quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Dinamarca: estudos brasileiros na universidade de Aarhus - Prof. Vinicius Mariano

Estudos Brasileiros na Dinamarca
O Café História entrevistou o Prof. Dr. Vinicius Mariano do Carvalho, coordenador do programa de estudos brasileiros da Universidade de Aarhus, da Dinamarca. O programa existe há vinte anos e acaba de lançar uma revista acadêmica totalmente dedicado ao tema: Brasiliana.
Graduado em letras, mas com uma formação  acadêmica interdisciplinar, o professor Vinícius Mariano conta nesta entrevista exclusiva como surgiu o projeto da revista Brasiliana, além de refletir sobre o tema “estudos brasileiros” e as transformações em relação ao Brasil que ele enxerga no âmbito acadêmico dinamarquês e do exterior. Além da revista, a Universidade de Aarhus oferece ainda um programa de estudos brasileiros que cada vez mais vem atraindo mais e mais alunos, que aprendem não apenas a língua portuguesa, mas também elementos da cultura e da história do Brasill. Confira e comente!
Café História: Professor, muito obrigado por conversar conosco. Foi com muito interesse e animação que recebemos a notícia do lançamento da “Brasiliana”. Como surgiu a ideia de uma revista de estudos brasileiros em uma universidade dinamarquesa?
Prof.Vinicius Mariano: Primeiramente, eu que tenho que agradecer pelo interesse em conhecer mais sobre nosso programa de Estudos Brasileiros na universidade de Aarhus e sobre nossa Revista, a Brasiliana. A revista nasceu de uma demanda não apenas dinamarquesa, mas eu diria que muito maior. Uma demanda por um meio específico para se discutir o Brasil e com o Brasil. Professores, acadêmicos e pesquisadores de uma comunidade que está se tornando maior a cada dia, a dos brasilianistas, normalmente utilizaram fóruns acadêmicos mais amplos, como as revistas sobre América Latina, Mundo Lusófono, Mundo Ibérico,etc., porém poucas são as revistas que se dedicam exclusivamente ao Brasil no ambiente das ciências sociais e humanas. Essa foi a motivação primeira para a criação da Brasiliana. A segunda motivação é de caráter estratégico local. Dentro de um plano de inserir nosso programa de Estudos Brasileiros da Universidade de Aarhrus em um contexto mais internacional e de certa maneira situá-lo mais ativamente no debate sobre e com o Brasil, Brasiliana foi o resultado natural desta estratégia.
Café História: Recentemente, entrevistamos o historiador Jurandir Malerba, professor de história na PUCRS e que atualmente está em Berlim terminando seu curso na novíssima cátedra Sérgio Buarque de Holanda de Estudos Brasileiros, na Universidade Livre de Berlim. Mais recentemente, foi lançada a "Brasiliana", revista de estudos brasileiros que o senhor coordena na Universidade de Aarhus, Dinamarca. Que o Brasil nos últimos anos veem ganhando destaque internacional em termos políticos e econômicos é razoavelmente (re)conhecido. Mas parece que há também um destaque do Brasil no meio acadêmico. Ao que parece, os pesquisadores e estudantes estrangeiros querem saber mais sobre a cultura e a história de nosso país. O senhor concorda? Se sim, como avalia este momento?
Prof.Vinicius Mariano: Sim, podemos dizer que têm havido uma maior busca por estudos sobre o Brasil, e também a presença de pesquisadores brasileiros no exterior tem sido muito importante para mostrar o que se produz de ciência no Brasil. Eu repito o que para mim é muito importante: acho que quando se trata de academia, precisamos sempre pensar de forma dialogal. Uma questão é o aumento da procura por conhecimento sobre o Brasil no exterior, outra coisa é o aumento da inserção do pensamento produzido no Brasil em todo o mundo. Quanto mais conseguirmos equilibrar esta balança, melhor será. Precisamos de estudar o Brasil, mas também com o Brasil. Neste ponto, o intercâmbio de pesquisadores e estudantes é fundamental. Se as condições são mais favoráveis hoje que há dez anos, então aproveitemos estas oportunidades.
Café História: Criar uma revista acadêmica exige muita dedicação, seja no Brasil ou no estrangeiro. Qual foi o maior desafio que o senhor encontrou na construção e execução deste projeto?
Prof.Vinicius Mariano: Primeiramente é preciso dizer que a revista me traz muito mais prazer que trabalho. Acho que é um grande privilégio poder, de certa maneira, provocar algum debate acadêmico e receber tantas respostas em forma de artigos de excelente qualidade, rigor científico e criatividade analítica. Além disso, a possibilidade de, virtualmente, estar envolvido nosurgmiento de uma comunidade de leitores, autores, editores é imprescidível no desenvolvimento do pensamento humanístico. Estas alegrias fazem com que qualquer desafio se torne pequeno e superável.É claro que, sendo um projeto que começa a dar seus passos agora, há muitos acertos a serem feitos. A Revista não conta com patrocínio e é de fato a colaboração que a faz mover-se. Penso que muitos colegas que estão colaborando com a realização deste projeto também podem ver o potencial da Revista e investem seu tempo e dedicação para que logremos fazer da revista um canal sério e que dê frutos.
Café História: Professor, no editorial de estreia da “Brasiliana”, o senhor sublinha que as universidades estrangeiras passaram a usar mais o termo “Brazilian Studies” do que o tradicional (e genérico) “Latin American Studies” para se referir ao campo de pesquisas acadêmicas sobre Brasil. E, neste sentido, diz que a “Brasiliana” tenta já neste primeiro número definir o que significa esta categoria: “Brazilian Studies”. Em resumo, na sua opinião, como o senhor definiria os “Brazilian Studies”?
Prof.Vinicius Mariano: Academicamente venho defendendo a idéia de que, ainda que prático e necessário em algum momento, é preciso cuidado com a generalização do termo América Latina. Quais são os critérios para esta categorização? Linguísticos? Coloniais? Ademais, o que se vê normalmente é uma associação entre os termos América Latina e América de língua espanhola. Obviamente que há um número bastante consideravel de países no continente americano que falam espanhol, porém parece-me que esta associação é um pouco confusa. Neste sentido, venho defendendo que é preciso diferenciar Estudos Brasileiros de Estudos Latinoamericanos. A grande maioria dos departamentos nas universidades que oferecem algo sobre Brasil, incluem o estudo do país no quadro dos estudos latinoamericanos. Outra vez, compreendo que é necessário pensar de maneira prática e seria de certa forma inviável que universidades criassem um departamento de estudos brasileiros, um de estudos cubanos, um de estudos mexicanos, um de estudos nicaragueneses, etc. Mas observo, e não apenas eu, mas muitos outros brasilianistas e latinoamericanistas, que os estudos brasileiros vêm ganhando certa projeção e, mesmo ainda dentro de departamentos de estudos latino americanos ou hispano americanos, solidifica-se mais e mais como uma área de estudos. Não arisco a levantar hipóteses sobre as razões para esta projeção, mas creio que é nossa tarefa como acadêmicos estarmos abertos e atentos para discutir uma possível ontologia e epistemologia dos estudos brasileiros. Você me pergunta como eu definiria estudos brasileiros. Deixarei sua pergunta sem uma resposta final, uma vez que é exatamente este debate que pretendemos que a Brasiliana venha articular e trazer. O que eu diria é que, a meus olhos, estes “estudos brasileiros” não devem pensar o Brasil apenas como um objeto, mas também como um sujeito da reflexão social e humanística, uma reflexão sobre si mesmo e sobre o mundo.
Café História: O corpo editorial da revista é bastante global. Há professores do Brasil, da Dinamarca, da Inglaterra e dos Estados Unidos. Isso reforça o perfil interdisciplinar da publicação? E, mais, como tem sido o feedback deste trabalho?
Prof.Vinicius Mariano: Como eu disse acima, a idéia é que Brasiliana se torne um fórum internacional para debater sobre e com o Brasil. Acredito que apenas uma pluralidade de vozes, interepretações e análises poderão de fato contribuir para a construção de um pensar amplo em torno do Brasil. Isso porque, em nosso ponto de vista, o Brasil também é plural, seja em suas potencialidades e em seus problemas, o que nos obriga a também pensar de maneira plural. As respostas têm sido muito positivas. Somos surpreendidos com a visibilidade que a revista alcançou em pouco tempo de existência. Obviamente há críticas acerca do caráter amplo de abrangência da revista, porém esta é a perspectiva que lançamos e que insistiremos em seguir.
Café História: Como os pesquisadores brasileiros podem colaborar com a revista? Ela aceita trabalhos em fluxos contínuos? Quem pode enviar artigos ou resenhas?
Prof.Vinicius Mariano: A revista têm 4 sessões. A primeira, chamada dossiê, é uma sessão mais temática, para a qual lançamos duas chamadas para artigos anualmente. Os temas para esta sessão são definidos pelo Conselho Editorial e estamos neste principio privilegiando uma discussão em torno do significado do conceito Estudos Brasileiros. Posteriormente estes temas ampliar-se-ão a tópicos emergentes no debate acadêmico e social do e sobre o Brasil. As demais sessões, Geral, Resenhas e “Varia”, têm um fluxo contínuo de recepção de textos. Na sessão Geral recebemos textos que discutam academicamente temas relevantes sobre o Brasil nos campos das Ciências Sociais e Humanas. O espaço é amplo e não excludente, conquanto o texto reflita sobre e com o Brasil. Resenhas de publicações, exposições, concertos ou performances recentes sobre o Brasil ou com artistas brasileiros são sempre bem vindas. A sessão “Varia” é mais livre, traz entrevistas relevantes que podem provocar outros textos e debates, reportagens ou ensaios que não passam pelo processo de “peer review”. Para esta sessão preferimos falar em “aceitamos sugestões” do que “recebemos artigos”, já que neste caso os Editores têm uma agenda a seguir.Todo pesquisador que queira submeter um artigo científico que reflita algum aspecto do Brasil, nas áreas das ciências sociais e humanas, encontrará Brasiliana de portas abertas. A revista publica em português, inlgês, espanhol e dinamarquês.
Café História: Professor, o senhor pode nos falar um pouco sobre a sua trajetória acadêmica e objetos de pesquisa? Como começou a sua relação com a Dinamarca?
Prof.Vinicius Mariano: Minha trajetória acadêmica também é plural, dentro das ciências humanas. Venho das letras, da filosofia, da literatura, da música, da teologia; gosto da história, da antropologia, da sociologia, da política, da geografia, da linguística. Enfim, das humanidades. Passei, tanto como estudante quanto professor, por universidades no Brasil e na Alemanha antes de vir para a Dinamarca, onde cheguei quase casualmente em 2008, no programa de Leitorado do MRE-CAPES, vindo depois a tornar-me professor de Estudos Brasileiros da própria universidade de Aarhus.
Café História: A revista é apenas uma de suas ocupações na Universidade de Aarhus. O senhor também está à frente do Programa de Estudos Brasileiros desta universidade. Como funciona esse programa? Ele funciona há muito tempo? Que cursos e que formação oferece atualmente?
Prof.Vinicius Mariano: Sim, atualmente coordeno os Estudos Brasileiros na Universidade de Aarhus. Este programa, que já tem quase 20 anos, vem passando por reformulações com o objetivo de fazê-lo mais dinâmico e capaz de dar respostas à demandas contemporâneas, bem como formar profissionais que sejam mediadores entre o Brasil e a Dinamarca. A principio o programa teve um caráter mais filológico, com muita ênfase no aprendizado da língua portuguesa na sua variante brasileira, porém, como eu disse, estamos já há alguns anos promovendo modificações no programa, de modo dar um conhecimento mais abrangente sobre o Brasil. Temos um programa de Bacharelado e de Mestrado em Estudos Brasileiros e também temos estudantes de Doutorado em nosso programa. Aqui o aluno aprende a língua portuguesa, obviamente, e também literatura, cultura e história do Brasil, além de ter cursos sobre cultura organizacional, estudos de problemas brasileiros, etc.Oferecemos também com frequencia mensal uma série de palestras chamadas “Lectures on Brazilian Studies”, nas quais buscamos trazer pesquisadores brasileiros ou de outras partes do mundo para apresentarem suas pesquisas sobre o Brasil. Uma vez por ano temos um grande evento chamado “Brazilian Days”, normalmente na última semana de setembro, quando tratamos de um tema específico da cultura brasileira com palestras, concertos, exibições de filmes, workshops, etc. Durante o “Brazilian Days” também realizamos reuniões internas buscando aprimorar as relações e colaborações com universidades brasileiras. Nossos alunos, em sua maioria esmagadora, passam um semestre de seus estudos em alguma de nossa universidades parceiras no Brasil, para que conheçam mais da realidade brasileira e convivam com estudantes brasileiros. Realizamos excursões de estudos ao Brasil e buscamos provomer a difusão da cultura do Brasil dentro da universidade em geral. É bastante trabalho!
Café História: Que estudantes procuram este programa de estudos brasileiros? O que motiva tais alunos a se interessarem pelo Brasil? Que nível de conhecimento do país eles geralmente possuem ao entrar e, mais tarde, ao sair do curso?
Prof.Vinicius Mariano: Nosso público é bastante variado no que diz respeito à suas motivações. Tenho alunos que vieram para o curso porque gostam do futebol do Brasil, outros por causa da música, outros porque gostariam de saber como negociar com o Brasil, outros porque são apaixonados por um ou por uma brasileira! Enfim, as motivações são diversas, o que se torna um grande desafio para nós. Buscamos satisfazer-lhes em suas aspirações, mas dar-lhes também uma perspectiva mais abrangente sobre o país e motivá-los para que busquem, por eles mesmos, maneiras de inserirem-se na cultura brasileira. Nos últimos 4 anos o crescimento pela procura do curso foi vertiginoso. Saimos de 9 estudantes para 51 em nível de bacharelado. Comemorarmos isso, mas também sentimos a responsabilidade em dar-lhes uma formação apropriada e motivadora.
Café História: Professor, muito obrigado por esta excelente conversa. Foi um prazer para administração do Café História abordar um projeto tão estimulante. Fique à vontade para passar qualquer recado aos quase 50 mil participantes de nossa rede.
Prof.Vinicius Mariano: Mais uma vez, eu que agradeço a oportunidade e interesse. Parabenizo a todos que participam deste web site, promovendo um diálogo necessário e frutífero e espero que os leitores se sintam motivados a participar da Brasiliana, seja como autores ou leitores, e nos ajudem a construir estes estudos brasileiros.
Confira fotos de algumas atividades do programa de estudos brasileiros da Universidade de Aarhus:
http://cafehistoria.ning.com/entrevista/viniciusmariano?xg_source=msg_mes_network

Gestao companheira retrocede Petrossauro ao pre-cambriano...

As pessoas pensam que os dinossauros só viveram no mesozoico, antes da era dos mamíferos, que é o cenozoico, a nossa era, ou mais ou menos (acho que alguns humanos ainda não chegaram lá). Isso pode ser verdade estritamente para aqueles animais, alguns herbívoros, outros carnívoros, em todo caso, grandes e desajeitados, tanto que terminaram desaparecendo num desses aquecimentos globais do passado (brrrrr!).
Mas se formos considerar um tipo particular de grande sauro, a Petrossauro, os tempos recuam, em lugar de avançar. Os companheiros conseguiram fazer essa companhia recuar praticamente ao pré-cambriano, antes mesmo, portanto, do arqueozoico, que é quando começam a surgir os pequenos anfíbios que depois dariam origem a esses monstros da nossa imaginação.
Poucos sabem, mas a nossa valente Petrossauro já teve um valor de mercado de mais de 300 bilhões de dólares. Os companheiros, diligentes como são, conseguiram reduzir esse valor a pouco mais de 130 bilhões, graças à uma gestão troglodita dessa companhia infeliz, que deveria ter sido privatizada há muito tempo, como foi a Vale.
Sim, poucos sabem, também, que essa companhia aumentou mais de 20 vezes seu valor de mercado e hoje paga mais impostos ao governo do que jamais o fez em dividendos juntando meio século de gestão estatal. Sim, mais uma vez, muita gente acha que a Vale "nasceu" estatal, quando na verdade ela era uma empresa estrangeira, a Itabira Iron Ore Company, do Percival Farquhar, nacionalizada com raiva pelo ditador Getúlio Vargas em 1942 (que achava que cabia ao Estado vender minério de ferro...).
A Petrobras vai demorar bastante tempo para chegar ao paleozoico e depois avançar para outras eras geológicas de gestão racional. Os companheiros aparentemente gostam de um Jurassic Park (mas se ela chegasse lá, já estaria mais ou menos conforme sua natureza, mas nem isso.)
Paulo Roberto de Almeida

Uso político da Petrobras pode atrasar pré-sal, dizem analistas
Danielle Nogueira
O Globo, 5/02/2013

Projetos seriam comprometidos por queda no caixa da empresa
O uso da Petrobras como instrumento de política macroeconômica poderá afetar o cronograma da produção do pré-sal. Analistas avaliam que, ao controlar os preços dos combustíveis para conter o avanço da inflação e ao tornar as regras de conteúdo nacional mais rígidas para desenvolver a indústria brasileira, o governo pode dar um tiro no pé e atrasar projetos na mais promissora fronteira petrolífera. No Plano de Negócios 2012-2016 estão previstos investimentos de US$ 67,7 bilhões no pré-sal, 58,7% do montante reservado para a área de Exploração e Produção no período.

- O governo vem segurando os preços dos combustíveis para controlar a inflação e forçando a barra em alguns projetos para ampliar o conteúdo nacional, levando a Petrobras a ter que comprar mais caro aqui no Brasil ou adiar projetos porque os fornecedores não conseguem entregar as encomendas a tempo. Se a empresa continuar a ser conduzida assim, vai ter dificuldades no pré-sal. Isso não vai inviabilizar projetos, mas vai atrasar o desenvolvimento dessas áreas - diz Walter de Vitto, analista de petróleo e gás da consultoria Tendências.

Semana passada a estatal anunciou reajute de 6,6% da gasolina e de 5,4% do diesel, insuficientes para anular a defasagem em relação ao preço praticado no mercado externo. Como a Petrobras compra gasolina lá fora, para atender a crescente demanda nacional, por um preço mais alto do que o cobrado aqui no Brasil, ela acaba tendo prejuízo nessa operação. Esse é um dos fatores que afeta o caixa da companhia. Em 2012, a geração de caixa da empresa atingiu R$ 53,4 bilhões, 14% abaixo do registrado no ano anterior.

Como precisa fazer investimentos elevados, a Petrobras tem dois caminhos: ou vende ativos ou se endivida mais para financiar os projetos mais relevantes. A empresa tem tentado se desfazer de alguns projetos, sem sucesso, restando-lhe a outra opção. Em 2012, a dívida líquida foi de R$ 147,8 bilhões, um salto de 43% na comparação com 2011.

Atraso também em obras de refinarias
A relação endividamento sobre patrimônio líquido subiu de 24% para 30%, aproximando-se do limite de 35% para que ela mantenha seu grau de investimento. A perda do investment grade significaria alta no custo do crédito, o que exigiria ainda mais recursos da companhia para a realização dos projetos. Ainda assim, especialistas dizem que esta parece ser a melhor alternativa :

- Uma emissão de ações destruiria o valor da empresa na Bolsa. Seria demais pedir para investidores, depois do que perderam, colocarem mais dinheiro na empresa - afirma Fernando Goes, analista da Clear Corretora, para quem a Petrobras seria a emissão de dívida ao setor privado.

Na opinião dele, a emissão de ações seria uma opção arriscada para a Petrobras, após a megacapitalização da companhia, em 2010, de R$ 120,2 bilhões, considerada "traumática" pelo mercado.

Para o economista Edmar de Almeida, do Instituto de Economia da UFRJ, num possível cenário de problemas de caixa, a Petrobras deveria priorizar o pré-sal e outros projetos em desenvolvimento de produção, que podem ampliar a receita da empresa mais rapidamente. Neste caso, projetos como a Refinaria do Nordeste (PE), que já está atrasada, poderia sofrer novos adiamentos.

No atual plano de negócios da empresa, divulgado ano passado, a refinaria foi adiada em um ano, para 2014. Outras duas refinarias, uma no Maranhão e uma no Ceará, sequer aparecem no plano. No planejamento anterior, elas eram previstas para 2016 e 2017. As obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí (RJ), estão igualmente atrasadas, entre outras razões, por problemas no modelo de contratação. Prevista para 2012, a operação foi postergada para 2014.

"Um pais se faz com homens e livros"; Livros??!! Onde estao???

Pode ser que a frase de Monteiro Lobato, cunhada (creio) em meados da década dos 20, pretendesse apenas vender livros de sua recém criada Companhia Editora Nacional. Pode ser que ele fosse sincero.
Em todo caso, é um fato que pessoas que leem conseguem ter melhor desempenho didático do que aquelas que não leem. Ainda assim, professores, que deveriam supostamente concentrar sua atenção no lado didático da atividade, leem muito pouco, como indica esta pesquisa. Pode ser também que seja por falta de dinheiro, ou seja, salário reduzido, mas o que não se compreende é por que o MEC não tem um programa de distribuição de livros para os professores primários.
Incompreensível, de fato...
Paulo Roberto de Almeida 

Menos da metade dos professores de escolas públicas leem no tempo livre
Agência Brasil, 5/02/2013
 
A pesquisa foi realizada pelo QEdu: Aprendizado em Foco, uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann
Um cabo de vassoura que era capaz de falar e sentir era o protagonista do primeiro livro lido pela então adolescente Denise Pazito. Hoje, professora e pedagoga no Espírito Santo, ela fala da experiência em seu blog. "O livro foi indicado pela escola. Provavelmente, eu estava no 4° ou 5° ano. Ele se chamava Memórias de um Cabo de Vassoura e o seu autor era Orígenes Lessa. Professora inspirada a minha. Acertou na mosca. Uma história encantadora. Me encantou pelo mundo das letras."

Mas assim como são capazes de encantar, os professores têm em suas mãos o poder de desencantar, não por intenção, às vezes por desconhecimento. Uma pesquisa feita pelo QEdu: Aprendizado em Foco, uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann., organização sem fins lucrativos voltada para educação, mostra que menos da metade dos professores das escolas públicas brasileiras tem o hábito de ler no tempo livre.

Baseado nas respostas dadas aos questionários socioeconômicos da Prova Brasil 2011, aplicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e divulgados em agosto do ano passado, o levantamento do QEdu mostra que dos 225.348 professores que responderam à questão, 101.933 (45%) leem sempre ou quase sempre, 46.748 (21%) o fazem eventualmente e 76.667 (34%), nunca ou quase nunca.

No caso de Denise, a leitura levou essa prática para as salas de aula, no entanto, muitos brasileiros terminam o ensino básico sem ler um livro inteiro. Para além da falta do hábito de leitura, a questão pode estar ligada a infraestrutura.

"O número de professores que não leem é chocante, mas isso pode estar ligado ao acesso. É preciso lembrar que faltam bibliotecas e que um livro é caro. Um professor de educação básica ganha em média 40% menos que um profissional de ensino superior. Acho que faltam políticas de incentivo. Não acredito que seja apenas desinteresse", diz a diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz.

Um levantamento divulgado em janeiro pelo movimento mostra que o Brasil precisa construir 128 mil bibliotecas escolares em sete anos para cumprir uma lei federal que vigora desde 2010. Segundo a pesquisa, faltam 128 mil bibliotecas no país. Para sanar esse déficit até 2020, deveriam ser erguidos 39 espaços por dia, em unidades de ensino públicas e particulares. Atualmente, a deficiência é maior nas escolas públicas (113.269), o que obrigaria a construção de 34 unidades por dia até 2020.

Para Priscila, uma possível solução seriam os livros digitais. O Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional (ProInfo Integrado) do Ministério da Educação distribui equipamentos tecnológicos nas escolas e oferece conteúdos e recursos multimídia.

Além disso, o governo facilita o acesso aos conteúdos por meio da distribuição de tablets, tanto para professores quanto para estudantes. No ano passado, o MEC transferiu R$ 117 milhões para 24 estados e o Distrito Federal para a compra de 382.317 tablets, destinados inicialmente a professores do ensino médio.

Sobre o acesso digital, os dados do levantamento do QEdu mostram que 68% dos professores (148.910) que responderam à pergunta usam computador em sala de aula. O estado com a maior porcentagem é Mato Grosso do Sul: 95% dos professores disseram que usam o equipamento. O Maranhão é o estado com a menor porcentagem (50,5%) de professores fazem o uso do computador. É lá também onde se constatou a maior porcentagem de escolas onde não há computadores: 38,3%. Estão no Sudeste, no entanto, as maiores porcentagens dos professores que acreditam não ser necessário o uso de computador nas salas: Minas Gerais (16%), Rio de Janeiro (15,4%) e São Paulo (15%).
O responsável pelo estudo, o coordenador de Projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins, diz que o país ainda tem problemas estruturais que dificultam o acesso a tecnologias. "Existem muitos desafios no país ligados a problemas de infraestrutura. Não apenas de acesso às máquinas, mas de acesso à internet, à qualidade dos sinais", disse.
Ao recepcionar o professor norte-americano, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, ressaltou a importância dos meios digitais: "O conteúdo ao qual o filho dos mais ricos tem acesso pode ser dado aos menos servidos de educação. Queremos tornar a educação não algo escasso, mas um direito humano que todas as pessoas possam ter", disse.

Candidato brasileiro à OMC: entrevista coletiva

Entrevista coletiva do candidato brasileiro a DG-OMC, após apresentação ao Conselho Geral 

http://www.youtube.com/watch?v=yCET5gNv1Ok 

Publicado em 04/02/2013
O candidato brasileiro à Direção-Geral da Organização Mundial do Comércio, Embaixador Roberto Azevêdo, concedeu entrevista coletiva à imprensa, após sua apresentação ao Conselho-Geral da OMC. Genebra, 31 de janeiro de 2013.

Crédito: OMC (original e versões em francês e espanhol em http://gaia.world-television.com/wto/2013/dgsel_webcast_e.htm)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

As perigosas vaquinhas da Nova Zelandia e o oportunissimo protecionismo brasileiro

Vejam como os neozelandeses são perversos e traidores: com todo aquele território na imensa Oceania, eles devem ter rebanhos e mais rebanhos de vacas leiteiras, milhões delas. E como o país é muito rico, e pode desperdiçar dinheiro, eles vem torrando seu dinheiro despejando milhares de toneladas de leite em pós dessas vaquinhas especialmente produtivas, de úberes fartos (e baratos), no nosso pobre Brasil, onde como se sabe, os pobres criadores e fabricantes de leite em pó são competitivos e muito produtivos, mas por um motivo qualquer não conseguem competir com o leite em pó neozelandês, trazido do outro lado do mundo e pagando tarifas que são as nossas. Ainda assim, isso não é suficiente para proteger-nos da concorrência desleal e perversa dessas vaquinhas oceânicas.
Tem razão o ministro da Agricultura: uma medida introduzida em 2001, depois de alguns anos, se supõe, de investigação cuidadosa, como são feitos esses nossos processos antidumping, não foi capaz, até 2013, de dissuadir esses desleais neozelandeses.
Por isso, a Camex, esse valoroso órgão defensor dos interesses nacionais, já decidiu que as vaquinhas neozelandesas continuarão fazendo dumping de seus úberes fartos até 2018, pelo menos, se até lá não resolverem, ainda assim, aumentar as tarifas para algo mais proibitivo.
Oportuníssima essa medida, como vocês podem perceber. Bem no momento em que, depois de 12 anos, as vaquinhas iriam finalmente se livrar de nossa defesa comercial, vem a Camex e, pimba!, dá uma resposta oportuna a essas oportunistas...
Tudo pelo leite nacional, verde e amarelo...
En passant: os fabricantes nacionais também querem barrar o leite em pós dos hermanos uruguaios e argentinos, que também possuem vaquinhas poderosas e desleais. Em recente reuniao do setor, foram acertadas quotas intra-Mercosul, para as importacoes do nefando leite em pó da Argentina e do Uruguai. Ou seja, burocratas governamentais, pressionados pelos valentes produtores nacionais, passam o tempo discutindo restricoes ao comércio, em lugar de liberalizar os fluxos como seria o normal.
Assim vai o Mercosul.
Paulo Roberto de Almeida

Prorrogado antidumping sobre leite em pó da Nova Zelândia e União Europeia
Fonte: Mapa
Foi aprovada a prorrogação de direitos antidumping por cinco anos sobre a importação de leite em pó da Nova Zelândia e da União Europeia.
A proposta foi determinada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), nesta terça-feira (5/2).
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho, que participou da reunião, destacou a importância da ação para o setor. “Estou satisfeito pela medida oportuna tomada pelo Governo contra uma prática no comércio internacional que prejudica os produtores de leite no Brasil”, destacou o ministro. 
  A medida aplica-se às importações do produto proveniente da Nova Zelândia, com alíquota de 3,9%, e da União Europeia (14,8%). Em fevereiro de 2001, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) estabeleceu a aplicação de alíquotas sobre o leite em pó produzido na Nova Zelândia e UE, por cinco anos, após análise de investigação de dumping.  
O prazo do antidumping havia sido prorrogado anteriormente em fevereiro de 2007.

O governo e sua obsessao pelo trem de alta velocidade

Para um governo que anda, ou se arrasta, em muito baixa velocidade, essa obsessao pelo TAV é realmente incompreensível. No limite chega a ser criminosa, ao comprometer tanto dinheiro público com algo que vai servir a muito poucas pessoas, considerando-se ainda as imensas carências das cidades em metros e outros transportes públicos.
Deve ser alguma mania não explicada... (mania de gastar dinheiro à toa...).
Paulo Roberto de Almeida

Governo pode assumir infraestrutura do trem-bala, diz EPL

Presidente da Empresa Brasileira de Planejamento e Logística defendeu o TAV como uma estrutura moderna necessária para comportar a movimentação futura de pessoas

05 de fevereiro de 2013 | 13h 38

Wladimir D'Andrade, da Agência Estado
SÃO PAULO - O projeto do trem-bala poderá ser bancado pelo governo com ou sem a iniciativa privada. A declaração foi feita pelo presidente da Empresa Brasileira de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo. Ele explicou que a ideia é que o governo garanta a infraestrutura do empreendimento, que será licitada em um segundo momento, para o operador do trem-bala a ser escolhido no primeiro leilão.
"Não podemos deixar que o operador perceba um risco de não haver interessado na construção da infraestrutura", disse Bernardo, logo após participar de evento na capital paulista. Por isso, afirmou o presidente da EPL, o governo federal vai assumir as obras caso investidores privados não se mostrem interessados na segunda etapa de leilões do Trem de Alta Velocidade (TAV).
O presidente da EPL defendeu o trem-bala como uma estrutura moderna necessária para comportar a movimentação futura de pessoas no eixo Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro. Segundo ele, sem o TAV seria necessário construir novas rodovias e aeroportos para atender a demanda dos próximos 20 a 40 anos. "Teríamos que construir mais duas ou três rodovias Dutra, assim como mais dois ou três aeroportos de Congonhas e Santos Dumont para dar conta (da demanda)", disse. "Isso não é sustentável."
Editais
Ele afirmou que os editais dos nove lotes de rodovias que o governo pretende conceder à iniciativa privada devem ser publicados entre o final de abril e o início de maio. Entre esse nove lotes estarão as BRs 040 e 116, que tiveram seus leilões adiados na semana passada.
A previsão inicial do governo é de que o leilão seja realizado 30 dias depois da divulgação. Mas, segundo Figueiredo, os investidores pedem mais tempo. "O mercado pede 60 dias. Nós vamos nos avaliar com eles", disse.
De acordo com ele, editais dos 10 mil quilômetros de ferrovias serão publicados até o final do primeiro semestre. Figueiredo disse que a malha ferroviária a ser construída nos próximos anos prevê, além do transporte de carga, a possibilidade de circulação de trens de média velocidade para o transporte de passageiro.

Regionalizacao do crescimento brasileiro - Xico Graziano

Rumo ao interior
Xico Graziano (www.xicograziano.com.br)
de S. Paulo, terça-feira, 05 de fevereiro de 2013

O Brasil está interiorizando seu desenvolvimento. Basta averiguar um traço espacial da economia brasileira em 2012: o PIB da Região Centro-Oeste apresentou crescimento de 3,3%. Apesar de modesto, esse valor foi sete vezes maior do que o verificado na Região Sudeste, que subiu apenas 0,5%. Rumo ao interior.

É muito interessante perceber tal fenômeno, apontado pela consultoria Tendências. Onde impera o setor industrial - em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, parte também no Espírito Santo - anda capengando o País. Já onde domina a agropecuária - nos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e até no Distrito Federal - instala-se um círculo virtuoso de prosperidade. Embora sofrendo as deficiências da infraestrutura logística e, de certa forma, amargando o descaso do governo, os agronegócios têm animado a economia brasileira.

Esse dinamismo observado nas regiões mais longínquas, distantes da orla atlântica, pode configurar, com o passar do tempo, uma nova fase do desenvolvimento nacional. Com a expansão da fronteira agrícola instalam-se as agroindústrias e distribuidoras de insumos, trilham-se estradas e ferrovias para transportar a safra, cresce a população atrás do emprego. Novas oportunidades de negócios surgem, chega o comércio, geram-se renda e riqueza onde somente havia poeira, ou mata virgem. Cidades florescem.

Já ocorreram antes, em outras condições históricas, tais deslocamentos espaciais da economia. Nas origens, a produção do açúcar nordestino progressivamente ocupou parte da Zona da Mata, uma faixa de terra litorânea, estreita, desde o Rio Grande do Norte até o sul da Bahia. Solos férteis e firmes, conhecidos como "massapê", cobertos com Mata Atlântica, suportaram os dois primeiros séculos da Colônia.

Grande movimento se deu também por causa da descoberta do ouro nas Minas Gerais. Começou assim a ocupação de vasta área, então quase desabitada, que viria a acolher um quinto da população brasileira. Fruto dessa alteração espacial no dinamismo da economia e da sociedade, a capital do País se deslocaria, em 1763, de Salvador para o Rio de Janeiro. Rodava o mundo da fortuna.

Com a descoberta da riqueza do café, a bebida que revolucionou a economia brasileira, a próspera viagem da economia adentrou o Vale do Paraíba, atingiu São Paulo e mirou as terras roxas de Campinas, para depois alcançar Ribeirão Preto. Os cafezais tomaram um descanso com a crise de 1930, mas depois ganharam fôlego e voltaram, soberbos, para desbravar o norte do Paraná. Linda saga do "ouro verde".

Andanças secundárias deixaram sua marca na ocupação histórica do vasto território. Pode-se relatar a colonização do Vale Amazônico na busca da coleta florestal, do cacau, da pesca e, um século depois, da borracha natural; o estabelecimento da atividade pecuária nos friorentos pampas gaúchos; ou, ainda, a ousadia portuguesa dos arrozais no Maranhão colonial. Momentos de expansão do sonho da prosperidade.

É curioso perceber que a extensa área do Centro-Oeste permaneceu relativamente afastada desses ciclos da economia nacional. Sua localização, muito distante da costa, criava dificuldades de acesso. Goiás, que experimentou certo dinamismo com a mineração, somente viria a ser, em termos, redescoberto com a fundação de Goiânia (1933), a nova capital do Estado que substituiria a histórica Vila Boa (atual Cidade de Goiás). Em 1988 dele se desmembraria o Estado do Tocantins.

Mato Grosso contou com a ajuda da navegação fluvial para ser inicialmente desbravado. Subindo ao longo do Rio Paraguai, ou descendo pelo Rio Tietê, os colonizadores e bandeirantes atingiram o povoado de Albuquerque. A capital da extensa província se deslocaria para Cuiabá (1835), mas nenhuma força econômica verdadeiramente a impulsionava. A valorização da pecuária motivou a separação, em 1977, do jovem Estado de Mato Grosso do Sul.

Fora as longas distâncias, outra característica básica domina a Região Centro-Oeste: nela se situa grande parte do Cerrado brasileiro, bioma assentado em 23,9% do território nacional. Com vegetação típica, árvores pequenas, cascorentas e retorcidas, decorrentes da estação extremamente seca que impera entre maio e setembro, os solos do Cerrado apresentam baixa fertilidade e acidez elevada. Até os anos 1950 nenhum agrônomo imaginava que poderiam tornar-se produtivos.

Aconteceu, porém, uma espécie de milagre da tecnologia agrícola. Utilizando calcário e fertilizantes, aquelas chapadas do Cerrado, consideradas imprestáveis, foram se transformando em exemplos mundiais de agricultura, ostentando produtividades maiores do que as antigas regiões da terra roxa. Mais ainda: o temor da erosão, maldito na agricultura tradicional, acabou vencido pelo plantio direto, sistema que não exige aração nem gradeação do terreno todo para se efetuar a semeadura. Uma revolução tecnológica.

Resultado: em menos de 30 anos uma verdadeira corrida para o oeste desbravou o Cerrado. Protagonizado por lavradores gaúchos, paranaenses e paulistas, esse "eldorado" tupiniquim abriu as portas do progresso na região - e sem devastação, pois a área cultivável do Cerrado ocupa apenas metade do total. Hoje o Centro-Oeste já responde por 41% da safra nacional de grãos, liderado por Mato Grosso, que sozinho produz 25%. Fora o rebanho bovino, de elevada qualidade genética. Incrível.

Daqui a, talvez, duas décadas, estará consolidada uma nova geografia econômica no Brasil. A facilidade na comunicação, se for complementada por fortes investimentos na logística, terá vencido, definitivamente, a distância que manteve amordaçado o potencial produtivo do Centro-Oeste. Longe do litoral, perto do futuro.

* Xico Graziano é agrônomo e foi secretário de Agricultura e secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. E-mail: xicograziano@terra.com.br.

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