segunda-feira, 2 de junho de 2014

A morte do dinheiro? Ja vai tarde... Mas vamos pagar a conta! Esta bem assim?

Como sempre faço quando vou numa livraria, pego os últimos lançamentos da minha área para ver se vale a pena comprar, mas não imediatamente, pois eles costumam custar entre 25 e 35 dólares. Não que eu não possa pagar, mas eu teria de comprar também novas estantes, pois os livros vão se acumulando no chão, lidos pela metade, enquanto outros se acumulam em cima. Geralmente compro os que me interessam entre 3 e 6 meses, quando já estão na Abebooks, praticamente novos a um preço entre 3 e 5 dólares (e com frete grátis...).
Assim fiz com o livro famoso de Thomas Piketty, O Capital no Século XXI, de levíssima inspiração marxiana, mas de pouca consistência metodológica. A Economist acaba de refazer novas críticas aos seus dados, mas não contesta a validade geral de suas teses (o que eu contesto, não por ter feito exercícios econométricos, mas apenas por instinto contrarianista; acha que ele se engana no essencial, mas não tenho como provar, pois não consigo quantificar a evolução relativa de todas as formas de capital ao longo do tempo).
Em todo caso, desconfio que não são as mesmas pessoas que detêm essas várias formas de capital ao longo de duas ou três gerações e daí resulta que NÃO SE PODE falar em concentração, a não ser que se use esse fantasmagórico 1 por cento dos mais ricos. E daí? Os de hoje são os mesmos de um século atrás? Duvido.
Bem, hoje andei lendo este livro:
The Death of Money: The Coming Collapse of the International Monetary System
James Rickards

Embora ache que ele tenha razão no geral, acho que as intenções catastrofistas são um pouco exageradas. Aliás, o sistema monetário internacional, se existiu durante brevíssimo tempo (apenas no início dos anos 1960, e olhe lá), já não existe mais há muito tempo...
Vejamos:

The next financial collapse will resemble nothing in history...
Uau!

Estamos nada menos do que a um passo de um novo colapso geral da economia e do dólar, que vai ser pior do que em 1914, em 1939, em 1979, e sabe-se lá quando mais.
Tudo começou em 1971, claro, com aquele conservador do Nixon chutando o pau da barraca do sistema monetário internacional. O dólar caiu, o ouro se valorizou, a tendência se inverteu com a política de Paul Volcker de aumentar os juros para 19%, mas depois o declínio continuo, até chegar novamente na derrocada em 2008.
Alguns remendos foram feitos -- o tal de tsunami financeiro -- que só aumentaram a chance da derrocada próxima e segura.
Vamos ter: guerras financeiras, inflação, deflação, o colapso dos mercados, um dilúvio de perigos e talvez a volta da polio e do escorbuto.
Enfim, tem desgraça para todo e, como estamos no Brasil, elas virão em dobro, pois aqui os políticos ajudam a piorar bastante as coisas, assessorados por keynesianos de botequim.

Acho que o autor vai ganhar dinheiro com esse livro, tanto quanto ganhou com o seu anterior, Currency Wars, mas o mundo não vai acabar, e o dólar vai continuar sendo a base desse não-sistema monetário internacional, inclusive porque não tem nenhum outro instrumento disponível, e ninguém parece disposto a, ou ser capaz de, voltar ao padrão ouro.
Tudo é uma questão de confiança, sempre, e não é que as pessoas confiem no dólar. Não, elas não confiam, mas o problema é que elas confiam menos ainda nas demais moedas.
E o ouro, dirão alguns?
Essa relíquia bárbara, no dizer de Keynes?
Não acho que seja o substituto ideal.
A não ser o Tio Patinhas, ninguém fica nadando em moedas ou lingotes de ouro.
Coisa de especuladores, nada mais do que isso.
Melhor especular sobre o preço da soja, que pelo menos dá para comer (ugh!).
Paulo Roberto de Almeida

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