sábado, 5 de novembro de 2011

O fardo do mulato inzoneiro (2): vamos deixar a tragedia e passar para a farsa...

Parece que o tema rendeu: 

O fardo do mulato inzoneiro...(estamos precisando de um Kipling tropical...)



Capítulo 2: reproduzo o novo poema, da versão periférica do fardo civilizatório...


Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O fardo do mulato inzoneiro...(estamos precisando ...": 

"(...)princípios de justiça,...jamais impediram alguém de tornar-se maior pela força quando se apresenta a ocasião.(...)A Razão é a seguinte: quem pode usar a força não tem necessidade de apelar para o direito.(...)Os homens parecem revoltar-se mais com a injustiça que com a violência, pois sentem que a primeira, vinda de um igual, é vista como uma usurpação, mas a segunda, vinda de um mais forte, é considerada obra da necessidade.(...)"
*Tucídides;in:"HISTÓRIA DA GUERRA DO PELOPONESO; Liv.I; caps.76-77.

Talvez em lugar do "The White Man's Burden", a resposta de Labouchère (...uma espécie de "Bolsonaro victoriano"...Oscar Wilde que o diga...!) ao poema de Kipling esteja mais de acordo com o fardo do "mulato inzoneiro"...! 

The Brown Man's Burden
by Henry Labouchére

"Pile on the Brown Man's burden
To gratify your greed;
Go, clear away the 'niggers'(Cholos!)
Who progress would impede;
be very stern, for truly
'Tis useless to be mild
Whith new-caught, sullen peoples,
Half devil and half child.

"Pile on the Brown Man's burden,
compel him to be free;
let all your manifestoes
Reek with philanthropy.
And with heathen folly
He dares your will dispute,
Then, in the name of freedom,
Don't hesitate to shoot.

"Pile on the Brown Man's burden,
And if his cry be sore,
That surely need not irk you--
Ye've driven slaves before.
Seize on his ports and pastures,
The fields his people tread;
Go make from them your living;
And mark them with his dead.

"Pile on the Brown man's burden,
Nor deem it hard
If you should earn the rancor
Of those ye yearn to guard.
The screaming of your Eagle
Will drown the victm's sob--
Go on through fire and slaughter.
There's dollars in the job.

"Pile on the Brown Man's burden,
And through the world proclaim
That ye are Freedom's agent--
There's no more paying game!
And, should your own past history
Straight in your teeth be thrown,
Retort that independence
Is good for whites alone.

"Pile on the Brown man's burden,
With equity have done;
Weak, antiquated scruples
Their squeamish course have run,
And, though 'tis freedom's banner
You're waving in the van,
reserve for home consumption
The sacred 'rights of man'!

"And if by chance ye falter,
Or lag along the course,
If, as the blood flows freely,
Ye feel some slight remorse,
Hie ye Rudyard Kipling,
Imperialism's prop,
And bid him, for your confort,
Turn on his jingo stop."

Vale! 

Postado por Anônimo no blog Diplomatizzando em Sábado, Novembro 05, 2011 11:35:00 PM

Mon sejour en France (3): antecipando a burocracia

A propósito deste meu post:
recebi este comentário de um estudante angustiado: 
[xxxx] deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Mon sejour en France (1): preparando o terreno (ec...": 
Poderia iniciar uma série intitulada "O surrealismo da burocracia". O pobre estudante de doutorado e trabalhador que vos escreve ja perdeu em um ano na França, muito, mas muito tempo fotocopiando documentos, attestations, montando dossiers, etc, etc... 

Comento (PRA):
Nem diga, meu caro. Eu ainda nem tirei o meu "visa scientifique", pois os franceses exigem tantos papéis -- alguns que eles mesmos precisam fornecer -- que eu ainda não consegui juntar todos para carimbar o passaporte. Tudo isso teoricamente por apenas 4 meses.
Mas, quando se fala de burocracias indestrutíveis como a francesa é assim mesmo. Por isso, mesmo agradecendo aos franceses a deferência, não deixarei de alertá-los que eles caminham para a decadência -- como o Brasil, aliás -- ao construir um Estado impossível, exigente, fiscalizador, benemérito, generosa, caro, difícil, exigente, todo poderoso, amado, temido, odiado, cobrado, enfim, presente do berço à cova, e por isso mesmo deixando pouco espaço para a liberdade dos cidadãos.
Por isso mesmo, a França caminha para a decadência, e isso não deixarei de comentar com meus alunos franceses ou latinos, ou quaisquer outros interlocutores: liberdade econômica é sempre bom, e produtiva, como já me permiti registrar neste post, que serve muito bem como alerta aos franceses e gauleses em geral (entre eles, os brasileiros, que seguem o mesmo caminho).
A França não faz parte do quadro, mas nem precisa: ela fica entre os países "médios" entre os avançados, e vai recuando cada vez mais. Comparada com a burocracia dos velhos mandarins, a da China, a dos novos mandarins é muito mais eficiente e dinâmica: 

Liberdade Econômica, IDH e Renda Per Capita de Países Selecionados

Os blogs como educacao e como aprendizado: sua funcao didatica

Transcrevo abaixo comentário recém recebido de um leitor, cuja identidade não vem ao caso, e sim o que ele tem a dizer.
Curioso ele me chamar pelo designativo japonês, o que identifica certa deferência, pelo que agradeço.


Paulo-san foi muito interessante achar o seu blog, mesmo este sendo o primeiro post que eu vi, [um post sobre a farsa da quitação da dívida externa no governo Lula, como sempre 100% de demagogia e 50% de prejuízos ao povo brasileiro, que no entanto não se dá conta das bobagens econômicas que se cometem em nome da "soberania"] não resisti a vontade de comentar.

Conhecer este blog, foi um achado enorme. Digo isto, porque eu tenho um sonho. Eu posso ser jovem, posso não ser perfeito ou experiente, posso até ser meio idiota, mas eu tenho este sonho. De que um sonho eu também teria um blog que falaria sobre os problemas sociais, mas visando o publico da minha faixa etária. Usando uma linguagem dinâmica, um pouco engraçada, com um pouco de gírias atuais. Então basicamente eu converteria textos ultra pensados e conciso, em algo mais leve e menos complexo, mas que trouxesse a mesma mensagem.

Meu problema inicial seria onde conseguir informações realmente fortes e concisas e conhecendo seu blog, vejo que isso já não é o maior problema. Agora só falta conhecer as linguagens HTML e PHP para eu fazer meu CMS no joomla.

Uma coisa eu tenho certeza, blogs como o seu, me dão mais coragem e incentivo para lançar esse meu pequeno sonho/projeto. Com certeza quando eu conseguir fazer o que eu pretendo, serei um real seguidor do seu blog.

Voltei (PRA):
Resisti muito tempo a usar estas ferramentas eletrônicas de informação e de comunicação, não tanto por preconceito contra a tecnologia informática -- tanto porque comprei o meu primeiro computador assim que pude, aliás um MacIntosh Plus -- mas por preocupações quanto ao uso do meu tempo, por definição escasso. Prefiro, como é notório, passar o meu tempo lendo e escrevendo, mas justamente por escrever e publicar, acabava recebendo muitas demandas de alunos, pesquisadores, curiosos, estudantes, em geral, me consultando sobre meus temas habituais de trabalho: Mercosul, integração, relações internacionais do Brasil, etc.
Assim, para não ter de cada vez responder por e-mail, e perder muito tempo em tarefas repetitivas, acabei fazendo meu primeiro site, como esperado, gratuito e hospedado num desses provedores que já desaparecem nas dobras do tempo cibernético: Geocities (depois teve um outro, também, cujo nome esqueci agora, mas vou buscar).
Parece que funcionou, e teve tanto sucesso, que meu trabalho aumentou, contraditoriamente, e passei a dedicar talvez mais tempo às funções de "informação pública" do que à leitura e escrita solitárias.
Também resisti muito tempo em empreender um blog, pois ele exige talvez mais dedicação do que um site, mais estável e permanente. Por outro lado, é mais fácil de alimentar e de atualizar, o que me faz, paradoxalmente, empregar mais tempo com o blog (ou os blogs, pois tenho vários) do que com o próprio site, que seria supostamente mais sério, mais acadêmico, mais denso, e menos leve e diversificado do que os blogs (que, na verdade, carregam mais de 80% de materiais de terceiros, aos quais faço preceder ou suceder de comentários meus.

Mas gostaria simplesmente de destacar, agora, a função didática do blog, um instrumento de coleta e disseminação de materiais diversos, uma biblioteca desorganizada (mas indexada naturalmente), uma espécie de bric-à-brac cibernético, onde podemos acumular, sem jamais ter preocupações de espaço ou arrumação, sem ter de limpar poeira ou colocar de novo no lugar, tudo o que encontramos por aí, neste mundo ou em qualquer outro, passados e talvez até futuros e intergaláticos.
Exagero, eu sei, mas é preciso resgatar essa função didática do blog, pois nele podemos registrar tudo o que estamos lendo, ou fazendo, a qualquer momento, sem precisar dar nenhuma justificação a ninguém.
Expressamos também nossas opiniões, o que por vezes desperta admiração, rancor, animosidade, a sanha de anônimos inconformados por estarmos chamando os corruptos e ladrões que nos assaltam todos os dias, nos mais altos escalões da República, de corruptos e ladrões, justamente.

Sim, isso também é um aprendizado. Aprendi que cada vez que posto algo contra o governo, meliantes a soldo, anônimos adesistas, blogueiros assalariados do poder, e outros militantes inconformados com o fato de que um cidadão perfeitamente público, normalmente burocrata, pago com recursos públicos -- o que aliás não é nenhum favor do Estado, sendo eu um funcionário de carreira -- que um cidadão como eu, inconformado com a tropa de mafiosos que por vezes assaltam os cofres públicos, venha denunciar tudo isso em seu modesto blog, esses furibundos do poder, como eu dizia, escrevem furiosos para este blogueiro, xingando ou ameaçando, o que me faz sinceramente lamentar por eles.
Eu não compreendo, de fato, como é que pessoas normais possam concordar com corrupção, roubos, patifarias, mentiras, fraudes e outras malfeitorias vindas do poder. Como é que pessoas que pagam impostos se conformam ao saber que seus recursos estão sendo roubados, ainda que por aliados do mesmo partido de meliantes políticos.
Tudo isso é aprendizado, o que só é permitido em um espaço como este. Livre, leve e solto, se me permitem a apropriação dos versos de uma musiquinha perfeitamente anódina.

Mas, o objetivo principal de uma ferramenta como esta é simplesmente a de informar, discutir, aprender pelo debate, divertir um pouco, servir à elevação espiritual da humanidade, como eu me refiro de forma grandiloquente, e gozadora, aos propósitos deste blog.
Sei que seus focos principais -- e para isso se associaram aqui muitos dos que me seguem regularmente -- são os temas que interessam aos candidatos à carreira diplomática: relações internacionais e política externa do Brasil, com muito de economia e de política internacional.
Sei também que tenho descambado -- é o termo -- para os temas de política interna, até de simples tratamento do lixo político, que é a corrupção e as patifarias dos políticos, pelo que me desculpo sinceramente.
Mas, simplesmente não consigo, como cidadão consciente que sou, ficar indiferente ao quadro de degradação moral, de corrupção generalizada, patrocinada pelos mais altos círculos do poder, desde o governo anterior, a imoralidade erigida em método de governança, a patifaria transformada em esperteza política, enfim, um caminho que eu desprezo e condeno absolutamente. E não adianta, os amorais adesistas virem defender as políticas "sociais" do governo em causa: por mais progressos materiais que ocorram para certas camadas sociais, não hesito em continuar condenando a imoralidade política e a corrupção dos novos mafiosos.

Deixo, porém, esses impulsos de indignação de lado e volto ao lado didático deste blog: ler, resumir, comentar textos de relações internacionais e de política externa do Brasil continuarão a ser os temas preferenciais do blog e a isso pretendo me ater nos próximos tempos.
Boas leituras...
Paulo Roberto de Almeida 

A corrupcao como retrato da sociedade brasileira - artigo de Cristovam Buarque


Cristovam Buarque, professor da UnB e senador pelo PDT-DF:

Diversos repórteres descreveram a rebelião em Canudos. Mas foi Euclides da Cunha quem ficou na história, porque no lugar de apenas descrever as aparências entre o que parecia um Conselheiro insensato e Generais sensatos, mostrou o que havia por baixo das aparências: a disputa entre Cidade e Campo, Império e República, Moderno e Arcaico.
Cem anos depois, estamos repetindo a mesma forma superficial de fazer reportagens sem descrições mais profundas da sociologia da corrupção. As notícias giram em torno de denúncia dos fatos visíveis: vídeos, contratos, fotos e propinas. Ainda não surgiu o Euclides da Cunha da corrupção. Estamos vendo e descrevendo o superficial.
Por trás dos fatos de políticos roubando dinheiro público, está a realidade de uma sociedade acostumada a desprezar o que é público. A indignação contra a corrupção é um bom sinal de que o interesse público começa a nascer, mesmo assim muito discretamente, porque as causas mais profundas não são denunciadas. Como Canudos, há uma barreira protegendo a percepção das causas mais profundas.
Depois de séculos em que até o trabalhador era propriedade privada e de décadas de uma democracia servindo aos interesses de minorias, o interesse privado ainda prevalece sobre o público. Fica explicado - não justificado, obviamente - porque tantos se sentem no direito de vandalizar os bens públicos, como se destruir bens públicos não fosse uma forma de corrupção. Fica explicada também a aceitação de expressões como “isto não é roubo”, ou “rouba, mas faz”, ou "mas, e daí, se todos roubam", ou a mais moderna e cínica “rouba, mas é um dos nossos”, ou ainda "rouba, mas não é para si, é para a campanha".
Até há pouco tempo, pelo menos existiam partidos e militantes que repudiavam essas afirmações. A democracia cooptou-os, absorveu-os e os fez tolerantes, criando uma geração de céticos e cínicos, porque a realidade da primazia do privado é mais forte do que as idéias, os sonhos e a vontade dos que querem defender o público. Isso faz com que os jovens que há poucos meses estavam sendo pisoteados pelas patas de cavalos da polícia, ao manifestarem-se contra a corrupção, não compareçam e até repudiem as recentes manifestações pela ética. Pode ser por ingenuidade ou por convicção de que os fins justificam os meios, ou pode ser por cinismo até porque as ações não mostram fins diferentes do ponto de vista dos interesses do público e do longo prazo.
Esse desprezo pelo interesse público induz e permite uma tolerância com o roubo dos recursos públicos a ponto de, eufemisticamente, chamá-lo de corrupção, no lugar de roubo. A sociedade aceita como natural o uso do dinheiro público para obras desnecessárias ou que beneficiam apenas uma minoria. Felizmente, cobrar propina na construção de prédio público já começa a provocar indignação, mas fazer obra fara?nica ou estádios ao lado de casas sem esgoto não escandaliza. A primazia do privado sobre o público, do indivíduo sobre a Nação, leva à "corrupção pelo vandalismo", à "corrupção nas prioridades" e à "corrupção do imediatismo", provocando o consumo de recursos que pertencem também às gerações futuras, como acontecerá com os royalties do petróleo, como se isto não fosse também uma corrupção.
É por isso que, nas palavras do professor Kurt Weyland, citado pelo jornalista Rudolfo Lago, no site Congresso em Foco: “O Brasil tem uma democracia estável, mas de baixa qualidade”. Porque a política não está comprometida com a causa pública. Felizmente, enquanto não surge um Euclides da Cunha, temos repórteres atuantes, desvendando segredos e descrevendo a realidade apenas nas aparências. Como os repórteres que foram a Canudos, os de hoje talvez tenham interesses e visão das minorias privilegiadas, viciadas no interesse particular da renda e do consumo privado, que impedem a visão das causas da corrupção que vão muito além do comportamento dos políticos imorais. A corrupção está na estrutura social, na qual o Estado pertence e existe para poucos.
Euclides da Cunha, além da genialidade literária, possuía uma habilidade sociológica que não dá para exigir de todos nós, nem dos nossos leitores que, provavelmente, não gostariam de tomar conhecimento de toda a verdade.
Mas dá para exigir que os militantes não sejam cínicos no presente, para que não sejam todos céticos quanto ao futuro.
Transcrito do Blog do Senador Cristovam Buarque
Publicado em 5 de novembro de 2011

Comentário Paulo Roberto de Almeida:
A ironia é o artigo é publicado quando o PDT do senador, e do ministro do Trabalho, está envolvido no mais recente (certamente não o último) escândalo da República. Já devia ter sido demitido há muito tempo...

Mon sejour en France (2): explicando fracasso de Cannes

Postando aqui um artigo analítico sobre o fracasso da cúpula de Cannes e a liderança de Sarkozy: faltou falar das primeiras tentativas reformistas de Sarkozy, não só "reformar Bretton Woods", o que por si só já seria impossível, como, ainda mais lunático, controlar os mercados de commodities de par le monde, o que, além de impossível, já seria altamente prejudicial ao Brasil.
Mas, enfim, o mundo é assim mesmo: difícil de reformar.
A França, então, não é difícil: simplesmente impossível. Melhor desistir...
Paulo Roberto de Almeida 


Rescuing Cannes from failure
November 3, 2011

After George Papandreou’s surprise decision to ask the Greek people if they would prefer five years of austerity or five years of austerity with a side order of chaos, Nicolas Sarkozy’s best-laid plans for Cannes have had to be, well, canned. He launched his presidency of the Group of 20 leading nations with calls for a new Bretton Woods – a wholesale reconstruction of the international monetary system – and a global plan for renewed growth. Even though the referendum has now been scraped, these grand French aims, some of which were unrealistic anyway, will inevitably take second place to the eurozone’s worsening agonies. Cue the visiting Americans and Chinese calling on the Old Continent to get its act together.
That is unfortunate, and Mr Sarkozy should try to wrest at least part of the agenda back on to the longer-term issues. Behind the scenes, on the lower slopes below the summit, a group of ‘sherpas’ have been working hard. There has been little appetite for fundamental reform a la française. The so-called mutual assessment process, which was supposed to lead to a set of indicators to measure global imbalances, and promote action to correct them, has run into predictable opposition from China, in particular.
But something could be rescued from the wreckage. Of course there will have to be a general commitment to sustaining economic growth. It will only be of value, however, if it is buttressed by specific commitments to strengthen the resources of the International Monetary Fund (and the European financial stability facility) to provide help to the walking wounded, whose problems threaten to derail the summit and, more importantly, the global economy. There is a clear common global interest there, and sometimes peering into the abyss, as the summiteers are now doing, can shift entrenched positions.
A British-led group has been working on unglamorous issues surrounding the Financial Stability Board, proposing that it be given a legal identity and added teeth. That would be a step forward. There are clear signs that the early enthusiasm for global regulatory agreements has dissipated, with many countries going their own way, creating damaging uncertainty in financial markets. That is partly because, between summits, there is no sustained global leadership.
Another group has been working on infrastructure finance. There is a huge need today for investment in transport networks and energy generation in particular. When long-term interest rates are so low there must be some positives from reconnecting finance with investment needs.
We cannot expect an earth-shattering headline deal from Cannes. But often the Palme d’Or winner at the film festival is a disappointment, while some of the second rank offerings can be rewarding, and longer-lasting. That may be the best we can expect this weekend. Ce n’est pas magnifique, but it’s the nature of the economic war we’re in.

The writer is professor of practice at Sciences Po in Paris, and former chairman of the Financial Services Authority, former deputy governor of the Bank of England and former director of London School of Economics.

O fardo do mulato inzoneiro...(estamos precisando de um Kipling tropical...)

A propósito deste meu post: 

O Brasil no NYTimes: imperialismo regional?




um leitor habitual relembrou-me o famoso poema de Rudyard Kipling, sobre as agruras do homem branco, tentando trazer um pouco de civilização aos bárbaros que os imperialistas britânicos colonizavam nos cafundós da África e nos buracos sujos da Ásia.
Nada de errado em postar aqui o poema completo, nem que fosse pelas virtudes propriamente literárias, esquecendo completamente suas perversões colonialistas e imperialistas, suas ilusões civilizatórias e sua carga de horrores tropicais para almas sensíveis europeias.
Mas a carga do "mulato inzoneiro", como diz meu correspondente, nem de perto passará pelas "savage wars of peace", que os nossos bravos soldados não estão aí para isso, mas podem sim enfrentar "The blame of those ye better" e "The hate of those ye guard", que para isso servem os ressentimentos de todos os coitadinhos em face dos mais bem sucedidos.
Pode-se relembrar, também, que o título do poema de Kipling também foi usado por William Easterly em seu livro - The White Man's Burden -- sobre a inanidade da ajuda ocidental aos povos ditos subdesenvolvidos, com o dinheiro da assistência indo parar em bancos ocidentais e toda a corrupção pervertendo o processo de cooperação ao desenvolvimento.
Eu até diria que o Brasil segue o caminho, e o fardo, do Homem Branco, ao tentar fazer bondades no Terceiro Mundo, colocando dinheiro em diversos projetos de desenvolvimento que, na verdade, representam uma gota d'agua no oceano das necessidades, fazendo em certos países o que por vezes se deixa de fazer aqui dentro.
Paulo Roberto de Almeida 


Rudyard Kipling:
The White Man's Burden
(ca.1899).



"Take up the White Man's burden--
Send forth the best ye breed--
Go bind your sons to exile
To serve your captives' need;
To wait in heavy harness,
On fluttered folk and wild--
Your new-caught, sullen peoples,
Half-devil and half child.

"Take up the White Man's burden--
In patience to abide,
To veil the threat of terror
And check the show of pride;
By open speech and simple,
An hundred times made plain
To seek another's gain.

"Take up the White man's burden--
The savage wars of peace--
Fill full the mouth of Famine
And bid the sickness cease;
And when your goal is nearest
The end for others sought,
Watch sloth and heathen Folly
Bring all your hopes to nought.

"Take up the White man's burden--
No tawdry rule of kings,
But toil of serf and sweeper--
The tale of common things.
The ports ye shall not enter,
The road ye shall no tread,
Go mark then with your living,
And mark them with your dead.

"Take up the White Man's burden--
And reap his old reward:
The blame of those ye better,
The hate of those ye guard--
The cry of hosts ye humour
(Ah, slowly!) toward the light:--
'Why brought he us from bondage,
Our loved Egyptian night?'.

"Take up the White Man's burden--
Ye dare not stoop to less--
Nor call too loud on Freedom
To cloke your weariness;
By all ye cry or whisper,
By all ye leave or do,
The silent, sullen peoples
Shall weigh your gods and you.

"Take up the White Man's burden--
Have done with childish days--
The lightly proferred laurel,
The easy, ungrudged praise.
Comes now, to search your manhood
Through all thankless years
Cold, edged with dear-bought wisdom,
The judgment of your peers!"

Occupy Wall Street? Que tal ocupar a mente primeiro, com algumas ideias, por exemplo?

Pedem-me para falar sobre o movimento Occupy Wall Street.
Sim, eu sei, são alunos querendo saber o que eu penso de um movimento, ou de pessoas saindo às ruas para protestar contra tudo isso que "está aí", ou seja, a crise, e o desemprego, e o aumento de impostos, e a inoperância dos governos, e todas essas injustiças do capitalismo financeiro, etc e tal...
São os tais de 99% da humanidade, protestando, supostamente, contra o 1% dos especuladores, os privilegiados de Wall Street e dos mercados financeiros, que ganham milhões de dólares, enquanto a maioria apenas paga e não recebe nada.


Sinto muito, mas eu não consigo, sinceramente.
Sim, como falar de algo que não existe no plano da lógica, das propostas coerentes, da racionalidade elementar de políticas que funcionam e de outras que simplesmente não funcionam, como falar do nada?
Estão me pedindo muito.
Este blog se dedica a ideias inteligentes, como escrito acima.
Então, esse simples critério já exclui ab initio, como se dizia antigamente, esse tal de movimento, no qual não vejo nenhuma, absolutamente nenhuma ideia inteligente, pois mais que eu me esforce para encontrar alguma.


Desculpem, mas eu preciso de um mínimo de consistência nas ideias para poder escrever algo em volta.
Li, por exemplo, o discurso daquele idiota supremo desse tipo de bobagem, Slavoj Zizek, espremi, espremi, e não consegui achar uma frase, uma ideia que fizesse sentido, para eu poder criticar. Rendo-me à inutilidade de certas coisas. Deixemos que percam tempo com bobagens. Eu vou "perder" o meu tempo com leituras mais agradáveis.


De resto, já me permiti reproduzir aqui um artigo sobre essas manifestações ruidosas que não levam a literalmente nada, a não ser em um pouco de sujeira extra nas ruas e nos parques:

Ocupem Wall Street! Mas tirem os idiotas, por favor...




Para não dizer que não escrevo nada sobre esse tipo de coisa, permito-me reproduzir aqui as consignas que eu bolei para esse tipo de pessoal:

QUINTA-FEIRA, 20 DE OUTUBRO DE 2011

Pronto, vou ajudar os gregos: vou protestar a favor...

Confesso que começo a cansar de todos esses protestos de indignados, de tantos ocupantes de Wall Street, esses milhares de alternativos, de antiglobalizadores, franceses, gregos, troianos e tutti quanti fazem manifestações ruidosas nas ruas e nas praças, atrapalhando o trânsito, gastando à toa o gás lacrimogenio da polícia, entortando escudos e bastões dos ditos cujos, fazendo buracos nas calçadas com todos esses paralepípedos arrancados, enfim (enfins, diria uma professorinha da UnB), estou começando a cansar com toda essa bagunça monumental, essas passeatas ruidosas, apenas e tão somente para protestar contra tudo isso que está aí (e não é pouca coisa, não é mesmo?).
Por isso mesmo vou me colocar a favor de todo esse pessoalzinho miúdo -- e alguns nem tão miúdos assim, já que bem alimentados e barrigudinhos, como aquele filósofo esloveno confuso e idiota -- e vou sugerir alguns novos slogans, para que eles possam desfilar pacificamente, sem precisar brigar com a polícia, sem sequer precisar atirar um único pedregulho, sem se cansar -- afinal de contas, os gregos são os baianos da Europa -- e sobretudo sem precisar ser do contra (como eu mesmo sou, invariavelmente).
Meus slogans são de manifestações A FAVOR, sempre propondo coisas sensatas e razoáveis.
Vamos lá:

CHEGA de embromação: queremos o direito de não ir ao trabalho uma vez por semana.
STOP agora, a repressão material capitalista: pela elevação espiritual socialista.
QUEREMOS receber sem trabalhar: temos os mesmos direitos dos políticos.
PRECISAMOS de mais políticas setoriais, em todos os setores, mesmo redundantes.
ADORAMOS a política agrícola comum (vulgo "loucura agrícola europeia").
PEDIMOS mais gastança estatal, mais estímulo ao crescimento.
AMAMOS os Estados, sobretudo os soberanos, os mais ativos e onipresentes.
CONTRA a privatização das necessidades; pela socialização das capacidades.
NÃO MAIS manifestações sem distribuição de sorvete e água gelada.
BASTA DE GREVES, queremos ficar dormindo em casa.
MANIFESTANTES E POLICIAIS: unidos, jamais serão vencidos!
MENOS PASSEATAS, mais amor.
POR ASSEMBLEIAS com ar condicionado.
QUEREMOS DESEMPREGO, com seguro em dobro...
CHINESES: comprem nossas ilhas, nossos vignobles, nossos chateaux, fiquem com tudo.
AMERICANOS: despejem vossos dólares, eles são bem vindos.
BRASILEIROS: mandem-nos seus corruptos, eles são os melhores do mundo...

Pronto, acho que já está bem assim: gregos, helênicos, macedônicos, troianos, 300 de Esparta e outros Ulisses perdidos em tantas manifestações simultâneas, agradecem.
Por nada...
Paulo Roberto de Almeida 

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...