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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 14 de agosto de 2011

O comeco do fim do Estado assistencialista - Gary North

Um leitor, Eduardo Rodrigues, do Rio de Janeiro, fez um curto, incisivo, objetivo e perfeito comentário a este outro post neste blog, este aqui:

A falencia do Estado (supostamente) de bem-estar - Ubiratan Iorio
Desafio qualquer ser vivente neste "nosso planetinha", como diria um cidadão que já imaginou um dia que a Terra pudesse não ser redonda, a contestar um milímetro do diagnóstico oferecido aqui pelo professor Ubiratan Iório.
Paulo Roberto de Almeida

A FALÊNCIA DO WELFARE STATE"...
Ubiratan Iório, 30/06/2010
(ler o artigo dele, neste link)

O comentário foi este:

Eduardo Rodrigues, Rio disse...
Os eleitores ocidentais votaram por um estado assistencialista. A maioria está viciada em programas de transferência de renda. Eles realmente acreditam que, se o governo adotar um plano de austeridade — entrando em uma dieta fiscal —, isso irá causar uma recessão. Logo, eles estão determinados a manter vivo o estado assistencialista. Porém, esse arranjo está em inexorável marcha rumo ao colapso. Por quê? Porque o estado assistencialista sempre dependeu da capacidade de seus governos se endividarem a juros baixos.

Gary North
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1071

Transcrevo agora o artigo citado de Gary North, que está inteiramente na linha do artigo transcrito acima de Ubiratan Iorio.
Paulo Roberto de Almeida

O atual arranjo monetário está rachando
Gary North
Instituto Ludwig Von Mises Brasil, quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Patinadores de gelo que gostam de praticar seu esporte em lagos ou em grandes lagoas sabem desde cedo que não devem patinar sobre o gelo fino. O som de gelo rachando é um sinal de que eles devem começar a se dirigir rapidamente para a terra firme.

Na sexta-feira, 5 de agosto de 2011, o mundo ouviu o gelo rachando. Ao final daquele dia, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a classificação da dívida do governo americano em um ponto: de AAA para AA+.

A decisão do Congresso americano, no dia anterior, de elevar o teto da dívida do governo em US$ 2 trilhões foi uma verdadeira fissura no gelo. A Standard & Poor's apenas tornou a rachadura semi-oficial. "Sim, esse barulho ruidoso que vocês ouviram na terça-feira é realmente o que vocês estão pensando."

E isso não foi tudo. O Banco Central Europeu (BCE), na sexta-feira passada, anunciou que iria fazer mais uma reunião de fim de semana para lidar com mais uma crise no mercado de títulos da dívida dos governos europeus. Desta vez, os papeis da dívida emitidos pelos governos da Itália e da Espanha estavam sob intenso ataque no mercado de títulos. Os investidores estavam exigindo juros maiores.

O som da rachadura foi intenso.
No domingo, o Banco Central Europeu anunciou que irá começar a comprar diretamente títulos emitidos pelos tecnicamente insolventes governos da Itália e da Espanha. Em outras palavras, o BCE capitulou. Ele faz a mesma coisa em relação à dívida do governo grego. Pelo que foi acordado no Tratado de Maastricht e no Tratado de Lisboa, ele não pode fazer isso. Mas quem liga para acordos firmados por governos? Você não pode fazer omeletes sem quebrar alguns ovos. Ou sem que a galinha os tenha posto.

O ingrediente essencial dessas omeletes é a moeda fiduciária de curso forçado. O BCE irá criar o dinheiro necessário para comprar esses títulos da dívida. E há uma enormidade de títulos a serem comprados. A Itália tem aproximadamente 2 trilhões de euros em título. A Espanha, por volta de 1 trilhão.

Itália e Espanha são devedoras monumentais. Elas não são devedoras insignificantes como a Grécia. Há uma quantia fabulosa de dinheiro investida nos títulos da dívida destes dois PIIGS. Os banqueiros da Europa pensaram: "Nenhuma nação ocidental jamais dará um calote". Ato contínuo, eles vorazmente compraram esses papeis da dívida. Agora estão na iminência de sofrer prejuízos de 50% ou mais com esses investimentos ruins. Os grandes bancos não têm nenhuma intenção de aceitar esse prejuízo. E por que deveriam? O BCE está ali pronto para socorrê-los. Socorrer os grandes bancos é a tarefa #1 de todos os bancos centrais. Eles foram criados para isso. E também para financiar dívidas dos governos. Não há nenhum motivo para os grandes bancos se preocuparem.

O BCE não precisa comprar toda essa dívida. O simples fato de ele deixar claro que está sempre em prontidão para comprar parte da dívida já é o suficiente para acalmar temporariamente os mercados e, com isso, manter os juros desses títulos abaixo dos 6% que estavam sendo obrigados a pagar durante a semana passada. Mas este é apenas mais um caso de postergar o inevitável, de apenas reduzir a velocidade quando já se está na estrada da insolvência.

O BCE, obviamente, tem de fazer alguma cena. E o que ele faz são apenas alguns protestos superficiais acerca de suas decisões. Seus lábios dizem "não, não", mas seus olhos dizem "sim, sim". O BCE emite declarações sobre sua responsabilidade de manter a inflação de preços baixa e, em seguida, ele cria dinheiro para comprar títulos de países caloteiros.

Nota: todos os países são caloteiros. Mas alguns são mais caloteiros que outros.

Os gorgolejos de Merkel
Nesse sentido, o BCE é igual à primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel. Ela também faz declarações zangadas do tipo "não haverá mais socorros". Mas sempre que ocorre uma grande crise financeira em decorrência de uma ameaça de calote proferida por um berrante membro do PIIGS, ela, Sarkozy e demais asseclas se reúnem em um fim de semana e propõem uma nova rodada de socorro. Gosto de pensar nas declarações preliminares de Merkel como gorgolejos. Por que o som de um gorgolejo? Porque ela sempre engasga com as palavras que logo em seguida será obrigada a engolir.

Merkel faz barulhos de gorgolejo para pacificar os eleitores alemães. Os eleitores alemães têm uma vaga noção de que são eles que acabarão tendo de pagar pelos erros dos banqueiros alemães, dos banqueiros franceses, e de todos os outros banqueiros. E estão corretos. São eles que pagarão.

O que os eleitores alemães ainda não entenderam é que os banqueiros sempre souberam desde o início que haveria pacotes de socorro em caso de dificuldades. Os bancos espertamente perceberam que seriam socorridos. Eles emprestaram dinheiro aos PIIGS. Era um dinheiro muito fácil. Não havia risco. Mas, você diria, havia sim algum risco. Sim, sim — mas não para os grandes bancos. O BCE, o FMI e outras agências de socorro aceitariam intervir para corrigir as consequências das decisões ruins dos bancos.

Exatamente como fizeram o Banco Central americano e o Tesouro em setembro e outubro de 2008. Eles saíram comprando as dívidas podres em posse dos maiores bancos comerciais americanos, tudo ao seu valor de face.

O que os eleitores farão em relação a tudo isso? Nada que traga grandes consequências. Poucos eleitores entendem o que está acontecendo, mas estes não têm meios para protestar efetivamente. Os legislativos seguem dando continuidade ao processo de resgate. Não há nenhum projeto de corte de gastos. Não há nenhuma intenção de se reduzir as dívidas dos governos. Nunca houve.

Os eleitores alemães não têm como impor restrições ao BCE. O comitê alemão do BCE se limita a fazer gorgolejos. Eles votam 'não' em todas as reuniões do BCE, já sabendo que seus votos são irrelevantes para o resultado final. Eles não têm votos suficientes na hierarquia do BCE para interromper sua política de comprar títulos dos PIIGS. Eles apenas se limitam a acompanhar a maré e a fingir alguma insatisfação. Tudo cena para mostrar ao eleitorado alemão o quanto eles são atuantes.

Só há uma solução para a Alemanha: retirar-se do Sistema Monetário Europeu (SME). A Alemanha pode abandonar o euro. O país possui uma posição econômica forte o bastante para fazer isso. O SME permite que as nações tenham seus próprios bancos centrais — que são meras sucursais do BCE —, mas não suas próprias moedas. A Alemanha pode se separar. Mas isso irá gerar um revertério político doméstico de proporções monumentais. E isso não é algo provável no futuro próximo.

Os planejadores da Nova Ordem Mundial sempre planejaram utilizar a Europa como primeiro passo: o modelo de todas as coisas boas que uma integração econômica centralmente planejada e baseada em tratados pode atingir.

Mas esse grande experimento está se desfazendo perante nossos olhos. Os planejadores da Nova Ordem Mundial não conseguiriam criar uma Nova Ordem Mundial europeia de uma só vez. Eles sabiam disso. Eles foram fazendo isso pouco a pouco, um tratado de cada vez, durante 50 anos, começando pelo Tratado de Paris em 1951. Depois veio uma série de tratados assinados em Roma.

O problema é este: eles não conseguiram os votos necessários para fundir todos os bancos centrais em um só. Os outros ainda existem como fantoches, representantes sem autoridade. Mas existem. Os eurocratas também não conseguiram criar uma agência fiscal comum que controlaria os déficits de cada nação. Portanto, o sistema possui um ponto fraco: parlamentos nacionais que podem incorrer em déficits operando sob a chancela de um banco central comum cujo principal propósito é extra-oficial — socorrer grandes bancos.

Austeridade (para os governos)
Este sistema está agora visivelmente se desintegrando. Líderes políticos do norte da Europa estão pedindo aos PIIGS que adotem "austeridade" econômica — redução dos déficits dos governos. A Irlanda curvou-se. Prometeu reduzir seu déficit. Mas fez isso somente porque o partido político (Fianna Fáil) que estava no poder no fim de 2010 concordou com termos impostos pelo FMI para receber novos empréstimos — empréstimos esses que os líderes desse partido, apenas uma semana antes, haviam negado ser necessários. O eleitorado irlandês não teve voz. Alguns meses mais tarde, nas eleições, eles despojaram esse partido do poder. Mas já era tarde demais.

Como resposta a isso tudo, o jornal Irish Times publicou a charge política mais acurada e mais obscena que já vi ser publicada em um jornal da grande mídia. Mas os protestos se limitaram a apenas isso: protestos simbólicos.

Por que o governo da Irlanda se curvou? Porque ele já estava no limite. Ele já havia estatizado seus bancos e assumido suas dívidas. E agora os bancos estavam prestes a quebrar. O Irish Times descreveu o dilema:

O ministro das finanças Brian Lenihan disse que o socorro era necessário porque os bancos irlandeses haviam se tornado completamente dependentes de empréstimos concedidos pelo Banco Central Europeu, e, assim como o governo, correm o grande risco de ficarem de fora do mercado internacional de crédito por pelo menos um ano.

Ele disse que os seis bancos da Irlanda, cinco dos quais já estão nacionalizados ou estão parcialmente sob o controle do estado, teriam seu tamanho reduzido, seriam fundidos e possivelmente vendidos.

"Por causa dos grandes riscos que os bancos irlandeses assumiram no início desta década, eles se tornaram um risco enorme não apenas para este país como também para a zona do euro como um todo", disse ele.

Os bancos irlandeses investiram agressivamente em um desenfreado mercado imobiliário aqui na Irlanda e lá fora. Após a crise do crédito de 2008 ter feito com que os preços dos imóveis entrasse em queda livre, o governo tentou impedir que os bancos quebrassem assumindo o controle de todas as suas dívidas. Essa promessa sem precedentes — feita para manter a confiança dos investidores no país — não pode ser mantida sem um pacote de socorros para o governo, como o próprio acabou finalmente sendo forçado a admitir.

Isso soa familiar? Em todo o ocidente, os bancos concederam empréstimos para atividades de alto risco. O mercado imobiliário americano e europeu, de 2001 a 2007, foi totalmente aditivado pela criação de moeda fiduciária pelos bancos centrais e pelo sistema bancário de reservas fracionárias. Mas agora aprendemos que as dívidas de determinados governos são apenas marginalmente melhores do que os empréstimos ruins concedidos ao mercado imobiliário. E esses empréstimos ainda têm de ter seu valor contábil reduzido pelos bancos. Se isso ocorrer, o capital dos bancos será reduzido, podendo levar a uma quebradeira generalizada.

O aumento dos juros e os credores dos PIIGS
Esse risco de insolvência governamental é muito pior para os bancos. Por quê? Porque embora os governos possam assumir e esconder os empréstimos ruins feitos pelos bancos, eles não podem esconder sua própria e crescente insolvência. O mercado de crédito continua aumentando os juros que os emprestadores estão dispostos a aceitar. E os governos têm de pagar esses juros cobrados, o que está comendo seus orçamentos.

Os eleitores dos PIIGS podem ir às ruas protestar contra cortes no orçamento e contra aumentos de impostos. Mas isso não altera o fato de que emprestadores privados não mais estão dispostos a emprestar dinheiro a esses governos a juros baixos. Os protestos, na verdade, acabam servindo para persuadir os emprestadores de que determinados países dos PIIGS possuem uma classificação de crédito ainda pior. Consequentemente, os emprestadores elevam os juros novamente.

As únicas saídas são estas: (1) equilibrar o orçamento, (2) encontrar emprestadores que não estejam preocupados com riscos.

Os governos dos PIIGS precisam de uma desculpa para poder cortar gastos assistencialistas. Quando o BCE ou o FMI emprestam dinheiro e impõem condições, os políticos podem culpar estes emprestadores insensíveis. Essa estratégia foi tentada pelo último governo irlandês e não deu certo. Ele caiu. Mas isso de nada adiantou para os irlandeses, pois o novo governo eleito também aceitou docilmente os termos dos empréstimos.

Os PIIGS podem, é claro, pegar esse dinheiro que lhes foi emprestado e em seguida se recusar a obedecer aos termos impostos. Se um governo não fizer isso — ou seja, se ele docilmente aceitar todos os termos impostos —, ele pode ser despejado nas próximas eleições. Porém, como os irlandeses descobriram, isso não muda nada. O novo governo está obedecendo direitinho aos termos impostos pelo FMI.

Em algum momento, os eleitores de algum país dos PIIGS irão despojar o governo vigente e substituí-lo por um governo que irá enganar o FMI e o BCE. Esse novo governo não irá cortar gastos. Mas aí os juros sobre os empréstimos para esse governo irão subir acentuadamente. O governo terá então de se decidir entre: (1) cortar gastos assistencialistas para poder pagar os juros ou (2) dar um calote.

Há uma terceira opção: sair do Sistema Monetário Europeu. Colocar seu banco central doméstico no controle da situação. Dizer a ele para comprar os títulos da dívida do país. Em outras palavras, esse governo estará agora livre para inflacionar. Ele dará o calote na sua dívida por meio da inflação monetária.

Os eleitores europeus estão paralisados
Os eurocratas dizem continuamente que isso não irá ocorrer. Mas é claro que irá ocorrer. Os políticos, alguma hora, terão de atender aos apelos de seus eleitores, que sempre querem benesses de seus governos. Mas os eleitores não obterão benesses; eles obterão apenas dinheiro desvalorizado. Mas tal situação tem se revelado bastante aceitável para a maioria dos eleitores ocidentais desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Sim, os eleitores alemães estão dispostos a protestar contra a inflação, pois, dentre os europeus, são os únicos que se acostumaram com uma inflação de preços baixa. Ademais, a Alemanha continua sendo uma nação exportadora. Sua economia está se saindo bem dentro da União Europeia. Mas isso gera um problema. Para que esse arranjo continue funcionando, o país tem de socorrer os PIIGS por meio de subsídios governamentais diretos. O país também tem de concordar com o BCE e apoiá-lo quando ele decide imprimir dinheiro para comprar títulos da dívida dos PIIGS. Os alemães podem não gostar desse arranjo, mas a única maneira de sair dele é impedindo o seu governo de conceder pacotes de socorro a outros governos. E, para fazer isso, seria necessário retirar a Alemanha do Sistema Monetário Europeu.

Ato contínuo, a Alemanha teria de lidar com dois enormes problemas. Primeiro, sua nova moeda adotada iria se valorizar em relação ao euro. Isso iria reduzir as exportações alemãs. Os economistas defensores do setor exportador (leia-se mercantilistas) começariam a gritaria em prol de uma desvalorização da moeda. O lobby da indústria de exportação sempre é bem sucedido politicamente em países que apresentam superávit na balança comercial. O mercantilismo é ainda uma grande força política em países com superávit no balanço de pagamentos. "Não matemos a galinha dos ovos de ouro!"

O segundo problema seria o arrocho sobre os bancos alemães. Esses bancos emprestaram bilhões de euros aos PIIGS. Caso estes países quitem seus empréstimos — algo bastante improvável —, eles o farão em euros. Porém, o euro estará desvalorizado em relação ao recém-ressuscitado marco alemão. Logo, mesmo que haja algum pagamento de juros sobre os empréstimos concedidos pelos bancos alemães, tais pagamentos serão feitos em moeda depreciada. Os bancos sofrerão prejuízos em seus balancetes. Seu capital será reduzido. Eles emprestarão menos para os alemães. Os juros subirão. A economia entrará em recessão.

Os eleitores ocidentais votaram por em estado assistencialista. A maioria está viciada em programas de transferência de renda. Eles realmente acreditam que, se o governo adotar um plano de austeridade — entrando em uma dieta fiscal —, isso irá causar uma recessão. Logo, eles estão determinados a manter vivo o estado assistencialista. Porém, esse arranjo está em inexorável marcha rumo ao colapso. Por quê? Porque o estado assistencialista sempre dependeu da capacidade de seus governos se endividarem a juros baixos.

Um pesadelo keynesiano
Economistas keynesianos sempre basearam todos os seus argumentos em uma suposição: "empréstimos concedidos ao governo são seguros". Essa era a visão de Keynes, afirmada obscuramente em seu A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936).

Eis a lógica keynesiana: Emprestadores subitamente ficam com receio de emprestar. Isso gera redução no consumo. A economia entra em recessão e permanece em recessão. Esse é o keynesianismo resumido.

Quer mais? Aqui vai mais. Emprestadores querem segurança. Eles são receosos de emprestar para mutuários privados, que podem dar calote. Assim, eles preferem emprestar para governos. O governo, por sua vez, utilizará esse dinheiro para custear vários projetos que o livre mercado não quis empreender por julgá-los dispendiosos e geradores de prejuízo. Isso faz com que a economia volte a crescer.

Conceitualmente, isso é totalmente parvo. Suponho que você consiga ver o porquê. Emprestadores inevitavelmente terão de colocar seu dinheiro em algum lugar, a menos que gastem tudo consumindo — algo que os economistas keynesianos também consideram uma escolha excelente. Emprestadores que possuem dinheiro suficiente para afetar a economia não guardam dinheiro vivo dentro da gaveta ou debaixo do colchão. Eles colocam em bancos ou em fundos de investimento. Se esse dinheiro não for emprestado para o governo gastá-lo em algum projeto centralmente planejado ou comprando de votos, ele inevitavelmente irá para algum outro investimento. Isso deveria ser óbvio para qualquer pessoa que tenha a mais mínima noção de como funciona o sistema financeiro.

É por isso que o keynesianismo é conceitualmente obtuso. Entretanto, a maioria dos economistas com Ph.D. se recusam, por motivos profissionais, a enxergar isso. Eles não leram o livro de W.H. Hutt, The Theory of Idle Resources (1939).

Essa crucial suposição — "emprestar para o governo é quase risco zero" — está finalmente caindo em descrédito. E está senda desacreditada justamente pelas ações dos políticos. Eles são incapazes de manter o orçamento de seus governos sob controle.

É por isso que os economistas keynesianos ficaram apopléticos com o rebaixamento da classificação de risco dos títulos da dívida americana. Eles também ficaram enfurecidos com o fato de que a sagacidade do BCE ao decidir ajudar diretamente a Itália e a Espanha esteja sendo questionada. A suposição keynesiana sempre foi a de que emprestadores deveriam investir dinheiro em títulos do governo. O mercado de títulos do governo é a base de todas as teorias keynesianas sobre gastos contracíclicos dos governos.

Em períodos de expansão econômica, jamais ouvimos keynesianos declararem em uníssono que este é o momento de o governo cortar gastos e começar a pagar a dívida. Entretanto, sempre se diz que Keynes também defendia políticas contracíclicas em períodos de expansão econômica, e não apenas em períodos de recessão. Isso significa que o governo deve gerar superávits orçamentários para reduzir a dívida em épocas de crescimento econômico. Curiosamente, jamais foram apresentadas citações de Keynes defendendo tal postura. Da mesma forma, jamais vemos declarações de economistas keynesianos defendendo a redução da dívida.

E não há motivos para isso acontecer. A economia keynesiana é a economia do assistencialismo. O keynesianismo sempre foi uma fachada para a distribuição de riqueza. Oficialmente, essa distribuição de riqueza é justificada em nome de se estar ajudando aos pobres. Operacionalmente, a distribuição de riqueza ocorre em benefícios dos grandes bancos e do setor público.

Sempre que ocorre uma crise financeira, governos e bancos centrais socorrem os grandes bancos. Invariavelmente, os economistas keynesianos sempre aplaudem essa política durante períodos de crise. E então, após a poeira baixar e os bancos socorridos estarem maiores e mais poderosos do que antes, os keynesianos reclamam que o governo socorreu os poderosos mais uma vez.

Não é que os keynesianos sejam lentos para aprender. O problema é que eles não querem aprender.

Conclusão
Estamos testemunhando a rachadura do logo de gelo. O público está patinando sobre o lago. Eles estão ouvindo o som das rachaduras. Alguns poucos patinadores, os mais espertos, já começaram a correr em direção à terra firme. O ouro chegou a US$ 1.750 na segunda-feira em resposta à rachadura de sexta-feira, provocada pela Standard & Poor's.

Dezenas de milhões de americanos e um número igualmente grande de europeus ficarão encurralados quando o Grande Calote chegar. Sim, Alan Greenspan negou que isso possa acontecer algum dia.

"Os Estados Unidos podem pagar qualquer dívida que tenham, pois sempre podemos imprimir dinheiro para fazer isso. Portanto, a probabilidade de calote é zero", disse Greenspan em uma entrevista à rede NBC.

Podemos ficar mais tranquilos agora.

Gary North , ex-membro adjunto do Mises Institute, é o autor de vários livros sobre economia, ética e história. Visite seu website.
Tradução de Leandro Augusto Gomes Roque

sábado, 13 de agosto de 2011

A frase da semana: intelectuais desonestos... - Anthony Daniels

Intelectuais são, em geral, pessoas muito desonestas. Eles não pensam em si mesmos como irresponsáveis, mas costumam atribuir essa característica a outras pessoas com grande facilidade.

Anthony Daniels, entrevista nas Páginas Amarelas de Veja (edição 2230, 17/08/2011)

Score da Corrupcao: Imprensa, 5; Policia Federal, 1; Governo, 0

Tem gente que lê minha pequena brincadeira numérica com indizível horror e incontida raiva.
Acho que a conta vai aumentar, até o final do ano. A raiva também (contra a imprensa, contra este blog, contra mim, não contra a corrupção, o que é uma pena).
Se eu fosse astrólogo, eu diria que metade do governo vai cair, pela imprensa e por corrupção.
O governo segue a imprensa, sem querer, mas segue...
Tem gente que não gosta disso, mas esta é a realidade...
Vamos esperar novos scores nesse jogo maluco...
Mais maluco ainda é quem, tendo poder de demissão e de nomeação, não designa auxiliares mais competentes, ou pelo menos mais honestos...
Paulo Roberto de Almeida

Crise do capitalismo: certo exagero da analise - John Micklethwait (The Economist)

Interessantes colocações, mas o entrevistado exagera ao dizer que a crise de 2008 definiu o capitalismo e até o século 21. As pessoas sempre tendem a magnificar o que vivem. Essa crise vai passar, e o século 21 vai ver coisas piores, e melhores, claro.
No plano conceitual, a crise falhou, até agora, em esclarecer as duas grandes tendências de nossa época, o keynesianismo estatizante e o liberalismo clássico. Todo mundo parece keynesiano até aqui, mas as sociedades vão pagar um alto preço por essa mania de querer almoço grátis.
Vamos precisar de um pouco mais de desastres keynesianos para que as futuras gerações aprendam que não existe almoço grátis...
Paulo Roberto de Almeida

John Micklethwait: "A crise vai definir o destino do século"
Rodrigo Turrer
Epoca, 13/08/2011

Nem o 11 de setembro, nem a guerra ao terror, nem a ascensão dos movimentos conservadores. Para o jornalista, historiador e editor-chefe da revista britânica The Economist, John Micklethwait, é a sucessão de crises econômicas que vai definir o século XXI. “A crise de crédito endureceu o debate sobre o futuro do capitalismo”, afirma Micklethwait. “A grande discussão agora é se queremos um Estado maior ou um Estado melhor.” Nesta entrevista a ÉPOCA, ele critica a forma como os Estados Unidos estão tratando seus problemas econômicos e diz que a falta de entendimento entre democratas e republicanos só tende a aumentar, principalmente com o fortalecimento do Tea Party. “São como duas placas tectônicas ideológicas: se movem em direções opostas e causam abalos.”

ENTREVISTA - JOHN MICKLETHWAIT
QUEM É
Historiador e editor-chefe da revista britânica The Economist
O QUE FEZ
Ex-diretor da sucursal de Nova York, assumiu a The Economist em 2006. A revista tem circulação de 1,4 milhão de exemplares
O QUE PUBLICOU
Cinco livros, entre eles The right nation (A nação direita) , sobre o conservadorismo americano, e God is back (Deus está de volta) , sobre grupos religiosos no mundo

ÉPOCA – Qual é o efeito da crise econômica dos últimos anos para o mundo?
John Micklethwait – A recente crise de crédito (de 2008) é o fato mais decisivo de nossos tempos. Ela vai definir o destino do século. Foi mais importante para o futuro do que o 11 de setembro, a guerra ao terror, o crescimento da direita ou qualquer outro evento social e político. Desencadeou uma série de crises que se retroalimentam: uma crise financeira, uma crise econômica, uma crise política e uma crise ideológica. É uma decorrência de outro grande evento dos últimos 25 anos: a globalização. A abertura permanente de mercados levou os países emergentes a dar um grande salto adiante.

ÉPOCA – Qual é exatamente a relação com a globalização?
Micklethwait – A crise de crédito demonstrou a fragilidade das economias dos países desenvolvidos. Teria sido diferente se não houvesse uma invasão das reservas dos emergentes nos mercados. Reservas geradas por duas décadas em que os países emergentes cresceram, não apenas no PIB. Esses países respondem por metade do consumo mundial de energia; aumentaram sua participação nas exportações de 20% para 43% e têm 75% dos celulares.

ÉPOCA – O que esses dados nos mostram?
Micklethwait – Há uma variedade de vozes nesses países que gritam por consumo. O mundo emergente continua mais pobre que os desenvolvidos, mas há uma mudança dramática na forma como encaramos o que o capitalismo pode fazer pelas pessoas. Nesta década, bilhões passaram da pobreza para a classe média. Gente que gasta, compra, paga educação para seus filhos. Tenho uma fé inabalável no poder da entrada desses bilhões de pessoas dos países emergentes na economia mundial. É uma das transformações mais notáveis do mundo, para a qual os desenvolvidos precisam atentar. Um fenômeno que pode alimentar uma discussão essencial.

ÉPOCA – Qual discussão?
Micklethwait – Sobre o tipo de governo que as pessoas querem. Países que estão se tornando ricos, como China e Índia, se perguntam qual tipo de Estado precisam ser para atender às demandas de seus cidadãos. Na Europa, perguntam de onde cortar para reduzir o Estado. A crise de crédito endureceu o debate vital sobre o futuro do capitalismo. Há muitas vozes aí, dos integrantes do Tea Party americano, que não admitem aumento de impostos, aos trabalhadores europeus, contrários a reformas. A grande discussão agora é se queremos um Estado maior ou um Estado melhor.

ÉPOCA – Esta crise pode acelerar um declínio americano?
Micklethwait – Não acredito. Os Estados Unidos são e continuarão a ser a única superpotência. Mas não são a única potência. Eles descobriram na última década que precisam negociar com outros países – e precisarão cada vez mais. O problema nos Estados Unidos hoje é a falta de lideranças. Eles carecem de políticos carismáticos e capazes de conduzir o país, nos dois lados de sua política.

ÉPOCA – O que podemos esperar dos Estados Unidos nos próximos anos?
Micklethwait – Vai demorar para eles saírem desta crise. O que poderia tirá-los do atoleiro seria uma revisão do Orçamento. Seria fantástico se eles entendessem que não podem sair da dívida contraindo mais dívidas. Só aumentar o teto e vender títulos não vai resolver. Os americanos precisam colocar dinheiro na economia para forçar uma retomada, mas consertar suas finanças com corte de gastos seria o primeiro passo.

Os Estados Unidos continuarão a ser a única superpotência, mas descobriram que precisam negociar com outros países”

ÉPOCA – O recente racha no Congresso no caso do aumento do teto da dívida confirma o que o senhor escreveu sobre o aumento do conservadorismo americano?
Micklethwait – Confirma. No livro (The right nation) , mostramos como o conservadorismo moldou os Estados Unidos e como os movimentos conservadores se organizaram nos últimos 50 anos. Os impostos nos Estados Unidos são baixíssimos se comparados a outros países. Ainda assim, falar em aumento de taxas é uma heresia. O Tea Party é uma variação dessa tradição de direita, uma versão furiosa e exagerada, mas que faz parte da natureza americana. Chegaram longe por causa da organização da direita americana nos últimos 50 anos.

ÉPOCA – Houve outros momentos em que a direita estridente conquistou espaço e logo saiu de cena. Esse também pode ser o destino do Tea Party?
Micklethwait – A situação é diferente. Há uma mistura de ideologias diversas no Tea Party. O que elas têm em comum é uma fúria básica, visceral, contra o Estado, contra a ação do Estado sobre elas. É uma volta ao conservadorismo de Ronald Reagan (presidente americano de 1981 a 1989) , com elementos de (Barry) Goldwater (conhecido como “Senhor Conservador”, cinco vezes eleito senador pelo Arizona) . O Tea Party carrega um grupo esquecido por quem vive fora dos Estados Unidos: as pessoas sem filiação partidária que são conservadores sociais. São eleitores descontentes com a perda dos chamados “valores da família”, contrários ao aborto e ao casamento gay.

ÉPOCA – Essa direita pode tornar o embate entre as duas Américas ainda pior?
Micklethwait – Não acredito. Se você olhar para qualquer pesquisa nos últimos 30 anos, verá que um em cada três americanos se diz conservador, e um em cada cinco se diz liberal. Você tem esse contingente no meio, um grande centro que costuma se inclinar para um lado ou para o outro. A influência muda. Nas eleições presidenciais, o lado mais à esquerda se manifestou, e Barack Obama ganhou. Nas eleições legislativas, foi o lado à direita que fortaleceu o Tea Party.

ÉPOCA – Mas nunca houve um embate que travasse a política americana como o de agora, não?
Micklethwait – De fato, não. Mas existem duas Américas há muito tempo. É a teoria que defendo em meu livro: a América conservadora, em sua atual forma, emergiu nos anos 1960 e vem crescendo desde então. Não acredito que ela vá embora. A divisão entre os dois partidos é cada vez maior, como nunca se viu antes, e só deverá piorar nos próximos anos. São como duas placas tectônicas ideológicas: se movem em direções opostas, aumentam a distância entre si e causam abalos sísmicos na política nacional. Mas o Tea Party não é culpado por tudo de ruim na política americana.

ÉPOCA – Quem são os outros culpados?
Micklethwait – A equação é simples: os democratas querem aumentar impostos, e os republicanos querem cortar gastos. Desta vez, os republicanos foram intransigentes. Só que os democratas também não quiseram cortar gastos sociais exorbitantes, como o Medicare e a Previdência. Barack Obama nomeou duas comissões para avaliar o deficit e ignorou as conclusões de ambas. Os republicanos se comportaram mal, os integrantes do Tea Party pior ainda, mas os democratas não merecem elogios por sua atuação.

Muro de Berlim: 13 de agosto de 1961

Cinquenta anos atrás, o mundo comunista piscou em face do capitalismo...
Elaborei um artigo sobre a questão:
Um outro mundo possível: alternativas históricas da Alemanha, antes e depois do muro de Berlim, neste link.
Paulo Roberto de Almeida

MURO COMUNISTA
Há 50 anos Berlim foi dividida em duas
Opinião e Notícia, 13/08/2011

Prefeito de Berlim declarou que a cidade está relembrando neste sábado 'seu dia mais triste na história recente'

A Alemanha marca neste sábado, 13, os 50 anos da construção do Muro de Berlim, que durante 28 anos dividiu a cidade e virou o símbolo máximo da Guerra Fria e do mundo bipolar.

As autoridades comunistas da Alemanha Oriental ergueram o muro (inicialmente uma rede de alambrados de arame farpado) na noite de 13 de agosto de 1961, rodeando totalmente o lado ocidental da cidade.

‘Dia mais triste na história recente’
Na manhã deste sábado houve uma cerimônia com a leitura dos nomes de 136 berlinenses que morreram tentando cruzar o muro para o lado ocidental.

O prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, declarou que a cidade está relembrando neste sábado “seu dia mais triste na história recente”.

Hooligans não gostam de ler... (claro, do contrario não seriam vandalos)

Ufa! Livros foram salvos. Ou melhor, não foram destruídos ou roubados, durante o mais recente festival de vandalismo em Londres (outros virão).
Parece que os baderneiros não gostam de ler.
Ainda bem: sobra mais para nós...
Paulo Roberto de Almeida

DISTÚRBIOS EM LONDRES
Quando os livros eram queimados
Opinião e Notícia, 13/08/2011

Apesar dos motins, livros tenderam a ficar seguros em suas estantes, com seu sutil poder alegremente negligenciado. Da ‘The Economist’*

Livros e motins compartilham uma história atribulada. Pense na Fogueira das Vaidades em 1497, quando Girolamo Savonarola e sua turma de seguidores religiosos rigorosamente coletaram e atearam fogo em pilhas de literatura “pagã”. Séculos depois, tochas de estudantes alemães de direita queimaram livros em protesto contra o que eles consideravam como a mácula rastejante do intelectualismo judeu sobre a cultura nacional.

Em 2011, em Londres, contudo, os bibliófilos podem respirar aliviados: apesar dos motins, os livros tenderam a ficar seguros em suas estantes, com seu sutil poder alegremente negligenciado. Em termos de alvos de saques, os livros estão perdendo espaço para calças jeans caras e engenhocas da Apple. Um funcionário bem-humorado da livraria Waterstones, em Manchester, falou que sua loja permaneceria aberta apesar do tumulto.

“Se eles roubarem alguns livros talvez aprendam alguma coisa”, disse. Mas ele parece estar fadado a se decepcionar: até agora apenas uma WH Smith foi saqueada, e nenhuma Waterstones. Como Patrick French tuitou, “A única loja que não foi saqueada na minha rua foi a Waterstones”.

A única infeliz exceção à anistia dos livros prevalecente é a Gay’s The Word, em Bloosbury, a primeira livraria exclusivamente gay e lésbica de Londres. Na manhã do dia 8 de agosto, os funcionários encontraram a vitrine da livraria estraçalhada por uma pedra e os livros à mostra cobertos por ovos. Nenhuma outra loja daquela rua fora depredada e nenhum livro subtraído. O subgerente, Uli Lenart, disse aos repórteres: “Estamos aliviados que um fósforo não tenha vindo depois da pedra”.

Simon Key, sócio da Big Green Bookshop em Wood Green London, foi rápido em se manifestar a respeito da violência e saques locais no blog da livraria, considerando-os “míopes, ignorantes e mesquinhos”. A sua livraria não sofreu danos, mas carros queimados e cacos de vidro espalhavam-se pela rua. A atmosfera de ameaça e incerteza claramente irritava-o: “é muito difícil continuar normalmente e, por precaução, nós cancelamos o nosso grupo de discussão de livros”. Ele estava decidido, porém, a “não deixar essa noite terrível de violência arruinar as coisas”. Arruaceiros, guardem essas palavras.

Autores de livros sobre motins em Londres como “Violent London: 2000 years of Riots, Rebels & Revolts” de Clive Bloom, devem estar ansiosos para o aumento de vendas (com pesar no coração, é claro). E muito tinta inevitavelmente será gasta sobre as raízes e causas destas últimas erupções. Eu já posso ver as capas, com jovens encapuzados e títulos com letras grandes e vermelhas. Mas a mensagem subjacente para livrarias dificilmente seria material de manchete: saqueadores, como consumidores mais convencionais, ignorarão os seus artigos sem pesar.

* Texto traduzido e adaptado pelo Opinião e Notícia

Militares a beira de um ataque de nervos (e nao é um filme...)

Um general que já foi presidente do Clube Militar e que não parece ter papas na língua, provavelmente sabendo que interpreta o pensamento de muitos militares da ativa que não podem falar...
Paulo Roberto de Almeida

CARTA AO SENHOR JOBIM
Luiz Gonzaga Schroeder Lessa
12 de agosto de 2011

Como era natural, o senhor se foi, sem traumas, sem solavancos, substituído quase que por telefone, não durando mais do que cinco minutos o seu despacho de despedida com a presidente, que, de forma providencial, já tinha até o seu substituto definido. Surpreso? Nem tanto.
Substituição aceita com a maior naturalidade, pois ela é parte da rotina militar.
O senhor talvez esperasse adesões e simpatias que não ocorreram, primeiro, pela disciplina castrense e, depois, pelo desgaste acumulado ao longo dos seus trágicos 4 anos de investidura no cargo de ministro da defesa. E como um dia é da caça e outro do caçador, o senhor foi expelido do cargo de forma vergonhosa, ácida, quase sem consideração a sua pessoa, repetindo os atos que tantas vezes praticou com exemplares militares que tiveram, por dever de ofício, a desventura de servir no seu ministério (veja que omiti a palavra comando, porque o senhor nunca os comandou).
O desabafo à revista Piauí, gota d’água para a sua saída, retrata com fidelidade e até mesmo estupefação o seu ego avassalador, que julgava estar acima de tudo e de todos, a prepotência, a arrogância e a afetada intimidade com os seus colaboradores no trato dos assuntos funcionais, o desconhecimento dos preceitos da ética e do comportamento militar, a psicótica necessidade de se fantasiar de militar, envergando uniformes que não lhe cabiam não apenas por seu tamanho desproporcional, mas, também, pela carência de virtudes básicas, como se um oficial-general se fizesse unicamente pelos uniformes, galões e insígnias que usa, esquecendo que a sua verdadeira autoridade emana dos longos anos de serviços prestados à Nação e da consideração e do respeito que nutre pelos seus camaradas. O senhor, de fato, nunca a entendeu e nunca foi compreendido e aceito pela tropa, por faltar-lhe um agregador essencial – a alma de Soldado.
Sua trajetória no Ministério da Defesa foi a mais retumbante desmistificação daquilo que prometeu realizar.
Infelizmente, as Forças Armadas ficaram piores, ainda mais enfraquecidas. Suas promessas de reaparelhamento e modernização não se realizaram. Continuam despreparadas para cumprir as suas missões e, na realidade, são forças desarmadas, só empregadas no cumprimento de missões policiais, muito aquém das suas responsabilidades constitucionais.
A Marinha poderá até apresentar um saldo positivo no seu programa de submarinos, mas a força de superfície está acabada, necessitando de urgente renovação, que não veio. A Aeronáutica prossegue sonhando com os modernos caças com que lhe acenaram, programa que desafia a paciência e aguarda por mais de 10 anos. O Exército parece ser o que se encontra em pior situação no tocante ao seu equipamento e armamento, na quase totalidade com mais de 50 anos de uso. Nem mesmo o seu armamento básico, o fuzil, teve substituto à altura. Evolução tecnológica, praticamente, nenhuma. O crônico problema salarial que, por anos, atormenta e inferioriza os militares que são tratados quase como párias, não teve uma programação que pretendesse amenizá-lo. A Comissão da Verdade, em face da sua dúbia atitude, é obra inconclusa, que tende a se agravar como perigoso fator desagregador da unidade nacional
O que fez o senhor ao longo desses quatro últimos anos para reverter essa situação, Sr Jobim. Nada! Só palavrório, discursos vazios, promessas que não se cumpriram, enganações e mais enganações. Mas sempre teve a paciência, a lealdade e a fidelidade dos Comandantes de Força.
A Estratégia Nacional de Defesa é o maior embuste que tenta vender. Megalômana, sem prazos e recursos financeiros delimitados por específicos programas governamentais, é um documento político para ser usado ou descartado ao sabor das circunstâncias, como atualmente ocorre, quando é vítima dos severos cortes orçamentários impostos às Forças Armadas, que inviabilizam os seus sonhos de modernização. Mal sobram recursos necessários para a sua vida vegetativa.
O caos aéreo que prometeu reverter com a modernização da infraestrutura aeroportuária só fez crescer e ameaça ficar fora de controle.
Você (como gosta de chamar os seus oficiais-generais) foi um embuste, Jobim.
Por tudo de mal que fez à Nação, enganando-a sobre o real estado das Forças Armadas, já vai tarde. Vamos ficar livres das suas baboseiras, das suas palavras ao vento, das suas falácias, das suas pretensões de efetivamente comandar as Forças Armadas, mesmo que para isso tivesse que usurpar os limites constitucionais.
Você parte amargando a compreensão de que nada mais foi do que um funcionário ad nutum, como todos os demais, demitido por extrapolar os limites das suas atribuições. A contragosto, é forçado a admitir que o verdadeiro comandante das Forças Armadas é a Presidente Dilma que, sem cerimônia, não tem delegado essa honrosa missão exercendo-a, por direito e de fato, na plenitude da sua competência.
Você acusou o golpe. Não teve, nem sequer, a disposição de transmitir o cargo que exerceu. Faceta da sua personalidade que a história saberá julgar.
Como no Brasil tudo o que está ruim pode ficar ainda pior, vamos ter que aturar o embaixador Amorim, que por longos 8 anos deslustrou o Itamaraty e comprometeu a nossa tradicional e competente diplomacia. Sem afinidade com as Forças, alheio aos seus problemas e necessidades mais prementes, com notória orientação esquerdista, só o tempo dirá se a sua indicação valeu a pena.
No fundo, creio mesmo que só ao Senhor dos Exércitos caberá cuidar das nossas Forças Armadas.

1) O autor é General-de-Exército, Ex-Presidente do Clube Militar e Membro Fundador da Academia Brasileira de Defesa.
2) As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, o pensamento da ABD.

Um plano simples para acabar com as crises, todas as crises (bem, nao pergunte o que vai acontecer depois...)

Um programa de seis pontos para terminar com a crise da dívida

Leiam, se desejarem o artigo abaixo primeiro, depois voltem para meus comentários iniciais. Eu não sei porque certas pessoas perdem tanto tempo pedindo para se elaborarem planos complexos de salvamento. Basta fazer o que eu recomendo, a partir do artigo desse alemão, certamente bem intencionado. Mas acho que ele não perguntou às gerações futuras o que elas pensam deste plano.

Acho que não precisa de seis pontos para acabar com a crise da dívida pública na Europa, e em grande medida nos EUA também. Basta uma única medida, umazinha...
Seguindo a linha de pensamento desse professor de economia é tudo muito simples: basta que os governos financiem sem limite os inadimplentes, os gastadores contumazes, os insolventes, os relapsos, os irresponsáveis, os fraudadores de contas públicas e de dados estatísticos, enfim, que eles façam TODO O POSSÍVEL, como ele mesmo enfatiza, diversas vezes, para assegurar que a máquina continue rodando sem "problemas sociais ou econômicos".
Em suma, não precisa seis medidas, basta uma recomendação: gaste dinheiro a rodo, se não tiver, não tem problema, imprima dinheiro e distribua para governos, bancos, empresas, indivíduos.
É tudo tão simples. Não sei por que escrever um artigo inteiro para dizer isso.
Prêmio Nobel de economia, certamente...
Paulo R. de Almeida

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Fixing the Euro Zone
A Six-Point Plan for Ending the Debt Crisis
A Commentary by Thomas Straubhaar
Der Spiegel, 12/08/2011

There seems to be no end in sight for the long-running crisis in the euro zone, and politicians seem to be powerless to prevent the further erosion of the monetary union. But there are a number of practical steps that would mitigate the crisis -- and help prevent the next one.
As the saying goes, extraordinary times call for extraordinary measures. The financial markets are highly nervous, and people are losing their faith that politicians can do anything to combat the growing debt crisis.
Under these conditions, the most important aim of any measures has to be to halt the snowball effect of recent events and to keep the economic wildfire from crossing over from the financial markets to the real economy. And the only way to do that is by having politicians wrestle back the helm.
What's more, Europe and the United States need to start coordinating their actions as quickly as possible. In the near term, heavily indebted countries must be given the liquidity they need in the form of new loans. In the long term, politicians need to hammer out a credible way to reduce state debt.
To meet these challenges, Europe needs to follow a six-point plan:
• First, under German and French leadership, the governments of the 17 countries making up the euro zone need to make it clear that they are prepared to use all the means at their disposal to prevent fellow euro-zone countries from going broke. At the height of the financial crisis in 2008, German Chancellor Angela Merkel and then-Finance Minister Peer Steinbrück demonstrated how to communicate such a message in a convincing way when they pledged that the German state would guarantee the savings of private German citizens.
• Second, this promise of support means that the euro rescue fund, the European Financial Stability Facility (EFSF), should be expanded without limits. Loans at cheap interest rates and with long maturities will be offered to any euro-zone country that needs it. But countries that want to refinance their debt using money from euro-zone coffers will have to give up something in return: part of their autonomy over their state finances. In real terms, this means having borrowers present their medium-term budgeting plans to lenders, raise certain taxes and abide by the stipulations of a debt brake similar to the one that Germany has introduced, which requires the government to virtually eliminate the structural deficit by 2016. The bigger the loan, the more autonomy lost. For example, euro-zone officials could even replace those of individual nations to perform duties such as collecting taxes and implementing plans to cut costs and privatize state assets.
• Third, the European Central Bank (ECB) needs to give up its role as the institution that comes to the rescue of countries in risk of default by buying up their sovereign bonds. The ECB is not a so-called "bad bank" for the bonds of broke countries that nobody wants to buy. Instead, it should focus on its most important mandate: managing the money supply so that prices stay stable. So far, it has performed this task well. Bringing debt under control is a matter of financial policy. It's a problem that states should solve -- and not the central bank.
• Fourth, the right thing to do is to transform the euro-zone into a fiscal union in which all members are jointly liable for each other's obligations. If everything else has failed, but politicians -- rightly -- want to prevent the collapse of the monetary union, there needs to be a jointly financed stability mechanism that can supply emergency financial assistance in times of crisis. The EFSF should assume this responsibility. In order to prevent the crisis from spilling over into other countries, it should have the ability to buy sovereign bonds directly on the secondary market -- in other words, from banks and insurance companies. Doing so would turn the euro zone into a so-called transfer union.
• Fifth, in order to free countries from the yoke of the ratings agencies, the agencies' verdicts should be downgraded to the status of simple statements of opinion. They would then be viewed as something along the lines of a seal of approval handed out by consumer-protection agencies, but nobody would be forced to pay attention to them. In other words, whoever wants to listen to the pronouncements of those who analyze the creditworthiness of countries and companies can do so -- or not.
• Sixth, the governments of the euro-zone countries should make it clear that they will not allow developments on global stock markets to dictate their actions. They cannot be allowed to make it their goal to influence the behavior of private-sector stockbrokers. However, they need to send out a clear signal that they are willing to keep public budgets in order over the long term and to make every effort to guarantee conditions that encourage growth, stability and the ensuing predictability. They also need to create more transparency and introduce tighter financial-market regulations. They should, for example, implement a complete ban on short-selling.
It would be foolish to expect that even a perfect implementation of these six measures could solve all aspects of the debt crisis for ever. There will always be governments that don't keep to what they've agreed to do, as well as others that continue piling up debt. These proposed solutions are practical, but not perfect.
Neither will they be able to prevent the next crisis. But they would help to make it less likely -- and, if worse comes to worst, they'll make it easier to deal with the consequences.

Thomas Straubhaaris a professor of economics at the University of Hamburg and director of theHamburg Institute of International Economics (HWWI). His special area of research is international economic relations. He has also studied regulatory policy and questions of educational and population economics. In early 2010, he became the Helmut Schmidt Fellow at the Transatlantic Academy in Washington, DC.

Ficar rico, no Brasil? So com dinheiro publico...

Quando alguém quer saber qual sua renda, no Brasil, ou na Europa, essa pessoa geralmente pergunta:
"Quanto você GANHA?" (Enfatizo o verbo por ele ter uma conotação importante, como se verá.)
Quando a mesma pergunta é feita nos Estados Unidos, o indivíduo geralmente pergunta:
"How much you MAKE?" (Ou seja, não quanto você ganha, mas quanto você FAZ de dinheiro.)

Essa pequena diferença de verbos, entre o "how much you earn?" e o "how much you make?" faz TODA A DIFERENÇA de mentalidades, e não só de universos mentais, mas de ambiente de negócios, entre um país dinâmico, onde as pessoas fazem dinheiro por sua própria conta e esforço, e outros países, onde as pessoas "ganham" dinheiro de uma fonte qualquer, pode ser assalariado privado, funcionário público, honorários, rendas, whatever...

Nos EUA, se alguém quer ficar rico -- e suponho que muita gente queira -- essa pessoa começa a pensar em maneiras de ganhar dinheiro, mais exatamente, MAKE MONEY, em algum negócio qualquer, que ela vai construir, a partir do fundo da garagem, com dinheiro catado aqui e acolá, e transformar aquilo num empreendimento lucrativo. Daí o sujeito compra sua mansão, o seu iate, casa de campo, etc, com o dinheiro que ELE FEZ, não com favores governamentais ou trapaças empresariais.
Esta é uma história tipicamente americana, e deveria ser a normalidade um pouco em todas as partes do mundo, mas infelizmente não é.

Pois bem, no Brasil, para alguém ficar rico rapidamente, ele tem algumas escolhas, talvez três basicamente: o mercado, os negócios protegidos e o dinheiro público, diretamente.
Pode inventar algo absolutamente genial e ficar riquíssimo em pouco tempo, mas não me lembro de exemplos do gênero nos últimos anos (ou séculos). Com exceção de Santos Dumont -- que dizem que inventou o avião, mas nunca o patenteou, como os irmãos Whright, e não tinha, digamos assim, "tino empresarial", sendo mais um dandy modernoso, com suas manias aéreas -- não me lembro de algum gênio da inventividade nacional; e todos sabem que o Brasil não se distingue particularmente pela inventividade nacional, sendo pífio, medíocre, absolutamente nulo no registro de patentes nacionais de mais alto significado para a indústria e o mercado. Excluímos essa portanto.
Existem, contudo, grandes empresários nacionais. Se formos analisar bem as origens dessas riquezas, veremos que elas não estão exatamente no sucesso empresarial enquanto tal, mas na exploração de um setor qualquer que se beneficiou de prebendas e proteções estatais. Existem, claro, alguns "reis da soja", "reis do gado", que fizeram fortuna graças a seu trabalho, mas em algum momento eles vão buscar dinheiro público para aumentar seus negócios e monopolizarem um setor qualquer, esses setores.
Quanto aos "reis do cimento", "reis do aço", dos supermercados, disso ou daquilo, podem constatar, eles se fizeram graças à proteção, aos monopólios e cartéis, à colusão com os poderes públicos e ao dinheiro estatal (ou seja, nosso). Gostaria de conhecer empresários brasileiros ao estilo americano, mas vejo poucos, muito poucos. As grandes construtoras, os grandes bancos o são devido ao fechamento do mercado brasileiro aos concorrentes estrangeiros, e certa promiscuidade com os governantes de plantão.
A terceira forma é essa descrita abaixo, muito comum, absolutamente corriqueira no Brasil: você rouba dinheiro público, diretamente, simplesmente, facilmente. Nem vou me estender sobre as modalidades, pois elas estão sendo descritas diariamente nos jornais.
Passem bem (ou mal, em vista desse tipo de notícia) o resto do fim de semana.
Paulo Roberto de Almeida

“Ah, é pro governo, joga o valor pra três, tudo vezes três”
Folha de S.Paulo, 13/08/2011

Conversas telefônicas interceptadas na Operação Voucher da Polícia Federal mostram investigados falando sobre como superfaturar e até falsificar documentos em licitações com o governo. Nas conversas, os suspeitos de integrar o esquema chegam a afirmar que “quando o dinheiro é público não pesa no bolso” e apontam Brasília como um paraíso para obtenção de facilidades: “Mandou para Brasília, ficou fácil”, diz uma investigada. Na terça, a PF prendeu 36 suspeitos de desviar recursos do Ministério do Turismo em convênios com ONGs -entre servidores e empresários que faziam negócios com a pasta. Em conversa gravada com autorização judicial, em 21 de junho de 2011, o empresário Humberto Silva Gomes diz que no Brasil “o governo paga e quer que você apenas gaste direitinho, ele não quer um retorno”. Ele é sócio da Barbalho Reis, uma das empresas suspeitas de integrar o esquema, e está foragido.

Quando é dinheiro público, não pesa no seu bolso. Aí você joga pro alto mesmo, até porque se você não jogar você vai perder logo de cara, porque todo mundo vai jogar. Criou essa ideia aqui: “Ah, é pro governo, joga o valor pra três, tudo vezes três’”, diz Humberto: “Superfaturamento sempre existe”. Em outro diálogo, de 26 de maio, Sandro Saad, diretor financeiro da ONG Ibrasi, conversa com um empresário sobre um edital da Prefeitura de São Vicente (SP) que nem sequer tinha sido lançado. No áudio, Sandro pergunta se eles vão “falsificar os outros [concorrentes] ou tentar compor o jogo” e diz que “o pessoal lá de dentro” quer que ele pegue a licitação. Em outra escuta, os diretores do Ibrasi, Maria Helena Necchi e Luiz Gustavo Machado, falam sobre como vão adulterar papéis do convênio no Amapá para simular comprovação de despesas que não teriam sido realizadas.

Entrevista Marcos Azambuja - Brasilia Em Dia

Marcos Azambuja - Barbas do vizinho...
Marcone Formiga
Brasília Em Dia, 12 de agosto de 2011

Um dos mais brilhantes dos embaixadores brasileiros, Marcos Azambuja, é sempre requisitado quando o mundo parece entrar em transe. Sempre muito bem informado em geopolítica, economia, além de diplomacia, ele está sempre acompanhando os acontecimentos globais, buscando fontes em quase todo o mundo para se inteirar. Antes de se aposentar na carreira, ele ocupou embaixadas estratégicas, como a da França e a da Argentina. Sobre a geopolítica, ele não tem dúvida nenhuma de que o Brasil ocupa uma posição favorável em relação ao desarmamento geral, o que ele considera um gesto cristalino, embora não faltem aqueles que considerem essa posição meramente de visionário. O embaixador não tem dúvida, por exemplo, que a humanidade é justa porque existem os visionários, e que não existe mal nenhum em perseguir uma causa, como a brasileira, em se posicionar a favor do desarmamento nos países.

Antes do colapso econômico dos Estados Unidos, o embaixador Marcos Azambuja contestou quando a Casa Branca considerou os governos da América do Sul populistas, correspondendo ao Eixo do Mal - um exagero -, afirmando que são governos que, ele crê, não respondem aos interesses dos respectivos países, mesmo sendo direito dessas populações escolherem democraticamente quem quiser. Para o diplomata, rótulo como Eixo do Mal demonstra uma tendência desses governos que, ao invés de aproximarem-se de políticas de racionalidade isolam-se e, por isso mesmo, têm um comportamento mais errático.

Nesta edição, diante do cenário de crise nos Estados Unidos, que não se trata de um caso isolado, muito pelo contrário, argumenta que esse problema existe em todo o planeta e afirmou que o cenário é mantido pelo Atlântico Norte, Europa e Estados Unidos.

Depois de acompanhar os fatos em torno de Washington, assim como a reação mundial, ele afirma que não é momento para pessimismo e tampouco para complacências, argumentando que o Brasil não escapa das regras gerais, e até lembrou uma velha frase: “O Brasil tinha que colocar as suas barbas de molho, porque têm muitas barbas de vizinho pegando fogo”.

- Como o senhor vê a crise nos Estados Unidos e no mundo?

- Vamos usar a palavra crises; não creio que haja uma unicidade, que aconteça uma só causa, uma só construção. Acho que nós estamos vivendo hoje,em um mundo,com um empilhamento de crises, que se sucedem, se acumulam. Elas têm gênese diferente, casualidades diferentes e, possivelmente, trajetórias diferentes. Deste modo, vamos falar de um mundo em crises: as do Oriente Médio, com toda a sua problemática que tem uma origem muito local; a crise da credibilidade dos Estados Unidos com a fragilização do dólar e da hegemonia americana. Portanto, há uma série de crises que se multiplicam, como a crise gerada pela emergência das grandes potências asiáticas e do Brasil. Nem todo mundo está em crise. A Ásia está vivendo um boom e a América do Sul não está vivendo um mau momento. A crise é mais do centro antigo europeu, do Atlântico Norte, Europa e Estados Unidos. Vamos dar notas muito boas à Ásia e à América do Sul e notas muito baixas à Europa e aos Estados Unidos.

- Qual será o desdobramento disso, qual o cenário futuro?

- De novo, vou pluralizar, são os desdobramentos. Primeiro, vamos fazer um pouco de exercício prospectivo, com os riscos que isso causa. Não vejo o fim da hegemonia americana, acho até que é porque os Estados Unidos perdurarão por um tempo ainda longo. Trata-se de uma potência hegemônica, sobretudo, além de todos os fatores econômicos, comerciais e financeiros; é de fato a única superpotência militar. Não podemos esquecer que o músculo militar ainda é um fator muito importante e eles continuarão a ter essa dominância.

- Como fica a geopolítica?

- Acho que a parte do mundo que também perderá estatura é a Europa Ocidental. Não é que entrará em decadência, não será mais o que já foi; ela deixará de ser aquela espécie de extensão do poder do Atlântico Norte, dos Estados Unidos, em troca de um crescimento, de uma emergência, da Ásia, do Brasil e da América do Sul. Também vejo alguns países isolados da África, nessa emergência vem a África do Sul, e virá também, de certa maneira, o México, os novos asiáticos, Indonésia e Coreia. O que está havendo hoje no mundo é um grande deslocamento do foco e do eixo do poder.

- Pode emergir o autoritarismo?

- O mundo se desloca do Atlântico para o Pacífico, da Europa para a Ásia, e nós entramos bem nisso, nós estamos colocados nesse pequeno bloco do Brics, dos grandes emergentes. Não vejo uma crise, no sentido de um colapso; não é 1929 portanto, uma espécie de depressão mundial duradoura. Não vejo também a emergência de novos autoritarismos ideológicos, não vejo o risco dos anos 30, de um fascismo e um nazismo e de um comunismo militante. O mundo vai jogar com regras parecidas portanto, não sou catastrófico, sou uma pessoa preocupada.

- O ministro Guido Mantega afirmou que o Brasil está preparado, mas não imune à crise. O senhor concorda?

- É um jogo um pouco semântico. Nenhum país estaria, a rigor, preparado. O que faz a crise é que ela é surpreendente, ela se estende por lugares antes não contaminados; a ideia de prever o futuro é o mais arriscado dos exercícios. O Brasil será atingido, sobretudo, porque o que me preocupa mais, absolutamente, é que nesse grande embate o que tem sido o motor da nossa prosperidade, que é a valorização crescente das nossas commodities sofra o processo de deteriorização.

- Mas como vai ficar o Brasil?

- O Brasil tem vivido muito bem de quase tudo que nós exportamos. Está cada vez mais consistente ao longo dos últimos 10, 15 anos. Proteínas animais, todos os produtos agrícolas, minérios, ou seja, o país está vivendo um boom, em parte por ter arrumado a sua casa, mas em grande parte porque os mercados do mundo compram cada vez mais e melhor, aquilo que nós produzimos de maneira competitivamente muito bem. A minha preocupação é que , com o que está acontecendo, haja uma desaceleração no mercado de commodities...

- E na hipótese de perda do valor desses produtos, o que aconteceria?

- Sem dúvida, uma perda do valor desses produtos faria com que as receitas brasileiras de exportação ficassem muito atingidas. Isso não é uma desgraça, mas tira do nosso crescimento um elemento essencial de dinamismo.

- Os investimentos podem ser afugentados, claro...

- Os investimentos - há um grande paradoxo... Quando há uma grande crise, os investimentos fluem para onde há mais segurança - que continuam a ser os Estados Unidos. Ou seja, é quase que uma coisa paradoxal, quando a situação vai mal no mundo, os donos do tesouro norte-americano, os papéis americanos são de uma atração imensa, apesar de tudo. Você pode falar do ouro, mas ele tem uma dificuldade física, é de uma inelasticidade que é parte da sua natureza.

- Mas, acontece que os americanos não são mais os donos do mundo, como pareciam.

- Os Estados Unidos estão cada vez mais vulneráveis as pressões da China e do Brasil, com quase US$ 250 bilhões de reservas lá. Existe hoje, também, uma certa alavancagem, estamos fazendo um jogo. O Brasil e, sobretudo, a China estão alimentando o vício norte-americano em dívida, porque não têm outro lugar para colocar o dinheiro. O problema nosso e da China é que estamos fazendo grandes reservas, e não sabemos o que fazer com essas reservas, a não ser colocá-las em papéis americanos.

- O que muda na geopolítica da América Latina?

- Não uso muito a palavra América Latina. Uso em um sentido cultural, afetivo; prefiro falar da América do Sul, que é o que eu entendo mais. A América Latina inclui América Central e México - é mais complicado. O México tem uma latinidade de língua e de cultura, mas é parte de um bloco que se chama NAFTA. Quer dizer, ele é um país da América do Norte - não confundir isso. A América do Sul está vivendo um momento bom. Mais ainda que o Brasil, a Argentina e um pouco o Chile são produtores de commodities, sobretudo a Argentina. Estão vivendo um bom momento, os próprios populismos mais veementes da América do Sul estão um pouquinho desacreditados.

- O coronel Hugo Chávez é, ou não, um complicador?

- Chávez perdeu um pouco a sua retórica, assim como o Correa, o Evo Morales. Acho que há uma retração daquele populismo mais retórico, em troca de um pragmatismo mais construtivo. O Brasil não se compara a eles, ele não trata mais da América do Sul como o seu destino; ele está aqui, mas as comparações brasileiras sempre são com os Estados Unidos, Rússia, China. Nós mudamos de patamar e as nossas identidades e expectativas estão com eles. O Brasil hoje, sobretudo, é um grande emergente que está na América do Sul, mas não necessariamente é um país da América do Sul.

- Mas, o ex-presidente Lula apostou muito na Venezuela e nesses países todos. Qual a posição, que o senhor vê, da presidente Dilma Rousseff?

- Há uma palavra que eu gosto muito de usar quando falo da Dilma. É a sobriedade. Há nela um estilo que me agrada, muito mais sóbrio, palavras medidas, menos ativismo... O Lula tinha qualidades, evidentemente, tinha um ativismo, uma espécie de personalismo, que para mim, depois de alguns anos, cansava um pouco. A ideia de que todo o tempo ele tinha que produzir manchetes, fatos... Eu gosto de sobriedade. Hoje, eu tenho a impressão que a Dilma inovou no sentido de ela não me parecer seduzida por ditadores africanos ou autoritarismo no Oriente Médio, ela me parece mais cuidadosa na sua afetividade.

- Qual é a diferença entre ela e Lula?

- O problema do Lula é que ele era de tal maneira afetivo, que não conseguia deixar de dar abraços e tratar de uma maneira fraternal pessoas que não mereciam ser tratadas com essa fraternidade. A Dilma está trazendo um pouco de sobriedade, e acredito que o Antonio Patriota seja responsável, também, por esse novo e bom estilo. Estou satisfeito com isso, mas, com certeza, perdeu um pouco aquela teatralidade na política externa brasileira, que era, em parte, um pouco da diversão de todos nós. Agora o Brasil passou a ser um ator mais discreto, mais controlado, possivelmente um pouco menos divertido.

- Um cenário de aperto fiscal vai resolver os efeitos da crise mundial?

- Acho que não, as crises mundiais têm ciclos. Cada uma é um ciclo que se inaugura, que tem um desdobramento. O aperto fiscal pode ser uma alternativa, sobretudo nos países europeus. A Europa construiu para si mesma a ilusão da prosperidade permanente entre seus países, e tinha criado uma ideia de prosperidade, de que os déficits poderiam ser acumulados, de que a política fiscal poderia ser desrespeitada, mas, como sempre, a economia educa, ela mostra que não há exceções. Uma política fiscal mais rigorosa tem a vantagem clara de ajudar a arrumar as contas, diminuir déficits, começar a entrar na realidade. O problema é que ela tem um efeito depressivo, ela tira a energia, acha que em tempos de crise é preciso um gasto público acentuado para movimentar a economia, e aqueles que acham, de uma maneira, que é preciso gastar menos e viver dentro do seu orçamento.

- Como resolver essa equação política?

- O problema é as duas teses têm validação. Se a Europa fizer um ajuste fiscal muito forte, acaba em uma crise política. O que está acontecendo em Londres começa a mostrar que, mesmo lá, que não faz parte do euro, há uma insatisfação com a situação social, que não é mais o que já foi. São grandes correntes imigratórias que foram para lá esperando um outro mundo e que agora não têm nem acolhida, nem emprego...

- O que mudou nos últimos anos?

- Falei na palavra crises, que é o que o mundo está vivendo, depois de 10 anos. O Lula coincidiu com anos de extraordinária tranquilidade. Agora o mundo, de novo, entrou em um daqueles ciclos. Lembro-me, que no tempo de Fernando Henrique Cardoso, ele entrou em umas cinco, seis crises, a asiática, da Europa, mas tínhamos esquecido que o mundo é turbulento. Nós estamos com os cintos afivelados, já está acesa a luz, e que não se levante ninguém do assento!...

- O que afeta mais o Brasil, a crise americana ou a corrupção no governo brasileiro?

- É difícil dizer!... Mas eu creio que a crise americana nos afeta macroeconomicamente, macropoliticamente, inclusive a totalidade da nossa inserção mundial. A corrupção é um veneno doméstico, uma coisa que nos tira energia, vitalidade, credibilidade, enfraquece o tecido social, que leva à insatisfação. Mas ela não é um fator de destruição do projeto nacional, ela é apenas um custo que a sociedade se impõe incompetência, pela falta de seriedade. A corrupção é um tributo que um país paga por não ter sabido ordenar ele mesmo a sua política, a sua justiça, a seleção dos seus líderes, mas não é uma coisa que no nível brasileiro cause uma desagregação. São dois níveis: a crise americana que nos afeta na dimensão macro e a corrupção que nos envenena na dimensão micro.

- O momento é de perder o otimismo no Brasil?

- Não, não!... Pelo contrário, acho que, mais uma vez, o Brasil não é, como na primeira crise de 2008, o causador da crise, porque não contribuiu para ela, sim e não deve ser afetada. Não quero usar a metáfora do presidente Lula, de “marola”, mas dessa vez a crise é mais ampla, ela nos atinge mais, porque ameaça o valor das nossas exportações, e o país tem sido puxado pelas exportações de commodities, esse, sim, tem sido o grande motor.

- Ou seja, nada de pessimismo?

- Nós não temos que estar pessimistas, mas não temos que estar complacentes. Era perigoso para o Brasil ficar achando que vivemos como em uma ilha de prosperidade. Não somos uma ilha de tranquilidade, não estamos fora do mundo, o Brasil não escapa das regras gerais. Para usar uma velha frase, ‘o Brasil tinha de por as suas barbas de molho, porque tem muitas barbas de vizinho pegando fogo.’

- Diante de todo esse cenário, o que o senhor recomenda?

- Eu recomendaria ao Brasil muito, muito molho, e as barbas colocadas dentro dele!...

Pronto, acabou a alegria dos Brics: basta crescer um pouquinho mais que a circunferencia tambem aumenta...

Sempre dá nisso: cria riqueza, distribui renda, aumenta o consumo, e o pessoal abusa, vai logo avançando sobre doces, salgadinhos, bebidas carbonatadas, ficando longas horas na frente da TV...
Não deu outra:

Obesidade preocupa países do BRICS
Diário da Rússia
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmam: além do crescimento do Produto Interno Bruto, o sobrepeso ea obesidade dispararam em China, Índia, África do Sul e Brasil, do grupo BRICS, e também no México. No BRICS, apenas a Rússia não causa ...

Que tal um programa Comida Zero?
É só uma sugestão...
Paulo Roberto de Almeida

A presidente quer ficar do lado dos bandidos? - Editorial do Estadao

Talvez não queira, mas se reclamar das prisões da Polícia Federal ela pode dizer que preferiria que elas não ocorressem. Além de não lhe caber adotar tal atitude, pois seria claramente ilegal e imoral, ela pode pagar um alto preço político, talvez não junto a um congresso já contaminado pela corrupção política e pela roubalheira generalizada, mas junto à população, à cidadania, às pessoas simples que somos todos nós, e que achamos perfeitamente normal que lugar de bandidos é na cadeia, não no parlamento.
Paulo Roberto de Almeida

No limiar do descontrole
Editorial - O Estado de S.Paulo
12 de agosto de 2011

A sucessão de escândalos de corrupção no governo federal parece estar levando a presidente Dilma Rousseff ao limiar do descontrole. Segundo o noticiário de ontem, ao tomar conhecimento da prisão, pela Polícia Federal (PF), dos envolvidos na Operação Voucher, que apura irregularidades no Ministério do Turismo, Dilma demonstrou "grande irritação". De acordo com fontes palacianas, classificou de "acinte" o fato de os detidos terem sido algemados, reclamou "furiosa" por estar sendo a toda hora surpreendida por operações da PF que lhe criam problemas políticos e cobrou satisfações do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a quem a PF é subordinada.

É fácil entender que a chefe de governo perca a paciência ao se dar conta das proporções em que o aparelho estatal que herdou está contaminado pelo fisiologismo que seu antecessor institucionalizou. É igualmente compreensível sua aflição diante da grave ameaça que a denúncia e a repressão dos arrastões nos ministérios representam para a estabilidade da base de sustentação de seu governo. Afinal, hoje está mais do que evidente que o que manteve em pé essa construção, meticulosamente edificada ao longo de oito anos, foi a tolerância com os gambás introduzidos nos galinheiros.

Mas a ênfase com que a presidente passou a manifestar sua contrariedade com esses espetáculos pode dar margem à interpretação de que está tomando as dores dos denunciados, em vez de manter a atitude de isenção e respeito ao funcionamento das instituições que sua alta investidura exige. À chefe do governo não cabe "enquadrar" a PF, como têm sugerido, ou mesmo exigido, colaboradores e aliados. A polícia existe para investigar delitos e reprimir a ação de criminosos, colocando-os à disposição da Justiça. E deve agir de acordo com normas de procedimento que, se infringidas, sujeitam os responsáveis pelas infringências, por sua vez, a investigação, julgamento e, se for o caso, punições cabíveis. Não cabe, portanto, a altas autoridades palacianas, classificar de "exageradas" ou "atabalhoadas" as ações da PF que lhes criam problemas políticos. Nem ao líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, declarar que "houve abuso de poder do Judiciário e do Ministério Público".

Até agora a presidente Dilma Rousseff vinha se comportando publicamente com exemplar sobriedade diante das repetidas denúncias de corrupção, apoiando a necessária "faxina" nos setores da administração comprometidos com a bandalheira. E essa atitude tem sido respaldada pela opinião pública, como demonstram as pesquisas. Mas a sua reação diante do mais recente capítulo de uma sucessão de escândalos como nunca se viu antes na história deste país, parece revelar que se está tornando irresistível a pressão daqueles que, tanto no governo como na base aliada, não admitem senão a maneira lulopetista de governar.

Pressionada por todos os lados e preocupada, principalmente, com o tensionamento das relações entre governo e PT, de um lado, e PMDB, do outro, Dilma recorreu a quem entende do assunto para se aconselhar. Em reunião com Lula em São Paulo, na terça-feira, foi orientada a "repactuar" a aliança com o maior partido da base aliada, cujos interesses estão sendo afetados pelos escândalos nos Ministérios da Agricultura e do Turismo. Resta saber o que Lula entende por "repactuar".

Depois da porteira arrombada, parece impossível conter a catadupa de denúncias na mídia e as ações policiais contra o arrastão na administração pública, em especial na federal. É uma simples questão de se colher o que foi plantado durante oito anos. Trata-se, é claro, de uma lavoura que não foi inventada por Lula e pelo PT, que na verdade criaram fama denunciando pragas. O lulopetismo apenas aperfeiçoou métodos de semeadura e colheita. E o PMDB é o segundo maior beneficiário de toda essa criatividade. Na hora em que esses benefícios se transformam em constrangimento, "repactuar" a aliança parece significar a promessa do impossível ao parceiro: acabar com as denúncias e com as operações policiais e com a repercussão de tudo isso na mídia.

Dá para entender, portanto, a irritação da presidente. E lamentar que ela esteja dirigida na direção errada.

Biblioteca digital mundial - Unesco

A NOTÍCIA DO LANÇAMENTO NA INTERNET DA WDL, A BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL.

Já está disponível na Internet, através do site www.wdl.org

Reúne mapas, textos, fotos, gravações e filmes de todos os tempos e explica em sete idiomas as jóias e relíquias culturais de todas as bibliotecas do planeta.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Crise internacional na CREDN do Senado Federal: debate com senadores

Debate talvez seja uma palavra exagerada, mas em todo caso a sessão especial da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado Federal organizou uma audiência especial, segunda-feira dia 8 de agosto, sobre o tema da crise financeira e seu impacto no Brasil.
Minha apresentação não foi objeto de texto escrito e sim de apresentação oral, com suporte em PP (disponível neste link:
Sistema financeiro internacional desde Bretton Woods ( pptx Senado).
Abaixo, segue um relato extraído de um boletim do Senado.

Brazil is ready to face the crisis, says Central Bank director
A few hours after th
Te announcement of the biggest falls in the stock markets for the last months – more than 8% in Brazil and 5% in the United States – two representatives of the Brazilian government tried to show on Monday (8), at the Senate, that the country is aware of the international crisis risks. Both representatives pointed out the rising in exports and in international reserves during a debate about the health of the world economic system, at the Committee on External Relations and National Defense.
“Our country is ready to face the world crisis. We have big international reserves, capacity to inject liquidity into the economy, if necessary, and a floating exchange rate.
"We have been following the international risks carefully and we are looking for the best possible solutions,” said the Central Bank's International Affairs director, Luiz Awazu Pereira da Silva, at the public hearing called “The International Financial System: from Post-War to current days”, in the cycle of debates called “Trends of the Brazilian Foreign Policy”.
Whereas, the secretary of Foreign Trade from the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade, Tatiana Prazeres, said that the Brazilian exports have been rising more than the world trade average. She also mentioned the “accelerated growth” in Brazilian exports and imports from January to July this year, in comparison to last year.
“In seven months we have exported as much as in 2006,” she said.
The current crisis dimension, however, was highlighted by diplomat Paulo Roberto de Almeida, professor of the master and doctorate program of Political Economy at Uniceub, in Brasília. He predicted that the developed countries' economic growth will remain slow and will take around four or five years to recover.
“The debt has grown a lot. The American one will be a problem that will affect two generations. There will be a slow reserve diversification, but the United States are still the most flexible economy in the world and they will keep attracting capital in the predictable future. However, the dollar value will decrease, as the scenario is changing and the North Atlantic loses ground to North Pacific,” he compared.
Those movements, according to the World Bank Brazil director, Makhtar Diop, will also be related to the increasing political importance of countries considered medium income. In his opinion, the next years will still be very uncertain.
“Nowadays, there is a big uncertainty and the world will need the medium income countries to play a more important role,” he said.
After listening to the speech of the attendants of the debate, senator Roberto Requião (PMDB-PR) said that the guests had been talking about “another country”. He highlighted the fall of 40% in Brazilian industry exports over the past 30 years and complained that our economy is focused on the exports of ore and agricultural goods. He warned about the risk of fall in the commodities price, if the United States come into a new recession and consequently affect China, which is a great buyer of Brazilian primary products.
Senator Cristovam Buarque (PDT-DF), who was the debate's chairman, also highlighted the need of bigger investments in technology and said that Brazil “has no future if it remains exporting only ore”.

Dando a palavra a um idiota, literalmente (e idiotamente...)

Não precisaria, claro, bastaria excluir e esquecer.
Mas de vez em quando vale postar, não um comentário, mas elevar à dignidade de um post inteiro certas idiotices que de vez em quando pingam por aqui, como esta que vai abaixo:

O verdadeiro povo brasileiro apóia é solidario ao grande líder libertador Muammar Kadafi na luta e soberania do povo líbio ao contrario da mídia e a elite dominante capitasta fascista sionista brasileira e mundial que apóia e torce por Hordas imperialistas piratas Rebeldhiena$ predadores assassinos dos EUAkiller e OTANazista/A$$a$$iNATO+FMI$$ querendo saquear o petróleo da Líbia os minérios da Africa do Sul a Amazonas o PAC do Brasil o petróleo da Venezuela as Malvinas da Argentina e recolonizar o mundo todo Mandela & Mummar Ghadafi Freedom Freends Forever Viva! Muammar Kadafi.

Retirei a propaganda final, e deixo à disposição dos interessados, e para maior gáudio do idiota que me mandou, esse ajuntamento de palavras sem sentido.
O mundo tem disso...
Paulo Roberto de Almeida

O governo tem diagnostico errado sobre a competitividade industrial - Carlos Alberto Sardenberg

Todos pagam, alguns recebem
Carlos Alberto Sardenberg
O Globo, 4/08/2011

Há uma visão nacionalista estreita confortável para os governantes

Nos classificados do jornal chileno “El Mercurio”, encontrei um Gol 1.6, modelo mais avançado, oferecido pelo equivalente a R$30 mil, já incluídos os impostos. É cerca de R$10 mil inferior ao preço no Brasil, onde o carro é fabricado. Vamos reparar: o produto brasileiro é mais barato lá fora, de modo que as causas dominantes do preço maior estão aqui, não no exterior.

Não é só com automóveis. Nas farmácias de Buenos Aires, por exemplo, encontram-se cosméticos e remédios made in Brasil mais baratos lá. Logo, como se pode dizer que o problema maior da indústria brasileira é a competição predatória dos importados?

Esse é o desvio da política industrial lançada pelo governo. Parte de um erro de diagnóstico, o de achar que indústria nacional perde competitividade por causa do dólar desvalorizado e da competição desleal dos estrangeiros. Esses problemas existem, mas não são os mais importantes.

Esse equívoco completa outro, o de achar que o dólar está desvalorizado por causa da ação de especuladores no mercado futuro (de derivativos), alvo do pacote lançado na semana passada.

São erros gêmeos. Nos dois casos, há uma visão nacionalista estreita, essa que localiza sempre um estrangeiro predador atrás de cada esquina. É confortável para os governantes, que posam de patriotas, acaba ajudando alguns setores empresariais, mas cobrando um preço de todos os outros.

Reconhecendo que há excesso de carga tributária, toda vez que resolve ajudar algum setor o governo vai pelo caminho da redução de impostos. Mas compensa a queda de receita com aumento em outros setores, de modo que a carga tributária não diminui. É por isso que a arrecadação de impostos aumenta fortemente, mesmo depois de vários pacotes.

Conclusão: todos pagam impostos elevados, alguns ganham o benefício de pagar menos. O governo calcula que a renúncia fiscal do atual pacote será de R$25 bilhões em dois anos. É pouco. Só no primeiro semestre deste ano, o Tesouro arrecadou R$480 bilhões, um salto de 20% sobre o mesmo período de 2010.

A mesma lógica vale para os juros. Reconhecendo que o custo do dinheiro é proibitivo, toda vez que monta pacotes o governo oferece, via BNDES, juros especiais, subsidiados, para este ou aquele setor. Para isso, o governo precisa colocar mais dinheiro no BNDES. E como arruma esses recursos? Ou com mais impostos ou tomando dinheiro emprestado na praça, pelo qual paga juros mais altos do que o BNDES cobra.

Com esses dois movimentos, o governo puxa a carga tributária e eleva a dívida pública bruta, fator que pressiona a taxa de juros — não a especial, mas a de todo mundo.

De novo, para oferecer juros menores a alguns, precisa cobrar mais juros de todos os outros.

Resumo da ópera: esses pacotes podem até melhorar a vida de algumas empresas e setores, mas pioram a vida de todos os outros. Como não há dinheiro para subsidiar todos, a injustiça é generalizada e tudo termina com o consumidor brasileiro pagando mais caro.

A competitividade geral da economia continua limitada não pelo dólar baratinho, nem pelos estrangeiros maldosos, mas pelos três fatores estruturais que conhecemos: carga tributária muito elevada (para custear os cada vez mais elevados gastos públicos, inclusive com subsídios), juros na lua e infraestrutura precária. Juros e gastos públicos, aliás, também explicam boa parte da valorização do real (e mais a entrada de dólares via exportação de commodities e para investimentos).

O pacote tem ainda um viés não propriamente nacionalista, mas antiestrangeiro. Pelo jeitão, vêm aí medidas para impedir e/ou atrapalhar a importação. Segundo explicitou o ministro Mantega, o mercado brasileiro pertence à indústria brasileira, não aos “aventureiros” de fora.

Nos primeiros sete meses deste ano, o Brasil importou mercadorias e serviços no valor de US$124,5 bilhões. É dinheiro. Nesse ritmo, as compras externas chegariam ao final do ano representando mais de 10% do Produto Interno Bruto. Ação de aventureiros?

A importação inclui insumos para agricultura e indústria, bens intermediários, máquinas, equipamentos, tratores, plataformas, tecnologias e, ninguém é de ferro, itens de consumo. Mas, no essencial, são produtos que melhoram e barateiam a produção local. E a vida do consumidor.

Não há como substituir toda essa importação. Mas há como impedir alguns itens, entregando determinados mercados para o produtor local, a preços, digamos, legitimamente brasileiros. Já tivemos isso — a reserva de mercado — no passado. Lembram-se? Deu em produtos caros e ruins — e alguns empresários ricos.

Carlos Alberto Sardenberg é jornalista.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Reflexao do dia: partidos querem o direito de roubar em paz...

Esta é a impressão que tenho ao ler os comentários de líderes partidários, que acham que a Polícia Federal está contrariando suas atividades...
E ficam de braços cruzados: não votam nada, até parar essa onda de prisões.

De fato: os partidos querem ter o direito de roubar em paz.
Se todo mundo rouba, por que não eles?

Paulo Roberto de Almeida

Addendum em 12/08/2011:
Lido numa comunicação de internet:

TODO PARLAMENTAR É CULPADO PERANTE A LEI, ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO.

Economia Politica dos Sistemas-Mundo: perguntas nao respondidas.

Participei, no dia 9 de agosto, de um dos painéis deste colóquio:

Economia Politica dos Sistemas-Mundo
Unicamp, 8 e 9 de agosto

O texto que serviu de base a minha apresentação (resumida em PowerPoint, neste link) é este aqui:

O Brasil na economia-mundo do último século (1910 a 2010)
(disponível neste link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/2232BrEconMundo1910a2010.pdf)

Como sempre acontece em todo seminário, o tempo urge, e não sobre espaço para responder a todas as perguntas. Tive várias, que não consegui responder, e remeti alguns dos "perguntadores" a textos do meu site, ou blog, para os temas mais comuns que venho tratando ao longo do tempo.
Gostaria, contudo, de registrar algumas perguntas e deixar espaço aberto para tentar responder por meio de alguns trabalhos posteriores, talvez notas neste blog, ou artigos divulgados em meu site.

O debatedor, professor Helton Ricardo Ouriques, formulou questões interessantes, que registro resumidamente aqui:
1) Por que eu limitei-me a informar sobre a proteção tarifária antes de 1940 apenas, e não depois disso?
Respondi que antes de 1940 os países possuiam suas próprias políticas nacionais, de proteção à indústria nacional, etc; depois disso, surge o GATT e as condições para a formulação de políticas comerciais e a definição de tarifas mudam bastante, não sendo mais decididas unicamente no plano nacional.
2) Qual o papel do Estado e do sistema mundial no curso do processo brasileiro de modernização?
Muito complexo para ser exposto aqui, mas resslatei o papel das políticas nacionais no que somos hoje, com menor impacto das condições externas. O Estado certamente foi relevante, para o bem e para o mal, agora geralmente para o mal...
3) Modelo asiático de desenvolvimento, em especial papel do Estado na China?
Também complexo, mas inverti a relação, aliás expressa no título de Giovanni Arrighi: Adam Smith vai a Pequim. Disse que estava totalmente errado: era a China que foi a Escócia, e que o capitalismo está se desenvolvendo na China a despeito do Estado, não por causa do Estado... As pessoas fazem uma análise totalmente equivocada do processo chinês.

Muitas outras perguntas foram feitas: Prebisch, neoliberalismo, Ha-Joon Chang nosso modelo de desenvolvimento, etc.
Não pude responder a todas e me desculpo por isto.
Mas convido os interessados a me formular novamente as perguntas que vou tentar responder...
Paulo Roberto de Almeida

Pausa para... piada de alfaiate...

Bainha feita

O alfaiate de Celso Amorim vai cortar um dobrado para encolher a coleção de fardas camufladas que Nelson Jobim deixou para seu sucessor no Ministério da Defesa.
Papo de 20 centímetros em cada perna!


Tutty Vasquez

ONGs: nem todas sao picaretas, mas muitas o sao...especialmente no Brasil...

Não concordo com tudo o que disse esse jornalista, mas concordo com muita coisa. Como não tenho tempo, literalmente, de escrever sobre tudo o que é relevante e mereceria comentários de minha parte, permito-me transcrever esta matéria, que me parece tocar em muitos pontos de maneira correta.
Paulo Roberto de Almeida

GOVERNOS TÊM DE SER PROIBIDOS DE FAZER CONVÊNIOS COM ONGs. AS POUCAS HONESTAS SOBREVIVERÃO!
Reinaldo Azevedo, 11/08/2011

Só há sem-vergonhice no país porque há sem-vergonhas a dar com pau na política e porque encontram terreno fértil para atuar, especialmente na era do lulo-petismo, já demonstrei aqui. Quando o sujeito é safado, perverte até as Santas Escrituras. Precisamos é de instituições sólidas o bastante e de limites legais que coíbam a ação dos larápios. Quando se abrem as portas aos malandras, aparecem os… malandros!!!

Querem ver? Os meus leitores sabem que não morro de amores pelas tais ONGs. Sei que existem as sérias etc. e tal, mas acho essa história de “Terceiro Setor” (nem público nem privado) uma das grandes falácias do nosso tempo — e em escala internacional. São raras, muito raras, as que não evoluem para a pilantragem. Comecemos do princípio.

ONG, como o nome diz, tem de ser mesmo “não-governamental”. Se faz convênio com o Estado para receber ou repassar recursos públicos, então é uma mera entidade privada contratada sem licitação. Sigamos: se a dita-cuja também não é privada, então não poderia receber, sob nenhum pretexto, recurso de empresas. Sua única fonte de financiamento deveriam ser as doações de cidadãos.

Não é o que acontece nem aqui nem lá fora. Ao contrário. Algumas das entidades mais barulhentas do ambientalismo, por exemplo, são solidamente financiadas por empresas privadas que têm interesse no conteúdo de sua militância. Já escrevi aqui um post sobre uma ONG americana chamada “Union of Concerned Scientists”, algo assim como “União dos Cientistas Preocupados”. Preocupados com o quê? Ora, com o meio ambiente. Tanto é assim que um lemazinho vem agregado ao nome: “Cidadãos e Cientistas por (em defesa de) Soluções Ambientais”. A UCS tem uma aura quase divina porque nasceu no lendário MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge, nos EUA. Como falar deles sem que nos ajoelhemos em sinal de reverência?

Marina Silva, Alfredo Sirkis e congêneres são amigos da turma, como vocês poderão constatar numa rápida pesquisa feita no Google. A UCS tem uma excelente impressão sobre si mesma. No “About us”, diz combinar pesquisa científica com a atuação de cidadãos para que se desenvolvam soluções seguras e inovadoras em defesa de um meio ambiente mais saudável e de um mundo mais seguro. Certo! A gente acredita em tudo isso. Quem haveria de duvidar de “cientistas independentes” e de “cidadãos preocupados” que só querem o bem da humanidade? Marina, por exemplo, não duvida. O endereço da dita ONG está aqui.

O que ela quer?
Pois acreditem! O site da UCS publica um documento cujo título é literalmente este: “Fazendas aqui; florestas lá”. O “aqui” de lá são os EUA; o “lá” de lá são o Brasil e os demais países tropicais. Sim, o texto defende com todas as letras que o certo é o Brasil conservar as florestas, enquanto os EUA têm de cuidar da produção agrícola. O estudo tem um subtítulo: “O desmatamento tropical e a competitividade da agricultura e da madeira americanas”. Não faço como Marina Silva; não peço que vocês acreditem em mim. O documento está aqui. Quem financia a turma? Ora, os produtores rurais dos EUA! Uma das chefonas do tal estudo foi a negociadora americana para o Protocolo de Kyoto - aquele que os EUA não assinaram. Mas volto ao leito.

Voltando ao leito
Dei o exemplo da tal ONG dos “cientistas preocupados” para evidenciar como boa parte do onguismo internacional está mesmo metido numa guerra comercial e como, de fato, mal existe algo como um “terceiro setor”. Ou o dinheiro que financia a turma é público ou pertence a empresas e lobbies.

O escândalo do Ministério do Turismo, para seguir uma rotina dos últimos tempos, tem uma ONG no meio, o tal Ibrase (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável). Aliás, coloque-se a palavra “sustentável” em qualquer picaretagem para assaltar os cofres públicos, e as chances do batedor de carteira aumentam enormemente. Políticos, partidos e lobbies são hoje os maiores criadores de ONGs aqui e lá fora. Elas são uma fachada perfeita para a contratação de serviços privados sem licitação.

As ONGs se transformaram nos principais veículos de assalto ao dinheiro público. Todos os partidos, mas muito especialmente os de esquerda, recorrem a elas para, na prática, embolsar em proveito da máquina partidária o dinheiro que deveria chegar aos cidadãos. Uma equipe de repórteres deveria investigar quanto, oficialmente, os diversos ministérios do governo Lula repassaram a ONGs nos últimos quatro anos — ou nos últimos oito. Achei números de 2003 a 2007: R$ 12,6 bilhões! Trata-se de uma soma espantosa de dinheiro. Até este 2011, já com Dilma no comando, é provável que este volume tenha duplicado. Para vocês terem uma idéia, o Bolsa Família custou em 2010 pouco mais de R$ 13 bilhões; atinge direta ou indiretamente perto de 40 milhões de pessoas. Onde foi parar aquela soma fabulosa repassada às ONGs? Viraram serviço para a população? Para quantas pessoas?

Larápios haverá sempre. A questão é como coibir a sua ação. “Convênio” remunerado entre entes estatais e ONGs deveriam ser simplesmente proibidos, pouco importando a sua natureza. “Ah, mas isso prejudicaria também os decentes…” Não se incomodem. Os decentes darão um jeito de fazer o seu trabalho porque conseguirão se financiar na sociedade, caracterizando, então, uma ONG de verdade.

Alguém dirá: “Ah mas você se fixa numa questão periférica.” Uma ova! Vejam lá o volume de recursos. Bilhões estão saindo dos cofres públicos para enriquecer vigaristas e financiar partidos políticos.