quarta-feira, 4 de junho de 2014

Pela falencia da USP, imediata, total, restauradora...

A USP foi a minha alma mater, nos tempos do AI-5. Depois eu a deixei, para estudar no exterior. Quando voltei, sete anos depois, encontrei-a acomodada ao dinheiro fácil que jorrava tanto do governo federal -- para o fomento à pesquisa -- quanto do governo estadual, para sua manutenção.
Ao longo dos anos, fui à USP dezenas de vezes, para seminários, para palestras, para bancas, para diversos tipos de atividades, e a despeito de estar sempre classificada nos primeiros lugares do Brasil e da região, sentia que alguma coisa não andava bem.
Claro, a sua administração. Ela gasta o dobro, por aluno, do que a Universidade Católica do Chile, que acaba de roubar o seu lugar como primeira da região.
Espero que sua decadência seja rápida, e a catástrofe definidora.
Infelizmente, as máfias sindicais de professores e funcionários não permitirão sua recuperação em condições normais.
É apenas por isso que eu desejo a completa falência da universidade.
Para que ela possa ser recuperada em novas bases...
Mas vai demorar...
Paulo Roberto de Almeida
A Universidade, por má gestão, gasta 106% dos seus recursos em salários. Se fosse uma instituição privada, teria falido. O modelo de governança precisa ser debatido
Editorial O Globo, 3/06/2015

Pela dimensão e importância estratégica, o ensino público básico monopoliza as atenções de especialistas e domina os debates sobre Educação. Mas, quando a Universidade de São Paulo (USP), a melhor instituição de ensino superior do país, mapeada em rankings internacionais, entra em crise, é como se fosse ligado um estridente sinal de alerta. Afinal, os centros de excelência no ensino universitário estão, em maior número, nos estabelecimentos públicos. Qualquer maior problema em seu modelo, baseado na quase total autonomia, justifica sérias preocupações.
A USP já indicava alguma perda de substância acadêmica em rankings mundiais. Em 2012, até então única universidade brasileira a aparecer entre as duzentas melhores do mundo, no levantamento da Times Higher Education (THE), a USP, ligada à estrutura do Estado de São Paulo, caiu do 158º lugar para o grupo de escolas que se distribuem entre a 226ª e a 250a posições, cujos nomes não são divulgados. Já no ranking dos melhores estabelecimentos latino-americanos, levantado pelo grupo Quacquerelli Symonds (QS), a USP, este ano, perdeu o posto de melhor universidade do continente para a Católica do Chile. Esta, por sinal, exige uma prova de proficiência em inglês. Quem vai mal, precisa estudar a língua. E assim a universidade chilena consegue produzir metade de seus artigos científicos em parceria com centros internacionais de estudo e pesquisa. A USP, apenas de 25% a 30%, um fator negativo nas avaliações internacionais.
A USP enfrenta graves problemas financeiros: tendo seguido, desde o final da década de 80, uma norma prudente, mas não escrita, de destinar 80% dos recursos, oriundos do ICMS paulista, para salários e os 20% restantes para investimentos e outras despesas de custeio, a universidade, por má administração, gasta hoje 106% em salários. Ou seja, se fosse uma instituição privada, estaria falida. O atual reitor, recém-empossado, Marco Antônio Zago, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, propõe medidas administrativas duras. Por exemplo, nenhum reajuste salarial este ano. O resultado foi a decretação de greve de professores, funcionários e alunos. A pior solução será se o Palácio dos Bandeirantes aceitar colocar mais dinheiro na universidade, sem qualquer contrapartida, ampliando a parcela dos cerca de 5% do ICMS do maior estado da Federação recebidos pela USP. Se a autonomia foi mal usada — no caso, pelo reitor anterior, João Grandino Rodas, da Faculdade de Direito (Largo de São Francisco) —, ela precisa ser exercida agora para a própria universidade fazer um ajuste.
Será um processo doloroso, pois o campus, nos últimos anos, foi politizado e partidarizado, com a atuação de grupos radicais e sindicatos. Entende-se, por este aspecto, a crise acadêmica da USP. Em ambientes como este, a meritocracia deixa de ter valor. A questão é saber se a autonomia como tem sido praticada é o melhor sistema de governança para instituições que vivem do dinheiro da contribuinte, ao qual precisam dar retorno na forma de conhecimento, pesquisas, e assim por diante. O momento da USP põe em debate o modelo de gestão das universidades públicas.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Prata da Casa - Boletim ADB: 2ro. trimestre 2014 - livros de diplomatas

Acabo de completar a série para o segundo trimestre do ano:

Prata da Casa
Boletim ADB: 2ro. trimestre 2014

Hartford, 3 Junho 2014, 3 p. 
Notas sobre os seguintes livros:

Guilherme Frazão Conduru:
O Museu Histórico e Diplomático do Itamaraty: história e revitalização
(Brasília: FUNAG, 2013, 370 p.; ISBN 978-85-7631-433-2; Coleção CAE)

             O diplomata e historiador Guilherme Conduru já tinha assinado uma bela dissertação sobre o Pacto ABC (original), iniciado pelo Barão, terminado por seu sucessor. Prosseguindo nos estudos históricos, ele aproveitou uma estada no escritório do velho palácio Itamaraty, no Rio, para preparar esta tese de CAE sobre o Museu Histórico e Diplomático, criado por um estadista, duas vezes ministro das relações exteriores e historiador diplomático, José Carlos de Macedo Soares. Criado por ele, em 1955, em sua segunda gestão, o MHD seria reinaugurado outras vezes, como resultado de revitalizações materiais, que também representam revisões mentais na história diplomática do Brasil. O livro é inédito em sua categoria, e não apenas sobre o MHD, como também sobre os museus históricos do Brasil de forma geral.

Fernando Guimarães Reis:
Por uma academia renovada: formação do diplomata brasileiro
(Brasília: FUNAG, 2013, 398 p.; ISBN 978-85-7631-458-5)

            Dizem que o serviço exterior se caracteriza pela excelência. O que não se sabe é se essa qualidade se deve a seu concurso de ingresso, notoriamente rigoroso, ou à sua academia diplomática, o Instituto Rio Branco. Ou seja, o material já era bom antes do ingresso na carreira, ou se fez melhor ao passar pelos bancos escolares do Rio Branco? Este livro trata dessa dúvida existencial, já revelada na frase introdutória de Heidegger, segundo quem todo questionamento é uma busca. O autor tenta responder, em cinco partes, cobrindo as marcas de nascença, os contrastes de personalidades, uma volta ao barão, a dúvida entre academia e instituto e uma proposta para uma academia renovada.
Termina por uma nota altamente intelectual sobre a filosofia da educação, que talvez confirme que o Itamaraty é excelente a despeito, ou independentemente, do IRBr.

Fernando Cacciatore de Garcia:
Como Escrever a História do Brasil: Miséria e Grandeza
(Porto Alegre: Sulina, 2014, 659 p.; ISBN: 978-85-205-0704-2)

            O autor já tinha assinado uma bela pesquisa histórica sobre a formação das fronteiras sulinas, Fronteira Iluminada: História do Povoamento, Conquista e Limites do Rio Grande do Sul, a partir do Tratado de Tordesilhas (1420-1920), e estava, portanto, perfeitamente habilitado para retomar a pergunta que tinha sido colocada, no início do IHGB, aos candidatos a um concurso sobre essa dúvida metodológica, ganho pelo alemão Martius. O resultado é um monumental volume sobre o nosso iluminismo historiográfico, onde figuram não apenas os grandes nomes da inteligência nacional, mas muitos outros pensadores universais. A história oficial sempre precisa de revisões constantes, e Garcia confirma sua preparação para a missão ao corrigir deformações sempre visíveis. Grandeza e miséria não são apenas conceitos, mas realidades presentes.

Rafael Souza Campos de Moraes Leme:
Absurdos e milagres : um estudo sobre a política externa do Lusotropicalismo (1930-1960)
(Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2011, 164 p.; ISBN 978-85-7631-326-7)


            Um estudo de caráter histórico-antropológico-diplomático sobre como o lusotropicalismo, ideologia construída pelo sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, já famoso pelo seu clássico sobre a formação patrimonial do escravismo brasileiro, foi usado e instrumentalizado pelo Estado Novo português para defender seu colonialismo tardio, e sobre como o Brasil foi usado nessa estratégia para manter o império africano. Dos anos 1930, até os anos 1960, o Brasil se dobrou à política externa portuguesa nesse capítulo pouco glorioso de nossa diplomacia contemporânea. Ao mesmo tempo, não se pode negar que a teoria reacionária do genial pernambucano serviu para legitimar algumas das ações e iniciativas tomadas pela diplomacia brasileira na África, na fase recente. Mais um exemplo de como a história dá muitas voltas, em torno de si mesma.

João Augusto Costa Vargas
Um mundo que também é nosso: o pensamento e a trajetória diplomática de Araujo Castro
(Brasília : FUNAG, 2013, 265 p.; ISBN: 978-85-7631-470-7; Coleção política externa brasileira)

            O Itamaraty possui algumas dinastias persistentes ou descontinuadas, entre elas a do próprio barão, preservada na incorporação do título ao nome de família, e a de Araujo Castro, um dos mais distinguidos diplomatas da geração contemporânea. Um novo João Augusto refaz a trajetória intelectual e diplomática do anterior, que deixou sua marca na política externa brasileira e não apenas por ter sido o último chanceler do caótico governo Jango, derrubado em 1964, e pela “teoria” do “congelamento do poder mundial”, mas sobretudo por ter oficializado uma nova “teoria” sobre nossa suposta “condenação à grandeza”, nacional e internacional, talvez por já ser grande no mapa do mundo. Araujo Castro foi um grande diplomata porque estudava intensamente o Brasil, pensava de forma lógica e escrevia claramente. Boas sugestões aos jovens de hoje.

Marcelo P. S. Câmara
A política externa alemã na República de Berlim: de Gerhard Schröder a Angela Merkel
(Brasília : FUNAG, 2013, 326 p.; ISBN: 978-85-7631-447-9; Coleção CAE)

            São poucas as teses de CAE que examinam toda a política externa de um grande país, aliás, importante parceiro do Brasil no cenário diplomático e econômico mundial. A Alemanha de Berlim renovou as tradições criadas em Bonn e, tanto na administração socialdemocrata quanto na conservadora, passou a projetar de modo mais incisivo o país no cenário mundial. O capítulo sobre as relações bilaterais segue o padrão usual no Itamaraty para esse tipo de análise, mas o importante, para a historiografia diplomática brasileira, é o exame minucioso da política externa alemã no período pós-Guerra Fria, especialmente relevante, na fase atual, sobretudo em sua vertente econômica, como visto na crise do euro, que foi basicamente uma crise fiscal de vários membros da UE. A liderança de Angela Merkel restabeleceu padrões aceitáveis de política econômica.
  

Paulo Roberto de Almeida

[Hartford, 3/06/2014]

Galeano: um dos idiotas latino-americanos perde uma parte de sua idiocia

The Idiots Lose Their Religion 

Eduardo Galeano has been one of the darlings of the Left for more than four decades, ever since his hugely popular bestseller, The Open Veins of Latin America, was published in 1971. Now the 73-year-old Uruguayan writer has backed away from his landmark book, saying at a conference in Brazil that the leftist rhetoric of the book is “awful” and shows how little he knew at the time about economics and the way the world really works.
This was the book that President Hugo Chávez of Venezuela presented to President Barack Obama when the two met in Trinidad in 2009. At that time, Chávez declared that Galeano’s book had helped him understand Latin American reality. Now it appears that “reality” was a fiction, spawned by immaturity and ideology.
The title of Galeano’s book explains its central theory: The open veins of Latin America have been drained of life by exploitive imperial powers, most notably the United States, leaving the region poor and underdeveloped.
And how do the imperial overlords exploit Latin America? By purchasing its natural resources at low prices and using them to produce much-higher-priced manufactured goods whose profits go into the pockets of well-heeled U.S. companies and investors. Latin America, meanwhile, remains poor, as this endless cycle of exploitation repeats itself generation after generation.
As a political writer myself, I know it took real courage—even gallantry—for Galeano to publicly correct himself. It’s not easy to admit when you are wrong. And it is even more difficult when you are a hero to so many, as Galeano has been.
In 1996, I wrote a book with Peruvian author Álvaro Vargas Llosa, a senior fellow with the Independent Institute and the author of Liberty for Latin America, and Colombian journalist and diplomat Plinio Apuleyo Mendoza. Our book, Guide to the Perfect Latin American Idiot, explained why and how Galeano was wrong. It eventually sold half a million copies, not nearly as many as Galeano’s book has sold.
Galeano’s Open Veins was just one of the subjects of our book. But it was one of the most important, since his book—even now—continues to sell well and is used as a textbook in many universities in the United States, Latin America, and Europe, which might explain the poor understanding that prevails in the academic world about Latin America’s economic problems.
The third chapter of our guide was titled “The Idiot’s Bible” and was devoted to explaining what Galeano himself now confirms: that the author knew very little about economics, and what little he thought he knew was totally wrong.
For example, in his book Galeano promotes the “theory of dependence,” which is the idea that the rich and powerful nations and peoples of the world assign and enforce a second-class, subservient economic status to the nations and peoples of the developing world, what was then called the Third World. This theory is one of classic leftist victimhood, a conspiratorial vision of history in which America the strong rules over Latin America the weak.
Galeano had never stopped to think why other poor societies—such as South Korea, Taiwan, Estonia, Singapore, and Hong Kong—had emerged from misery without being stopped by anyone. We could make the same observation about the achievement of Israel and, in Latin America, Chile.
The truth is that economic progress and prosperity are elective. A society can choose to do things the right way or the wrong way, and these choices have consequences. Do them the right way and within a couple of generations the economy will take off; do the opposite and the economy will sink.
Oddly enough, Galeano’s mea culpa comes at a time when my co-authors and I are publishing a new installment in our series of idiots’ guides, following The Creators of Miseryand The Return of the Idiot.
In reporting on Galeano’s change of heart, the New York Times noted that our 1996 volume had “dismissedOpen Veins as ‘the idiot’s bible,’ and reduced its thesis to a single sentence: ‘We’re poor; it’s their fault.’”
The Times was right. And now, it appears, Galeano may be getting it right as well.


Carlos Alberto Montaner is a Member of the Board of Advisors for the Center on Global Prosperity at the Independent Institute and President of Firmas Press.

O preferencialismo dos acordos comerciais discriminatorios: um desafio para a OMC

Um estudo que vai na mesma linha argumentada em meu mais recente livro publicado:
Paulo Roberto de Almeida
São Paulo: Saraiva, 2013, 192 p.;
Coleção: Temas Essenciais em R.I., vol. 3
Coordenadores: Antonio Carlos Lessa, Henrique A. de Oliveira
ISBN: 978-85-02-19963-7
Paulo Roberto de Almeida

PATRICK LOW, Fung Global Institute


This paper argues that preferential trade agreements (PTAs) and the World Trade Organization (WTO) are not substitutes, and while PTAs are without doubt here to stay, dispensing with a multilateral venue for doing business in trade matters is not a serious option. It is therefore necessary to seek out better accommodation between PTAs and the WTO than has been apparent to date. The law of the General Agreement on Tariffs and Trade (GATT)/WTO has systematically fallen short in imposing discipline on discriminatory reciprocal trade agreements, while procedural requirements, such as notifications, have been partially observed at best, and dispute settlement findings have tended to reinforce existing weaknesses in the disciplines. One approach to remedying this situation is to explore a different kind of cooperation — that of soft law. A soft law approach to improving coherence and compatibility between the WTO and PTAs may hold some promise, but the option also has its pitfalls.

O Titanic do partido totalitario comeca a afundar: gatos abandonam o navio... - Carlos Brickmann e Jorge Serrao

Os gatos abandonam o navio. Coluna Carlos Brickmann
COLUNA EXCLUSIVA PARA A EDIÇÃO DOS JORNAIS DE QUARTA-FEIRA, 4/JUNHO/2014

Paulo Skaf, candidato do PMDB ao Governo paulista, recebeu apoio público da presidente Dilma: ele, como o petista Padilha, seria seu preferido, para forçar um segundo turno contra o tucano Alckmin. Skaf rejeitou o apoio de Dilma: disse que é de oposição tanto ao PSDB quanto ao PT. O presidente nacional do PMDB, Michel Temer, está com Dilma, é seu candidato a vice? Problema dele.

O PMDB do vice Temer, principal partido de apoio a Dilma, já negocia com seus adversários na eleição presidencial no Rio, Goiás, Rio Grande do Sul, Minas, Santa Catarina, Bahia, Mato Grosso, Minas, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Pernambuco. O PP de Paulo Maluf fechou em São Paulo com o PT de Padilha, mas no Rio Grande do Sul a candidata favorita ao Governo, Ana Amélia, vai com Aécio - e se opõe a Dilma nos mesmos Estados em que o PMDB mudou de lado. Dilma negocia com Alfredo Nascimento, do PR (que ela demitiu do Ministério naquilo a que chamou de "faxina ética"), para tentar segurar o apoio do partido; mas precisa negociar também na Papuda, onde despacha hoje o comandante de fato do PR, o mensaleiro Valdemar Costa Neto. Nanicos como PTN, PRP, PHS, PTC, PSL e PMN já mudaram de lado. Dilma continua com ampla vantagem no tempo de TV - mas deve-se imaginar o motivo que leva tantos políticos, nenhum dos quais gosta de levar desvantagem em nada, a abandonar uma candidata favorita, com o dobro de tempo de TV, para ficar com seus adversários.

Quando tantos pulam do navio, resta a Dilma bradar o Vada a bordo, cazzo.
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Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
 3 de junho de 2014

O Presidentro Lula da Silva vai convocar uma reunião de seu “gabinete de crise” (os amigos e sócios que o cercam no Instituto Lula) para avaliar que medidas milagrosas podem ser tomadas, urgentemente, para conter a avalanche de ações psicológicas contra o governo Dilma Rousseff. O inferno despenca sobre o PT. O processo de desmoronamento político parece irreversível. O volume tsunâmico dos ataques tende a aumentar quando a campanha reeleitoral começar oficialmente.

A apavorada cúpula petista avalia, reservadamente e muito a contragosto, que nunca Dilma esteve com sua reeleição tão ameaçada como agora. A previsão é de que tudo pode ficar pior na véspera do que promete ser uma desastrosa “Copa do Jegue” – marcada por desorganização e protestos que podem descambar para a baderna e violência, com negativa repercussão internacional. Tecnicamente, com a carestia, os juros altos, o pibinho e o crescente endividamento das pessoas e do setor público, o governo petista acabou.

A lista de problemas parece não ter fim – e muito menos solução no curto prazo. O pavor petralha é real. Familiares e aliados próximos de Lula têm seu patrimônio investigado por um refinado esquema de espionagem transnacional. Já foram detectadas operações atípicas de transferência de controle acionário de empresas. A jogada pode se transformar em processos na Corte de Nova York, em cuja bolsa de valores as companhias negociam ações.

Ao mesmo tempo, a banda sindical petista começa a sofrer derrotas em áreas financeiramente estratégicas, como nas eleições para os conselhos dos mais importantes fundos de pensão, como a Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa). O tempo também fecha para eles na Petros (Petrobras) que é alvo de ações judiciais por suspeitas de má gestão.

A Operação Lava Jato, que apura lavagens ilegais de mais de R$ 10 bilhões, parece ter descoberto esquemas que fazem o velho Mensalão parecer roubo de galinha do vizinho. Petralhas são suspeitos de ligação direta com facções criminosas, para lavagem de dinheiro público desviado, que acaba financiando o tráfico de drogas e o comércio de armas.

Os mensaleiros são fonte permanente de desgaste. Os reeducandos na Ação Penal 470 continuam reunidos na Penitenciária da Papuda para formar o novo PT (Partido dos Trancafiados). Pelo menos até que o novo arranjo político no Supremo Tribunal Federal, após a aposentadoria de Joaquim Barbosa, mande soltá-los, agravando ainda mais a crise imagética sofrida pelo partido que desmoralizou a honradez.

Os escândalos na Petrobras, que pareciam em fase de banho Maria, voltam ao fogo alto do inferno com a desesperada entrevista de Paulo Roberto Costa à Folha de São Paulo. O ex-diretor de abastecimento da estatal, réu na Operação Lava Jato, avacalhou com o corpo técnico da empresa e desenhou a imagem de incompetência de Dilma Rousseff, como ex-presidente do Conselho de Administração da estatal de economia mista. Paulo Costa e seus parceiros Alberto Youssef (o doleiro) e André Vargas (o deputado) são fontes de problemas inimagináveis para o PT.

Quando o cenário parece ruim consegue ficar ainda pior. Em São Paulo, o PT foi obrigado a encenar a detonação do deputado estadual Luiz Moura. O parlamentar foi suspenso do partido por 60 dias e ficará sem legenda para a eleição. Moura pode até ser expulso pela Comissão de Ética petista se for confirmada a informação policial de que ele teria participado de um encontro com integrantes da facção criminosa PCC para discutir ataques a ônibus na Zona Leste de São Paulo, no último mês de março. O engraçado foi os dirigentes petistas alegarem que não sabiam do passado de Moura: ex-presidiário na década de 90, por assaltos a supermercados no Paraná e Santa Catarina.

Além dos problemas gerados por investigações, o desespero petista produz a autodestruição do governo. Todos os partidos de oposição – e muitos parlamentares da situação – exigem que seja suspenso o soviético Decreto 8243/2014. O excremento legal consolida o aparelhamento da máquina estatal e torna dispensável a ação parlamentar. Ninguém em sã consciência democrática engole a tal Política Nacional de Participação Social (PNPS), bolada pelos radicalóides petistas que sonham com a aceleração de um processo revolucionário socialista-comunista, instituindo a “democracia direta” pela via das consultas populares manipuladas por eles.

Dilma Rousseff já era. Não só por culpa dela. Mas porque deixou o PTitanic ser pilotado por Lula e sua turma. Outras broncas pesadas vão estourar em breve contra a petralhada. Na defensiva contra escândalos, e na tradicional ofensiva contra seus “inimigos”, o PT tende a cometer novos erros capitais. A tendência é ser traído por aliados. O chamado grande capital – que até lucrou muito na era Lula-Dilma - não quer a continuidade do poder petista no Brasil. Motivo simples: não há segurança para negócios bilionários. A incompetência política e gerencial, junto com a corrupção descontrolada, desgastarem irremediavelmente o partido que tem cara de seita fanática.
A derrocada petralha vai se consolidar nas inseguras urnas eletrônicas com a onda de pessimismo que afeta a maioria dos brasileiros de todas as classes sociais. Diferentes pesquisas indicam o mesmo resultado: mais de 70% do eleitorado quer, claramente, mudança de governo. A substituição do PT já está programada no imaginário do cidadão-eleitor-contribuinte – vítima da carestia, dos impostos absurdos, dos juros escorchantes, da dificuldade em quitar o crédito que tomou sem ter condições e pelo cansaço com tudo feito na base da corrupção – patrocinadora de outros males, como a violência mafiosa fora de controle.

O petismo se locupletou com a governança do crime organizado no Brasil Capimunista. Agora, provará do próprio veneno e sentirá os efeitos danosos da autofagia que costuma desintegrar as máfias compostas por amadores. Quando efetivamente perderem o poder, muitos dos dirigentes terão de acertar contas com a Justiça, por causa de seu mágico enriquecimento – incompatível com os ganhos legais possíveis na carreira de político profissional. Muitos correm o risco de migrar do parlamento para o parlatório das penitenciárias.

O processo de limpeza pode demorar um pouco, porque o Brasil é o País da Impunidade e da Injustiça. Mas o desfecho contra a petralhada é inevitável. Ainda não dá para ter certeza absoluta se, no processo de queda, os marginais da política responderão com violência ou se a covardia falará mais alto. O certo é que o tempo do PT se esgotou historicamente.

Dilma fatiada – base aliada


Apenas um lembrete numérico: 80.050.865 não votaram na Dilma, na eleição passada, entre votos nulos, brancos, abstenções e a votação no tucano José Serra.

Viva o Brasil da Copa! Da Copa???!!! Nao acredito... Galeao, receminaugurado, so fica pronto em 2017...

Apenas transcrevendo. Ninguem precisa acrescentar nada...
Paulo Roberto de Almeida 
Pâmela Oliveira
VEJA.com, 3/06/2014

Para um país carente de aeroportos, bem como de tudo que diz respeito à infraestrutura, a agenda dominical da presidente Dilma Rousseff parecia um alento. Acompanhada do governador do Rio – o atual, Pezão, acompanhado do ex, Sérgio Cabral – e do prefeito Eduardo Paes, Dilma foi “inaugurar” no domingo uma nova área de embarque no terminal 2 do Galeão, o local por onde vão chegar os turistas, delegações e jornalistas para os jogos do Maracanã na Copa do Mundo. O passageiro que leu os jornais desta segunda-feira e passou pelo aeroporto deve ter ficado confuso. Afinal, como pode um local recém-inaugurado parecer tão caótico e desconfortável para os usuários?

Não pode, na verdade. Mas a inauguração do que não está pronto foi o padrão da visita de Dilma ao Rio, onde também festejou a entrega de um conjunto habitacional sem documentação e mangueiras de incêndio. Nesta segunda-feira, em um ato simbólico, Dilma ergueu a taça que será entregue aos campeões de 2014, festejando por antecipação um evento mundial que, até o momento, causou mais apreensão que alegria aos brasileiros.
O Galeão, mesmo depois da inauguração, ainda é o velho aeroporto cheio de percalços para quem planeja deixar ou chegar ao Brasil pelo Rio de Janeiro. A reforma dos terminais 1 e 2 do Galeão custou 354,75 milhões de reais, segundo a Infraero, mas está inacabada e não ficará pronta para a Copa do Mundo. O terceiro andar do terminal 2, onde funciona o embarque internacional, está cheio de tapumes que escondem obras inacabadas. Os passageiros encontram dificuldades para descer do terceiro piso porque funcionam apenas quatro das oito escadas rolantes que ligam o terceiro ao segundo andar. Outras quatro estão inoperantes, isoladas por tapumes. A interdição de metade das escadas obriga os que precisam descer e que estão ao lado dos equipamentos Interditados a percorrer um longo caminho. Os elevadores também apresentam problemas. Dos oito elevadores do andar, apenas três estão funcionando. Um deles está parado e os outros quatro estão isolados por tapumes devido a obras. Do lado de fora do aeroporto é possível ver a estrutura destinada aos quatro elevadores vazias, sem os equipamentos.
No segundo andar, onde estão as áreas de alimentação, lojas, bancos e farmácia do terminal 2, a sinalização é precária. Uma na saída da escada com a inscrição “T1″ leva o turista a entender que ele está no terminal 1. A única farmácia de todo aeroporto funciona no segundo piso do terminal 2, mas a sinalização que indica a existência do estabelecimento está no segundo piso e não aponta a direção correta. No primeiro e no segundo pisos não há referência à farmácia. As esteiras no corredor de 550 metros que deveriam levar os passageiros um terminal ao outro estão inoperantes e os carrinhos elétricos são insuficientes. Dos quatro carrinhos, apenas um funcionava na tarde desta segunda-feira. Segundo um funcionário, apenas dois carros estão transportando passageiros e um deles para quando o motorista vai lanchar. Cada carro tem capacidade para cinco passageiros e o motorista.
Moradora de Porta Alegre, a médica Fabiane Vargas, de 35 anos, desembarcou no fim da tarde desta segunda-feira no Galeão com o marido e o filho de oito meses. A família voltou de Nova York e fez uma escala no aeroporto da cidade, onde se aborreceu desde que chegou. Os problemas começaram com a demora na entrega do carrinho do bebê e das malas. Depois do desembarque no terminal 2, o casal precisou ir a pé até o terminal 1 por causa das esteiras inoperantes. Além disso, o carrinho do bebê e as malas do casal não cabiam no carro elétrico. Depois de fazer a reserva das passagens para Porto Alegre no terminal 1, o casal precisou voltar ao terminal 2 para comprar um remédio de gripe para o bebê.
“Nota zero para o Galeão. Nem parece um dos aeroportos das cidades-sede da Copa. A sinalização é péssima e a mobilidade também. Agora, estamos procurando um elevador e a maioria está quebrada”, disse Fabiane, que precisava sair do terceiro piso do terminal 2 para o segundo em busca da única farmácia do Galeão. Quem precisa usar os caixas eletrônicos não tem melhor sorte. Os bancos estão no fim do corredor, em um local que parece abandonado e que transmite sensação de insegurança. A iluminação é precária e parte do teto está inacabado, deixando a mostra tubos de refrigeração e fios. Passageiros reclamam da demora paga pegar as malas e do barulho das esteiras. “Esse aeroporto é uma vergonha. Saí do avião e esperei uma hora até minha mala ser colocada na esteira. Todos os passageiros cansados, esperando e ninguém deu qualquer informação. Era como se a demora fosse normal”, disse a fotógrafa Rita Tavares, que voltou de Portugal no fim da tarde desta segunda- feira.
As esteiras no corredor de 550 metros que deveriam levar os passageiros um terminal ao outro estão inoperantes e os carrinhos elétricos são insuficientes. Dos quatro carrinhos, apenas um funcionava na tarde desta segunda-feira. Segundo um funcionário, apenas dois carros estão transportando passageiros e um deles para quando o motorista vai lanchar. Cada carro tem capacidade para cinco passageiros e o motorista. O estacionamento é outra reclamação frequente de quem passa pelo Galeão. Motoristas não entendem a sinalização e dizem que o estacionamento é escuro. “Entrei no estacionamento e subi uma rampa sem qualquer placa ou marcação no chão. Quase sofri um acidente porque outro carro estava descendo pela mesma pista. Tive que descer de ré e não sei até agora quem estava na direção certa”, contou a professora aposentada Regina Lúcia Dias, 63 anos, que embarcou para Suécia nesta segunda- feira.

O governo acabou. Haja agonia - Marco Antonio Villa

Governo é um exagero. Governicho, como diriam os gaúchos.
E bem comparando, se parece muito com algumas das organizações existentes nos anos 1930, vocês sabem onde...
Paulo Roberto de Almeida 
O governo acabou. Haja agonia
Do Blog do Orlando Tambosi
Artigo do historiador Marco Antônio Villa, no jornal O Globo (3/06/2014), diz que os ministérios estão paralisados. O diabo é que teremos ainda sete meses de paralisia econômica, até que Dilma e PT deem adeus:

O governo Dilma definha a olhos vistos. Caminha para um fim melancólico. Os agentes econômicos têm plena consciência de que não podem esperar nada de novo. Cada declaração do ministro da Fazenda é recebida com desdém. As previsões são desmentidas semanas depois. Os planos não passam de ideias ao vento. O governo caiu no descrédito. Os ministérios estão paralisados. O que se mantém é a rotina administrativa. O governo se arrasta como um jogador de futebol, em fim de carreira, aos 40 minutos do segundo tempo, em uma tarde ensolarada.

Apesar do fracasso — e as pífias taxas de crescimento do PIB estão aí para que não haja nenhum desmentido —, Dilma é candidata à reeleição. São aquelas coisas que só acontecem no Brasil. Em qualquer lugar do mundo, após uma pálida gestão, o presidente abdicaria de concorrer. Não aqui. E, principalmente, tendo no governo a máquina petista que, hoje, só sobrevive como parasita do Estado.

A permanência no poder é a essência do projeto petista. Todo o resto é absolutamente secundário. O partido necessita da estrutura estatal para financeiramente se manter e o mesmo se aplica às suas lideranças — além dos milhares de assessores.

É nesta conjuntura que o partido tenta a todo custo manter o mesmo bloco que elegeu Dilma em 2010. E tem fracassado. Muitos dos companheiros de viagem já sentiram que os ventos estão soprando em sentido contrário. Estão procurando a oposição para manter o naco de poder que tiveram nos últimos 12 anos. O desafio para a oposição é como aproveitar esta divisão sem reproduzir a mesma forma de aliança que sempre condenou.

Como o cenário político foi ficando desfavorável à permanência do petismo, era mais que esperada a constante presença de Lula como elemento motivador e agregador para as alianças. Sabe, como criador, que o fracasso eleitoral da criatura será também o seu. Mas o sentimento popular de enfado, de cansaço, também o atingiu. O encanto está sendo quebrado, tanto no Brasil como no exterior. Hoje suas viagens internacionais não têm mais o apelo do período presidencial. Viaja como lobista utilizando descaradamente a estrutura governamental e intermediando negócios nebulosos à custa do Erário.

Se na campanha de 2010 era um presidente que pretendia eleger o sucessor, quatro anos depois a sua participação soa estranha, postiça. A tentativa de transferência do carisma fracassou. Isto explica por que Lula tem de trabalhar ativamente na campanha. Dilma deve ficar em um plano secundário quando o processo eleitoral efetivamente começar. Ela não tem o que apresentar. O figurino de faxineira, combatente da corrupção, foi esquecido. Na história da República, não houve um quadriênio com tantas acusações de “malfeitos” e desvios bilionários, como o dela. O figurino de gerentona foi abandonado com a sucessão de “pibinhos”. O que restou? Nada.

Lula está como gosta. É o centro das atenções. Acredita que pode novamente encarnar o personagem de Dom Sebastião. Em um país com uma pobre cultura democrática, não deve ser desprezada a sua participação nas eleições.

A paralisia política tem reflexos diretos na gestão governamental. As principais obras públicas estão atrasadas. Boa parte delas, além do atraso, teve majorados seus custos. Em três anos e meio, Dilma não conseguiu entregar nenhuma obra importante de infraestrutura. Isto em um país com os conhecidos problemas nesta área e que trazem sérios prejuízos à economia. Mas quando a ideologia se sobrepõe aos interesses nacionais não causa estranheza o investimento de US$ 1 bilhão na modernização e ampliação do porto de Mariel. Ou seja, a ironia da história é que a maior ação administrativa do governo Dilma não foi no Brasil, mas em Cuba.

Os investimentos de longo prazo foram caindo, os gastos para o desenvolvimento de educação, ciência e tecnologia são inferiores às necessidades de um país com as nossas carências. Não há uma área no governo que tenha cumprido suas metas, se destacado pela eficiência e que o ministro — alguém lembra o nome de ao menos cinco deles? — tenha se transformado em referência, positiva, claro, pois negativa não faltam candidatos.

O irresponsável namoro com o populismo econômico levou ao abandono das contas públicas, das metas de inflação e ao desequilíbrio das tarifas públicas. Basta ver o rombo produzido no setor elétrico. A ação governamental ficou pautada exclusivamente pela manutenção do PT no poder. As intervenções estatais impuseram uma lógica voluntarista e um estatismo fora de época. Basta citar as fabulosas injeções de capital — via Tesouro — para o BNDES e os generosos empréstimos (alguns, quase doações) ao grande capital. E a dívida pública, que está próxima dos R$ 2,5 trilhões?

No campo externo as opções escolhidas pelo governo foram as piores possíveis. Mais uma vez foi a ideologia que deu o tom. Basta citar um exemplo: a opção preferencial pelo Mercosul. Enquanto isso, o eixo dinâmico da economia mundial está se transferindo para a região Ásia-Pacífico.

Ainda não sabemos plenamente o significado para o país desta gestão. Mas quando comparamos os nossos índices de crescimento do PIB com os dos países emergentes ou nossos vizinhos da América Latina, o resultado é assustador. É possível estimar que no quadriênio Dilma a média sequer chegue a 2%. A média dos emergentes é de 5,2%, e da América Latina, de 3,2%. E o governo Dilma ainda tem mais sete meses pela frente. Meses de paralisia econômica. Haja agonia.

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