quinta-feira, 30 de maio de 2013

Venezuela: a intolerancia com adversarios como forma de governo

Reunião entre presidente da Colômbia e Capriles enfurece Venezuela

Reuters
Caracas, 29 de maio de 2013

Las claves
  • O governo Maduro difamou Capriles como um "fascista" tentando agitar um golpe de Estado na Venezuela, e o poderoso Congresso liderado por Diosdado Cabello, que também é o segundo na hierarquia do governista Partido Socialista, foi o primeiro a reclamar sobre a reunião em Bogotá.

O afundamento do governo de Maduro por seus próprios erros políticos

A análise
M.Teresa Romero
(Especial para Infolatam por María Teresa Romero). -“O fato de que Santos tenha recebido o ex-candidato presidencial opositor em um encontro privado e que, além disso, lhe permitisse falar diante de um grupo de senadores colombianos e na Câmera de Representantes do país vizinho, ao qual o executivo e o parlamento tem pleno direito de qualquer país, não deveria dar pé nem às irresponsáveis acusações de conspiração contra o governo bolivariano. Com esta conduta insólita, o ilegítimo governo de Maduro a única coisa que consegue é consolidar sua falta de prestigio, rejeição e isolamento entre os venezuelanos, os colombianos e o resto dos latino-americanos.
A Venezuela reagiu com fúria à reunião entre o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles, nesta quarta-feira, dizendo que era uma “bomba” nas relações bilaterais e chamando de volta um emissário para o processo de paz da Colômbia.
Capriles se encontrou com Santos em Bogotá no início de uma turnê pela América Latina para defender sua versão de que a eleição presidencial do mês passado na Venezuela foi fraudulenta e que o governo do presidente Nicolás Maduro, portanto, é ilegítimo.
Capriles, governador de 40 anos e bem visto pelo mercado, perdeu para Maduro, o sucessor do falecido líder socialista Hugo Chávez, por apenas 1,5 ponto percentual, de acordo com os resultados oficiais.
O governo Maduro difamou Capriles como um “fascista” tentando agitar um golpe de Estado na Venezuela, e o poderoso Congresso liderado porDiosdado Cabello, que também é o segundo na hierarquia do governista Partido Socialista, foi o primeiro a reclamar sobre a reunião em Bogotá.
“A Colômbia deve esclarecer se o governo está (ao lado) das intenções golpistas de Capriles, ou com o povo da Venezuela e com o governo legítimo, soberano e constitucional do companheiro Nicolás Maduro“, disse Cabello à mídia estatal. “O presidenteSantos está colocando uma bomba nas boas relações que o presidente Chávez insistiu tanto … Ele está recebendo um assassino, um fascista lá no seu palácio.”
A Colômbia é uma importante aliada dos Estados Unidos, e o governo anterior a Santos teve relações terríveis com a administração de Chávez. Mas, apesar das diferenças ideológicas, Santos fez as pazes com Chávez em nome do pragmatismo e de solidariedade regional, após assumir em 2010. Isso ajudou o comércio a fluir e permitiu que ambos os lados perseguissem gangues criminosas na fronteira.
O ministro das Finanças colombiano, Mauricio Cardenas, se ofereceu nesta quarta-feira a fornecer à Venezuela alimentos e bens manufaturados para aliviar a escassez naquele país. Cardenas manifestou a intenção de se reunir com autoridades venezuelanas para discutir o assunto nos próximos dias e encontrar uma forma de pagamento que pode envolver uma troca de produtos colombianos por petróleo.

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