O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Lingua amputada por incontinencia verbal...

Calma, calma, ainda não ocorreu, mas se dependesse desse médico de Limeira, excedido com os excessos (com perdão da redundância, mas é isso mesmo) verbais do presidente, ele alimenta a intenção, se oportunidade lhe for dada, de fazer essa pequena operação -- muito comum na Antiguidade, contra prisioneiros de guerra, além de terem os olhos furados, orelhas cortadas, etc -- de "lobotomia linguística" -- se posso me exprimir assim -- contra um personagem que nasceu para fazer discursos, em excesso, justamente, talvez para concorrer a um registro no Guiness, quem sabe?
Não seria tão radical, mas confesso que não sou de ouvir bobagens: quando algo do gênero desponta ao alcance de meus sentidos audio-visuais, eu vou logo desligando o veículo assassino...
Não sou justamente violento, mas compreendo a indignação desse médico.
Paulo Roberto de Almeida

Lula, por que não te calas?
Luiz Ricardo Menezes Bastos, médico,
presidente da Associação Paulista de Medicina, Regional de Limeira

No último dia 25 de março o presidente Lula esteve em Tatuí, e lá fez a entrega simbólica de 650 ambulâncias para 573 municípios brasileiros. A cerimônia foi essencialmente política, pois os veículos são destinados ao SAMU, ou seja, os serviços de atendimento médico de urgência.

Acontece que a maior parte dos municípios contemplados não tem este serviço implantado, e nem mesmo tem verba prevista em seus orçamentos. Custa caro montar toda esta estrutura. As ambulâncias são a parte visível do negócio, mas é necessário aparelhá-las com equipamentos de UTI, de pessoal de apoio bem treinado, de médicos especializados principalmente. E isto tem que funcionar 24 horas por dia, pois emergência não tem hora.

Ou seja, ou a maioria das ambulâncias vai ter outro destino, ou vão virar sucata logo.

Como costuma fazer, o presidente Lula faz seus “discursos” de improviso, que sempre buscam contentar a platéia presente, e exagera nas frases feitas e cheias de pompa sobre os mais variados temas. Diga-se de passagem, normalmente o presidente não sabe nada sobre o que está falando, e suas gafes já são sobejamente conhecidas e divulgadas mundo afora. Nesta cerimônia em Tatuí, o presidente Lula foi extremamente infeliz com algumas de suas colocações.

Segundo o presidente da Associação Médica Brasileira, Lula teve “outro rompante de incontinência verbal”. Mais uma vez, culpou os médicos para os problemas de saúde que o Brasil enfrenta há décadas. Disse que a classe médica não se interessa em atender o interior, “pois é muito fácil ser médico na Avenida Paulista”, segundo suas palavras.

Depois, mandou um recado ao Conselho Federal de Medicina, por este ser contra a revalidação automática dos diplomas dos médicos formados em Cuba. E ainda criticou aqueles que são contra a volta de um imposto para melhorar a saúde.

E por fim, ainda criticou o médico que no passado cuidou dele próprio, ao sofrer o acidente de “trabalho” que lhe amputou o dedo. Ou seja, versou sobre tudo o que finge saber.

Como em todos os “discursos”, Lula fala o que lhe dá na telha, e nem se preocupa mais em ter coerência. Deve acreditar que somos todos burros, poisquanto mais fala, mais sua popularidade “aumenta”, segundo as informações“oficiais”. Mas para os que ainda tem paciência de ouví-lo, basta acompanhá-lo por algumas semanas. A opinião ora é uma, ora é outra. Depende da platéia. Como estamos numa democracia, livre “como nunca se viu na história deste país”, também tenho o direito de opinar.

O que o senhor presidente não disse (ou não sabe) é que é impossível à imensa maioria dos médicos montar um consultório na Avenida Paulista, um dos locais mais caros do país, principalmente se trabalhar no serviço público, onde recebe um salário de fome, não tem um plano de carreira decente e não encontra condições dignas de trabalho. Aparelhos defasados, funcionários insuficientes para o apoio (enfermagem, técnicos diversos), filas para marcação de exames, falhas em tratamento de doenças básicas. Se em São Paulo, que é a locomotiva da nação, é assim, o que dizer do restante do país? Há
dezenas de crianças morrendo em pseudo-UTIs em hospitais públicos por aí. A sigla deveria ser Última Tentativa Inútil e não unidade de terapia intensiva. Intensivas são só as mortes nestes nosocômios.

Não disse o presidente (ou não sabe) que médico nenhum consegue trabalhar no interior sozinho. A não ser que seja para distribuir “vale-saúde”, a exemplo dos inúmeros outros que ele criou. Pois tratar e cuidar de alguém sem apoio, sem retaguarda e sem condições, só na cabeça dele.

Quanto aos médicos de Cuba, formados em uma realidade totalmente diferente da nossa, eles podem sim trabalhar no Brasil. Como qualquer outro, formado em qualquer lugar do mundo, que se submeta às avaliações necessárias e sejam aprovados. Desde que saibam Medicina. E o Conselho Federal de Medicina, autarquia federal, é o órgão definido por lei para avaliá-los. O que o senhor presidente quis dizer (mas não teve coragem) é que quer fazer um agrado ao moribundo amigo Fidel, valorizando escolas falidas e que pregam
uma falsa “medicina social”.

Faltou falar sobre o assunto referente ao médico que o atendeu quando sofreu seu acidente de “trabalho”. Talvez seu dedo pudesse ser salvo, senhor presidente, se existisse na ocasião um atendimento decente em posto de saúde, unidades de emergência bem aparelhadas, um profissional médico bem preparado, com boa formação. Isso se o “SUS” da época funcionasse. Isso se um médico que atende “SUS” ganhasse um honorário, e não uns trocos.

Pois a CPMF, que geraria verba destinada ao “SUS” do seu governo, virou dinheiro nas meias, cuecas e malas pretas na sua gestão. E até hoje o “SUS” não funciona de forma decente!

E o senhor ainda quer recriar mais um imposto, para continuar alimentando as falcatruas? Senhor presidente, com o perdão da palavra, estou com o “saco cheio” do senhor e de seus “discursos”.

Se o senhor sofresse um novo acidente de “trabalho” e fosse eu o médico que lhe atendesse, cortaria-lhe a língua, e não o dedo.

E faria um bem ao país, pois cada vez que o senhor abre a boca, não causa um acidente. Causa um desastre.

Luiz Ricardo Menezes Bastos, médico,
presidente da Associação Paulista de Medicina, Regional de Limeira

A mentira da semana (talvez de toda a campanha eleitoral)

Não se impressionem demais ou rapidamente. Outras mentiras virão certa, seguramente, sem hesitação: que está acostumado a mentir, faz disso uma segunda natureza...

A mentira histórica contada por Dilma no debate Folha/UOL
Reinaldo Azevedo, 18.08.2010

Aprovamos o Plano Real e, mais do que isso, levamos à frente e o utilizamos de forma adequada”.

De quem é a frase? Da petista Dilma Rousseff no debate da Folha/UOL. Caso Serra dissesse uma flagrante mentira, dessas escandalosas, contra todas as evidências dos fatos, contra a história, contra o modo como se organizou a política de 1994 a esta data, o jornalismo online estaria noticiando a mentira em letras garrafais. Amanhã, os colunistas isentos fariam a festa no jornalismo impresso.

A mentira grotesca contada por Dilma ficará por isso mesmo. O Plano Real não se resumiu a uma ou duas medidas. Tratou-se de um conjunto. O PT se opôs a todas, a rigorosamente todas, em especial ao plano de estímulo à reestruturação dos bancos, o Proer, que garantiu a saúde do sistema financeiro brasileiro e foi fundamental para assegurar a estabilidade da moeda. Só para lembrar: a reestruturação custou o fim do Banco Nacional, de que netos de FHC eram herdeiros. É isto: FHC chegou ao poder com netos herdeiros de bancos (sua então nora era da família Magalhães Pinto, que controlava a instituição); quando saiu, aqueles mesmos netos eram, como a maioria de nós, do MSB, o Movimento dos Sem-Banco.

Nota à margem: a família Lula da Silva deu mais sorte. O patriarca chegou ao poder, e um de seus filhos era monitor de jardim zoológico. Hoje, o mesmo filho, Lulinha, é o dono da Gamecorp, aquela empresa que recebeu uma generosa injeção de dinheiro da então Telemar, hoje Oi, de que o BNDES era e é sócio. A história do “movimento operário” nestepaiz é realmente muito linda!!!

Adiante. O PT afirmava que o Proer não passava de mamata para banqueiros — e com o endosso de setores do jornalismo; aqueles mesmos que se calarão, agora, diante da mentira contada por Dilma.

O partido se opôs ao Plano Real, sim, tanto que fez a campanha eleitoral de 1994 tentando demonstrar os malefícios todos que ele causaria ao Brasil. E passou os oito anos seguintes tentando sabotar a estabilidade.

No máximo, a petista poderia dizer que seu partido “aprovou” o Real depois que estava no poder, sem jamais reconhecê-lo. Ao contrário. Teve lugar o discurso no qual ela navega até hoje: “Nunca antes na história destepaiz”.

É impressionante que a mentira seja dita de modo tão explícito, tão escancarado, e que a reação seja praticamente nenhuma. Mas vá Serra lançar no ar um dado impreciso que seja… Vira manchete. De novo: isso nada tem a ver com as minhas afinidades com esse ou com aquele. Contentem-me demonstrando quem é que está dando destaque à mentira histórica.

Ora, se o PT tivesse aprovado o Plano Real, a clivagem que hoje existe na política brasileira não teria como seus principais protagonistas o PT e o PSDB. Sem essa! Depois de ter tentado apagar da memória do país as conquistas dos adversários, os petistas agora tentam roubá-las.

Concurso de chororo eleitoral (lagrimas de crocodilo...)

Regredindo às emoções primitivas
Reinaldo Azevedo, 18.08.2010

Pode ser que FHC tenha chorado em público outras vezes. Lembro-me de uma apenas: na morte de sua mulher, Ruth Cardoso. Com o rosto congestionado pela emoção, também o vi nos velórios de Sérgio Motta e de Luiz Eduardo Magalhães. Talvez tivesse chorado. A “irrevogável das gentes” convoca, por óbvio, as nossas emoções. O choro, a emoção, anda em alta na política brasileira. Quando o Senado decidiu mudar a lei dos royalties do petróleo, Sérgio Cabral, por exemplo, não se conteve: debulhou-se em público! Pouco antes, as centenas de mortos nos deslizamentos de terra do Rio não lhe arrancaram um miligrama de sódio.

Lula é um chorão. O horário eleitoral de Dilma carrega no que os analistas falam de boca cheia “emoção”. Não tenho informação, mas imagino que Serra deva receber centenas de e-mails com o mesmo conselho: “Demonstre mais emoção!”. Sobre FHC, aliás, diziam os críticos, que era um político muito frio — inclinado, às vezes, à ironia e à auto-ironia.

Se bem se lembram, Collor era um homem muito “emocionado”, né? Itamar tinha lá seus momentos “mercuriais”. O presidente tucano foi sempre muito discreto, investiu muito pouco no personalismo, pôs o governo para funcionar — houve coisas fabulosas; houve o que não foi bem —, mas sem arroubos. Isso lhe rendeu a fama de “frio”. E, para variar, parte da crônica política embarcou nessa besteira.

O que será que caracteriza as democracias avançadas? O governante que se coloca de modo racional e não-personalista no debate das questões de estado ou o que gosta de manter a sociedade com a temperatura da euforia e do ódio relativamente elevada, para poder mobilizá-la para seus propósitos? O que será que caracteriza as democracias avançadas? Um dirigente que põe as instituições democráticas para conter homens ou o que põe homens para conter as instituições democráticas?

Essa conversa de “emoção” é uma das coisas mais cretinas e obtusas do debate político. Emocionado era Mussolini. Emocionado era Hitler. Emocionado é Hugo Chávez. Fidel Castro é emocionadíssimo! Dilma só despertava uma simpatia em mim: não era “mocionada”. Os marqueteiros se encarregaram de torná-la uma “fofa”.

Quanto a este escriba, posso me emocionar com as minhas filhas, com a minha mulher, com aspectos da memória familiar, lendo um poema, assistindo a uma cena de filme, até comendo pipoca. Nesses casos, posso ser bastante chorão. No que respeita à política, só instituições democráticas sólidas me emocionam. Emoção do tipo seca. Em política, os “emotivos” estão sempre a um passo da vigarice — quando não são vigaristas.

O peso morto do Mercosul - O Estado de S.Paulo

O peso morto do Mercosul
Editorial - O Estado de S. Paulo,19.08.2010

O Mercosul emperrado é um peso morto para o Brasil e também para as menores economias do bloco, mas poucas autoridades se dispõem a falar francamente sobre o assunto. Empresários brasileiros têm denunciado a pobreza dos acordos comerciais - nenhum com os mercados mais desenvolvidos - e as falhas da integração regional, ainda prejudicada por barreiras internas. Além desses empresários, só políticos uruguaios têm mostrado claramente o seu descontentamento. O último foi o vice-presidente do Uruguai, Danilo Astori, em reunião com brasileiros em Montevidéu. Se continuarem fracassando as negociações do bloco com países de fora da zona, o Mercosul deveria autorizar os dois sócios menores, isoladamente, a tentar acordos, disse Astori.

O governo uruguaio já mostrou em outras ocasiões interesse em negociar acordos por sua conta. Ao contrário dos parceiros, o Uruguai tem um acordo sobre investimentos com os EUA e seu governo chegou a insinuar, há alguns anos, a disposição de abandonar o Mercosul para buscar parcerias comerciais ambiciosas. Como o bloco é uma união aduaneira, os sócios têm uma Tarifa Externa Comum (TEC) e só podem assinar em conjunto acordos de livre comércio com países de fora da área.

Mas o custo dessa restrição tem sido muito maior que os benefícios, como sabem muitos industriais brasileiros e têm reconhecido o governo do Uruguai e, ocasionalmente, o do Paraguai. Os governantes brasileiros e argentinos têm, no entanto, insistido em manter o status de união aduaneira. A TEC, no entanto, é quase uma ficção, por causa do grande número de exceções, e o bloco mal chega a funcionar como zona de livre comércio, por causa das barreiras internas.

Uma das aberrações mais notáveis tem sido a dupla tributação de bens originários de fora da zona. São sujeitos a imposto na primeira internação e tributados de novo quando remetidos a um segundo país. O maior defensor dessa aberração era o Paraguai, porque o país não tem mar e depende dos portos dos parceiros para suas importações. Só há poucas semanas os quatro governos conseguiram decidir o fim da dupla tributação, depois de anos de tentativas.

Criado para facilitar a inserção internacional dos quatro sócios, o Mercosul deveria ter criado condições para grandes ganhos de competitividade da economia regional. Serviria, assim, como plataforma para a conquista de mercados internacionais. O trabalho seria facilitado pela força conjunta dos países do bloco. Os avanços conseguidos de fato ficaram muito longe desses objetivos.

Internamente, a integração foi bem menor do que poderia ter sido, porque nunca se formulou um programa de cadeias produtivas. Chegou-se a uma caricatura de articulação industrial, com os acordos do setor automotivo entre Brasil e Argentina. Esses acordos nunca passaram de barreiras à competição entre montadoras e fabricantes de autopeças instaladas nos dois países.

Externamente, o Mercosul estabeleceu acordos comerciais com parceiros sul-americanos, sempre concedendo vantagens importantes em termos de abertura e de prazos. Com países de fora da região só foram concluídos acordos com Israel e Egito. Outros estão na mira, quase todos com países do Oriente Médio. Além disso, o bloco iniciou há mais de dez anos negociações com a União Europeia. As conversações foram interrompidas mais de uma vez. Foram recentemente retomadas e diplomatas do Brasil e da Argentina mostram-se otimistas: desta vez o acordo deve sair. Se não saiu antes, foi em grande parte por desentendimentos entre brasileiros e argentinos.

Mas os governos do Brasil e da Argentina souberam entender-se para enterrar a negociação da Alca. Outros latino-americanos concluíram acordos com os Estados Unidos e com outras potências. O Mercosul ficou para trás. Nada mais justo que os protestos de paraguaios e uruguaios. Além do mais, o bloco poderá ficar mais emperrado, se for aceita como sócia a Venezuela de Hugo Chávez.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Chavez tenta suprimir a podridao do capitalismo...

Eu sempre me pergunto, nesses exercícios de história virtual que costumo fazer, o que seria do socialismo (do século 21, ou do 19, não importa) se os seus dirigentes fossem um pouco, só um pouquinho mais inteligentes.
Provavelmente teria um futuro brilhante pela frente, sem esses desastres todos acumulados ao longo do último século.
Talvez não, mas não custa imaginar.
Enfim, vejamos.
Lênin foi um brilhante estrategista político, sabia exatamente quão frágil era o governo provisório saído da revolução de fevereiro de 1917 e aplicou o seu golpe -- sim, foi um putsch, a tomada do poder pelos bolcheviques, não uma revolução, como eles proclamam -- justo no nomento em que o governo de Kerensky estava envolvido na realização das primeiras eleições livres em toda a história russa até ali, eleições que aliás deram a vitória aos mencheviques, ou socialistas revolucionários, não aos bolcheviques. Lênin sentiu que era o momento, deu o golpe, dissolveu a Assembléia Constituinte, prendeu os seus membros, dissolveu todos os partidos políticos e instalou a ditadura comunista.
Bem, se ele era um gênio em política, era um completo estúpido em economia: pretendeu suprimir as leis do mercado, e deu no que deu: o sistema socialista funcionou de modo claudicante, durante 70 anos, mais na base da mão-de-obra escrava do que no trabalho voluntário, e depois fez tilt e morreu, de morte morrida, não de morte matada...
Mao Tsé-tung também era um brilhante estrategista militar, mas um estúpido completo em economia: seus planos mirabolantes podem ter resultado na morte matada, sim, por fome induzida, de pelos menos 25 milhões de chineses, talvez mais, com toda a repressão de seu regime estúpido.
Enfim, tudo isso para falar do nosso indefectível professor de economia al revés, el Profesor Chávez, que esta semana, já não bastasse tudo o que fez para destruir o seu socialismo do século 21, está empenhado em acabar com a "podridão do capitalismo".
Só podemos desejar sucesso a ele, pois do contrário o seu socialismo vai perecer nos escombros das ideias fracassadas, como todos os precedentes do gênero...
Paulo Roberto de Almeida

Chávez promulgó nueva ley que concentra en el Estado venta de bonos públicos
Por AFP
El Nuevo Herald, 17 Agosto 2010

CARACAS - El presidente de Venezuela Hugo Chávez promulgó este martes la ley del Mercado de Valores, que concentra en el Estado la comercialización de bonos de deuda a través de bolsas públicas, que según anunció serán creadas "en pocas semanas''.

"Es la ley que nos permite ir saliendo de la podredumbre del capitalismo. Esa podredumbre de las casas de bolsas, esa es la verdadera podredumbre'', lanzó Chávez en una reunión con sus ministros, transmitida en la televisión estatal VTV, donde firmó el nuevo texto, aprobado la semana pasada por el Parlamento.

"Estuvimos revisando el nuevo mercado de valores, la bolsa pública de valores. Colocamos ya una fecha para lanzar la bolsa pública de valores, va a ser en pocas semanas, tenemos una fecha tentativa'', indicó Chávez sin precisar detalles.

La Bolsa de Valores Pública es el "espacio para la intermediación de los Títulos de Deuda Pública Nacional y otros títulos emitidos por empresas del Estado'', según explica la ley aprobada hace una semana.

Las casas de bolsa y sociedades de corretaje no podrán "ejercer operaciones con los títulos de deuda pública ni tener en cartera instrumentos públicos''. De modo que su operación, que tiene que ser autorizada por el Banco Central de Venezuela (BCV), se limita a la negociación de acciones de privados.

La ley le da la potestad al presidente de la República de "suspender las operaciones del mercado de valores'' para "salvaguardar la economía del país''.

Hasta principios de año, la compra y venta de bonos de deuda pública servía para obtener, de forma legal, dólares a una tasa que llegó a triplicar a la fijada por el Estado, que impuso desde 2003 un férreo control cambiario.

El precio, llamado "permuta'', se fijaba a partir de la ley de la oferta y la demanda. Sin embargo, el gobierno venezolano denunció que las casas de bolsa que negociaban con estos títulos especulaban con el valor del billete verde y les prohibió operar con bonos del Estado.

Desde enero, hay dos precios oficiales para el dólar en Venezuela: 2,60 para productos de primera necesidad, y 4,30 para el resto de los productos.

Chavez tenta suprimir a realidade...

Todas as ditaduras acabam chegando nisso: tentam impedir os jornais de publicar... notícias...
Corrijo: ditaduras exercem censura, pelos canais habituais.
Sistemas totalitários utilizam-se do aparelho do Estado para não apenas censurar, mas também proibir a divulgação de simples notícias e punem o emissor de... fatos.
Paulo Roberto de Almeida

Gobierno de Chávez censura a medios impresos
Por FABIOLA SANCHEZ
El Nuevo Herald, Miércoles 18 de Agosto del 2010

Un tribunal venezolano prohibió el martes a los medios impresos publicar por un mes imágenes sobre violencia, poco después de que el diario El Nacional, crítico del gobierno, pusiera en su portada una polémica foto con cadáveres en la morgue de Caracas, según una sentencia.

Los medios impresos "deben abstenerse de realizar publicaciones de imágenes violentas, sangrientas, grotescas, bien sea de sucesos o no, que de una forma u otra vulneren la integridad psíquica y moral de los niños'', señaló el fallo.
Esta "acción de protección'' tendrá "un lapso de un mes contado a partir de la presente decisión'', precisó la decisión del tribunal 12 de Caracas.
Poco antes, otra sentencia prohibió directamente a El Nacional "la publicación de imágenes, informaciones y publicidad de cualquier tipo con contenido de sangre, armas, mensajes de terror, agresiones físicas que aticen contenidos de guerra y mensajes sobre muertes y decesos''.
La medida contra El Nacional fue dictada por solicitud de dos fiscales que pidieron una "medida de protección'' como parte del proceso que le abrieron al referido periódico por publicar el pasado viernes en primera plana una fotografía donde aparecen unos 12 cadáveres de hombres aglomerados en una sala de la morgue de Caracas.
El Nacional, un fuerte crítico del gobierno, utilizó la polémica imagen para respaldar un reportaje sobre la creciente criminalidad en Venezuela. El medio precisó que la imagen corresponde a diciembre pasado.
Asimismo, el tribunal le notificó al director de El Nacional, Miguel Henrique Otero, que recibió una solicitud para sancionar al diario con una multa que equivaldría a "2 por ciento de sus ingresos brutos'' por la presunta violación de la ley de protección a los menores que habría cometido al difundir la fotografía.
"No hay vuelta atrás. No podemos dejar de informar. Ese es nuestro papel. Sería el colmo que nosotros cediéramos ante una cosa que es prácticamente una censura'', indicó Otero en conversación telefónica.
Aseguró que independientemente de la decisión, en El Nacional "vamos a seguir informando como siempre''.
"Qué vengan y pongan un censor aquí y digan qué es lo que se publica y qué es lo que no se publica. Nosotros no podemos si hay una guerra en el Medio Oriente no publicar los muertos'', agregó.
Henrique Otero admitió que la posible multa al diario tendría un impacto económico.
"Esto no tiene nada que ver con fotos ni con protección de niños y adolescentes. Esto es una acción política contra un periódico'', subrayó. "Porque el periódico puso en el tapete el tema de la inseguridad personal que es un tema gravísimo en Venezuela, donde el gobierno es indolente, no hace nada'', acotó.
La Fiscalía General anunció el pasado 14 de agosto que abrió un proceso contra El Nacional por solicitud del grupo activista Frente de Estudiantes Contra la Privatización de la Universidad Central de Venezuela --visto como simpatizante del gobierno--, que pidió investigar al diario por publicar la polémica fotografía.
El grupo denunciante planteó en la solicitud que la imagen difundida por el diario ‘‘vulnera el derecho a la integridad moral y psíquica de los niños, niñas y adolescentes, así como a recibir información adecuada a su formación integral'', según indicó la Fiscalía en un comunicado.
La acción judicial se produjo un día después que el jefe del Cuerpo de Investigaciones Científicas, Penales y Criminalísticas (CICPC), comisario Wilmer Flores Trosel, anunció que solicitaría a la Fiscalía que se tomen acciones contra el medio.
En solidaridad con El Nacional el diario local Tal Cual y otros periódicos regionales, también críticos del gobierno, difundieron entre el lunes y este martes la polémica fotografía.
"Hay una matazón espantosa en nuestro país y ese es el tema de fondo... la expansión de la delincuencia'', afirmó el martes el director de Tal Cual, Teodoro Petkoff, al rechazar las acciones que han emprendido las autoridades por la difusión de la polémica fotografía.
Petkoff dijo a Globovisión que los casi "16 planes'' que ha emprendido la administración del presidente Hugo Chávez en 11 años para enfrentar la delincuencia han ‘‘fracasado'' y que "el problema se le escapó de las manos''.
La Defensoría del Pueblo solicitó en la víspera a un tribunal que le prohiba a El Nacional y Tal Cual difundir la polémica imagen.
El índice de criminalidad en Venezuela se ha tornado cada vez más alarmante. De acuerdo con cifras oficiales, en los primeros once meses del 2009 ocurrieron 12,257 homicidios, poniendo a Venezuela entre los países más violentos de América Latina.

O Estado a que chegamos (pois é...)

O custo do aparelhamento e da fisiologia
Editorial O Globo, 18.08.2010

O aparelhamento da máquina pública decorrente de interesses político-ideológicos e o loteamento de áreas do Estado por motivação fisiológica são duas pragas da política brasileira que respondem por boa parte da má aplicação do dinheiro do contribuinte, já esmagado sob uma carga tributária de mais de 35% do PIB, recorde no bloco dos emergentes.

É típica do aparelhamento de origem política a ocupação do Incra e do Ministério do Desenvolvimento Agrário pelos chamados “movimentos sociais” — MST e similares. Nesta privatização daninha da coisa pública, o contribuinte também não está a salvo de desvios criminosos do seu dinheiro.

Vide indícios fulgurantes de expropriação de recursos públicos existentes na prestação de contas de entidades criadas neste âmbito “social” apenas para ter acesso ao Tesouro. Isto quando prestam contas. É assim que ações violentas de invasão de propriedades terminam financiadas pelo Erário.

O empreguismo e loteamento de cargos por razões fisiológicas também têm símbolos na Era Lula. Justiça se faça, trata-se de mazelas tradicionais no Brasil, infelizmente. Não surgiram de 2003 para cá. Mas o governo, por não ter querido ou sabido fixar limites à voracidade de partidos da base parlamentar, convive com situações como a dos Correios.

Na estatal, hoje prestadora de maus serviços, chefias nomeadas por caciques partidários se dedicaram a arrematar propinas para caixa dois de legendas. Não faltou a grotesca cena, gravada, em que Maurício Marinho, autoproclamado representante do petebista Roberto Jefferson na ECT, literalmente embolsa um maço de dinheiro entregue por um fornecedor da estatal. Ali começaria o escândalo do mensalão e acabaria de vez a virgindade do PT.

Este é o contexto no qual surge a informação, apurada pelo GLOBO, de que 399 relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU), feitos apartir de 2009 sobre a atuação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), apontam para uma conta de R$ 1,02 bilhão proveniente de superfaturamento de obras e outros malfeitos. Em linguagem direta: roubo, desfalque.

O Dnit faz jus ao fato de ser o velho Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) com outro nome. Pois o DNER foi fechado no governo FH devido ao longo histórico de corrupção da autarquia. Como se vê, reencarnou no Dnit com o mesmo DNA. A ação de quadrilhas no departamento, retalhado entre apaniguados políticos, chega a ser rocambolesca.

No início do mês, o superintendente do departamento no Ceará, Guedes Ceará, e outras pessoas foram presos pela Polícia Federal sob a acusação de participar do desvio de R$ 5,5 milhões do orçamento de obras. Guedes havia sido indicado pelo ex-governador Lúcio Alcântara, do PR.

Se forem consultadas auditorias do TCU na Infraero surgirão casos semelhantes. Enquanto isso, a população se arrisca em estradas federais mal conservadas e padece em aeroportos há tempos incapazes de atender ao crescente volume de passageiros. O assunto serve de munição de campanha eleitoral. Mas, haja o que houver nas urnas, o próximo governo bem que poderia atenuar o bombeamento de recursos do Tesouro para grupos que se especializaram em capturar dinheiro público, à esquerda e à direita.

Quando mais não seja, por inteligência: vai aparecer mais dinheiro para financiar despesas efetivas.

Duplo padrão em direitos humanos (uma diplomacia maleável)

Pois é, até um jornalista que se considera de esquerda está achando estranho...

Incólumes no lamaçal
Por Alon Feuerwerker
Correio Braziliense, 17/8/2010

O Itamaraty opera no terreno do pragmatismo frio e dos interesses brutos, especialmente os comerciais, mas gostaria de atravessar a lama vestido de branco e sair limpinho do outro lado

O ministro Celso Amorim publicou artigo neste fim de semana na Folha de S.Paulo para refutar os críticos do tratamento que a política externa reserva aos direitos humanos. A essência do argumento do chanceler: mais vale agir cuidadosamente nos bastidores e obter resultados tangíveis do que fazer barulho e agravar os impasses.

Afinal, toda manifestação brasileira poderá ser vista como ingerência inaceitável nos assuntos internos de outra nação soberana.

Em teoria, uma beleza. Há porém pelo menos um problema na linha argumentativa do titular do Itamaraty. Ela cai bem nas situações para as quais foi confeccionada. Mas infelizmente não se encaixa em outras.

Uma exceção evidente é o duplo padrão dos votos brasileiros na ONU em temas de direitos humanos.

O Brasil comporta-se ali com extremo cuidado quando o alvo são tiranos aliados do atual governo brasileiro, ou países despoticamente comandados mas prenhes de oportunidades comerciais. Já quando a pauta traz acusações a adversários, explícitos ou não, somos tomados por um principismo granítico.

Aí os direitos humanos passam a ser inegociáveis.

Agir com cuidado, não soar os tambores antes da hora, respeitar (ou pelo menos fingir que se respeitam) os limites da interferência na economia doméstica alheia, eis o cardápio dos itamaratecas quando o cenário estratégico recomenda a defesa do status quo. Já quando interessa ao Brasil a desestabilização (ou impedir a estabilização) de regimes antipáticos, ou incômodos, a conversa é outra.

Tem sido o caso de Honduras. Quando o chanceler fala em discrição, lembro sempre de como ele veio a público, logo após a deposição do presidente Manuel Zelaya, para prognosticar que o novo regime não duraria muito e que deveria ser isolado internacionalmente. Aliás toda a estratégia brasileira no episódio baseou-se nisso.

Na solenidade de posse do novo primeiro mandatário colombiano dias atrás, Luiz Inácio Lula da Silva recusou-se a tomar o mesmo ônibus do presidente hondurenho, recentemente eleito. Afinal, a eleição em Honduras foi o epílogo de um golpe de estado. O fato de Zelaya ter desencadeado a confusão, tentado ele próprio um golpe antes de ser ilegalmente deposto, não entra na narrativa de Lula ou de Amorim.

O governo do PT milita na linha de frente pela readmissão plena de Cuba na Organização dos Estados Americanos (OEA), sem precondições. É razoável, à luz dos princípios da não ingerência. É aliás a posição brasileira desde a redemocratização. Mas o mesmo governo resiste heroicamente à normalização das relações hemisféricas com Honduras, porque tem objeções a aspectos da política interna hondurenha.

Ou seja, a coisa toda não para em pé. É a era dos argumentos à la carte. Para cada situação uma explicação diferente, sem que umas precisem necessariamente encaixar-se nas outras.

Não haveria problema se o Itamaraty assumisse abertamente que sua política é pragmática mesmo. Lembram-se do “pragmatismo responsável”? Pois é.

O Itamaraty opera no lodaçal da realpolitik e dos interesses brutos, especialmente os comerciais. Sua cartilha é a da relativização absoluta dos princípios, mas pretende atravessar o lamaçal vestido de branco e sair limpinho do outro lado.

Daí que de vez em quando alguma autoridade da área compareça ao palco para desfilar princípios morais e éticos, apenas para voltar à rotina em seguida.

E agora?
O Irã recusou a proposta brasileira de mandar para cá a condenada ao apedrejamento. Por “adultério” ou outros crimes, já que o singular sistema jurídico iraniano parece permitir a metamorfose das acusações conforme a conveniência de quem deseja condenar.

Independente do desfecho, Lula poderá dizer agora que tentou fazer algo para evitar a crueldade. E o Irã continuará a fazer o que bem entende na esfera dos (poucos) direitos humanos. O que não impedirá o Brasil de seguir aliado ao Irã.

Bolivarianismo fazendo escola (sempre tem quem queira aprender...)

CHAVISMO TUPINIQUIM!
Trechos da coluna de Cesar Maia
Folha de S.Paulo, Sábado, 14/08/2010

1. O populismo autoritário na América Latina tem como expressão maior o presidente Chávez da Venezuela. Seu discípulo mais obediente é o presidente Morales da Bolívia. Em outros países inscritos na rede -dita- bolivariana, o Poder Legislativo procura reagir e evitar que a democracia seja totalmente pisoteada. O Brasil é um caso perigosamente intermediário. As tentativas sub-reptícias quando descobertas produzem recuos cínicos do tipo "não era essa a intenção", "não havia lido".

2. São quatro os vetores onde se testa a blindagem da sociedade e do Congresso. O primeiro trata de valores, quanto à vida, a família e as drogas, surpreendidos num tal Plano Nacional de Direitos Humanos. O segundo aponta contra a liberdade de imprensa. O terceiro se direciona às instituições políticas, e a proposta de uma constituinte exclusiva para a reforma política é o caso mais flagrante.

3. O quarto é o mais comum. O presidente atropela o Congresso Nacional assinando tratados, convênios e contratos internacionais. Na semana passada ele declarou que havia assinado, em sua passagem de horas por Caracas a caminho de Bogotá, 28 acordos de cooperação em diversas áreas. Um mês antes assinou com Cuba linhas de crédito de US$ 1 bilhão. Um pouco mais atrás avançou com Bolívia e Paraguai revisões dos contratos do gás e Itaipu. Tem perdoado dividas a bel-prazer e justifica pela pobreza dos países beneficiados.

4. Não se trata de mérito, mas de restrições constitucionais que não dão ao presidente liberdade para decidir sem aprovação do Congresso. Se o Senado for ao STF questionar invasão de competência, esses acordos se tornam inválidos. A Constituição diz em seu artigo 49: "É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional". Em seu artigo 52, ela diz: "Compete privativamente ao Senado Federal: (...) IV- designar os embaixadores. V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados (...) e dos municípios".

5. A bem da verdade, o Senado tem sido omisso. Nas sabatinas com embaixadores, estes têm o tempo de cinco minutos para suas exposições e o rito de escolha é sumário. Não é sem razão que outro dia o presidente afirmou que para ele um senador vale três governadores. Assim explicou os acordos que reduziram à metade os candidatos de seu partido a governador, em relação a 2006.

Brasil: avante, rapido, em direcao ao passado...

Hoje mesmo, ao conversar com um jornalista, eu evocava a tremenda ironia que existe ao se constatar, no Brasil, uma tendência a que os debates relevantes para o País, como os de política econômica, não se façam com relação à situação do futuro de sua economia e da sociedade no quadro da globalização, mas em direção do passado, de volta ao protecionismo e ao dirigismo dos anos do regime militar, e talvez até da era Vargas.
Eu mencionava a republicação pelo Ipea, certamente bem-vinda, do famoso debate entre Eugenio Gudin e Roberto Simonsen, em 1945, em torno das melhores para guiar a economia brasileira no pós-guerra, insistindo o primeiro, economista de corte neoclássico, nos bons fundamentos da economia e nos ganhos de produtividade, solicitando o segundo. industrial de sucesso, planejamento indicativo e dirigismo estatal, com controle dos vetores mais relevantes, sobretudo no setor externo. Pois bem: não contente em republicar esse debate, com um clara torcida pelo segundo, o Ipea também publicou um outro volume, conectado a esse, de "estudos" em torno das questões principais, mas deformando claramente as posições de Gudin, como se ele fosse contra a industrialização e o desenvolvimento do Brasil.
Tanto Gudin estava certo que a agricultura se converteu hoje no setor mais dinâmico da economia brasileira, exatamente como ele dizia que deveria ocorrer antes até de 1945. Parece incrível, mas como dizia outro economista, Roberto Campos, mas o Brasil é um país que não perde a oportunidade de perder oportunidades. Foi preciso mais de meio século para se demonstrar que Gudin estava correto, e que o segredo de nosso desenvolvimento estava nos ganhos de produtividade, não nesses "estímulos" estatais que só criam empresários rentistas, que vivem de subsídios públicos e de proteção.
O artigo abaixo confirma que temos a incrível capacidade de voltar ao passado.
Paulo Roberto de Almeida

Saudades dos anos 80
Alexandre Schwartsman
Folha de S. Paulo, Quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Dá uma sensação que beira a desesperança quando empresários pedem o fechamento da economia
Eu até poderia me surpreender, mas, como economista trabalhando no Brasil há mais tempo do que quero confessar, sinto que não tenho esse direito. Mesmo assim, quando líderes empresariais vêm a público pedir o fechamento da economia brasileira às importações, bate uma sensação que beira a desesperança.
Depois de anos de uma bem-sucedida (ainda que limitada) experiência de aumento da integração comercial do país, resta ainda quem abertamente defenda o retorno à situação que vivemos por mais de 50 anos, cujos resultados foram a estagnação da produtividade, o baixo crescimento e a elevação da concentração de renda.
O caso mais patológico foi, é claro, a malfadada política de reserva de mercado para informática, proposta por expoentes da corrente ironicamente autodenominada "desenvolvimentista", que gerou uns poucos ricos às expensas de consumidores e de empresas obrigados a pagar, por produtos de baixa qualidade, preços muito superiores aos praticados no exterior.
Todavia, esse é apenas o exemplo mais doentio do caso do amor da indústria nacional com o protecionismo. Há meros 20 anos, as importações equivaliam a 5,5% do PIB, dos quais quase a metade correspondia a petróleo e derivados, cuja produção doméstica era insuficiente.
Sob tais circunstâncias, os incentivos para a inovação eram mínimos e, consequentemente, o crescimento da produtividade foi medíocre, quando não negativo.
Dado, porém, que é precisamente o aumento da produtividade o fator crucial para a expansão sustentada do produto ao longo de muitos anos, também não se estranha o baixo dinamismo da economia brasileira por mais de 20 anos, que coincidiu, não por acaso, com o fim do processo de urbanização do país.
Por fim, a restrição às importações também permitiu a elevação das margens de lucro dos setores protegidos, cuja contrapartida é a redução do salário real. Posto de outra forma, a proteção beneficiou os setores intensivos em capital, implicando elevação do retorno sobre este à custa da redução do rendimento do trabalho, ou seja, maior concentração de renda.
E é a esse estado de coisas que alguns pretendem retornar, justificando que a elevação das importações teria prejudicado o crescimento da produção local. Isso no contexto de elevação da produção industrial superior a 16% e de um provável aumento do PIB na casa dos 9% na primeira metade do ano.
De fato, caso nossas projeções para as contas nacionais estejam corretas, a demanda doméstica deve ter crescido cerca de 10% no primeiro semestre deste ano, ou um pouco mais de R$ 150 bilhões (a preços de 2010).
Já as importações medidas em reais, deduzindo combustíveis, cresceram (também a preços de 2010) em torno de R$ 35 bilhões, um aumento de 30%, valor consistente com a experiência dos últimos anos.
Em outras palavras, mais de três quartos do crescimento da demanda doméstica foram atendidos pela produção local.
Isso se traduziu em forte redução da ociosidade na economia. No segundo trimestre deste ano, por exemplo, o nível de utilização da capacidade na indústria atingiu 82,7%, nível superado, por pouco, apenas no período entre o quarto trimestre de 2007 e o terceiro de 2008.
Já a taxa de desemprego caiu abaixo de 7% no último trimestre, o valor mais baixo da série. Ambas as observações sugerem que a economia se encontra bastante próxima do seu limite e que, portanto, as importações desempenham papel crucial para complementar a oferta doméstica num quadro de elevada demanda interna.
Se isso é verdade, o que poderia explicar esse acesso de nostalgia?
Quero crer que não seja um caso de sadismo, que sente saudade da estagnação econômica e da queda do salário real.
Provavelmente, não deve ser mais do que a percepção de que as importações limitam bastante o poder de certas indústrias de impor seus preços; é ruim para seus lucros, mas muito bom para o Brasil.

ALEXANDRE SCHWARTSMAN, 47, é economista-chefe do Grupo Santander Brasil, doutor em economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley) e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central. Escreve às quartas-feiras, quinzenalmente, neste espaço.

Haiti: "dívida" da independencia deveria ser devolvida pela Franca

Caso interessante. O Brasil também pagou pela sua independência, no que se constituiu o início de nossa dívida externa, que durante quase 200 anos representou um problema para o Brasil. O Haiti já se libertou há muito tempo dessa dívida, e não é apenas por isso que continuou subdesenvolvido. Mas, caberia uma investigação a respeito do caso.

Un appel pour que la France rembourse à Haïti la dette de son indépendance
Le Monde avec AFP, 16.08.2010

Dans une lettre ouverte au président Nicolas Sarkozy, publiée lundi 16 août dans le quotidien Libération, un groupe d'intellectuels et de responsables politiques appelle la France à rembourser à Haïti 17 milliards d'euros, une estimation des sommes qui furent exigées par Paris en échange de l'indépendance, obtenue en 1804, de son ancienne colonie. Cet appel est notamment signé par le linguiste américain Noam Chomsky, le philosophe français Etienne Balibar, ou encore les eurodéputés écologistes Daniel Cohn-Bendit et Eva Joly.

"Considérant les besoins financiers criants de ce pays dévasté par le terrible séisme du 12 janvier, nous vous pressons donc, monsieur le président, de restituer à Haïti, la première république noire de l'histoire, la dette historique de son indépendance", écrivent les signataires.

"UNE DETTE ILLÉGITIME"
Ils rappellent qu'après l'indépendance d'Haïti, le roi Charles X (1824-1830) imposa aux Haïtiens de payer à la France 90 millions de francs or, sous la menace d'une invasion militaire et d'une restauration de l'esclavage. "Cette indemnité a fait ployer des générations de Haïtiens sous le poids d'une dette illégitime, dette que la nation haïtienne n'a fini de payer qu'en 1947", ajoutent-ils.

Les signataires se présentent comme un "groupe de soutien au comité pour le remboursement immédiat des milliards envolés" d'Haïti. Ce comité est à l'origine de la mise en ligne, le 14 juillet dernier, d'une parodie du site Internet du ministère des affaires étrangères français, sur laquelle était faussement annoncé un remboursement de ces sommes. Le site a également mis en ligne lundi le texte de la pétition ainsi que la liste de la centaine de signataires.

============

Lettre ouverte au président français Nicolas Sarkozy
Open letter to Nicolas Sarkozy (English version)
Le 16 août, 2010

Dans une lettre ouverte publiée aujourd'hui dans le quotidien français Libération, plus de 90 écrivains, universitaires de renom et autres personnalités mondialement connues demandent publiquement au gouvernement français de restituer les 90 millions de francs or extorqués par la France à Haitï à la suite de son indépendance.

Parmi les signataires, on retrouve le linguiste du MIT Noam Chomsky, la journaliste Naomi Klein, les écrivains Eduardo Galeano et Ariel Dorfman, le professeur de l'Université de Princeton Cornel West, les philosophes français Alain Badiou, Étienne Balibar et Jacques Rancière, ainsi que plusieurs membres du Parlement européen, incluant le militant altermondialiste José Bové. Des membres de l'Assemblée nationale de France et du Québec, de même que Walden Bello, écrivain et membre élu de la Chambre des représentants des Philippines, ont également signé la lettre.

* * *

Le gouvernement français a indiqué qu’il envisageait de poursuivre en justice le Comité pour le Remboursement Immédiat des Milliards Envolés d’Haïti (CRIME) pour le canular inspiré des Yes Men dans lequel la France promettait, le 14 juillet dernier, la restitution de la dette historique d’Haïti.

Nous croyons que l’idéal d’égalité, de fraternité et de liberté cher à la France serait beaucoup mieux servi si, au lieu de dilapider les fonds publics dans des poursuites contre les auteurs du canular, le gouvernement français commençait à rembourser à Haïti les 90 millions de francs or qui lui furent extorqués suite à son indépendance.

Cette “dette de l’indépendance”, aujourd’hui évaluée à bien plus que les 17 milliards d’euros promis dans la fausse annonce du 14 juillet dernier, a forcé de manière illégitime un peuple s’étant libéré de l’esclavage par son indépendance à payer doublement pour sa liberté. Imposée sous menace d’invasion militaire et de la restauration de l’esclavage par le roi français Charles X afin de dédommager les anciens colons propriétaires d’esclaves pour perte “de propriété”, cette indemnité a fait ployer des générations d’Haïtiens sous le poids d’une dette illégitime, dette que la nation haïtienne n’a fini de payer qu’en 1947.

La France n’est pas le seul pays qui a une dette envers Haïti. Après 1947, Haïti a contracté des dettes auprès des banques commerciales et des institutions financières internationales sous la dictature de Duvalier, lequel a ainsi puisé des milliards dans les fonds publics. Les besoins vitaux et les aspirations au développement de générations entières d’Haïtiens ont par le fait même été sacrifiés pour rembourser ces dettes. Inclure Haïti dans les Pays Pauvres Très Endettés (PPTE) et annuler une partie de sa dette actuelle ne réparent pas les dommages financiers encourus par ses dettes récentes.

De plus, en 2000, des prêts de la Banque interaméricaine de développement (BID) s’élevant à 150 millions de dollars et devant servir à payer des infrastructures de base ont été bloqués illégalement par le gouvernement américain en guise de pression politique. Cela aussi fit des dommages économiques et humains considérables. Voilà pourquoi ces institutions et gouvernements devraient être tenus responsables pour les méfaits commis envers l’économie et la société haïtienne.

En 2003, quand le gouvernement haïtien demanda le remboursement de l’argent extorqué à Haïti, le gouvernement français a participé a son renversement. Aujourd’hui, le gouvernement français répond à la même demande du CRIME en le menaçant de poursuites judiciaires. Il s’agit à n’en pas douter de réponses inadéquates à une demande qui est moralement, économiquement, et légalement inattaquable. Considérant les besoins financiers criants de ce pays dévasté par le terrible séisme du 12 janvier dernier, nous vous pressons donc, monsieur le Président, de restituer à Haïti, la première république noire de l’histoire, la dette historique de son indépendance.

(signatures)

Joaquim Nabuco em Yale e Wisconsin: livro da Bem-te-vi

Um livro de que participei, no capítulo Wisconsin, está sendo lançado nesta quinta-feira, dia 19 de agosto, no Rio de Janeiro, conforme convite abaixo.

David K. Jackson (Yale) e Severino Oliveira (Wisconsin), organizadores:
Conferências sobre Joaquim Nabuco (Yale e Wisconsin)
Rio de Janeiro: Editora Bem-te-vi, 2010



Participarão do lançamento os organizadores e grande parte dos autores, mas não poderei estar presente, pois estou a 15 mil kms de distância.
Para compensar minha ausência dou conhecimento de parte do meu capítulo no livro.

Meu capítulo tem este título:
O Brasil e os Estados Unidos antes e depois de Nabuco: uma avaliação de desempenho relativo no plano do desenvolvimento social

Transcrevo os parágrafos iniciais:

A participação de dois grandes países no mundo moderno
O objetivo principal deste ensaio é o de oferecer uma visão comparada do desempenho relativo, em termos de realizações materiais e intelectuais, da sociedade e da economia dos Estados Unidos, por um lado, e do Brasil, por outro, no espaço dos últimos cem anos. O ponto de partida é dado pela releitura da avaliação geral feita pelo Embaixador Joaquim Nabuco sobre a contribuição dos Estados Unidos – uma designação que ele não usa em seu ensaio original, adotando o termo usado pelos próprios americanos, de “América” – à civilização mundial, na sua aula inaugural preparada para a abertura do ano acadêmico de 1909 na Universidade do Wisconsin em Madison.
Em sua ‘Madison lecture’ – cujo título exato é “The Share of America in Civilization”, publicado oportunamente na The American Historical Review (15.1 [1909] 54-65) – Nabuco apresentou o que ele entendia serem as mais importantes contribuições dos Estados Unidos à civilização moderna, que listou assim: imigração, democracia, igualdade de condições sociais para todas as classes da Nação, iniciativa individual, competição e, finalmente, educação, ou melhor, o sistema americano de educação, baseado na autonomia do indivíduo, ou self-reliance. Ele notou, também, o papel da ciência e da inovação no desenvolvimento da civilização contemporânea; mas considerou que, naquele momento, os Estados Unidos não estavam totalmente preparados para desafiar as realizações européias nesses terrenos.
No que se refere ao Brasil e a América Latina, ele comentou, en passant, que os países ibéricos ainda não estavam preparados para desempenhar um grande papel na disseminação da civilização: “É ainda muito cedo para falar da parte reservada à América Latina na história. Ainda não nos foi dada a ordem para entrar no palco; as peças de Deus são muito longas; seus atos são eras inteiras.” (Nabuco, “The Share…”, p. 64). Ele reconhecia as dificuldades que enfrentavam esses países, referiu-se a algumas de suas contribuições, como a participação na Segunda Conferência da Paz da Haia e o vôo de Santos-Dumont, e elogiou a postura pacifista da Constituição brasileira de 1891, única no mundo ao recusar a guerra de conquista.
Este ensaio examinará o ponto de partida dos Estados Unidos e do Brasil, no momento da independência, seguirá seus respectivos processos de desenvolvimento econômico ao longo do século 19 – testemunhado por Nabuco – e estenderá essa avaliação para os cem anos seguintes ao seu discurso. Obviamente, taxas de crescimento do PIB e indicadores nacionais de renda per capita representam abordagens parciais, incompletas e insuficientes aos caminhos divergentes de modernização seguidos pelos Estados Unidos e pelo Brasil durante o “longo século 20”, isto é, aquele que se estende da última década do século anterior até nossa própria época. Provavelmente, mais importante do que as realizações materiais foram: a construção institucional, ou seja, a qualidade da democracia; a natureza meritocrática do sistema educacional, que premia o desempenho individual e a competição saudável; e aquele traço de caráter e de organização institucional especificamente Anglo-Saxão, que sequer possui um equivalente hispânico, chamado accountability (prestação de contas, ou ‘responsabilização’ no desempenho de qualquer cargo público).

Security Council: Brazil's elusive quest

Brazil Seeking Security
By Stewart Patrick,
Council on Foreign Relations
The National Interest, July 7, 2010

In spring 2010, Brazil made a quixotic effort with Turkey to mediate the West’s long-running conflict with Iran. Although this gambit failed—“We got our fingers burned,” Foreign Minister Celso Amorim confided to The Financial Times—the affair underscored Brazil’s determination to play on the global stage. Ironically, the ploy may also have harmed Brazil’s chances for a UN Security Council seat.

After two decades of galloping growth, Brazil has joined the top rank of emerging powers, just behind China and India. Its diplomatic ambitions have kept pace. Under flamboyant President Luiz Inácio Lula da Silva, Brazil has flexed its muscles within the BRIC coalition, barged into Middle East diplomacy, secured a place in the G20, shaped global climate and trade negotiations, and demanded greater clout within the International Monetary Fund and World Bank.

But one prize eludes Brasilia—permanent membership in the UN Security Council. Sixteen years after Amorim formally declared its candidacy, Brazil’s campaign remains stalled by resistance from the permanent five and regional rivals in Latin America. Brazil currently occupies one of the council’s rotating, two-year seats—for a record tenth time—but this has been a poor consolation prize.

Brazil’s meteoric rise presents a quandary for President Obama, who is committed to renovating global institutions to harness rising powers. “The international architecture of the 20th century is buckling,” his new National Security Strategy declares. “International institutions must more effectively represent the world of the 21st century, with a broader voice—and greater responsibilities—for emerging powers.”

Obama’s reform agenda presumably includes enlarging the UN Security Council, the world’s most important (and arguably outdated) institution. And yet, U.S. officials remain wary of opening this Pandora’s box, given the hurdles to securing an actual Charter revision and fears that new members will dilute U.S. influence and weaken council enforcement.

The biggest wild card in council expansion is how new permanent members will behave. Ideally, rising powers would assume new responsibilities and cast off outdated ideologies. But Brazil’s unpredictable behavior suggests that emerging powers may not sing from Washington’s sheet music, even if they are democracies.

Brazil’s candidacy has been a bone of contention since World War II, when the Big Three debated who should join them as veto-wielding permanent members. Churchill ultimately won agreement on liberated France, which Stalin had dismissed as “charming but weak.” Roosevelt secured support for Chiang Kai-shek’s China, on the grounds that they needed at least one Asian member.

Roosevelt also lobbied hard for Brazil. Beyond rewarding the country’s participation in the war, he was impressed by its massive size, resources and potential. He worried that a council without a permanent Latin American member would undermine hemispheric solidarity, and that a dissatisfied Brazil might quit the UN altogether—just as it had left the League of Nations when denied a seat on the League Council.

Other U.S. officials were skeptical. Brazil was in no way a great power, and treating it as one would undermine the council’s credibility. Moreover, Brazil’s selection would antagonize its Spanish-speaking neighbors, while emboldening other regional powers to make similar claims. Despite Roosevelt’s support, Brazil’s bid was ultimately thwarted by London and Moscow.

A lifetime later, these historical debates—over Brazil’s great-power status, relationship to Latin America, potential contributions to global security and likely behavior as a permanent member—remain relevant.

Brazil is still not Latin America’s natural representative. Lula has pursued regional diplomacy, but few South American countries recognize Lusophone Brazil as their leader. Brasilia got little hemispheric support for its energetic council bid in 2004–2005, and Argentina, Colombia, Mexico and Venezuela will surely oppose any future efforts. More fundamentally, the issue of regional representation is more appropriately addressed in the council’s elected membership, leaving permanent status to great powers able to guarantee global order.

The question remains, however, whether Brazil is a great power. Brazil has obvious strengths, ranking fifth globally in area and population, and eighth in the size of its economy (which has world-class agriculture, aerospace and biofuels sectors). Recent discoveries place it in the top ten in proven oil and gas reserves, and it has amassed huge foreign-exchange holdings. Its environmental assets include massive mineral deposits, rich biodiversity and the largest renewable freshwater resources on earth. Despite the economic crisis, Brazil will probably grow 5 percent in 2010.

And then there are Brasilia’s enviable “soft power” resources. An open, vibrant and multiethnic democracy, Brazil is widely admired as a champion of the developing world and equitable globalization. The Itamaraty, the country’s sophisticated diplomatic corps, speaks with pride of Brazil’s “diplomatic GDP,” and the country has expanded its global presence by opening scores of embassies and consulates since the turn of the century.

What is striking about Brazil’s great-power claims is that they are framed almost entirely in economic (and, to a lesser degree, cultural) terms. Whereas the other BRICs have invested in hard power, Brazil has traditionally devalued its military, instead emphasizing multilateral cooperation within international institutions. This posture is partly a happy accident of geography, which left Brazil the biggest player in a peaceful U.S. sphere of influence. Insulated from the Hobbesian aspects of global anarchy, Brazil was long free to focus on development at home and conflict resolution abroad.

Brasilia’s military power is growing but remains modest. It has nearly three hundred thousand military personnel, ranking fifteenth globally. Its $15.3 billion military budget represents only 2.65 percent of U.S. defense spending. Although it has one aircraft carrier, Brazil has limited capacity to project force abroad. This low military profile seems inconsistent with the responsibilities of a permanent member.

Peacekeeping is Brazil’s most visible contribution to world security. Nearly one thousand three hundred Brazilian troops are deployed in Haiti, where it leads the MINUSTAH mission. Still, Brazil ranks only fourteenth among UN troop contributors, well behind India, Nigeria, Egypt and others. It provides less than 1 percent of the UN’s regular budget—and only 0.2 percent of its peacekeeping budget. In sum, Brazil’s investments in international security are useful, but not impressive.

As important as what Brazil brings to the table is how it would behave as a permanent member. Would it be a stalwart champion of international security? Or would it be an unreliable partner that plays to the galleries? The answers to date are not necessarily comforting.

As Brazil emerges on the world stage, it is increasingly whipsawed between its dual identity as a major global player and as a card-carrying member of the Group of 77. Lula aspires to contribute to global peace, but his attachment to South-South solidarity makes him reluctant to back effective enforcement actions that are a cornerstone of world order.

This duality has some potential advantages, allowing Brazil to broker compromises on issues like climate change between the global North and South. But this split personality raises fundamental questions about whether Brazil, as a permanent member of the Security Council, would be willing to make hard decisions on core matters of peace and security.

Most damaging to Brazil’s Security Council bid is a growing perception in Washington that Lula’s foreign policy is driven by anti-Americanism. To be sure, Brazil and the United States have never been bosom buddies, as Brazil has sought to insulate itself from U.S. hegemony. But the Lula government has adopted a revisionist global agenda often antithetical to Washington’s own. This confrontation runs counter to the long-term interests of both parties, which are far more aligned than opposed.

Also problematic is Brazil’s absolutist position on the principle of nonintervention. Under Lula, Brazil has repeatedly invoked the mantra of state sovereignty to resist U.S.-supported enforcement action against governments that commit gross human-rights abuses like Burma, Sudan and Zimbabwe.

Lula’s public embrace of Iran as a “great partner” is particularly worrisome. Brazil’s misadventure—and its recent vote against a fourth round of UN sanctions—has increased doubts about Brazil’s determination to prevent nuclear proliferation. (This is somewhat ironic, as Brazil is a member in good standing of all major nuclear regimes, it is a party to the Treaty of Tlatelolco, which prohibits nuclear weapons in Latin America, and it is prevented by its constitution from developing an atomic arsenal.)

Before spearheading movement on council enlargement, Washington must be confident that any new permanent members will behave as responsible stakeholders. “Permanent,” after all, is quite a long time. Brazil today seems more comfortable with being a global power than assuming the mantle of a global leader.

In six months, Lula and his outsized personality will be gone. This transition will give his successor the opportunity to chart a less erratic foreign-policy course.

“Brazil is not a serious country,” Charles de Gaulle once cruelly said. If it is serious about UN Security Council reform, Brasilia will need to take a more vigorous line against violators of UNSC resolutions, including those guilty of gross human-rights violations or nuclear proliferation. Brazil will also have to reconsider is historic support for state sovereignty and noninterference in light of the UNSC’s troubling docket.

Stewart Patrick is a senior fellow and director of the Program on International Institutions and Global Governance at the Council on Foreign Relations

Estranho conselho: nao se deixar levar pela globalizacao...

Não sei exatamente o que os países latino-americanos deveriam fazer para seguir ao pé da letra o conselho do presidente uruguaio: talvez fechar o país aos intercâmbios externos, controlar o câmbio e os fluxos de capitais, proteger as indústrias nacionais, conceber e implementar políticas setoriais que não dependam da interface externa do país, enfim, fazer tudo o que for humanamente possível para insular o país das crises externas e da competição externa.
Mas, espera aí: tudo isso já foi feito e implementado no Brasil e na América Latina durante anos e décadas. Acho que não deu certo, do contrário os países da região seriam verdadeiras potências econômicas e não essas economias periclitantes e erráticas como foram durante muitos anos.
Os países só deslancharam, realmente, quando se liberaram de todas essas políticas protecionistas e dirigistas, como no Chile e no próprio Brasil.
Parece que tem gente que quer fazer o Brasil e a América Latina retornarem para trás.
Enfim, alguns já conseguiram, como sabemos quem são...
Paulo Roberto de Almeida

Uruguay: Mujica exhorta a Latinoamérica a no dejarse manejar por la globalización
Infolatam
Asunción, 16 de agosto de 2010

El presidente de Uruguay, José Mujica, abogó hoy por la cohesión latinoamericana y exhortó a los países a no dejarse manejar por la globalización, tras reunirse con el mandatario paraguayo, Fernando Lugo, en el Palacio de López, sede gubernativa, en Asunción.

“Somos absolutamente conscientes de que tenemos que juntarnos en esta época inevitable de la globalización lo más posible para manejarla y no que esta nos maneje”, expresó Mujica durante un breve discurso, en el último día de su primera visita oficial a Paraguay, único país del Mercosur al que no había viajado.

Iran: the case for caution - Foreign Policy

A matéria abaixo deve ser lido em explícita conexão com um outro post aqui colocado:

Iran: The Point of No Return - The Atlantic
domingo, 15 de agosto de 2010

The Weak Case for War with Iran
BY FLYNT LEVERETT, HILLARY MANN LEVERETT
Foreign Policy, August 11, 2010

Jeffrey Goldberg's new article in the Atlantic is deeply reported -- and deeply wrong about the Middle East. But it's his misunderstanding of America that is most dangerous of all.

Amid widespread skepticism that sanctions will stop Tehran's nuclear development and grudging, belated recognition that the Green Movement will not deliver a more pliable Iranian government, a growing number of commentators are asking the question, "What does President Obama do next on Iran?"

For hawks, the answer is war. Last month, in The Weekly Standard, Reuel Marc Gerecht made the case for an Israeli strike against Iranian nuclear targets. With the publication of Jeffrey Goldberg's "The Point of No Return" in the Atlantic, the campaign for war against Iran is now arguing that the United States should attack so Israel won't have to.

To be sure, Goldberg never explicitly writes that "the United States should bomb Iran." But he argues that, unless Israel is persuaded that Obama will order an attack, "there is a better than 50 percent chance that Israel will launch a strike by next July." And Goldberg's Israeli interlocutors readily acknowledge that the United States could mount a far more robust air campaign against Iranian nuclear targets than Israel could. A much more limited Israeli strike "may cause Iran to redouble its efforts-this time with a measure of international sympathy-to create a nuclear arsenal [and] cause chaos for America in the Middle East," he acknowledges. Goldberg believes the Obama administration understands that "perhaps the best way to obviate a military strike on Iran is to make the threat of a strike by the Americans seem real." But there is a clear implication that, if threat alone does not work, better for the United States to pull the trigger than Israel.

Goldberg's reporting on Israeli thinking about Iran -- reflecting interviews with "roughly 40 current and past Israeli decision makers" -- including Prime Minister Benjamin Netanyahu -- is exemplary. Unlike Gerecht, Goldberg does not skirt the potentially negative consequences of war. But Goldberg's reporting also reveals that the case for attacking Iran -- especially for America to attack so Israel won't -- is even flimsier than the case Goldberg helped make for invading Iraq in 2002, in a New Yorker article alleging that "the relationship between Saddam's regime and Al Qaeda is far closer than previously thought."

Goldberg's case for war on Iran starts with the Holocaust -- and a view of the Islamic Republic as a latter-day Third Reich, under ideologically obsessed, anti-Semitic leadership to which "rational deterrence theory ... might not apply." Israelis across the political spectrum have bought the argument that Iran is an "existential threat," he writes. But, as Goldberg himself acknowledges, this is not true. He recounts his realization of the "contradiction" captured in a photograph of Israeli fighter planes flying over Auschwitz that he saw "in more than a dozen different offices" at Israel's defense ministry:

"If the Jewish physicists who created Israel's nuclear arsenal could somehow have ripped a hole in the space-time continuum and sent a squadron of fighters back to 1942, then the problem of Auschwitz would have been solved in 1942. In other words, the creation of a serious Jewish military capability-a nuclear bomb, say, or the Israeli air force-during World War II would have meant a quicker end to the Holocaust. It is fair to say, then, that the existence of the Israeli air force, and of Israel's nuclear arsenal, means axiomatically that the Iranian nuclear program is not the equivalent of Auschwitz." (emphasis added)

Moreover, the Islamic Republic is not Hitler's Germany, particularly regarding Jews. No matter how many anti-Zionist or even anti-Semitic quotes Gerecht, Goldberg, and others may marshal from Iranian politicians, inconvenient realities undermine the Islamic Republic/Third Reich analogy: Roughly 25,000-30,000 Jews continue living in Iran, with civil status equal to other Iranians and a constitutionally guaranteed parliamentary seat. It is illegal in the Islamic Republic for Muslims to consume alcohol --but Jews (and Christians) are permitted wine for religious ceremonies and personal consumption. Iranian politicians frequently question Israel's legitimacy and predict demographics will ultimately produce a "one-state" solution in Palestine. It's true that Iranian President Mahmoud Ahmadinejad has made provocative statements questioning the Holocaust. But neither Ahmadinejad nor any other Iranian leader has threatened to destroy Israel by initiating military conflict.

Fixating on Ahmadinejad's rhetoric obscures the fact that normalized U.S.-Iranian relations would profoundly benefit Israel -- just as Henry Kissinger's engagement with Egyptian President Anwar Sadat in the 1970s decisively changed regional dynamics to preclude any possibility of another generalized Arab-Israeli war. It is only in retrospect that Sadat -- an open admirer of Hitler who worked with Germany against Britain during World War II and not only made vicious anti-Israeli and anti-Semitic statements but launched a war that killed and injured thousands of Israelis -- is depicted as a "man of peace."

Goldberg ascribes Netanyahu's concern about the "existential threat" from Iran to the influence of Netanyahu's father -- a revisionist scholar who upended historiography of the Spanish Inquisition by focusing on its anti-Semitic roots. But Netanyahu père's worldview does not permit rational calculation of threat or diplomatic contributions to Israel's security. Ben Zion Netanyahu opposed Likud Prime Minister Menachem Begin over peace with Egypt and, in an interview last year, said of Arabs that they are "an enemy by essence ... [T]he only thing that might move the Arabs from the rejectionist position is force."

This is a strategically obtuse outlook, the influence of which on the current Israeli government's decision-making can only be pernicious. But Goldberg's reporting on his conversations with Israeli generals, national-security policymakers, and politicians makes clear that, in fact, those at the top of Israel's political order understand Iran's nuclear program is not an "existential threat." His interlocutors recognize Iran is unlikely to invite its own destruction by attacking Israel directly. Rather, they say, a nuclear Iran "will progressively undermine [Israel's] ability to retain its most creative and productive citizens," according to Defense Minister Ehud Barak.

"The real threat to Zionism is the dilution of quality," Barak tells Goldberg. "Jews know that they can land on their feet in any corner of the world. The real test for us is to make Israel such an attractive place, such a cutting-edge place in human society, education, culture, science, quality of life, that even American Jewish young people want to come here ... Our young people can consciously decide to go other places [and] stay out of here by choice."

Ephraim Sneh, retired general and former deputy defense minister, also describes the non-existential nature of the Iranian "threat":

"[Israelis] are good citizens, and brave citizens, but the dynamics of life are such that if ... someone finishes a Ph.D. and they are offered a job in America, they might stay there ... The bottom line is that we would have an accelerated brain drain."

In other words, Israeli elites want the United States to attack Iran's nuclear program -- with the potentially negative repercussions that Goldberg acknowledges -- so that Israel will not experience "a dilution of quality" or "an accelerated brain drain." Sneh argues that "if Israel is no longer understood by its 6 million Jewish citizens, and by the roughly 7 million Jews who live outside of Israel, to be a ‘natural safe haven', then its raison d'être will have been subverted."

To be sure, the United States has an abiding commitment to Israel's security. But, just as surely, preventing "dilution of quality" or bolstering Israelis' perceptions regarding their country's raison d'être can never give an American president a just or strategically sound cause for initiating war. And make no mistake: Bombing Iran's nuclear facilities would mean war.

Netanyahu himself admits that the challenges posed by a nuclear Iran "are more subtle than a direct attack," noting that "you'd create a sea change in the balance of power in our area." This is another major point in the Israeli case for war that deserves unpacking -- and debunking. Goldberg points out that "Persian and Jewish civilizations have not forever been enemies." In fact, the Islamic Republic and Israel have not forever been enemies. During the Iran-Iraq war, Israel -- over Washington's objections -- sold weapons to Iran, and was involved in U.S. President Ronald Reagan's subsequent outreach to Tehran (which imploded in the Iran-Contra scandal).

However, Israeli-Iranian geopolitical dynamics changed with the Cold War's end, the Soviet Union's collapse, and the removal of Iraq's military as a factor in the regional balance of power through the first Gulf War. Since then, Israel has deemed Iran its principal rival for regional hegemony -- and the Islamic Republic views what it sees as Israel's hegemonic ambitions as threatening its vital interests.

Israeli elites want to preserve a regional balance of power strongly tilted in Israel's favor and what an Israeli general described to Goldberg as "freedom of action" --the freedom to use force unilaterally, anytime, for whatever purpose Israel wants. The problem with Iranian nuclear capability -- not just weapons, but capability -- is that it might begin constraining Israel's currently unconstrained "freedom of action." In May, retired Israeli military officers, diplomats, and intelligence officials conducted a war game that assumed Iran had acquired "nuclear weapons capability." Participants subsequently told Reuters that such capability does not pose an "existential threat" to Israel -- but "would blunt Israel's military autonomy."

One may appreciate Israel's desire to maximize its military autonomy. But, in an already conflicted region, Israel's assertion of military hegemony is itself a significant contributor to instability and the risk of conflict. Certainly, maximizing Israel's freedom of unilateral military initiative is not a valid rationale for the United States to start a war with Iran. Just imagine how Obama would explain such reasoning to the American people.

So, what should Obama do? Goldberg concludes with a story told by Israeli President Shimon Peres about Israel's founding prime minister, David Ben-Gurion. When Ben-Gurion met U.S. president-elect John F. Kennedy in late 1960, Kennedy asked what he could do for Israel. Ben-Gurion replied, "What you can do is be a great president of the United States."

Regarding Iran, what constitutes "greatness" for Obama? Clearly, Obama will not achieve greatness by acquiescing to another fraudulently advocated and strategically damaging war in the Middle East. He could, however, achieve greatness by doing with Iran what Richard Nixon did with Egypt and China -- realigning previously antagonistic relations with important countries in ways that continue serving the interests of America and its allies more than three decades later.

Related:
It's Time to Get Tough on Iran
Why it could be Tehran -- not Washington -- that provokes a war.
By Michael Eisenstadt and David Crist

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Auto-censura: um retrato do pais a que chegamos...

Da coluna do jornalista gaúcho Diego Casagrande (17.08.2010):

ARTIGO:
QUEM PRECISA DE CENSURA?
por Glauco Fonseca

Dia desses, um jornalista catarinense dos bons e amigo melhor ainda me confidenciou, magoado, que estava sofrendo pressões do veículo no qual trabalha por conta de suas posições políticas. Contou-me que, durante muitos anos, exprimira suas convicções livremente, pois que eram muito semelhantes ao pensamento e a opção editorial dos mesmos veículos, dos mesmos patrões. No caminho da constatação de que as coisas mudaram ? e como -, um belo dia ele foi chamado a uma conversa com o editor-chefe, que, por sua vez, havia sido provocado pelo diretor comercial que, por coincidência, era filho do patriarca. Ele foi informado que o cliente privado XPTO estaria tirando a verba da publicação caso ele permanecesse com sua linha de posicionamento. Ao ouvir o relato, perguntei a mim mesmo quem precisa de uma censura governamental se já temos, entre nós, mecanismos horrorosos de opressão e intimidação, públicos e também privados, capazes de submeter inclusive aqueles que, outrora, foram formidáveis e providenciais líderes de opinião?

Até mesmo o atual governo se deu conta de que não precisa mais se preocupar com essas polêmicas trivialidades. Descobriu que é muito mais fácil ligar para a agência de propaganda, que liga para o dono do jornal, que chama o jornalista e apela para o seu bom senso. Fulano, estou com as mãos atadas e precisamos deste patrocínio...se tu continuares dando porrada, vamos perder esta receita e não poderemos mais arcar com teu polpudo salário....
Depois desta descoberta, tão vil ou ainda pior do que invasões truculentas e armadas às redações, acabou o estresse de ter de aprovar um projeto como o tal Controle Social da Mídia, proposto e retirado do programa de governo de Dilma no TSE. O repórter aquele está incomodando? Avisa o dono da TV que a concessão dele vai ser questionada, que o BNDES vai abrir uma linha exclusiva para redes que não a dele e manda tirar aquela mídia gigantesca do grupo. O repórter logo terá apenas duas opções: calar-se ou demitir-se.

O problema são os ciclos de persistência, cada vez mais frágeis e desprovidos de qualquer convicção que não se renda às eficazes baionetas econômicas. E o que eu chamo de ciclo de persistência de líderes de opinião de outrora, está com os dias contados. O empresário, dono do jornal ou da TV, mudou de opinião quanto ao capitalismo, à livre iniciativa e à soberania do mercado? Provavelmente não. Sua postura empresarial diante de uma perspectiva não só de sobrevivência, mas de crescimento, ao se aliar aos novos mandatários, esta sim, em vários casos, mudou muito. Afinal de contas, ele é um empresário e não um monge e pode, sim, fazer o que quiser com seu patrimônio. Ficará mal nesta história quem costumava trabalhar com o antigo chefe, aquele que sobreviveu e prosperou nos anos de direita e centro e que, agora, não tem como ser clicado na mesma foto com um chefe que também deseja sobreviver e prosperar em tempos de PT e sua nova ordem.

Eu disse ao meu amigo, com a sinceridade que ele sempre me mereceu, que ou ele mudava de lado ou de profissão. O Brasil não precisa mais de uma censura verde-oliva. O Brasil tem hoje uma censura capitalista, ainda mais implacável, pública e também privada, que, se por um lado não confisca computadores, assim o faz com vozes, textos, imagens.

A história da nova censura brasileira poderá ser bem pior do que a da Venezuela de Chávez e sua Globovisión.

Venezuela: Chavez presta contas ao pais

Enfim, logramos saber como está a situação real da Venezuela. Depois de anos sem apresentação de dados fiáveis, sem que a PDVSA publique seus balanços, sem que o FMI possa inclusive fechar esses relatórios de avaliação dos indicadores básicos do país, o próprio caudilho, ops, digo o presidente Hugo Chávez, vem a público, embora numa data insólita, para prestar contas dos 11 anos de seu governo.
Abaixo os dados.
Paulo Roberto de Almeida

Por Fin! Hugo Chávez presenta cuentas al país.
lunes 16 de agosto de 2010

En sesión solemne celebrada el 31 de Febrero de 2010 ante el cuerpo diplomático en pleno y la Asamblea Nacional, el presidente Hugo Chávez presentó, por fin, una verdadera rendición de cuentas. Fue la primera vez que el presidente incluyó cifras concretas en su discurso, en lugar de la simple retórica ideológica contenida en discursos anteriores. Aquí está el discurso:

Camaradas todos… tu también, Nuncio:
Acudo ante ustedes para presentarles las realizaciones de la revolución durante mis primeros once años de mandato. Hoy vengo con las cifras en la mano, todas ellas certificadas por la oposición.

Estas son las cifras de la revolución:
Cuando llegué al poder existían 900.000 empleados públicos. Hoy me siento orgulloso en decir que 2.300.000 venezolanos, venezolanas y ni-nis reciben sueldo de mi gobierno benefactor, incluyendo 2.200 militares activos, quienes están a los más altos niveles de nuestra administración de bienes (y como los administran!). Ello le da a la revolución una base mínima de unos cinco millones de votos en cada elección. Cuando perdemos?

Inflación y política agraria.
La inflación acumulada durante mi gobierno es del 733 por ciento, lo cual nos coloca como líderes hemisféricos en este renglón.
Hemos arrebatado 600 fincas a los escuálidos, con más de 2,5 millones de hectáreas. En la piscina de Diego Arria se bañan hoy 237 niños yaracuyanos, a veces todos al mismo tiempo.

Seguridad fronteriza.
La integridad de nuestras fonteras está garantizada mediante la compra que ha hecho mi gobierno de $8000 millones en armas de todo tipo a nuestros amigos chinos, rusos e iraníes. 39 campamentos de las FARC situados en nuestro territorio garantizan la seguridad del gobierno contra una posible invasión colombiana.

Exportaciones.
Nuestras exportaciones se fortalecen cada día debido a la pérdida del 55 por ciento del valor del bolívar fuerte. Ahora somos más competitivos y exportamos cabillas, petróleo, cabillas, pet.. etc.

Supremacía comunicacional y austeridad.
Hemos logrado la supremacía comunicacional. Ahora controlamos 731 medios de comunicación: radiemisoras, periódicos, televisoras, revistas, sitios de internet. Saludos Wilpert, saludos Eva, saludos José Vicente, saludos Omar, saludos García Ponce, saludos Mario.
La austeridad progresa en el país a casi todos los niveles. En el 2010 tendremos una caída superior al 3 por ciento en nuestro Producto Interno Bruto. Ya no somos un país consumista y decadente sino simplemente decadente.

Nuestro bravo pueblo.
Quienes hablaban de los venezolanos como un pueblo manso han tenido que tragarse sus palabras. Mientras que en 1998 hubo solo 4500 asesinatos en Venezuela, hoy sobrepasamos los 17.000 despachados por año y seguimos creciendo. Un dos por ciento de estos asesinatos son investigados por nuestras fuerzas policiales. Mientras la capacidad de las cárceles es de 12.000 reclusos tenemos 32.500 presos en ellas para lograr que ellos mismos se liquiden entre sí. En Venezuela hay 15 millones de armas en poder del pueblo. La gente está aaaaarmaaada y ello nos causa orgullo y hasta risas, no es verdad Izarrita?

Pobreza disminuye.
En mi gobierno solo nueve millones de venezolanos, venezolanas y ni-nis son pobres y apenas tres millones de ellos se acuestan sin comer. Este asunto lo vamos a resolver definitivamente gracias a los esfuerzos de PDVSA, PDVAL, Mercal y Barivén. Entre 2009 y 2010 apenas se han podrido 130.000 toneladas de comida importada, la mitad de lo que trajimos y hemos podido controlar las omisiones y desajustes, enviando a prisión a Pulido. Pido a la justicia que le aplique 30 años a Pulido, Luisa Estella. Ustedes son autónomos pero, házme caso que te conviene.

Educación y salud.
En materia educativa hacemos progresos. Tenemos 150.000 profesores contratados temporalmente, mientras planificamos lo que vamos a hacer. Hemos logrado que se graduen de bachiller hasta un 30 por ciento de los jovenes que empiezan sus estudios. Quienes no se graduan son incorporados a las milicias populares o van a trabajar la tierra confiscada a los escuálidos. Ya hay solo cuatro millones de niños fuera del sistema educativo. La universidad bolivariana está produciendo médicos e ingenieros, las dos profesiones que entierran sus errores.
En materia de salud hemos depurado el sector al permitirles la salida del país a 4000 médicos venezolanos, quienes serán reemplazados por paramédicos y patriotas cubanos. Un escaso millón de venezolanos están afectados por el Mal de Chagas, según nos dice el Dr. José Gómez Mancebo. Eso va bien.

Petróleo.
En el sector petrolero seguimos independizándonos de USA. Apenas van para allá el 70 por ciento de nuestras exportaciones. El otro 30 por ciento lo enviamos a Cuba, a otros países del Caribe y a China, donde no nos pagan en dólares imperialistas sino en guardaespaldas, caraotas negras, bananas y satélites artificiales. Eso es lo que la ciencia económica llama diversificación. PDVSA ha pasado de tener 32.000 empleados en 1998 a casi 100.000 hoy, debido a nuestra política de soberanía petrolera, mediante la cual le hemos quitado 75 empresas a los italianos de la costa oriental del lago. Y lo mejor es que lo hemos hecho sin pagar deudas o indemnizaciones, lo cual representa un ahorro para el gobierno de unos 12.000 millones de dólares.Hemos logrado que las refinerías venezolanas produzcan casi toda la gasolina que consumimos internamente y la vendemos a precios solidarios. Nuestro costo de producción de esa gasolina es de $25 el barril pero se la vendemos a nuestro pueblo a $7 el barril, para hacerle la vida más llevadera. Apenas importamos unos pocos barriles diarios de este producto, y esto cuando se nos para el palito, lo cual no es frecuente ya.

Relaciones laborales.
En materia laboral me place reportar que nos quedan unos escasos 200 contratos colectivos vencidos en la administración pública y que le he entregado el manejo de las empresas de Guayana a los trabajadores, para que sean ellos quienes decidan soberanamente sobre sus remuneraciones y horas laborales. Ya estamos viendo los resultados, camaradas, fíjense en SIDOR y lo bien que va.

Intercambio con otros países.
El sector privado solo exportó 3000 millones de dólares el año pasado, un tercio de lo que exportaba durante la cuarta república. Y lo seguiremos asfixiando! Mientras tanto, he continuado mi política de manos abiertas hacia países y líderes amigos. Unos 50.000 millones de dólares revolucionarios han inundado a Cuba, Nicaragua, Bolivia, Ecuador, Argentina, Paraguay, el Caribe, Bielorusia, Irán, Siria, Libia, Zimbabue, El Salvador y otros países de Centro América, durante mis once años en el poder. Hay que ver como nos quieren en esos países, camaradas. Eso no quiere decir que nuestros leales servidores públicos la están pasando mál. El presidente de PDVSA gana, entre uno y otro ñereñere, unos cuarenta mil dólares al mes. Y lo que le chórrea por otras vías…. Los militares tampoco se pueden quejar porque hace poco les dí un aumento del 40 por ciento. Nadie aguanta un cañonazo de esos, camaradas. Hay para todos, no se apelotonen, hagan la cola, sigan tuitéandome.

Intentos de magnicidio.
A pesar de mi generosidad y amor por el pueblo he tenido que sufrir 50 intentos de magnicidio durante mi mandato. Y los que faltan. Espero otro dos días antes de las elecciones de septiembre.

Importaciones y deudas.
Una de las industrias más prósperas de la revolución es la de importación, cuyo éxito ha provocado grandes cuellos de botella en los puertos, ahora en manos de los cubanos que si son expertos en eso, como en todo. Anuncio con placer que ahora importamos el 59 por ciento de nuestro consumo cárnico, o carneiro como dice Lula., cuando en 1998 se importaba solo el uno por ciento. Estamos importando 500.000 toneladas de azúcar al año desde Brasil, esperando que los cubanos que trajimos como asesores en este sector comiencen a producir resultados. Los dominicanos, argentinos,nicaraguenses nos mandan 40.000 toneladas métricas de tronadoras, caraotas negras, mientras las fincas expropiadas comienzan a producirlas, en 2019.
La deuda nacional ha aumentado, como debe ser en un país que está en marcha. La recibimos en 23.000 millones de dólares en 1998 y hoy la tenemos en un poco más de 100.000 millones de dólares, sin contar lo que le debemos a las empresas expropiadas (que no pensamos pagar). Los chinos nos han adelantado 26 mil millones de dólares a cambio de 200.000 barriles diarios de petróleo y productos refinados por los próximos 20 años de nuestro gobierno.

Servicios públicos e ingresos.
En materia de servicios públicos hemos logrado mantener un 60 por ciento del territorio nacional a oscuras durante largas horas a la semana. El déficit de viviendas se ha estabilizado en 2,5 millones, lo cual significa que solo uno de cada dos y medio padres de familia carece de un techo adecuado.
Hemos recibido un millón de millones de dólares de ingresos durante mi mandato, es decir, 1000 acompañado de nueve ceros, como en el beisból. A veces me pregunto donde están esos reales… no es verdad Ramírez, Cabello, Nóbrega, Maduro, Rangel, Chacón, Adán, Cilia, Merentes, muchachas y muchachos todos? A veces me parece mentira todo lo que ha pasado en estos once años. Yo era un administrador de la cantina del cuartel y ahora soy el encargado de todo el país.
No es lo mismo, verdad Nicolás? Tu también lo sabes.

Camaradas, no es mesianismo, pero estoy convencido de que nadie, excepto Hugo Chávez Frías, pudiera gobernar como yo he gobernado. Nadie hubiese podido hacer lo que yo he hecho. Nadie tendría resultados como los que yo les he mostrado hoy. Soy un fenómeno irrepetible en la política latinoamericana.

El discurso arriba presentado es ficticio pero las estadísticas son todas reales, basadas en fuentes diversas de comprobable exactitud, por si acaso quieres investigar.

A piada do brasileiro: ate os portugueses estao gozando da nossa cara...

E não é para menos: o politicamente correto dos juizes eleitorais está acabando até com o nosso bom humor.
Já não podemos mais gozar da cara dos políticos, e ridicularizá-los, como eles merecem.
Só os portugueses poderão fazê-lo, e ele já começaram...
Notícia recolhida de um site português:

Brasil proíbe ridicularização de candidatos presidenciais na TV e rádio
Isabel Marques da Silva - Jornalista
17.08.2010

A campanha para as eleições presidenciais no Brasil começa agora a aquecer mas as características dos candidatos mais previsíveis para piadas e caricaturas não poderão ser usadas por comentadores ou comediantes. É que a lei brasileira proibe este tipo de abordagem na rádio e TV, com o argumento de que os candidatos não devem ser ridicularizados para poderem ter uma avaliação imparcial e justa por parte do eleitorado.

Hoje começam a ser emitidos anúncios de propaganda dos partidos na rádio e TV com vista às eleições de 3 de Outubro, mas os ouvintes e telespectadores não terão acesso às análises mais mordazes dessas mensagens políticas.

Ao contrário do que é prática corrente em muitas democracias pluripartidárias, os protagonistas das eleições presidenciais no Brasil não podem ser alvo de piadas, comentários jocosos ou caricaturização que ridicularize as suas características pessoais e profissionais.

Uma restrição a que as rádios e televisões (os jornais não são abrangidos) têm de obedecer apenas nos três meses que antecedem o acto eleitoral e que se prende, de acordo com a lei brasileira, com a necessidade de preservar uma imagem justa e imparcial dos candidatos.

Gozar com os candidatos dá direito a multa que pode chegar a mais de 100 mil dólares (78 mil euros) e suspensão de licença de emissão. Apesar de haver poucos casos de multas aplicadas, a auto-censura tem funcionado.

Uma lei antiquada?

A regra foi herdada das restrições à liberdade de expressão impostas pela ditadura militar (1964-1985). "Conhece alguma outra democracia no mundo como uma regra destas?" pergunta Marcelo Tas, humorista brasileiro que tem um programa de televisão semanal, entrevistado pela agência de notícias Associated Press.

Tas aconselha os políticos brasileiros a seguirem o exemplo de Barack Obama, Presidente dos EUA.

"A curva de popularidade de Obama subiu muito quando ele apareceu num programa de TV humorístico. Quando a pessoa permite uma entrevista ou confronto mais crítico, como acontece no meu programa, pode levar-se com alguns "tiros" mas também existe a possibilidade de mostrar um lado mais humano de que o eleitorado gosta. O humor não é mais que a realidade exagerada, o que ajuda as pessoas a pensarem sobre um assunto por outro ângulo", explica.

Internet e jornais a salvo

Como a Internet não é licenciada pelo Governo, os sites não estão abrangidos pela lei. Mas se uma estação de rádio ou tv usar o seu site para fazer uma piada, ou reproduzir uma piada de outros sites, poderá ser responsabilizada.

A imprensa está a salvo da lei, mas alguns colunistas insurgem-se contra a medida que afecta os seus colegas.

"Isto é uma forma de castrar o direito dos eleitores à informação", disse Clovis Rossi, que assina uma coluna no jornal "Folha de São Paulo", um dos mais importantes do país. "Não é uma ameaça à liberdade de imprensa, mas é uma ameaça à inteligência do povo brasileiro",acrescentou.

Apoiantes da medida consideram que esta evita, por um lado, que a imagem de alguns políticos saia mais prejudicada que a de outros; e, por outro, encoraja os mesmos a serem honestos sobre as suas ideias e passado.

Um tema que está a ser debatido em colunas de opinião na imprensa e também nas redes sociais na Internet, bem como nalguns seminários públicos.

Um editorial recente do jornal "O Globo" pronunciou-se contra a lei porque a considera censória e diz que seria "impensável na mais vibrante democracia do mundo, os EUA".

Com Associated Press

Nicaragua: escolhendo juizes por sorteio...

Cesar Maia pensa que a Nicaragua se aproxima do modelo Chávez. Talvez ainda não. Na terra do coronel, os juizes não são sorteados; são escolhidos por ele...

Da coluna diária de Cesar Maia:
CHAVISMO AVANÇA NA AMÉRICA LATINA!
Daniel Ortega toma o controle do Supremo Tribunal da Nicarágua
El País, 14/08/2010

1. A reunião de terça-feira foi uma sessão surrealista na sede da Suprema Corte da Nicarágua, composta por 16 juízes. Os juízes, de tendência sandinista, se reuniram com uma dezena de candidatos para substituir seus companheiros liberais. Como se fosse uma loteria, a presidente interina do Supremo, Alba Luz Ramos, pediu a dois dos jornalistas que cobrem os trabalhos do Tribunal para tirar de uma urna de madeira sete números que correspondiam aos juízes que seriam eleitos. Desta maneira tão original, os magistrados sandinistas impuseram aos chamados “substitutos”, cinco sandinistas e dois liberais.

2. Arbitrariedade. "A convocatória dos “substitutos” é uma arbitrariedade, não tem base legal. O Supremo Tribunal se converteu no centro da arbitrariedade da Nicarágua: compõem as salas como querem, chamam quem lhes dá vontade, passam por cima da das leis e da Constituição. A maioria dos juízes tem uma preocupação: conseguir maiores graus de legitimidade política para a reeleição do presidente”, disse o especialista Gabriel Alvarez.
---------
E falando de um outro país onde o Estado também já deixou de existir, e talvez até o governo...

NARCOBLOQUEIO EM MONTERREY, CAPITAL FINANCEIRA DO MÉXICO!
El País, 17/08/2010

En la madrugada del domingo, la sede de la cadena Televisa en Monterrey fue objeto de un atentado con una granada. Pero el ataque a lacadena no fue el mayor sobresalto que vivieron en Nuevo León el pasado domingo. Como ha ocurrido a lo largo de un año, pero cada vez con mayor desdén a las autoridades, a partir de las 19.30 grupos de narcotraficantes bloquearon calles y avenidas de la capital de ese Estado. Con armas de gran calibre, los delincuentes despojaron decoches y camiones a distintos ciudadanos y cerraron con ellos varias vías. La policía no sólo no hizo nada por evitarlo, sino que en esta ocasión algunas comisarías y el Palacio Municipal, además de sitios turísticos como el Barrio Antiguo, quedaron aislados. Los narcobloqueos (al menos 39, según las autoridades) duraron poco más de tres horas y ocurrieron después de un enfrentamiento entre grupos criminales, que dejó de tres muertos.