domingo, 26 de dezembro de 2010

Ordem Livre: ultimos artigos publicados

Na sequencia do antepenultimo post (ou dois atrás), registro aqui, os artigos publicados no Ordem Livre mais recentemente.
Todos eles podem ser lidos no link a seguir: http://www.ordemlivre.org/textos/autor/203

Em dezembro de 2009, eu recebia, do OrdemLivre.org, um site promotor de ideias e de lutas em prol da liberdade, um convite para colaborar, durante o espaço de um ano, com textos quinzenais, de 600 a 800 palavras, visando promover pelo menos um dos seguintes princípios: (a) liberdade individual; (b) livre mercado; (c) governo limitado; (d) paz. As recomendações feitas eram a de atacar ou defender ideias, não pessoas ou grupos, e a de contestar argumentos, não meras intenções.
Sem qualquer ufanismo, pretendo apenas tecer considerações sobre o quê, da experiência brasileira, considero relevante para o mundo. Dito assim, parece que o Brasil tem enormes contribuições a dar – ou, quem sabe, até já deu – para o progresso da humanidade e o avanço geral da civilização.
Normalmente, pessoas e países procuram se guiar pelos bons exemplos, pelas experiências de sucesso, pelos modelos que produziram mais crescimento, maior bem-estar e trouxeram um incremento de "felicidade" às pessoas (seja lá como medir essa felicidade). Não existem, ou pelo menos não se proclamam, modelos de fracasso.
Confesso que sou suspeito para me pronunciar a respeito, simplesmente por ser diplomata, mas já escrevi um texto – na verdade um prefácio a um dos meus livros – dizendo “como e por que sou e não sou diplomata”, assim que peço a indulgência dos leitores para a exposição subjetiva que se segue. Estou também cingido pela lei do Serviço Exterior (ops, esqueci o número), que limita a capacidade de um servidor da ativa pronunciar-se publicamente sobre a diplomacia atual e corrente, sem autorização superior.
A resposta a uma pergunta desse tipo depende, obviamente, da concepção geral de sociedade da qual está impregnado o respondedor. Keynes dizia que sempre somos prisioneiros de algum economista morto, o que não parece ser o meu caso, já que não exerço a disciplina profissionalmente e posso, assim, ostentar uma aparente independência em relação a escolas e tendências econômicas. Não me classifico como liberal em economia, apenas como racionalista, seja lá o que isso queira dizer.
 

Farewell to BRIC, welcome the BRICS: uma mudança nao muito consensual, suspeito eu

Desconfio, mas apenas desconfio que esta adição de um "S" -- que na verdade deveria ter sido um "SA", mas talvez isso não ficaria bem, por mais de uma razão -- não tenha sido bem acolhida por todos os membros do BRIC, um deles pretendia manter separados os grupos, como forma de impulsionar iniciativas de diferente escopo em cada um deles, sendo um tipicamente "Sul-Sul" -- e de países em desenvolvimento, para tratar de questões de desenvolvimento "alternativo" -- e o outro, mais "estratégico", para tratar da "high politics", ou de questões relevantes no plano dos equilíbrios entre "grandes potências".
Minha desconfiança só vai ser confirmada, ou não, quando se abrirem os arquivos diplomáticos de correspondência entre os quatro BRIC atuais ou alguém fizer um depoimento sincero, o que corre o risco de não acontecer, pois ninguém gosta de exibir dissensos...
Paulo Roberto de Almeida

S. Africa invited to join BRIC group

Jon Herskovitz and David Dolan; Editing by Peter Graff
Reuters Africa, Friday December 24, 2010 2:45pm GMT
 

* BRIC grouping may become BRICS
* Zuma invited to attend BRIC summit
* South African growth lags behind BRIC members
(Recasts with confirmation from minister)

JOHANNESBURG, Dec 24 (Reuters) - South Africa, Africa's top economy, has been invited by China to join the four-member "BRIC" grouping of fast-growing emerging markets, a government minister said on Friday.
South Africa received the invitation to join the group -- which currently includes Brazil, Russia, India and China -- from China's foreign minister, said a statement from South Africa's minister of international relations and cooperation, Maite Nkoana-Mashabane.
China, South Africa's largest trading partner, has invited South African President Jacob Zuma to attend a summit of BRIC leaders that Beijing will host next year, Nkoana-Mashabe said.
"China believed that South Africa's accession would promote the development of BRICS and enhance cooperation among emerging market economies," she said.
South Africa is the world's 31st-largest economy, according to World Bank data for 2009 and is less than a quarter the size of the smallest BRIC economy, Russia.
The BRIC countries have sought greater clout for their grouping, holding a summit in Russia in 2009. "BRIC" is a term invented in 2001 by Jim O'Neill, the chairman of Goldman Sachs Asset Management.
South Africa applied to join BRIC at the G20 meeting of the world's leading economies in Seoul in November, Russian President Dmitry Medvedev said at the meeting.
Its economy is projected by its government to grow about 3.0 percent this year, hardly the blistering pace seen in other BRIC countries.
Some investors make asset allocations based on the BRIC classification and all of the countries that currently make up the grouping have seen their global financial clout increase substantially in recent years.


sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Ordem Livre: meu ultimo ensaio publicado (PRA)

Normalmente, eu diria o "mais recente", mas neste caso é mesmo o último, pelo menos desta série: "Volta ao Mundo em 25 Ensaios".
Encerro, assim, minha colaboração ao site Ordem Livre, compromisso que assumi um ano atrás, para publicações quinzenais durante um ano.
Uma espécie de balanço...

Itinerário percorrido e o que resta fazer

Paulo Roberto de Almeida 
 Ordem Livre, 20 de Dezembro de 2010

Em dezembro de 2009, eu recebia, do OrdemLivre.org, um site promotor de ideias e de lutas em prol da liberdade, um convite para colaborar, durante o espaço de um ano, com textos quinzenais, de 600 a 800 palavras, visando promover pelo menos um dos seguintes princípios: (a) liberdade individual; (b) livre mercado; (c) governo limitado; (d) paz. As recomendações feitas eram a de atacar ou defender ideias, não pessoas ou grupos, e a de contestar argumentos, não meras intenções.
Ao cabo de 24 ensaios, publicados desde o dia 18 de janeiro de 2010 – “Por que o mundo é como é (e como ele poderia ser melhor...)” – até o dia 6 de dezembro – “Nossa contribuição para o mundo: onde o Brasil pode ser melhor” – esforcei-me por atender à demanda formulada um ano antes. Com efeito, procurei oferecer aos leitores e visitantes do site um conjunto de textos sobre o Brasil, seu entorno regional e sobre o mundo, num esforço intelectual que, basicamente, se resumiu no seguinte: traduzir uma razoável experiência de vida, enquanto diplomata, viajante e professor (nessa ordem ou em qualquer outra), bem como os conhecimentos adquiridos ao longo de uma convivência regular, constante e até obsessiva com os livros ou qualquer outra forma de informação escrita, com destaque para ensaios analíticos ou interpretativos nos terrenos da história, da política, da economia, enfim, das humanidades em geral. Pela revisão retrospectiva desses ensaios – disponíveis aqui – os leitores podem verificar se eu cumpri, ou não, com os objetivos fixados, e se eu respeitei, ou não, os critérios estabelecidos para as minha colaborações regulares.
Em todo caso, procurei oferecer um amplo panorama dos problemas mais relevantes do mundo contemporâneo, passando pelas questões: dos direitos humanos; da guerra e da paz; do desenvolvimento (ou da falta de) em diversas regiões e países – inclusive e principalmente no próprio Brasil; das políticas econômicas nacionais e das políticas setoriais (comércio, indústria, orçamentos, competição, etc.); dos velhos problemas das desigualdades sociais e entre países; da dominação e da exploração; das grandes ideias e ideologias que movem os homens e as sociedades neste planeta; terminando com a posição do Brasil no mundo, nosso aprendizado, nossas lições e eventuais contribuições para o bem-estar da humanidade.
Caberia agora, neste ensaio final, fazer a síntese de todas essas questões e tentar oferecer alguns argumentos sobre o caminho que ainda resta a percorrer, para todos e por todos aqueles que, como eu, pretendem fazer deste mundo um lugar melhor do que aquele que encontramos, quando aqui chegamos. Se ouso oferecer um resumo de tudo o que aprendi em incontáveis viagens, leituras, estudos e observação atenta de tantos países e continentes que visitei, ao longo de um itinerário pessoal bastante rico em experiências e ensinamentos, seria mais ou menos o seguinte.
O mundo é, certamente ainda, formado por um conjunto muito desigual de povos e sociedades, organizados em estados e nações dotados de identidade própria – com várias minorias não autônomas, ou dominadas, situação da qual nascem conflitos e guerras – e caracterizados por estágios muito diversos de desenvolvimento político, econômico e social. Alguns desses povos e sociedades (infelizmente ainda em número relativamente reduzido) alcançaram um patamar razoável de satisfação de suas necessidades básicas, apresentam níveis também razoáveis de prosperidade social e econômica, bem como desfrutam de plenas condições para o exercício da liberdade individual e de oportunidades não cerceadas para sua expressão intelectual, espiritual, cultural ou religiosa. A maior parte da humanidade esforça-se para também atingir esses níveis de prosperidade humana, e pode-se dizer que esse objetivo vem sendo cumprido, lenta mas seguramente: existe hoje uma larga “classe média mundial” que desfruta de uma esperança satisfatória de vida, conseguiu debelar as epidemias que, no passado, devastavam boa parte da população, dispõe de boa segurança alimentar e individual (ou seja, estão ao abrigo de guerras e invasões) e vivem em estados medianamente democráticos ou abertos (isto é, dotados de governos representativos).
Mas ainda existem, na maior parte da África, e em largas partes da Ásia e da América Latina, populações imensas que não dispõem de condições mínimas para uma existência digna, que vivem em situação de miséria ou de insegurança alimentar, são desprovidas de infraestrutura e de serviços coletivos básicos (sobretudo saúde e educação) e que não desfrutam de liberdades individuais ou coletivas (ou seja, voto livre ou alternância democrática dos governos), quando não são afetados por guerras e conflitos étnicos, religiosos ou territoriais. Essa situação talvez atinja, ainda, um terço da humanidade, numa demografia também mutável, em função de epidemias, conflitos ou desastres naturais. Não é difícil encontrar exemplos de países que parecem concentrar todo o sofrimento da humanidade, mas dispenso-me aqui de citar seus nomes, por serem eles bem conhecidos.
Mais “curiosa”, no entanto, é a situação daqueles países que poderiam ser ricos, ou razoavelmente prósperos, com base em recursos naturais abundantes e em uma população até medianamente educada, mas que decaem para o autoritarismo político e o descalabro econômico, quando não para lutas internas e conflitos externos que infelicitam suas populações e criam tensões desnecessárias no plano mundial. Posso, sim, citar um desses exemplos – que é, obviamente, o da Coreia do Norte –, e também poderia citar outros, mesmo na região, porém dispenso-me de fazê-lo.
Pois bem, o que poderíamos dizer, ou fazer, em relação a esses casos de sofrimentos desnecessários e esses pontos de tensão, num mundo que avança de modo lento, mas aparentemente irreversível para níveis razoáveis de prosperidade social e econômica? (Não estou diminuindo aqui a importância dos problemas ambientais; mas não sou adepto do malthusianismo implícito a todas essas promessas de desastres anunciados, inclusive porque confio no poder da ciência e da tecnologia, e na modesta racionalidade das sociedades, para resolver os problemas mais dramáticos.) O ponto central das “infelicidades” humanas parece residir na falta de educação da maior parte dessas comunidades para enfrentar seus problemas econômicos, políticos e ambientais, com base nos instrumentos atualmente disponíveis em matéria de ciência e tecnologia (dominadas, não as que ainda virão no futuro da humanidade).
Em outros termos: não vejo limitação técnica, ou material, para que toda a humanidade possa desfrutar de níveis razoáveis de vida, uma vez que a quase totalidade do conhecimento acumulado desde tempos imemoriais por essa mesma humanidade está hoje totalmente disponível nas redes abertas de informação (sendo apenas uma pequena parte ainda objeto de tecnologia proprietária, que, aliás, torna-se pública após 20 anos de monopólio). Praticamente todas as grandes enfermidades humanas podem ser combatidas ou controladas com os medicamentos e prevenções conhecidos; todas as necessidades alimentares podem ser atendidas com base nos níveis atuais de produtividade, sendo as carências detectadas apenas o resultado de problemas de distribuição; os suprimentos energéticos podem ser garantidos com base nas fontes disponíveis (fósseis e renováveis) e nas pesquisas em curso; a segurança individual e do sistema internacional poderia ser atendida (embora não o seja, que fique claro) pelos mecanismos nacionais existentes de tipo policial e dispositivos já utilizados no sistema da ONU (ainda que o princípio da soberania estatal dificulte a tarefa em pontos quentes do planeta).
O que ocorre, então, como obstáculo para que o mundo seja esse lugar melhor para se viver, a que todos aspiramos e desejamos? Não devemos perder de vista, em primeiro lugar, que a humanidade civilizada e próspera tal como a conhecemos hoje é um fato relativamente recente na história da espécie humana: dos mais de cem mil anos de homo sapiens disseminado pelos continentes, apenas um décimo correspondem a sociedades sedentárias, dotadas de alguma tecnologia agrícola e que metade desse tempo integram a chamada história, ou seja, sociedades dotadas de escrita e, portanto, de memória dos progressos alcançados. Temos apenas 4 mil anos, talvez um pouco mais, de formações urbanas, isto é, organizadas na forma de estados, com autoridades identificadas e direitos de propriedade reconhecidos. Mas o processo de socialização e de aprendizado das técnicas que permitiram chegar a sociedades de escrita e de paz interna é um renovar constante de experiências individuais, dado que cada ser humano precisa ser impregnado de cultura e de saber.
Durante a maior parte da história humana conhecida, fenômenos como guerras de conquista, exploração de outros povos, escravidão e castigos físicos foram norma geral de “convivência”, já que apenas nos últimos dois ou três séculos se conseguiu eliminar algumas dessas instituições “primitivas”. Os progressos alcançados nesses últimos dois ou três séculos foram fantásticos, tanto em termos materiais, quanto em matéria de direitos humanos e expressão das liberdades individuais. Mas não podemos nos esquecer de que poucos povos, na verdade, atingiram plenamente esses patamares civilizatórios. Muitos outros, entretanto, não o conseguiram; porém, descarto a hipótese de que isso não foi logrado devido à dominação, dependência ou exploração de povos ou países mais avançados; esses fenômenos certamente existiram; mas eles não tiveram o poder bloqueador – ao contrário – como certas “teorias” apregoam.
Agora, observando-se os povos e sociedades que alcançaram esses níveis razoáveis e positivos de desenvolvimento individual e coletivo, constatamos que se trata de povos bem educados, dotados de instituições políticas favoráveis ao enriquecimento individual, situados num arco de organização econômica e social que combina formas diversas de sistemas de mercado e de representação política de tipo concorrencial (como é, aliás, a ordem produtiva subjacente). Não é fácil reunir todas essas características em povos e sociedades marcados durante muito tempo pelo desrespeito aos direitos individuais – entre eles o da propriedade – e pela baixa representatividade política, o que os impede de reivindicar melhores condições de educação e saúde para justamente organizar suas sociedades segundo aquelas linhas e formas de organização social e econômica mais compatíveis com o crescimento, a riqueza e a prosperidade individual e coletiva. Baixos níveis educacionais, na maior parte dos povos, são em grande medida responsáveis pelas carências detectadas.
O que fazer, finalizando, para que a situação possa mudar em prazos razoáveis (ou seja, nas próximas duas ou três gerações)? Creio, pessoalmente, que os maiores esforços devam ser realizados no campo da educação dos indivíduos. Nenhuma cooperação ou assistência ao desenvolvimento será bem sucedida se não incidir sobre a própria capacitação dos indivíduos; obras materiais, redes viárias, melhoramentos de infraestrutura, fontes de energia, nada disso pode frutificar se representar fatores simplesmente transplantados desde o exterior, sem o envolvimento pleno dos povos e sociedades a que são dirigidos esses esforços de “desenvolvimento”. Sabemos da triste história da deterioração de muitos equipamentos resultantes da cooperação externa em situações de baixa incorporação de recursos humanos locais nas obras de melhorias materiais. O capital humano ainda é o principal fator de progresso social e individual. São os diferenciais de produtividade do trabalho humano que explicam quase todas as desigualdades existentes entre povos e nações.
Nossa tarefa, portanto, é basicamente uma só: educar, educar, educar; o que, aliás, se aplica mesmo em países razoavelmente desenvolvidos como o Brasil. É pela educação que se combate a corrupção, os governos ineficientes, os demagogos e os aproveitadores das crendices populares, os oportunistas de todos os tipos. O Brasil, como parece ficar claro cada vez mais, não é um país desprovido de meios ou de recursos; mas é certamente um país que perdeu e perde muitas oportunidades, devido tanto à ignorância de seu povo quanto à incapacidade de suas elites. Minha suspeita é a de que ele continua perdendo, e muito disso se deve à educação (ou à falta de, ou ainda, à má qualidade da educação) de grande parte da população. Cabe a todos nós, cidadãos conscientes, mudar isso, ou pelo menos se esforçar para que isso seja feito.
O Brasil – todo o mundo em desenvolvimento – necessita uma revolução educacional, um profundo processo de mudanças e de reformas modernizantes que coloque a formação de capital humano como a prioridade das prioridades. Este foi o sentido destes 25 ensaios, que deram uma volta ao mundo dos problemas humanos e nacionais. Espero que eles tenham conseguido preencher sua função educacional, cumprindo, assim, os objetivos previamente fixados. Cabe aos leitores julgar...

Lula's diplomacy - the view from Portugal

Pedro Seabra:
Lula's legacy to the world: Brazil on track
Portuguese Journal of International Affairs
No. 3, Spring/Summer 2010): 51-61.
http://www.ipris.org/php/download.php?fid=298

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Lula's diplomacy - publicado em 2009

Um ano depois, apenas, tomo conhecimento da publicação de um trabalho meu num boletim português, mas em inglês. Apenas me limito a transcrever:


The diplomacy of Lula’s government: Political foundations and agenda priorities

Paulo Roberto de Almeida
IPRIS Lusophone Countries Bulletin (Lisbon: Portuguese Institute of International Relations and Security – IPRIS; link: http://www.ipris.org; December 2009, n. 2, p. 3-4; links: http://www.ipris.org/php/download.php?fid=27 e, para os boletins: http://www.ipris.org/?menu=6&page=57).

In Luiz Inácio “Lula” da Silva’s government, Brazil’s foreign policy can be defined – according to the apparent order of relevance – as a conceptual hybrid among: (a) the Partido dos Trabalhadores’s views and political preferences (in particular those of President Lula da Silva and of former International Secretary and current foreign policy advisor to the President, Marco Aurélio Garcia); (b) The Chancery leaders’ personal political preferences (namely those of State Minister Celso Amorim and of Samuel Pinheiro Guimarães, Secretary-General between 2003 and 2009; the latter has a bigger “theoretical” role, being one of the rare examples of a diplomat who writes for a larger audience, particularly in aca­demic circles); (c) the Brazilian Chancery’s (known as Itamaraty) views and diplomatic traditions, strictu sensu, though tempered by the new concep­tions and political priorities of political leaders (they come in last, but they’re relevant from an operational point of view).
The first two conceptual models are the most important as far as political agenda-setting is concerned, while the last one has a more important function in the area of technical support and operational substantiation. Acting mainly as an agent in the procedural field, the Chancery has a lesser role in determining the government’s political orientation. The large number of players involved in foreign policy – compared with the relatively homogenous standard in the past, when foreign policy advisors to the President were career diplomats – might entail higher risks to the conceptual and operational unity of Brazilian diplomacy.
The theoretical views and conceptual universe of the different actors in­volved in foreign policy-making mark a return to the developmentalist and nationalist tradition of in mid-twentieth century Brazilian political thought, to which the Brazilian Left made several contributions.
From a practical level, this overall orientation has led to several new initiatives. The hyper-activist approach to operational diplomacy seems designed to overcome the legacy of presidential diplomacy of Fernando Henrique Cardoso’s government – criticized as being part of a “cursed inheritance” of alleged submission to external interests and of suffering from a deficit of sovereignty as well as poor defense of national interests.
Three major issues have been at the of the top of the foreign policy agenda: (a) facilitating Mercosul’s reinforcement and expansion; (b) obtaining a permanent seat in the United Nations’ Security Council; and (c) securing regional trade agreements, while resisting intrusive agreements with major powers. These remain the three greatest diplomatic priorities of Lula’s government: not only were they expressly mentioned in the President’s inaugural speech on 1st January 2003, but they were later reaffirmed in 2007, at beginning of Lula’s second term.
Other issues also appear on the diplomatic agenda: (d) encouraging and stimulating regional integration (which has had few practical results); (e) creating selective strategic alliances in the context of South-South diplomacy: IBAS, interregional summit meetings with Africa and Arab countries, as well as the BRIC group (Russia, India and China); (f) becoming an influential protagonist on an international level in the pursuit of a permanent seat on the UN’s Security Council and with the objective of creating a new balance of powers on a global scale; (g) reforming international economic institutions; (h) maintaining the existing environmental plan which benefits the biggest polluters in the developing world, while attempting to shift the costs of those policies onto developed countries; (i) taking action to combat hunger by mobilizing international aid and conceiving “innovative financing mechanisms” (which contradict Brazil’s interests, like the Tobin Tax).
These overall goals are the government’s current range of foreign policy priorities, the implementation of which requires the use of traditional diplomatic instruments as well as other “tools”. Professional diplomats and presidential aides are not the only players to take part in this process of hyperactive diplomacy: informal players (party members, for example), businessmen, leaders of public opinion and NGO representatives also take part in the system.
The multiplication of channels and participants could impair unity of command and create obstacles to the implementation of Brazilian foreign policy, the scope of which requires the concerted effort of many sectors of the government. Formulating and executing external policy through a great number of channels invites dispersion of action, and may even lead to contradicting orders: this could result in overlapping policies and loss of credibility for the country.
Additionally, besides making it difficult to manage items on the political agenda, an exaggerated presidential hyper activism – especially when negotiating issues of regional importance – makes the chain of command unclear by involving the President from the start of negotiations. Hence, far-reaching diplomatic decisions may be made impulsively and with­out the necessary background work and reflection, or under the strong influence of other national leaders.
Concerning its diplomatic intentions, the Lula government has been more outspoken than it has been successful in obtaining palpable results for Brazil. While it cannot be denied that Brazil has become a more influential actor on the international scene and is better equipped to call attention to its interests, this gain in international prominence could also be credited to its continuing internal economic stability and growing ability to attract in­ternational capital – the foundations of which were lain during Fernando Henrique Cardoso’s (FHC) presidency. Indeed, the fundamental compo­nents of the Brazilian economy were established at the beginning of FHC’s second Administration in 1999: a target system for inflation, an exchange rate fluctuation regime, primary surplus in the management of the national budget, and a law concerning fiscal responsibility that prevents high-ranking politicians from spending irresponsibly and leaving debt for their successors.
It was precisely because of this good economic governance – labeled derogatorily as “neoliberal” by the traditional Left – that the Lula government was well received by the G8 governments. The current government has at its disposal large resources for publicity and can count on the general public’s ignorance of its foreign policy agenda, given that Brazil has few research centers dedicated to international issues. Consequently, this government has great latitude of action and may count on the respect the Itamaraty’s professional diplomacy has garnered over time. More importantly, perhaps, when it comes to its immediate needs and propagandistic objectives, Lula’s government may rely on a large capital of sympathy acquired (or to be acquired) by many social actors that were seduced by its apparently progressive external policy. This acts as a kind of practical compensation for the more conservative aspects of the government’s economic policy, keeping Brazil in balance.

Crime organizado e terrorismo: diferencas - Stratfor

Qual a diferença entre um e outro? Existem muitas, por certo. Mas nada melhor do que uma especialista para discutir este tema:

Organized Crime vs. Terrorism
Reva Bhalla
Stratfor, December 21, 2010

Analyst Reva Bhalla uses the Mexican drug cartel war to examine the differences between an organized criminal group and a terrorist organization.

Mexican lawmakers recently passed legislation defining punishment for acts of terrorism. The most interesting aspect of this law is what was encompassed in that definition of terrorism, which could apply to cartel-related activities. This could be an emerging tactic by the Mexican government to politically characterize cartel-related activities as terrorism and use that as a way to undermine popular support for organized criminal activity in Mexico.

There are some very clear distinctions between organized crime and terrorism. Organized criminal groups can engage in terrorist tactics. Terrorist groups can engage in organized criminal activity. These two sub state actors have very different aims, and these aims can place very different constraints on each.

An organized crime group cannot exist without an extensive peripheral network. In that peripheral network that will involve the bankers, politicians and police; basically the portals into the illicit world that protects the core of the organized crime group, which revolves around business activity. In this case being drug trafficking that the Mexican cartels are engaged in. With such a network territorial possessions come into play, and again, popular support is needed. That doesn’t necessarily mean population condones the violence committed by the cartels but it does mean that the cartels can effectively intimidate the population to tolerate activity and allow business to go up on as usual.

By contrast a terrorist group does not need to rely on as extensive network. By definition terrorism is primarily driven by political aims. The financial aspect of their activities is a means to an end, so this place is very different constraints on the terrorist group and allows the terrorist group to engage in much bolder, riskier and violent acts then an organized crime group would. What’s important about a terrorist act is that it’s used to draw attention to their political objectives. Essentially terrorism is theater.

An interesting dynamic that we haven’t seen quite play out yet in Mexico is when an organized crime group starts to adopt terrorist tactics. We have seen examples of where some cartels have engaged in beheadings and IED usage but not to a degree yet where there’s been a big public backlash. In fact, in Mexico we’ve seen the population and major business groups come out against the government calling on the government to stop the offensive against the cartels and to allow business to go on as usual.

We have seen international examples of where this line has been crossed. For example, in 1992 the Sicilian Mafia La Cosa Nostra crossed a big line when they launched a massive car bombing against an important official. That unleashed a huge wave of public backlash. We also saw this in Colombia with Pablo Escobar and the huge IED campaign that swept across Colombia and that eventually turned people against the cartel dominance and resulted in intelligence sharing that led to the downfall of some of those key cartels. What we may be seeing here is a more subtle tactic by the Mexican government to deal with the cartels.

Despite the very important distinctions between organized crime groups and terrorist groups, the branding of an organized crime group like the Mexican cartels as terrorists could be a way to undermine the public tolerance for a lot of their activity in the country. Again, we have not seen this line crossed in Mexico and I don’t think we’re quite there yet but it will be interesting to see how the Mexican government attempts to re-brand the cartel war.

Editor’s Note: Transcripts are generated using speech-recognition technology. Therefore, STRATFOR cannot guarantee their complete accuracy.

Balanco da Politica Externa na Era Lula - Itamaraty

Registro, antes de mais nada, o abnegado esforço e a dedicação de um colega de lista, o André Eiras, membro do Grupo "Diplomaticas", que conta, ele mesmo, em que consistiu, exatamente, seu enorme trabalho de compilação, zipagem e disponibilização de um material precioso, para todos aqueles que se dedicam ao estudo da política externa do Brasil, um dos focos deste blog e de grande parte de meus trabalhos de pesquisa e elaboração de ensaios.
Com a palavra, o André:

O MRE publicou, em seu website, o balanço de sua Política Externa no governo Lula na íntegra. Como o assunto me interessa academicamente, tive o trabalhão de baixar todos os 180 arquivos (a razão do porquê o MRE não disponibilizou em um único documento é um mistério para mim). Pensei em "zipar" e enviar para a lista, mas o arquivo compactado deu 10Mb e creio que excede o limite de anexos do Google Groups. Por isso coloquei no meu espaço da conta no google (que, aliás, acabei de descobrir que existe isso! Dá, inclusive, para se criar uma homepage!)

https://sites.google.com/site/andreeiras/BalancoPolExt2003-2010.zip?attredirects=0&d=1

Abraços a todos e boas festas,
André Eiras

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Só posso agradecer, enfaticamente, o esforço do André e desejar-lhe excelente 2011, com muito estudo e sucesso intelectual, pessoal, familiar e profissional.
Paulo Roberto de Almeida 

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...