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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 12 de novembro de 2022

Economia do Brasil: os principais indicadores - Ricardo Bergamini

 Sem considerar números, gráficos e tabelas todas as verdades são absolutas, basta escolher uma delas (Ricardo Bergamini).

 

Prezados Senhores

 

Sejam de esquerda ou de direita: todos vão pagar a conta pelo estado de putrefação econômica, social, política e ética do Brasil. Cada um que escolha o culpado de sua preferência, com base nos indicadores abaixo. 

 

Não entendo, como se pode apoiar um governo, sem  ajudar a divulgar as suas informações oficiais. Não há necessidade de notícias falsas, com o volume de informações divulgadas diariamente pelo governo. O Brasil é um manicômio amplo, geral e irrestrito.

 

Indicadores macroeconômicos do Brasil, sem ideologia

 

Base: Setembro de 2022

1 - Efeito do Depósito Compulsório e dos Créditos Subsidiados na Taxa de Juros de Mercado (BCB)

Em setembro de 2022, o custo médio de rolagem da dívida interna da União, em poder do mercado, foi de 10,80% ao ano, e ninguém consegue explicar o motivo pelo qual a taxa média de mercado do crédito livre, no mês de setembro de 2022, estava em 40,4% ao ano, ou seja: 3,74 vezes maiores. Ficando a impressão de que os bancos são os ladrões dessa fortuna, quando na verdade é o próprio governo. 

2 - Estoque da Dívida Líquida da União (ME)

 

Em 2010, o estoque da dívida líquida da União (interna mais líquida externa) era de R$ 2.388,0 bilhões (61,46% do PIB). Em dezembro de 2018 era de R$ 5.671,4 bilhões (80,97% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 31,74%, comparativamente a dezembro de 2010. Em setembro de 2022, migra para R$ 7.796,7 bilhões (83,55% do PIB). Aumento real em relação ao PIB de 3,19%, comparativamente a dezembro de 2018.

3 - Estoque da Divida Consolidada do Governo Geral – Governo Federal, o INSS e os governos estaduais e municipais (BCB) 

Em 2010 o estoque da dívida do governo geral consolidada era de R$ 2.011,5 bilhões (55,0% do PIB). Em dezembro de 2018 era de R$ 5.272,0 bilhões (76,7% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 39,45%. Em setembro de 2022 migra para R$ 7.256,6 bilhões (77,1 % do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 0,52% comparativamente ao ano de 2018.

 

4 -  Taxa de Investimento (IBGE)

1 – No 2º trimestre de 2013, a taxa de investimento foi de 21,1% do PIB. No 2º trimestre de 2022, a taxa de Investimento foi de 18,7% do PIB. Redução de 11,37% em relação ao PIB. 

 

5 - Taxa de Poupança (IBGE)

 

2 – No 2º trimestre de 2008, a taxa de poupança bruta foi de 20,3% do PIB. No 2º trimestre de 2022, a taxa de poupança bruta não foi divulgada.

 

6 - IPCA (IBGE)

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro foi de -0,29%, terceiro mês seguido de deflação. Foi a menor variação para um mês de setembro desde o início da série histórica. No ano, o IPCA acumula alta de 4,09% e, nos últimos 12 meses, de 7,17%, abaixo dos 8,73% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2021, a variação havia sido de 1,16%.

 

7 - IPP (IBGE)

Em setembro, os preços da indústria caíram 1,96% frente a agosto. O acumulado no ano chegou a 5,87% e o acumulado em 12 meses a 9,76%. Os preços de 13 das 24 atividades industriais investigadas tiveram variações positivas ante o mês anterior.

 

8 - Saldo de Caixa em Moedas Estrangeiras (BCB)

 

Saldo de caixa em moeda estrangeira em setembro de 2022 era de US$ 327,6 bilhões, e a dívida externa bruta em moeda estrangeira de US$ 660,1 bilhões. Com saldo devedor de US$ 332,5 bilhões. 

 

Caso seja utilizado o saldo de caixa, aumentará a dívida líquida da União.

 

9 - Pesquisa Mensal de Comércio (IBGE)

 

Em setembro de 2022, o volume de vendas do comércio varejista ficou 3,6% abaixo do nível recorde da série ocorrida em outubro de 2020.

 

Em setembro de 2022, o volume de vendas do comércio varejista ampliado ficou no patamar de 6,9% abaixo do recorde alcançado em agosto de 2012.

 

10 - Variação do PIB (IBGE)

O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,2% no segundo trimestre de 2022, comparado ao trimestre anterior, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo trimestre de 2021, o PIB cresceu 3,2%. No acumulado dos quatro trimestres terminados em junho de 2022, o PIB cresceu 2,6%, comparado aos quatro trimestres imediatamente anteriores. No ano, o PIB acumula alta de 2,5%.

 

11 - Pesquisa Industrial Mensal (IBGE)

Em setembro de 2022, a produção industrial nacional caiu 0,7% frente a agosto, na série com ajuste sazonal, segunda taxa negativa consecutiva. Frente a setembro de 2021, na série sem ajuste, a indústria cresceu 0,4%. No ano, a indústria acumula queda de 1,1% e, em 12 meses, queda de 2,3%.

 

12 - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (IBGE)

 

Base: Trimestre encerrado em setembro de 2022

 

taxa de desocupação (8,7%) do trimestre móvel de julho a setembro de 2022 recuou 0,6 ponto percentual (p.p.) ante o trimestre de abril a junho de 2022 (9,3%) e 3,9 p.p. frente ao mesmo período de 2021 (12,6%). A população desocupada (9,5 milhões de pessoas) caiu ao menor nível desde o trimestre terminado em dezembro de 2015, recuando 6,2% (menos 621 mil pessoas) no trimestre e 29,7% (menos 4,0 milhões) no ano.

 

população fora da força de trabalho (64,7 milhões de pessoas) permaneceu estável ante o trimestre anterior e recuou 1,1% (menos 727 mil pessoas) no ano.

 

taxa de informalidade foi 39,4% da população ocupada, contra 40,0% no trimestre anterior e 40,6% no mesmo trimestre de 2021. O número de trabalhadores informais chegou a 39,1 milhões.

 

De um total de 173,5 milhões de pessoas em idade de trabalhar existem apenas 99,3 milhões de pessoas ocupadas, sendo 39,1 milhões de pessoas na informalidade, ou seja: o Brasil possui apenas 60,2 milhões de cidadãos, o resto é miserável dependente de esmola.

 

13 - Política Fiscal (BCB)

 

No acumulado em doze meses até dezembro de 2018, registrou-se déficit fiscal primário de R$ 108,3 bilhões (1,57% do PIB), No acumulado em doze meses até setembro de 2022, registrou-se superávit fiscal primário da ordem de R$ 181,4 bilhões (1,93% do PIB), Redução real em relação ao PIB de 222,93%, comparativamente ao acumulado em doze meses até dezembro de 2018. 

 

No acumulado em doze meses até dezembro de 2018, os juros nominais alcançaram R$ 379,2 bilhões (5,52% do PIB). No acumulado em doze meses até setembro de 2022, os juros nominais alcançaram R$ 592,0 bilhões (6,29% do PIB).Aumento real em relação ao PIB de 13,95%, comparativamente ao acumulado em doze meses até dezembro de 2018.

 

No acumulado em doze meses até dezembro de 2018, o déficit fiscal nominal alcançou R$ 487,5 bilhões (7,09% do PIB). No acumulado em doze meses até setembro de 2022, o déficit fiscal nominal alcançou R$ 410,6 bilhões (4,36% do PIB). Redução real em relação ao PIB de 38,50%, comparativamente ao acumulado em doze meses até dezembro de 2018.

 

14 - Política Monetária (BCB)

 

Em setembro de 2022 o volume de operações de crédito foi de R$ 5.176,8 bilhões (55,0% do PIB), sendo:

            

- 59,82% do total - R$ 3.097,0 bilhões (32,9% do PIB) com recursos livres com juro médio de 40,4 % ao ano. 

 

- 40,18% do total – R$ 2.079,8 bilhões (22,1 % do PIB) com recursos direcionados concedidos por bancos públicos (CAIXA, BB, BNDES) com juro médio de 10,4% ao ano. 

 

A taxa média de juros das operações contratadas em setembro de 2022 alcançou 28,6% a.a.

 

15 - Pesquisa Mensal de Serviços (IBGE)

 

Em setembro de 2022, o volume de serviços no Brasil cresceu 0,9% frente a agosto, na série com ajuste sazonal. O setor de serviços se encontra 11,8% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e alcança o novo ponto mais alto da série histórica, superando novembro de 2014.

 

16 - Balanço de Pagamentos (BCB)

 

Série história do saldo das transações correntes com base na média/ano foi como segue: Governo FHC (1995/2002) – déficit de US$ 23,4 bilhões = -3,31% do PIB; Governo Lula (2003/2010) – déficit de US$ 6,6 bilhões = -0,52% do PIB; Governo Dilma/Temer (2011/2018) – déficit de US$ 48,2 bilhões = -2,20% do PIB; governo Bolsonaro (2019/2021) - déficit de US$ 30,5 bilhões = -1,85% do PIB.  O déficit em transações correntes nos doze meses encerrados em setembro de 2022 somou US$ 46,2 bilhões (-2,56% do PIB),

17 - Movimentações Financeiras das Contas Externas do Brasil (BCB)

 

De 1995 até 2002 (FHC) o Brasil gerou uma saída líquida (fuga) de US$ 22,2 bilhões; de 2003 até 2010 (Lula) o Brasil gerou uma entrada líquida (captação) de US$ 210,5 bilhões; de 2011 até 2018 (Dilma/Temer) o Brasil gerou uma entrada líquida (captação) de US$ 65,7 bilhões; de 2019 até setembro/22 (Bolsonaro) o Brasil gerou uma saída líquida (fuga) de US$ 49,2 bilhões. 

 

18 – Relatório Bimestral de Receitas e Despesas (ME)

 

Na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2022, a previsão de crescimento econômico para o ano era de 2,10%. No 4º bimestre de 2022, a previsão de crescimento econômico aumentou para 2,70%.

 

Na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2022, o resultado primário previsto foi de déficit para o ano de R$ 76,2 bilhões. No 4º bimestre de 2022, o resultado primário previsto para o ano migou para superávit de R$ 13,5 bilhões.

 

19 – Principais indicadores de juros e inflação (IBGE/ME/BCB/FGV)

Para manter a inflação do IPCA em 7,17% ao ano custou, no acumulado em doze meses até setembro de 2022, juros de R$ 592,0 bilhões (6,29% do PIB).

 

IPCA nos últimos doze meses, até setembro de 2022, foi de 7,17% ao ano (inflação da primeira classe, a turma dos 40 salários mínimos).

 

IGPM nos últimos doze meses, até setembro de 2022, foi de 8,25% ao ano (inflação real do mercado).

 

IPP nos últimos doze meses, até setembro de 2022, foi de 9,76% ao ano (inflação dos produtores).

 

Taxa de juros SELIC, em setembro de 2022, foi de 13,75% ao ano. 

 

Taxa de juros de longo prazo (rolagem da dívida do governo), em setembro de 2022, foi de 10,47 % ao ano.

 

Taxa de juros para devedores de segunda classe em  setembro de 2022, foi de 40,4% ao ano. 

 

Taxa de juros para devedores de primeira classe, em setembro de 2022, foi de 10,4% ao ano.

 

20 - Resultado Previdenciário Total da União (ME)

 

Em 2018, gerou déficit previdenciário de R$ 287,5 bilhões (4,10% do PIB). Nos últimos doze meses até setembro de 2022 migrou para déficit previdenciário da ordem de R$ 365,3 bilhões (3,88% do PIB). Redução real em relação ao PIB foi de 5,37% comparado ao ano de 2018. 

21 – Dívidas dos estados e municípios, não pagas, e honradas pela União (ME)

 

Até setembro de 2022, foi honrado pela União o montante de R$ 6,7 bilhões de dívidas, não pagas, dos estados e municípios, conforme quadro demonstrativo abaixo.

 

De 2016 até setembro de 2022, a União teve que honrar pagamento das dívidas, não pagas, dos estados e municípios, constantes do quadro demonstrativo abaixo, no montante de R$ 48,6 bilhões. 

 

22 - Diferença entre juros SELIC e juros de longo prazo (BCB)

 

Existe a taxa de juros SELIC divulgada periodicamente pelo Banco Central, destinada às operações de mercado de curto prazo, ou seja: é uma taxa de referência para um dia, que em setembro de 2022 estava em 13,75% ao ano.

 

A outra taxa de juros é a de longo prazo negociada, pelo Banco Central, com grandes investidores, que nos doze meses até setembro de 2022 foi de 10,47% ao ano. Sendo de 10,80% ao ano para a dívida interna em poder do mercado, e 3,17% ao ano para a dívida externa. 

 

Nos últimos doze meses, até setembro de 2022, os investidores estão ganhando 3,30% ao ano em seus investimentos no Brasil.

 

23 -  Saldo da Balança Comercial (BCB)

 

Até setembro de 2022, o Brasil exportou US$ 253,7 bilhões e importou US$ 206,0 bilhões, gerando um saldo na balança comercial positivo para o Brasil de US$ 47,7 bilhões. Cabe lembrar que 50,94% do saldo positivo foram obtidos com a China.

 

Até setembro de 2022, o Brasil exportou para a China US$ 69,9 bilhões e importou US$ 45,5 bilhões, gerando um saldo na balança comercial positivo para o Brasil de US$ 24,3 bilhões.

 

Até setembro de 2022, o Brasil exportou para os Estados Unidos US$ 27,9 bilhões e importou US$ 39,6 bilhões, gerando um saldo  na balança comercial negativo para o Brasil de US$ 11,7 bilhões.

 

24 – IGPM (FGV)

 

Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) cai 0,95% em setembro, após queda de 0,70% no mês anterior. Com este resultado o índice acumula alta de 6,61% no ano e de 8,25% em 12 meses. Em setembro de 2021, o índice havia caído 0,64% e acumulava alta de 24,86% em 12 meses.   

 

25 - Composição do PIB Brasileiro (IBGE)

No 2º trimestre de 2022, a composição do PIB foi como segue: R$ 167,7 bilhões (6,98%) na agropecuária; R$ 475,6 bilhões (19,78%) na indústria; R$ 1.428,5 bilhões (59,42%) nos serviços e R$ 332,2 bilhões (13,82%) em impostos. Totalizando um PIB de R$ 2.404,0 bilhões (100,00%)

 

Conclusão: 16,02% do PIB brasileiro são impostos sobre produtos (13,82%), além de 2,20% de inflação pelo IPCA. 

 

Ricardo Bergamini

ricardobergamini@ricardobergamini.com.br

www.ricardobergamini.com.br

A política externa no 2º turno na campanha presidencial - Paulo Roberto de Almeida

Um outro trabalho, de respostas a jornalista sobre o papel dos temas diplomáticos entre o primeiro e o segundo turno das eleições, que também tinha permanecido inédito nesse período.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 12/11/2022

A política externa no 2º turno na campanha presidencial

  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Respostas a questões de repórter da mídia brasileira.

Brasília, 18 de outubro de 2022.

 

 

1.  Os temas de política externa estão mais presentes nesta eleição do que em eleições anteriores? Por quê?

PRA: O mundo vive uma situação anormal, com sequelas ainda subsistentes da pandemia, mas sobretudo com o impacto da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. Não se pode descartar, tampouco, a influência anterior do conservadorismo vinculado ao trumpismo e a diversos movimentos na Europa, de crescimento dos partidos de direita e de grupos identificados com o antimultilateralismo e antiglobalismo. Bolsonaro, e muitos dos que o seguem, pertencem a esse universo mental trumpista e conservador, ainda que essa influência tenha diminuído com a derrota de Trump em 2020. O encarecimento do petróleo e o lado crucial da crise energética e alimentar em decorrência de todos esses eventos e processos também respondem pelo maior impacto da agenda mundial na campanha no Brasil.

 

2.  Quando esses temas internacionais entram no debate (preservação da Amazônia, convites para o G7, repressão aos padres na Nicarágua, refugiados venezuelanos), eles favorecem mais qual candidato? Por quê?

PRA: Temas vinculados às ditaduras latino-americanas e o apoio que os governos do PT lhes concederam no passado atuam diretamente em detrimento da campanha de Lula, e isso vem sendo explorado habilmente por Bolsonaro, ao passo que Lula fica restringido ao responder a essas questões porque, DE FATO, o PT se aliou a essas execráveis ditaduras. Não se sabe se numa próxima presidência Lula esse apoio continuaria, daí a fraqueza evidente da campanha de Lula de se demarcar desse legado extremamente negativo.

Por outro lado, temas ambientais, de direitos humanos, vinculados a minorias de maneira geral podem ser explorados em favor do candidato Lula, em detrimento de Bolsonaro, que é notoriamente contrário a TODOS os temas sociais, ambientais e de respeito às liberdades democráticas, igualdade de gênero e questões afins não só na agenda interna, do Brasil, mas também na agenda externa, dos organismos multilaterais. O desmatamento na Amazônia, a devastação nos territórios indígenas, o apoio direto e indireto que Bolsonaro empresta a grupos de madeireiros e garimpeiros podem ser utilizados pelo candidato Lula contra seu adversário no resto da campanha. É notório que existe um enorme fosso entre um e outro, nos temas sociais e ambientais e na postura em face de ditaduras de esquerda, e cada lado tende a explorar o que lhe convém.

 

3.  Esses temas internacionais podem mudar o voto dos brasileiros? Ou eles só entram como parte da agenda de costumes (medo do comunismo, da legalização das drogas)?

PRA: Dificilmente temas externos mobilizam o grosso do eleitorado brasileiro, que só tende a reagir em face de impactos vindos de fora – preço dos combustíveis, inflação mundial, etc. –, e existe muita mistificação, e até mesmo FRAUDE, na exploração ao temor quanto a um regime comunista no Brasil, constantemente agitado pelo candidato da extrema direita. Bolsonaro sabe que não existe nenhum risco de o Brasil ser levado ao comunismo, e sua insistência no tema só revela má-fé e desejo de conquistar o eleitorado pela MENTIRA!

 

4.  Se Lula ganhar, como será seu governo nessa área internacional?

PRA: Nos primeiros três governos e meio do PT a política externa foi dominada em parte pelo partido, com seu antiamericanismo tradicional e por uma postura tipicamente terceiro-mundista nos foros multilaterais. Presume-se que pelas alianças já feitas e pelos apoios que tem recebido de economistas liberais, e pelos avanços em direção ao agronegócio e industriais em geral, sua política externa terá contornos mais alinhados com os padrões mais tradicionais da diplomacia profissional, mas a incógnita permanece. Nos mandatos de Lula, para compensar a política econômica conservadora, a política externa foi entregue aos militantes da base, e a diplomatas antiamericanos; não se sabe se num eventual novo mandato a mesma postura será seguida, pois a política econômica terá de ser necessariamente moderada e alinhada com interesses nacionais mais relevantes. Cabe verificar o que será feito do BRICS – hoje dominado mais do que nunca pela China –, que é uma construção dos mandatos de Lula, e como o terceiro-mundismo do PT será absorvido, controlado ou ainda predominante.

 

5.  E Bolsonaro? Seguirá na mesma toada? Ele manterá Carlos França como chanceler?

Bolsonaro sempre preferiu se cercar de ministros servis, sem personalidade própria, e isso ocorreu com os dois chanceleres de seu mandato 2019-2022; a política externa, hoje, não está mais entregue ao bando de lunáticos antiglobalistas que a controlou entre 2019 e março de 2021, mas o próprio presidente costuma dar o tom direitista a suas alianças externas, o que já isolou o Brasil tremendamente no plano internacional. O principal handicap tem sido com a Europa, no plano ambiental, social e humanitário, e desde este ano, com a Europa e os EUA na questão da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. Paradoxalmente, o apoio implícito a Putin e à Rússia mais une Bolsonaro e Lula do que os separa: esse fator será decisivo nos próximos meses de guerra e de discussões internacionais. Mais uma vez, o BRICS é uma âncora muito pesada nesse tema.

 

6.  Bolsonaro falava da China em 2018, mas agora esqueceu o assunto. Como ele e Lula lidariam com os chineses em caso de vitória nas urnas?

Bolsonaro é facilmente controlável pelo agronegócio e pelos donos do capital, e não insistirá mais na agenda ideológica da franja lunática do primeiro período, no qual a China era o demônio comunista. Essa bobagem não mais voltará. Portanto, business as usual. A China – e o imenso superávit comercial por ela permitido – é ESSENCIAL para QUALQUER GOVERNO BRASILEIRO; sem ela nosso déficit de transações correntes aumentaria muito. E isso não tem nada a ver com agenda política, mas é puro comércio exterior. Ambos precisam ser pragmáticos nesse terreno, portanto.

Mas Lula terá um trânsito político e diplomático muito mais amplo com a China, ainda que seja constrangido pelo protecionismo tradicional de nossos industriais. O Brasil é um dos países que mais aplicam antidumpings contra produtos chineses, muito deles puramente abusivos. Ainda que Lula tivesse prometido conceder o status de economia de mercado à China EM 2003, ele nunca concretizou essa intenção, barrado pela FIESP-CNI.

A questão seria saber como evoluiria o BRICS, que a China quer ampliar e transformar em verdadeira organização internacional, uma espécie de contraparte à OCDE. A grande dúvida é como Lula reagiria em face dessa proposta, e das recomendações da própria OCDE, nas áreas de liberalização comercial e abertura econômica.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4256: 18 outubro 2022, 3 p.

 

Uma previsão sobre a diplomacia de Lula 3, feita em junho de 2022 - Paulo Roberto de Almeida

 Em meados de junho do corrente ano, eu ensaiava algumas hipóteses sobre o que seria, qual seria a diplomacia do presidente eleito Lula, em outubro. O texto permaneceu inédito desde então. Coloco-o à disposição agora, em novembro de 2022, com Lula já eleito e tendo algumas indicações de qual seria a sua política externa, mas sem reler o texto ou fazer qualquer observação adicional. 

Cabe aos leitores apreciar sua validade continuada.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 12 de novembro de 2022


Um Lula 3 na política externa: o nunca antes all over again?

  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Nota sobre os desafios de um novo governo Lula no âmbito da diplomacia).

Brasília, 4169: 12 de junho de 2022.

 

 

Admitindo-se a vitória de Lula no 1º ou no 2º turno das eleições de outubro de 2022 e sabendo que seu principal conselheiro em política externa continua sendo o ex-chanceler Celso Amorim, quais poderiam ser as grandes linhas da diplomacia de Lula em seu terceiro mandato? Para responder a essa pergunta, cabe em primeiro lugar traçar as principais características do cenário internacional a partir de 2023 (até, previsivelmente, 2026), as tendências prováveis no plano regional, para, em segundo lugar, tentar adivinhar quais seriam as iniciativas e esforços diplomáticos a serem deslanchados por esse novo governo desde o final deste ano e, sobretudo, a partir de sua inauguração em janeiro de 2023.

 

O cenário internacional será ainda marcado – não se sabe por quanto tempo mais – pelo prosseguimento de hostilidades na Ucrânia e, portanto, com impasses relativamente duráveis nas relações entre as principais potências apoiadoras do atual governo da Ucrânia, por um lado, e a Rússia, por outro lado, com o apoio mais ou menos discreto da China, assim como a continuidade da posição indefinida dos demais Brics, seja Brasil, Índia e África do Sul. Em outros termos, a impossibilidade prática de diálogo, seja no plano multilateral, seja no contexto regional ou bilateral, entre os contendores e seus apoiadores tende a assegurar a continuidade da tensão atual nas relações internacionais, com escolhas difíceis a serem feitas pelos países diretamente envolvidos, assim como pela comunidade internacional em geral. Se os EUA continuarem com seu projeto impossível de “conter a China”, o cenário poderá se agravar ainda mais, com aumento das tensões bilaterais e seus reflexos regionais e no plano multilateral; ou seja, estamos embarcando num cenário de tensões e fricções contínuas.

No plano regional, o mais provável é a continuidade da “desintegração”, ou seja, a difícil reconstrução de instâncias e mecanismos de consulta e coordenação em vista de visões distintas na América do Sul, e mesmo na América Latina, quanto a quais instrumentos se deveria apelar (Celac, Unasul reconstruída?) ou tentar reconstruir para essa tarefa. As razões principais estão na grande diferenciação de orientação política dos diferentes governos, vários com muitas dificuldades internas, o que torna difícil o estabelecimento de uma plataforma mínima, consensual, de entendimento quanto aos instrumentos regionais que deveriam ser colocados em marcha. Esse processo requereria estadistas suficientemente capazes, e legítimos, para tal tipo de empreendimento, o que não é certo que surjam. Na fase anterior, havia certo número de líderes políticos nacionais – Lula, Chávez, Kirchner, Morales, Correa, e alguns outros – capazes de dialogar e mobilizar consensos, o que não é certo que se obtenha a partir de 2023, mesmo com o retorno de Lula ao poder: ele dialogaria com quem exatamente? Os calendários eleitorais e a fragmentação dos velhos partidos nacionais tendem a criar uma atmosfera pouco propícia a grandes empreendimentos continentais. 

 

O que ocorrerá na diplomacia brasileira a partir da vitória de Lula, no começo ou no final de outubro de 2022? Conhecendo-se o personagem, é presumível que, passando a escolher seus principais assessores presidenciais, ele dê uma importância imediata à frente externa, com um discurso que pretende “resgatar” a imagem deteriorada do Brasil no cenário internacional por Bolsonaro, passando a dialogar com diversos líderes estrangeiros e até programando viagens externas nos dois últimos meses do ano. Teremos um documento-guia de política externa, formulado previsivelmente por Celso Amorim – com a interferência de alguns apparatchiks do PT, mas também personalidades da vida pública, dos meios políticos e empresários, para refletir o seu governo de “coalizão” – e a apresentação das principais linhas de sua política externa, feitas de revalorização dos antigos instrumentos criados por ele mesmo e seus assessores diplomáticos nos anos 2003-2010: Ibas, Unasul, Brics, parceria estratégica com a UE, visitas aos parceiros regionais (o que ainda é uma grande dúvida), iniciativas vinculadas à pobreza mundial, fome, desigualdade, etc. 

Pode ser que Celso Amorim prefira atuar a partir do Palácio do Planalto, e deixar a condução da diplomacia a cargo de um diplomata mais jovem seu aliado e amigo, com sua estreita orientação quanto aos principais dossiês das relações regionais, hemisféricas e multilaterais, com atenção especial aos grupos privilegiados. Lula possivelmente enviará mensagens ou emissários, antes mesmo da posse, aos líderes do Ibas, Brics (que se confundem, para todos os efeitos), talvez até aos saudosistas da Unasul, que talvez possa ser reconstruída em novas bases, já sem a preeminência perturbadora do chavismo ativo. Muito provável que Brasília se encha de líderes mundiais para a sua posse, o que será um excelente sinal de recuperação do antigo prestígio do Brasil sob o lulopetismo diplomático. Será a oportunidade para dialogar diretamente com alguns deles, e anunciar imediatamente viagens, visitas, programas, iniciativas e grandes demonstrações de trabalho conjunto e de recuperação de programas que ficaram “enterrados” sob Bolsonaro (como o Fundo Amazônia), o diálogo estratégico com a UE (e até o anúncio de retomada de negociações para colocar em vigor o acordo assinado em junho de 2019). Não se sabe bem o que Lula e Amorim dirão sobre a OCDE, mas o processo deve continuar, ainda que se anuncie uma “nova visão” sobre essa adesão e as condições do ingresso, em vista dos velhos preconceitos petistas.

Ao início, haverá menos pirotecnia ao estilo dos dois primeiros mandatos, tanto porque os cenários internacional e regional são mais complicados, e também porque Lula terá difíceis problemas pela frente a resolver no plano interno, a começar pela “herança maldita” que receberá no lado das contas públicas, com o agravamento do desequilíbrio fiscal e uma inflação ainda ultrapassando, e muito, o teto da meta. O cenário do Parlamento não será fácil de equacionar, assim como a persistência da fome e da miséria entre largos estratos da sociedade exigirão atenção máximo nas primeiras semanas e meses. 

Provavelmente se anunciará a retomada do “diálogo” com países africanos e árabes, e uma “reforma” do Mercosul, cujos contornos não parecem muito claros ainda. O lado mais difícil será o encaminhamento a ser dado ao problema da Ucrânia, tendo em vista as tomadas de posição claramente contra a Otan já publicamente feitas por Lula. Não é difícil continuar numa linguagem evasiva a esse respeito, na qual são peritos os diplomatas, assim como sobre as relações com os Estados Unidos, tendo em vista a “censura” pública de Lula a Joe Biden. Quanto à Argentina – qualquer que seja a situação do país, e quem seja o próximo presidente –, a mensagem será de total entendimento para um futuro comum de trabalho conjunto, assim como com os demais vizinhos, especialmente os governos progressistas (Chile, Bolívia, talvez Colômbia). 

Não existem grandes negociações em curso – nem na OMC, nem no FMI –, mas o governo Lula manterá suas prioridades no âmbito do Brics, das relações com os países africanos e, cada vez mais, com a China e outros asiáticos. Ele contará com a boa disposição da maior parte dos parceiros tradicionais no exterior, e poderá prometer que vai reverter TODAS as más políticas de Bolsonaro no terreno ambiental, no campo dos direitos humanos, do multilateralismo em geral (com destaque para OMS e OIT) e no sentido de construir uma América do Sul (Latina?) mais forte e mais unida para o relacionamento global. Ou seja, tem tudo para dar certo ao início, à condição que o ambiente internacional não se deteriore um pouco mais, presumivelmente por conta da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, o que obrigará o seu governo a algumas tomadas de posição bastante difíceis, tanto na ONU quanto bilateralmente (com EUA e UE, principalmente). 

Quanto ao Itamaraty, não deve passar por qualquer “expurgo”, ou “reconstrução”, o que já estará sendo feito nas últimas semanas de 2022, sob a orientação conciliadora de Celso Amorim e do chanceler designado, uma vez que os principais “barões” da Casa já estão sendo removidos para o exterior. Várias mudanças serão feitas nas chefias das principais embaixadas, o que absolutamente normal na rotina da Casa, sobretudo com mudanças de governos. Alguns “resistentes” ao bolsonarismo se manifestarão, ou serão indicados a postos de chefia na Casa e no exterior, e também se anunciará reforço na dotação orçamentária, assim como se fará, no plano interno, para ciência e tecnologia. Um grande alívio ocorrerá na Casa, enfim livre do horroroso chefe de Estado que emporcalhou o prestígio do Brasil em todos os quadrantes do globo (com exceção dos regimes de direita, que não mais disporão de portas abertas no Brasil, à exceção talvez de Putin, o que resta a ver). Entre outubro e janeiro, o Itamaraty ainda bolsonarista terá de processar dezenas de mensagens de congratulações ao novo presidente: não sabemos se enviará todas ao Palácio do Planalto.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4169: 12 junho 2022, 4 p.

 

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Russia-Ukraine War Briefing - New York Times

Do New York Times, 11/11/2022: 

Welcome to the Russia-Ukraine War Briefing, your guide to the latest news and analysis about the conflict.

By Carole Landry

Editor/Writer, Briefings Team

Get the latest updates here. Track the invasion with our maps.

Videos posted on social media showed crowds cheering Ukrainian soldiers in Freedom Square in Kherson, Ukraine.via Reuters

What’s next after Kherson

Ukrainian forces were greeted by cheering crowds as they entered Kherson today after Russia withdrew its forces from the southern city. Residents raised the Ukrainian flag in the main square in celebration.

The loss of Kherson, the only regional capital to be captured by Russia in nearly nine months of war, is a humiliation for Putin. Six weeks ago, he announced that Russia was annexing Kherson and three other regions of Ukraine and vowed that they would “forever” belong to Russia.

For Ukraine, the return of Kherson is one of its most significant victories of the war. President Volodymyr Zelensky said it was a “historic day.”

So what happens now? Despite this blow to Russia, analysts agree that the war is far from over. Here’s a look at what might lie ahead.

A flare-up in fighting: Gen. Sergei Surovikin, the commander of Russia’s forces in Ukraine, said the withdrawal would free up troops — thought to be among his army’s best trained and battle-hardened — to fight elsewhere on the front line. Andriy Zagorodnyuk, Ukraine’s former defense minister, expects an escalation in fighting in eastern Ukraine. “The only way Surovikin could realistically sell the idea of the Kherson retreat to Putin was by offering the promise of assured success in the east,” wrote Zagorodnyuk, now a fellow at the Atlantic Council, a research organization based in Washington. “Ukraine must therefore brace for a major escalation in the Donbas region in the coming weeks.”

A woman wept after Ukrainian troops entered Snihurivka, a town in the Kherson region.

Lynsey Addario for The New York Times

A winter war: Some U.S. officials have suggested that the fighting could slow down over the winter because conditions would be more difficult. That appears to be a point of contention among some analysts, who say that it is not in Ukraine’s interests to ease up. “Winter weather could disproportionately harm poorly equipped Russian forces in Ukraine, but well-supplied Ukrainian forces are unlikely to halt their counteroffensives due to the arrival of winter weather and may be able to take advantage of frozen terrain to move more easily than they could in the muddy autumn months,” the Institute for the Study of War wrote. Ukraine is about to receive an additional $400 million in U.S. military aid that includes air defense systems and cold weather gear.

Peace talks: Gen. Mark Milley, the chairman of the Joint Chiefs of Staff, has made the case in internal meetings that the Ukrainians have achieved about as much as they could reasonably expect on the battlefield before winter sets in, and should try to cement their gains at the bargaining table, reports Peter Baker, our chief White House correspondent. Other advisers to President Biden disagree. Some U.S. officials say that peace talks remain a distant prospect and that both sides think continued fighting will strengthen their eventual negotiating positions.

The endgame: Western and Ukrainian officials are starting to envisage what a stable conclusion to the war might look like, The Economist reports. Will Ukraine become a new Finland, forced to cede land and remain neutral? Or another West Germany, with its territory partitioned and its democratic half absorbed into NATO? Another template is Israel, which has been able to defend itself against hostile neighbors with extensive U.S. military support. Last night, Biden told reporters that the conflict would not be resolved “until Putin gets out of Ukraine.


O império contra-ataca - Elena Landau (O Estado de S. Paulo)

O império contra-ataca

Elena Landau

O Estado de S. Paulo11/11/2022


A transição foi iniciada, e com atraso. Faltam apenas 50 dias para a troca de comando.

Os apoios recebidos no segundo turno tornam inevitáveis diferentes perfis políticos compondo o grupo, a ser liderado por Alckmin. Mas há limites para a heterogeneidade de idéias.

Quando vi o quarteto para a economia, lembrei do Stanislaw Ponte Preta. "Moderna Teoria Monetária", "Nova Matriz Econômica", Estado intervencionista ou um sólido e coerente programa econômico com âncora fiscal. O que pode sair dessa Torre de Babel? Pelo que ouvimos de Lula nesta semana, não há motivos para otimismo. É cada vez mais urgente que o ministro da Economia seja anunciado, para que fique claro qual rumo será tomado.

Haverá espaço para a revisão do projeto petista? Deveria. Mas pouco provável. Lá está a volta a um passado que deu muito errado. Refinarias, indústria naval, reindustrialização, microprocessadores e bancos públicos. Só falta acabar com a TLP.

As etapas no debate da PEC da Transição estão trocadas. O valor do tal "waiver" só deveria ser discutido após a revisão do Orçamento. O atual, encaminhado por Bolsonaro, já prevê um déficit de R$ 60 bilhões e traz prioridades invertidas. Mantém desonerações para combustíveis, enquanto inviabiliza as áreas social e tecnológica.

É na discussão de um novo Orçamento que o futuro governo deveria incorporar seu programa, incluindo nele as promessas de campanha. Se houver espaço.

Só que Lula, enfim, disse o que pensa sobre a PEC: não aceita limites. Mostra que não aprendeu que, sem responsabilidade fiscal, as pessoas mais necessitadas são as que mais sofrem. O real perde valor, os juros sobem. Inflação e desemprego são sempre o resultado. Engana-se quem acha que é a Faria Lima que sai perdendo.

Não existe isso de que o volume de gastos não é o problema, basta "saber gastar". Esse filme a gente conhece, e não termina bem. A má alocação de recursos públicos é nossa tradição.

Todo político gosta de gastar. Lula dobrou a aposta. Quer liberdade para os "gastos do bem"; escolhidos por ele, claro. Se a cada restrição aos desejos dos governantes uma PEC for proposta, Orçamento e o planejamento perdem sentido.

Lula faz agora movimento oposto ao de 2002, quando tentou furar a bolha de pessimismo com a Carta aos Brasileiros. Assumiu e deu continuidade às políticas de FHC. Hoje, anuncia seu projeto Lula3. É governo do PT para o PT. E lá se vão esperanças de um governo de conciliação, compatível com os apoios que recebeu. As equipes de transição, pelo jeito, são só para inglês ver.

Elena Landau, economista e advogada elena.landau@eusoulivres.org


Gabinete de transição vai ter apoio diplomático para preparar engajamento de Lula no exterior - Pedro Nogueira (CNN)

Gabinete de transição vai ter apoio diplomático para preparar engajamento de Lula no exterior 

Equipe comandada por Audo Araújo Faleiro, assessor internacional da Presidência durante os governos do PT, também vai fornecer ao gabinete de transição informações sobre o calendário diplomático 

Pedro Nogueira, CNN, 11/11/2022

O diplomata Audo Araújo Faleiro lidera o trabalho de ligação entre o Itamaraty e o gabinete de transição. Os profissionais vão preparar as viagens de Lula, como a COP-27, no Egito, produzir documentos, incluindo respostas a chefes de estado estrangeiros, além de organizar a recepção de embaixadores e telefonemas com dignitários de outros países

A equipe também vai fornecer ao gabinete de transição informações sobre o calendário diplomático, com oportunidades estratégicas de engajamento do governo-eleito no exterior, e elencar assuntos administrativos que precisam de respostas rápidas no início da nova gestão.

Um dos primeiros compromissos do grupo de ligação foi o encontro com o Encarregado de Negócios da Embaixada do Egito, para preparar a logística da comitiva à conferência sobre mudanças climáticas. A reunião aconteceu no CCBB, na quarta (9).

Ministro de Segunda Classe da carreira diplomática, Audo Faleiro foi indicado por Celso Amorim, embaixador aposentado considerado o braço direito de Lula para assuntos internacionais. Amorim é também o diplomata que serviu por mais tempo no cargo de Ministro das Relações Exteriores, superando o Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira. O embaixador é cotado para compor a equipe de transição, na área de Relações Exteriores.

Sem revanchismo

Fontes no Ministério afirmam que a escolha de Faleiro envia dois sinais. O primeiro é de que o governo de transição busca um Itamaraty sem revanchismo. O segundo, que sua a transição busca boas relações com a atual gestão do chanceler Carlos França, para garantir uma transição suave.

Diplomatas relatam um clima de “caça às bruxas” no serviço diplomático durante a gestão de Ernesto Araújo, primeiro chanceler de Bolsonaro. Audo teria sido um dos alvos desse regime.

Nomeado chefe da Divisão da Europa Ocidental no Itamaraty em 2019, o diplomata foi exonerado menos de uma semana depois. O motivo: ele serviu na assessoria internacional da Presidência da República durante os governos do PT, sob o comando de Marco Aurélio Garcia. Além disso, trabalhou na embaixada brasileira na Venezuela. Outros diplomatas com posições de destaque nos governos Lula e Dilma também caíram no ostracismo.

Colegas relatam que Audo é uma das pessoas que encarou essa situação com serenidade. A expectativa é de que não haja um novo campo de batalha de perseguição.


Audo Faleiro assessora transição de Lula na diplomacia - Murilo Fagundes (Poder 360)

 Audo Faleiro assessora transição de Lula na diplomacia


Embaixador e ex-assessor para assuntos internacionais da Presidência é indicação do chanceler Celso Amorim

PODER 360
MURILO FAGUNDES 
11.nov.2022 (sexta-feira) - 13h17

O ex-assessor para assuntos internacionais da Presidência Audo Faleiro foi escalado pela equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o gabinete de transição. O embaixador atua como elo entre o Itamaraty e a equipe do governo transitório.

O Poder360 apurou que Faleiro já conduz reuniões preparatórias para as viagens do petista ao Egito, onde participará da COP27, e a Portugal, onde encontrará os chefes de Estado e Governo. Faleiro é indicação do ex-chanceler Celso Amorim, braço direito de Lula em assuntos relacionados à diplomacia.

Faleiro é avaliado por colegas como alguém com perfil sereno e apaziguador. Foi escolhido para conduzir uma transição sem entreveros com o atual chanceler, Carlos França.

O embaixador escalado pelo PT, diplomata de carreira, foi alvo do ex-chanceler Ernesto Araújo, em 2019, no início da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL). À época, 4 dias depois de ser nomeado para chefiar a Divisão de Europa do Ministério das Relações Exteriores, Faleiro foi demitido.

EGITO E PORTUGAL 
Lula visitará Portugal depois de participar da COP27, conferência climática da ONU (Organização das Nações Unidas), em Sharm El Sheikh (Egito). A informação foi confirmada pelo Poder360, mas a agenda ainda não foi divulgada.

Na 4ª feira (9.nov), o petista disse que sua viagem internacional começará na 2ª feira (14.nov) de manhã e terminará no sábado (19.nov). Lula afirmou também que começará a montar sua equipe de ministros depois de retornar ao Brasil.

Lula foi convidado pelos integrantes do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal para participar da COP27. O coordenador do grupo, Waldez Góes (PDT), governador do Amapá, foi quem fez o convite. Mas Helder Barbalho (MDB), governador do Pará, anunciou o convite publicamente em 31 de outubro.

A defesa da pauta ambiental foi uma das principais bandeiras de Lula durante a campanha eleitoral. O presidente eleito defende que o Brasil volte a ser protagonista perante os outros países, especialmente para liderar respostas à emergência climática.

Na 2ª feira (7.nov), o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim disse que a ida de Lula ao evento mostra “atitude, engajamento e respeito às metas climáticas”. “É uma questão de participação ativa, de desenvolvimento sustável, em que não se vê desenvolvimento e clima como conflito. Acho que essa é a visão dele”, declarou Amorim.

Lula enfrentará pressão para escolher lado em disputas internacionais - Daniel Buarque (FSP)

 Lula enfrentará pressão para escolher lado em disputas internacionais, diz analista


Presidente eleito deve encarar desafios impostos pelo contexto global, marcado por tensões entre potências

Folha de S.Paulo
Daniel Buarque
11.nov.2022 às 4h00

SÃO PAULO | INTERESSE NACIONAL
A experiência dos dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência e o discurso dele durante a campanha e após a vitória nas eleições deste ano indicam que o Brasil deve passar a se inserir mais em questões globais e se envolver em organizações internacionais do que o que se viu ao longo dos últimos quatro anos sob Jair Bolsonaro (PL).

"Lula é muito mais familiarizado com a linguagem internacionalista, então podemos esperar um Brasil mais engajado retórica e diplomaticamente", explicou o professor de relações internacionais na University of West Florida Jacob Shively em entrevista ao portal Interesse Nacional.

Mesmo com esta tendência favorável a um papel global mais ativo para o Brasil, essa "volta do país ao mundo", como disse o presidente eleito, vai enfrentar desafios impostos pelo contexto global marcado por tensões entre grandes potências, com um contraste entre o Ocidente liderados pelos Estados Unidos e a China e a Rússia, avaliou Shively. "O Brasil e seus vizinhos provavelmente enfrentarão pressão para escolher um lado nas principais questões comerciais e diplomáticas", disse.

Shively é coautor do recém publicado artigo acadêmico Brazil’s Changing Foreign Policy Ambitions: Lula, Bolsonaro and Grand Strategy Analysis in the Global South, em que compara a política externa brasileira nos governos de Lula e Bolsonaro. Ele argumenta que cada governo foi limitado ou moldado pelo status e por investimentos econômicos, diplomáticos e militares existentes do Brasil, mas os cálculos políticos domésticos e compromissos ideológicos de cada presidente se desdobraram de forma marcante.

Apesar dessas diferenças, ele avalia que o posicionamento de Lula até o momento sobre a Guerra na Ucrânia indica que alguns elementos da política externa do atual governo podem continuar vivos no próximo governo, refletindo "uma versão de esquerda do nacionalismo de Bolsonaro".

Assim que foi declarado vencedor, Lula disse que "o Brasil está de volta ao mundo". O que o senhor acha disso? O que espera que mude na política externa brasileira e como isso afetará o papel internacional do país? Lula está parcialmente correto. Com base em seu histórico, é provável que ele insira o Brasil em questões globais e envolva mais organizações internacionais do que Bolsonaro. Lula é muito mais familiarizado com a linguagem internacionalista, então podemos esperar um Brasil mais engajado retórica e diplomaticamente. Além disso, com o enfraquecimento da pandemia e dos principais escândalos de governos anteriores, Lula pode ter menos distrações domésticas para se concentrar no exterior.

Ainda assim, a mudança na política externa pode se mostrar mais restrita com este governo Lula em comparação com 2003. A situação econômica do Brasil e os interesses comerciais internacionais restringem qualquer presidente. Além disso, o forte contingente bolsonarista no Congresso Nacional deixa Lula com menos espaço para impulsionar grandes mudanças dentro e fora do país.

Tão importante quanto isso, o próprio Lula parece ter moderado suas ambições para o Brasil no mundo. Sua retórica de campanha neste ano sugere que ele quer mudar a perspectiva do Brasil de nacionalista para internacionalista, mas 20 anos atrás ele imaginou o Brasil se juntando a outros Estados em ascensão compartilhando a liderança em nível global e na América do Sul.

O Brasil viu seu perfil diplomático crescer nesse período; no entanto, as maiores ambições de Lula, da liderança latino-americana a uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, falharam em grande parte em produzir mudanças reais.

Lula também disse que o mundo sente falta do Brasil no cenário global. O senhor concorda? Há espaço para o país ter um papel ativo internacionalmente? Sempre há espaço para o Brasil desempenhar papel global ativo. Está em uma posição única graças ao seu tamanho, influência cultural, recursos e posição em organizações internacionais. Como sempre, o desafio do Brasil é equilibrar seus desafios políticos, sociais e econômicos internos com a projeção de uma agenda clara e consistente com o resto do mundo.

Nesse contexto, Bolsonaro enquadrou o mundo em grande parte em termos de amigos e ameaças, com alguns Estados –notadamente a China– como parceiros de negócios necessários e pragmáticos.

As ambições de política externa de Lula são moderadas em comparação com seus dois primeiros mandatos, mas ele traz uma visão mais ampla do papel do Brasil no cenário mundial. Nos próximos meses, precisamos observar as indicações de seu gabinete e as prioridades políticas iniciais.

Onde ele investir seu "capital político", como dizemos em ciência política, revelará se Lula estará exercendo um papel assertivo como fez em seus primeiros mandatos ou se podemos esperar que a retórica da política externa do Brasil mude, mas suas prioridades diplomáticas e econômicas básicas permaneçam basicamente estáveis.

O mundo mudou muito desde que Lula foi presidente em seus dois primeiros mandatos. Há uma guerra acontecendo na Europa e crescentes tensões entre os EUA e a China. Como esse contexto afetará a forma como o Brasil pode se posicionar globalmente? Quais o senhor acha que serão os maiores desafios para o Brasil de Lula no cenário internacional? Em nível global, o maior desafio nos próximos anos para o Brasil de Lula e muitos outros governos será a crescente separação entre o que poderíamos chamar de ordem econômica e política liderada pelos EUA em contraste com Pequim e, em menor grau, Moscou.

O Brasil e outros governos da América Latina viram as advertências retóricas de Washington sobre a integração econômica com a China, mas isso foi apoiado por relativamente pouca pressão econômica e diplomática. É provável que isso mude. Os desenvolvimentos que impulsionam esse movimento incluem os choques na cadeia de suprimentos associados à pandemia, o crescimento das ameaças à segurança cibernética e a expansão estratégica sob Xi Jinping e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Os líderes em Washington e em outros lugares estão menos otimistas de que a integração global tenha sempre um resultado positivo. Hesito em chamar o que vemos de uma nova Guerra Fria. Isso é exagerado. Ainda assim, o Brasil e seus vizinhos provavelmente enfrentarão pressão para escolher um lado nas principais questões comerciais e diplomáticas.

Além disso, a pressão para agir sobre as mudanças climáticas continua a crescer. Para Bolsonaro, a Amazônia como recurso econômico era um ponto contínuo de forte tensão com certos governos estrangeiros, principalmente França e Alemanha.

Dado seu histórico de políticas e retórica atual, Lula provavelmente aliviará essa tensão. Ainda assim, podemos esperar que a Amazônia seja uma grande preocupação internacional ao lado de uma série de outros desafios ambientais que todas as economias modernas enfrentam. Lula e seu governo podem sentir a pressão internacional para inovar ou agir além de seus planos atuais.

Quando Trump deixou o governo dos EUA, houve muita discussão sobre o quão sério o mundo levaria a nova direção da política externa de Biden, já que Trump conseguiu mudar a posição internacional do país (como no caso do Acordo de Paris). Será que algo assim vai acontecer com Lula e com o Brasil? O mundo vai levar a sério essa "volta" do Brasil à política externa tradicional? Este é um verdadeiro desafio para qualquer democracia polarizada. Em suma, o mundo levará a sério essa mudança de política externa, mas sua disposição de segui-la com compromissos diplomáticos e econômicos pode ser limitada até que vejam surgir uma direção clara no cenário político doméstico. Por um lado, minha própria pesquisa sugere que a mudança da política externa nos Estados Unidos e no Brasil é mais restrita entre as administrações do que podemos imaginar. Compromissos existentes, interesses econômicos, expectativas ideológicas e assim por diante dificultam a realização de mudanças práticas e revolucionárias.

Além disso, os governos tendem a construir reputações e históricos, e seu corpo diplomático profissional tende a permanecer mais estável do que suas lideranças políticas. Esses fatos podem suavizar a tendência de mudança de liderança para criar política e reputação.

Apesar disso, as prioridades dos líderes importam para percepções e compromissos diplomáticos. Assim como os observadores precisam se perguntar se as prioridades da política externa de Biden podem desaparecer após a próxima eleição, eles também estarão observando a política do Brasil em busca de dicas sobre se e até que ponto os compromissos externos do Brasil serão confiáveis e duradouros.

O que o senhor acha que restará das mudanças promovidas por Bolsonaro na política externa brasileira? Provavelmente veremos os aspectos mais volúveis da abordagem de política externa de Bolsonaro serem revertidos, mas provavelmente veremos alguns aspectos do nacionalismo geoestratégico e econômico de Bolsonaro permanecerem. Mais visivelmente, veremos a retórica da política externa brasileira se afastar das prioridades nacionalistas de Bolsonaro. Bolsonaro destacou a conversa de "valores tradicionais" e civilização judaico-cristã, juntamente com grande ceticismo em relação às instituições globais. Em termos práticos, Bolsonaro enfatizou o relacionamento com outras lideranças de direita e viajou menos do que Lula quando era presidente. Muito disso será relativamente fácil para Lula reverter ou abandonar.

Ainda assim, o próprio Brasil tem uma longa história de foco doméstico regional. Bolsonaro se baseou nessa tradição. Lula tentou se opor a essa preferência em seus dois primeiros mandatos, mas em sua última campanha ele parece ter seguido alguns aspectos da liderança de Bolsonaro. O exemplo mais revelador pode ser seus comentários sobre a Guerra da Ucrânia.

Ao enquadrar os dois líderes como igualmente responsáveis, ele seguiu amplamente uma versão de esquerda do nacionalismo de Bolsonaro. Nessa abordagem, a liderança procura enfatizar os interesses econômicos específicos do Brasil e evitar emaranhados globais mais amplos, particularmente emaranhados que são percebidos como instigados no Norte Global.

Petista do desastre econômico, Guido Mantega, sabota a candidatura de Ilan Goldfajn ao BID - Raquel Landim (CNN)

 Mantega envia carta a EUA, Chile e Colômbia e pede para adiar eleição no BID


Um dos técnicos mais respeitados do país, Goldfajn foi indicado para concorrer ao comando do BID pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes

Raquel Landim, da CNN
11/11/2022 às 11:40

O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, enviou uma carta a representantes dos governos americano, chileno e colombiano pedindo para adiar a eleição para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), marcada para o dia 20 de novembro, apurou a CNN.

No caso dos Estados Unidos, o documento foi entregue a secretária do Tesouro Janet Yellen.

Conforme pessoas que tiveram acesso à carta, Mantega diz falar em nome da equipe econômica do novo governo e afirma que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva gostaria de indicar outro candidato. Hoje, o candidato brasileiro à presidência do BID é o economista e ex-presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.

Um dos técnicos mais respeitados do país, Goldfajn foi indicado para concorrer ao comando do BID pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes, que passou por cima de divergências pessoais ao optar pelo seu nome.

O BID é uma instituição multilateral responsável por US$ 12 bilhões em empréstimos para governos na América Latina.Embora Mantega tenha enviado a carta e conte com apoio de setores do PT, a oposição ao nome de Ilan não é consenso na aliança em torno de Lula.

Aliados da senadora Simone Tebet, da deputada eleita Marina Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin apoiam o economista. Além de suas posições liberais em economia, Goldfajn também é conhecido pela atuação em projetos de defesa da Amazônia.

A movimentação desses setores do PT, no entanto, provocou descontentamento em Washington. Não deve ser suficiente para adiar a eleição, mas ameaça a vitória do candidato brasileiro, que parecia garantida.

Fontes que acompanham o processo dizem que, se ficar claro que existe uma divisão no Brasil, os Estados Unidos preferem apoiar o candidato do México, Gerardo Esquivel.A CNN procurou a equipe do presidente eleito Lula e aguarda um posicionamento. Procurado, Ilan Goldfajn prefere não se pronunciar neste momento.