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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

A diplomacia do ataque e seus efeitos colaterais - Fausto Macedo (Estadão)

A diplomacia do ataque e seus efeitos colaterais

Fausto Macedo

Estadão | 20/1/2021, 7h

Certa vez, li um provérbio que dizia: “O general que usa a diplomacia em vez da espada poupa mil vidas no campo de batalha”, e de pronto me lembrei do que estamos passando no Brasil atualmente diante dessa pandemia provocada pelo vírus chamado SARS-CoV-2, ou coronavírus, que causa a doença Covid-19. Já perdemos mais de 200.000 pessoas, que foram mortas pela ineficácia do Poder Público, mas o que eu gostaria de refletir neste texto é a potencialidade de uma ideologia e a sua influência na área diplomática num contexto de saúde pública.

O Brasil talvez seja o único país de dimensão continental a ser vítima duplamente, quer dos efeitos da doença, quer dos efeitos da irresponsabilidade ideológica recheada de preconceitos, animosidades, arrogância e paranoia por parte do governo Bolsonaro. Senão vejamos. Em novembro de 2020, um dos filhos do presidente Bolsonaro criou um forte atrito com o governo chinês numa narrativa em que acusava o perigo de se fazer negócios com a China na área tecnológica, alegando que o país asiático poderia nos “espionar” caso optássemos pela tecnologia 5G.

Na verdade, os atritos começaram na própria campanha à presidência em 2018, do então deputado Jair Bolsonaro, inspirado e completamente alinhado às ideias ridículas no tocante às políticas defendidas pelo presidente Donald Trump, que hoje, enfim, sabemos que nunca passou de um extremista perigoso.

Outro protagonista de ataques à China foi o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, que afirmava na época que o país asiático se beneficiaria com a crise da Covid-19. Além disso, debochou do sotaque chinês, comportamento que a embaixada chinesa rechaçou e classificou como “fortemente racista”. Portanto, poderia aqui me ater a inúmeros ataques do governo Bolsonaro não só à China como a outros países e órgãos internacionais, sempre achando que o presidente Donald Trump o apoiaria e socorreria em momentos de dificuldade, o que denota forte ingenuidade e falta de visão política, pois seria possível prever sem muito esforço que Trump poderia não ser eleito, o que fatalmente ocorreu.

Internamente houve uma disputa política com relação à iniciativa do governador Dória de negociar com a China para receber a vacina, o que na verdade ocorreu, e com êxito. Contudo, sem insumos, sem números de vacinas disponíveis, sem um médico sequer à frente do Ministério da Saúde, e com milhares de pessoas morrendo até por falta de oxigênio, temos a dimensão do problema que uma diplomacia “capenga” promovida pelo governo federal em todo seu mandato foi capaz de fazer. Isso evidentemente nos coloca numa situação de vulnerabilidade sanitária, em que a população mais pobre, hipossuficiente, sofre com a falta de leitos, além do desemprego, que já existia bem antes da pandemia.

Talvez, como diz o ditado acima mencionado, a espada vinda de palavras cortantes está cortando e ceifando vidas inocentes de pobres, negros, idosos, profissionais de saúde que inadvertidamente votaram num grupo ideológico para evitar a volta do PT, como eu mesmo fiz, mas jamais poderíamos imaginar que a inabilidade diplomática poderia matar muito mais do que a fome, num pobre Brasil abandonado, afinal, “o general que usa a diplomacia em vez da espada poupa mil vidas no campo de batalha”. Precisamos encontrar esse tipo de general que não traz, enfim, “efeito colateral”…

https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/a-diplomacia-do-ataque-e-seus-efeitos-colaterais/

Vacina chega após arrogância e erros homéricos - Jamil Chade (Veja)

 Vacina chega após arrogância e erros homéricos (Por Jamil Chade) 

Veja | 20/1/2021, 2h

Aqui jaz os restos conceituais da política externa do governo de Jair Bolsonaro, responsável por isolar o país do grupo das grandes democracias do mundo e destruir a reputação de uma nação. Na lápide da diplomacia do Brasil, essa bem poderia ser a descrição para quem um dia for visitar o memorial dedicado às ideias, projetos e políticas que não sobreviveram à pandemia.

Entre 2020 e 2021, o Brasil foi vítima de um vírus que desconhecia ideologia, a noção de soberania e zombava de fronteiras. Mas só nas últimas semanas, o Governo descobriu que o país está de joelhos diante de uma pandemia que ganha força. Descobriu que está sem imunizante, sem oxigênio, sem plano e sem alternativas. Nada disso, porém, é culpa exclusiva do Sars-Cov-2. Depois de ter politizado a origem do vírus, a máscara e tratamentos, o governo tomou a decisão deliberada de repetir esse roteiro com o imunizante.

A demora e indefinição para começar a vacinação não foram acidentes de última hora. Trata-se de o resultado dramático de decisões políticas adotadas ao longo de meses. O primeiro passo nesse longo processo foi o de não aderir inicialmente ao projeto de uma coordenação global. Em abril de 2020, a OMS iniciou a construção de um sistema que permitiria uma distribuição equitativa da vacina pelo mundo. Uma espécie de fundo de vacinas que permitiria que, uma vez autorizados os produtos, a coalizão garantiria a distribuição do imunizante para todos os países, atendendo inicialmente a 20% das populações de cada nação.

A ideia era simples: se for deixado às forças do mercado ou ao sistema internacional, os países emergentes e pobres poderiam ficar para o fim da fila na vacinação. Exemplos já existiam disso. Quando o H1N1 se abateu sobre o mundo, países ricos foram os primeiros a imunizar suas populações. Quando a vacina chegou aos países pobres, o surto já tinha terminado.

A Aids também trouxe uma história similar. Por anos, as economias mais pobres ficaram sem acesso aos tratamentos, enquanto o coquetel já era uma realidade nos EUA e Europa. Quando os remédios finalmente desembarcaram na África, os países mais pobres já somavam 9 milhões de mortes.

Na OMS, técnicos e diretores estavam convencidos de que, na atual pandemia, esses erros não poderiam se repetir. Mas a ordem no Itamaraty era a de não permitir que, durante a pandemia, os organismos internacionais ganhassem força ou fossem os locais de coordenação de uma resposta global. Mergulhado em seu combate contra o “globalismo” que destruiria as identidades nacionais, o Itamaraty ficou de fora de reuniões internacionais e, quando participou, fez questão de usar o palanque para rejeitar qualquer ideia que significasse um reconhecimento da necessidade de um plano global contra o vírus.

Naquele mês de abril de 2020, o Ministério da Saúde informaria que não faria parte da aliança, batizada de Covax. Sua explicação: temos outros acordos bilaterais sendo costurados. Nunca explicaram quais eram esses planos. Pressionado, porém, o Brasil acabou cedendo alguns meses depois e aderiu ao projeto, mas sem grande entusiasmo. Ao fazer seu pedido por vacinas no fundo global, solicitou o mínimo que poderia ser comprado: o equivalente a 10% de sua população. Pelas regras, países poderiam ter solicitado até 50% de sua população.

Hoje, sem apoio internacional suficiente, sem recursos e diante de governos pseudo-nacionalistas como o do Brasil, a aliança sofre para começar a distribuir vacinas. Em Genebra, não são poucos os negociadores que acreditam que um envolvimento mais direto do Brasil no projeto poderia ter convencido outros a aderir e teria transformado a aliança numa realidade imediata.

Se a via multilateral não interessava, a escolha por acordos bilaterais também se mostrou inapta e permeada por considerações ideológicas. Tentando frear a expansão da influência da China no mundo e mais preocupado em atacar o “comunavírus”, o Governo optou por promover uma campanha contra as vacinas chinesas. Diversas empresas, nos últimos meses, relataram como entregaram propostas ao Governo e se surpreenderam com respostas frias por parte do Planalto. No governo federal, a ideia era de apenas a vacina da AstraZeneca seria suficiente.

Enquanto isso, pelo mundo, países tomaram a decisão de evitar a todo custo colocar todas suas apostas em apenas uma ou dois fornecedores de vacinas. Em Bruxelas, por exemplo, a União Europeia fechou acordos com seis empresas diferentes. Nos EUA, mesmo o governo de Donald Trump decidiu estabelecer acordos com seis fornecedores.

Na Coreia do Sul, o país garantirá seu abastecimento com três empresas, além de desenvolver projetos de uma vacina nacional com outros 15 laboratórios nacionais. Na China, além de ter quatro vacinas já em negociações com a OMS para conseguir uma aprovação global, o governo fez questão de fechar um acordo com os alemães da BioNTech para um abastecimento extra de 100 milhões de doses. Outros também estão sendo negociados com empresas ocidentais.

Sim, existe uma profunda escassez de vacinas no mundo. Mas é justamente num momento de crise que a capacidade de um país navegar e recorrer a aliados se mostra vital. No caso do Brasil, a aposta se mostrou desastrosa. Quando precisou de ajuda, descobriu que seus parceiros nacionalistas eram, de fato, nacionalistas.

Num dos episódios mais reveladores do amadorismo do Itamaraty, o governo preparou um avião para ir buscar os insumos da Índia, necessários para a vacina da AstraZeneca. Com pires na mão, Bolsonaro escreveu ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. Mas, por enquanto, Nova Delhi rejeitou fazer a entrega ao Brasil, dando (obviamente) prioridade para o início de sua campanha nacional de vacinação.

Opções começam a ser buscadas em Israel e mesmo nos EUA. Mas, ao apagar das luzes do Governo Trump e o desembarque de Joe Biden, o Governo já começa a descobrir a tradução da palavra pária. As opções para pedir ajuda ainda são limitadas. Afinal, a chancelaria fez questão de dedicar parte de seu tempo, esforço e dinheiro dos contribuintes brasileiros nos últimos anos para ofender líderes estrangeiros e queimar pontes que tinham sido construídas por décadas com parceiros internacionais.

O mais irônico e trágico disso tudo é que a história poderia ter sido radicalmente diferente. O Brasil é um dos únicos países do mundo com uma capilaridade no sistema de saúde, experiência, conhecimento científico e capacidade de mobilização para vacinar milhões de pessoas por dia. A crise brasileira, não por acaso, chama a atenção internacional. Nos bastidores da OMS, diretores não escondem o espanto sobre a situação do Brasil. “Vocês são um país com ótimos cientistas, orgulhosos de seu passado de saúde pública. O que ocorreu?”, perguntou um dos líderes da agência no esforço contra a pandemia.

A resposta não se limita à dimensão da incompetência daqueles no poder. O fracasso é um resultado direto de uma política externa que tem como pilar a ideologia, e não os interesses dos cidadãos.

A maior campanha de vacinação da história do país dependerá num primeiro momento de uma vacina chinesa, justamente aquele que havia sido desprezada, ironizada e evitada pelo governo federal. Independente da ironia de uma cena digna do realismo mágico, a demora do país em começar a vacinação e a falta de imunizantes suficientes não são acidentes. Mas consequência de uma diplomacia que mostrou todos os seus limites e fracassou ao ser confrontado por seu maior teste. Gestos como o de minar a confiança em uma vacina apenas por sua origem ou se negar a promover uma resposta global fazem parte de um pacote negacionista que explica o colapso de Manaus e a dor de milhares de famílias brasileiras. Nesse caso, o impeachment seria insuficiente.

https://veja.abril.com.br/blog/noblat/vacina-chega-apos-arrogancia-e-erros-homericos-por-jamil-chade/


Estatísticas de postagens e de acessos no Diplomatizzando - Paulo Roberto de Almeida

 Registro das postagens no Diplomatizzando, ano a ano: 

Realizado em 21/01/2021:

Total: 22.740

Acessos: 8.179.876

Seguidores: 914

Comentários: 9.053


Dez anos atrás, em 201o: eu publicava a seguinte estatística: 

Se eu coloco o meu nome no Google, assim, sem nada, o resultado é assustador: 

Aproximadamente 44.400.000 resultados (0,46 segundos) 

Mas, tem muita repetição, muitos homônimos, muitos nomes parciais coincidentes.

Mesmo cortando pela metade, fica ainda exagerado: 22.200 milhões.
Cortemos ainda pela metade; ainda assim parece exagero: 11.100 milhões.
Vamos cortar em três, então, o que dá: 3,7 milhões, o que é ainda enorme.

Então, coloquemos o nome entre aspas, com o qualificativo de "diplomata".
Aí já está razoável: Aproximadamente 1.070 resultados (0,49 segundos) 

Se eu colocar entre aspas, com "professor" em lugar de diplomata, aí aumenta um pouco: 
Aproximadamente 4.800 resultados (0,57 segundos)

Mas, se eu colocar os dois, "diplomata, professor", aumenta bem mais: 
Aproximadamente 283.000 resultados (0,66 segundos) 

Acho que essa é uma base razoável de reflexos de minhas muitas publicações, nos últimos 30 e poucos anos, digamos assim, desde o aparecimento da internet. Comecei em revistas acadêmicas clássicas, até aparecerem os primeiros sites gratuitos, tipo Geocities e alguns outros.
A partir de certa fase, resolvi criar o meu próprio site, e não queria ser ".com", obviamente. Mas na época tinha poucas possibilidades. Escolhi ser "org", o que pode parecer arrogância.
Depois apareceram as outras possibilidades, que reservei: net e info, mas nunca implementei.

Destinado basicamente a divulgar meus trabalhos, não com intenções narcisísticas, mas com finalidades basicamente didáticas, o site www.pralmeida.org reune meus trabalhos e outros materiais relevantes para o estudo de questões internacionais e de diplomacia brasileira.
Ele existe desde muito tempo, mas com suporte de provedores diferentes, ao sabor da ajuda técnica que pude receber, pois pessoalmente sou um inepto na linguagem html.
Não disponho de estatísticas sobre acessos, pois não sei configurar essas tecnicalidades.
Mas é no site que eu coloco a série inteira de trabalhos originais, publicados e todos os tipos de livros (próprios, editados e capítulos em obras coletivas). Tenho de fazer uma lista dos livros em Kindle, que pronto espero estarem todos.
Eis os links: 

Livros do autor: http://pralmeida.org/autor/
Capítulos em livros coletivos: http://pralmeida.org/capitulos/

Da mesma forma, os trabalhos estão em listas geralmente anuais: 



O FMI agora se preocupa com a concentração de renda nos EUA e acha que as políticas públicas devem colaborar para reduzi-la

 

VIEW IN BROWSER   

FD Header
Heather


Dear Colleague,

Tomorrow here in Washington is the inauguration of Joe Biden as the 46th president of the United States. Among the many crises on his plate, inequality is perhaps the most pervasive. Heather Boushey, an incoming member of President-elect Biden's White House Council on Economic Advisors, carved out a blueprint to address this very issue in our latest edition of F&D.

She writes that workers and their families on the wrong side of the many US economic disparities are there for several reasons—including a stubborn reliance by policymakers on markets to do the work of government, and the racism and sexism, sometimes written into law, that blind policymakers to injustice and to economic sense.

Interested in learning more? Jump to the 1800-word piece or download the PDF. I've also included the full article below.

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The COVID-19 pandemic is shining an unforgiving spotlight on the many inequalities in the United States, demonstrating how pervasive they are and that they put the nation at risk for other systemic shocks. To stop the spread of the virus and emerge from a crushing recession, these fundamental inequalities must be addressed. Otherwise not only is a slow economic recovery more than likely, but the odds grow that the next shock—health or otherwise—will again throw millions out of work and subject their families to fear, hunger, and lasting economic scars.

Before the pandemic, the United States was in the midst of a decade-long recovery from the Great Recession, which began in December 2007. But not all Americans experienced that recovery in the same way. The top 1 percent emerged as strong as ever in terms of wealth, regaining what they had lost by 2012. As of March 2020, however, US working- and middle-class families had barely recovered their lost wealth, and many families, especially those of color, never recovered. Even amid a strong recovery, the United States was burdened by extraordinary economic and racial inequality.

Today, stark differences among US workers and their families make the current recovery neither U- nor V-shaped but rather one that resembles a sideways Y, with those benefiting from a stock market recovery or employed standing on the branch of the Y that points up unaffected by the recession, and those on the bottom branch facing perhaps years of struggle. And there are stark differences of race and class between the upper and lower legs of that sideways Y. This recession provides an opportunity for policymakers to address these inequalities with transformative policy changes to produce a healthier and more resilient economy that delivers strong, stable, and broad-based growth and prosperity.

Disparities abound

Workers and their families on the wrong side of the many US economic disparities are there for several reasons—including a stubborn reliance by policymakers on markets to do the work of government and the racism and sexism, sometimes written into law, that blind policymakers to injustice and to economic sense.

This article will identify specific causes of economic inequality in the United States and then explain how to address them.

Markets: Beginning in the 1980s, conservative economists began to make the case that unfettered markets were the only way to deliver sustained growth and well-being. This ideology, with modest exceptions, has governed US economic policymaking ever since. But it has not delivered. Moreover, the supposedly neutral and fair rules that govern markets have in fact shifted economic risk away from corporations and the wealthy toward medium- and low-income families. This has never been more apparent than now, when the coronavirus has caused mostly low-income workers to either lose their jobs or have to work in employment that exposes them to the risk of contracting and spreading the disease.

Tax cuts, weak public investment: President Donald Trump’s 2017 tax cut, which benefited largely the better-off, is only the most recent manifestation of a tax-cutting philosophy that has governed US fiscal policy for decades. These measures have starved the nation of resources that could be used to fund basic governmental functions and critical public investments. As a result, public investment as a share of GDP—the value of goods and services produced in the United States in a year—has fallen to its lowest level since 1947.

Eroding worker power: The ability of US workers to bargain for higher wages and benefits and better and safer working conditions has been sapped by years of anti-union court and administrative rulings. And in 27 states, right-to-work laws make it harder for unions to form. As employers gained the upper hand, wages stagnated, and worker safety has suffered, especially during the pandemic.

Economic concentration: US antitrust policy and enforcement have allowed industries across the United States to become increasingly concentrated, giving large businesses market power to set prices, eliminate competitors, suppress wages, and hobble innovation. What’s more, there is evidence that this is dampening firms’ investment. Some are thriving in the midst of—indeed because of—the pandemic, while small businesses struggle to survive.

Measuring the economy: Before the 1980s, when US economic inequality began its upward trajectory, growth in GDP was a reasonably reliable indicator of the well-being of most Americans. But as economic inequality has risen close to its 1920 levels, the benefits of GDP growth have gone disproportionately to the top 10 percent of earners, while income growth for the vast majority of people has been slower than that of GDP—in some cases, none at all. For that reason, GDP reflects mostly how the better-off are doing. As GDP recovers in the coming months, therefore, it will give policymakers false signals about whether average Americans are recovering.

Racism and sexism: The disparate health and economic consequences of the coronavirus recession reinforce the reality and history of racism and sexism in the United States. The median earnings for a Black household are 59 percent of those of a White household, and for men and women of all races, a median woman earns 81 cents for every dollar earned by a man. The results of job segregation are apparent, with health care and service workers on the pandemic front lines. Despite being essential, some of these jobs—in which women and minorities are overrepresented—are the least likely to have benefits such as paid sick time or employer-provided health insurance.

These problems are largely the result of decades of failed policies supported more by ideology than evidence. A distorted economic narrative that lionizes markets has led to the weakening of public institutions and the acceptability of less funding for democratic institutions of governance, greater economic concentration, reduced worker power, and the discriminatory effect of laissez-faire labor rules. The role of policy choices in arranging the market structure is unmistakable and enduring.

Building a strong, equitable economy

Transforming the US economy requires policymakers to recognize that markets cannot perform the work of government.

The first step is to eradicate COVID-19. It has to be the first priority, not only for public health but also for the US economy. Beyond that, encouraging a strong and sustained recovery that delivers broadly shared growth also requires the United States to address its long-term problems: a costly health system that leaves millions with insufficient care, an education system designed not to end inequality but to preserve it, lack of basic economic stability for most families, and climate change.

Major public investments are required to deal with each issue. While it is not necessary to worry now about paying for them, the nation should put in place significant tax increases, primarily or entirely on the wealthy, to begin investing in these long-term solutions. The country should tax the enormous wealth concentrated at the top that is being saved, or kept overseas, and not being invested in the economy or in solving societal problems.

Policymakers also must address the economic concentration that has created monopsony power (a single or handful of buyers or employers) that keeps wages down and threatens small businesses, which are the lifeblood of innovation and economic dynamism. The first step is to ensure that the recession and the programs designed to help businesses survive the crisis don’t exacerbate this trend. Thus far, federal policies to address the economic downturn have provided far greater aid to large businesses than to small ones.

Policymakers also must ensure that federal government funds are directed to productive uses that support workers and customers, and not to rewarding wealthy shareholders. Corporations receiving aid should be barred from issuing dividends and carrying out stock buybacks, and banks should be required to suspend capital distributions during the crisis to support lending to the real economy.

Even more fundamental to addressing excessive concentration is strengthening US antitrust enforcement, which is weaker than it has been in decades. The antitrust laws themselves also need to be bolstered, particularly with respect to the rules governing mergers and exclusionary conduct. Legislators should consider creating a digital regulatory authority to enforce privacy laws and enhance competition in digital markets.

The country also needs to better understand who benefits, or does not, from recovery policies and what further actions are needed. Because overall GDP is not up to that task, income must be disaggregated at all levels to measure progress or lack thereof for all groups—which would enable the United States to lay the groundwork for understanding what other actions are needed to ensure more people benefit from the recovery.

US economic inequality is firmly tied to the issue of racial inequality. The unmistakable message of the Black Lives Matter movement is that Americans of color never have been able to trust government to act on their behalf. Government must work to ensure that low-income Black, Latinx, and Native American people can both develop and deploy their talents and skills in the economy.

Taxing wealth, which is disproportionately owned by White Americans, is one solution. But for that to address racial inequities adequately, the proceeds of the wealth tax must benefit the majority of the nonwealthy. The proceeds must be directed to the most urgently needed investments, such as in COVID-19 testing and treatment in communities of color, in policies that expressly and progressively support low-wage workers and care workers, and in engagement with minority-owned small businesses. Otherwise, pervasive inequities will be further entrenched.

A significant reason for the gender earnings gap is the lack of a national paid family and medical leave policy and the absence of a national program to ensure that families have access to quality, affordable childcare and prekindergarten education. Families with children that do not have access to paid leave and childcare—or cannot afford them—have little choice but to put careers on hold. This happens to women far more often than to men. Legislation has been introduced in Congress to accomplish both of these goals, and these measures should get serious consideration in the next Congress.

Reason for optimism

There is reason to believe that the United States can enact policies to transform its economy and society. Until recently, some of the conversations taking place among policymakers and around dinner tables—inspired by COVID-19, the deep recession, the Black Lives Matter movement, and the recent presidential election—would have been relegated to the edges of public debate. Today that is not the case.

Yet the US political system is beset by deep partisanship and a constitutional and electoral system that makes it far easier to block transformative policies than enact them. But I am an optimist, and I still believe that the country could be at an inflection point, with the advantage going to those who develop and advocate progressive policies to reduce inequality and build an economy that produces strong, stable, and broad-based growth.

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As always, if you have any comments or feedback about this article, or if you have ideas about future contributors and topics to explore, please do write me a note directly. I would love to hear from you.

Take good care and see you next week,

Rahim Kanani


Rahim Kanani
Digital Editor, F&D
rkanani@IMF.org

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quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Nota pública de médicos mineiros ao CRM-MG e ao CFM sobre o negacionismo brasileiro, inclusive de médicos

 Os médicos andavam muito silenciosos, tanto que muitos de nós os consideramos bolsonaristas de carteirinha. É até possível que a maior parte dos médicos tenha, sim, votado por monstro que ocupa a presidência, talvez ou provavelmente em razão do mais médicos e também da mega-super-hiper-giga corrupção petista. Na medida em que "seu" eleito revelou-se a besta que sempre foi, e que os mortos foram se acumulando, alguns dos conselhos regionais de Medicina começaram a se manifestar, mas isso depende, obviamente, de quem ocupa a presidência de turno desses conselhos, pois ainda tem muito bolsonarista idiota espalhado por aí, mesmo entre médicos, supostamente pessoas bem informadas e esclarecidas (o que não é exatamente o caso).

Esta Nota Pública AO Conselho Regional de Medicina, não DO CRM-MG, os médicos abaixo assinados fizeram um dos manifestos MAIS FORTES CONTRA o degenerado dirigente, só faltando chamá-lo do título que ele merece: GENOCIDA.

Paulo Roberto de Almeida


NOTA PÚBLICA

À sociedade, aos médicos, ao CRMMG e CFM

Uma tragédia se abate sobre o Brasil.

Uma tragédia humanitária sem precedentes na nossa história.

Já superamos 200.000 mortos. Milhões de infectados.

UTI’s e leitos hospitalares no limite de suas capacidades, chegando ao absurdo do que está ocorrendo em Manaus, com a falta de oxigênio.

A este quadro dramático, soma-se o aumento da miséria e do desemprego. O aumento de famílias vivendo nas ruas é visível a todos.

A fome é um espectro que ronda milhões de brasileiros.

E qual a resposta deste governo a esta calamidade?

Frente a essa situação dantesca, o governo acaba com o auxílio emergencial, o que levará ao desespero àqueles que o têm como única fonte de renda para a sobrevivência.

E, no enfrentamento da pandemia da COVID-19, oferece tratamentos sem eficácia clínica comprovada.

Nós, médicos mineiros, que já estivemos à frente de entidades médicas ou que estamos na linha de frente do atendimento à saúde da população ou no ensino médico, resolvemos dar nosso grito de alerta.

Não podemos nos calar frente a omissão das nossas principais entidades, Conselhos, Associações e Sindicatos Médicos.

A Medicina é uma profissão a serviço da vida e da sociedade.

Tem uma história de 2.500 anos, como Ciência e Arte.

Como Ciência, a Medicina deve se ater às medicações comprovadamente eficazes.

Ciência é a defesa de vacinação a todos, para controlar a circulação do vírus.

Afirmar, como faz o CFM, o caráter não obrigatório da vacina, não é ciência. Reforça a política negacionista deste desgoverno.

E como Arte, os Médicos devem cumprir seu papel em saber informar aos pacientes que, infelizmente, ainda não há medicamentos com comprovação científica para o tratamento da Covid-19.

A aceitação de nossas lideranças do uso de medicamentos que, comprovadamente, não trazem benefícios, nem preventivo e nem curativo, é uma afronta a estes princípios.

Chega!


Temos de dizer em alto e bom tom: a prescrição de ivermectina, cloroquina, hidroxicloroquina, nitazoxanida, azitromicina, doxiciclina, e outros não traz NENHUM benefício aos pacientes.

Ao contrário, leva a uma falsa sensação de segurança à população, com o consequente relaxamento nas medidas preventivas, estas sim, eficazes.

A aceitação deste papel de meros prescritores de placebos nos nivela a charlatães.

E nos tornam cúmplices de um governo de incompetentes, genocida.

Basta!

Toda literatura médica atual demonstra de maneira cabal a ineficácia destas drogas, além dos seus riscos.

Médicos, não aceitem este papel a nós reservado por este desgoverno! Entidades médicas, se posicionem claramente ao lado da Ciência e da Vida!

Os Médicos, por meio do CFM e dos CRM, devem ser orientados a não prescreverem medicamentos que não têm comprovação científica.

Tal orientação e inibição dessas prescrições se sobrepõem a autonomia do profissional médico. A autonomia médica não é um aval para a antimedicina.

A prescrição destes medicamentos não é uso off-label: é anti-ciência; é charlatanismo.

Esse cenário nos coloca como partícipes de uma política cruel, que finge que trata, enquanto

deixa as pessoas morrerem.

Conclamamos que as Entidades Médicas busquem atuar junto às outras entidades de saúde, em defesa de uma política que verdadeiramente enfrente esta barbárie:

- isolamento social; auxílio aos vulneráveis;

- investimentos maciços no Sistema Único de Saúde, para recuperação imediata de sua capacidade de atendimento;

- e investimentos maciços na capacidade brasileira de produção de vacinas.

Esta é a resposta a se esperar de quem tem compromissos com a Medicina e com a Vida.

Belo Horizonte, Minas Gerais, 15 de janeiro de 2021

Afrânio Donato de Freitas - Ex-vice-presidente da AMM, Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão

Alamanda Kfoury Pereira- Professora Departamento de GOB da FM/UFMG e vice-diretora da FM/UFMG, CRMMG-19222

Alzira de Oliveira Jorge - CRM MG 21539, Ex-Diretora da ANMR, Professora UFMG e Diretora Geral do Hospital Risoleta Tolentino Neves


Ana Maria Medes - CRM MG 20692

Arnoldo de Souza – Ex-Presidente do Sinmed GV e da AMGV

Carlos Roberto de Souza – CRM 22183, Anestesiologista Itabira

Celeste de Souza Rodrigues – CRM 17197

Celso Paoliello Pimenta - CRMMG 8153

Cláudia Ribeiro de Andrade - CRM 29.351, Professora de Pediatria da UFMG

Cristiano da Mata Machado - Ex-Presidente Sindicato dos Médicos

Cristina Alvim - Professora Pediatria UFMG

Darlan Corrêa Dias – Ex-Presidente do Sindicato dos Médicos de Governador Valadares e da Sociedade Mineira de Pediatria do Vale do Rio Doce

Deborah Carvalho Malta – Ex-Vice Presidente da AMINER, Professora da Escola de Enfermagem da UFMG

Dirceu Bartolomeu Greco – Ex-Conselheiro CRMMG

Eglea Maria da Cunha Melo – Pediatra, CRM 10026

Elson Violante - Ex-Diretor Sindicato dos Médicos

Enid Terezinha Freire de Moraes - CRMMG 8404

Evilázio Teubner Ferreira - Ex-Presidente CRMMG, ex-Conselheiro CFM Everaldo Crispim - Ex-Diretor da AMMG e Sindicato dos Médicos

Fausto Pereira dos Santos – Ex-Vice presidente ANMR, Pesquisador da Fiocruz Fernando Antônio Botoni - CRM 20989

Geraldo Luiz Moreira Guedes - Ex-Presidente CRMMG, ex-Conselheiro CFM

Gilberto Antônio Reis - Professor do Departamento de Medicina da PUC Minas

Gilson Salomão - CRMMG 14944, Presidente do Sindicato dos Médicos de Juiz de Fiora

Giovana da Costa César - CRM MG 38958

Helvécio Miranda Magalhães Júnior – Ex-Secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte e Ex- Secretário de Atenção à Saúde do MS

Ismael Teixeira Antuna – CRM 18661, Médico FHEMIG

Jader Bernardo Campomizzi - Ex-Secretário CRMMG

João Batista Duarte Vieira - Ex-Presidente Sociedade de Medicina e Cirurgia de juiz de Fora João Paulo Baccara - CRMMG 17.563

José Luiz dos Santos Nogueira – CRM 20760, Médico PBH

José Luiz Moreira Guedes - CRMMG 16196


José Roberto Batista – Médico Intensivista, Ipatinga, CRM 23071

Jubel Barreto - CRM MG 7553

Kleber Neves da Rocha - ex-diretor do Sindicato dos Médicos de MG e da AMMG, CRM 8347

Lucas Benício dos Santos – CRM 81949

Luiz Oswaldo Rodrigues - LOR, CRMMG 6725, Presidente da Associação Mineira de Apoio aos Portadores de Neurofibromatoses

Luzia Toyoko Hanashiro e Silva - CRM MG 8591

Márcia Lourenço Lima - CRM 9048, Médica efetiva do SUS-BH

Márcia Rejane Soares Campos - CRMMG 21416, Ex-Diretora da ASMNR e AMINER

Márcia Rovena de Oliveira - CRMMG 8590

Mariangela Cherchiglia – CRM 16754, Professora Faculdade de Medicina UFMG

Maria Angélica de Salles Dias - Médica Sanitarista – Ex-Diretora da AMIMER

Maria Angélica Silva Vaccarini - CRMMG 14.826

Maria Aparecida Martins – Pediatra, CRM 9638

Maria Cristina Veiga Aranha Nascimento Pediatra - Professora Universitária/ UFOP

Maria das Graças Rodrigues de Oliveira - Médica do Hospital das Clínicas da UFMG, CRM 7721

Maria do Carmo – CRM 16499, Ex Associação Médicos Residentes ES, Médica as SMSA/BH

Maria do Rosário Nogueira Rivelli – CRMMG 14545

Maria Teresa Paletta Crespo - Pediatra, CRMMG 10184

Martha Maria Neves Cotta - Ginecologia/Obstetrícia, CRMMG 13.954

Miriam Nadim Abou-Yd – CRM 14659

Mônica Aparecida Costa – CRM 18254, Ex-AMER HC, Médica da SMSA/BH

Paulo Augusto Camargos - Professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Ex-Vice-Presidente do APUBH

Paulo César Machado Pereira - Ex-Diretor Sindicato dos Médicos

Raimundo Marques do Nascimento Neto – Prof. UFOP coordenador da Residência de Clínica Médica

Renato Viana Bahia - Ex-Presidente AMIMER

Roberto de Assis Ferreira - Ex-Presidente Sindicato dos Médicos Roberto Marini Ladeira - Ex-Secretário CRMMG

Rodolfo de Braga Almeida – Professor Adjunto FM UFMG, CRM 9505 Rosângela Carrusca Alvim - Pediatra e Professora Universitária


Roseli da Costa Oliveira - CRM 14.640

Rubens Campos – Ex-Diretor do Sindicato dos Médicos

Sandino Mendes de Almeida – Ex-Presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Teófilo Otoni

Sandra de Oliveira Sapori Avelar - Cardiologia - CRM MG 15 737 Sandra Lagos Motta - CRMMG 17028

Silvana Spindola de Miranda - Professora DCLM- UFMG, CRM 32020 Sonia Maria Rodrigues de Almeida CRM. 11215

Stella Araújo – Médica PBH, CRM 18554 Tatiane Miranda - Pediatra FHEMIG

Unaí Tupinambás – CRMMG 19208, Professor da UFMG, membro dos Comitês enfrentamento ao Covid de BH e UFMG

Valéria Guerra Mendes – CRM 13336

Vera Maria Velloso Prates – CRMMG 23246, Psiquiatra da rede SUS de Belo Horizonte

Antidiplomacia bolsonarista deve ser responsabilizada pelo atraso nas vacinas, avalia embaixador (Paulo R. Almeida) - Giovanni Galvani (Carta Capital)

Antidiplomacia bolsonarista deve ser responsabilizada pelo atraso nas vacinas, avalia embaixador

Com Índia, a questão é diplomática. E com a China, política. Em ambos os casos, o governo Bolsonaro deve ser considerado culpado

Giovanna Galvani

Carta Capital, 20/01/2021

https://www.cartacapital.com.br/mundo/antidiplomacia-bolsonarista-deve-ser-responsabilizada-pelo-atraso-nas-vacinas-avalia-ex-embaixador/

A viabilidade de uma ampla campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil passou a depender de uma das mais problemáticas agendas do governo de Jair Bolsonaro: as relações exteriores.

China e a Índia, duas potências orientais com relacionamentos diferentes com o governo brasileiro, mantêm sob custódia, respectivamente, os insumos para a produção das duas vacinas aprovadas para uso emergencial no Brasil e 2 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca, que já deveriam estar em solo nacional se não fosse o fracasso da operação coordenada pelo chanceler Ernesto Araújo.

Na análise do diplomata Paulo Roberto de Almeida, os dois países devem colaborar, em breve, para que o prosseguimento da vacinação seja viável no Brasil. No entanto, fica um recado vindo especialmente da China, alvo preferido da bravata ideológica de Araújo em seus alinhamentos com a extrema-direita mundial: as relações estão estremecidas, e os chineses sabem bem qual é o lado mais forte da balança.

Almeida, que se considera um “dissidente” do Itamaraty, foi demitido, em 2019, da diretoria do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri), integrado ao Ministério, por publicar textos críticos em seu blog pessoal. Hoje, atua também como professor de Economia Política na pós-graduação de Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub).

Na terça-feira 19, a Índia indicou países vizinhos prioritários para a exportação de vacinas produzidas em seu território – uma das maiores plantas farmacêuticas do mundo – e não citou o Brasil. Na lista, estão países vizinhos e aliados estratégicos do país.

Almeida afirma que a diplomacia indiana foi educada no trato com o Brasil, e que quaisquer ilusões de Bolsonaro com o primeiro-ministro Narendra Modi, também de direita, deveriam considerar o nacionalismo indiano. A vacinação no país asiático – que tem mais de 1,3 bilhão de habitantes – acabou de começar. Exportar doses para o Brasil, portanto, não seria bem visto entre os indianos.

“O chanceler indiano sinalizou por três vezes que havia dificuldades em exportar a vacina. Ele foi muito diplomático, pois isso causaria um enorme problema para Modi no plano interno. O Modi recebeu Bolsonaro no dia da Independência indiana com todas as honras, mas ele é um nacionalista ao velho estilo. Não tem nada a ver com ‘anti-globalismo’ de Araújo”, afirma o diplomata.

Com a China, o buraco é mais embaixo. Almeida lembra que, desde a campanha presidencial de 2018, ao visitar Taiwan – uma “província rebelde” aos olhos do Partido Comunista Chinês -, o presidente manda mensagens de afronta ao maior parceiro comercial do País. 

“O caso da China é mais político, e o da Índia é uma inconveniência diplomática cometida pelo chanceler e pelo Bolsonaro. Com certeza, isso causou um imenso mal-estar na Índia que não se manifestou porque eles são grandes diplomatas e não cometeriam uma grosseria.”, diz Almeida. “Eles não são o Bolsonaro, que já brigou com o Macron, a mulher do Macron, o [presidente da Argentina] Alberto Fernández, o Evo Morales, Deus e o mundo”, analisa.

Nas ofensas a China, tem protagonismo Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que já brigou publicamente com o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, pelas redes sociais.

Eduardo repetiu que o coronavírus era um “vírus chinês” e fez campanha contra o leilão do 5G com a participação da Huawei, empresa chinesa estratégica no setor. Em ambos os casos, Ernesto Araújo endossou o discurso do filho do presidente.

“A China atua politicamente em resposta. Até agora, foi muito leniente com o Brasil até pelas brigas comerciais que estava travando com os Estados Unidos”, diz o diplomata. A China separa a questão política da comercial, mas eles estão fazendo corpo mole para sinalizar ao Brasil que, se continuar assim, o País talvez sofra.”

Para ele, o grande divisor de águas” nas relações sino-brasileiras seria a proibição à participação da Huawei no leilão do 5G. Mas as críticas preconceituosas de Bolsonaro à “vacina chinesa” também provocaram forte repúdio das autoridades chinesas, afirma.

Almeida avalia ainda que, caso haja caos pela falta das doses da vacina contra a Covid, a “antidiplomacia” bolsonarista será diretamente responsável.

“Todo mundo importa ou toma remédio da Índia e da China. Precisou um inepto total como o Bolsonaro para causar um enorme preconceito contra os produtos chineses”, ressalta.

“A China vai acabar fornecendo [os insumos], mas talvez demore mais um pouco para deixar os Bolsonaro desesperados. Quando acabar o estoque, pode haver cenas dramáticas dos hospitais. Houve um enorme fracasso diplomático que não é limitado ao contexto atual da pandemia, da vacina, é um fracasso diplomático desde o começo.”

Além das relações bilaterais estremecidas, há ainda a falta de coordenação com outros órgãos multilaterais que poderiam ter ajudado o Brasil em “inteligência sanitária e de saúde”, diz o ex-embaixador, referindo-se ao atraso do Ministério da Saúde em adquirir insumos como seringas e agulhas à tempo da vacinação.

Correção de rumos

Para corrigir os problemas, Bolsonaro aposta nas boas relações que o vice-presidente Hamilton Mourão tem com autoridades chinesas, afirmaram aliados do governo à jornalista Andreia Sadi, da Rede Globo.

O general faz parte da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação, a Cosban, e deve ser encarregado de “salvar a pátria” porque os “chineses não falam com o Araújo”, analisa o diplomata. “O governo de Bolsonaro faz tudo errado e, então, apela para soluções de expediente”.

Com a pandemia ainda crescente e uma longa campanha de vacinação pela frente, Paulo Roberto sugere que o Brasil reavalie suas posições com a China – apesar do novo governo dos Estados Unidos, comandado agora pelo democrata Joe Biden, que deve tentar conter a influência da China sobre as Américas.

“O que vai sobrar para o Biden da política externa de Trump é o mercantilismo americano, que responde a uma frustração dos órfãos da globalização, dos desempregados, ao sentimento de que a China não joga conforme as regras”, analisa. “O Biden foi acusado pelo Trump de ser aliado da China, e ele tem que provar que não é soft com eles.”

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Mini-reflexão sobre a infelicidade do Itamaraty - Paulo Roberto de Almeida

 Mini-reflexão sobre a infelicidade

De todos os ministérios disfuncionais, esquizofrênicos e ineficientes do excepcional desgoverno do capitão degenerado — existem vários—, creio que o Itamaraty é o mais infeliz de todos, o mais acabrunhado por sentimentos depressivos, o mais coberto de vergonha, quando não (entre os mais antigos, que são também os mais conscientes da ruptura com padrões do passado) agitado por uma sensação de desesperança por parte daqueles tomados por certo pessimismo de desespero, após dois repletos de caos destruidor.

A razão é muito simples: todos os ministérios dos demais ministros aloprados — e o da Saúde é o exemplo mais evidente, mas também tem o do Meio Ambiente, o dos Direitos Humanos e o da Educação — foram tomados de assalto por ineptos de fora, pessoas completamente estranhas e inexperientes nas áreas que lhes foram atribuídas, figuras equivalentes a um pró-cônsul colonial, um capataz do seu senhor feudal, uma espécie de interventor nomeado por um desses déspotas pouco esclarecido.

Não é o caso do Itamaraty, o único ministério a ter como interventor autoritário um membro da carreira, ainda que muito apagado até sua nomeação, o que muitos duvidaram que fosse sério.

Para maior vergonha dos diplomatas, é justamente um mandarim da mesma classe de funcionários o encarregado de fazer o trabalho sujo que lhe é ordenado pelos ineptos donos do poder e de aplicar caninamente as consignas estapafúrdias de seus donos, mestres, amos e chefes, tanto da família de insanos e despreparados, quanto um fraudulento guru presidencial e outros aspones do círculo mais chegado.

A vergonha que o inacreditável chanceler acidental tem imposto ao Itamaraty, à diplomacia e à política externa não tem limites, e revela todo o desequilíbrio transparente num infeliz indivíduo que foi levado, no turbilhão alucinado e alucinante em que se meteu, a desempenhar um papel totalmente artificial, falso como uma nota de 3 dólares, que mantém com evidente desconforto e grande angústia, pois que sabedor da falsidade desse papel e com um enorme desconforto psicológico. 

Acredito que o torturado chanceler acidental se sinta cada vez mais inseguro nesse papel de pura hipocrisia que foi chamado a jogar, pois que vê com clareza a mediocridade do ambiente em que foi se meter, com ineptos e ignorantes que lhe dizem o que deve fazer a cada passo. Mas não tenho pena do desequilibrado interventor no Itamaraty, e, sim, lamento que meus colegas de carreira tenham de passar pela excepcional e gigantesca vergonha de verem seu ministério demolido em seus fundamentos mais sensíveis. 

Um dia passa essa ocupação ilegítima de uma das mais brilhantes instituições de pensamento e ação do Brasil em sua projeção externa. Todavia, o cristal se quebrou e a vergonha acumulada até aqui permanecerá como uma nódoa por largo tempo ainda. O desequilibrado chanceler acidental entrará numa categoria especial de interventores, a dos traidores de sua própria classe. 

Essa vergonha é indelével.


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 20 de janeiro de 2021

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Crime de responsabilidade para Bolsovirus e Sargento Tainha - Ricardo Noblat

 CRIME DE RESPONSABILIDADE éo que incorrem tanto o capitão cloroquina, o insano, inepto e degenerado dirigente do país e “comandante supremo” das FFAA (que decidem sozinhas se há democracia ou ditadura no Brasil), quanto seu capacho da Saúde, um general incompetente e MENTIROSO, que não deveria ter passado de sargento. São os dois os maiores responsáveis por metade da mortandade atual no Brasil.

Paulo Roberto de Almeida 


Do que mais têm medo Bolsonaro e Pazuello

Ricardo Noblat, 19/01/2021

Crime de responsabilidade

Jair Bolsonaro e Eduardo Pazuello têm em comum a formação militar e o fato de serem no momento as duas figuras públicas de maior relevo em meio a uma pandemia que colheu até ontem no Brasil mais de 210 mil vidas. E que poderá colher muito mais, uma vez que mal começou, a vacinação poderá ser suspensa em breve devido à falta de doses suficientes para imunizar tanta gente.


Faltam insumos para que o Instituto Butantan possa fabricar a Coronavac no volume necessário. A Fundação Oswaldo Cruz também não tem para fabricar a AstraZeneca. Os insumos para as duas vacinas dependem da China que os produz, e, por lá, menos de 1% da população foi imunizada. Fracassou a operação de compra da AstraZeneca à Índia. Era fake. Um golpe. 

Apesar do uso da farda, seria uma injustiça com Pazuello comparar sua trajetória nos quartéis com a de Bolsonaro. Pazuello é um general ainda na ativa, para constrangimento dos seus pares que preferiam vê-lo na reserva dada às circunstâncias que ele enfrenta. Bolsonaro ganhou o título de capitão quando foi afastado do Exército por ter planejado atentados à bomba a quartéis.

Mas o general aceitou servir ao ex-capitão depois que dois médicos deixaram o Ministério da Saúde ao se recusarem a fazer o que Bolsonaro mandava – entre outras coisas, recomendar o tratamento precoce de casos da Covid-19 com drogas ineficazes. Sabe-se lá porque Bolsonaro ordenou ao Exército a fabricação em massa de cloroquina. Sabia-se que era uma fraude.

Bolsonaro acostumou-se à fama de mentiroso e não liga mais. Nada mais fácil do que provar que ele mente. Mente sempre. Mente descaradamente. Mente displicentemente. Mente naturalmente. Mente irresponsavelmente. E de tanto enxovalhar a verdade, tornou-se incapaz de reconhecer quando encontra uma pela frente por mais robusta que ela seja.

Isso obriga ao restabelecimento de certas verdades. Em abril último, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal decidiu que governadores e prefeitos TAMBÉM poderiam adotar medidas contra a pandemia, NÃO APENAS o governo federal. Como Bolsonaro insiste em dizer que o tribunal esvaziou seu poder de combater o vírus, o Supremo voltou a desmenti-lo em nota oficial.

Chamar Pazuello de mentiroso o incomoda muito. Pega muito mal para um militar, mais ainda quando ele é detentor da mais alta patente de sua Arma. É uma ofensa que nenhum deles engole calado. Infelizmente para ele, está provado que o general mentiu ao afirmar que nunca receitou o tratamento precoce com cloroquina para pacientes com sintomas da doença.

Que Pazuello queira culpar o clima da Amazônia pela falta de oxigênio que matou dezenas de pessoas em Manaus e começa a matar também em cidades do Pará, não é propriamente uma mentira. Seria um exagero, digamos com boa vontade, ou ignorância. Que ele culpe o fuso horário pela demora em importar vacina da Índia pode ser entendido como uma desculpa.

Porém, o general mente ao negar que patrocinou o que agora batiza de “atendimento precoce” com remédios rejeitados pelo mundo inteiro. No final de maio passado, o Ministério da Saúde incluiu nos seus protocolos a sugestão de uso da cloroquina em pacientes hospitalizados com gravidade média e alta. E remeteu aos Estados  pelo menos 3,4 milhões de doses da droga.

Não lembra? Leia aqui (https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-05/governo-inclui-cloroquina-para-tratamento-de-casos-leves-de-covid-19)  a notícia publicada pela Agência Brasil, um órgão de informação do governo. Isso aconteceu depois que o médico Nelson Teich cedeu a Pazuello a vaga de ministro da Saúde. Quer mais? Na madrugada de hoje, no site do ministério, ainda poderia ser encontrado um manual de orientação sobre o uso da cloroquina para tratamento precoce.(http://antigo.saude.gov.br/images/pdf/2020/August/12/COVID-11ago2020-17h16.pdf) 

A troca de “tratamento precoce” por “atendimento precoce” tem a ver com o medo de Pazuello de ser denunciado por crime de responsabilidade. O mesmo medo passou a ser compartilhado por Bolsonaro. Crime de responsabilidade pode abreviar seu mandato porque a Constituição considera inviolável o direito à vida, à liberdade, à igualdade e à segurança.