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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Dividas soberanas: a posicao dos principais paises

"Soberana" é uma palavra muito bonita para um fenômeno que se baseia, na verdade, na irresponsabilidade dos governantes, ao pretender fazer mais do que o permitido por simples leis econômicas.
Antigamente, se recorria a métodos inflacionários, desvalorização da moeda ou outros expedientes de duvidosa racionalidade, mas que faziam sentido em sistemas mais ou menos insulados da economia nacional.
Com a globalização financeira, a integração dos mercados, ou a camisa de força da moeda única (como no caso europeu), esses expediente se tornaram mais difíceis ou impossíveis.
Os governos então recorrem ao financiamento externo, facilitado por enormes volumes de liquidez mundial e facilidade de transações financeiros inter-mercados. Muito fácil fazer syndicated loans -- com os bancos comerciais -- ou emissões de global bonus, com os intermediários financeiros.
A dívida vai se acumulando, com base em projeções superotimistas de melhorias futuras.
Quando ocorre uma crise, como agora, os capitais se retraem e os governos irresponsáveis ficam a descoberto.
Acho tudo isso muito bom, diga-se de passagem, pois vai educando as pessoas -- e, supõe-se também os legisladores -- para a necessidade de comportamentos responsáveis, como, aliás, cada um deve fazer com o seu orçamento pessoal...
Paulo Roberto de Almeida

Economia global
Gráfico mostra dívida mundial

Opinião e Notícia, 25/06/2010

O gráfico interativo mostra os níveis totais de dívida para diferentes países
(a partir da The Economist)

Apesar de as manchetes falarem bastante da dívida dos governos, essa questão é só uma parte do problema. O fato é que a dívida cresceu, seja de consumidores com os cartões de crédito, empresas pegando empréstimos, ou empresas financeiras utilizando dívidas para comprar ativos arriscados.

O gráfico interativo mostra os níveis totais de dívida para diferentes países. Ele se baseia em dados fornecidos pelo Instituto “McKinsey Global Institute”. Na teoria, não há nível máximo para dívidas em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), mas a Irlanda e a Islândia (que não estão no mapa) encontraram o limite na prática. Isso aconteceu quando a dívida dos dois países atingiu de 8 a 10 vezes o PIB.

Veja aqui o gráfico interativo
Dívida mundial (Fonte: Economist)

A dívida também está fragmentada por setor, como pode-se observar no gráfico. Os bancos da Inglaterra em relação à sua economia são enormes. Além disso, a dívida corporativa da Espanha também é bem alta.

Estas figuras irão preocupar os proprietários de títulos do governo desde que a crise de 2008 mostrou que os governos podem ser forçados a garantir a dívida do setor privado.

Pode-se observar também uma atualização da tabela divulgada pela Economist em fevereiro. Ela traz um ranking em termos de seu saldo orçamental primário e de dívida do PIB mais a relação entre o rendimento de sua dívida e o crescimento econômico. A Espanha agora ocupa o lugar da Grécia como o país na pior posição:

Reforma bancaria e financeira nos EUA: visoes contrastantes

Abaixo, um relato do American Banker, órgão informativo da American Banker Association, sobre a reforma regulatória e financeira aprovada em versão preliminar pelo Senado americano, e que deve, provavelmente, ser assinada como lei pelo presidente Barack Obama em aproximadamente uma semana.
Ainda que eu não tenha lido em detalhes a proposta congressual (em grande medida impulsionada pelo Executivo) e que não me julgue minimamente competente neste tipo de assunto, tenho minha opinião sobre o assunto, derivada de certo conhecimento dos mercados financeiros e minhas impressões sobre medidas de política econômica de governos tendencialmente keynesianos, como a atual administração americana.
A despeito de o presidente Obama ter imediatamente anunciado, ao partir para o summit do G20 financeiro no Canadá, que os EUA necessitam um "robust financial sector", minha impressão é a de que os EUA vão continuar a perder espaço no sistema financeiro mundial para parceiros mais ageis e menos regulado.
O que a reforma faz, basicamente, é atar uma bola de ferro nos pés dos banqueiros americanos, para impedi-los de fazer todas aquelas loucuras que resultaram na crise de 2007-2008.
Bem, aquelas "loucuras" foram TODAS estimuladas pela política oficial do FED -- ao manter taxas de juros artificialmente baixas durante muito tempo -- e pela irresponsabilidades das próprias autoridades regulatórias americanas do setor imobiliário -- que avalizaram empréstimos hipotecários por mais de 6 trilhões de dólares, ATENÇÃO, eu disse US$ 6 TRILLIONS, quase 45% do PIB americano, com garantias de menos de 500 bilhões -- e assim, ninguém pode dizer que a ambição e a cupidez dos banqueiros, e as ações irresponsáveis dos "especuladores de Wall Street", foram responsáveis pela debâcle.
O que vai acontecer, portanto, é que o setor financeiro americano vai se tornar menos dinâmico e menos propenso a fazer lucros como fazia antes. Para quem tem preconceito contra os lucros do sistema financeiro -- que alguns idiotas chamam de "financeirização" da economia, seja lá o que isso queira dizer -- pode até parecer uma boa coisa. Eu apenas digo que isso vai deixar os americanos mais pobres e seus bancos mais propensos a serem comprados por competidores mais ativos e dinâmicos, como por exemplo os bancos chineses...
São apenas previsões de um amador...
Paulo Roberto de Almeida

Endgame: After 20-Hour Session, Reform Talks Yield Final Bill
By Stacy Kaper and Rob Blackwell
American Banker, Friday, June 25, 2010

WASHINGTON — After a marathon final day of debate, the regulatory reform process ended in the early hours of Friday in the same dramatic manner it had been conducted for more than a year: with a near breakdown followed eventually by a miraculous save.

After several hours of late-night wrangling, conferees resolved the two most problematic questions: how to finalize a ban on proprietary trading and limit banks' investment in hedge funds and private equity firms, and whether to force banks to spin-off their derivatives trading desks.

The resolution of those and other pending issues meant the regulatory reform bill is now complete and will return to the full House and Senate for votes next week, where it is expected to pass.

Although there is certain to be more rhetoric and debate next week over the merits of the bill, the end of the conference committee means the final legislation can no longer be altered, short of unforeseen circumstances.

"Nobody thought we could get this done," said Senate Banking Committee Chairman Chris Dodd, speaking immediately after the conference concluded. "It took a crisis to bring us to the point where we could actually get this done."

Although at some points the bill looked like it could still fall apart, lawmakers reached final agreement roughly 20 hours after debate first began early Thursday.

Sen. Blanche Lincoln, the chairman of the Senate Agriculture Committee, refused to budge on a provision that would force banks to spin off their swaps desks, while moderate House Democrats threatened to vote against the bill if the derivatives measure was not removed.

The final version of the Volcker Rule also remained in limbo, with Senate Democrats and Republicans sparring over how much to allow banks to invest in private-equity firms and hedge funds.

Ultimately, the Lincoln amendment was essentially split into two, so that banks would have to conduct some derivatives activities in an affiliate while it could conduct others in the bank itself.

The derivatives provision was the last to be dealt with and for a time looked like it would not be resolved. Banks have vigorously opposed the Lincoln amendment, arguing it would cost them billions of dollars to spin off their derivatives units. Regulators, too, had argued against the provision, saying it would drive derivatives trades overseas or underground, where they would not be regulated.

For weeks, banking lobbyists and moderate Democrats had been assured the provision would be watered down or eliminated as the final legislation was settled. But Lincoln had continued to hold the line as her political power was bolstered by her primary victory on June 8. The issue finally came to a head Thursday after the New Democrats, a coalition of moderate members, threatened to oppose the final bill if the provision was not removed.

That resulted in a wave of negotiations between Lincoln and House Democrats over the final provision. Around midnight, House Agriculture Committee Chairman Collin Peterson, D-Minn., suggested the basic solution where some swaps should be forced into an affiliate while others would be allowed within the bank. The Treasury Department was instrumental in helping to craft the new language.

"What can be retained by banks will be interest rate swaps, foreign exchanges, credit derivatives relative to investment grade entities that are cleared, gold and silver and hedging for the bank's own risk," Peterson said. "What would be required to go under the affiliate would be cleared and non cleared commodities, energies and metals… and all equities and any non cleared credit default swaps."

Peterson said the split was based on what activities banks could already engage in.

"Currently banks are not allowed to invest in commodities, energy; they are not allowed to invest in equities or trade in equities or agriculture," he said. "These are things that are currently not allowed in banking, so why we would allow them to do the derivatives that are related to those things that are currently not allowed in banks? So we took those provisions and put them in the affiliate. These are generally the most risky parts of these derivatives."

He was backed by House Financial Services Committee Chairman Barney Frank, who said the amendment was "the best compromise we can get."

The revised measure was welcomed by some in the banking industry, who noted that it would continue to allow them to engage in interest rate swaps, one of the most prevalent kinds of derivatives institutions engage in.

The provision would also specifically forbid the bailout of any swaps unit and be phased in over two years.

Republicans sought to remove the provision entirely. Sen. Saxby Chambliss, R-Ga., argued the Volcker Rule provision to ban proprietary trading would make the Lincoln measure moot, but the Arkansas Democrat rejected that argument.

"We need to get banks back to the business of banking," Lincoln said. "Clearly, swap dealing is a risky activity and it is something that we need to deal with… banks need to be making small business loans… and not playing in swaps."

Sen. Judd Gregg, R-N.H. said the Lincoln provision was just political and would cause a credit crunch.

"You will have less credit in the system," he said. "It's not going to make [the system] safer. It's not going to make it sounder."

Ultimately, however, conferees agreed to accept the Peterson amendment largely unchanged.

Rep. Gregory Meeks, D-N.Y., the House Financial Services Committee's international monetary policy subcommittee chairman, worked with New Democrats and New York Democrats on an alternative to the Lincoln swaps ban that would have let regulators push out swaps trading only if they had taken other steps to protect the system, including implementing the Volcker Rule and raising capital.

But Sen. Charles Schumer, D-N.Y., told Meeks that he would not have the votes in the Senate.

In an interview, Meeks said that he was disappointed with the outcome because he has concerns there could be unintended consequences of the partial pushout of derivatives activities.

"I'm scared that businesses could be driven t o move abroad," he said. "I'm nervous about that because there are various pieces that are pushed out that I wish were still in as far as derivatives go, which I hope does not force some derivatives into the shadow market."

The derivatives piece was finalized roughly three hours after the conference finalized the Volcker Rule, which would limit bank investment in private equity firms and hedge funds. Under the final measure, banks would be allowed some limited investment in such companies equal to as much as 3% of the total ownership interests of the fund. However, their collective investments in those firms could not exceed 3% of the bank's Tier 1 capital.

Senate conferees had earlier suggested a total limit of 3% of tangible common equity -- a more restrictive standard -- but were rebuffed by House conferees.

Citing the inclusion of an amendment from Sen. Susan Collins, R-Maine, in the final bill that would ban the use of trust-preferred securities from counting as Tier 1 capital, Senate Banking Committee Chairman Chris Dodd agreed the House standard made sense.

The final language also restored the so-called Hotel California provision, which would block bank holding companies from converting to investment bank status to escape provisions of the Volcker Rule.

It would allow an initial 2 year transition period for investments in liquid funds, with the possibility to win a maximum of three 1-year extensions for a total of five years. For illiquid investments, there would be a 2 year transition with the possibility of a single extension of no more than five years, for a maximum transition of seven years.

The provision would also provide exemptions for purchasing and selling government obligations, underwriting or market-making related activities, risk-mitigating hedging activities, insurance activities, and Small Business Administration small business investment company investments.

The measure would prohibit any transaction that creates a conflict of interest and limit employee investments in funds.

The conference committee also added a tax on banks to pay for the bill. Under the agreement, banks with more than $50 billion of assets and hedge funds with more than $10 billion would be subjected to risk-based special assessments levied by the Federal Deposit Insurance Corp. The agency would be required to collect $19 billion from September 2012 through September 2015, which would be put into a fund at the Treasury Department.

Cheyenne Hopkins contributed to this story

Esquizofrenia economica mundial

Leio a seguinte chamda de matéria na internet:

Brasil e EUA se unem contra corte de gastos da Europa
Com apoio de Lula, americanos pedirão no G-20 estímulo à economia, diante do aperto fiscal

E me pergunto por que essa notícia seria esquizofrênica, no sentido do título deste post.
É que o Brasil e os EUA estão querendo impedir os europeus, sobretudo os alemães, de começarem agora os ajustes, ou seja, reduzir déficit público, corrigir desequilíbrios fiscais e reduzir a dívida pública.
Por causa desses desequilíbrios, o Brasil vem crescendo cada vez menos, como também crescerão pouco nos próximos anos.
Como, aliás, não deixa de lembrar o economista Ricardo Bergamini:

Conforme informações oficias do governo, o Brasil teve um crescimento medíocre de 3,57% ao ano de 2003/2009 para uma média mundial em torno de 5% ao ano no mesmo período.

Taxa Média/Ano de Crescimento Econômico Real no Período de 1964 a 2009 em Percentuais do PIB
Períodos - Média/Ano
1964/84 - 6,29
1985/89 - 4,39
1990/94 - 1,24
1995/02 - 2,31
2003/09 - 3,57
Fonte: IBGE.

1 – Nos 21 anos dos governos militares, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 6,29% ao ano.

2 – Nos 5 anos do governo Sarney, com moratória internacional e hiperinflação, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 4,39% ao ano.

3 – Nos 5 anos dos governos Collor e Itamar, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 1,24% ao ano.

4 – Nos 8 anos do governo FHC, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 2,31% ao ano.

5 – Nos 7 anos do governo Lula, o Brasil teve um crescimento econômico real médio de 3,57% ao ano.

G8 and G20 summits: a tale of two summits

You Say G-8, I Say G-20: Let's Not Call the Whole Thing Off
Heather A. Conley and J. Stephen Morrison
CSIS Critical Questions, June 24, 2010

Q1: Why are the G-8 and G-20 leaders meeting in Canada this week, and what do they hope to accomplish?
A1: Canada will be the first country to host the G-8 and G-20 Summits back-to-back (the G-20 will be cochaired with South Korea). To its credit, Canada has worked extensively over the past year to tighten and integrate the agendas for the dual summits. The fragility of the global economy and the coordination of measures to regulate the global financial system will dominate both meetings. It is expected that the G-8 Summit (June 25) will focus on a much broader agenda that encompasses preventing global nuclear proliferation (with a strong focus on Iran and North Korea); strengthening the G-8's accountability to its past commitments; advancing the G-8's development agenda, especially maternal and child health, food security, and Africa; reaffirming a commitment to combat climate change; and tackling the global drug trade and its links to terrorism financing. As seen during the last G-20 meeting nine months ago, the G-20 (June 26-27) will continue to focus on reforming the global financial sector, spurring economic growth, and coordinating policies to end stimulus spending. Debate will also center on the need to rebalance global trade (the Chinese decision to allow the renminbi to gradually appreciate is seen as an early victory) and whether to introduce a global bank levy to finance future financial sector rescues (the Europeans support, most other nations do not). As more ominous economic and political clouds appear on the G-8/G-20 horizon-the ongoing European debt crisis, tensions over Iran's nuclear program, and the ongoing Gulf oil spill-global leaders will be pressed to demonstrate that these summits have the ability to develop shared solutions to complex challenges. In view of the diminishing dynamism within the G-8 itself and the still-to-be-formed mandate, ground rules, and long-term priorities for the G-20, the results are likely to be mixed.

Q2: Why does the G-8 focus on development assistance?
A2: At the 2005 Gleneagles G-8 Summit chaired by the United Kingdom, then Prime Minister Tony Blair won a commitment from the G-8 countries to add $50 billion in new overseas development assistance (ODA) in the next five years ($25 billion to Africa) to accelerate achievement of the United Nation's Millennium Development Goals (MDGs). In anticipation of the September 2010 UN Summit on the MDGs, Canada prepared the Muskoka Accountability Report, a five-year report card on G-8 member country performance. The aggregate numbers show some significant gains, as well as the corrosive impact of a three-year global recession: G-8 ODA rose substantially but nonetheless fell $18 billion short (in current dollars) of the $50-billion commitment. Aid to Africa increased by $10 billion versus $25 billion. In retrospect, the G-8 hubris of 2005 seems stale. The United States and United Kingdom have been high performers; Italy and Japan stand at the back. The report details major gains in health and support of peacekeeping but low or weak progress in stemming debt levels, mitigating climate change, and promoting trade and regional integration.
At Muskoka, Canada will spearhead a maternal and child health initiative, to which Canada has pledged $1 billion over five years and to which the Obama administration's Global Health Initiative will add another $0.5 billion per year, when fully funded by Congress. Indeed, 2010 is proving to be the year of maternal and child health, and Muskoka will be part of that surge. Just prior to the G-8/G-20, Melinda Gates announced a Gates Foundation commitment of $1.5 billion. Canada's success in leveraging substantial new commitments for maternal and child health from within the G-8, other than from the United States and United Kingdom, remains to be proven. Ottawa has been busy soliciting pledges from non-G* countries Norway, the Netherlands, and New Zealand in hopes of filling out the picture.

Q3: Is the G-8 really that important anymore? Hasn't the G-20 simply overtaken the G-8 as the institutional framework of choice?
A3: We are in the midst of an ambiguous, fluid transition involving both the G-8 and G-20. This transition will unfold in fits and starts over the next several years.

The G-8 is in a far different place today than the global economic optimism of 2005: there are daunting long-term economic challenges ahead; and debt/deficit and budget woes will dampen enthusiasm for most, but not all, new initiatives. The G-8's focus has now turned to meeting existing commitments, measuring results, and finding important new development options that have high value and potentially lower cost. Despite this reduction in overall ambition, the G-8 will remain relevant in its role as a driver for international development and global health for the foreseeable future.

The G-20 agenda may migrate inevitably to development and health, security, and climate change if or when its leaders see incentives to widen the agenda beyond technical deliberations and economic crisis management. But this will not happen overnight: it will require converting the G-20 into a more coherent, deliberative body with clearer internal norms and accountability mechanisms; and, it will require that the key emerging economic powers-Brazil, China, India, Korea, Mexico, South Africa, and Turkey-reach a consensus that the G-20 is indeed the proper forum to pursue a broader global agenda. Neither requirement has been met thus far. While this transition's ultimate outcome is neither preordained nor conclusive in direction, it will be a dynamic process to observe.

Heather A. Conley is senior fellow and director of the Europe Program at the Center for Strategic and International Studies (CSIS) in Washington, D.C. J. Stephen Morrison is senior vice president and director of the Global Health Policy Center at CSIS

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Beijing: visita ao cemiterio jesuita

Uma visita ao mais velho cemitério cristão da China:

Zhalan (Jesuit Cemetery), Beijing
The oldest Christian cemetery in China. The Zhalan Cemetery lies in a quiet and secluded area shaded in the green foliage of cypresses and pines and the majestic beauty of yellow poplars. The cemetery includes the tombstones of Matteo Ricci, German John Adam Schall Von Bell (1591-1666), Belgian Ferdinand Verbiest (1623-1688) and 60 other prominent clergy: 46 foreign missionaries and 14 Chinese priests, all worked in China during the Late Ming and Qing dynasties.

With almost 400 years of history, it is Beijing's oldest Christian cemetery. Matteo Ricci, the distinguished Jesuit scientist and missionary, and certainly one of the most admired missionaries ever to come to China, was the first person to be buried there. Adam Schall von Bell and Ferdinand Verbiest, two other distinguished Jesuit colleagues, later joined him. These three men brought about a mutually enriching exchange between China and the West. Of the three Ricci, through his love of the Chinese and his appreciation of their culture, has gone down in history as one of China's most sympathetic foreigners and a dear and trusted friend of Chinese emperors. As time passed, many other missionaries from many countries were buried there.

A gift of the emperor
The original land was an offering to the Jesuits, a donation by the Ming Emperor Wanli himself for the construction of Ricci's tomb. The Jesuits took over the property in 1610. Throughout the years Ricci's tomb has served as a witness and a challenge to Rome and China that dialogue between the two is not only possible but also mutually enriching.

The Boxer Rebellion
In June 1900, when the Boxers entered the Zhalan property, there were 88 gravesites. The Boxers leveled all the graves, opened the tombs, gathered the remains, burned them and scattered them anywhere. When the Boxer Rebellion finally ended, the property was returned to the Catholic Church. Out of respect for the dead, any remains that could be found were gathered, placed at the north end of the property and covered with a mound. The Church of All Saints was built and located at the south end of the cemetery, and the most ancient tombstones except those of Ricci, Schall and Verbiest and three others were located in the outer walls of the Church.

Beijing sets up the Party School
This was not the end of the cemetery's vicissitudes. When Mao proclaimed the People's Republic of China on October 1, 1949, the property of missionaries was regarded like the property of any foreigners living in China and it was honored as theirs. Later the property of missionaries was turned over to the Chinese Catholic Patriotic Association.

In 1954, the Municipal Party Committee of the Communist Party of Beijing began to make plans to set up a Party school on the Zhalan property. Zhou Enlai himself personally made the decision to keep the tombs of Matteo Ricci, Adam Schall von Bell and Ferdinand Verbiest in their original places. The Beijing Diocese purchased three large plots of land for the transfer of the bones and tombstones of the other missionaries and laity that had been buried in Zhalan during the intervening years. The cemeteries were located in northwest Wangxiang in the Haidian District of Beijing. Workers took over two years to move a total of 837 tombs. Besides the gravestones, the remains of each person were collected and placed in a receptacle and transported with the stone. Instead of standing the tall stones upright, they laid them flat on the ground with each person's remains under the proper stone.

The Cultural Revolution
Then came the Cultural Revolution (1966-1976). Zealous Red Guards descended on foreign cemeteries with a special vengeance. From August to October 1966, Red Guards forced priests, brothers and Sisters to smash tombstones in these three cemeteries to pieces and to empty out the receptacles of all their remains. These pieces of stones were then given to peasants for building purposes. The remains were simply scattered. Today, nothing but a large field remains of these three cemeteries where more than 800 Catholics had once been laid to rest.

In August 1966 when the Red Guards descended upon Zhalan Cemetery itself, the tombs of Matteo Ricci, Adam Schall and Ferdinand Verbiest were relics protected by Beijing's Cultural Relics Bureau. The Red Guards ordered the Principal of the Party School to totally demolish the cultural relics within three days. The frightened principal went to the City Party Committee and the Religious Affairs Bureau. Nothing could be done. No one had power over the Red Guards. When the Red Guards returned three days later and saw that the steles were still standing, they demanded to know why their orders had not been obeyed. "We were waiting for you to help us," the custodian replied. "Let's dig a hole and bury the stones, and tell them never to come up again. Okay?" Strangely enough, the students agreed to this ruse. They dug three large pits and carefully lowered the steles and covered them with dirt. In this way, the steles of Ricci, Schall and Verbiest had been preserved.

In 1973, the Church of all Saints was also demolished to make room for a dining hall for the school. With the demolition of the church, the tombstones of 77 missionaries that had been placed in the church's exterior wall were scattered across the yard.

China opens to the world
Following the end of the Cultural Revolution (1976), and China's new openness to the outside world, the head of a delegation of scholars from the Chinese Academy of Social Sciences, Xu Duxin, went to Italy. There he heard a great deal about Matteo Ricci and his contribution to the cultural exchange between East and West. He also met Professor Corradini, who lectured at the University of Macerata, Ricci's native place. In a friendly exchange, Professor Corradini expressed the hope that a memorial to Ricci could be set up on the original site. "Italy," he said, "had a replica of the original stele and would be happy to engrave a new marble stele and donate it to China." When Xu returned to China, he spoke to the Central Committee about having Ricci's tomb rebuilt. The Central Committee approved the suggestion and gave the responsibility for restoring the tomb to the Beijing City People's Government. The City People's Government promptly organized a team to start working. The team consulted with Wu Menglin of the Cultural Relics Bureau, who along with her co-workers thought that since the tombs of Ricci, Schall and Verbiest had always been together that all three should be restored. Wu had the steles of the three priests unearthed and with a bit of repair and adhesive the three original steles could again be used.

In 1984, the cemetery, now adjoining the Beijing Administrative College was again added to the list of Beijing's protected monuments. In a magnanimous gesture the Municipal Party Committee provided money to extend the missionaries cemetery. Sixty of the tombstones that had originally been placed in the wall of the church in 1903 and in 1978 were set up in neat rows.

In 1997, Jesuit Father Edward Malatesta (d.1999), together with Gao Zhiyu, Yu Sanle, and Lin Hua (researchers at the Beijing Administrative College), published a beautiful and notable book on the history of Zhalan Cemetery, with pictures of all the tombstones. The volume is entitled, Departed, Yet Present: Zhalan, The Oldest Christian Cemetery in Beijing, It is now available in English, Chinese and Portuguese at the Instituto Cultural de Macao. (Much of the material for this article has been taken from this book.)

Zhalan today
There are presently 63 tombs in Zhalan, a lasting memorial to an extraordinary Christian witness: Chinese, Macanese and Western, many of whom worked for emperors in a variety of capacities as astronomers, physicians, engineers, artists, musicians, etc. Most of the tombstones carry the three letters D.O.M. signifying the motivation for their life and presence. These letters are the Latin abbreviation of Deo Optimo Maximo. Loosely translated, this means "To the Most Good and Great God."

THE NAME LIST OF WESTERN MISSIONARIES WHOSE TOMBSTONES ARE IN ZHALAN CENETERY NOW

The missionaries who were Italian(11)
Matteo Ricci 1552--1610
Giacomo Rho 1593--1638 (12) Lodovico Buglio 1606--1682 (45)
Angelo de Burgo ?--1723 (35) Jacques Antoini 1701--1739 (4)
Jean-Joseph de Costa 1679--1747 (15)Ferdinad-Bonaventura Moggi 1684-1761 (44)
Giuseppe Castiglione 1688--1766 (60)Eusebio a Cittadella ?-- 1785 (54)
Giuseppe Francisco della Torre ?--1785 (25)Crescenzio Cavalli ?--1791 (7)

The missionaries who were German(10)
Jean Terrenz 1576-- 1630(51) Johann Adam Schall von Bell 1591--1669(1)
Gaspard Castner 1665--1709 (16) Bernard-Kilian Stumpf 1655--1720 (39)
Francisco -Louis Stadlin 1658--1740 (56) Xavier-Ehrenbert Fridelli 1673--1743 (50)
Ignaz Kogler 1680--1746 (37) Florian Bahr 1706--1771 (61)
Antoine Gogeisl 1701-- 1771 (55) Augustin von Hallerstein 1703--1774 (5)

The missionaries who were French(9)
Charles Dolze 1663--1701 (43) Louis Pernon 1663--1702 (36)
Pierre Frapperie 1664--1703 (59) Jean-Charles de Broissia 1660--1704(41)
Guillaume Bonjour Fabre ?--1714 (42) Bernard Rhodes ?--1715 (24)
Jacques Brocard 1661--1718 (17) Pierre Jartoux 1668--1721 (47)
Pierre Vincent de Tartre 1669--1723 (62)

The missionaries who were Portuguese(14)
Gabriel de Magalhaens 1609--1677 (28) Francisco Simois 1650--1694 (38)
Jean Francisco Cavdoso 1676--1723(23) Paulo de Mesquita 1696--1729 (26)
Antoin de Magalhaens 1677--1735 (52) Joseph Suarez 1656--1736 (46)
Barthelemy de Azevedo 1718--1745(6) Charles de Rezende 1664--1746(9)
Emmanuel de Mottos 1725--1764(40) Felix da Rocha 1713--1781(49)
Jean de Sexas 1710--1785(58) Joseph d'Espinha 1722--1788(33)
Inacio Frrancisco ?--1792 (20) Dominic Joachim Ferreyra ?--1824(29)

The missionaries who were Belgian(2)
Ferdinand Verbiest 1623--1689(3) Antoine Thomas 1644--1709(31)

The missionaries who were from other nations(3)
Charles Slaviczek 1678--1735(32) Jean Walter 1708--1759(13)
Ignaz Sichelbarth 1708--1780(57)

For further information, please contact:
Beijing Administrative College
(NO.6 Chegongzhuang St. BEIJING, CHINA 100044)
International Exchange Department
Tel:86-10-6800-7279
Fax:86-10-6800-6727

Procura-se: o modo de producao socialista...

Ninguém sabe, ninguém viu, ninguém tem ideia de onde pode ter ido parar o tal de socialismo. Parece que sumiu por ai...
Aliás, o que existe em Cuba ou na Coréia do Norte não é bem socialismo, apenas totalitarismo miserável (e bota miserável nisso...). Na China, segundo pude constatar, o que existe mesmo é capitalismo; tudo bem (ou tudo mau), com um partido único e restrições diversas às liberdades individuais, mas capitalismo mesmo assim.
Acho que vamos ter de pedir à Interpol, fazê-la passar um mandado de busca e apreensão, para tentar encontrar esse tal de socialismo que simplesmente desapareceu, como nos informa o jornalista abaixo...
Paulo Roberto de Almeida

Cadê esse socialismo que nunca emplaca?
Marco Antonio Rocha
O Estado de S.Paulo, 21 de junho de 2010

Muitos políticos, quase todos, se dizem socialistas, até os de direita. Dezenas de partidos políticos no mundo ostentam no nome a palavra socialista. O socialismo é bandeira de inúmeros governantes ? há décadas. Por que, então, não há nenhum regime socialista solidamente instalado e consolidado? Haveria uma boa explicação sobre por que o socialismo não emplaca?

Há países ditos "socialistas" que não passam de ditaduras mesmo: de um só homem, como é o caso de Cuba; de um partido, como a China; de uma quadrilha, como a Coreia do Norte; de um bufão, como a Venezuela ou o Irã. É isso, então, o socialismo? Uma ditadura? Ou uma bouffonerie?

Claro que não, dirão os socialistas de toda parte. Então, por que não existe?

Todos os socialistas são contra o capitalismo na economia e contra o liberalismo na política, e parecem constituir maioria por toda parte. Então, o capitalismo já deveria ter sido extinto ou estar em extinção. Mas é o capitalismo que existe em tempo real e parece cada vez mais forte. Por quê? E o liberalismo, por que funciona?

Na semana passada, Dilma Rousseff encontrou-se em Paris com a secretária-geral Martine Aubry, do Partido Socialista (PS) francês, o maior partido da esquerda francesa. Desde Leon Blum, na década de 30, o PS francês já governou a França diversas vezes, sem nunca ter implantado o socialismo, ou algum regime que pudesse ser inequivocamente reconhecido como socialista. Por quê? Por que não é um partido revolucionário? Por que não sabe exatamente como implementar o socialismo? Por que não é socialista a não ser no nome? A propósito, Dominique Strauss-Kahn, do Partido Socialista francês, é também diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional ? o maior guardião, segundo a esquerda, do capitalismo internacional. São fatos que justificam a suspeita de que todos os socialistas, quando estão no poder, praticam mesmo o bom e velho capitalismo. E até o administram melhor, em muitos casos, do que os capitalistas empedernidos.

As duas senhoras ? Dilma e Martine ? apareceram em belas fotos, trocando beijos e abraços. Em reunião fechada devem ter renovado mútuas juras de lutar pelo socialismo, de combater o capitalismo e o neoliberalismo.

A líder socialista francesa assegurou que há grande identidade política entre o PS e o PT. Deve haver, pois é suposto que Dilma seja socialista, já que militou numa agremiação guerrilheira de esquerda. Se bem que aquele era um grupo que, antes de mais nada, lutava para derrubar a ditadura militar. Não se sabe se a guerrilheira Dilma já era socialista. Na verdade, parece que nem petista é.

Depois de Martine, Dilma foi se encontrar com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, um empedernido capitalista, cuja maior fama nasceu do fato de ser casado com Carla Bruni. Martine combate Sarkozy e garante que vai derrotá-lo nas eleições de 2012 ? com apoio da brasileira Rousseff: "Dilma nos disse que virá fazer a nossa (campanha), a do nosso candidato socialista", disse ela à imprensa, assegurando que também fará campanha por Dilma no Brasil. Temos aí a possível formação de uma nova internacional socialista ? a Quinta Internacional, Dilma-Martine. Talvez por isso o encontro de Dilma com Sarkozy foi bastante frio e menos socialista. O presidente Sarkozy só quer vender aviões, mais nada.

O socialismo, desde Saint-Simon, Fourrier, Louis Blanc, Robert Owen, Marx, Engels, nos séculos 18 e 19, até chegar em Florestan Fernandes no Brasil do século 20, parece um ovo: não ofende ninguém, é bonito de se olhar, harmônico e encerra uma boa promessa. Dos ovos reais, a gente sabe que saem aves ou répteis. Do socialismo não se sabe o que pode sair, porque ainda não rompeu a casca. Isso facilita a vida dos políticos. Podem se declarar socialistas à vontade. Não os compromete, pois ninguém sabe do que se trata ? mas parece que é uma coisa legal.

Já o capitalismo, não. Todos nós vivemos dentro dele. Sabemos que não é nada legal. Conhecemos todos os seus defeitos que os socialistas apontam: a busca do lucro pelo lucro; a vil exploração do trabalho humano ? contida, um pouco, pelas leis trabalhistas; a volúpia em transformar em mercadoria vendável até o coração dos namorados e das mães. Tudo isso é odioso e visível. Torna fácil odiar o capitalismo e preferir o que é contra ele. É fácil também aspirar ao reino dos céus, quando se vive cercado das misérias da Terra. Bem o sabem os profiteurs dos Evangelhos que infestam as redes de TV.

De qualquer forma, na política é assim que la nave vá. Não se deve ser realista, dizendo que se vai fazer apenas o que for possível, apresentando as dificuldades e as propostas para superá-las. Nem adianta fazer belos discursos: a ordem é twittar, dizer cretinices pomposas em 140 toques. Churchill não poderia ter twittado seus chamamentos ao povo inglês contra Hitler ? tinham mais de 140 toques. Dá mais lucro (político) twittar sonhos, como "construir o futuro", fazer o "Brasil de todos", "marchar para o socialismo". É o encanto da magia. Lula é o mago sedutor. Dilma, a auxiliar de palco, tentando ser sedutora sob as luzes da ribalta. Haja!

Como mistificar a Historia e passar por grande jornalista

O exemplo abaixo, do stalinismo, é provavelmente extremo, pois poucos jornalistas chegam a esses excessos de patifaria e de conivência com a mentira.
Mas não devemos nos iludir: a mistificação da história, pela propaganda política, continua o seu curso, mesmo se sob forma menos extremas do que na URSS do papai Stalin.
Aqui mesmo no Brasil, todos os dias leitores são mistificados por jornalistas enviesados politicamente. Mais grave ainda: alunos, inclusive candidatos à diplomacia, são mistificados todos os dias, nas aulas ou em concursos, pela imposição da leitura de um perfeito mistificador que é Eric Hobsbawm...

Os 20 anos de um editorial
Demétrio Magnoli
O Estado de S.Paulo, 24 de junho de 2010

"Você fez um bom trabalho em suas reportagens, embora não seja um marxista, porque tenta contar a verdade sobre nosso país (...). Eu devo dizer que você apostou no nosso cavalo quando outros pensavam que ele não tinha chance - e tenho certeza de que você não perdeu com isso." Estas palavras, dirigidas por Joseph Stalin a Walter Duranty no Natal de 1933, foram reproduzidas há exatas duas décadas num editorial do jornal The New York Times. O editorial representou o reconhecimento tardio de que o jornal publicara, entre 1921 e 1940, algumas das "piores reportagens" de sua venerável história, produzidas por seu correspondente em Moscou. A "verdade" de Stalin, refratada naquelas "piores reportagens", informa até hoje a visão dominante sobre a URSS e o stalinismo no Brasil. Os conceitos propagados por Duranty encontram-se nos manuais históricos mais celebrados e nos livros escolares mais vendidos.

Duranty não era, de fato, marxista. Ele fez sua reputação ao divergir das previsões de que o regime bolchevique cairia pouco após a Revolução Russa. Em seguida, apostou no "cavalo" de Stalin, contra a oposição trotskista, passou a idolatrar o ditador soviético e cunhou o termo "stalinismo". Stalinismo, explicava o correspondente, era um desvio positivo do socialismo, incompatível com as tradições ocidentais, mas adaptado às "características e necessidades raciais" da Rússia, "fundamentalmente mais asiáticas do que europeias". O homem não estava sendo pago pelo Kremlin, embora seus textos lhe assegurassem a oportunidade de continuar em Moscou, enquanto outros correspondentes eram expulsos, e de obter notícias e entrevistas exclusivas.

Era um caso de paixão por uma tese oficialista, útil à carreira profissional. Nesse sentido, Duranty não diferia de tantos jornalistas muito menos talentosos, do passado e do presente, inclusive no Brasil do "lulismo". Mas ele escrevia sobre o grande drama do "socialismo real", o tema mais crucial do século 20, e ensaiava os tons de uma música ideológica que continua a tocar na heterogênea banda do antiamericanismo dos nossos dias. O bolchevismo devolvera à Rússia a "autoridade absoluta não adocicada pela democracia ou o liberalismo do Ocidente". O stalinismo convertia "uma massa informe de escravos submissos, encharcados", numa "nação de ardentes, deliberados trabalhadores". No fim das contas, o totalitarismo soviético corresponderia a algo como um imperativo histórico.

O Pulitzer de 1934 foi parar nas mãos de Duranty, premiando suas reportagens analíticas publicadas três anos antes, que compunham uma das maiores farsas jornalísticas de todos os tempos. No verão de 1929 Stalin proclamara a coletivização forçada da agricultura e a liquidação dos camponeses autônomos. Em 1931 o terror vermelho disseminou-se pelos mais longínquos lugarejos, expropriando e deportando milhões de pequenos agricultores. As vítimas abatiam o gado antes de deixar suas terras, vendiam a carne e faziam botas com o couro. Os jornalistas Gareth Jones e Malcolm Muggeridge infiltraram-se na Ucrânia e reportaram a grande fome para o Times de Londres e o Guardian de Manchester. Dois anos mais tarde, a tragédia matara mais de 6 milhões de pessoas. O Kremlin negava tudo, respaldado por Duranty, que denunciou como falsificações as reportagens de Jones.

O correspondente do New York Times sabia mais sobre a fome pavorosa do que qualquer outro jornalista ocidental, como evidenciaram investigações posteriores. Duranty "viu aquilo que queria ver", segundo o diagnóstico do editorial de junho de 1990. O olhar do jornalista conservou sua seletividade interessada e ele fez a defesa dos Processos de Moscou, reproduzindo as alegações de Stalin sobre fantásticos complôs entre os dirigentes caídos em desgraça e as potências ocidentais. Naqueles anos, às vésperas da eclosão da 2.ª Guerra Mundial, Duranty conferiu forma definitiva à tese de que o stalinismo cumpria uma função histórica progressiva ao preparar a URSS para o embate com a Alemanha nazista.

Stalin aliou-se a Hitler em 1939 para partilhar a Polônia e os Estados Bálticos. A URSS forneceu quase dois terços das matérias-primas e alimentos importados pela Alemanha nos 16 meses iniciais da guerra mundial. Seis meses antes da invasão alemã da URSS, o Kremlin negociava o ingresso da "pátria do socialismo" no pacto do Eixo. Mas as narrativas canônicas sobre o século 20, contadas por "companheiros de viagem" da URSS, reduziram tudo isso a uma nota de rodapé, apegando-se ao núcleo argumentativo formulado por Duranty.

Eric Hobsbawm já militava no Partido Comunista Britânico no tempo dos Processos de Moscou, que não abalaram sua fé na doutrina. Ele nunca ofereceu apoio ao terror stalinista, mas conservou a carteirinha do partido até a implosão da URSS. Escrevendo após o encerramento da guerra fria, quando a abertura dos arquivos secretos do Kremlin já escancarava verdades previsíveis, o historiador não apenas reproduziu as justificativas oficiais de Moscou para o Pacto Germano-Soviético como deu um passo à frente e pronunciou o seguinte veredicto: "A vitória da URSS sobre Hitler foi uma realização do regime lá instalado pela Revolução de Outubro, como demonstra uma comparação do desempenho da economia russa czarista na Primeira Guerra Mundial com a economia soviética na Segunda Guerra (...). Sem isso, o mundo hoje (com exceção dos Estados Unidos) provavelmente seria um conjunto de variações sobre temas autoritários e fascistas, mais que de variações sobre temas parlamentares liberais" (A Era dos Extremos, Companhia das Letras, 1996).

O stalinismo, segundo Hobsbawm, salvou a democracia ocidental. As fontes ocultas do veredicto do aclamado historiador encontram-se nas reportagens do jornalista ocidental hipnotizado por Stalin. Tanto quanto Duranty, ele "viu aquilo que queria ver".

SOCIÓLOGO, É DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP.

Argentina: ex-chanceler saiu por cumprir a lei...

Agora se revelam os motivos da saída de Jorge Taiana da direção da diplomacia argentina: ele simplesmente estava seguindo a Constituição e outros dispositivos legais ao autorizar um subordinado a cumprir a lei, isto é, prestar depoimento no Congresso, pois que convocado.
A presidenta (como a K gosta de ser chamada) o demitiu, pois pretendia que ele afrontasse o Congresso negando permissão ao subordinado.
Que triste esses países onde o chanceler é obrigado a satisfazer a vontade do presidente, sendo aliás instado a não cumprir a lei...
Paulo Roberto de Almeida

Diplomata argentino denuncia propina
Gustavo Hennemann
Folha de S.Paulo, 24 de junho de 2010

Governo Kirchner cobrava comissão de empresas que vendiam à Venezuela, afirma ex-embaixador em Caracas.

Eduardo Sadous reitera a deputados acusações que já fizera à Justiça; depoimento contribuiu para queda de chanceler.

O ex-embaixador argentino em Caracas Eduardo Sadous reafirmou ontem, em depoimento na Câmara dos Deputados, que seu país manteve uma diplomacia paralela com a Venezuela na gestão do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007).
Há dois meses, em depoimento à Justiça, ele já havia dito que funcionários do Executivo se encontravam por conta própria e realizavam acordos com o primeiro escalão do governo de Hugo Chávez ao longo de 2004.
Segundo denúncias de empresários relatadas por Sadous, os embaixadores paralelos eram homens de confiança de Kirchner e articulavam esquema que cobrava propinas de entre 15% e 20% de exportadores argentinos que vendiam maquinário agrícola à Venezuela.
O caso foi denunciado à Justiça pela oposição, que acusa de associação ilícita Kirchner e o ministro do Planejamento, Julio De Vido, que assumiu a pasta em 2003 e permanece no gabinete da presidente Cristina Kirchner.
Ontem, Sadous atendeu ao convite de parlamentares oposicionistas e prestou esclarecimentos à Comissão de Relações Exteriores da Câmara, onde falou por quatro horas, em sessão fechada.
O deputado oposicionista Alfredo Atanasof, que preside a comissão, disse que Sadous ratificou o depoimento à Justiça e que foi possível avançar em tudo o que gerava dúvidas.
O encontro do diplomata com os deputados estava marcado, em princípio, para a semana passada, mas foi adiado após uma forte pressão do governo, que tentou evitar que Sadous fosse ouvido pela oposição.

RENÚNCIA E MALA
A sessão na Câmara também influenciou na renúncia do ex-chanceler Jorge Taiana, que deixou o governo após discutir com Cristina na última sexta-feira.
A presidente repreendeu Taiana, entre outros motivos, por ter autorizado Sadous, seu subordinado, a se apresentar na comissão.
Deputados opositores sustentam que o esquema de propinas na exportação é só uma amostra das relações ilícitas entre os governos dos dois países. Para os congressistas, o depoimento de Sadous ajudará a esclarecer também o episódio chamado de caso da mala.
Em agosto de 2007, o empresário venezuelano Antonini Wilson foi flagrado com US$ 800 mil não declarados em uma mala logo após desembarcar em Buenos Aires.
Ele vinha de Caracas num avião fretado por funcionários da Casa Rosada e da PDVSA, petroleira estatal da Venezuela. Opositores sustentam que o dinheiro seria destinado ao financiamento da campanha de Cristina, eleita dois meses depois.

Quem disse que a America Latina nao cresce?

ONU: Latinoamérica es la zona con el mayor aumento del consumo de coca
Michael Shifter
Infolatam/ Efe
Panamá, 23 de junio de 2010

Una década del Plan Colombia: por un nuevo enfoque
Alrededor del 45% de la producción de la cocaína es incautada.

Las Claves:
* Suramérica, América Central y el Caribe tienen 2,7 millones de consumidores, a los que llega un 20% del estupefaciente distribuido en el mundo, por detrás de Estados Unidos (41%) y Europa (26%).
* "La tasa más alta de crecimiento por la cocaína no es Estados Unidos, es América Latina: es Brasil, es Argentina (...)", dijo Mazzitelli .

Latinoamérica es la zona del planeta con un crecimiento más alto en el consumo de cocaína y ya tiene más de dos millones de consumidores, indicó el representante regional para México, Centroamérica y el Caribe de la Oficina de la ONU contra la Droga y el Delito (Unodc), Antonio Mazzitelli.

"La tasa más alta de crecimiento por la cocaína no es Estados Unidos, es América Latina: es Brasil, es Argentina (...)", dijo Mazzitelli en una entrevista con Efe en Panamá junto al subdirector de Unodc, Francis Maertens, quienes inauguraron una oficina del organismo en esta ciudad.

Según datos del informe anual de la Unodc 2010 al que tuvo acceso Efe, Suramérica, América Central y el Caribe tienen 2,7 millones de consumidores, a los que llega un 20% del estupefaciente distribuido en el mundo, por detrás de Estados Unidos (41%) y Europa (26%). "Hace 20 años el 90% del consumo eran los Estados Unidos", recordó Mazzitelli.

El funcionario señaló que se consume y se produce más cocaína en el mundo, pero aseguró que se ha logrado contener el problema en un mundo muy distinto al que hace 50 años presentaba a una quincena de países como consumidores del 80 o el 90% del consumo mundial.

"Todo tiene que ser visto en perspectiva, seguramente se produce más, se consume más, pero considerado lo que fue la epidemia de la coca en la década de los ochenta en los Estados Unidos, considerada su expansión en todos los mercados, todavía se ha logrado contener el problema", subrayó.

Por su parte, Maertens indicó que las estimaciones del organismo sitúan la producción mundial de cocaína "entorno a las 1.000 toneladas al año", aunque "bajó los dos últimos años y hace dos años estuvo en 860".

También afirmó que alrededor del 45% de la producción de la cocaína es incautada, aunque en ese cálculo se contabilizan decomisos de hoja de coca, pasta de coca, cocaína en los países productores, en tránsito, etcétera. Maertens señaló que Centroamérica "ha vivido muchos cambios" por su situación entre el mercado estadounidense y los países andinos y afirmó que "está claro que algunos países están perdiendo de una u otra manera el control en sus territorios" a manos del crimen organizado.

O mandarinato-marajanato ainda vai conseguir afundar o Brasil

Membros do Judiciário servem, supostamente, para não apenas defender a legalidade, como também zelar pela moralidade na coisa pública. Não no Brasil, obviamente, onde os funcionários públicos em geral, e os do Judiciário em particular, parecem atuar como uma gangue de ladrões do erário, uma máfia mancomunada para extorquir dinheiro do contribuindo, uma malta de malfeitores empenhados em destruir qualquer sentido de proporcionalidade nas remunerações do serviço público.
A China começou a decair quando os mandarins se tornaram muito poderosos e aumentaram a extração de recursos da sociedade ao mesmo tempo em que construíam uma burocracia altamente corrupta e infensa a mudanças.
O Brasil, com seus marajás-mandarins, vai pelo mesmo caminho, talvez até mais rapidamente do que os dois ou três séculos para a China decair completamente...
Paulo Roberto de Almeida

Direto da Ilha da Fantasia
Editorial O Estado de S.Paulo
24 de junho de 2010

Um estudo do Ministério do Planejamento sobre o impacto efetivo do projeto que reajusta em 56%, na média, os vencimentos dos 100 mil funcionários dos tribunais superiores do País confirma que não há limites para a irresponsabilidade fiscal daquele que já é o mais pródigo dos Três Poderes.

O Judiciário, ao elaborar a proposta em tramitação no Congresso desde dezembro, alega que os salários dos seus servidores estão defasados em relação ao Executivo e ao Legislativo. Em nome disso ? e de uma interpretação extravagante do conceito de autonomia administrativa e financeira ? se concebeu um projeto característico do que a Ilha da Fantasia chamada Brasília tem de mais condenável. É a celebração do marajanato de alto a baixo na hierarquia judiciária.

Segundo o levantamento divulgado ontem pelo Estado, o piso salarial dos auxiliares judiciários, como copeiros, garçons e contínuos, que exercem funções de apoio para as quais se requer apenas escolaridade fundamental, passará a ser R$ 3.615,44. O teto, incorporando as vantagens pessoais do serviço público, que tendem a dobrar, ou mais, a paga inicial, chegará a R$ 8.479,71. A proposta não faz menção a tais valores. Um anexo informa apenas o montante dos vencimentos básicos, acrescidos de uma gratificação.

Em regra, um funcionário ganha mais do que um empregado de empresa privada quando ambos exercem atividades que demandam poucos anos de estudo e habilidades comuns. Já o mercado remunera melhor do que o Estado o pessoal de nível superior dotado de qualificações especiais ? um obstáculo à formação de uma elite burocrática na área estatal. Ao que tudo indica, porém, isso não vale para o Judiciário. Nele, todos os contracheques superam os da iniciativa privada, em posições funcionais idênticas ou assemelhadas.

Se, por exemplo, um interessado em trabalhar como agente de segurança numa empresa do setor pedir remuneração inicial de R$ 7.500 mensais, decerto será rejeitado e aconselhado a procurar ajuda psiquiátrica. Mas, na proposta do Judiciário, esse é o piso desejado para os responsáveis pela segurança dos ministros das Altas Cortes (R$ 7.529,13, para sermos exatos). No topo da carreira, serão R$ 14.591,90.

Compare-se agora quanto um advogado em início de carreira leva para casa no fim do mês ? por jornadas que frequentemente varam as noites e invadem os fins de semana ? com o que o Judiciário quer que o contribuinte remunere de partida os seus analistas, que estudam processos, elaboram pareceres e pesquisam a legislação: R$ 10.283,59. Ou de 5 a 10 vezes mais do que um escritório de advocacia paga aos novatos pela mesma atividade.

Tem mais: se o projeto passar como está ? o que é bem provável, dado o receio dos políticos de brigar com a magistratura ?, um analista judiciário que tenha doutorado e exerça cargo de confiança há duas décadas receberá no fim da carreira R$ 33.072,55. Decerto serão poucos os servidores nessa invejável situação. Que fosse um único: teria furado o teto do serviço público, ou R$ 26.723,13. Isso, sem falar no efeito "corrente da felicidade" da nova tabela ? as reivindicações de acréscimos proporcionais no Judiciário dos Estados, com a eterna invocação da isonomia.

Calcula-se que os aumentos propostos custem R$ 6,4 bilhões ao erário. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, adverte que não há como pagar o reajuste este ano. Mas isso nada significa para a vasta confraria do "quero o meu" e os seus prestadores de serviços no Congresso Nacional. A União gastou nos 12 meses encerrados em abril 4,8% do PIB com o funcionalismo (R$ 155,2 bilhões em valores absolutos). No mesmo período, os investimentos do governo federal representaram 1,2% do PIB (ou R$ 40,1 bilhões).

Haveria algo clamorosamente errado com isso, mesmo que a baixa qualidade dos serviços públicos ? a exemplo da lentidão do Judiciário ? não fosse a afronta que é para a sociedade envergada pelo pagamento dos impostos que os sustêm. E a cúpula dos tribunais superiores do País ainda se permite atribuir à defasagem salarial com os outros Poderes os "prejuízos no que se refere à celeridade e à qualidade da prestação jurisdicional".

Pronto: o PT já pode fazer diplomacia sul-sul com os EUA...

Et pour cause: os EUA agora também são terceiro-mundo.
Está na hora dos anti-americanos do PT (e eles são praticamente todos) se desembaraçarem desse preconceito ridículo contra os EUA e acolherem o país nos nossos conclaves meridionais: eles fizeram por merecer...
Paulo Roberto de Almeida

Programa de humor ironiza sucesso dos EUA no "soccer"
"Daily Show", do apresentador Jon Stewart, disse que norte-americanos entraram no "terceiro mundo" e mandou recado à Inglaterra

Francisco De Laurentiis
iG São Paulo, 24/06/2010

EUA se classificam com gol nos acréscimos
"Estou orgulhoso do time", diz Donovan
Empolgado, Clinton vai a próximo jogo dos EUA
Gol milagroso coloca "soccer" no mapa dos EUA

Depois da classificação dos Estados Unidos às oitavas de final da Copa do Mundo, com o gol de Donovan aos 46 minutos do segundo tempo (reveja o gol clicando aqui), o "soccer", como é conhecido o futebol no país, virou a nova mania nacional, empolgando até mesmo o presidente Barack Obama e o ex-presidente Bill Clinton. Isso não impediu, no entanto, que o humor ácido do "Daily Show", popular programa de humor apresentado por Jon Stewart, ironizasse o sucesso do futebol nos Estados Unidos.

Na edição da quarta-feira (23), mesmo dia da classificação dos norte-americanos, o inglês John Oliver, comentarista de esportes do "Daily Show", saudou o colega Stewart: "Parabéns! Vocês se tornaram, oficialmente, um país de terceiro mundo", disse, referindo-se aos Estados Unidos. "Vocês tem desemprego alto, seu dólar não vale nada, vocês não conseguem ganhar uma guerra e, por fim, dominaram e mereceram vencer um jogo de futebol", completou.

O apresentador norte-americano rebateu, dizendo que o sucesso do "soccer" não era motivo suficiente para colocar os Estados Unidos no terceiro mundo. O inglês Oliver ironizou novamente: "É verdade. Num país de terceiro mundo, você veria pessoas comemorando loucamente durante o jogo para se esquecerem de suas vidas miseráveis", para em seguida mostrar um vídeo de torcedores dos Estados Unidos celebrando o gol salvador de Landon Donovan.

Stewart, no entanto, não quis sair por baixo, e provocou o inglês. "Vocês estão com inveja pois, se os Estados Unidos vencerem a Copa do Mundo, todos serão obrigados a chamar o esporte de 'soccer'". E foi ainda mais longe, lembrando a 2ª Guerra Mundial, na qual os norte-americanos auxiliaram os ingleses a derrotar as tropas de Adolph Hitler: "Vocês jogam contra a Alemanha domingo, não é? Se eles derem algum problema pra vocês, é só nos chamar que vamos ajudar".

Os Estados Unidos enfrentam Gana no sábado (26), às 15h30 (horário de Brasília), no estádio Royal Bafokeng, em Rustenburgo. Os ingleses, por sua vez, enfrentam a Alemanha no domingo (27), às 11h (horário de Brasília), no estádio Free State, em Bloemfontein.

A noticia da semana: Cuba eleita vice-pres. do Conselho de Direitos Humanos

Pode ser a notícia da semana ou qualquer outra coisa; você decide.
Poderia ser piada, mas acredito que os prisioneiros políticos e de consciência não vão gostar da brincadeira.
Paulo Roberto de Almeida

Cuba é eleita vice-presidente do Conselho dos Direitos Humanos da ONU
Gramma
quarta-feira, 23 de junho de 2010

Sede da ONU em Nova Iorque

Cuba foi eleita, em 21 de junho, vice-presidente do Conselho dos Direitos Humanos (CDH), o órgão principal das Nações Unidas especializado na promoção e na proteção deste tema.

Durante uma sessão organizativa anual desta instância, seus membros decidiram por aclamação a eleição do embaixador cubano em Genebra, Rodolfo Reyes Rodríguez, para o cargo, o que foi considerado um reconhecimento ao trabalho da Ilha no setor.

“A eleição de Cuba para este importante cargo é um reconhecimento à exemplar execução e à obra da Revolução cubana a favor dos direitos humanos de seu povo e de todo o mundo”, precisa uma declaração da Embaixada cubana em Genebra.

“É, também, uma clara confirmação do respeito ao desempenho comprometido e ativo de nosso país — membro fundador do CDH — em defesa da verdade e da justiça e a sua liderança na reivindicação das causas mais nobres”, acrescenta.

Precisa a nota que “esta eleição constitui uma rotunda resposta da comunidade internacional à brutal campanha política anticubana na mídia, reforçada nos últimos meses pela reação internacional”.

Reyes, que ocupará a vice-presidência correspondente ao Grupo da América Latina e o Caribe (Grulac), cumprirá seu mandato como membro da Mesa Diretiva do Conselho, até junho de 2011.

O embaixador da Tailândia, Sihasak Phuangketkeow, foi eleito para presidir o órgão no mesmo período. Segundo a prática, cabe aos membros da Mesa conduzir o processo de revisão do CDH, que terá lugar nos próximos 12 meses de trabalho.

“Cuba contribuirá substancialmente para este trabalho, a partir de sua ampla experiência como membro do órgão e da desaparecida Comissão dos Direitos Humanos”, aponta a nota.

LINKS:

http://soucuba.blogspot.com/2010/06/cuba-e-eleita-vice-presidente-do.html

http://josemartirj.webnode.com/news/cuba-e-eleita-vice-presidente-do-conselho-dos-direitos-humanos/

http://www.radiohc.cu/portugues/a_noticiasdecuba/10/junio/22/cuba1.htm

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Brazil's rise - Stratfor

Evaluating Brazil's Rise
STRATFOR.COM Diary Archives
Tuesday, June 22, 2010

“For Brazil to gain the respect that it seeks from the Western industrial states, it has to match its rhetoric with action in the three pillars of geopolitics: economic, political and military might.”

Brazilian Foreign Minister Celso Amorim launched a barrage of criticism against the U.N. Security Council (UNSC) on Monday, asserting that the Council “no longer reflects the political reality” of today, but rather that of 64 years ago. Amorim also criticized the UNSC for neutralizing a Brazilian-Turkish nuclear fuel swap proposal with Iran with a fresh sanctions resolution, the details of which Amorim claims were not available to the non-permanent Council members in a reflection of how the UNSC has “zero transparency at the technical level.” Amorim’s critique of the UNSC came a day after he announced that Brazil would no longer play an active role in mediating the Iranian nuclear dispute since “we got our fingers burned by doing things that everybody said were helpful and in the end we found that some people could not take ‘yes’ for an answer.”

As far as Amorim is concerned, all Brazil is asking for is a little respect from the world powers. In the eyes of Amorim and his countrymen, Brazil is already well on its way to global power status and shouldn’t have to fight to be taken seriously by its peers in the international community. Even if some like the United States are uneasy about having another power rise in the Americas, there is growing consensus in the world that Brazil will be a country to be reckoned with in the years to come. What countries like Brazil, Turkey and India have difficulty internalizing, however, is that there are no shortcuts to geopolitical stardom. For Brazil to gain the respect that it seeks from the Western industrial states, it has to match its rhetoric with action in the three pillars of geopolitics: economic, political and military might.

Despite not having been dealt the most suitable geography for internal development, Brazil scores strongest in economics. For a country to be considered a true geopolitical success story, it must have both inland transportation systems and maritime transport options to internally develop the country and drive down the cost of doing business. Brazil may have the second-longest river in the world, but the Amazon is no Mississippi when it comes to navigability. Cutting through jungle is not exactly conducive to business development.

Without a functional inland water system, Brazil has had to rely on artificial transportation systems, such as roadways, railways and airlines, to develop and connect its rural interior with the cosmopolitan coast. And to take advantage of its huge Atlantic coastline, Brazil has to build up ports to support its maritime trade with the outside world. Such infrastructure takes a lot of time and money to build, but after years of economic tumult, Brazil has found itself in a stable enough position to make the necessary investment to feed its industrial base and avoid falling into a resource-extractive economic pit like many of its South American neighbors.

While Brazil’s economic foundation is standing strong, the real icing on Brazil’s $1.58 trillion economy can be found off the Brazilian coast, where some $70 billion to $110 billion of crude oil reserves are sitting in a pre-salt layer beneath the ocean floor. Brazil, a country that has already achieved self-sufficiency in energy, is putting the bulk of its effort these days into readying itself for the challenge of extracting this hard-to-reach oil, realizing that within the next decade the country has a realistic chance of adding another trillion dollars worth of geopolitical clout to its bank account. In short, Brasilia’s economic future is blindingly bright.

Brazil doesn’t score as well on the political scale, but is showing progress. Brazil is by far the heavyweight on the South American continent, but has lived a largely insular life thanks in large part to its dense Amazonian shroud and an array of internal issues that has kept Brasilia’s hands tied for decades. Consequently, Brazil doesn’t have much ability to influence the behavior of its neighbors beyond the buffer states of Uruguay, Paraguay and Bolivia, that Brazil uses to keep a lid on Argentina, a country that — fortunately for Brazil — has economically self-destructed enough for Brasilia to not have to worry about a credible threat emanating from the southern pampas any time soon.

Internally, Brazil suffers from severe socio-economic inequalities — a legacy inherited from the country’s colonial past when the Portuguese created a tiny land-owning elite that relied heavily on the African slave trade for labor to compete with the Spanish powerhouses of Mexico and Peru. This socio-economic divide manifests itself in a number of ugly ways, from deep corruption to violent crime. It can also be seen in the stark difference in political culture between the country’s socialist-leaning north and capitalist-leaning south. Whereas the north needs the state to survive, the south largely views the state as a hindrance to its growth. Nonetheless, the debate over whether or not Brazil should be ruled by a democratic regime ended a quarter of a century ago. Even in preparing legislation to manage Brazil’s future energy wealth, the country is exhibiting notable signs of political maturity. Brasilia will have to maneuver its way through a web of domestic constraints before it can develop an attention span to deal with issues abroad (and these internal impediments really cannot be underestimated), but the country’s political trajectory is heading in the right direction.

When it comes to military prowess, Brazil gets the weakest score. Despite having 10 neighbors, Brazil’s surrounding geography provides the country with enough insulation to keep the country sheltered from most external threats. And with Argentina currently out of the game, Brazil has simply lacked the urgency to build up its military might. But as Brazil is realizing its own economic and political potential, it is also realizing the need to modernize its military. Whereas Brazil’s economic tumult in the 1980s and 1990s led the state to slash funding for the military, Brasilia is now looking to build up the country’s military-industrial complex to enhance Brazil’s military posture and at the same time create another industrial sector to fuel Brazil’s economic growth.

But the country is also struggling to come up with the right guiding imperatives to focus its modernization efforts. For example, the navy appears more focused on building nuclear-powered submarines — a long-range offensive tool — rather than the more conventional submarines and surface combatants that will actually have utility in defending its offshore oil wealth, not to mention the replenishment capability to deploy its ships further afield should Brazil develop the capability to engage in peacekeeping missions far from home.

At the same time, Brazil has also revealed strategic thinking in its long-term military-industrial development. For example, in trying to cut its dependency on foreign military suppliers, Brazil has made technology transfer and indigenous assembly key considerations in its search for a new combat fighter jet. Still, Brazil is realizing that if it hopes to use its military as a foreign policy tool one day, it will need to build up the muscle to match its rhetoric. That vision is going to take decades to become a reality.

Though Brazilian strengths vary widely in the political, economic and military domains, there is no question that the country has immense geopolitical potential and is showing definitive signs of realizing that potential. But for Brazil to graduate from regional hegemon to global player and command the respect of its global peers, it’s going to need to demonstrate the ability to project real power beyond its borders. Speeches can be made anywhere, any time, but real Brazilian power — that is, words backed up with action — will not come fast, cheap or easy.

Estados Unidos das Drogas: nova potencia mundial...

Não me refiro exclusivamente aos EUA, o grande consumidor de drogas em geral (provavelmente não tanto quanto a Europa, proporcionalmente, mas suas estatísticas são mais fiáveis ou realistas), mas ao mundo das drogas em geral, um imenso império do livre-comércio das drogas, de investimentos diretos nos insumos, de serviços sofisticados, online, de coordenação entre produtores, fabricantes, distribuidores e consumidores de drogas, provavelmente o terceiro item mais importante no comércio internacional, depois de uma commodity nauseabunda como o petróleo, de armas, para variar, e provavelmente antes de qualquer outra commodity, produtos eletrônicos e que tais...
O panorama na América Latina, também para variar, é o pior possível (ou o melhor possível, dependendo do ponto de vista...): aumento da produção primária, da fabricação de drogas, da exportação e da criminalidade, de uma forma geral, quando tudo isso não se faz com a ativa cooperação de algumas autoridades que deveriam estar tratando de combater o fenômeno, para não chegar na situação em que hoje se encontra o México, quase uma reprodução dos selvagens cães de guerra de outros países...
A Venezuela se tornou o principal país exportador e o Peru não quer ser visto como o primeiro produtor da matéria-prima...
Interessante que a mesma ONU acha injusto que a maior parte dos lucros do comércio fique com os países consumidores. Talvez ela queira fazer um programa para "redistribuir" esses lucros fabulosos com os países podutores, se isso é factível. Tratei dessa possibilidade bizarra neste post deste blog: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/06/drogas-onu-quer-transferir-mais-lucros.html
Paulo Roberto de Almeida

Relatório da ONU vê ‘diversificação’ no mercado de drogas ilegais no mundo
BBC Brasil, 23 de junho, 2010

A produção e o consumo das principais drogas tradicionais estão em queda ou controlados no mundo, mas há sinais do aumento do uso de novas substâncias sintéticas, principalmente em países em desenvolvimento, segundo um relatório publicado nesta quarta-feira pela Organização das Nações Unidas.

Uso de drogas sintéticas pode passar em breve o de heroína e cocaína

Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas da UNODC (agência da ONU para drogas e crime), o cultivo de coca, matéria prima para a cocaína, caiu entre 12% e 18% entre 2007 e 2009.
No mesmo período, segundo o relatório, o cultivo da papoula, matéria prima do ópio e da heroína, teria caído 23%. A agência espera uma queda ainda mais acentuada neste ano, por conta de uma praga que ataca as plantações no Afeganistão, o maior produtor mundial.
O relatório não traz dados específicos sobre cultivo de maconha, mas a agência da ONU observa uma redução no consumo da droga nos seus principais mercados – América do Norte e Europa.
Ainda assim, a maconha se mantém como a droga ilegal mais consumida no mundo. O relatório estima que entre 130 milhões e 190 milhões de pessoas consumiram a droga no último ano.

Anfetaminas
Segundo a UNODC, porém, o uso de estimulantes do grupo anfetamínico (ATS, na sigla em inglês) está em alta no mundo e deve ultrapassar em breve o número combinado de usuários de heroína e cocaína.
O relatório também menciona o aumento no abuso de drogas legais.
A agência da ONU observa que o combate ao tráfico e ao consumo de drogas sintéticas, produzidas em laboratórios, é mais difícil do que o combate às drogas tradicionais, produzidas à base de plantas.
Muitas vezes essas drogas sintéticas não são proibidas pelas leis dos países ou são produzidas a partir de substâncias legais. Além disso, muitos laboratórios estão localizados próximos aos consumidores, evitando longas rotas de tráfico internacional, como acontece com as drogas tradicionais.
“Essas novas drogas provocam um duplo problema. Primeiro, elas são desenvolvidas a uma velocidade muito maior do que as normas regulatórias e a aplicação da lei consegue acompanhar. Em segundo, o marketing é muito perspicaz, já que elas são produzidas para atender a preferências específicas em cada situação”, afirma o diretor-executivo da UNODC, o italiano Antonio Maria Costa.
Segundo o relatório, o número de laboratórios clandestinos de drogas sintéticas detectados cresceu 20% em 2008, incluindo países onde nunca antes haviam sido detectados laboratórios do tipo – o Brasil é citado como um desses países.
Para Costa, os dados mostram a dificuldade no combate às drogas. “Não resolveremos o problema das drogas no mundo se simplesmente empurrarmos o abuso de cocaína e heroína para outras substâncias que provocam dependência. E há um número ilimitado delas, produzidos em laboratórios mafiosos a custos baixos”, disse.

Novos mercados
O relatório da UNODC também destaca um aumento no consumo de drogas em geral em países antes livres do problema.
Entre os movimentos detectados estão o aumento no consumo de heroína no leste da África, o aumento do consumo de cocaína na América do Sul e no oeste da África e o aumento da produção e do consumo de drogas sintéticas no Oriente Médio e no Sudeste Asiático.
“Não resolveremos o problema mundial das drogas transferindo o consumo do mundo desenvolvido para o mundo em desenvolvimento”, advertiu Costa.
“Os países mais pobres não estão em uma posição de absorver as consequências do aumento do consumo de drogas. O mundo em desenvolvimento enfrenta uma crise iminente que poderia escravizar milhões na miséria da dependência de drogas”, afirma.
O documento adverte ainda para a influência desestabilizadora do tráfico de drogas sobre países de trânsito no tráfico de drogas, principalmente a cocaína.
Segundo a agência da ONU, o poder econômico e a violência relacionados ao tráfico pode ameaçar a segurança e a soberania dos países. O relatório cita a preocupação com o aumento da violência no México, na América Central e no oeste da África em particular.
Apesar de a coca ser cultivada apenas em três países – Colômbia, Peru e Bolívia -, o relatório identifica uma crescente diversificação nas rotas de tráfico da cocaína.
Segundo o relatório, 51% das drogas apreendidas em carregamentos marítimos com direção à Europa entre 2006 e 2008 tinham origem na Venezuela. O Brasil era a origem de 10% dos carregamentos. A Colômbia, maior produtor mundial de coca até o ano passado, foi identificada como a origem de apenas 5% da droga apreendida.

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Perú niega que sea el mayor productor de coca
Redacción BBC Mundo, 23 de junio de 2010

La Oficina de Naciones Unidas contra la droga y el delito en Lima puso en duda un informe de ese mismo organismo en Bogotá que asegura que Perú superó a Colombia en la producción de hoja de coca.

La oficina de la ONU en Lima afirma que se usaron métodos distintos de medición.
En el documento se indica que por primera vez en una década Perú produce el 45% de toda la hoja de coca en la región andina, con unas 119.000 toneladas, mientras que Colombia pasó a producir el 39%, lo que se traduce en 103.000 toneladas.
Flavio Mirella, de la oficina en Lima, aseveró que tales cifras se obtuvieron midiendo conceptos distintos, ya que los colombianos miden la hoja secada al horno, que es el método usado por los narcotraficantes colombianos. En el Perú se midió la hoja secada al sol.

Lo clave aquí, según Mirella, es que la coca secada al sol pesa más que la que pasa por un horno.

La misma balanza

Esto significa que si en ambos casos se pesara la coca secada al sol Colombia seguiría adelante con 149.391 toneladas y Perú con 128.000.
El corresponsal de la BBC en Lima, Dan Collyns, indicó que esos número indican, en todo caso, una reducción significativa de la producción.
Sin embargo, pese a ese descenso, Colombia permanece como el principal productor de hoja de coca debido a que -como argumenta Mirella- todavía posee una mayor superficie de plantaciones de la hoja.
Sin embargo, estas cifras podrían cambiar rápido.
En 2009 los traficantes de drogas generaron US$22.000 millones en Perú, casi 17% de la economía del país, de acuerdo a cifras oficiales peruanas.
Además, según informa Collyns, los cultivos de coca se están extendiendo en nuevas áreas remotas.
Por ello el funcionario de la ONU advirtió que Perú podría alcanzar a Colombia muy pronto.
Aún así, esto confirma la tesis de expertos que aseguran que cuando los esfuerzos antidrogas se intensifican en un país, lo que sucede es que la producción se va a otro lado.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ministro racista quer implementar Apartheid mesmo sem lei...

Algumas pessoas não desistem em seus intentos racialistas. Em países normais, um ministro como esse já teria sido demitido pelo chefe de Estado, por pretender violar a ordem legal.
No Brasil, como é o governo o principal violador da legalidade constitucional, não podemos esperar algo desse tipo.
Mas que é inacreditável, isso é.
Uma terra sem lei...

Ministro estuda criar regra sobre cotas sem passar pelo Congresso
Mariana Oliveira
Do G1, 18/06/2010

Congresso aprovou estatuto da igualdade racial, mas deixou cotas de fora.
Eloi Araujo, da Igualdade Racial, diz que Lula sanciona estatuto em 20 dias.

São Paulo - O governo federal estuda criar uma regulamentação para o sistema de cotas para negros em universidades sem que o tema passe por discussão no Congresso, segundo informou o G1 o ministro da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Eloi Ferreira de Araujo.

De acordo com o ministro, o recém-aprovado Estatuto da Igualdade Racial possibilita que a regulamentação ocorra sem que uma lei sobre o tema seja discutida e aprovada pelos congressistas.

Na última quarta-feira (16), o Senado aprovou o estatuto, mas deixou de lado as cotas raciais, tema que gera divergência no próprio Congresso e na sociedade civil.

Na avaliação do ministro, o texto do estatuto prevê que sejam criadas ações afirmativas. Para ele, as cotas estão entre essas ações.

"Tem um projeto de lei que tramita no Senado, que trata da política de cotas especificamente. Agora nossa opinião é que, porque esse estatuto diz no capítulo da educação que o Poder Executivo deverá adotar ações afirmativas, isso dá ao Poder Executivo a condição de regulamentar essa política. Ações afirmativas para efeito desse estatuto consideram-se ações e medidas especiais adotadas pelo Estado e pela iniciativa privada para correção das desigualdades. Ação afirmativa é um instituto 'guarda-chuva'. Cotas é espécie, ação afirmativa é gênero. As cotas estão dentro das ações afirmativas."

Questionado se o tema não teria que passar por discussão no Congresso, o ministro afirmou: "Não precisa passar pelo Congresso porque o texto da lei assim nos dirige, diz que é possível fazer. Esse estatuto (da Igualdade Racial) é apenas extraordinário."

De acordo com Araujo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve sancionar o estatuto em 20 dias. "(A partir da sanção) estaremos dialogando com a subsecretaria de Assuntos Jurídicos da Presidência da República para estabelecermos como regulamentar os dispositivos dessa natureza. Nosso juízo é que é possível agora estabelecer a implementação das cotas porque existe uma lei que diz que podemos fazê-lo e diz que o governo deve adotar ações afirmativas na educação."

A reportagem interrogou se a regulamentação poderia ocorrer por meio de um decreto, mas o ministro disse que é preciso aguardar a sanção para começar essa discussão.

Na opinião do ministro, as cotas poderiam seguir o percentual da população negra dentro da população de cada estado. "O juízo é sonhar com o que o IBGE estabelece para cada estado. Aí a gente vai ter uma situação para cada estado. Em São Paulo, temos percentual bastante presente. Em Santa Catarina, menor percentual."

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse que, caso o governo regulamente as cotas, haverá questionamentos. "Isso é o que se chama de tentativa de fazer com que o Congresso brasileiro seja fechado ainda que esteja aberto. Se o presidente editar um decreto, o Senado pode sustar o decreto do presidente. Essa matéria tão polêmica deve ser regulamentada evidentemente através de uma lei." Demóstenes também disse que "o ministro se viu derrotado em uma posição e tenta dar um golpe".

Na avaliação do advogado especializado em direito da população negra Marco Antônio Zito Alvarenga, ex-presidente da Comissão do Negro e de Assuntos Antidiscriminatórios da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, quem deve decidir sobre as cotas é o Judiciário. "Na minha visão quem emerge como o grande baluarte para definir o conteúdo das cotas é o Judiciário."

Tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) desde o ano passado uma ação protocolada pelo Democratas que questiona a política de cotas. Não há previsão para o tribunal analisar o tema.

From budgets to "orssamentos": uma reflexao

Estou assistindo, neste mesmo momento, a uma longa retransmissao via BBC direto de Westminter, com a apresentação do novo orçamento britânico pelo chancellor of Exchequer, ou seja o ministro das Finanças britânico, e penso aqui comigo como somos diferentes, e atrasados, em matéria de transparência orçamentária e procedimentos operacionais para colocar em estado de funcionamento e aplicar um orçamento realista, factível, sobretudo adaptado às necessidades do momento.
Em meio a dezenas de cortes e aumento de impostos, anunciados clara e honestamente, o ministro anunciou que a Grã-Bretanha, a França e a Alemanha vão introduzir, mesmo sem acordo no G20, um imposto sobre operações bancárias (modulado segundo as operações e os montantes) que se destina não tanto a taxar transações financeiras em geral -- como alguns no Brasil gostariam de fazer -- mas simplesmente a recolher mais alguns bilhões por ano para financiar a imensa dívida doméstica e os déficits públicos que são enormes.

Creio que o Brasil, todos nós, brasileiros, sobretudo os parlamentares, temos muita coisa a aprender com o processo orçamentário britânico. Uma democracia que funciona continuamente por mais de três século, que discute e aprova regularmente o orçamento, constantemente, em tempos magros e mais gloriosos, na penúria e na abundância, sem jamais falhar em seus procedimentos, sem jamais ter o processo político interrompido, mesmo em meio a guerras e outras tragédias, deve ter algo a nos ensinar de bom.
Não sei se estamos em condições de aprender...

A frase da semana, a piada da decada, a mentira do...

Paulo Maluf: “A minha ficha é a mais limpa do Brasil”

Just that, and no comment...

Pausa musical: os tres terrores e a cancao tradicional italiana

Creio que cultura musical é importante, sobretudo quando ela vem com um conteúdo original do ponto de vista da história contemporânea:

http://www.youtube.com/watch?v=V2PfZWfikuY


Posso assegurar que a direção musical é da melhor qualidade, e a competência dos artistas não deixa nada a desejar aos três tenores originais...

Lei de Murphy diplomatica - editorial do Estadao

Bem, não era exatamente esse o título do editorial do Estadão, mas acho que traduziu o chamado "espírito da coisa". O Irã vem enganando a comunidade internacional, e sobretudo mistificando os esforços dos cinco membros permanentes do CSNU, de forma permanente nos últimos cinco ou seis anos, e seria uma enorme ilusão achar que, por força de uma bela amizade construída "em nível de" presidentes, com troca de gentilezas e tudo o que se tem direito, o país persa iria mudar da noite para o dia sua atitude irredutível de prosseguir com seu ambicioso programa nuclear.
Apenas os néscios, tolos, ingênuos ou propensos ao auto-engano podem acreditar nas reiteradas promessas quanto ao caráter pacífico desse programa, quando tudo leva a crer no contrário.
Apenas aqueles dotados de irrefreável vontade de brilhar nos cenários internacionais, aqueles necessitados do aplauso da galera, ou inclinados a mostrar ao império que país emergente também conta, eram capazes de acreditar que a conversão se faria apenas com base na conversa "olho no olho". Tinha tudo para dar errado e, como na lei de Murphy, deu errado. Não dá para demonstrar surpresa, nessas condições.
Apenas uma observação quanto à caracterização do editorialista do Estadão em relação à declaração de Teheran como um "acordo". Acordos, ou tratados, comportam uma descrição precisa de deveres, obrigações, direitos, modalidades de implementação, solução de controvérsias, cláusulas interpretativas, prazos, disposições transitórias, autoridades aplicadoras, enfim, um conjunto enorme de procedimentos formais que estavam ausentes do
"acerto" de boa-vontade feito na capital iraniana (já com o pré-aviso que principal "executor" se reservava o direito de interromper o "acordo" quando bem entendesse). Outra ingenuidade, ou incompetência.
Enfim, a história, se e quando documentos sobre as conversações forem revelados, fará um julgamento abalizado sobre esse balé diplomático que redundou em fracasso.

A confissão do chanceler
Editorial
O Estado de São Paulo, 22/06/2010

O presidente Lula e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, só podem culpar a si próprios por terem “queimado os dedos”, como acaba de reconhecer o chanceler, na tentativa de mediar, ao lado da Turquia, a crise em torno do programa nuclear iraniano. A chamada Declaração de Teerã, pela qual o Irã concordou em enriquecer no exterior 1.200 quilos de urânio para uso em um reator de pesquisas medicinais, foi celebrada pelo governo brasileiro como um triunfo da sua atuação diplomática em escala global.

O acordo não impediu, como se sabe, que os Estados Unidos conseguissem aprovar no Conselho de Segurança (CS) da ONU um quarto pacote de sanções contra a República Islâmica pela insistência em manter os seus projetos de enriquecimento de urânio, proibidos em decisões anteriores do CS. A recusa iraniana a se submeter irrestritamente à fiscalização da agência atômica das Nações Unidas, a AIEA, e a descoberta de instalações nucleares clandestinas no país também foram invocadas para justificar a nova rodada de punições. Só o Brasil e a Turquia votaram contra.

Numa entrevista ao jornal londrino Financial Times, publicada domingo, Amorim desenvolveu um raciocínio que colide com os fatos para anunciar que, de agora em diante, só a convite o Brasil voltará a se envolver com o problema iraniano de forma “proativa”. Segundo ele, foi como se Brasília tivesse levado uma rasteira de Washington. Nas suas palavras: “Queimamos os nossos dedos por fazer aquilo que todos diziam que seria útil e, no fim, descobrimos que algumas pessoas não aceitavam um “sim” como resposta.” A alusão aos Estados Unidos é óbvia.

O argumento se baseia na carta que o presidente Barack Obama enviou ao seu colega Lula em abril e que o governo mais tarde vazou para a imprensa a fim de provar que o Brasil foi incentivado a procurar uma solução negociada com o Irã. Na mensagem, embora duvide da disposição iraniana “para um diálogo de boa-fé” e advirta que “continuaremos a levar adiante nossa busca por sanções”, Obama considera que um acordo como o que seria selado em Teerã representaria “uma oportunidade clara e tangível de começar a construir confiança mútua”.

Não fosse pelo proverbial pequeno detalhe, a versão do Itamaraty se sustentaria. Obama não precisaria ter escrito o que pode ser lido como um claro encorajamento. Bastaria o silêncio para exprimir a sua presumível contrariedade com as gestões brasileiras. Entre a carta e a pronta rejeição americana à Declaração de Teerã, um mês depois, acentuou-se em Washington um debate em surdina ao cabo do qual a linha-dura personificada pela secretária de Estado Hillary Clinton prevaleceu sobre os moderados da Casa Branca.

O detalhe, por assim dizer, é que o Brasil não foi a campo no Irã porque os Estados Unidos o estimularam a ir e depois lhe teriam dado as costas. Pelo menos desde que se preparou a visita do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, em novembro do ano passado, o governo assumiu ostensivamente a intenção de se promover a mediador do contencioso sobre o programa nuclear suspeito de se destinar à produção da bomba atômica. Nos cálculos do Itamaraty, a iniciativa daria ao Brasil, na arena política global, o equivalente ao que significa o investment grade para as transações financeiras do País.

Tamanha certeza — ou soberba — levou o governo a tratar como impatrióticas as advertências sobre a desproporção entre os custos (reais) e os benefícios (eventuais) da empreitada lulista para desarmar um confronto que em última análise se entrelaça com os conflitos crônicos do Oriente Médio e com os interesses estratégicos dos Estados Unidos na região. Agora, o próprio ministro Celso Amorim se rende à força das coisas como elas são e não como ele e o presidente Lula, com o seu voluntarismo desenfreado, gostariam que fossem.

Mas até na hora de pensar o que devia ter pensado antes, o diplomata tenta debitar a terceiros países o malogro da política aventureira que chamuscou a imagem do Brasil como um interlocutor amadurecido e responsável. E tudo porque o presidente Lula imaginou que popularidade interna e liderança internacional são a mesma coisa.

Novos inimigos da liberdade na America Latina

Retrocessos são visíveis na evolução política (para pior) em diversos países da América Latina, onde diversos candidatos a ditadores (eleitos democraticamente) tentam se perpetuar no poder, constranger a oposição, domar e manietar a imprensa, colocar o setor privado a seu serviço.
Não preciso apontar os países: eles se mostram claramente. O editorial do Globo trata de alguns desses aspectos.

Cerco à liberdade
Editorial
O Globo, 21/06/2010

Assim como viveu um ciclo de ditaduras militares entre meados da década de 60 e a primeira metade dos anos 80, a América Latina respiraria a redemocratização. Não se previa, porém, que os ares das liberdades democráticas seriam intoxicados pelo ressurgimento do populismo salvacionista e autoritário que já havia contaminado a região na primeira metade do século XX.

Se, na Argentina de Perón e no Brasil de Vargas, o populismo trazia um DNA fascista, na sua reencarnação no século XXI, embora com táticas e cacoetes também mussolinescos — a própria CLT varguista foi inspirada na ditadura de Mussolini —, ele traja vestes de esquerda e brada slogans cubanos. Dos tempos de Perón e Vargas preserva o discurso nacional-estatista, ponto de contato entre direitistas e esquerdistas, entrelaçados em defesa de um “projeto nacional”.

Uma característica dessa onda populista é a busca de mecanismos de “democracia direta”, com a finalidade de contornar e tornar inócuos os pesos e contrapesos clássicos dos regimes republicanos de democracia representativa, caracterizados pela alternância no poder de políticos e partidos, assim como Justiça soberana, em condições de fazer mediações de quaisquer conflitos na sociedade.

O modelo chavista, em que plebiscitos servem para manipular massas e com elas dar um lustro de “democracia” num regime criado para ser crescentemente ditatorial, foi o mais exitoso em estabelecer esses canais diretos entre o salvador da pátria e o povo. Com a ajuda da oposição, que resolveu não concorrer às eleições legislativas de 2005, o coronel Hugo Chávez passou a ter o controle total do país. Lá o Estado é ele.

Faz parte deste receituário a realização de conferências nacionais, em que, supostamente, a sociedade se expressa por meio de reivindicações posteriormente remetidas para aprovação pelo Executivo e Legislativo. Na realidade, são reuniões controladas por grupos organizados da área sindical e dos chamados “movimentos sociais”, uma espécie de jogo de cartas marcadas. Na fase de organização da 1aConferência Nacional de Comunicação, as entidades Abert (rádio e TV) e ANJ (jornais) exigiram que fosse atendida uma premissa: nada flagrantemente inconstitucional deveria receber o aval da Confecom. Sintomaticamente, não foi aceita, o que, por si só, denunciou o sentido daquela conferência. As frações que se movimentam nesses espaços desejam ultrapassar os limites do estado de direito. Das 6 mil propostas encaminhas à Confecom, foram aprovadas 641. Mas há muita superposição. Além disso, parte ponderável do que foi chancelado na reunião plenária da conferência — 40% do total de 63 propostas — já é contemplado em projetos que tramitam no Congresso. Esta redundância reflete um aspecto positivo: existem os projetos, mas não tramitam por ser tratar de aberrações. É sinal que o Congresso cumpre o papel de barreira contra tentativas de se atropelar a Constituição por meio de, por exemplo, propostas para o “controle social” da mídia, neologismo que designa censura à imprensa, revogação do direito constitucional à livre manifestação de pensamento.

Onde há instituições republicanas funcionando, o artifício da “conferência nacional”, como se fosse um fórum de toda a sociedade, ideia falsa, é barrado. Na Argentina foi instituída a Lei de Meios, para quebrar a imprensa independente, a fim de subordiná-la ao Estado.

Mas a Justiça revogou parte dela. No Brasil, é o Congresso que age contra este cerco ao estado de direito, deve-se reconhecer.