo aprovou a mudança em 2016 por 6 votos a 5. Sabendo que ministros mudaram de posição, a defesa de Lula tentou colocar essa questão em votação no Supremo neste ano para libertá-lo, sem sucesso. A mudança da lei enfraqueceria a Operação Lava Jato, segundo procuradores da força-tarefa. Como Moro disse que aceitou o cargo para evitar retrocessos na operação, o embate parece certo. Há outras questões em que o Supremo e Moro divergem. O juiz defendeu, e muitas vezes colocou em prática, interpretações da lei que contrariam o entendimento do Supremo. A maior derrota de Moro nessas questões foi o veto da corte em junho do ano passado às conduções coercitivas, uma figura que só é autorizada em condições excepcionais, mas era usada rotineiramente pela Lava Jato. A força-tarefa em Curitiba obteve autorização para fazer 227 conduções coercitivas. A corte também considerou ilegal o uso que Moro fez do conceito de interesse público ao divulgar gravações de conversas do ex-presidente Lula.
O juiz também tinha críticas sobre o entendimento da legislação brasileira, endossada pelo Supremo, sobre recursos que um réu pode ingressar para tentar mudar o resultado de um julgamento. "É um sistema de recursos sem fim", disse o ex-juiz em comissão do Congresso em setembro de 2015. "Sem falar em crimes graves, de malversação do dinheiro público, que demora muito, muitas vezes chegando à prescrição. Isso precisa ser alterado". O caso do ex-prefeito Paulo Maluf (PP) parece dar razão a Moro. Ele foi denunciado em 2006 por desvios de US$ 172 milhões em uma obra em São Paulo, mas só foi cumprir a pena de prisão, decretada pelo Supremo, 19 anos depois. O livro que Moro carregava nesta quarta (1º), quando foi se encontrar com Bolsonaro no Rio, "Novas Medidas Contra a Corrupção", que deve ser seu guia no ministério, defende que é preciso "imprimir maior celeridade ao sistema recursal" sem violar garantias. O pacote prevê o estabelecimento de prazos para os recursos e a aplicação de multas para quem apela apenas para ganhar prazo. A obra compilou 70 medidas para aprimorar o combate à corrupção, a partir de uma consulta feita pela Transparência Internacional e pela escola de direito da Fundação Getúlio Vargas a 370 instituições no Brasil. O pacote é um tentativa de aprimorar as Dez Medidas contra a Corrupção, que previa medidas consideradas ilegais, como a simulação de crime para apanhar funcionários públicos corruptos. A mudança do sistema de recursos precisa ser aprovada pelo Congresso.
O pano de fundo de todas as divergência do ex-juiz sobre a legislação brasileira é uma das figuras centrais do sistema jurídico ocidental: a presunção de inocência. O artigo 5º da Constituição brasileira prevê que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". Trânsito em julgado quer dizer que não cabe mais recursos para mudar a sentença. A defesa de Lula diz que sua prisão viola esse princípio. O entendimento que prevaleceu é de que a pena pode ser cumprida mesmo quando há recursos pendentes no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo. Moro já atacou o que considera excessos na invocação dessa figura: "O princípio de presunção de inocência não pode ser interpretado como uma garantia de impunidade dos poderosos", disse em abril deste ano. Na Lava Jato, Moro conseguiu aplicar agilidade incomum na Justiça brasileira com o uso de figuras do direito anglo-saxão, como os acordos de delação. Não é preciso consultar o gênio da lâmpada para saber que o futuro ministro levará para a pasta essa visão de mundo.

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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...