segunda-feira, 16 de julho de 2012

Meridiano 47 - Chamada de artigos (normas)

Aos muito necessitados de pontos na carteira, ops, no currículo, uma oportunidade para publicar num veículo de ampla disseminação nos meios universitários ligados aos estudos e pesquisas de relações internacionais.
Mas, atenção: não vale retirar aquele artiguinho recusado por alguma outra revista, fazer um Lavoisier rápido e submetê-lo à Meridiano 47. 
Essa revista, apesar de relativamente jovem, leve, livre e solta, já é uma senhora respeitável nesse ambiente especializado, e não aceita qualquer cantada.
Eu já publiquei demais nessa revista (ver aqui), e acho que já estão cansados de mim.
Ao trabalho, pois...
Paulo Roberto de Almeida 


Chamada de Artigos – Boletim Meridiano 47

 
 
 
 
 
 
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Instituto Brasileiro de Relações Internacionais informa chamada de artigos para as edições do  Boletim Meridiano 47.
O Boletim é uma publicação bimensal em formato digital, dedicada a promover a reflexão, a pesquisa e o debate acadêmico sobre os temas da agenda internacional contemporânea e publica contribuições inéditas na forma de artigos científicos breves e resenhas de livros, cuja temática se situe na grande área de Relações Internacionais, e mais particularmente sobre Política Internacional, Política Externa, Economia Internacional, Instituições e Regimes Internacionais e sobre questões envolvendo áreas geográficas e países.
Todos os artigos serão submetidos a arbitragem científica e a publicação de contribuições será sempre amparada pelas recomendações do Conselho Editorial e pela análise dos pareceres produzidos.

Normas de Colaboração

  1. O Boletim publica artigos científicos e resenhas de livros;
  2. Os artigos devem conter entre 20 mil e 25 mil caracteres (incluindo espaços) e as resenhas de livros devem conter cerca de 6 mil caracteres (espaços inclusive);
  3. As notas de rodapé restringem-se a esclarecimentos adicionais ao texto;
  4. A bibliografia deve ser citada de acordo com o sistema Chicago (Autor, data), referenciando a literatura citada ao final do texto;
  5. As contribuições devem ser inéditas  e podem ser submetidas em português, inglês ou espanhol;
  6. As contribuições devem conter o nome completo do autor, sua titulação e filiação institucional;
  7. No caso de resenhas de livros, devem ser informados os dados completos e o ISBN da obra analisada;
  8. As contribuições devem vir acompanhadas de:  3 palavras-chave em português e 3 key words em inglês; Título em inglês; Resumo em português e abstract em inglês, ambos com até 50 palavras.
O processo de análise editorial se estende por cerca de 10 (dez) dias úteis e os artigos aprovados são imediatamente publicados no site do Boletim (http://www.meridiano47.info) e depois consolidados na edição em formato pdf,  lançada até o final do mês subsequente.
As submissões se fazem aqui. 

Paraguai, Venezuela: que assuntos incomodos! - Editorial OESP


Defendendo o indefensável



Editorial O Estado de S.Paulo, 15 de julho de 2012
O chanceler Antonio Patriota, atual porta-bandeira do terceiro-mundismo implantado no Itamaraty, revela pouco talento para uma das tarefas menos gratificantes da diplomacia: a tentativa de defender o indefensável. Seu esforço para explicar e justificar o escandaloso golpe de Mendoza - a suspensão do Paraguai e a admissão da Venezuela no Mercosul - tem servido apenas para comprovar um fato evidente desde o primeiro momento: os governantes de Brasil, Argentina e Uruguai agiram com truculência contra um sócio do bloco, desprezaram sua soberania e violaram as regras da união aduaneira para favorecer o caudilho Hugo Chávez. Em seu depoimento perante a Comissão de Relações Exteriores do Senado, na quarta-feira, o ministro limitou-se a repetir os toscos argumentos já expostos pelo governo e mostrou-se incapaz de responder convincentemente às interpelações de vários senadores.
O ministro insistiu no caráter unânime das decisões a favor do governo bolivariano e contra o Paraguai, como se a convergência de opiniões de três presidentes bastasse para transformar um erro em acerto. Insistiu, igualmente, em citar a cláusula democrática do Protocolo de Ushuaia, mas sem mencionar um detalhe apontado pelo embaixador paraguaio no Brasil, Edélio F. Arévalos, em carta enviada à Comissão: se houver suspeita razoável de ruptura da ordem democrática em algum dos países-membros, os demais Estados-parte promoverão consultas entre si e com o Estado afetado. Esse procedimento, indicado pelo artigo 4.º, foi ignorado. A presidente argentina, Cristina Kirchner, e a brasileira, Dilma Rousseff, decidiram, simplesmente, condenar o Parlamento e o Judiciário paraguaios como violadores da cláusula democrática e impor uma penalidade ao país. O presidente uruguaio, José Mujica, induzido pelas duas colegas, acabou apoiando a tramoia. Foi o único, no entanto, bastante sincero para reconhecer um detalhe escandaloso: as razões políticas prevaleceram sobre as jurídicas. Como o Paraguai foi suspenso, sem ser excluído, nenhum novo sócio poderia ser admitido sem a sua manifestação.
Isso já havia sido apontado pelo vice-presidente uruguaio, Danilo Astori. Ele reafirmou essa opinião em artigo publicado nesta semana. A decisão, segundo Astori, feriu as instituições do Mercosul e pôs em grave risco o futuro da associação. Com isso, acrescentou o vice-presidente uruguaio, a institucionalidade válida não é mais a das regras, a dos tratados, mas a da vontade dos presidentes.
Pode-se discordar da rapidez do impeachment do presidente Fernando Lugo, mas nem por isso o Brasil e outros países podem "ignorar o fato de que tudo se deu dentro da conformidade constitucional do Paraguai", disse o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) ao chanceler Patriota. Em outro cenário, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, expressou o mesmo ponto de vista: todo o processo contra o presidente Lugo seguiu as normas constitucionais. Não houve ruptura da lei nem das condições de vida normal dos cidadãos. Essa é também a posição do governo americano, segundo a subsecretária de Estado para as Américas, Roberta Jacobson. Os Estados Unidos, disse Jacobson, dão "forte apoio" à recomendação de Insulza a favor de uma posição "construtiva" da OEA em relação ao Paraguai. Mas Insulza não fala pela OEA, disse o chanceler brasileiro, respondendo, em mais um lance errado, a uma afirmação que ninguém havia feito.
Patriota insistiu, de modo igualmente inútil, em descrever a suspensão do Paraguai como um aviso: toda iniciativa antidemocrática será repelida pelo Mercosul e pela Unasul. Qual a autoridade do governo brasileiro para se apresentar como defensor da democracia na região?
Segundo o senador Francisco Dornelles, a mensagem lançada pelo governo brasileiro foi outra: "Senhores presidentes da Argentina, da Venezuela, da Bolívia, do Equador, podem continuar com suas políticas de desrespeito à liberdade de imprensa; podem desrespeitar o Congresso e o Judiciário, pois, se os Congressos desses países tomarem alguma medida para defesa constitucional, o Brasil vai intervir e fazer exercer o seu poder".

domingo, 15 de julho de 2012

Presidentes com bom humor e presidentes con odio - Moises Naim


¿Para qué sirve un expresidente?

"No es fácil haber sido presidente. El viejo chiste es que los expresidentes son como los jarrones chinos: todo el mundo dice que son muy valiosos pero nadie sabe qué hacer con ellos. Y muchos jefes de Estado tampoco saben qué hacer consigo mismos una vez que dejan de serlo. Algunos, como Bill Clinton, mantienen una actividad frenética; otros, como Vladímir Putin, se las arreglan para no dejar nunca el poder y aun otros, como Silvio Berlusconi, dedican su post-presidencia a preparar el regreso a palacio."

EL OBSERVADOR GLOBAL

¿Para qué sirve un expresidente?

Lula, que imitó las políticas de Cardoso cuando fue presidente, debería emularlo también ahora. Un verdadero demócrata no usa su influencia para intervenir en las elecciones de otro país

No es fácil haber sido presidente. El viejo chiste es que los expresidentes son como los jarrones chinos: todo el mundo dice que son muy valiosos pero nadie sabe qué hacer con ellos. Y muchos jefes de Estado tampoco saben qué hacer consigo mismos una vez que dejan de serlo. Algunos, como Bill Clinton, mantienen una actividad frenética; otros, como Vladímir Putin, se las arreglan para no dejar nunca el poder y aun otros, como Silvio Berlusconi, dedican su post-presidencia a preparar el regreso a palacio.
En estos días, dos eventos casi simultáneos, protagonizados por dos expresidentes, ilustran formas muy distintas de asumir el papel de “ex”. El contraste de sus actuaciones no ha podido ser más extremo y más aleccionador. Se trata de los dos expresidentes más famosos —y exitosos— de Brasil: Fernando Henrique Cardoso y Luiz Inácio Lula da Silva. Ambos han estado en la arena pública internacional por diferentes motivos. Fernando Henrique Cardoso ganó el premio más importante del mundo en el campo de las ciencias sociales: el premio Kluge, otorgado por la Biblioteca del Congreso de Estados Unidos. El galardón tiene un proceso de selección tanto o más riguroso que el de los premios Nobel, y una dotación equivalente (un millón de dólares).
Mientras Cardoso recibía el premio Kluge por su aportación a las ciencias sociales, Lula apoyaba a Hugo Chávez en su campaña electoral
El jurado enfatizó que el premio reconocía las aportaciones intelectuales de Cardoso, que era un prestigioso sociólogo antes de entrar en la política. Cardoso hizo contribuciones pioneras al análisis de la desigualdad y el racismo en el subdesarrollo. También fue el padre de la famosa Teoría de la Dependencia, que sostenía que el subdesarrollo era en parte causado por los países más ricos y las relaciones de explotación que mantenían con los países pobres. Esta idea, popular en los años 70 y 80, ha perdido vigencia y el mismo Cardoso reconoce que el mundo ha cambiado y que sus conclusiones ya no son válidas.
Casi al mismo tiempo que Cardoso recibía el galardón, Lula intervenía por videoconferencia en la reunión del Foro de São Paulo, una agrupación de la izquierda latinoamericana fundada bajo el auspicio del Partido de los Trabajadores de Brasil (PT) en 1990. A los asistentes al encuentro, celebrado en Caracas, Lula les dijo: “Solo con el liderazgo de Chávez el pueblo realmente ha tenido conquistas extraordinarias. Las clases populares nunca fueron tratadas con tanto respeto, cariño y dignidad. Esas conquistas deben ser preservadas y consolidadas. Chávez, cuente conmigo, cuente con el PT, cuente con la solidaridad y apoyo de cada militante de izquierda, de cada demócrata y de cada latinoamericano. Tu victoria será nuestra victoria”.
No es legítimo que Lula
aplauda en Venezuela
políticas públicas
diametralmente opuestas
a las que él mismo impuso
con gran éxito en Brasil
Es perfectamente legítimo que Lula exprese su afecto y admiración por Hugo Chávez. Los afectos -como el amor- son ciegos y merecen respeto. Pero no es legítimo que Lula intervenga en la campaña electoral de otro país. Eso no lo hacen los demócratas. Lula lo sabe. Y ya lo había hecho antes, cuando, en vísperas de un importantísimo referéndum en Venezuela, irrumpió en el proceso afirmando que Chávez era el mejor presidente que había tenido el país en los últimos cien años.
Tampoco es legítimo distorsionar, como lo hizo Lula, la realidad venezolana, especialmente la de los pobres. Chávez ha tenido un efecto devastador para Venezuela y los pobres son sus principales víctimas. Son ellos quienes pagan las consecuencias de vivir en uno de los países más inflacionarios del mundo, son ellos quienes deben arreglarse con un salario real que ha caído al nivel que tenía en 1966 (sí: 1966). Son ellos quienes no consiguen trabajo a menos que sea en el sector público y a condición de demostrar constantemente su adoración y su fidelidad “al comandante”. Son ellos quienes ven a sus hijos e hijas asesinados a una de las tasas más altas del mundo. No es de extrañar, por tanto, que en las últimas elecciones legislativas más de la mitad de los votos fueran contra Chávez. En Venezuela es imposible alcanzar ese porcentaje sin millones de votos de los más pobres, --esos pobres que, según Lula, están mejor que nunca. Finalmente, tampoco es legítimo que Lula aplauda en otro país políticas públicas que son diametralmente opuestas a las que él mismo impuso con gran éxito en Brasil.
En este sentido, no sería malo que, al igual que imitó las políticas de Cardoso cuando fue presidente, Lula lo emule ahora como expresidente. Sería bueno que aprenda del Cardoso político; el que sabe que un verdadero demócrata no usa su prestigio e influencia como expresidente para intervenir de manera abusiva en las elecciones de otro país.
Sígame en Twitter @moisesnaim


A historia do salario minimo... nos EUA -- Shanghai Daily


Fair minimum wage essential for stronger American economy

By Christine Owens 
Shanghai Daily, July 15, 2012


JUNE marked the 100 year anniversary of the first minimum wage law passed in the United States. And, while there is nothing new about low-wage work ? we should take this occasion to recognize an even more dispiriting fact about the low-wage workforce: It could have been a thing of the past. 

The first minimum wage law in the United States was established on June 4, 1912, in Massachusetts. More than a dozen states would follow over the next 10 years, and in 1933 the new US Secretary of Labor, Frances Perkins, wrote an essay to make the case for a federal minimum wage. 

Reading Perkins' essay today reminds us of the potential that minimum wage laws hold for shaping a fair and productive economy. At the time of her writing, the nation was in the midst of the Great Depression, and Perkins feared the destructive potential of the growing number of "fly-by-night" sweatshop operators attempting to gain an unfair advantage over their competitors by selling cheaper products made possible by rock-bottom labor costs. 

These low-wage sweatshop operators were, in other words, cheaters. They offered cheaper products by taking advantage of workers who, in a period of record unemployment, had no choice but to accept whatever job they could get - in some cases, earning only 3.5 US cents per hour (back then).The purpose of a minimum wage law was not only to protect workers from abuse by their employers, but to also ensure fair competition by requiring that all businesses play by the same rules. 

The first federal minimum wage law was established in 1938, five years after Perkins' article appeared. Yet, after several decades of Congressional stewardship maintaining a strong minimum wage, the real value of the minimum wage was allowed to plummet over the last four decades. 

As a result, the minimum wage peaked in 1968, and has since trailed behind the rising cost of living. In fact, the minimum wage would be well over US$10 today if it had simply kept pace with inflation. Instead, it's only US$7.25 an hour - or just over US$15,000 a year. 

The problems associated with low wages are no longer just an emerging threat, as Perkins once feared, but have instead come to define a significant share of the labor market. These problems will persist. Low-wage industries are now among the economy's fastest-growing sectors, and some of the lowest paid occupations are expected to create the largest numbers of new jobs over the next several years.

For many employers, low wages are part and parcel of a robust growth strategy. As of last year, no fewer than 35 of the nation's 50 largest low-wage businesses had posted profits that exceeded their pre-recession levels. 

Meanwhile, the vast majority of businesses in the US have yet to recover from the recession, particularly small businesses. A Gallup poll from earlier this year revealed that fully 85 percent of small businesses still have no intention of hiring or expanding their business because demand remains so weak. 

We are now three years out from the official end of the recession, and workers' wages are actually declining rather than rebounding. From March 2011 to March 2012, real average hourly earnings fell 0.6 percent for all private sector workers and declined by a full 1 percent for non-supervisory and production workers. 

Perhaps the saddest fact is that the low-wage workforce has become an all-too-familiar fixture of the American economy. If Perkins were alive today, she would only need one look at our outdated minimum wage law to know that our economy has become an anti-competitive environment where low-road employers can thrive at the expense of both other employers and workers. 


Now, 100 years after the first minimum wage law was passed, low-wage industries once again threaten to impoverish America's workforce and derail the entrepreneurial ambitions of small business owners. And the American people have noticed. According to a recent poll, more than two-thirds of Americans support raising the minimum wage to over US$10 per hour. This support is behind a proposal by Senator Harkin, an Indiana Democratic, that would raise the minimum wage to US$9.80 an hour, significantly raise the minimum wage for tipped workers (currently at US$2.13 an hour), and provide for annual cost of living adjustments for both. 

There was nothing inevitable about the low-wage economy that we find in the US today. What decades of experience tell us, however, is that unless we seriously acknowledge our responsibility to maintain the value of the minimum wage, we have little reason to expect anything different in the century ahead. 

Christine Owens is executive director of the National Employment Law Project. Copyright: American Forum

Vivendo para os livros... e a escrita - Paulo Roberto de Almeida


A arte de escrever para si mesmo

Paulo Roberto de Almeida

No decorrer da maior parte da minha vida, talvez quatro quintos de uma existência dedicada à constante leitura de livros, à reflexão solitária e à redação regular de textos de diversos tipos, o que mais fiz, de fato, foi escrever para mim mesmo.
Salvo no período mais recente, quando tenho aceito (talvez muito facilmente, e em excesso) compromissos de colaborar com revistas ou livros coletivos, a maior parte de meu tempo livre, durante os últimos quarenta anos, tem sido ocupada pela redação de textos que só tinham um único destinatário: eu mesmo.
Não por outra razão, minha lista de originais é três vezes mais volumosa do que a correspondente aos trabalhos publicados. Na verdade, minha lista de originais cobre apenas uma parte modesta de meus escritos, aquela de trabalhos efetivamente terminados, com um ponto final, assinados, datados e localizados, e finalmente numerados na ordem sequencial de seu término, não importando quando e onde iniciados.
Os trabalhos apenas esquematizados, iniciados, mas não concluídos, comporiam uma lista ainda mais longa, se por acaso tal lista existisse. Eles estão dispersos, perdidos numa infinidade de pastas, guardadas por sua vez em outras pastas, sem muita ordem ou método, quase sem títulos evocativos, a não ser os de alguma inspiração momentânea. Em todo caso, essas centenas, talvez mais de um ou dois milhares, de working files compõem uma formidável armada – ou exército, como se queira – de reserva, aguardando retomada oportuna em algum tempo livre (que, sabemos todos, nunca virá). Só sei dizer que esses working files, escritos unicamente para mim, nunca entraram na pasta “PRAworks”, organizada em listas anuais (como para a lista de Publicados). Eles ficam simplesmente dispersos, por vezes sob títulos enigmáticos, em pastas dotadas de rótulos anódinos, o que dificulta sobremaneira sua recuperação ulterior para finalização. Muitos estão até esquecidos, coitadinhos, relegados a um limbo do qual até a intenção ou propósito iniciais também há muito se perderam. Esta é mais uma prova, além da quantidade enorme de inéditos, de que eu realmente escrevo para mim mesmo.
Mas mesmo naqueles escritos “encomendados”, eu jamais aceitei qualquer sugestão de linhas “condutoras”, estilo discursivo ou orientação argumentativa, tanto porque sou eu mesmo quem decido como e com quais objetivos desenvolverei minha linha de raciocínio. Nisso sou absolutamente libertário, inclusive já o era mesmo nos textos oficiais, nos quais sempre escapei do diplomatês insosso no qual se deleitam tantos colegas de carreira.
Estas são, finalmente, as características da arte de escrever para si mesmo: livre inspiração, total controle do estilo e do método de abordagem, independência de pensamento e plena autonomia argumentativa, decisão solitária sobre como e onde divulgar ( o que não é o mesmo que publicar, já que isto depende de algum editor de revistas ou livros).
Em todo caso, com uma dezena e meia de livros publicados em autoria solitária, meia dúzia de títulos editados por mim e várias dezenas de capítulos em livros coletivos, não posso dizer que eu esteja carente de editores. Recebi, é verdade, convites de editores para compor, ou seja, escrever eu mesmo, tal ou qual livro, mas declaro imediatamente que, a despeito de ter considerado certas sugestões, nunca levei adiante qualquer uma dessas demandas; tampouco ofereci projetos de livros a editores: faço apenas o que me dá vontade. Recém aceitei fazer um “sob encomenda”, sobre a integração regional, mas apenas porque eu teria total controle sobre o que e como escrever.
Repito, e finalizo: eu escrevo para mim mesmo, leitores são apenas um detalhe do processo (com perdão dos próprios). Como não vivo do que escrevo – pelo menos ainda não – não preciso agradar qualquer público quanto à forma ou o conteúdo daquilo que produzo, em total autonomia. Se, ao cabo de alguns laboriosos exercícios de escrita, chego ao que considero a forma final de algum trabalho, e aprovei o que eu mesmo escrevi, coloco um ponto final, acrescento o local e a data (eventualmente consignando algumas etapas precedentes), registro, finalmente, na lista numérica dos originais e me dou por satisfeito. Quanto ao julgamento dos eventuais (e poucos) leitores, creio que eles devem dispor de tanta liberdade de avaliação quanto a que eu tive na concepção e redação desses meus textos.
Ponto final, a mais um! Vale!

Brasília, 15 de julho de 2012.

Golpe branco no Paraguai, golpe vermelho no Mercosul - Patrícia Nabuco Martuscelli

Com perdão da autora, acho que o jogo das cores nesses episódios é esse mesmo: branco de um lado, vermelho, ou preto, do outro. Até parece um cassino, mas talvez seja esse mesmo o cenário do Mercosul: um cassino, no qual todos golpes acontecem, inclusive aqueles que não se vêem.
Paulo Roberto de Almeida


Golpe “Branco” no Mercosul, por Patrícia Nabuco Martuscelli


“Toda ruptura da ordem democrática em um dos Estados Partes do presente Protocolo implicará a aplicação dos procedimentos previstos nos artigos seguintes”. Foi a partir desse artigo três do Protocolo de Ushuaia de 1998 que os demais membros do Mercado Comum do Sul (Mercosul) decidiram pela suspensão do Paraguai do bloco na reunião de Cúpula do dia 29 de junho em Mendonza, Argentina.  Ainda que o protocolo em questão não defina o que seria ordem democrática, os governos da Argentina, Brasil e Uruguai consideraram o impeachment de Fernando Lugo, no dia 22 do mesmo mês, como atitude passível de sanções previstas no instrumento jurídico. No mesmo encontro presidencial, também foi aprovada a entrada oficial da Venezuela no acordo comercial, sem o apoio do Paraguai que já tinha sido suspenso desta reunião. O modo como ocorreu essa adesão causa dúvidas quanto aos mecanismos institucionais do Mercosul, o que pode levar ao seu declínio.
O impeachment do ex-presidente paraguaio pode ser classificado como um “golpe branco” por seguir o sistema legal.  A Constituição paraguaia permite que a Câmara abra um “processo político” para depor o presidente caso seja vontade de dois terços do Legislativo, contudo não está previsto qual deve ser seu tempo de duração. Como o processo durou cerca de 36 horas, muitos governos sul-americanos consideraram que Lugo não teve seu direito de ampla defesa respeitado. A destituição de Lugo e a posse de Federido Franco impressionaram pela rapidez e por demonstrar a fragilidade política do ex-presidente, visto que sua destituição contou com o apoio de 76 dos 80 deputados e 39 dos 45 senadores. A ideia de “golpe branco” é reforçada pelo documento de 23 de março de 2009 da embaixada americana disponibilizado pelo site Wikileaks segundo o qual haveria uma movimentação para garantir a saída de Lugo por um golpe parlamentar.  Frente a isso, a suspensão do Paraguai do Mercosul até a realização de novas eleições em abril de 2013 parece coerente com o compromisso do bloco com a democracia.
Já a entrada da Venezuela surpreende justamente por violar essa ideia democrática de consenso presente no Tratado de Assunção de 1991 que funda o Mercosul. Por ele, a adesão de novos membros deve ser uma decisão unânime de todos os sócios, ou seja, Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil. É fato que todos esses países assinaram o Protocolo de Adesão da República Bolivariana da Venezuela ao Mercosul em 2006. Contudo, diferentemente dos demais, o Senado paraguaio ainda não tinha ratificado tal tratado, o que impedia a entrada formal do país de Chávez no bloco. Dessa forma, é possível dizer que os outros sócios do Mercosul aproveitaram a suspensão temporária do Paraguai para aprovar uma decisão “unânime”.
A adesão da Venezuela ao bloco agrada principalmente à Argentina e ao Brasil, visto que terão maior integração comercial com o quinto maior produtor de petróleo do mundo e grande consumidor de produtos exportados pelos dois países. Contudo, deve-se entender que a “ordem democrática” na Venezuela é um tanto contraditória, afinal seu presidente dissolveu o Congresso logo ao tomar posse, está há 13 anos no poder e promove censura aos meios de comunicação que se opõem ao seu governo. Considerando que as negociações para que a república bolivariana se tornasse um novo sócio do Mercosul começaram antes de 2006, o movimento realizado em Mendoza que aprovou a entrada formal da Venezuela ao bloco não se justifica por sua pressa.  É fato que um assunto que não foi resolvido em mais de seis anos não seria tão urgente a ponto de esperar alguns meses para que todos os membros do bloco fossem devidamente considerados.
Ao analisar a relação entre Paraguai e Venezuela desde a crise política no primeiro, é possível observar vários descompassos. Com o impeachment de Lugo, o governo venezuelano chamou seu embaixador de volta e suspendeu o envio de petróleo para o Paraguai. Em meio a isso, há evidências da existência de um vídeo no qual o Chanceler venezuelano aparece entrando para uma reunião com comandantes militares do Paraguai no dia do julgamento de Lugo no Congresso. Ainda que já tenha sido provado que tal filmagem era uma fraude, o governo paraguaio a usou como pretexto para alegar que a Venezuela tinha intenção de incitar as forças armadas nacionais a apoiar Lugo, o que poderia resultar em uma guerra civil no país. Assim, o Paraguai retirou seu embaixador de Caracas e declarou o chanceler da Venezuela como persona non grata. Por sua vez, o presidente venezuelano Hugo Chávez acusa senadores paraguaios de pedirem dinheiro em troca da ratificação do protocolo para que a Venezuela se tornasse parte do Mercosul.
O governo paraguaio anunciou que deve entrar com um pedido no Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul (TPR) para que seus direitos sejam restabelecidos e a entrada da Venezuela seja revisada. Essa movimentação tem poucas chances práticas de obter êxito, contudo um cenário complicado aparece para o futuro do Mercosul. Ainda que a intenção inicial do Paraguai não seja sair desse, em um horizonte próximo, com a volta do país como membro pleno, a relação entre Paraguai e Venezuela pode estar tão deteriorada que isso prejudicará todo o bloco, principalmente seu processo decisório.
Considerando todas as críticas já existentes ao Mercosul quanto a sua incapacidade de garantir uma verdadeira união aduaneira e maior integração regional, a maneira como ocorreu a aceitação formal da Venezuela revela a extrema fragilidade de seus mecanismos institucionais. A resolução tomada a respeito da Venezuela não foi consensual por ter sido obtida devido à suspensão temporária do Paraguai. Da mesma forma que se aproveitou de uma oportunidade na qual o país discordante com a decisão estava suspenso para que essa fosse aprovada, outras deliberações do bloco poderão ser realizadas do mesmo modo. Isso fere os princípios do Tratado de Constituição do Mercosul, no qual as decisões para adesão de novos membros devem ser unânimes.
Por fim, é uma considerável incoerência suspender temporariamente um país alegando ruptura da ordem democrática e admitir outro com histórico de desrespeito à democracia constitucional. Assim, um golpe parlamentar no Paraguai não deve justificar um “golpe” institucional no Mercosul. Isso prejudica a legitimidade do bloco e pode, em último caso, levar até ao seu fim, caso outras ações venham a ser tomadas sem que os procedimentos acordados conjuntamente sejam cumpridos.
Patrícia Nabuco Martuscelli é graduanda em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília – UnB  e membro do Programa de Educação Tutorial em Relações Internacionais da Universidade de Brasília – PET-iREL-UnB (patnabuco@gmail.com)

sábado, 14 de julho de 2012

Pausa para... um calipso ou cha-cha-cha...

OK, só calipso, que já está de bom tamanho. 
Aliás, vários.
Um amigo me manda o seguinte: 



Pessoal
Hoje, coisas por fazer, baixou um tempinho de "preguicite". E lembrei-me de uma conversa com um colega, mais jovem, que me apresentou umas coisas que andam por aí, como "calypsos".
Acontece que fui dos que viram o calypso entrar na mídia. E (internet é para isto) catei umas preciosidades de calypsos autênticos, que vão desde um andamento mais "rumbado" a um agito, tipo carnaval de Trinidad, no Mama looka a boo boo do King Flash. 
Mas, no pacote, terão também Harry Belafonte e até Pat Boone. Deste, a cena é do filme "Bernadine" e o ator que contracena com ele é o Dick Sargent, que seria o segundo "James" (nos EUA,"Darryn") da série "A Feiticeira". Entrou quando o original -Dick York- teve uma apoplexia em consequência de um monte de analgésicos, que tinha de tomar, devido a um acidente de filmagem de um western, início de carreira. Daí que ele fez toda série morrendo de dor e algumas daquelas caretas dele eram por causa de dor, no duro.
Dick o substituiu, mas antes fez este filme. Na biografia dele (http://en.wikipedia.org/wiki/Dick_Sargent ) que já faleceu; uma...surpresa...
Mas  voltando ao assunto, aí tem calypso e um barco carregado de bananas pra dar e vender.E Diana que também é calypso.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...