E eu que pensei que a greve do funcionalismo federal fosse uma boa coisa para todos: os grevistas ficariam em casa, em férias remuneradas, antes de obterem o que queriam do governo (quei sempre cede em face da chantagem), os não grevistas poderiam ir tranquilos para o trabalho, com menos carros pelas ruas, estacionamentos mais vazios, corredores silenciosos, enfim, paz e tranquilidade para quem gostaria de aproveitar o ritmo reduzido do serviço público (não faz muita diferença, o ritmo, na verdade), e teríamos um encontro do vazio com a capacidade de pensar...
Que ilusão!
Pensei aproveitar para adiantar alguns trabalhos em silêncio zen, mas fui confrontado com a fúria em decíbeis dos grevistas. Eles colocam aparelhos de som à altura de 250 (qualquer coisa) e ficam tocando aquelas músicas maravilhosas que vocês não deve ouvir mas que existem, sem que a gente jamais suspeitasse dessa existência medíocre.
De vez em quando eles soltam um rojão, e as consignas pelo alto-falante.
Maravilha das maravilhas a democracia: você pode estourar os tímpanos de outrém impunemente, tudo em nome da liberdade de manifestar.
Já não se fazem greves como antigamente...
Eu aliás acho que o serviço público poderia funcionar com 2/3 a menos de gente do que ele tem; atenção, eu disse 2/3. Fica muito mais tranquilo e não parece haver nenhum prejuízo ao serviço. Ao contrário. Parece que as coisas andam mais rápidas, sem muita gente para interferir.
Isso no executivo.
Acredito que no Legislativo se poderia funcionar bem com apenas 2/10 do pessoal empregado. Atenção: eu disse dois décimos, ou seja, 80% do pessoal é redundante, dispensável, literalmente inútil.
No Judiciário, talvez se pudesse, com novas metodologias, reduzir o pessoal em 1/3, eliminando a Justiça trabalhista, por exemplo, uma inutilidade que aumenta, em lugar de diminuir, os conflitos laborais. E acho que o salário poderia ser reduzido, ou não aumentado, para equiparar com outras categorias do serviço público.
Sim, eu também acabaria com a estabilidade, irremovibilidade e outros penduricalhos burocráticos...
Greve no Itamaraty tem mais adesões nesta quarta-feira
O movimento grevista no Ministério das Relações Exteriores (MRE) cresceu nesta quarta-feira (20). Segundo o Sindicato Nacional dos Servidores do MRE (SindItamaraty) e da Associação Nacional dos Oficiais de Chancelaria do Serviço Exterior Brasileiro (ASOF), 86 postos no exterior, em embaixadas e consulados, já aderiram à paralisação, iniciada na segunda-feira (18). Na terça-feira, ela começou com 75 postos paralisados.
Entre os servidores das representações brasileiras que se juntaram à greve estão os dos consulados gerais de Londres, Nova York, Paris, Sidney, Houston, Atlanta, Boston, Hartford, São Francisco e Los Angeles, e as embaixadas de Paris, Londres, Washington.
Também se juntaram à greve os trabalhadores locais - servidores contratados nos países onde atuam -, que constituem 70% da força de trabalho das embaixadas e dos consulados. Em carta aos representantes das missões diplomáticas do Brasil no exterior, os advogados da Associação dos Funcionários Servidores Locais do Ministério das Relações Exteriores no Mundo (AFLEX) confirmaram a greve por um dia.
Greve no Itamaraty
A paralisação atinge as chamadas carreiras típicas de Estado do Serviço Exterior Brasileiro (SEB), que agrupa diplomatas, assistentes de chancelaria e oficiais de chancelaria. O movimento é promovido pela União das Entidades Representativas das Carreiras Típicas de Estado, e busca reajuste salarial para a categoria. No caso do MRE, além da questão salarial, outras demandas, de ordem estrutural e de gestão de pessoas, são reivindicadas.
“A indefinição das atribuições das três carreiras do SEB faz com que parte dos diplomatas, que deveriam cuidar das formulações da política externa brasileira, na prática exerçam funções técnicas", diz a presidente da ASOS, Soraya Castilho. Segundo ela, estas atribuições seriam "de oficiais de chancelaria, como chefiar a Divisão de Serviços Gerais, responsável por obras, manutenção de infraestrutura e licitações de itens de consumo do Itamaraty – desde o cafezinho até o papel higiênico”.
Um comentário:
Em mais de quinhentos anos de existência os nativos da Corruptolância continuam a trocar ouro (impostos), por pinduricalhos (serviços públicos de quinta categoria) e parece que gostam. Os donos do poder nos cobram caro, muito caro, para produzirem pouco, muito pouco. E assim nós vamos vivendo...de amor!!!
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