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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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domingo, 17 de janeiro de 2016

O mito da redução da desiguadade distributiva no Brasil: na verdade aumentou a desigualdade sob o PT (G1)

O mito da redução das desigualdades distributivas no Brasil sob o comando econômico dos companheiros é isso, nada mais do que um mito. Na verdade, as desigualdades aumentaram, ainda que moderadamente, e as camadas mais ricas passaram a deter uma parte maior da riqueza produzida no conjunto da economia. Isso desmantela a propaganda enganosa do PT de que reduziram as desigualdades: NÃO reduziram, aumentaram, em virtude de suas políticas corruptas e em favor dos ricos empresários e dos detentores de capital -- os rentistas do setor financeiro, como os próprios petistas os chamam -- que por acaso são os mesmos que financiam o partido corrupto e mentiroso. Tampouco eliminaram a pobreza e elevaram estratos pobres para faixas mais altas de bem-estar. MENTIRA, mais uma vez. O que os petistas fizeram, com uma pequena parte dos recursos adicionais que arrancaram dos brasileiros produtivos, foi dispensar pagamentos aos mais pobres, os inscritos do Bolsa-Família, passando assim NÃO a eliminar a pobreza, mas a SUBSIDIAR O CONSUMO dos mais pobres, ou seja, simplesmente financiando consumo, SEM QUALQUER mudança na estrutura produtiva ou na capacidade produtiva dos mais pobres. Isso não é sustentável, e não é acabar com a pobreza ou a desigualdade.
Ou seja, todo o conjunto de melhorias apregoadas pelos petistas constituem deslavada mentira, grotesta mistificação dos dados da realidade, como demonstrado aliás nesta matéria sobre a desigualdade.

Paulo Roberto de Almeida  

Anápolis, 17/01/2016

Desigualdade não diminuiu nos últimos anos, diz pesquisa da UnB

Estudo mostra que 10% dos mais ricos detém 53,8% da renda no país.
Conclusão difere da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE.

Do G1, em Brasília
16/10/2015

Um estudo feito por dois pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) mostra que a desigualdade de renda no Brasil não diminuiu nos últimos anos, e sim permanece estável. A conclusão é diferente do que aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2014, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A metodologia adotada também permitiu concluir que, em 2012, 10% dos brasileiros mais ricos detinham 53,8% da renda no país. Em 2006, esse percentual era de 51,1%.
De acordo com a pesquisa, a variação de 2,67 pontos percentuais é tão pequena que não poderia ser interpretada como um aumento na concentração de renda, mas sim como uma “flutuação” dentro de uma “tendência de estabilidade”.
O mesmo foi observado entre 1% dos mais ricos. Em 2012, eles detinham 24,4% da renda no país, ante 22,8% em 2006 (variação de 1,64 pontos percentuais).
Para chegar a essas conclusões, os professores levaram em conta dados da Receita Federal sobre o Imposto de Renda. A metodologia permitiu que eles chegassem a resultados diferentes do que mostra a Pnad de 2014, do IBGE, que indicou queda da desigualdade no país nos últimos anos.
As conclusões fazem parte do artigo “A estabilidade da desigualdade no Brasil entre 2006 e 2012: resultados adicionais”, assinado pelos professores Marcelo Medeiros e Pedro H. Souza. O trabalho é um desdobramento de outro estudo sobre o tema, divulgado por eles em 2014.

Perdas cambiais e prejuizos do BC com os swaps cambiais -- Alexandro Martello (G1)


BC tem perda de quase R$ 90 bilhões com intervenções no câmbio em 2015
Alexandro Martello
G1, em Brasília, 6/01/2016

Disparada do dólar em 2015 motivou maior perda anual desde 2003.
Porém, ganho líquido com valorização de reservas foi de R$ 259 bilhões.

No ano passado, houve a maior perda anual com essas operações da série histórica, que começa, para anos fechados, em 2003. Até então, o maior prejuízo, em todo um ano, havia sido registrado em 2014 (R$ 17,32 bilhões).
De forma geral, o BC registra lucro com esses contratos quando o dólar cai e perde quando a cotação da moeda norte-americana sobe. Em todo ano passado, a moeda norte-americana subiu 48,49% sobre o real, no que foi o maior avanço anual em 13 anos.

Avaliação do BC
Nos últimos meses do ano passado, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou no Congresso Nacional que, por outro lado, a alta do dólar valoriza as reservas internacionais. Esse valor, segundo ele, supera as perdas com os swaps cambiais.
Em 2015, o BC informou que o ganho líquido com a valorização das reservas internacionais brasileiras, que é calculado pela sua rentabilidade (com a alta do dólar, as reservas em reais também ficam maiores) menos o custo de captação, foi de R$ 259,97 bilhões.
Ainda de acordo com o BC, a valorização das reservas, entretanto, não tem impacto no chamado superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública), assim como não tem efeito no déficit nominal do setor público, mas incorporam o balanço do Banco Central. Os valores são exclusivamente utilizados para abater a dívida pública.
Tombini também afirmou, no ano passado, que o BC "nunca falou em segurar taxa de câmbio". "Falou em segurar volatilidade, permitir que os mercados funcionassem. Hoje temos um mercado de futuros que é bastante líquido. Ali estava a pressão", declarou Tombini naquele momento.

No fim de setembro, o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que as operações de swap têm proposito de oferecer "hedge" (proteção) ao setor privado contra a alta do dólar.
"É uma proteção contra a flutuação do câmbio, que funciona bem em termos de ajuste das contas externas e as operações conferem proteção aos agentes privados. Isso significa que as empresas que têm dívida, compromissos em moeda estrangeira, podem se proteger com o swap. Isso atenua os impactos sobre o setor produtivo sobre a renda, sobre a produção, sobre o emprego, sobre a arrecadação", declarou ele na ocasião.

Swaps impactam indicadores fiscais
Por outro lado, os prejuízos do Banco Central com os contratos de "swaps cambiais" são incorporados às despesas com juros da dívida pública e ajudam a impulsionar o déficit nominal – que somou 9,3% do PIB em 12 meses até novembro. Esse conceito é acompanhado pelas agências de classificação de risco.
Os contratos de "swap" também ajudam a impulsionar a dívida do setor público. No caso da dívida bruta, uma das principais formas de comparação internacional (que não considera os ativos dos países, como as reservas cambiais) – conceito também acompanhado pelas agências de classificação de risco – o endividamento brasileiro subiu em setembro. No fim de novembro, estava em 65,1% do PIB (R$ 3,84 trilhões).
Alguns bancos já projetam a dívida bruta em 70% do PIB no futuro. O próprio Banco Central admitiu na semana passada que, considerando as previsões de mercado para PIB, câmbio, juros básicos da economia e inflação em 2016, além de um déficit primário de 1% do PIB (estimado pelos analistas para 2016), a dívida bruta somaria 71,5% do PIB no fim deste ano.
Com a piora dos indicadores, entre eles aqueles relacionados com as contas públicas, o Brasil já perdeu o grau de investimento por duas das três maiores agências de classificação de risco no ano passado. No início de setembro, a Standard & Poors tirou o grau de investimento do país. Em dezembro, a Fitch anunciou o rebaixamento da nota brasileira para grau especulativo. Com isso, alguns fundos de pensão, por conta de suas regras, têm de retirar investimentos do país.
Recentemente, os Ministérios da Fazenda e do Planejamento avaliaram que a perda do grau de investimento pela segunda das três grandes agências de classificação de risco poderia ter "efeitos consideráveis" para a economia brasileira. "Caso o Governo perca o grau de investimento pela segunda das três grandes agências de classificação de risco, ele deixará de ser considerado pelos investidores, inclusive pelos grandes investidores institucionais, como uma alternativa de investimento com baixo risco de crédito", avaliam os ministérios.

Para que servem os contratos de "swap"?
O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana.
No vencimento deles, o investidor se compromete a pagar uma taxa de juros sobre o valor dos contratos e recebe do BC a variação do dólar no mesmo período.
Segundo o BC, os contratos de "swap cambial", que voltaram a ser emitidos em junho de 2013, quando a moeda norte-americana se aproximava de R$ 2,40, visam dar proteção para os agentes ("hedge") que têm dívida em moeda estrangeira e fornecer liquidez para o mercado – evitando também uma volatilidade maior (forte sobe e desce) das cotações no mercado à vista.
Esse tipo de contrato também representa uma forma de proteção a empresas com dívidas altas em dólar. Se uma empresa fatura em reais, mas tem dívidas em dólares, pode ser interessante investir nestes contratos que a livram do risco de perder dinheiro com uma disparada da moeda norte-americana. Mas a estratégia tem um custo e envolve riscos. Se o dólar cair ou ficar estável, a empresa pode ter perdas e isso complica seu balanço.

sábado, 16 de janeiro de 2016

2015-16 State of the Future - Millenium Project book


2015-16 State of the Future

by Jerome C. Glenn, Elizabeth Florescu, and The Millennium Project Team

The 2015-16 State of the Future is a compelling overview of humanity's present situation, challenges and opportunities, potentials for the future, and actions and policies that could improve humanity's outlook - in clear, precise, and readable text with unparalleled breadth and depth. "It is time for intolerance of irrelevant speeches and non-actions by leaders. The stakes are too high to tolerate business as usual", warns the Executive Summary of the report.

Pages: 289; includes some 40 graphs
ISBN: 978-0-9882639-2-5
Library of Congress Control Number: 98-646672

See the video of the report`s launch at the Woodrow Wilson Center
Al Jazeera interview with Jerome C. Glenn, CEO of The Millennium Project
Press Release: The Millennium Project's newly-released "2015-16 State of the Future" Confirms that the World is Winning More than Losing, but Where it is Losing is Very Serious.
Media Advisory (pdf)

2015-16 State of the Future

by Jerome C. Glenn, Elizabeth Florescu, and The Millennium Project Team

A lucid, thought-provoking, strategically oriented exploration of the transforming world order.
          Mihaly Simai, former Chairman, United Nations University
The State of the Future can make a difference in the world. Well done.
          Wendell Bell, Professor Emeritus, Yale University
Global intelligence on the future of the world in the palm of your hand
          KurzweilAI News
So important for many people around the world.
          Eleonora Masini, former Secretary and President, World Futures Studies Federation
Absolutely worth the reader’s time… takes the reader much farther forward than most thinking.
          Defense & Foreign Affairs Policy Journal
Strategic Planning for the Planet… remarkably articulate and prescient
          Willian Halal, Foresight Journal
Authoritative compendium of what we know about the future of humanity and our planet.
          The Futurist
Certainly, the guide to make better decisions and achieve success.
          Julio Millán, President Coraza Corporación Azteca
Invaluable insights into the future for the United Nations, its Member States, and civil society.
          Ban Ki-moon, Secretary-General, United Nations

Executive Summary (pdf): Arabic, Chinese, Croatian, English, French, Japanese, Korean, Portuguese, Romanian, Spanish

Table of Contents
Description and Foreword
What are the Prospects for Humanity?
List of Figures, Tables, Boxes


Table of Contents

FOREWORD
EXECUTIVE SUMMARY 1
GLOBAL CHALLENGES 15

      1. Sustainable Development and Climate Change 18
      2. Water and Sanitation 28
      3. Population and Resources 40
      4. Democratization 52
      5. Global Foresight and Decisionmaking 66
      6. Global Convergence of ICT 78
      7. Rich-Poor Gap 88
      8. Health Issues 110
      9. Education and Learning 132
      10. Peace and Conflict 140
      11. Status of Women 158
      12. Transnational Organized Crime 174
      13. Energy 184
      14. Science and Technology 196
      15. Global Ethics 206
2015 STATE OF THE FUTURE INDEX 217
FUTURE OF WORK/TECHNOLOGY 2050 241
APPENDICES

      Millennium Project Node Chairs, Boards & Sponsors 273
      List of Tables, Figures, and Boxes 280
ACRONYMS AND ABBREVIATIONS 284

DESCRIPTION and FOREWORD
The 2015–16 State of the Future brings together an extraordinarily diverse set of data, information, intelligence, and hopefully some wisdom about the future. This is the eighteenth edition of the State of the Future. We believe that each edition is better than the last. We update data, improve insights, and respond to feedback. You can add your feedback online at the Global Futures Intelligence System (themp.org). There is a comment icon in the lower right corner of the executive summary and the same for
every one of the 15 Global Challenges.
The short overviews of the 15 Global Challenges are getting longer and more detailed each year. In addition to giving you possibly the best overview in existence for each challenge, think of these as a reference to keep on your desk to return to as needed. Just as you would not speedread the encyclopedia, this section should also be taken in short doses. Take your time to reflect on what you are reading in each challenge and in the sections on the State of the Future Index and the Future Work/ Technology 2050.
This is the second year we have used the Global Futures Intelligence System to update and improve the State of the Future report. The challenges in GFIS are updated daily from news aggregations, scanning items, situation charts, and other resources, which has led to greater detail and depth than in the previous edition.
While this report presents the distilled results of recent research by The Millennium Project, GFIS contains the detailed background and data for that research, plus all of The Millennium Project’s research since its founding in 1996. It also contains the largest internationally peerreviewed set of methods to explore future possibilities ever assembled in one source. Readers of this report should subscribe to GFIS to keep up to date and participate in improving insights about future possibilities.
The purpose of futures research is to systematically explore, create, and test both possible and desirable futures in order to improve decisions. Just as the person on top of the mast on old sailing ships used to point out the rocks and safe channels to the captain below for the smooth running of the ship through uncharted waters, so too futurists with foresight systems for the world can point out problems and opportunities to leaders and the public around the world. Since decision-making is increasingly affected by globalization, global futures research is increasingly valuable for decision-making by individuals, groups, and institutions. The quality of democracies emerging around the world is enhanced by better-informed publics; understanding issues and opportunities in this report can contribute to improved democratic decision-making.
This report is for thought leaders, decision-makers, and all those who care about the world and its future. Readers will learn how their interests fit into the global situation and how the global situation may affect them and their interests. The State of the Future and GFIS provide an additional eye on global change. These are information utilities that
people can draw from as relevant to their unique needs. They provide an overview of the global strategic landscape. Business executives use the research as input to their strategic planning. University professors, futurists, and other consultants find this information useful in teaching and research.
The Millennium Project is a global participatory think tank of futurists, scholars, scientists, business planners, and policy makers who work for international organizations, governments, corporations, NGOs, and universities and who volunteer their time to improve each edition of the State of the Future. It was selected to be among the top
10 think tanks in the world for new ideas and paradigms by the 2013 and 2014 University of Pennsylvania’s GoTo Think Tank Index and as a 2012 Computerworld Honors Laureate for its innovations in collective intelligence systems.
The purposes of The Millennium Project are to assist in organizing futures research, improve thinking about the future, and make that thinking available through a variety of media for consideration in policymaking, advanced training, public education, and feedback, ideally in order to accumulate wisdom about potential futures.
The Project’s diversity of opinions and global views is ensured by its 56 Nodes around the world. These are groups of individuals and organizations that interconnect global and local perspectives. They identify participants, conduct interviews, translate and distribute questionnaires, and conduct research and conferences. It is through their contributions that the world picture of this report and indeed all of The Millennium Project’s work emerge.
Through its research, publications, addresses at conferences, and Nodes, The Millennium Project helps to nurture an international collaborative spirit of free inquiry and feedback for increasing collective intelligence to improve social, technical, and environmental viability for human development. Feedback on any sections of the book is most
welcome and may help shape the next State of the Future, GFIS, and the general work of The Millennium Project.
Jerome C. Glenn, Executive Director
Elizabeth Florescu, Director of Research
The Millennium Project Team -- Staff , 56 Nodes, Reviewers

What are the Prospects for Humanity? They could be great, provided the main global challenges are addressed, shows the 2015-16 State of the Future produced by The Millennium Project

The State of the Future is a comprehensive overview of the present situation and prospects for humanity, integrating forecasts, trends, and judgments of thought leaders and scholars from around the world sharing important future possibilities to improve strategies today.
The 205-16 State of the Future shows that the world is improving better than most pessimists know and that future dangers are worse than most optimists indicate. We need serious, coherent, and integrated understandings of mega-problems and opportunities to identify and implement strategies on the scale necessary to address global challenges. This report should be used as a reference to further that understanding. After 18 years of producing the State of the Future reports, it is increasingly clear that humanity has the resources to address its global challenges, but it is not clear that an integrated set of global and local strategies will be implemented together and on the scale necessary to build a better future.
“The State of the Future is an unparalleled overview of what is, what ought to be, and how to achieve it,” says Jerome Glenn, CEO of The Millennium Project. “The 2015-16 edition is the richest array and synthesis of data, information, and intelligent insights that The Millennium Project has ever assembled. "A lucid, thought-provoking, strategically oriented exploration of the transforming world order" says Mihaly Simai, former Chairman of the United Nations University. It integrates and distills the rapidly changing global situation in technology, environment, social unrest, development gaps, security, energy, food, organized crime, gender relations, governance, health, education, and more.
The Executive Summary of the 2015-16 State of the Future gives a clear and precise overview of our situation, prospects, and suggestions for building a better future, plus an annual World Report Card of where we are winning and losing, and the 2015 State of the Future Index.
The section on the 15 Global Challenges provides a framework for understanding global change with infographics for each challenge.
The State of the Future Index (SOFI) section offers more details on how the SOFI is computed, graphs and forecsts for the 28 variables included in the SOFI, a sensitivity analysis of the 2015 SOFI, and national applications for four European countries.
The section on the Future Work/Technology 2050 shares the initial analysis of a Real-Time Delphi study that explores a series of questions such as:
• What should we begin to do now to prevent long-term structural unemployment due to future technologies?
• What questions need to be resolved to answer whether AI and other future technologies will create more jobs than they replace?
• If massive unemployment cannot be prevented, what politicaleconomic changes would it be wise to begin to develop?
Rich with data, analysis and forecasts, the State of the Future report is a unic "one-stop-shop" to understand the present situation and potential prospects in all the domains-- from economy to demographics, S&T, climate change, democracy, and global ethics.
The Millennium Project is a global participatory think tank connecting 56 Nodes around the world that identify important long-range challenges and strategies, and initiate and conduct foresight studies, workshops, symposiums, and advanced training. Over 4,500 futurists, scholars, business planners, and policy makers who work for international organizations, governments, corporations, NGOs, and universities have participated in The Millennium Project’s research since its inception in 1996. The Project’s mission is to improve thinking about the future and make that thinking available through a variety of media for feedback to accumulate wisdom about the future for better decisions today. It produces the annual State of the Future reports, the Futures Research Methodology series, the Global Futures Intelligence System (GFIS), and special studies. The Millennium Project was selected among the top ten think tanks in the world for new ideas and paradigms by the 2013 University of Pennsylvania’s GoTo Think Tank Index, and as a 2012 Computerworld Honors Laureate for its contributions to collective intelligence systems.


List of Figures, Tables, Boxes
Executive Summary
Figure 1. Initial Draft Concept for Discussion of an Integrated Global Strategy 8
Figure 2. State of the Future Index 2015 9
Figure 3. Where We Are Winning 11
Figure 4. Where We Are Losing or There Is Little or No Progress 12
Box 1. Variables Included in the Computation of the 2015 SOFI 10
Global Challenges
Figure 1.1 Global Challenges 17
Figure 1.2 Improved water source (% of population with access) 38
Figure 1.3 Renewable internal freshwater resources per capita (cubic meters) 39
Figure 1.4 Freedom rights (number of countries rated "free") 65
Figure 1.5 Internet penetration by Region 87
Figure 1.6 Poverty headcount ratio at $1.25 a day (PPP) (% of population) 109
Figure 1.7 Health expenditure per capita (current $) 130
Figure 1.8 Likelihood of education and learning possibilities by 2030 139
Figure 1.9 Terrorism incidents 157
Figure 1.10 CPIA transparency, accountability, and corruption in the public sector rating 215
Figure 1.11 Global Challenges and SOFI Process 216
State of the Future Index
Figure 2.1 State of the Future Index 2015 -- 220
Figure 2.2 State of the Future Index 2015 with 25% improvements of Energy Efficiency and Income Inequality between 2016 and 2025 -- 220
Figure 2.3 Where we are winning 221
Figure 2.4 Where we are losing or there is no progress 222
Figure 2.5 2014 SOFI Czech Republic 223
Figure 2.6 2014 SOFI Hungary 223
Figure 2.7 2014 SOFI Poland 224
Figure 2.8 2014 SOFI Slovakia 224
Figure 2.9 V4 2014 SOFI 225
Figure 2.10 2014 SOFI Comparison among V4 countries 225
Figure 2.11 GNI per capita, PPP (constant 2011 international $) 226
Figure 2.12 Economic income inequality (Income share held by highest 10%) 227
Figure 2.13 Unemployment, total (% of world labor force) 227
Figure 2.14 Poverty headcount ratio at $1.25 a day (PPP) (% of population) 228
Figure 2.15 CPIA transparency, accountability, and corruption in the public sector rating 228
Figure 2.16 Foreign direct investment, net inflows (BoP, current $, billions) ………..……….229
Figure 2.17 R&D expenditures (% of GDP) 229
Figure 2.18 Population growth (annual %) 230
Figure 2.19 Life expectancy at birth (years) 230
Figure 2.20 Mortality rate, infant (per 1,000 live births) 231
Figure 2.21 Prevalence of undernourishment (% of population) 231
Figure 2.22 Health expenditure per capita (current $) 232
Figure 2.23 Physicians (per 1,000 people) 232
Figure 2.24 Improved water source (% of population with access) 233
Figure 2.25 Renewable internal freshwater resources per capita (cubic meters) 233
Figure 2.26 Biocapacity per capita (gha) 234
Figure 2.27 Forest area (% of land area) 234
Figure 2.28 Fossil fuel and cement production emissions (MtC/yr) 235
Figure 2.29 Energy efficiency (GDP per unit of energy use (constant 2011 PPP $ per kg of oil equivalent)) 235
Figure 2.30 Electricity production from renewable sources, excluding hydroelectric (% of total) 236
Figure 2.31 Literacy rate, adult total (% of people aged 15 and above) 236
Figure 2.32 School enrollment, secondary (% gross) 237
Figure 2.33 Share of high-skilled employment (%) 237
Figure 2.34 Number of wars and armed conflicts 238
Figure 2.35 Terrorism incidents 238
Figure 2.36 Freedom rights (number of countries rated "free") 239
Figure 2.37 Proportion of seats held by women in national parliaments (% of members) 239
Figure 2.38 Internet users (per 100 people) 240
Box 2.1 Variables Included in the Computation of the 2015 SOFI 218

Work/Tech 2050
Figure 3.1 Average Rate of Unemployment by 2050 by 10-year increments 246
Table 3.1 Age Group of Participants 244
Table 3.2 Respondents’ Degree of Expertise in Futures Research 245
Table 3.3 Institutional Affiliation of the Participants 245
Table 3.4 Average Rating of Technologies Likely to Replace Rather than Create More Jobs/Work by 2050 -- 249
Table 3.5 Average Rating of the Factors Thought to Help Create Jobs and Prevent Mass Unemployment by 2050 -- 250
Table 3.6 Average Rating of the Likelihood and Effectiveness of Some Suggested Actions to Create New Work/Income by 2050 -- 253
Table 3.7 Average Likelihood Rating of Some Potential Developments Addressing Income Gaps 256
Table 3.8 Necessity of Guaranteed Income (number of responses) 258
Table 3.9 Potential Changes in the Cost of Living by 2050 -- 260
Table 3.10 Scenarios Axes Rank-Ordered by the Number of Votes Received 266
Table 3.11 Themes to be Considered for the 2050 Scenarios 267

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A FEA-USP virou uma sucursal da Unicamp? Nao acredito! Em todo caso...

Como é que a USP ainda consegue ser respeitável com certos professores?
Não estou falando da Fefelech, que é um reduto de ideólogos gramscianos perdidos na zona sul.
Eu falo da venerável FEA, a Faculdade de Economia e Administração.
Esta professora, por exemplo, até começa direitinho, citando trabalhos sérios sobre reservas e dívida externa, mas o final, Mon Dieu, ela escorrega completamente na maionese ideológica típica da UniCamp e do Palácio do Planalto.

A propósito do eventual uso das reservas internacionais para outros fins que não o famoso colchão de segurança no BP ela afirma, ao final de seus artigo: "se o objetivo é nos deixar reféns do FMI e forçar novas privatizações em um futuro próximo, queimar as reservas é um bom começo."

Que ridículo! Reféns do FMI??? Essa moça precisa urgentemente fazer um estágio no FMI para aprender o que faz aquela instituição inútil de Washington.
Agora, no que se refere às tais privatizações, ele pirou de vez. Provavelmente deve achar que empresas estatais são a maior maravilha do universo. Dessas, estilo Petrobras, para serem saqueadas por máfias sindicais como ocorre no Brasil...
Paulo Roberto de Almeida

Quem tem medo das nossas reservas?
Laura Carvalho
 Folha de S. Paulo, 14/01/2016

Desde o ano passado, diversas propostas vêm surgindo para que o Banco Central reduza deliberadamente o seu nível de reservas internacionais.

Na primeira delas, da qual já tratei na coluna "Versão Brasileira", de 8/10/2015, a ideia era utilizar todas as reservas em um curto espaço de tempo para frear a desvalorização da taxa de câmbio e a aceleração da taxa de inflação.

Na segunda, parte das reservas deveria ser utilizada para quitar a dívida pública, já que o governo paga juros maiores sobre a dívida que emite do que é remunerado pelas reservas que mantém.

Na terceira proposta, as reservas poderiam ser usadas para a realização de investimentos públicos. Apesar dos objetivos distintos —salvo se o que se quer, ao fim e ao cabo, seja simplesmente acabar com as reservas—, os riscos envolvidos são similares.

O debate sobre qual é o nível adequado de reservas cresceu na literatura econômica a partir do seu acúmulo rápido por muitos países emergentes na última década.

Por um lado, as reservas apresentam custo de oportunidade, pois em geral rendem menos do que a dívida emitida para comprá-las. Por outro lado, as reservas funcionam como um colchão para absorver choques externos e reduzir os danos sobre a economia quando há forte fuga de capitais ("Sudden Stops"). Reduzem ainda o risco de default sobre a dívida externa e, assim, a própria probabilidade de que um "Sudden Stop" ocorra.

Há relativo consenso na literatura de que as reservas acumuladas por países emergentes pré-2008 foram fundamentais para amenizar os efeitos da crise nessas economias. No entanto, a pergunta sobre se o nível de reservas já teria atingido um patamar excessivo originou uma série de estudos recentes. Mesmo nos trabalhos que consideram ser esse o caso de alguns países asiáticos, como o de Calvo, Izquierdo e Loo-Kung (2012) publicado pelo "National Bureau of Economic Research", as reservas brasileiras ainda estariam abaixo do nível ótimo.

No ano de 2015, a valorização das nossas reservas em dólar, que enquanto ativos do governo reduzem a dívida pública líquida, quando combinada à quase inexistência de dívida externa soberana, foi fundamental para manter baixo o risco de default sobre títulos brasileiros e, assim, para impedir que a forte volatilidade financeira nos mercados internacionais precipitasse uma crise cambial.

O contexto continua sendo dos mais arriscados. A ameaça de elevação da taxa de juros americana e a turbulência na China continuarão a desencadear fortes movimentos especulativos no mercado internacional, o que, na falta de controles de capital, inevitavelmente golpeia os mercados emergentes. O uso de reservas poderá ser fundamental para absorver choques maiores e impedir uma eventual crise agravada pelo aumento das dívidas de empresas brasileiras em dólar.

Se o objetivo é mesmo o de estabilizar a dívida bruta e supostamente criar espaço para a retomada dos investimentos públicos, melhor seria se o Banco Central não continuasse a elevar a taxa de juros em meio a uma economia deprimida e com taxa de inflação que já sinaliza uma desaceleração. Mas, se o objetivo é nos deixar reféns do FMI e forçar novas privatizações em um futuro próximo, queimar as reservas é um bom começo.

Laura Carvalho é professora do Departamento de Economia da FEA-USP com doutorado na New School for Social Research (NYC).

China: concentracao de renda estilo brasileiro, ou africano? - Gabriel Wildau e Tom Mitchell (FT)

Desigualdade de renda na China já é das maiores
Por Gabriel Wildau e Tom Mitchell
Financial Times, de Xangai e Pequim, 15/01/2016

A China comunista tem um dos níveis mais altos de desigualdade de renda no mundo, e o 1% de famílias mais ricas detém um terço da riqueza do país, diz um relatório da Universidade de Pequim. Os 25% mais pobres entre os lares chineses detém apenas 1% da riqueza total do país, segundo o estudo.

O Coeficiente de Gini chinês referente à renda, uma medida amplamente usada para mensurar desigualdade, ficou em 0,49 em 2012, diz o estudo. O Banco Mundial considera que um coeficiente acima de 0,40 indica desigualdade de renda grave. Entre os 25 maiores países em população monitorados pelo Banco Mundial, só a África do Sul e o Brasil são mais elevados, com 0,63 e 0,53, respectivamente. O número dos EUA é 0,41, ao passo que o da Alemanha é 0,3.

O estudo do Instituto de Pesquisas em Ciências Sociais da universidade provavelmente reforçará os apelos por uma tributação mais progressiva e por um aumento dos gastos com bem-estar social no país nominalmente comunista. O Coeficiente de Gini chinês na década de 1980 era de cerca de 0,3.

"Não há dúvida de que a diferença de renda está ficando cada vez maior", disse Zhou Xiaozheng, professor de sociologia na Universidade de Renmin, em Pequim. "Os pobres estão ficando mais pobres e os ricos, mais ricos".

Embora a desigualdade de renda da China seja mais grave do que outros grandes países, a desigualdade de riqueza é pior nos EUA. O 1% de famílias americanas mais ricas detinha 42% de toda a riqueza nos EUA em 2012, segundo pesquisa de Emmanuel Saez, economista da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Corrupção desenfreada e rendas não declaradas são obstáculos à formulação de estimativas sobre os níveis de renda e riqueza na China. Os números são substancialmente maiores do que as estimativas oficiais.

A agência de estatísticas chinesa disse no ano passado que o Coeficiente de Gini no país havia caído ligeiramente, para 0,469 em 2014, de 0,477 em 2011. Outra estimativa, de economistas respeitados na Universidade do Sudoeste de Finanças e Economia, em Chengdu, apontam que o Coeficiente de Gini ficou em 0,61 em 2010. O mais recente relatório é baseado numa pesquisa envolvendo cerca de 15 mil famílias em 25 províncias.

Por outro lado, o Relatório Hurun divulgou ontem que o número de milionários na China cresceu 8% em relação ao ano passado, para 3,14 milhões.

De acordo com a Lista dos Chineses Mais Ricos (2015), do Hurun, existem 596 bilionários (em dólares) no país, mais do que nos EUA.

O governo chinês comprometeu-se em atacar a desigualdade.

"Nós queremos fazer o bolo crescer continuamente e, ao mesmo tempo, assegurar que ele seja dividido corretamente. A sociedade chinesa mantém há muito tempo o lema: 'Não se preocupe com a quantidade, preocupe-se que todos tenham a mesma quantidade', escreveu Xi Jinping, o presidente chinês, no "Diário do Povo", jornal que é porta-voz do governo, em 2014.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Hangout sobre politica internacional, Cezar Roedel, Roque Callage e Paulo Roberto de Almeida

Acabamos de realizar um hangout de 2 horas sobre um conjunto de temas que vão da política externa brasileira, passando pela herança do Império e da Velha República, indo para a miopia da chamada diplomacia Sul-Sul, examinando nossas relações com a vizinha Argentina, e a situação desse país, tratando igualmente de questões econômicas brasileiras -- como o endividamento -- e do fenômeno dos blocos comerciais.
Tudo isso disponibilizado aqui, para quem tiver paciência de ver e ouvir:

https://plus.google.com/events/cei86brqh3ug6bco1pj7q7hbrt4

Terminei com uma resposta à pergunta do Prof. Cezar Roedel, sobre como eu veria uma capa da The Economist sobre o Brasil agora.
Respondi que não via, justamente, talvez uma capa sobre o renascimento argentino, Argentina revival, mas não uma capa sobre o Brasil, a não ser aqueles gráficos negativos no terreno econômico.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 15 de janeiro de 2016

Atrasos educacionais garantidos com as sauvas freireanas do MEC: BNC - Editorial Estadão

Não é só na História que os ideólogos lulopetistas trabalhando para aquele dinossauro freireano chamado MEC tropeçam em sua própria pedagogia aloprada. Em outras matérias também, como em Português e Matemáticas, os militantes do atraso educacional continuam fazendo obra nefasta ao tentar aprovar a BNC, que deveria mais apropriadamente chamar-se Besteirol Nacional dos Companheiros. Não contentes em criar a Grande Destruição na área econômica, eles continuam a aprofundar o Grande Retrocesso na esfera educacional. Se os equívocos e os crimes econômicos podem ser corrigidos em prazo relativamente curto -- penso em um ou dois anos, por obra de bons economistas e colocando os autores da inépcia e da corrupção na cadeia, por obra da Justiça --, na esfera educacional, no entanto, qualquer mudança, supondo-se que sejam adotadas as políticas corretas, demora dez a quinze anos, ou mais, para produzir efeitos. Esse é mais um dos resultados nefastos para o país e para a sociedade advindo da tropa de mafiosos que se apossou do poder em 2003.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 15/01/2016

A farsa da consulta pública - Geral - Estadão

A consulta pública da proposta de uma Base Nacional Comum Curricular (BNC), que é prevista pelo Plano Nacional de Educação, converteu-se em mais uma entre as inúmeras confusões políticas e administrativas do governo da presidente Dilma Rousseff.
O projeto foi elaborado no ano passado por especialistas cujos nomes estranhamente não foram divulgados à época pelo Ministério da Educação (MEC). E, apesar de os dirigentes do órgão terem afirmado que já receberam quase 10 milhões de sugestões, por meio de mensagens eletrônicas, até agora não divulgaram os critérios pelos quais elas são examinadas e consideradas. Ou seja, não esclareceram se essas sugestões estão sendo aceitas ou recusadas. Como não há um confronto público de opiniões e ideias, torna-se assim impossível saber se as sugestões endossam ou rejeitam as linhas mestras da minuta da BNC. Especialistas em educação classificam como “buraco negro” o recebimento e o arquivamento das opiniões de quem imaginou que a consulta aberta pelo MEC tivesse um mínimo de seriedade.
Os esclarecimentos sobre os critérios de como quase 10 milhões de sugestões têm sido processadas são fundamentais para o futuro do sistema educacional. Entre outros motivos, por causa das graves falhas na minuta da BNC divulgada pelo MEC. O texto não oferece informações óbvias sobre para que deve servir a escola, quem deve definir os conteúdos e os critérios para a elaboração de um currículo. Mas prima pelo apego a modismos pedagógicos e pelo abuso de jargões lulopetistas.
As falhas estruturais e o enviesamento ideológico da minuta da BNC não se concentram só na área de história, onde os responsáveis pelo texto desprezaram os fundamentos da civilização europeia para privilegiar a história africana e ameríndia, como modo de valorizar o tema da escravidão de negros e indígenas. Também há falhas graves em outras áreas. Em língua portuguesa, por exemplo, não há definição clara sobre a complexidade dos textos que os alunos de cada etapa deverão conseguir ler e entender. A proposta também não estipula objetivos precisos a serem atingidos nem prevê dificuldades que os alunos têm de superar, levando em conta variáveis como número de páginas de livros e tipo de construção. E, mais grave, prevê gramática no currículo só a partir do 3.º ano do ensino fundamental.
“O que se espera do texto narrativo do aluno brasileiro do 9.º ano é muito parecido ao que o currículo dos Estados Unidos exige de estudantes do 5.º ano”, diz a pesquisadora Paula Louzano, da Faculdade de Educação da USP. “O que se vê são aprendizados desconectados. Por causa da cortina de fumaça ideológica, não há conceitos objetivos, tais como no currículo francês, que determina o modelo de parágrafo que o aluno deve ler em um minuto para a verificação de fluência. Falar nisso aqui é pedir para ser chamado de fascista”, afirma Ilona Becskeházy, mestre em educação pela USP.
Na área de matemática, a minuta da BNC estabelece que o conceito de fração será ensinado apenas no 4.º ano do ensino fundamental, o que é considerado tardio pelos especialistas. Eles recomendam o contato com o tema já na pré-escola. “O estudo da ideia da parte pelo todo (a fração) é fundamental. Entrar neste conteúdo tardiamente cria uma dificuldade imensa para o aluno”, adverte Louzano. A proposta também prevê que os alunos do 1.° ano do ensino fundamental devam aprender a contar pelo menos até 30. Em muitos outros países, contudo, eles concluem esse ano escolar sabendo contar até 100 ou mais.
Diante do baixíssimo nível de qualidade do sistema brasileiro de ensino, e que tem sido registrado por diferentes mecanismos nacionais e internacionais de avaliação, a elaboração de uma BNC deveria ser uma oportunidade ímpar para se promover um debate amplo e consistente sobre as mudanças que precisam ser feitas no campo da educação. Em vez disso, o governo Dilma optou por uma consulta pública sem confronto de ideias e posições, o que fará da uniformidade ideológica a principal marca da BNC que está sendo forjada pelo MEC.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O Bolsa-Empresario: distribuicao de renda as avessas - Carlos E. Gonçalves e Mauro Rodrigues

 Mais um dos muitos crimes econômicos companheiros: retirar dinheiro de todos os brasileiros, mesmo dos mais pobres, para entregar aos ricos, aos privilegiados, aos amigos do rei.
Que vergonha lulopetistas...
Paulo Roberto de Almeida

Um conto de duas Bolsas
Por Carlos E. Gonçalves e Mauro Rodrigues
Valor Econômico, 14/01/2016

Recentemente, o governo aprovou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2016, que prevê um superávit primário de 0,5% do PIB. Em tempos de vacas magérrimas, optou-se por não reajustar o programa Bolsa Família - o que é uma má notícia. Foi anunciado também o fim do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), apelidado carinhosamente de Bolsa Empresário - essa sim uma boa notícia.

O Bolsa Família, penalizado no orçamento de 2016 por conta da penúria arrecadatória, alivia a dura situação dos mais pobres do nosso país, tanto direta como indiretamente. A condicionalidade desse programa obriga os pais a investirem no capital humano dos filhos, o que ajuda a combater a perpetuação intertemporal da pobreza. Além disso, se o programa de fato afetar a oferta de trabalho de mães com rendimento muito baixo, levando-as a sair do mercado de trabalho para cuidar dos filhos, o salário das não-mães pobres que permanecem no mercado se eleva. E como essas se encontram nas camadas inferiores da pirâmide de renda, a desigualdade cai. Finalmente, o programa, por ser focado, não sai assim tão caro: R$ 30 bilhões por ano.

Já o Bolsa Empresário, que nada mais é que dinheiro subsidiado do BNDES para empresas domésticas e externas, é uma péssima ideia. Seu custo? No melhor cenário possível, mais ou menos os mesmos R$ 30 bilhões por ano, em subsídios creditícios. A lógica do programa é tirar dinheiro de todos os brasileiros via orçamento federal - o governo emite dívida para levantar recursos que são repassados ao BNDES - ou via poupança forçada (leia-se FAT), e transferi-los a taxas amigas, menores que as taxas às quais o Tesouro se financia, para algumas empresas eleitas - as ditas amigas do Rei. Sem exageros, trata-se de um Robin Hood às avessas, que deveria causar horror a quem se diz de esquerda ao invés de angariar apoio.

Enquanto o BNDES emprestar recursos subsidiados, o governo seguirá tirando dos pobres para dar aos ricos

Na verdade, é até mesmo pior que isso: o Bolsa Empresário não apenas distribui renda na direção contrária; ele, além disso, leva a uma má alocação da poupança nacional. É verdade que a empresa X que recebeu grana barata do BNDES pode investir mais, mas veja que essa grana é retirada do mercado via emissão de dívida pública (ou sequestro da poupança do trabalhador, remunerada a taxas reais negativas). A contrapartida do empréstimo à X é que a esses recursos deixam de ir, via sistema financeiro privado, para outra empresa, a Y. Mas por que isso é um problema para a sociedade como um todo e não apenas para Y?

O sistema financeiro privado tem por objetivo maximizar o lucro. Assim seus empréstimos são decididos com base na qualidade/risco da empresa ou do projeto em questão. E o banco além disso monitora de perto o uso dos recursos; se a coisa não vai bem, ele retira a linha de crédito para minimizar perdas. Já o BNDES é controlado pelo governo, seu objetivo não é necessariamente maximizar lucro. Claro que a qualidade do devedor e a natureza do projeto importam, mas esses são apenas uma parte da história. Outros critérios como, por exemplo, o incentivo à formação de Monopólios Nacionais (eufemisticamente chamados de "Campeões" Nacionais) também estão por trás das decisões de crédito do banco, que é um agente do governo.

Um parêntese: a tal estratégia dos Campeões Nacionais deixaria os vilões de Sherwood com inveja: tira-se dinheiro dos pobres para fomentar o surgimento de monopólios que, por sua vez, tornam ainda mais dura a vida do pobre consumidor. O pobre apanha duas vezes com a mesma cajadada!

Quando esse tipo de crédito dirigido assume proporções jabuticabais, empresas produtivas e que deveriam crescer - justamente porque atendem melhor o interesse dos consumidores -, encolhem por ausência/encarecimento de crédito (caso elas não tenham acesso aos fundos do BNDES). Do outro lado, tantas outras que deveriam encolher por serem improdutivas, ficam por aí vivíssimas da silva por conta de um custo de capital artificialmente baixo - respiração artificial. O resultado final você já antecipou: a economia como um todo se torna menos produtiva, o país cresce menos do que poderia.

O bem-vindo fim do PSI não significa o fim do Bolsa Empresário, infelizmente. Enquanto o BNDES continuar a emprestar recursos subsidiados, o governo seguirá tirando dos pobres para dar aos ricos. Por fim, talvez ainda mais difícil de aceitar, nesse ano de vacas famélicas, seja o fato de o governo ter retirado da LDO a proposta de zerar os empréstimos subsidiados a países estrangeiros. Não tem dinheiro para os mais necessitados, mas tem para os "perfeitos idiotas latino-americanos"?! A desculpa de que cortar esse crédito levaria a uma queda das nossas exportações é esfarrapada, é um efeito irrelevante e de curta duração. Se o país V deixa de comprar nossos bens assim subitamente, entram menos dólares, a taxa de câmbio se deprecia e o Brasil exporta mais de outros bens para outros lugares governados por não-idiotas.

Parafraseando nosso amigo Samuel Pessoa, é tanto erro e tanta falta de entendimento dos problemas econômicos do país, que dá vontade de sentar na sarjeta e chorar.

Carlos Eduardo Gonçalves é professor titular da USP e economista do PQ, www.porque.com.br
Mauro Rodrigues é professor livre-docente da USP e economista do PQ, www.porque.com.br

Previsões imprevidentes para 2016: ampliando a lista - Paulo Roberto de Almeida


Previsões imprevidentes para 2016: pela primeira vez a imprevisão ganha da previsão

Paulo Roberto de Almeida


Tá difícil pessoal. Os companheiros, no afã de conservar o monopólio do poder, estão se comportando de maneira imprevisível. Ou seja, eles arriscam, pela primeira vez, desmentir as minhas previsões imprevisíveis, o que será um tremendo fracasso para este colunista de ideias malucas, que fica sempre, irreligiosamente a cada ano, prevendo as coisas mais sensatas possíveis, só para ser desmentido pelos companheiros, que, sempre e invariavelmente, agem de forma insensata, contribuindo assim para o sucesso de minha empreitada pouco gloriosa.
Como sabem todos os 18 leitores que me seguem, sou especialista em coisas impossíveis, ou contrarianistas: tentar prever o que jamais será realizado. Pois bem: nestes doze ou treze anos de previsões insensatas (ou seja, sensatas), tenho sido invariavelmente desmentido (isto é, confirmado) pelos companheiros, que insistem em meter os pés pelas mãos a cada ano, o que me deixa bem contente, pois afinal de contas eles sempre colaboram, amplamente, com a minha aposta na sua insensatez.
Ora pois, como diriam os gajos da terrinha, não é que, premidos pelas agruras do momentos, pelas circunstâncias adversas, eles resolveram se comportar desta vez, e estão arriscando pela primeira vez me desmentir, logo eu, que só conto a verdade, ou seja, que eles são incapazes de acertar qualquer coisa?
Eles já começaram pagando pedaladas, estão gostando das privatizações, ficaram de não roubar demais, enfim, estão conseguindo desmentir as melhores (quero dizer, as piores) previsões sobre o seu comportamento tresloucado. Está certo que no final de 2014, eu tinha apostado que em 2015 eles iriam tentar a honestidade, mas acho que essa foi forte demais para eles. Já no terceiro mês, deu aquele comichão, e eles começaram a roubar em outras áreas, ainda não detectadas pela Lava Jato, inclusive porque na Petrobras – quase completamente destruída – e em Abreu e Lima – já custou vinte vezes o orçamento inicial, e não vai conseguir ser rentável antes de 2095 – as possibilidades de “contribuições voluntárias e legais” foram tremendamente reduzidas com esse bando de procuradores e policiais em volta dos potes de ovos de ouro. Tiveram de voltar – pelo menos por enquanto – para a merenda das crianças e para o recolhimento do lixo, duas coisas que tinham ficado bem para trás por suas taxas de rentabilidade muito limitadas. Enfim, quem não tem cão, caça com urubus, ou hienas, enfim, o que der e estiver à mão...
Pois é, minha gente, já não consigo mais fazem previsões imprevidentes como antigamente, pois tampouco se fazem petralhas como outrora: a verdade é que os melhores dentre eles estão sendo, infelizmente, colocados fora de circulação por uma justiça de classe, vingativa, seletiva, golpista, enfim, tudo aquilo que vocês sabem. Os próprios trapalhões da área econômica estão ficando quase sem receitas de novas artimanhas unicampistas, pois parece que as tradicionais já esgotaram seu prazo de validade. Como é que se pode fazer política econômica assim?
Estamos agora como numa velha canção: o que será que será?
Arriscando minha reputação – mas estou prevendo que os companheiros me desmentirão ainda este próximo ano, continuando a ser os mesmos imprevisíveis trapalhões de sempre – vamos alinhar algumas previsões imprevidentes para 2016.

1) Criação do programa Pedaladas Legais
Para se livrar de uma vez de todas essas chateações com pedidos de impeachment, e para contentar tantos governadores e prefeitos que também gastaram além da conta e que depois ficaram sem dinheiro para pagar médicos, enfermeiros, policiais, professores e todo esse povinho miúdo que só faz greve e perturba a paz dos eleitos com suas reivindicações abusivas, o governo federal já tem a solução para evitar o confronto com o TCU.
Basta criar o programa “Pedaladas Legais”, que é simplesmente uma espécie de cheque em branco avalizado pelo Congresso, a partir do qual os executivos dos três níveis da federação podem gastar à vontade, sempre que as necessidades o justificarem e houver imperiosos motivos sociais, como são todos os programas dos preclaros governos em favor da cidadania. Quando os montantes ameaçarem ultrapassar as dotações anteriormente autorizadas, basta os legislativos de cada esfera autorizarem um déficit legal, deixando o buraco para o futuro. Ninguém poderá dizer que foi por falta de vontade que o governo, como uma grande mãe para todos, deixou de fazer esta ou aquela bondade: com o programa Pedaladas Legais, tudo o que era complicado se torna mais simples, pois os legisladores não deixarão de cooperar com os executivos numa matéria que atende os mais legítimos anseios sociais, e as mais justas necessidades de todos os cidadãos de suas respectivas circunscrições eleitorais.
Estou seguro que o Adevogado General do PT, ops, o Advogado Geral da União saberá propor um projeto de lei, tão criativo ele é, que contemple os justos reclamos de executivos e legisladores por uma estrutura orçamentária flexível e manejável, como gostam todos os políticos e não deixam de apreciar os contribuintes, que estão sempre pedindo mais e mais pelo dinheiro que entregam voluntariamente aos respectivos governos em cada um dos níveis da federação. Esses contribuintes voluntários são um pouco como os cortadores de cana em Cuba, na época da colheita, la zafra, que está sempre precisando de braços, pois os tratores são poucos e sempre falta diesel. Os cubanos já têm uma piada para essas ocasiões: la participación es voluntaria, pero la voluntad es obligatoria. Ainda vamos chegar lá, aqui também...

2) Cristo Redentor entra no programa de concessões companheiras
Os companheiros ficaram tão entusiasmados com o seu programa de concessões – totalmente diferente das privatizações tucanas, como todos sabem – que passaram a imaginar tudo o que pode ser objeto de concessão pública, e não é que eles reservam algumas boas surpresas para 2016? Pois então, o Cristo Redentor, que passa por símbolo do Brasil, ou do Rio, o que seja, também vai entrar no programa de concessões companheiras. O lote, a montanha, os arredores, a floresta, as favelas simpáticas ao redor, a própria estátua – cela va de soi – serão cercados, com arames farpados e eletrificados (estilo nazista tropical), e o conjunto vai ser leiloado, segundo regras especiais que estão sendo desenhadas pelo MPOG, ou seja, o Ministério Petista de Obras do Governo, para que tudo seja perfeitamente concedido, regulado, e taxado, para que o governo companheiro, em lugar de gastar dinheiro com funcionários e os que mamam no negócio, passe a arrecadar impostos dos ganhadores, um pouco como se faz com as concessões de telefonia (que revertem 40% do faturamento em impostos).
O Cristo vai ficar muito mais vibrante a partir da privatização, ops, concessão, pois os novos administradores poderão promover bailes, festas, convescotes, reuniões abertas a todas as religiões e outros eventos sociais inclusivos. A estátua vai ganhar cores muito mais alegres do que atualmente, esse cinzento concreto que não tem graça nenhuma; poderão pintar um verdadeiro arco-íris no personagem, conforme os tempos

3) Companheiros aderem ao livre comércio... de talentos.
Com tantos países fazendo blocos em todas as partes, o Brasil companheiro vai inovar absolutamente, promovendo o que há de mais avançado e racional no campo da liberalização comercial: o livre-comércio unilateral. Em lugar de ficar negociando item por item com um monte de parceiros chatos, os companheiros vão promover o livre comércio do único item que não pode ser objeto de comércio, por ofender as boas consciências e as almas cândidas: o ser humano. Mas eles o farão de forma avançada, preservando todos os direitos íntimos da pessoa humana, sua privacidade e o respeito que se deve ter por cada um. Nada mais progressista do que exportar talentos, o que o Brasil tem de melhor: futebolistas, músicos de funk, cantores caipiras, trombadinhas, garotas de programa, políticos sem mandato, economistas da UniCamp, camponeses sem terra, trabalhadores sem teto, enfim, todas aquelas categorias que já entram nos programas de subsídios companheiros e que passarão doravante a ter o mundo como possibilidade de triunfo universal, graças a esta nova iniciativa companheira.

4) Protocolo aditivo à convenção da ONU sobre corrupção
Tendo em vista dúvidas persistentes e tratamento duvidoso pela Justiça em relação às doações legais que as empresas em geral, mas especialmente as estatais, possam fazer a partidos políticos, os companheiros vão propor, na próxima Assembleia Geral da ONU um protocolo aditivo à Anti-Bribery Convention, a convenção que visa induzir os países soberanos a coibir, controlar, vigiar e punir todas as doações que não estejam vinculadas a uma atividade econômica precisa e legítima. Existe uma clara ambiguidade nessas extorsões, ops, doações, pois só pelo fato de que países com certa predominância de compras governamentais e de empresas estatais podem estar sendo controlados por juízes muito zelosos partidos políticos legítimos podem estar sendo prejudicados por ações que deveriam ser consideradas dentro do fluxo normal de caixa dois, ops, de tesouraria, e avaliadas em conformidade com as intenções generosas de cada empresa doadora.
Para levantar essas ambiguidades, os companheiros diplomatas vão propor um projeto de resolução – que certamente recolherá a adesão entusiasta de muitos parceiros ditos estratégicos, como China, Venezuela, Rússia, Cuba, Equador, enfim, os suspeitos de sempre – preparatória a um verdadeiro protocolo aditivo à convenção anticorrupção. Todos os países têm o direito de organizar os negócios de seus partidos em total respeito à soberania nacional, especialmente as operações financeiras que são imprescindíveis para ao funcionamento normal de suas atividades, sobretudo a compra de equipamentos, pagamentos de salários, propinas, ops, contribuições para os sistemas de mensalão, ops, de coalizão que podem caracterizar certos regimes políticos. Isso vai da sobrevivência dos nossos apparatchiks, ops, nossos quadros, que têm o direito de trabalhar eticamente com o dinheiro dos contribuintes, quer dizer, a partir das doações legais. Enfim, os companheiros diplomatas saberão encontrar a linguagem apropriada para os projetos de resolução da AGNU e depois para o first draft do Protocolo Adicional.

5) O governo companheiro vai conseguir equilibrar as contas nacionais
Não é nada, não é nada, trata-se de um feito extraordinário: contrariando os mais afoitos – aqueles que tinham “lido” Samuelson e Prebisch de “orelha”, e nunca, jamais, conseguiram ler Keynes de verdade – os companheiros no poder vão conseguir dar um cavalo de pau nas despesas públicas e não produzir mais déficits ou grandes aumentos da dívida pública, invertendo o sentido da contabilidade nacional em mais ou menos 7 ou 8% do PIB. Glória, glória nas alturas, eles vão entrar no Guinness das “rating agencies”, aquelas que não têm nenhuma importância, e que só ficam dando notas negativas por que se submetem aos especuladores de Wall Street.

6) Os companheiros renovam sua promessa de não mais roubar
Eu sei que no ano passado, ou seja, no decorrer de 2015, eles já tinham prometido moderar seu apetite por esses fabulosos contratos das estatais, com ênfase numa certa companhia de petróleo que já tinha ficando entre as maiores do mundo, mas que já foi rebaixada para a condição de “junk status”. Todos sabemos que é muito duro, pois afinal de contas eles têm um bocado de compromissos sociais – com as próprias famílias dos companheiros, pois algum já estão na terceira ou quarta mulher – mas eles prometeram que vão se redimir, se esforçar, pedir desculpas a nação, negociar um plano de indenização do que roubaram, aproveitar os acordos de leniência tão justamente e legitimamente necessários para evitar recessão e desemprego, e vão jurar que essa coisa de roubar à larga é comportamento do passado. Inclusive porque o passado nunca passou de verdade em certas esferas companheiras: em pleno julgamento do Mensalão, e com apparatchiks na cadeia – o Stalin Sem Gulag em pessoa, por exemplo – alguns deles continuavam organizando o assalto à petroleira, também conhecido como Petrolão (que é apenas a pontinha da pontinha do imensa iceberg da corrupção companheira).

7) A Justiça aumenta sua produtividade em 350%
Preocupado com sua imagem perante a nação, o Judiciário, do mais modesto rábula ao mais recente supreminho companheiro, empreende um esforço extraordinário para reduzir os prazos de decisões finais para todos os litígios e acusações elevados à apreciação desse insigne poder. O conjunto dos funcionários e servidores dessa deusa cega – e que portanto não consegue olhar onde deposita ou para onde aponta aquela sua famosa espada durona – fizeram um pacto conjunto, nacional, federal, regional, de alcance ilimitado, para a duplicação, dentro de uma determinada meta – não anunciada, mas que prometem dobrar, assim que atingirem essa meta não especificada – a sua já elevada produtividade no trabalho. Vão começar por reduzir de 8 (OITO) a apenas 4 (QUATRO) anos a duração do tempo médio que os cidadãos e as empresas precisam esperar para que a dita Justiça, essa da espada cega, resolva qualquer pendência judicial, de qualquer natureza ou complexidade. Ou seja, aquele seu caso, que antes poderia demorar do simples ao dobro, quer dizer entre quatro e dezesseis anos, a partir deste ano da graça de 2016 só vai demorar, na média, entre dois e oito anos para ser resolvido.
Os referidos magistrados, funcionários e todos os servidores da Justiça, de qualquer justiça, se declararam favoráveis a resolver todos os casos pendentes de apreciação e julgamento em todas as cortes normais, excepcionais e especiais em qualquer foro, inclusive aquelas contas das campanhas presidenciais de 2014, de 2010 e de 2006, que parecem ter conhecido financiamentos esdrúxulos, por acaso coincidentes com operações de doações legais e de outros tipos de uma famosa empresa petrolífera.
Mais ainda, extremamente inquieta em que os recentes aumentos de salários, de gratificações, subsídios ou quaisquer outros benefícios que se agreguem aos montantes globais de remuneração em seu favor, e levando em conta, por patriotismo exacerbado, o péssimo estado atual (e futuro) das finanças públicas, a casta do Judiciário e todos os seus agregados resolveram aceitar uma redução linear desses vencimentos, em pelo menos 30% dos montantes totais. Eles dizem que isso vai ser feito independentemente de qualquer teto constitucional, que em determinadas esferas parece ter virado piso, e já ninguém respeita mais, sequer o próprio Judiciário. Não é desconhecido de ninguém que os digníssimos magistrados, supreminhos ou supremões, recebem, além dos maiores salários deste país rico (em inovações constitucionais), uma série enorme, aliás desconhecida, de outros subsídios e ajutórios (educação, moradia, alimentação, transporte, toga, terno, ceroulas), que juntando tudo, vai muito além da Taprobana, ou seja, do que ganham os membros da Suprema Corte do Império. Todo esse volume de subsídios e benefícios, que agregam aos seus já altos salários, se estendem por toda a cadeia da categoria, dos ditos supremões ao mais humilde agente de portaria, que provavelmente ganha mais do que um general três estrelas (que nunca chegará ao teto).

8) Os industriais da FIESP param de reclamar do aumento de juros
A cada reunião do Copom, eles faziam sempre igual: emitiam uma nota reclamando do aumento dos juros. Aproveitavam para reclamar da taxa de câmbio e para pedir desvalorização do real, para “ganhar competitividade”, diziam eles. Como nem uma coisa nem outra acontecia, eles invariavelmente exigiam aumento de tarifas aduaneiras e mais um antidumping contra produtos chineses. Agora, eles continuam reclamando da concorrência chinesa, mas ganharam tudo (ou quase tudo) o que a FIESP queria: protecionismo alfandegário, desvalorização da moeda, menos baixa dos juros, que vão continuar aumentando até onde a vista alcança. Pela primeira vez em décadas, o pessoal da FIESP promete não reclamar dos juros. Vamos ver quanto tempo eles suportam o torniquete do Copom e aguentam esses juros na estratosfera.

9) O PSOL reconhece que Cuba pode não ser um modelo para o Brasil
Não só o PSOL: todos os da esquerda, e mais os companheiros de viagem e os gramscianos da linha auxiliar, sempre defenderam acerbamente o modelo cubano, como o nec plus ultra para saúde e educação, inclusive em matéria de “mídia” democrática. Não mais! Em 2016 eles prometem fazer críticas aos companheiros cubanos, aos aliados bolivarianos e outros da mesma fauna, e tudo por uma razão muito simples: com o fim do mensalão soviético aos camaradas cubanos, com a baixa do petróleo que atingiu duramente os bolivarianos chavistas, acabaram aqueles convites generosos para férias revolucionárias, quando os camaradinhas do Brasil podiam desfrutar de praia, sol, lagosta e mojito, sem gastar praticamente nada. A crise chegou no ponto mais sensível dos revolucionários, o bolso, e com isso diminuiu proporcionalmente o ardor militante. Em 2016 Raul Castro e Nicolás Maduro não serão poupados pelos psolistas e psolões.

Com essas e outras medidas e decisões inesperadas, 2016 será um ano muito melhor para o regime duradouro dos companheiros e para todos os seus aliados de coração, sem ameaças golpistas, sem risco de quebradeira econômica, sem perda de direitos adquiridos e de conquistas sociais, e sem o mimimi da oposição, que não tem moral nenhuma para reclamar das iniciativas companheiras, pois eles já fizeram igual em matéria de trapalhadas governamentais, embora com muito menos competência do que os companheiros. Estes prometem continuar fazendo o que sabem fazer de melhor, como nunca antes se fez no Brasil.
Vamos que vamos! Com todas essas imprevisões imprevisíveis, o ano que se inicia promete ser o melhor da década, para ninguém esquecer de nada, pois as surpresas são garantidas. Eu conto com os companheiros para não me fazerem perder, pela primeira vez, minha aposta nas previsões imprevidentes, que já se tornaram uma marca registrada deste blog.
Feliz 2017, ops, 2016 a todos, que o ano sorria segundo os desejos de cada um...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília,  31 de dezembro de 2015, 5 p.
Revisão ampliada, 14 de janeiro de 2016, 8 p.

PS.: Para as previsões anteriores, ver estas duas postagens:

Preparando as previsões imprevidentes para 2016: conferindo as de 2015:

e

Preparando as previsões de 2016: algum retrospecto pode ser útil:

Leitura: dos prazeres das pesquisas em bibliotecas, retomar velhos livros...

Para fins de um trabalho sobre os duzentos anos do nascimento de Francisco Adolpho de Varnhagen, em 17 de fevereiro de 1816, em Sorocaba, SP, onde seu pai tinha ido montar a fábrica de ferro de São João de Ipanema, a pedido de D. João VI, retirei da biblioteca do Itamaraty a maior obra do nosso historiador-diplomata, dito pai da historiografia brasileira, e, folheando delicadamente o volume, chego à capa final, no envelope antigamente reservado aos empréstimos.
E o que encontro lá, com data marcada para devolução em 3 de julho de 1998?
A minha assinatura, seguida do meu número de leitor, exatamente 469.
Não é um prazer saber que já "frequentamos" um livro importante em épocas passadas?
Será que aprendi alguma coisa naquela primeira leitura?
Acho que achei o livro muito chato, com seu estilo prolixo, linguagem empolada, mas em todo caso, leio agora com maior atenção, e prazer...
Feliz aniversário Varnhagen!
Estou preparando algumas surpresas para você.
Que tal um seminário e um livro inteiro?
Acho que vou escrever um capítulo sobre um aspecto importante de sua atividade e pensamento.
Depois volto ao assunto.
Por enquanto fiquem com a imagem da folha de expediente, edição de 1956, com a ficha de empréstimo gentilmente assinada por mim.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 14 de janeiro de 2016