Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
Ainda a deterioracao do cenario economico - Roberto Macedo
Deterioração da balanca comercial, caminhando para crise de transações correntes - Miriam Leitao
A segunda matéria, uma entrevista, exemplifica o tipo de manobra contábil, de maquiagem estatística a que um governo notoriamente ruim está recorrendo para não apresentar um cenário imediatamente ruim, que poderia se traduzir numa avaliação para baixo do Brasil pelas agência de rating, ou seja, de classificação de risco. Sem essa mistificação da "exportação" de plataformas de petróleo, que não saíram do Brasil, e foram "vendidas" para uma sucursal da Petrobrás no exterior e novamente "algugadas" pela companhia brasileira, ou seja, uma mentira.
=========
Preocupa muito. Apenas três produtos representam 90% do que é exportado para a China: minério de ferro, soja e petróleo. O valor médio da soja em 2013 foi de US$ 535. Para 2014, o projetado é US$ 490. É uma redução na receita. Existe também o risco de o preço do minério de ferro cair, pois há excesso de capacidade de produção de aço na China. Além disso, a atividade lá mostrou pequena desaceleração. Todas as demais commodities devem ter preços em queda este ano. Em linhas gerais, há uma perspectiva de queda tanto na receita quanto na quantidade exportada. Preocupa. É rezar, rezar e rezar em mandarim.
O superávit tem de crescer. Temos de elevar as exportações de petróleo em 50%, ou teremos problemas. Nossa previsão é de que as exportações caiam 1% e as importações, 3%. A taxa de câmbio mais alta deve inibir algumas importações, mas não todas, e necessariamente não vai estimular as exportações. As commodities, por exemplo, não dependem do câmbio. Na Argentina, é possível que haja restrições, com risco de queda nas exportações. O mundo também não está comprando muito, e o Brasil ainda é caro.
Economia brasileira: a lenta deterioracao causada pela politica companheira - Rubem de Freitas Novaes
Brazil in 2014: A change in the official policies? - Paulo Sotero (CNN)
Brazil in 2014: Will Rousseff change course?
Mercosur/Mercosul: ya se fue al brejo la vaca, hermano - Rodrigo Botero Montoya
| |||
| |||
O Mercosul, como esquema de integração regional, atravessa um mau momento. As negociações para lograr um acordo de livre comércio com a União Europeia, que já levam mais de dez anos, ainda não estão concluídas. As discrepâncias entre os países membros serviram de obstáculo à efetiva liberalização do comércio recíproco. A institucionalidade do Mercosul não se recuperou da decisão tomada em julho de 2012 pelos presidentes de Argentina, Brasil e Uruguai de suspender o governo do Paraguai para incorporar a Venezuela. Foi violado o requisito de unanimidade dos países membros para admitir novos sócios conforme estipula o Tratado de Assunção, que constituiu o organismo regional. A direção em que se está movendo a economia mundial ameaça relegar o Mercosul a um papel marginal e anacrônico. Não é um ator relevante no comércio internacional. Tampouco constitui um exemplo exitoso de conformação de um mercado ampliado, regido pela mesma normativa comunitária. As dificuldades atuais são o resultado de falhas no desenho institucional e de decisões questionáveis em matéria de política comercial. A experiência demonstrou que teria sido preferível tratar de integrar economias diferentes por meio de um acordo de livre comércio. Ter optado pelo formato de uma união aduaneira com uma tarifa externa comum alta levou a estimular as violações de normas e as fricções comerciais entre os países membros. A inclinação protecionista do Mercosul foi prejudicial. Na IV Cúpula das Américas, celebrada em Mar del Plata em novembro de 2005, os presidentes de Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela se opuseram ao estabelecimento da Área de Livre Comércio das Américas, Alca, iniciativa que contava com o apoio dos governos de 29 países. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, se ufanava do triunfo que representava ter enterrado a Alca. Em retrospectiva, a vitória resultou menos contundente do que se pensava. O que propunha a Alca foi se realizando de forma gradual e seletiva. Para o regime venezuelano, rechaçar a Alca oferecia benefícios políticos a baixo custo, dada sua aversão ao livre comércio e ao predomínio do petróleo em sua pauta exportadora. Ao inverso, para outras nações latino-americanas, o acesso privilegiado de suas manufaturas e produtos agropecuários aos mercados de países desenvolvidos é um objetivo desejável. Isto explica os acordos de livre comércio que México, Colômbia, Chile e Peru subscreveram com Canadá, Estados Unidos, União Europeia e países da região Ásia-Pacífico. Transcorridos mais de 20 anos de existência, o Mercosul experimenta uma crise existencial. Para superá-la, se requer mudanças significativas. Argentina e Venezuela estão restringindo as importações devido a desequilíbrios macroeconômicos. O arranjo institucional, que deveria ter fornecido aos países membros uma plataforma para se projetar ao mundo exterior, converteu-se num fator de discórdia. Por força disso, caberá ao governo do Brasil a responsabilidade de reinventar o Mercosul, se desejar salvá-lo da irrelevância. Caberá ao governo do Brasil a responsabilidade de reinventar o mercado comum, se desejar salvá-lo da irrelevância Rodrigo Botero Montoya é economista e foi ministro da Fazenda da Colômbia |
Mercosul/Mercosur: la vaca fue hacia el brejo, hermano, y de alli no sale; los empatanadores -- Editorial Estadao
1) O primeiro Secretário-Geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, que nos seus sete anos de gestão sempre foi não apenas tolerante, como também conivente, cúmplice, justificador e acobertador das transgressões argentinas contra os tratados e regras do Mercosul, e também contra os compromissos dos dois países no Gatt e na OMC; ele foi o primeiro propositor dessas ilegalidades;
2) O presidente Lula, que atuou CONTRA os interesses da indústria nacional, aceitando essas ilegalidades.
Ambos são responsáveis por esse crime contra a economia nacional.
Não sei como e por que continua, mas continua...
Paulo Roberto de Almeida
Comércio sob a lei de Cristina
A frase do dia: inteiramente dedicada ao Brasil (involuntariamente), por Lord Acton
Cinco grandes livros que vc nao corre o risco de ouvir falar nauniversidade - Diogo Costa
5 grandes livros que você não estudou na escola
Mais algumas para a serie "O Estado como principal fora-da-lei" - LuizFelipe Ponde
Moral da história
Folha de S.Paulo, 09/12/2013
Imaginem uma jovem empresária cheia de vida e fé no seu negócio. Isso aconteceu alguns anos atrás, hoje ela se transformou numa cética com relação ao valor da atividade do pequeno e médio empresário brasileiro, porque acha que só ingênuo e mal informado dá emprego no Brasil.
Um dia sua loja de produtos finos foi assaltada em plena luz do dia. Ela e sua sócia tiveram suas vidas ameaçadas. Vários talões de cheques da empresa roubados do cofre. Não tinha muito dinheiro em "cash", por sorte.
Na sequência, se inicia a via crúcis para cancelar os talões e fazer o BO. Horas em delegacias com funcionários que complicavam as coisas com clara intenção de, quem sabe, garantir um "extra".
Alguns dias depois, a dona de um pequeno restaurante fora de São Paulo liga para elas dizendo que um grupo grande de homens havia passado um cheque de sua empresa como pagamento de uma festa que eles tinham dado no restaurante dela. Nossa jovem empresária, prontamente, informa à mulher que a loja tinha sido assaltada, que esses talões estavam cancelados e que tinha a documentação necessária para comprovar o relato, e, portanto, sentia muito, mas o cheque não tinha qualquer valor.
Claro que a dona do pequeno restaurante não quis saber e "pôs elas no pau". Foram obrigadas a depositar em juízo. Quando da audiência, após apresentar toda a documentação, o juiz decidiu que sim, elas deveriam pagar o cheque.
Quando questionado em sua decisão (já que elas tinham sido vítimas de um assalto!), o juiz as ameaçou dizendo que, caso não aceitassem a decisão, o processo se alongaria e sairia mais caro para elas. Ao ser indagado acerca da injustiça que ele cometia ao obrigá-las a pagar por um gasto que não fizeram, o juiz soltou a pérola de costume: "As senhoras são ricas, podem pagar por isso".
Eis o juiz fazendo caridade com a grana alheia. Comunista gosta de distribuir o dinheiro dos outros. No Brasil, muitos juízes acham que devem fazer (in)justiça social com as próprias mãos.
Moral da história: as empresárias foram roubadas duas vezes, uma pelos ladrões, outra pelo Estado.
Outro caso. Funcionário rouba o patrão. Ele demite o funcionário por justa causa. Abre processo na Justiça comum contra o funcionário. O juiz do trabalho decide que o patrão deve pagar "todos os direitos trabalhistas" do funcionário sob alegação de que uma coisa é roubar, outra é ser demitido. Risadas? Claro, o juiz do trabalho argumentou que as duas Justiças "não se comunicam" e que os direitos trabalhistas são inquestionáveis.
A questão é: afinal, roubar não seria causa suficiente para você demitir alguém? O problema é que cá nestas terras demitir é crime. O Brasil é mesmo o fim da picada.
Moral da história: o empresário foi roubado duas vezes, uma pelo funcionário ladrão, outra pelo Estado.
Mais um. Jovem empresário de uma cidade em outro Estado faz uma reforma na fachada de sua loja. Fica muito bonita. Dias depois, roubam quase tudo dessa fachada.
No Brasil, tudo é roubável. A fachada fica destruída. Passados poucos dias, aparece aquele cara chamado "fiscal da prefeitura". O "amigo" avisa ao empresário que vai lhe passar uma bela multa, a não ser que ele seja razoável. O jovem empresário, munido da fé comum daqueles que creem que escândalos com fiscais é coisa rara, argumenta e apresenta documentação provando a destruição criminosa e o roubo. Não adianta, o "representante do bem público", leia-se, o fiscal, lhe apresenta uma multa enorme.
Moral da história: o jovem empresário foi roubado duas vezes, uma pelo ladrão, outra pelo Estado.