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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Across the Empire (3): Des Moines, Omaha e o caminho dos pioneiros...

Prosseguindo a série:

Across the Empire (3): Des Moines e o caminho dos pioneiros...
            Como antecipado no sábado – mais exatamente, na madrugada deste domingo, que já passou -- Carmen Lícia e eu retomamos nosso caminho para Denver, no Colorado (ainda muito distante), visitando duas cidades no caminho da I-80W: Des Moines, basicamente o Des Moines Arts Center (www.desmoinesartscenter.org), a cidade mais importante do milharal que responde pelo nome de Iowa, e Omaha, no limite de Nebraska com Iowa, terra do Buffalo Bill (mas ele está em todas as partes, inclusive na cidade que escolhemos para pernoitar: North Platte).
            O Arts Center de Des Moines não é um simples museu, e sim um monumento arquitetural e artístico, em si e por si: muito functional, em todas as suas salas e espaços abertos, inclusive com um restaurante, que infelizmente estava fechado, quando chegamos justamente em torno das 12hs deste domingo, famintos e desejosos de comer outra coisa que sanduíches fast food. Não preciso descrever todas as maravilhas em termos de obras de arte, de todas as épocas mais importantes da arte ocidental (e alguns poucos exemplares de arte africana, e poucos japoneses e chineses na mostra, entre estes últimos Wei Wei, o artista dissidente). Uma consulta ao site pode revelar o que existe.
            Interessei-me pela mostra permanente logo na entrada: pinturas e texto de Henri Matisse para um “pochoir en papier”, um livro ilustrado, feito inteiramente pelo artista francês, em 1947, e tirado unicamente em 100 exemplares. Fotografei a placa VIII, um Ícaro figurativo, e retirei do catálogo a ilustração da página completa; mas livro tem muitos outros exemplos ilustrações retiradas da mitologia grega e de histórias da literatura universal.
           


            Passando a outras salas, comecei a contemplar a arquitetura do centro de artes, dois edifícios que se complementam, com muitas aberturas, diversos níveis e espaços amplos para as obras de arte contemporânea, que apreciei menos. Mas um pátio interno, com espelho d’água, revelou uma lindíssima escultura do artista sueco Carl Milles, ativo nos Estados Unidos (morto em 1955), representando o cavalo Pégaso e um cavaleiro sobre ele, chamada simplesmente Pegasus and the Man. Segundo informação do catálogo do centro, existem outras cinco esculturas iguais, espalhadas pelo mundo, numa cidade da Suécia, em Dallas, no museu aberto de esculturas de Middleheim, em Antuérpia (justamente onde morei, e conheço bem esse parque), e em Jakarta, na Indonésia.

            Também figura no centro de Des Moines o famoso painel de Andy Warhol com um retrato de Mao Tsé-tung em diversas colorações, para mim apenas um ícone a mais da coleção kitsch desse artista americana que era mais competente em chocar os incautos (épater le bourgeois, alguns diriam) do que propriamente em pintar.

            De Des Moines retomamos a I-80 em direção a Denver, mas paramos em Omaha, a primeira cidade do Nebraska, onde já tínhamos estado no ano passado, numa incursão não prevista (pois tivemos de desviarmos, a partir de Kansas City, de Denver, tomada por chuvas torrenciais que devastaram várias estradas no Colorado). Fomos direto ao Joslyn Art Musem, chegando justa a tempo de visitar o que eu mais queria ver: os cadernos de viagem de Maximilien de Wied, com as ilustrações feitas pelo suíço Karl Bodmer. 

O museu é um enorme edifício moderno, grandioso, com uma bela escultura em bronze de um guerreiro indígena em seu cavalo, no jardim da frente: minha foto talvez não dê uma ideia da monumentalidade da escultura, aliás, maior do que o Pégaso de Carl Milles.

            Na própria exposição, que tivemos de visitar muito rapidamente (pois o museu fechava às 4hs da tarde, em lugar das 5hs habituais, o que já acho um absurdo), tirei algumas fotos, Carmen Lícia outras, e reproduzo aqui as mais bonitas.




            No total da viagem, fizemos 577 milhas, incluindo as duas paradas (Des Moines e Omaha), um pouco menos das 600 milhas previstas inicialmente, mas já estamos avançados no planejamento inicial, pois faltam apenas 240 milhas para fazer até Denver, quando segundo meu caderno de viagem eu tinha reservado 474 para completar o trajeto até o Colorado, na segunda-feira, 1 de Setembro (isto é, hoje). Além das duas paradas culturais (que poderiam facilmente ter sido estendidas se o primeiro museu tivesse comida, e o segundo não fechasse às 4hs), enfrentamos várias tempestades no caminho, mais no Nebraska do que em Iowa, com direito até a pedras de gelo.
            Chegamos a North Platte, uma simpática cidadezinha do Oregon Trail, que cultiva, como tantas outras nesta região, Buffalo Bill. Bem em frente do nosso hotel existe um Fort Cody, um simples trade post na origem, que serviu de ponto de apoio aos novos colonizadores do oeste americano. Amanhã, ou melhor, nesta segunda, pela manhã, antes de deixar a cidade, vamos visitar o museu que existe dentro do forte de madeira, uma réplica exata do original, construído pouco depois da guerra civil. Tem outras coisas por aqui, mas a mania mesmo é Buffalo Bill: Buffalo Bill Ranch State Historical Park, além do Lincoln County Historical Museum, na Buffalo Bill Avenue, claro…
            Reproduzo novamente o mapa do Google que havia postado ao final da postagem do sábado, reproduzindo o nosso caminho. North Plate está quase no final do Nebraska, e daqui sairemos da I-80W para tomar a I-97S, em direção a Denver.
Uma pequena jornada nesta segunda, de menos de 250 milhas, o que é quase uma corrida de taxi para nós, sem querer ofender os taxistas, claro...

Encerro esta postagem, e retomarei em Denver, uma primeira parada mais longa neste périplo cultural de 8 mil milhas.
            Até lá,
Paulo Roberto de Almeida
North Platte, Nebraska, 31/08 – 1/09/2014

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