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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O Brasil fica menos inteligente, e mais racista: cotas ditas sociais e novo Apartheid

Por vezes eu me pergunto se o Brasil está regredindo mentalmente. E concluo que sim.
Talvez não o Brasil, mas pelo menos certas categorias de "representantes do povo", que fazem tudo para piorar o Brasil, acabando com o mérito.
Quanto aos militantes do Apartheid, eles nada mais fazem senão cumprir sua agenda racista.
A universidade regride, mas não apenas por isso: ela já estava regredindo antes, por outras causas, mas esta é uma das "melhores"...
Paulo Roberto de Almeida 


Em votação simbólica, Senado aprova política de cotas em universidade federais
Jornal da Ciência, com Agências de Notícias, 8/08/2012

Agora, o PLC 180/2008 segue para sanção presidencial. O Palácio do Planalto prometeu vetar o trecho do projeto que estabelece que o ingresso por meio de cotas deve ocorrer pela média das notas do aluno no ensino médio, sem vestibular ou sistema similar. 
A política de cotas para ingresso nas universidades e escolas técnicas federais foi aprovada pelo Plenário do Senado na noite desta terça-feira (7). O Projeto de Lei da Câmara (PLC) 180/2008, que assegura metade das vagas por curso e turno dessas instituições a estudantes que tenham feito o ensino médio em escolas da rede pública, foi aprovado em votação simbólica e agora segue para sanção presidencial.

Pelo projeto, pelo menos 50% das vagas devem ser reservadas para quem tenha feito o ensino médio integralmente em escola pública. Além disso, para tornar obrigatórios e uniformizar modelos de políticas de cotas já aplicados na maioria das universidades federais, o projeto também estabelece critérios complementares de renda familiar e étnico-raciais.

Dentro da cota mínima de 50%, haverá a distribuição entre negros, pardos e indígenas, proporcional à composição da população em cada estado, tendo como base as estatísticas mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As universidades terão quatro anos, após a publicação da lei, para implementar o novo sistema.

O tema tramitava havia 13 anos no Congresso, mas, por ser polêmico, só foi aprovado depois que o governo mobilizou aliados. A expectativa era que fosse votado hoje, mas o governo aproveitou o plenário cheio ontem à noite para concluir a tramitação.

O projeto prevê que as cotas irão vigorar por dez anos a contar de sua publicação Depois disso, haverá revisão do tema com o objetivo de verificar se o modelo deu certo. "É um período de transição para garantir a igualdade na seleção", disse a senadora Ana Rita (PT-ES), uma das relatoras do texto.

Veto - Um trecho aprovado ontem deve ser vetado pela presidente Dilma Rousseff. Ele estabelece que o ingresso por meio de cotas deve ocorrer pela média das notas do aluno no ensino médio, sem vestibular ou sistema similar. Para facilitar a aprovação no Senado, o Palácio do Planalto prometeu vetar essa mudança.

Defesa - O PLC 180/2008 foi defendido pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que informou que, de cada dez alunos do País, apenas um estuda em escola privada. Ou seja, o projeto beneficiaria a ampla maioria dos estudantes brasileiros. A senadora Ana Rita (PT-ES) também saiu em defesa da proposta, garantindo que o projeto faz "justiça social com a maioria da população brasileira".

Já o senador Pedro Taques (PDT-MT) citou os Estados Unidos como exemplo bem-sucedido da política de cotas nas universidades. Ele disse que o país, que era extremamente racista em um passado próximo, após adotar a política de cotas raciais nas universidades, tem agora um presidente negro. Para o senador, no Brasil é preciso adotar ações afirmativas para assegurar oportunidade a todos.

Único voto contrário - O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) reprovou a iniciativa sob o argumento de que "impõe camisa de força" a todas as universidades federais brasileiras, ao ferir sua autonomia de gestão. Além disso, argumentou o senador, para que o ensino superior seja de qualidade, é preciso adotar um critério de proficiência, ou seja, que os alunos que ingressem na instituição tenham notas altas.

Outra crítica do senador ao projeto é a exigência de que as vagas para cotas raciais, por exemplo, sejam proporcionais ao contingente de negros ou índios existentes no estado onde se localiza a instituição de ensino.

Aloysio Nunes observou que um negro inscrito em uma universidade de Santa Catarina disputaria um número menor de vagas do que outro estudante, também negro, mas inscrito em uma instituição da Bahia. Aloysio Nunes foi o único senador a votar contrariamente ao projeto em Plenário.

'Lei fere autonomia universitária', diz diretor da Fapesp
O projeto de lei aprovado que prevê metade das vagas de universidades federais para alunos oriundos da rede pública é visto com reservas por educadores. Para o diretor da Fapesp e ex-reitor da Unicamp, Carlos Henrique de Brito Cruz, a proposta é ruim porque fere a autonomia. "É uma usurpação da autonomia universitária, porque viola o direito de que cada instituição decida o modelo mais adequado, que tenha mais relação com a sua tradição de avaliar o mérito acadêmico", argumenta.

Para o professor Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da USP, o estabelecimento de cotas sociais é importante uma vez que pode facilitar o acesso de estudantes de escolas públicas a cursos mais concorridos. "Basta ver os cursos mais disputados de qualquer universidade pública, para ver como é raríssimo encontrar algum estudante oriundo do sistema público", diz. Segundo ele, isso perpetua a disparidade social, já que os estudantes do sistema público tendem a ter um nível socioeconômico mais baixo.

Uma boa implementação da política, no entanto, depende de estudos prévios. "É preciso pegar os dados do Sistema de Avaliação Básica (Saeb), para entender as particularidades desses estudantes de escolas públicas. Eles não são todos iguais", avalia. "Não dá para fazer políticas genéricas." Quanto às cotas raciais, ele é contrário. "Acho que isso não funciona, porque vai muito da autodefinição e os detalhes e diferenças são todos muito sutis", explica Alavarse.

Segundo o projeto de lei, nas vagas reservadas a cotas sociais ocorrerá um ajuste racial, feito com base nos porcentuais dos perfis étnicos em cada estado. Por exemplo, a reserva de vagas para negros em Santa Catarina será menor que na Bahia.

Nas universidades estaduais paulistas, a discussão sobre cotas raciais está fora da pauta. Assim que o Supremo Tribunal Federal (STF) votou pela constitucionalidade das cotas raciais, em abril deste ano, USP, Unesp e Unicamp se disseram contrárias à medida. Elas defendem a prevalência do mérito na seleção, embora tenham ações de inclusão - sem, no entanto, reservar vagas.

Atualmente, a USP mantém o Programa de Inclusão Social (Inclusp), que dá bônus no vestibular a estudantes da rede pública. Neste ano, 28% dos novos alunos vieram de escolas públicas.

Mesmo sem reservar vagas, a Unicamp é a única que tem benefício específico para pretos, pardos e indígenas. Eles chegam a receber 7% de bônus na nota, cerca de 2 pontos porcentuais a mais que alunos de escola pública - também beneficiados. No último vestibular, 8,9% dos matriculados na Unicamp vieram do grupo de pretos, pardos e indígenas.

Das três, a Unesp foi a que mais incluiu alunos vindos de escolas públicas: 41%.


9 comentários:

Anônimo disse...

Cuba torna-se um país "Buena Vista Social Club"!

http://www.valor.com.br/internacional/2781970/populacao-envelhece-e-ameaca-economia-de-cuba?utm_source=newsletter_manha&utm_medium=09082012&utm_term=populacao+envelhece+e+ameaca+economia+de+cuba&utm_campaign=informativo&NewsNid=2780754

Vale!

Anônimo disse...

Professor, permita-me uma pequena divagação para compreender melhor sua forma de pensar, lembrando que concordo com suas palavras, mas quero compreender sua maneira de avaliar a questão das cotas, ok?
Se acha que o mérito deve prevalecer no sistema de cotas, então, como explica o fato de existir pobreza? Seriam os ricos mais merecedores de serem ricos do que os pobres ? Todos os pobres são pobres por que não lutaram para ter uma vida mais digna ? Ou seja, não tem mérito para uma vida mais confortável ?
A pergunta em primeira análise parecerá boba, mas é pertinente...

Anônimo disse...

Concordo com o outro anônimo. Chega a ser ridículo comparar o ensino médio brasileiro público com as escolas particulares. Mas pelo menos no estado de SP, ambos são medíocres, não vale a pena pagar mil reais e ter um ensino porcaria. A reforma educacional tem que começar na creche.

Por isso temos mais advogados e psicólogos do que engenheiros e cientistas.

Bianca Villas Bôas disse...

Ótima colocação, concordo que as cotas raciais são retrocessivas e que a sanção dessa política pode sim, acabar comprometendo o nível de qualidade das universidades e a competência de seus formandos. Porém acho que as cotas sociais de comprovação de renda se fazem necessárias para dar oportunidade a quem nunca teve na vida. A educação a nível médio no Brasil não vai melhorar tão cedo, até lá uma ação afirmativa precisa ser feita para que as pessoas cheguem ao Ensino Superior.
O que acha?

Anônimo disse...

Prezado anônimo, se me permite, suas associações são completamente destituídas de sentido.


vinícius

Anônimo disse...

Prezado anônimo, tentarei esclarecer meus questionamentos.
Não sou a favor de tudo o que Aristóteles pensava, mas há algo em seu pensamento que me intriga quando o sr. Paulo Roberto fala especificamente sobre o MÉRITO, por isso, queria que ele explanasse melhor sobre o assunto.

"Para Aristóteles, justiça significa dar às pessoas o que elas merecem, dando a cada um o que lhe é devido. Mas o que uma pessoa merece ? Quais são as justificativas relevantes para o mérito ? Isso depende do que está sendo distribuído. A justiça envolve dois fatores: 'as coisas e as pessoas a quem elas são destinadas'. E geralmente dizemos que 'pessoas iguais devem receber coisas iguais'.
No entanto, surge aí uma questão difícil: Iguais em que sentido ?
Imaginemos que estamos distribuindo flautas. Quem deve ficar com as melhores ? A resposta de Aristóteles: os melhores flautistas."

Portanto, por que os pobres deveriam ser beneficados com o sistema de cotas ? Só por que são pobres ? Por que os negros devem ser beneficiados por cotas ? E por que o mérito deve ser o critério no sistema de cotas ? Eu gostaria que o professor explanasse sobre isso...
Acho que agora esclareci, anônimo? Caso não tenha conseguido esclarecer diga-me o ponto obscuro, ok ?

Sungilam disse...

Eu sou totalmente a favor de um método meritocrático. Justiça social se faz dando oportunidades iguais para todos, mas isso não quer dizer que todos estejam em pé de igualdade na hora de disputar as vagas.

Alunos mais estudiosos se sobressaem sobre alunos menos estudiosos, alunos bem alimentados se dão melhor que desnutridos, alunos de boas escolas se dão melhor que alunos de escolas ruins, alunos que tiveram melhores ferramentas (livros à disposição, pais dispostos a ajudar, etc.) se saem melhor que alunos que tiveram que economizar nas anotações para não acabar o caderno.

Obviamente isso favorece os alunos de pais com maior renda, pois eles em média têm mais infra-estrutura (alimentação, material didático, pais que gostam de ensinar, escola de melhor qualidade) que os alunos de menor renda.

Essa diferença sempre vai existir: o filho de pais com nível superior sempre vai ter maior chance que o filho do motorista de ônibus, mas ambos tem a mesma oportunidade.

Não é para tanto que meu pai (motorista de ônibus) e minha mãe (caixa) se sacrificaram para que eu e minha irmã estudássemos em escola particular e assim poder brigar em pé de igualdade com os outros candidatos. Hoje temos nível superior e ganhamos bem, apesar de sermos filhos de retirantes.

A luta será sempre desigual, mas quanto mais incentivos os estudantes têm para se dedicar com afinco, melhores suas chances de se darem bem na vida, com ou sem faculdade.

No Brasil agora basta ser pobre e notas razoáveis pra entrar na faculdade. Na Coréia do Sul os pais se matam para o filho entrar em uma boa escola primária, já pensando na faculdade.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Já declarei o que penso a respeito do mérito e das cotas demagógicas e racistas neste post:

http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2012/08/cotas-sociais-e-raciais-e-minha.html

Paulo Roberto de Almeida

Anônimo disse...

Fazer justica aos negros em um pais de mesticos nao e uma tarefa facil.

O PT e o governo, em seu racismo mais absoluto, deveriam entrar na maquina do tempo de proibir negros de relacionarem com brancos desde a epoca da monarquia.

Se essa separacao houvesse ocorrido, para o infortunio da sociedade, pelo menos essa politica teria alguma razao de ser.

E nao seria tao cretinamente cega.

Nem surda, pois todos sabemos o que os brasileiros responderam quando perguntaram a sua cor.