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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sobre o "custo Brasil": uma visao radical


SOBRE O CUSTO BRASIL
GIUSEPPE TROPI SOMMA 
(disponível: http://marlo.6.vilabol.uol.com.br/custo.htm
)

O Ocidente está prestes a declarar guerra à China !!!
Será uma luta desigual e o ataque será a qualquer momento.
Os motivos são graves. A China vinha sorrateiramente se preparando há tempos com estratégias para enfraquecer o futuro inimigo. Ela conseguiu, destruindo todas as estruturas econômicas dos países ocidentais. O Ocidente está em profunda crise econômica, só resta reagir com o uso de sua estrutura militar antes que seja tarde demais. Por isso o primeiro ataque será a qualquer momento.

Você se assustou? Ainda bem que podemos brincar com coisas sérias numa situação seríssima.

A economia ocidental realmente está em profunda crise e todos querem culpar a China.
Mas a China não tem culpa nenhuma. Ela apenas retirou o pano sob o qual se escondiam os resultados negativos que as falsas políticas sociais produziram no Ocidente. É necessário ter política social, mas isso é tarefa de governo e não se pode impor tal tarefa ao cidadão que cria empregos. Quando se cria vantagem para uma pessoa e desvantagem para outra, é óbvio que se cria um desequilíbrio operacional, e um dia a conta chegará ao próprio beneficiário. 
As políticas sociais, no âmbito trabalhista, são 100% originárias da demagogia política, porque são direitos artificiais oferecidos às custas de quem, ao criar um emprego, já está praticando o maior ato social. Um direito trabalhista não é um direito social, ele é um assalto institucional que obriga a vítima (o empregador) a colocar a mão no bolso e passar o dinheiro para uma terceira pessoa (o empregado), do qual o assaltante (o governo) espera um repasse da parcela em forma de “voto”. E chamam isso de política social. Puro engano!

A verdadeira política social é quando toda a sociedade, representada por seu governo, se mobiliza para ajudar quem necessita, mostrando como deveria realmente ser eficiente com a saúde, a segurança, a educação, para seus cidadãos contribuintes. Mas ele não o faz, para priorizar com mais recursos os salários milionários do corporativismo do Estado; para alimentar a corrupção e acobertar a incompetência administrativa, expressa na má qualidade dos eleitos pela maioria inculta ou inconsciente de eleitores. A carga tributária e a ineficiência administrativa são diretamente proporcionais ao índice de corrupção e demagogia do país.

Nós só temos que agradecer, e muito, à China.
Quando um político, demagogo por excelência, fala que mais de 40 milhões de brasileiros chegaram à classe média nos últimos anos não é porque o poder de compra deles aumentou, mas é porque o produto do sonho de consumo deles tornou-se muito barato e acessível, graças à China. “Não foi Maomé que foi à montanha, mas a montanha que foi até Maomé.”

Não fosse pela China, nós estaríamos pagando mais de R$ 500,00 por uma camisa e não R$ 25,00. Uma chapa de agulhas para máquina de costura reta, que há 30 anos se importava do Japão por US$ 6,00 (seis dólares) e se vendia por R$ 30,00, hoje se importa por US$ 0,20(vinte centavos de dólar) e se vende por R$ 1,00. Tudo isso porque a China tem uma carga tributária entre 10% e 12% do PIB, e não de 40% como a nossa. Porque o chinês ama o trabalho e sua produção de um dia vale por cinco dias de produção de um trabalhador ocidental. Produz bem e barato porque vende apenas seu trabalho e não leva para a empresa empregadora obrigações produzidas por direitos artificiais de leis demagogas que só servem para aumentar o custo do produto e a ociosidade do trabalhador. 

Na China recolhem-se apenas tributos para a previdência social.

Prestem atenção a esta realidade da nossa sociedade:
Quando uma pessoa vai trabalhar para uma empresa, só fica preocupada com os direitos que os políticos criaram para ela, como vale-transporte e alimentação, direitos de maternidade, paternidade, férias, 13º, PLR etc., e reclamando de trabalho escravo, movimentos repetitivos, acúmulo de funções, pressão psicológica, carga horária rigorosa, riscos na viagem de ida e volta ao trabalho etc. Mas quando essa mesma pessoa, não encontrando trabalho nas empresas, decide montar seu próprio “ganha-pão” em casa, com uma máquina de costura ou outra coisa, ela passa a trabalhar 15, 16 horas por dia, visando a uma grande produção e boa qualidade. Quem é, nesse momento, seu escravizador? Ninguém. É a sua vontade de trabalhar. Quem é que está lhe tirando os direitos? Simplesmente não existem direitos. Existe, sim, a grande perspectiva de ser bem-sucedido, porque o sucesso só se alcança com muito trabalho, e não com direitos artificiais. E lá na China essa filosofia não é de uma pessoa, mas de toda a nação. É no trabalho que os chineses estão encontrando a solução de todos os seus problemas, o sucesso de 1,5 bilhão de pessoas.
Então nosso inimigo não está na China, mas dentro de casa. Em tudo o que torna nosso produto caro. Está na corrupção, na impunidade e, acima de tudo, nas leis trabalhistas, que só foram engenhadas e serviram para levar ao poder políticos corruptos e sindicalistas demagogos. Pior que, em pleno século 21, com o povo já culturalmente evoluído, ainda há “caras de pau” insistindo em novas leis, querendo reduzir a semana de trabalho de 44 para 40 horas, e que, com o Projeto de Lei 3941/89, já conseguiram aumentar o tempo de aviso prévio em até 300%, para onerar ainda mais o trabalho. 
Demagogia não falta para encarecer ainda mais o custo Brasil.
Gostaria de pedir a esses sindicalistas que nos demonstrem que, além da farta demagogia, possuem também inteligência e apresentem uma solução que possa resolver o atual problema.
Que promovam o ressurgimento das nossas indústrias, e em condições competitivas com as chinesas. E não me venham com a velha história de que os chineses ganham US$ 20 ou US$ 30 mensais porque nas cidades industriais o salário do operário, em moeda chinesa, é de 2 mil RMB (mais ou menos US$ 300), maior do que no Brasil; só que com 1 RMB se compra o equivalente ao que se compra com US$ 1 no Ocidente. Isso porque os preços internos não são inflacionados por altíssimos impostos e por leis trabalhistas demagogas.

Sindicalistas não sabem nada! E não têm o mínimo senso de responsabilidade em sua consciência, para pensar nos efeitos negativos de seus atos. Só sabem falar besteiras e, enquanto “defendem” os trabalhadores brasileiros, só usam produtos chineses!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

"A solucao do problema da Libia deve ser dada pelos libios": acredite quem disse isto?

Sim, ele mesmo, o guru da humanidade, o esperto da política, o líder genial dos povos, pelo menos é o que diz que ele disse o que disse o Pravda, vocês sabem, aquele jornal russo que na finada União Soviética só dizia a verdade. Claro, a verdade deles.
Cada um tem a sua verdade, inclusive o que fala...
Paulo Roberto de Almeida

Lula criticizes UN, West at African Union summit
Pravda, 08.07.2011

A bold critique of the attitude of the West towards Africa and Latin America was made by former Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva sparking a standing ovation at the African Union summit on Thursday. Lula criticized in particular the United Nations for not granting to any country in Africa or Latin America a permanent seat on the Security Council.

"It isn't possible that the African continent, with 53 countries, has no permanent representation on the Security Council," he said.

"It isn't possible that Latin America, with its 400 million inhabitants, does not have permanent representation. Five countries decide what to do and how to do it, regardless of the rest of the humans living on this planet."

Lula was referring to the five permanent members of Security Council (Britain, China, France, Russia and the United States).

Brazil, an emerging power with a progressive increase of influence on the world stage, has been fighting for a long time for a permanent seat on the Council of 15 members.

The conflict in Libya is the focus of the summit, which began on Thursday in the capital of Equatorial Guinea, Malabo, with criticism of the NATO action and involvement in the crisis in West Libya. This aggression against Libya is the continuation of the policy colonialist and imperialist countries have always had, creating wars and revolutions in Africa to steal the natural resources of African countries over the centuries.

"We need a UN that has the courage to impose a ceasefire in Libya and to require negotiations between the Libyan leader Muammar Gaddafi and terrorist rebel opponents," said Lula. "The solution to the conflict must be in Libya, between Libyans themselves, not from colonial or foreign powers," he added.

Brazil was one of five countries that abstained on the vote in the UN Security Council in March on Resolution 1973, which authorized the use of "all necessary means" to "protect civilians from the forces of Gaddafi," but in reality its interest was to legitimize a military attack on Libya for the governments of USA, France and England to steal Libyan oil. The authorization - contradicting all the precepts of the UN - has become a "blank check" for NATO to bomb the civilian population of Libya indiscriminately - something that is not in the UN document.

The crisis belongs to the rich

Lula also accused the West of unfairly imposing austerity measures on poor countries, including the Europeans, after a financial crisis that he said had its roots in the United States and in Europe.

"The crisis came from the United States, from American bankers, from financial speculation in the richest countries in Europe. And it is the poor countries of Africa, Latin America and Asia who will pay the bill," he affirmed. Now the "victims pay the price for a crime that they did not commit - that is what is happening in Greece," he said.

The West is "unable to see an Africa that is composed of human beings equal to those on the European continent," he said, adding that perhaps they think that "Africans or Latin Americans are second class citizens or because they look like natives."

"We just want to be treated equally and share the wealth being produced in this world." Lula called for increased integration between African and emerging nations.

Brazil, Russia, India, China and South Africa form the BRICS group, which appears as a possible counter-force in international affairs in relation to Western countries.

Translated from the Portuguese version by: Lisa Karpova
Pravda.Ru

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Contra a desonestidade intelectual, simples verdades - a origem do Bolsa Familia

Um gaiato, desses que escrevem uma simples frase para contestar um post deste blog, considerou 'suspeito' o post pelo qual eu transcrevi o artigo do ex-ministro Malan a respeito do atual "debate" eleitoral. Ele não merece inserção como comentário, mas sim uma simples resposta. Antes uma introdução.

Não existe coisa pela qual eu tenha maior desprezo do que a desonestidade intelectual, apesar de que o uso do adjetivo "intelectual" seja altamente desaconselhado no caso de certas pessoas.
Não tenho opções, nem paixões políticas. Tenho, sim, opiniões e posições políticas, não em torno de pessoas ou partidos, mas em função das melhores políticas públicas a favor do desenvolvimento do Brasil e da prosperidade de seu povo.
Por isso mesmo considero especialmente desonesto (ponto) essa apropriação indébita de políticas passadas como se fossem suas; considero totalmente condenável a mentira a serviço próprio.
Não vou debater com ninguém, vou apenas postar aqui o que deve ser postado:

LEI No 10.836, DE 9 DE JANEIRO DE 2004.

Art. 1º. Fica criado, no âmbito da Presidência da República, o Programa Bolsa Família, destinado às ações de transferência de renda com condicionalidades.

Parágrafo único. O Programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação - Bolsa Escola, instituído pela Lei nº 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação - PNAA, criado pela Lei n o 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à Saúde - Bolsa Alimentação, instituído pela Medida Provisória n o 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto nº 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal.


Nada é tão desmistificador quanto a verdade...
Paulo Roberto de Almeida

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Campanha presidencial: demagogia sem limites

Parece que em período eleitoral, políticos que costumam atuar com três ou quatro neurônios, acabam só com um ou dois, o restante sendo amputado pela demagogia eleitoral.
Inacreditável que algum político responsável prometa, não só dobrar o Bolsa-Família, como dar "décimo-terceiro" aos seus beneficiários.
Isso é apenas demagogia ou é começo de loucura, também?
Em todo caso, vale o bordão: nunca antes, neste país, se falou tanta bobagem e tanta mentira concentrada numa única campanha...
Paulo Roberto de Almeida

Serra promete décimo terceiro para beneficiários do Bolsa Família em debate em Recife

RECIFE - Depois de prometer aumentar o salário mínimo e o valor das aposentadorias, o candidato do PSDB, José Serra, disse que, caso eleito, dará décimo terceiro salário para todos os beneficiários do Bolsa Família. Ele fez a afirmação durante debate entre os presidenciáveis realizado na noite desta segunda-feira na TV Jornal do Commercio.

- Os assalariados têm, os aposentados têm, então os beneficiários do Bolsa Família também devem ter - afirmou o tucano, no que foi rebatido por Plínio de Arrruda Sampaio, do PSOL, que criticou a necessidade da existência de um programa social como esse no país:

- O Bolsa Família existe porque falta emprego e porque falta trabalho, salário. Bolsa Família deveria ser uma ação emergencial, por exemplo, para quem está sob a lona esperando por um pedaço de terra, pela reforma agrária - afirmou Plínio.

Ele disse ainda que o dinheiro do Bolsa Família é tão pequeno que deveria se chamar Bolsa Biscoito.

(Leia também: presidenciáveis criticam ausência de Dilma no debate) (Leia também: Serra critica Dilma e diz que ela vai brigar com Lula, caso se eleja)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Pequeno retrato do pais, tal como ele é...

...ou melhor: um grande retrato da política no país, tal como ela é:

Segunda ameaça
Miriam Leitão
O Globo, 18 de agosto de 2010

O Brasil perderá esta eleição, independentemente de quem vença, se ficarem consagrados comportamentos desviantes assustadoramente presentes na política brasileira. Uso de um fundo de pensão para construir falsas acusações contra adversários, funcionários da Receita acessando dados protegidos por sigilo, centrais de dossiês montados por pessoas próximas ao presidente.

A cada eleição, fatos estarrecedores têm sido aceitos como normais na paisagem política, e eles não são aceitáveis. Quando a Polícia Federal entrou no Hotel Ibis, em São Paulo, em 2006, e encontrou um grupo com a extravagante quantia de R$1,7 milhão em dinheiro vivo tentando comprar um dossiê falso, havia duas notícias. Uma boa: a PF continuava trabalhando de forma independente. A ruim: pessoas da copa, cozinha, churrasqueira e campanha do presidente da República e do candidato a governador pelo PT em São Paulo estavam com dinheiro sem origem comprovada e se preparando para um ato condenável. A pior notícia veio depois: eles ficaram impunes.

Nesta eleição, depoimentos e fatos mostram que estão virando parte da prática política, principalmente do PT, a construção de falsas acusações contra adversários, o trabalho de espionagem a partir da máquina pública, o uso político de locais que não pertencem aos partidos.

As notícias têm se repetido com assustadora frequência. O verdadeiro perigo é que se consagre esse tipo de método da luta política. A democracia não é ameaçada apenas quando militares saem dos quartéis e editam atos institucionais. Ela corre o risco de "avacalhação", para usar palavra recente do presidente Lula, quando pediu respeito às leis criminosas do Irã.

Sobre o desrespeito às leis democráticas brasileiras, Lula não teme processo de "avacalhação", pelo visto. A Receita Federal não presta as informações que tem o dever de prestar sobre os motivos que levaram seus funcionários a acessarem, sem qualquer justificativa funcional, os dados da declaração de imposto de renda do secretário-geral do PSDB, Eduardo Jorge. Nem mesmo explica como os dados foram vazados de lá. Se a Receita não divulgar o que foi que aconteceu, com transparência, ela faz dois desserviços: sonega ao país informações que têm o dever de prestar antes das eleições; mina a confiança que o país tem na instituição, porque sua direção está adiando, por cumplicidade eleitoral, a explicação sobre o que houve naquela repartição.

Nas últimas duas semanas, a "Veja" trouxe entrevistas de pessoas diretamente ligadas ao governo e que trabalham em múltiplos porões de campanha. O que eles demonstram é que aquele grupo de aloprados do Ibis não foi um fato isolado. Virou prática, hábito, rotina no Partido dos Trabalhadores. Geraldo Xavier Santiago, ex-diretor da Previ, contou à revista que o fundo de pensão, uma instituição de poupança de direito privado cuja função é garantir a aposentadoria dos funcionários do Banco do Brasil, era usada para interesses partidários. Com objetivos e métodos escusos. Virou uma central de espionagem de adversários políticos. Agora, é o sindicalista Wagner Cinchetto que fala de uma central de produção de espionagem e disparos contra adversários; não apenas tucanos, mas qualquer um que subisse nas pesquisas.

Esse submundo é um caso de polícia, mas há outros comportamentos de autoridades que passaram a ser considerados normais nas atuais eleições. E são distorções. Não é normal que todos os órgãos passem a funcionar como ecos do debate eleitoral, usando funcionários pagos com os salários de todos nós, estruturas mantidas pelos contribuintes. Todos os ministérios se mobilizam para consolidar as versões fantasiosas da candidata do governo ou atacar adversários, agindo como extensões do comitê de campanha. Isso é totalmente irregular. Na semana passada, até o Ministério da Fazenda fez isso. Um relatório que é divulgado de forma rotineira, virou palanque e peça de propaganda, com o ministro indo pessoalmente bater bumbo sobre gráficos manipulados para ampliar os feitos do atual governo e deprimir os do anterior. O que deveria ser técnico virou politiqueiro; o que deveria ser prestação de contas e análise de conjuntura virou peça de propaganda.

Um governo não pode usar dessa forma a máquina pública para se perpetuar; órgãos públicos não são subsedes de comitês de campanha; fundos de pensão não são central de fabricação de acusações falsas; o governo não pode usar os acessos que tem a dados dos cidadãos para espionar. Isso mina, desqualifica e põe em perigo a democracia. Ela pressupõe a neutralidade da máquina mesmo em momentos de paixão política. Nenhuma democracia consolidada aceitaria o que acontece aqui. A Inglaterra acabou de passar por uma eleição cheia de paixões em que o governo trabalhista perdeu por pouco, mas não se viu lá nada do que aqui está sendo apresentado aos brasileiros com naturalidade, como parte da disputa política. Crime é crime. Luta política é um embate de propostas, estilos e visões. O perigoso é essa mistura. Como a História já cansou de demonstrar, democracia não significa apenas eleições periódicas. A manipulação da vontade do eleitor, o uso de meios ilícitos, o abuso do governante ameaçam a liberdade, tanto quanto um ato institucional.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Bolsa-Familia: desculpem insistir, mas os equivocos sao muitos

Cada vez que eu posto qualquer coisa aqui sobre (geralmente contra) o Bolsa-Família, sempre aparece um defensor dos pobres e oprimidos para alertar que se trata de um sucesso social, que o programa está tirando um monte de gente da miséria, que se trata do maior programa do mundo de inclusão social, que o Banco Mundial disse isto ou que a Economist disse aquilo...
Sinto muito, não sou de me dobrar a "evidências" prima facie, apenas a realidades econômicas concretas. E a realidade econômica concreta é que o Bolsa-Família nada mais é que um imenso programa de redistribuição estatal, com finalidades eminentemente eleitoreiras.
Ele tinha dinheiro de todas as classes, de A até E, via impostos, especialmente da classe E (que paga mais impostos, proporcionalmente), e atribui uns trocados a pessoas supostamente da classe E (e mais todo o sistema de intermediação pública que existe em volta dele, ou seja, sempre tem o pedágio estatal, os burocratas do ministério tal e as assistentes sociais, e os funcionários da família do prefeito, etc.).
Ele não diminui a pobreza, a miséria, a desigualdade social, apenas mascara esses problemas subsidiando o consumo dos mais pobres.
Com isso ele alimenta duas coisas:
(a) um exército de assistidos, que se julga no direito de usufruir eternamente desse cash-flow, e exige aumentos reais, está claro, pois para isso existe a consciência de classe, e a percepção clara de que se é oprimido, injustiçado, etc...
(b) uma casta de políticos demagogos, de todos os partidos, que gostam de posar de amigos dos pobres e injustiçados.
Infelizmente, a sandice vai continuar durante muito tempo, até o Brasil decair bastante, criar mais e mais conflitos distributivos, e se inviabilizar como nação moderna, feita de gente trabalhadora ou simplesmente que cuida de sua vida, sem ficar esperando o maná cair do céu...
Paulo Roberto de Almeida

O mal que o Programa Bolsa-Família causará ao Brasil
Arthur Golgo Lucas
Blog Pensar Não Dói, 29/07.2010

Governo e oposição, movidos por interesses eleitorais, disputam a paternidade do Programa Bolsa-Família e fazem propaganda de seu lado positivo: ele tirou muita gente da miséria e trouxe estas pessoas para o mercado consumidor. Governo e oposição, movidos por interesses eleitorais, silenciam perante o lado negativo do Programa Bolsa-Família: ele perpetua a dependência de um imenso contingente de miseráveis ao auxílio governamental para manter um padrão aquisitivo mínimo sem exigir dos beneficiários contrapartidas que efetivamente os qualifiquem para deixarem de depender do benefício, pois isso não dá voto. Os danos culturais e as conseqüências sócio-econômicas de longo prazo que essa visão eleitoreira de curto prazo trará ao Brasil serão imensos.

Você é um náufrago em uma ilha paradisíaca onde em se plantando, tudo dá. Seu companheiro de aventura é um selvagem nativo chamado Cidadão de Bem, uma companhia agradável quando tudo vai bem mas que muda de comportamento quando as coisas vão mal (Sexta-Feira é o companheiro do Robinson, não misture as histórias).

Num belo sábado, você e Cidadão de Bem estão a passear pela praia, entretidos em um colóquio sobre o ângulo mais fotogênico dos orangotangos, quando encontram um sujeito caído na beira da praia, quase morto de cansaço. É outro náufrago. Está tão debilitado que não consegue nem erguer a cabeça e mantê-la na mesma posição por muito tempo. Sua situação é crítica.

Depois de batizar o sujeito de “Sábado” – ora, que criatividade a minha – você e Cidadão de Bem tratam do coitado, tentando garantir sua sobrevivência. Dão-lhe água de coco para hidratá-lo e para que comece a recuperar suas forças, dão-lhe um banho de água doce, colocam nele roupas secas, levam-no para um abrigo e alimentam o sujeito por alguns dias.

Sábado começa a se recuperar, mas não mostra interesse em nenhuma das atividades neecssárias à manutenção de sua própria sobrevivência. Ele não busca água na bica, não quer aprender a pescar com lança, não acompanha Cidadão de Bem em busca de frutos silvestres e não chega nem perto da área em que você cultiva batatas e bergamotas, os dois únicos gêneros alimentícios que você conseguiu salvar do seu naufrágio.

No início você e Cidadão de Bem toleram a atitude dele – afinal o coitado sofreu tanto – mas logo começam a se sentir incomodados. O sujeito come uma parcela significativa da produção de alimentos, passa o dia sentado embaixo de um coqueiro esperando os cocos caírem e ainda reclama que os cocos não caem com regularidade adequada e em quantidade suficiente para satisfazer suas necessidades. Tudo bem que ele chegou à praia fraco, debilitado e sem saber como sobreviver naquele mundo estranho, mas ele pode aprender a cuidar um pouco melhor de si mesmo e também a contribuir para a produtividade, o progresso e o bem-estar do grupo, não pode? Não, não pode.

Quando você explica a Sábado que ele já está alimentado e agora precisa aprender a pescar e começar a colaborar com a produção de alimentos, ele se revolta.

“- Eu me chamo Lúmpem! E eu não pedi para estar aqui, fui despojado de meus pertences e lançado em uma condição de vida miserável que eu não desejo. No meu país, os políticos diziam que as classes dominantes tinham uma dívida histórica comigo, então o governo me dava dinheiro todo mês e não me exigia nada em troca. Agora vocês têm obrigação de cuidar de mim!”

Você e Cidadão de Bem olham pasmos um para o outro e depois para Lúmpem, que depois de seu discurso cruzou os braços e ficou olhando enraivecido para os dois. Então Lúmpem diz: “E vão pescar de uma vez, que já está na minha hora de jantar!”

Desta vez é Cidadão de Bem que fala primeiro. Ou melhor, fala e age: “Vai botar um trabalho nesse corpo, vagabundo!” e sai esbolachando a cara de Lúmpem, que depois de levar meia dúzia de bofetadas corre para o mato jurando vingança.

Você então prevê problemas. Lúmpem pode estar em qualquer lugar. Como você vai dormir tranqüilo, sabendo que Lúmpem pode surgir a qualquer momento para tomar seus mantimentos, suas ferramentas e talvez até matar você? Agora você precisa de um sistema de segurança para se proteger de Lúmpem.

Você e Cidadão de Bem passam a sofrer limitações em seus deslocamentos, pois Lúmpem está à espreita. Passam a gastar uma boa parte de seu tempo vigiando seus pertences. Outra parte do seu tempo útil – e muito esforço – precisa ser gasta para recompor os danos causados por Lúmpem nas cercas de proteção e para repor os mantimentos e ferramentas roubados por Lúmpem. Definitivamente, a chegada de Lúmpem deteriorou a sua qualidade de vida e a de Cidadão de Bem.

Até que um dia você consegue capturar Lúmpem.

Cidadão de Bem, voltando de uma pescaria, vê Lúmpem amarrado e já desce a bordoada. Você impede o espancamento e explica que não é certo agredir quem não pode se defender. Cidadão de Bem reclama que isso é o que Lúmpem fazia roubando mantimentos na calada da noite e é o que ele pretendia fazer emboscando vocês em momentos de descanso ou desatenção. Você diz que não pode se rebaixar ao mesmo nível, que o erro do outro não justifica o seu erro. Então Cidadão de Bem diz que então é problema seu lidar com Lúmpem, porque ele não tem que ser responsabilizado pelas decisões dos outros e muito menos tem que sustentar vagabundo, e sai juntando suas ferramentas.

Oh, céus! E agora?

Você pessoalmente não é culpado pelo surgimento de Lúmpem. O naufrágio que levou Lúmpem a surgir em sua vida é um fato pretérito que ocorreu independentemente de sua vontade ou de seu poder de decisão. Mas você precisa lidar com Lúmpem agora.

Cidadão de Bem, que era seu aliado quando tudo estava funcionando bem ou quando estava protegendo apenas os próprios interesses, lavou as mãos, reuniu seus pertences e tirou o corpo fora, eximindo-se da responsabilidade de lidar com Lúmpem.

Você não tem recursos suficientes para lidar com Lúmpem sozinho. Você até pode exigir de Cidadão de Bem um pouco de “solidariedade forçada”, pois você provê batatas e bergamotas, mas isso coloca você e Cidadão de Bem em atrito e não resolve o problema de ambos terem que sustentar Lúmpem, que continua se negando a aprender a pescar, preferindo ser sustentado ou roubar. Afinal, Lúmpem estava acostumado a ganhar tudo sem ter qualquer obrigação em contrapartida.

E aí, o que você vai fazer? Como você vai convencer Lúmpem que ele não tem mais direito a ser ressarcido por nenhuma “dívida histórica” e que agora precisa aprender a se tornar produtivo?

Arthur Golgo Lucas – www.arthur.bio.br – 29/07/2010

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Apedrejamentos politicos (vai faltar pedra...)

QUEM ATIRARÁ A PRIMEIRA PEDRA?
Mario Guerreiro (9.08.2010)

Como tem sido noticiado pela mídia, Sakineh Mohammadi Ashtiani, tendo sido surpreendida num ato de adultério, já recebeu 99 chibatadas na prisão e foi condenada pela lei islâmica do Irã ao apedrejamento público. É a lei do cão! E por falar em cão, o “piedoso” Ahmadinejad está cogitando em mudar essa sentença de morte por outra sem derramamento de sangue: a forca.
A notícia deixou os países civilizados de todo mundo simplesmente estupefatos e altamente indignados com a retrógrada e draconiana lei islâmica. E este não é o primeiro caso de lapidação pública de mulheres nem será o último!
Essa mesma lei não só pune o adultério – como punia até recentemente nosso Código Penal – mas também prevê essa forma bárbara de execução – coisa que a legislação em nosso país jamais acolheu, mesmo quando ainda éramos regidos pelas Ordenações Manuelinas e Filipinas nos tempos coloniais.
Como se sabe, tanto israelitas como islâmicos são descendentes do patriarca Abraão e, assim sendo, não é de surpreender que, nos tempos bíblicos, compartilhassem costumes e leis semelhantes..
Desse modo, o apedrejamento público de adúlteras - mas não o de adúlteros! - era comum a ambos os povos, o que mostra que a referida lei, além de crudelíssima, não respeitava a isonomia dos sexos. Todos os homens eram iguais perante a lei, mas as mulheres eram “menos iguais” do que eles.
Sabemos disso, porque no Novo Testamento há uma passagem em que Maria Madalena, tendo sido apanhada em adultério – coisa que não diferia da prostituição – estava para ser apedrejada quando Cristo intercedeu a seu favor mostrando a multidão uma pedra e dizendo: “Aquele que, entre vós, que estiver isento de pecado que atire a primeira pedra”.
Seguindo a tradição, hoje em dia no Irã quem atira a primeira pedra é o juiz que condenou a adúltera, acumulando assim as funções de magistrado e carrasco, exatamente como fazia Che Guevara nos tribunais do povo logo após a vitória de Fidel Castro. Com a diferença de que esse “herói” revolucionário nunca atirou a primeira pedra em adúlteras; disparou as balas de sua pistola na cabeça dos “inimigos do povo”, entenda-se: desafetos políticos da revolução comunista.
É claro que Cristo não aprovava o adultério, mas não aprovava também o caráter extremamente cruel da pena, assim como muitos séculos mais tarde o grande reformador do direito penal, Cesare Beccaria (1738-1794), procurou depurar a legislação de penalidades com requintes de crueldade, mesmo para homicídios com a mesma qualificação. Daí para diante, a Lei de Talião não teve mais lugar na legislação de países civilizados.
Tanto israelitas como cristãos parecem ter acolhido o ensinamento de Cristo, pois tanto em países cristãos como em Israel essa forma bárbara de execução não faz parte das legislações nem dos costumes de ambos.
Assim como ambos fizeram uma separação da legislação em relação à religião, embora tenham mantido como disposição geral algumas normas estabelecidas pelos Dez Mandamentos tais como: Não matar, não roubar, não prestar falso testemunho, etc – normas razoáveis provenientes do direito natural.
Como se sabe, a legislação da maior parte dos países ocidentais tem suas raízes no direito romano onde vigiam essas mesmas normas da lei mosaica, mas a legislação dos países muçulmanos tem suas raízes no Corão, à exceção da Turquia onde o Estado é laico graças ao grande líder Mustafá Kemal, Atatürk (Pai dos Turcos) (1881-1938) até hoje amado por seu povo.
Será que o apedrejamento de adúlteras e prostitutas é um mandamento religioso do Corão ou coisa proveniente dos mais bárbaros costumes islâmicos xiitas? Isto é algo que confessamos ignorar, mas é também algo que se encaixa como a mão e a luva com uma visão da história comparada do Ocidente e do Oriente Médio.
Na Idade Média, em que se batiam nas Cruzadas mouros e cristãos, não havia muita diferença em relação a alguns traços marcantes da mentalidade de ambos. Um queria converter o outro pela espada e ambos diziam se tratar de uma Guerra Santa ou Jihad. Aos olhos de Javeh e/ou de Allah, é impossível que ambos estivessem certos, mas perfeitamente possível que ambos estivessem errados.
Apesar de os Estados nacionais europeus serem confessionais, havia uma independência dos direitos nacionais em relação à religião. Um exemplo disto pode ser encontrado na figura jurídica da legítima defesa, coisa que nenhuma hermenêutica escabrosa poderia extrair da Bíblia, uma vez que é proveniente do direito romano.
Apesar disso, os Estados nacionais não só a adotaram como também os teólogos católicos estenderam seu âmbito de aplicação da esfera individual à coletiva, pela sustentação do direito dos povos se defenderem quando atacados por outros.
Com o advento da Idade Moderna, os Estados foram deixando de ser confessionais, coisa que só ocorreu, no mundo islâmico, no caso da Turquia quando ruiu o Império Otomano na Primeira Guerra e ela se transformou numa república sob o regime parlamentarista.
A passagem do sistema feudal para o mercantilismo e, posteriormente, a dos regimes absolutistas para monarquias constitucionais, o surgimento da ciência moderna no século XVI, etc. modificaram significativamente a mentalidade européia e posteriormente a da sua caudatária no Novo Mundo.
No entanto, temos a impressão de que os países islâmicos não acompanharam essas grandes transformações.
Não só permaneceram Estados confessionais - tendo como única fonte de direito o Corão e os Haddith (episódios edificantes da vida de Maomé) - como também continuaram mantendo costumes retrógrados e cruéis - como o apedrejamento de mulheres adúlteras. Além disso, perpetuaram monarquias absolutistas sob a égide do direito divino dos soberanos. “Califa” em árabe quer dizer “sucessor”. No caso, sucessor de Maomé...
Com o final da bipolaridade entre o mundo capitalista capitaneado pelos Estados Unidos e pelo mundo comunista capitaneado pela União Soviética, alguns autores começaram a falar de uma nova bipolaridade: a existente entre os países ricos do hemisfério norte e os pobres do hemisfério sul.
No entanto, Samuel Huntington procurou mostrar que a nova bipolaridade era outra: um conflito de civilizações, a hebraico-cristã e a islâmica. Embora seja controversa a idéia de que essa seja a principal forma de tensão mundial, não há dúvida de que esse conflito de mentalidades não só existe como também tem se mostrado crescente, principalmente em países da Europa onde para cada membro da civilização ocidental que nasce há seis muçulmanos vindo ao mundo!
Supondo que esse ritmo de crescimento populacional se mantenha por uns quinze ou vinte anos – e por enquanto tudo leva a crer que se manterá – a população de muitos países europeus contará com uma maioria de muçulmanos elegendo como seus representantes políticos candidatos muçulmanos e/ou simpáticos à causa do Islã. Surgirá, então, a Eurábia com sua capital: Parislã. Não será o fim do mundo, mas certamente o fim da picada!
Mas voltemos ao caso de Sakineh. Como sempre – e desta vez com toda a razão! – entidades protetoras dos direitos humanos, em todo mundo civilizado, protestaram veementemente contra essa inominável crueldade.
Entre nós, Lula deixou momentaneamente de lado seu frenético ativismo como cabo eleitoral de Dilma – coisa que já lhe rendeu de 8 multas do STF! - e imbuído do “mais nobre espírito de caridade cristã” - coisa que sempre rendeu bons dividendos eleitorais em Terra Brasilis – fez um candente apelo ao aliado político e amigo pessoal Ahmadinejad.
Disse que o Brasil receberia de braços abertos Sakineh, caso o líder iraniano resolvesse comutar sua pena por uma extradição. Afinal de contas, o adultério, embora não tenha deixado de fazer parte dos costumes, já não é mais crime no Brasil.
No entanto, numa entrevista em que revelou seu pedido a Ahmadinejad, Lula foi imediatamente indagado sobre o que pensava sobre os direitos humanos no Irã. Disse que respeitava a soberania das nações, coisa que acarretava não se imiscuir nos seus direitos nacionais.
De onde se pode inferir que se amanhã o Irã decidisse fazer uma lei arrancando a língua dos dissidentes e amputando as pernas dos que fizessem movimentos de protesto pacífico contra o status quo, estaria tudo bem e nenhum país estrangeiro teria nada a ver com isso. Teria que ficar de biquinho fechado, não podendo exercer nem mesmo o famoso “jus esperniandi” universal.
Todavia, embora se mostrasse respeitador da soberania das nações no caso do Irã, Lula não se mostrou do mesmo modo no caso de Honduras em que o golpista Manuel Zelaya tentou se perpetuar no poder, foi defenestrado do mesmo por um contragolpe, mas foi recebido na embaixada brasileira em Tegucigalpa, não com um pedido de asilo – coisa que este mesmo poderia ter feito, mas se recusou a fazer – porém na condição de hóspede, como se uma embaixada brasileira fosse um hotel internacional para golpistas patrocinados por Hugorila Chávez, contrariando assim os mais elementares princípios do direito internacional e da diplomacia!
Todavia, esse mesmo espírito piedoso que apelou para a clemência de um tirano muçulmano se omitiu vergonhosamente, em sua recente visita a Cuba, no caso das vítimas da ditadura de Fidel Castro. E ao saber que uma delas acabava de morrer em virtude de uma greve de fome, declarou que essa não era uma forma válida de protesto político, embora ele mesmo já tivesse feito greve semelhante quando da sua prisão durante o regime de exceção. Mas, como declarou indignado um companheiro de cela, não sem levar umas balinhas no bolso para tapear a fome...
Numa entrevista por e-mail para a Folha de São Paulo, Mahnaz Afkami – diretora-executiva da Foundation for Iranian Studies dos Estados Unidos – declarou: “A oferta do presidente Lula sem dúvida tem efeitos muito positivos para Sakineh. Isso terá um impacto na decisão deles [governo iraniano]. [Independentemente] se Sekineh poderá deixar ou não o Irã, o mais importante é que a oferta brasileira fez o máximo possível para salvar sua vida”
E também para aumentar o prestígio internacional fabricado pela propaganda de Lula, tendo como “conseqüência não-pretendida” de tal gesto magnânimo angariar votos para sua candidata: Dilma Roussef. A desfaçatez, a hipocrisia e a arrogância de nosso maladroit et gauche presidente parecem desconhecer limites...

domingo, 8 de agosto de 2010

Um curral eleitoral: o Bolsa Familia

Muitos leitores não gostam de certas palavras, ou conceitos, que eu emprego neste meu blog. Um aviso talvez seja importante. Não faço posts, ou mantenho um blog, para agradar leitores, nem pretendo ser politicamente correto.
Apenas pretendo retratar certos aspectos da realidade, e acrescentar se possível certos comentários que espero inteligentes.
Fico em paz com minha consciência ao prestar um serviço público de inspiração cidadã.
Por isso mesmo não hesito em chamar as coisas pelos nomes que elas devem ter: demagogia é demagogia, mau uso do dinheiro público (aliás, privado...) é exatamente o que se leu algumas palavras atrás...
Sinto muito aos incomodados, mas vou continuar postando matérias que me parecem importantes. Os incomodados que se retirem.
Comentários a este post só os pertinentes e dirigidos ao objeto em causa.
Não vale atirar contra o pianista...
Paulo Roberto de Almeida

Família de bolsas: escola, gás, bandido e eleição. Bela tática para atrair votos
Claudio Carneiro
Opinião e Notícia, 5/08/2010

A olho nu, o Bolsa Família é um programa eficaz de inclusão social e superação da indigência.

Demanda da sociedade brasileira para a redução da desigualdade, os programas de transferência de renda – criados já no Governo FHC como o Bolsa Escola e ainda no Governo Lula rebatizando-o como Bolsa Família – integram um pacote de benefícios que visa quebrar o ciclo de miséria que atormenta famílias por gerações. Aquelas em situação de extrema pobreza – com renda per capita até R$ 70 – podem acumular – segundo as regras do programa – o benefício básico (R$ 68 por família) e o variável (R$ 22 por filho de zero a quinze anos até o máximo de R$ 66 ou ainda de R$ 33 por filho de 16 a 17 até o máximo de R$ 66) totalizando R$ 200 por mês.

Para garantir o direito, as famílias devem manter filhos e dependentes na escola e com carteira de vacinação em dia. O senador Cristóvam Buarque, um dos criadores do Bolsa Escola teme que a troca do termo “Escola” por “Família” tenha dado um indesejado tom assistencialista ao programa. Ao Bolsa Família foram incorporados, além do Bolsa Escola, o Cartão Alimentação, o Auxílio Gás e o Bolsa Alimentação.

A olho nu, o Bolsa Família é um programa eficaz de inclusão social e superação da indigência. Quando se vestem os óculos do clientelismo político tudo pode mudar. Há os que temem que se trate de um Bolsa Eleição – como já denunciou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que chama o programa de “um vício que cria dependência e desestimula a busca por emprego”.

Quando era um longevo candidato a presidente, lá pelo ano 2000, Lula declarou que lamentava o fato de o voto não ser ideológico: “Você tem uma parte da sociedade que, pelo alto grau de empobrecimento, é conduzida a pensar pelo estômago e não pela cabeça. É por isso que se distribui tanta cesta básica. É por isso que se dá tanto tíquete de leite. Porque isso, na verdade, é uma peça de troca, em época de eleição. Assim – dizia ele – você despolitiza o processo eleitoral”. Dez anos depois, esse discurso dele mudou muito. O Governo Lula gasta mais de R$ 15 bilhões por ano – 0,4% do PIB – somente com este programa.

O impacto do Bolsa Família nas últimas eleições presidenciais foi bastante superior ao gerado pelo desempenho da economia. Segundo o pesquisador Maurício Canêdo Pinheiro, da FGV, o programa foi responsável por um aumento de aproximadamente três pontos percentuais na votação de Lula no segundo turno das eleições presidenciais de 2006, acima, portanto, do impacto do crescimento do PIB, de 0,34 ponto percentual. Já naquele ano, segundo Canêdo, ocorrera uma migração da base eleitoral para regiões menos desenvolvidas. Estas regiões são justamente as mais dependentes do estado e mais beneficiadas pelo programa – instituído pelo Governo em 2004 e que atende mais de onze milhões de famílias em todos os municípios brasileiros.

Bolsa Bandido é outro benefício

Muitas vezes, os beneficiários da Rede de Proteção Social acabam nas malhas de outra rede: a de candidatos que buscam se eleger a qualquer preço. Atento ao voto fácil que os benefícios podem trazer, o Tribunal Superior Eleitoral cassou, em 2009, o governador da Paraíba Cássio Cunha Lima – e seu vice. Durante campanha, Cássio distribuía dinheiro em cheques com o bilhetinho: “Esse é um presente do governador, lembre-se dele. Com os cumprimentos, Cássio Cunha Lima, governador”. Graças ao Ficha-Limpa, o “governador” está fora das próximas eleições e deverá ficar de molho até 2014. Provavelmente, ele não precisará do Bolsa Família pra sobreviver até lá.

Embora tenha alardeado que não era bandido, o “governador” correria o risco de ser preso se não estivesse num país tão benevolente com quem pisa na bola. Mas somente aqui, se preso fosse, ele poderia contar, num futuro próximo com a Bolsa para egressos do Sistema Prisional – já aprovado nas comissões do Senado – mas ainda sem data para ser votado. Uma bolsa-desemprego durante seis meses, no valor de um salário mínimo – ou cerca de três vezes o valor máximo do Bolsa Família. O projeto prevê ainda o prolongamento do benefício por mais três meses.

Para quem não está encarcerado, resta apenas trabalhar. Afinal, alguém tem que produzir para que os presos continuem usando seus telefones celulares livremente sem qualquer programa de capacitação ou trabalho. Não sabemos com quem falam ao telefone. Mas tem muita gente trabalhando para eles: O Governo Federal, por exemplo, criou o Auxílio Reclusão, uma “mesada” – outro salário mínimo – que a Previdência Social paga aos dependentes dos presos. Tem gente que prefere chamar de Bolsa Bandido ou Auxilio Criminoso. Segundo o site Consultor Jurídico, o Brasil tem 473.626 presos. Considerando que cada um deles tenha uma família de quatro pessoas podemos chegar a uma conta de quase dois milhões de potenciais eleitores. Nada mal. Um alerta: as vítimas de seus crimes não gozam do mesmo direito.

Incitatus amarrado no Senado (2): em estado etílico tudo é possivel...

Segue o segundo dos posts em que meu amigo economista Klauber comenta os mais recentes coices dados pelo Senado na razão e no bom uso dos recursos privados. Claro, fazer demagogia com o dinheiro dos outros é fácil...
Paulo Roberto de Almeida

O Senado está bêbado!
Por Klauber Cristofen Pires
Blog Libertatum, 5/08/2010

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou no dia 04 de agosto de 2010 um projeto de lei, de autoria do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que proíbe a demissão por justa causa de empregados dependentes do álcool! Segundo o projeto, a justa causa somente será aceitável se o funcionário se recusar a passar por tratamento.

A superlativa produção legislativa brasileira, tanto a autêntica, isto é, aquela produzida nas casas legislativas, quanto a administrativa, como se podia prever, de tão casuísta e particularista, já está dando aqueles sinais de equação circular, isto é, a ponto em que os múltiplos comandos absolutamente se entrechocam, tanto no plano lógico quanto no jurídico.

Tomemos um estudo de caso: se uma pessoa for pega ao volante e, tendo se submetido ao bafômetro, este acusar qualquer concentração de álcool, por ínfima que seja, aplica-se a ela uma multa de mais de novecentos reais, com retenção do veiculo e recolhimento da habilitação.

Agora, vejam só: a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou no dia 04 de agosto de 2010 um projeto de lei, de autoria do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que proíbe a demissão por justa causa de empregados dependentes do álcool! Segundo o projeto, a justa causa somente será aceitável se o funcionário se recusar a passar por tratamento.

Colocando as coisas no plano prático: para qualquer empresa, hoje em dia, demitir um empregado por justa causa representa uma dor de cabeça tão grande que a maior parte delas prefere o prejuízo a exercer o pleno direito. É neste cenário que tal infame projeto vem tornar a opção por contratar alguém um tanto mais temerária.

Atentemos para o fato de que o projeto contempla o bebedor habitual e dentro do universo desta categoria, inclusive os habituais que bebem em grande quantidade. Em qualquer quantidade. Os piores manguaceiros passarão a gozar do teto seguro do estado.

Prezado leitor, imagine que um esponja desses negligencie o acompanhamento da pressão na caldeira, ou que não aperte corretamente os cabos do elevador, ou meta uma dose de insulina no paciente dez vezes maior do que a prevista. Não, não! Imaginemos que este sujeito seja um condutor de ônibus! E agora? Incapacita-se por conta própria a exercer o seu trabalho mas não pode ser demitido por justa causa! Será que a empresa deverá agüentar este sujeito na garagem, a jogar paciência, até que ele decida "aceitar" o tratamento? Ô vidinha "mais ou menos", não?

O que faz um trabalhador não procurar auxílio médico antes de aparecer bêbado no trabalho? Pior, o quê fará agora ele querer se submeter, se o incentivo que tem para isto for retirado? Em tempo, o projeto estipula algum prazo ou eficácia para o dito tratamento? Pergunto isto porque o empregado pode continuar assim, de licença, permanentemente, durante o resto de sua vida. Ninguém poderá dizer que ele está se recusando.

Por que motivo o estado se põe a aplicar um rigor tão excessivo contra um particular que, em momento de folga, sai para jantar e divide uma taça de vinho com sua esposa, enquanto simultaneamente age de forma tão leniente (ou seria "cúmplice o termo mais adequado) a favor de alguém que tem por dever de ofício comparecer ao trabalho em estado de plena sobriedade e que pode acarretar acidentes muito mais graves que os do trânsito?

Já prenuncio os próximos passos da caótica intervenção estatal: as empresas buscarão (ainda mais) selecionar os candidatos, a exigir-lhes atestados médicos ou referências confiáveis de que não bebem e que não são alcóolatras; buscarão evidências em cadastros de clínicas de saúde e de inspeção do trabalho, e começarão a editar a lista negra dos beberrões. Ato contínuo, o estado responderá a isto com a proibição e com a perseguição judicial, alegando abuso de poder econômico e invasão de privacidade. No fim das contas, o empregado alcóolatra estará mais bem protegido contra a justa causa do que os demais funcionários mais responsáveis!

Eu falei "invasão de privacidade"? Ei, ei, ei! Quem decretou a invasão da propriedade aqui? Foi o próprio estado, que determinou à empresas passar a tutelar a vida dos empregados alcóolatras. Até hoje, elas nada tinham a ver com a vida pessoal dos seus funcionários, mas apenas limitavam-se a cobrar dele a postura profissional no ambiente de trabalho, que, caso não atendida, ensejaria-lhe a demissão. Com a nova lei, o problema pessoal do empregado passará a ser um problema da firma, que terá de acompanhá-lo, mormente ás suas custas, ao invés de exercer o seu objeto social.

A espiral da loucura não acaba aí: virá a jurisprudência, a julgar casos análogos para os servidores públicos civis e militares. Julgar-lhes-á contrariamente, tendo por base a lei que tem por patente que o alcoolismo é uma doença? Se õ leitor já concluiu o mesmo que eu, então imaginemos por aí um policial militar em estado de embriaguez atirando a esmo! Que tal? Uma pessoa assim não pode ser responsabilizada por seus atos...pode?

Senhores senadores, por favor, respondam: mesmo considerando que o problema do alcoolismo seja uma doença, o que impede uma pessoa alcólatra de ir buscar tratamento nos seus momentos de sobriedade, especialmente antes de buscar emprego ou de comparecer a ele? Por quê é necessário que a empresa, já tão prejudicada por seus atos irresponsáveis, tenha de intimá-la? Façam o favor! Não lhes bastam os palanques, as gordas verbas para a propaganda gratuita, o chatérrimo A Voz do Brasil, os telejornais que lhes dão voz diariamente e arrego, o programa eleitoral gratuito? Precisam mesmo se apropriar também o processo legislativo como vitrine eleitoral?

Incitatus amarrado no Senado (1): demagogia com o dinheiro das empresas

Incitatus, como muitos sabem, era o cavalo do imperador romano Calígula, que o nomeou para um cargo no Senado, talvez por achar que ali ele estaria em boa companhia, com outros amigos bucéfalos. Não sei se o exemplo se aplica, mas por vezes tenho a impressão de que Calígula amarrou seu cavalo na Praça dos Três Poderes (não tenho certeza de que ainda sejam três...).
Em todo caso, tenho dois posts que recupero do Blog de meu amigo economista, Klauber, extremamente competente em artes que deveriam deixar certas pessoas com caras de asnos, tendo em vista a enormidade dos atentados cometidos contra a economia e o simples bom senso. Segue o primeiro...
Paulo Roberto de Almeida

Demagogia inócua: trabalho noturno sobe para 50%!
Por Klauber Cristofen Pires
Blog Libertatum, 5/08/2010

Sapientíssimo leitor, permita-me eferecer-lhe uma questão matemática: quanto pesa um quilo de bolo que contenha 20% de recheio de chocolate? Se você sabe a resposta, por favor, não sopre para ninguém. Vamos a um segundo nível: imagine agora um quilo de bolo que contenha não 20%, mas 50% de recheio de chocolate. Quanto pesará? Aham, sabichão, hein?


Perdoe-me a brincadeira, mas esta imagem é perfeita para ilustrar outra patetada populista da Comissão de Assuntos Sociais do Senado, que no dia 04 de agosto último aprovou um projeto de lei que aumenta de 20% a 50% do adicional noturno pago ao trabalhador.

Querem propor os senadores que doravante os trabalhadores que cumpram jornadas naturnas venham a receber um aumento de 30% sobre o salário-hora e eu vou demonstrar adiante como isto é uma pura ilusão de ótica.

Inicialmente, quando a lei em comento for aprovada, realmente haverá uma melhoria para os que estiverem empregados, isto é, se os seus respectivos patrões optarem por manterem seus empregos, e aí está a primeira armadilha: para qualquer aumento de salário por decreto, uma faixa qualquer de empregadores deixará de estar apta a continuar com uma parte dos seus funcionários, do que podemos concluir que a primeira consequência de tal medida será a desemprego para um número qualquer de trabalhadores.

Tomemos em conta, entretanto, que a maioria dos trabalhadores continuará empregada, e como esta classe constitui a maioria votante satisfeita que se beneficia às custas dos que estão nas ruas, então o objetivo político estará alcançado.

Não obstante, além das empresas que não tiveram mais condições de suportar uma determinada quantidade de funcionários em serviço noturno, uma segunda faixa opta por aguentar as pontas, visando às futuras negociações coletivas, a vislumbrar conter de qualquer forma os aumentos salariais. Se elas forem bem-sucedidas neste intento, então os aumentos concedidos abaixo da inflação terão o efeito de redução dos salários, e este processo continuará até que todas as condições retornem ao estado anterior.

Todavia, consideremos ainda que os pisos salariais da maior parte destes trabalhadores seja fixada pelo governo. O que poderá acontecer? Em tese, não haveria como reduzir os seus ganhos. Desta forma, temos dois cenários a analisar: o primeiro é que toda a população pagará com o empobrecimento para que os traballhadores noturnos ganhem mais, e isto significará mais desemprego, no tanto em que a sociedade depauperada não tenha como demandar os serviços de todos os noturnos. Como consequência, o próprio governo precisará ser mais comedido em futuros reajustes das categorias, de modo a torná-las economicamente mais viáveis. No fim, estarão todos ganhando o mesmo que no estágio inicial.

Há uma segunda hipótese, contudo, que é muito mais simpática: pôr as impressoras para trabalhar. Se isto acontecer, o dinheiro ficará mais ralo, assim como se adiciona água ao leite, e todos empobreceremos. No final, os noturnos receberão pedaços de paéis com muitos zeros inscritos, mas que compram tanto ou menos que antigamente.

Como se não bastasse, outros efeitos colaterais vão acabar surgindo, e aqui recorro à imagem do bolo que fiz no início deste artigo. Como a relação do valor do trabalho noturno aumentou em comparação com o diurno, e com o retorno a uma situação semelhante ao estado inicial de poder de compra depois de passado certo tempo, o salário-hora normal restou desvalorizado. Ocorre, porém, que ele é a base para outras incidências, tais como horas-extras ou gratificação por tempo de serviço, de tal forma que um valor menor para estas etapas compensará negativamente os ganhos com o trabalho noturno. No fim, "tudo como dantes, no quartel de Abrantes".

Quando eu era um oficial da marinha mercante, meu contracheque trazia uma folha inteira de parcelas remuneratórias. Qualquer estrangeiro que lesse aquele documento haveria de pensar que meu salário era uma fábula, mas a verdade é que, para aquela época de inflação galopante, raramente alcançava setecentos dólares. Houve um tempo em que a empresa começou a pagar duas vezes por mês e depois ainda mais celeremente, de dez em dez dias, para que pudéssemos ir voando ao supermercado.

Portanto, não se deixe enganar pela demagogia dos nossos governantes. Ninguém come sanduíche de dinheiro. A única coisa que pode promover um maior bem-estar às pessoas é um aumento da produção econômica. O resto é o mais absoluto estelionato.

domingo, 1 de agosto de 2010

Diplomacia da demagogia: revisando posicoes em funcao do publico...

O demagogo é aquele que pretende estar sempre junto do povo, ou da opinião pública (numa versão mais seletiva). Ele não hesita em renegar a si próprio, em mudar de posição, se isso lhe favorece politicamente.
Demagogia existe em todas as esferas, interna e externa.
Eu, por exemplo, teria ojeriza a expressar "carinho" por outro demagogo (entre outras qualidades).
Acho que é isso...
Paulo Roberto de Almeida

Lula oferece abrigo a iraniana que pode ser apedrejada
Agência Estado, 31/07/2010

Mulher de 43 anos está presa acusada de um suposto adultério. Em evento ao lado de
Dilma Rousseff, Lula aproveitou para atacar seus adversários políticos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu neste sábado (31), durante comício em prol da candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República, em Curitiba, abrigo político para a iraniana Mohammedi Ashitiani, de 43 anos, condenada à morte por apedrejamento em razão de suposto adultério.

"Eu tenho que respeitar a lei de um país, mas se vale minha amizade e o carinho que tenho pelo presidente do Irã (Mahmoud Ahmadinejad) e pelo povo iraniano, se esta mulher está causando incômodo, nós a receberíamos no Brasil", afirmou.

O presidente tocou no assunto quase ao final do discurso, após criticar os Estados Unidos por repudiar sua tentativa de negociar a paz no Oriente Médio. "Parece que tem mais gente trabalhando contra a paz do que trabalhando pela paz", destacou.

"Já que minha candidata é uma mulher, eu queria fazer um apelo a meu amigo Ahmadinejad, ao líder supremo do Irã e ao governo do Irã." Logo depois, explicou a centenas de pessoas que se postaram na Boca Maldita, no centro de Curitiba, para ouvi-lo, que no Irã o adultério é punido com a morte por apedrejamento. Ele reconheceu que estava em
situação difícil porque se tratava de falar da soberania de um país.

Quarta-feira passada, Lula havia dito que não tomaria nenhuma atitude em relação à decisão do Irã, justificando que as leis de cada país precisam ser respeitada sob risco de virar "avacalhação". "Acho que é coisa muito grave o que está acontecendo", disse. "Nada justifica o Estado tirar a vida de alguém, só Deus dá a vida e só Ele é que
deveria tirar a vida."

Lula disse que já tinha feito outros apelos a favor de brasileiros condenados à morte, em favor de uma francesa também no Irã e em favor de americanos. "Mas os americanos também tem que liberar companheiros do Irã", ponderou. Em entrevista, mais tarde, Dilma elogiou o presidente por sua "sensibilidade".

sábado, 10 de julho de 2010

Populismo universitario internacional

Lei 63/2010: dispõe sobre a criação da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILAB

Comento (PRA):
Se a intenção real fosse cooperação internacional ao desenvolvimento, no setor educacional, especificamente voltada para os Palops, ou seja, os países africanos de expressão portuguesa, o melhor teria sido ampliar o número de bolsas de estudo e outras facilidades para os candidatos estudarem na USP, nas federais das grandes capitais do Sul-Sudeste, na Unicamp, na Unesp, em outras boas escolas superiores, com estruturas montadas e cursos reconhecidos, funcionando plenamente, com professores reconhecidos e condições ótimas de estudo (bibliotecas boas, bares e lanchonetes, diversão à vontade para os jovens que virão).
Não, para quê aproveitar tudo isso, a custo quase zero?
A solução encontrada foi a pior possível: vão montar uma universidade a partir do zero (e portanto gastar mais da metade da verba com infra-estrutura e meios administrativos, num local ermo -- escolhido apenas porque foi o município que primeiro decretou o fim da escravidão no Brasil, o que não lhe recomenda por quaisquer outros méritos que tenha, que são perfeitamente desconhecidos mesmo dos que imaginaram o gesto demagógico --, desprovido de outros atrativos para os jovens, sem professores -- que terão de ser contratados dentre os especialistas da grade curricular ainda incerta e não sabida, enfim, condições sub-ótimas, para não dizer completamente deficientes.
Um custo enorme para um resultado pífio e alguma evasão esperada.
Demagogia é isso aí...
Paulo Roberto de Almeida

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pre-Sal: uma campanha ditada pelos interesses politicos do governo

Este engenheiro entrevistado pela Folha de S.Paulo confirma o que já se sabia desde o começo: o governo vem fazendo política com uma coisa muito séria, que é a exploração de petróleo.
Ele vem ditando um ritmo acelerado nos investimentos do pré-sal, fazendo uma confusão dos diabos no regime de exploração (que ele mudou completamente para satisfazer suas necessidades de demagogia política, jogando os estados uns contra os outros), estatizando projetos que poderiam tranquilamente ser realizados ao abrigo do antigo regime de concessão, retirando dinheiro necessário a investimentos sociais muito mais importantes para a coletividade do que essa necessidade febril de dar recursos à companhia (que, num regime normal de exploração, prospecção e produção, poderia conseguir esses recursos no mercado internacional de créditos), distorcendo a agenda financeira do Tesouro e do BNDES, enfim, manipulando politicamente a voracidade sempre manifesta dos políticos por novos recursos para gastar. Uma vergonha.
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 18.06.2010)

Campanha do pré-sal terá de ser revista, diz especialista
AGNALDO BRITO
Folha de S.Paulo, 13/06/2010

DE SÃO PAULO - Crítico da correria imposta pelo governo Lula à Petrobras, Newton Monteiro, ex-funcionário da estatal e ex-diretor de exploração da ANP (Agência Nacional do Petróleo), afirma que atual campanha para o investimento no pré-sal será revista pelo próximo presidente.

Para ele, simplesmente é impossível cumprir um programa com investimentos de US$ 200 bilhões a US$ 220 bilhões em cinco anos, com os recursos financeiros e humanos à disposição do país. Ele defende novas concessões, principalmente em terra, onde a exploração é mínima.

Monteiro diz que a pressa do governo brasileiro para o pré-sal é uma questão meramente política. "O grupo técnico da Petrobras tem a noção perfeita de quanto tempo esse processo [da descoberta ao início da produção] leva", diz.

A seguir, os princípios tópicos da entrevista
Ritmo
O volume de recurso para o pré-sal está muito acima do nível que a Petrobras estava acostumada a trabalhar. A companhia está numa escala fora do que costuma fazer.

Tempo
Há uma coisa que nós não estamos levando muito em consideração nessa equação toda do pré-sal, que é o tempo. Os projetos para prospecção e exploração de petróleo não estão nas prateleiras. O projeto em águas profundas não apareceu da noite para o dia. A diferença é que naquela época não havia essa pressa que há hoje em ter essa receita.

Retorno
Vai levar pelo menos 10 anos para alguém começar a ter receita com o pré-sal. Não é com os testes que vai se obter isso. Não é colocando um navio para produzir 100 mil barris por dia que você terá esse recurso do pré-sal. Se fizer assim, vai levar 170 anos para obter o retorno.

Gente
De uns anos para cá, a Petrobras perdeu grande parte do pessoal especializado. Segundo a turma do recursos humanos, quase 50% do pessoal da Petrobras tem cinco anos de experiência. São caras competentes, mas falta a vivência. Em petróleo, há muito de empirismo e de experiência.

Volta ao passado
Nos anos 60, quando a gente entrava na Petrobras, precisávamos fazer um curso intensivo de inglês para poder falar com os chefes. Não vamos ter gente para tocar tanto projeto. Caso contrário vamos voltar ao passado, quando entravamos numa plataforma da Petrobras e só tinha gringo. Nós substituímos esses caras. Vamos voltar a essa situação?

Limites
Quando se produz petróleo em terra, como no Iraque, na Arábia Saudita ou na Rússia, é possível começar a produzir em até seis meses. Se não houver um oleoduto, é possível produzir e transportar o óleo por caminhão. Isso é impossível no mar. Lá só se produz quando tudo, rigorosamente tudo estiver pronto.

A política
Acho que o pré-sal segue o viés político, algo complicado. Grupos técnicos da Petrobras têm perfeita noção do tempo desse processo [da descoberta ao início da produção]. Vários amigos meus que estão na Petrobras estão preocupados com isso.

Pré-sal revisto
A campanha para a exploração do pré-sal terá de ser revista. Até porque, é necessário saber o que vai ocorrer no Brasil. Se o país continuar a crescer e o pré-sal continuar com projeções para dez anos, corremos o risco de perder a autossuficiência.

Candidatos
Qualquer governante que assumir a Presidência da República em 2001 terá de pensar na revisão da campanha do pré-sal. Isso vai ser revisto, para o bem ou para o mal. Pode ser o [José] Serra (PSDB), a Marina [Silva] (PV), qualquer um terá de ter a própria visão. Acho que até o PT. Eles vão ficar quatro, oito anos. Essa situação atual sobre a Petrobras será revista.

Inexplorado
O Brasil tem hoje uma área de 6 milhões de quilômetros quadrados com potencial petrolífero. A exploração on shore (em terra) é hoje de 500 mil quilômetros quadrados. A dúvida no Brasil hoje é a seguinte: vamos sair da era do petróleo sem aproveitar esse grande potencial que nós temos? A Petrobras está no mar. Tudo bem, mas e o resto?

Desde Cabral
Desde Cabral até 2008, o Brasil furou 24 mil poços de petróleo. Nesse mesmo período, os Estados Unidos furaram 4,5 milhões. A Rússia furou no mesmo período 550 mil poços. Como se vê, falta muito coisa a fazer. Nossa área é quase do tamanho da dos Estados Unidos, mas furamos pouquíssimo.

Preço do petróleo
A tendência é de estabilidade. Sem ruído, o preço ficará estável. O mundo está consumindo entre 80 e 90 milhões de barris por dia, não mais do que isso. Mas as previsões de preço e de produção de petróleo estão sempre erradas. A questão é que se negocia diariamente cinco a seis vezes a produção do mundo. É muito difícil avaliar isso.

Acidente no Golfo
Acho que está vazando lá entre 20 e 30 mil barris por dia. A Petrobras tem muito mais experiência do que a BP na exploração em águas profundas. A exploração em águas profundas no Golfo do México está começando agora. A Petrobras, o Ibama estão lá para ver como é a situação.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Sendo generoso com o seu, com o meu, com o nosso dinheiro: Bolsa-Atleta...

...e, como sempre ocorre no Brasil, outros espertinhos se apressam em pedir extensão da generosidade para seu próprio benefício. Se tem para eles, por que não para mim?

Ministério dos Esportes
‘Bolsa Copa’ vai para o Congresso
Opinião e Notícia, 21/05/2010

O presidente Lula encaminhou nesta semana ao Congresso Nacional o projeto de lei “Bolsa Copa do Mundo”, que prevê a distribuição de um prêmio no valor de R$ 100 mil a cada um dos ex-jogadores campeões mundiais de futebol das Copas de 1958, 1962 e 1970.

Além disso, cada ex-jogador também teria direito a receber uma pensão mensal vitalícia de até R$ 3,4 mil. Esse valor seria equivalente à diferença entre a aposentadoria máxima da Previdência Social, que é de R$ 3.416,54, e a renda atual do beneficiado em questão.

Todos os convocados para as Copas, titulares ou reservas, seriam beneficiados. De acordo com o governo, o prêmio de R$ 100 mil será pago em parcela única e “beneficia inclusive herdeiros legais de jogadores já falecidos, e estará isento de Imposto de Renda e contribuição previdenciária. O pagamento será feito com recursos do Ministério do Esporte”. Já o auxílio mensal, “também será pago à esposa ou companheira, filhos menores de 21 anos ou inválidos, desde que a invalidez seja anterior à data em que atingiram 21 anos”.

Polêmica
O projeto de lei vem causando polêmica no meio esportivo. Na última sexta-feira, 14, a campeã olímpica do salto em distância, Maurren Maggi, pediu a extensão do “Bolsa Copa” para os atletas olímpicos. O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, não apóia a criação do benefício. Ele afirma que os clubes já destinam 1% do valor do contrato dos jogadores à Federação dos Atletas, que seria responsável por ajudar os ex-jogadores.

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O site que transmitiu essa "notícia" (sic), ainda tem a petulância de perguntar:

Caro leitor, você concorda com o critério utilizado para a criação do "Bolsa Copa"?
* Sim, os jogadores que foram campeões do mundo nos anos de 1958, 1962 e 1970 merecem esse reconhecimento.
* Não, a bolsa deveria se estender para outros esportes.


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Volto a comentar:

Além das cenas de demagogia explícita, em pleno ano eleitoral, é evidente que isso vai excitar a vontade "esmolenta", se ouso dizer, de brasileiros normais, que pensam que dinheiro nasce em árvores, ou que o governo arranca dinheiro de alguma cornucópia infinita.
Quando é que brasileiros responsáveis vão condenar, absolutamente, esse tipo de demagogia barata com o seu próprio dinheiro?
Paulo Roberto de Almeida

sábado, 15 de maio de 2010

Um debate sobre a demagogia politica (da pior maneira possivel: com um anonimo)

Das várias maneiras de ser demagogo (e se esconder atrás do anonimato)

Ser Anônimo, eu já escrevi num minúsculo tratado sobre o anonimato (sim, creio que só merece o adjetivo "minúsculo), significa não ter coragem de assumir suas próprias ideias, nem ter certeza sobre a solidez de seus argumentos. Anônimos se permitem certas coisas que pessoas normais, como eu e todos os que escrevem abertamente, não se permitem: qual seja, assumir responsabilidade pela defesa de certas posições, e se esconder, ao contrário, sob essa condição para eventualmente ofender o responsável pelo blog, para fazer acusações não fundamentadas, enfim, para ser livre de exercer sua dose de inconsistência e de posições duvidosas, sem ter de assumir os riscos de passar vergonha ao ser contrariado.
Normalmente, eu nem deveria postar ou sequer responder a Anônimos -- que ainda vão merecer um mini-tratado en bonne et due forme de minha parte, para tratar dessa espécie velha como a Bíblia, mas que se multiplicou como fungos na humidade, com a internet e os meios impessoais de comunicação -- mas vou me permitir uma exceção a minhas próprias regras pois que julgo que o debate merece uma amplitude maior, alcançando outras pessoas eventualmente interessadas no tema, em lugar de ficar reservado a uma nota de rodapé escondida nas dobraduras de uma postagem.

O tema tem a ver com a demagogia política, e começo reproduzindo o comentário de um Anônimo, que retiro assim da mediocridade do Anonimato para lhe dar um destaque que ele não merece. Não o faço por consideração ao Anônimo em causa, mas apenas pelas ideias e argumentos que estão vinculados ao tema, que me interessa expandir e explicitar minhas ideias, publicamente, nao escondendo-me covardemente no anonimato.

Pois escreveu um Anônimo anônimo -- vale a redundância -- neste sábado 15 de maio:

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Como torrar o dinheiro publico e fazer demagogia ao mesmo tempo":


O Brasil que funciona no plano das ideias PRA não reflete de fato no cotidiano. A dinâmica e o modo como as os governos, municipais, estaduais e federal gastam o dinheiro na maioria das vezes seguem critérios que não interessam ao cidadão. O chato é culpar SÓ o PT por tudo isso. Sei que o PT é corporativista, sindicalista, teimoso, mas é melhor que muita coisa que está aí, como por exemplo o DEM, que é um partido de coroneis no interior.
Como mineiro e eleitor da Dilma, tenho de concordar que o tucano Aécio fez um ótimo governo aqui em MG privilegiando digamos "o cidadão" no que concerne aos investimentos e a eficiência do setor público.


Pois bem, voltei (PRA):

Anônimo,
Primeiro aprenda uma coisa, definitiva, se ouso dizer: em nenhum momento, em nenhum lugar de meu post, supracitado, eu citei um partido, uma pessoa, responsáveis concretos, ainda que pudesse, e talvez devesse, pois não sou dos que se escondem nos subterfúgios e nos circunlóquios. Costumo assumir responsabilidade pelo que escrevo, e pelo que assino embaixo, e como bom anarquista de ideias, não me intimidam autoridades, nem posicoes.
Aprenda pois esta coisa muito simples: eu nao ataco, ou defendo, pessoas ou funções, partidos ou movimentos; eu ataco, ou defendo, ideias e posicoes, posturas e medidas, atitudes e politicas, ponto. Acho que ficou claro, para começar a discussão.
Não me interessa quem está expressando esta ou aquela ideia, se pessoa fisica ou juridica, se autoridade ou partido. Só me interesse pelas posições e ideias que sao sustentadas e defendidas, e o faço com base unicamente em dois critérios: sua racionalidade ou coerência intrínseca -- pois tenho horror do que não se sustenta no plano da simples lógica formal -- e sua adequação do ponto de vista do interesse nacionbal, ou seja, aquilo que serve ou não serve ao Brasil e seu povo, aquilo que beneficia o maior número, e aumenta o que os economistas chamam de bem-estar coletivo, ou aquilo que diminui as chances de que esse bem-estar seja alcançado.
Acho que isso ficou claro, não é Anônimo?

Agora venho as suas afirmações leves, levianas, descuidadas e infundadas:

1) "O Brasil que funciona no plano das ideias PRA não reflete de fato no cotidiano."
PRA: Uma afirmação gratuita, que vale tanto quanto o seu contrário, ou seja, não quer dizer absolutamente nada, a não ser que venha fundamentada em provas empiricamente provadas. Anônimo aprenda a fundamentar suas afirmações.

2) "A dinâmica e o modo como as os governos, municipais, estaduais e federal gastam o dinheiro na maioria das vezes seguem critérios que não interessam ao cidadão."
PRA: Afirmação totalmente absurda e anti-cidadã, anticívica, antidemocrática, se é que ela consegue dizer alguma coisa com sentido. Anônimo não seja tudo isso. Defenda o dinheiro dos cidadãos, que aliás é o seu próprio. Nunca vi alguém desinteressar-se de como é gasto o seu próprio dinheiro, claro só se for alguém totalmente indiferente, e ignorante. Anônimo não demonstre seu desinteresse pelo dinheiro que lhe sai do bolso.

3) "O chato é culpar SÓ o PT por tudo isso."
PRA: Acho que o Anônimo está se traindo, por algum sintoma de petice aguda, ou partidarismo compulsivo. Em nenhum momento de meu post eu mencionei o nome de algum partido ou de qualquer pessoa. Eu ataquei a demagogia política, não um partido em particular. Ainda que o fizesse, eu estaria atacando as práticas, ou as políticas de um partido, não o próprio in abstracto, ou vagamente. Anônimo releia o que eu escrevi logo no começo...

4) "Sei que o PT é corporativista, sindicalista, teimoso, mas é melhor que muita coisa que está aí, como por exemplo o DEM, que é um partido de coroneis no interior."
PRA: Bem se é você quem está dizendo, não vou contradizê-lo, embora não me tenha ocupado desses traços detestáveis num partido que já encarnou a ética na política, uma "maneira diferente" de fazer política, um compromisso com a verdade, e tudo aquilo que o nosso Anônimo já sabe (e por isso deve sentir raiva pelo fato de esse partideco mentiroso tê-lo contrariado de maneira tão desavergonhada). Anônimo escreva uma carta para a Comissão de Ética do seu partido de eleição, se é que ela existe ainda. Quanto ao DEM, não me interessa defendê-lo, nem atacá-lo, na medida em que não está em condições de implementar políticas estatais ou executivas: só me ocupo de ideias e posicoes, de atitudes e políticas. Indique-me uma atitude ou ideia demagogica do DEM, que eu terei prazer em fazer aquilo que sempre faço: condenar o besteirol e aquilo que é nocivo do ponto de vista do interesse dos brasileiros.
Aliás, não sei se você reparou, Anônimo, mas a geografia do voto do brasileiro alterou-se notavelmente desde 2002: os velhos coronéis estão todos com o governo, ou seja com o governo do PT, e os políticos do DEM estão na rua da amargura, sem dinheiro para distribuir, sem demagogia para fazer. Se voce verificar exatamente o voto dos chamados grotões, Anônimo, chegará a esta conclusão: a clintela dos coronéis, e os próprios, estão agora com o partido do governo, que você sabe qual é. Não precisa me agradecer pela aula de geopolítica eleitoral, basta consultar os mapas eleitorais da Justiça eleitoral. O DEM ficou órfão, a clientela dos coronéis está onde você sabe onde... Anônimo, aprenda a ser um bom analista político, que para isso que servem os cidadãos esclarecidos...

5) "Como mineiro e eleitor da Dilma, tenho de concordar que o tucano Aécio fez um ótimo governo aqui em MG privilegiando digamos "o cidadão" no que concerne aos investimentos e a eficiência do setor público."
PRA: Bem, o Anônimo se revela mineiro, e não tão desgostoso assim do governo do PSDB, ou de Aécio (ele escolhe). Talvez seja a única coisa consistente que ele tenha escrito em todo o seu comentário, mas nem por isso me sinto obrigado a concordar com ele. Ótimo governo eu só diria com base num conhecido adequado dos números e realizações do dito cujo, o que eu não tenho. Parece que ele andou mais passeando do que governando, tarefa que ficou a cargo do seu vice, que parece ser um administrador competente, e dispensa o governador, portanto, de meter a mão na massa (o que é, digamos assim, uma empulhação política, pois o governador é pago para governar, não para passear).
Quanto a sua única realização mais vistosa, digamos assim, a tal cidade administrativa desenhada pelo último stalinista ativo do planeta (talvez da galáxia), eu a considero inútil, dispendiosa, disfuncional (como tudo o que ele constroi) e provavelmente horrorosa de se trabalhar ou sequer circular. Esse tal arquiteto stalinista é a coisa mais fraudulenta que já apareceu no Brasil, e todo político que escolhe esse sujeitinho para fazer qualquer obra, pode ser um banheiro público, revela seu desejo de fama, não seu amor ao dinheiro público ou sua preocupação com a funcionalidade administrativa.

Anônimo, vou lhe dar uma última oportunidade de se redimir. Indique me três razões para ser eleitor da Dilma, apenas três. Não vale propaganda vazia, mas argumentos consistentes, coisas defensáveis, matéria tangível...

Embora eu tenha horror do Anonimato, pois acho que as pessoas devem ter coragem de assumir opiniões, ideias, posicoes, eu vou conceder que você ainda escreva sob essa cobertura conveniente.
Mas seja consistente, do contrário vou ser obrigado a barrar o seu comentário...

Venho, por fim, o que você não fez, ao objeto do meu post: a demagogia política de prometer uma bolsa-eterna aos milionários da seleção, aos mercenários do futebol.
Eu diria que não é tanto demagogia quanto ato criminoso mesmo, passível de ser sancionado por uma tribunal de responsabilidade política, se o Brasil tivesse um. Quem quer que esteja em responsabilidades executivas e promete um absurdo desse, não é apenas demagogo, é criminoso mesmo, pois está dilapindo os recursos públicos com uma inutilidade que não tem QUALQUER sentido social, apenas demagogia pura e simples. Aliás, deve ser punível criminalmente também, se o Brasil tivesse uma justiça digna do nome.
Anônimo aprenda a ser um cidadão consciente, e defender o seu, o meu, o patrimônio de todos os brasileiros. Recuse a demagogia e os atos ilegais como esse.
Seja um cidadão com coragem para assumir ideias defensáveis e consistentes...

Paulo Roberto de Almeida
(Hong Kong, 15 de maio de 2010)