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domingo, 20 de setembro de 2020

Política externa e diplomacia em tempos de epidemia mental no Brasil - Paulo Roberto de Almeida

 Política externa e diplomacia em tempos de epidemia mental no Brasil 

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.com)

  

1) Política externa é apenas uma política setorial, e não a mais importante nas graves aflições brasileiras; os problemas são todos “made in Brazil”, inclusive a atual epidemia mental;

2) Diplomacia é apenas uma técnica, ou ferramenta, com a qual se aplica a política externa; quando esta não existe, qualquer diplomacia serve, mesmo a mais inepta;

3) Nenhuma tem grande importância no quadro dos graves problemas que afetam o Brasil atual e sua população, sobretudo a mais frágil; são marginais, mas podem prejudicar;

4) A mediocridade de ambas só serve para nos ridicularizar aos olhos do mundo; mas, ao ser deixadas inteiramente livres, podem, sim, acarretar graves perdas materiais e políticas;

4) A ausência completa de uma política externa digna desse nome é inédita nos anais da história do Brasil, e recomendo para um conhecimento de sua importância passada ler o livro do embaixador Rubens Ricupero, A diplomacia na construção do Brasil, 1750-2016;

5) As alucinações diplomáticas registradas atualmente se devem aos ineptos que mandam, de forma inepta obviamente, na área e à submissão extrema de um chanceler acidental;

6) Os “donos” da área são, pela ordem de importância na inépcia: o próprio presidente, que é demencial; o guru expatriado da Virgínia, outro doido varrido, com certo poder retórico, mas ignorante em questões internacionais; o filho 03, um ignorante crasso, que pretende ter importância, quando não sabia sequer quem é o Kissinger; o Robespirralho do Planalto, vulgo Sorocabannon, que além de olavista fanático possui certo poder sobre o chanceler acidental; o chanceler submisso, um oportunista desequilibrado, que achou a via para ascender fugazmente; os militares, que exercem alguma influência, mais de contenção do que de direção; os lobbies econômicos, que tentam conter as loucuras dos primeiros;

7) Os instintos mais primitivos, mais ignorantes, do presidente contaminaram toda a área externa do Brasil, pela ausência completa de diretrizes claras sobre o papel do Brasil no mundo global, pela submissão dos demais participantes no jogo do poder, o que resultou na PIOR política externa de todos os tempos, e na MEDIOCRIDADE extrema de nossa presença, no mundo, por causa da ANTIDIPLOMACIA sendo atualmente praticada; 

8) Não existem explicações racionais, sequer razoáveis, para o horror diplomático que está acontecendo atualmente com o Brasil no campo de sua falta de atuação consequente na frente externa, inclusive atuando contra os interesses nacionais e os próprios interesses mesquinhos dos donos do poder, que constroem, por uma atuação desastrada, mais alguns elementos para o afastamento do poder; 

9) O Itamaraty, por uma aplicação cega, míope, submissa, dos princípios da hierarquia e da disciplina, revela-se impotente para corrigir as loucuras dos donos do poder, inclusive porque o chanceler é omisso, desequilibrado, submisso;

10) Talvez o chamado “manifesto dos chanceleres” sirva para agravar, um pouco mais, a noção de que os males causados pela ausência de política externa e de uma diplomacia digna desse nome, reforçando, portanto, o movimento em direção do afastamento do presidente; este é o principal responsável pela epidemia mental que atacou o Brasil;

12) Permanece, porém, uma indefinição, nas altas esferas do poder – atualmente anômico e fragmentado – sobre o que fazer em função do grave quadro de disfuncionalidades visíveis na presente crise de governança; essas altas esferas são representadas – não de modo uniforme, homogêneo ou coordenado – pelos políticos com certa capacidade de iniciativa; por alguns magistrados ambiciosos; pelos grandes capitalistas (industriais, banqueiros, homens do agronegócio, lobistas poderosos); pelos militares; pela franja lunática no poder e por alguns personagens erráticos que sempre surgem em momentos de confusão. 

13) Não existe, ainda, um consenso mínimo entre essas esferas dispersas de poder (com exceção da franja lunática, que também desfruta de certo poder) quanto ao que fazer com a atual crise de governança, que todos julgam ser prejudicial aos seus negócios, depois ao Brasil (nesta ordem), mas que não se dispõem a encontrar uma solução razoável ao quadro de disfuncionalidades existente. Mas, a política externa e a diplomacia são relativamente marginais em relação aos problemas do Brasil; só trazem ridículo ao Brasil, infelizmente.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 21 de maio de 2020


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