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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Cuba: ate onde vai a inconsciencia de certos socialistas?

O texto abaixo, transcrito apenas em sua parte inicial e final, revela o quão alienados podem ser certos socialistas que lamentam, até hoje, o fim do socialismo, tal como o conhecemos, na prática e na realidade dos sistemas de planejamento centralizado, ao longo do século XX, cujo símbolo maior foi, sem dúvida, a finada União Soviética (mas que fez vários "filhotes" ao longo desse período de misérias e sofrimentos, e de algumas hecatombes humanas).
O autor lamenta que Cuba esteja sendo transformada no sentido capitalista. Certamente ele preferiria a preservação da miséria socialista e a manutenção de um horrendo sistema totalitária que condena a maior parte da população cubana a ser nada mais do que um joguete nas mãos de uma claque de déspostas pouco esclarecidos, ditadores na sua forma mais brutal, que alimentam o sonho do socialismo perfeito, ao mesmo tempo em que degradam, oprimem, escravizam toda uma população no altar de um sonho inútil.
Que ainda existam socialistas, no Brasil ou alhures, é uma realidade.
Que alguns deles consigam ser ridículos a esse ponto é algo extraordinário, que revela apenas a total alienação de certos acadêmicos que vivem num mundo de irrealidades cotidianas, ou de surrealismo político que chega a ser chocante pela sua inconsciência cruel.
Como classificar esse tipo de gente?
Apenas de cúmplices da ditadura e da opressão, inimigos da cidadania e das liberdades.
Paulo Roberto de Almeida

Cuba: Sob o signo da restauração capitalista
Mário Maestri, de Porto Alegre
Via Política, 14.12.2010

A restauração capitalista em Cuba marcha veloz a um desmonte semelhante ao observado na antiga União Soviética e no leste europeu.


A notícia foi brutal. Raul Castro anunciou nada menos do que o licenciamento de 500 mil trabalhadores da área estatal. Mutatis mutandis, qualquer coisa como desempregar 10 milhões de trabalhadores no Brasil! E tudo com vagas promessas de alguma ajuda e financiamento para os que pretenderem se estabelecer como trabalhadores independentes. Encerrando esse cenário dramático, as direções máximas da Central de Trabajadores Cubanos bateram continência concordando com a agressão histórica ao mundo do trabalho cubano e latino-americano.

O paradoxal anúncio constitui a parte mais explícita da aceleração do processo de restauração capitalista que a direção máxima cubana pretende sancionar quando do VI Congresso do Partido Comunista de Cuba. Movimento de desmonte da ordem socialista, iniciado há 15 anos, que se prepara para conhecer salto de qualidade através do “Proyecto de Lineamentos de la Política Econômica y Social”, de 1º de novembro, apresentado à militância comunista para ser aprovado no congresso do PCC de abril.
(...)
O golpe mais duro e imediato na população trabalhadora ativa e jubilada ligada ao setor público é o anunciado fim crescente da libreta de abastecimiento, criada para “distribuição normatizada, igualitária e a preços subsidiados”. Com a também proposta futura superação da dualidade monetária, a população será obrigada a procurar os bens mínimos para a subsistência no mercado livre, com moeda forte, de valor determinado pela nível de trocas internacionais. Aos desempregados e mal empregados, logicamente, as cascas!

A privatização anunciada das terras é ainda mais ambiciosa, pois devido aos desmandos da crescente privatização da economia, sob o comando de burocracia incompetente, atualmente mais de 50% das terras férteis encontram-se ociosas. Sem definição de limite, a entrega de terras aos interesses privados já em curso, abrirá espaço, certanebte, para o futuro ingresso de multinacionais do agronegócio, que saberão certamente valorizar, com o trabalho mal pago, os inúmeros engenhos açucareiros desmobilizados como improdutivos.

11/12/2010

Nota final (PRA):
Poucas vezes me foi dado ler um texto tão surrealista quanto este. Não consigo imaginar o que pode pensar um indivíduo como esse, se lhe fosse dado viver a realidade dos regimes socialistas (na verdade, hoje reduzidos a dois: a infeliz ilha de Cuba e um pedaço de promontório no nordeste asiático, a ainda mais surrealista Coreia do Norte).
Creio, sinceramente, que os socialistas brasileiros deveriam fazer um esforço de poupança para pagar um estágio de um ano de pessoas como esta num dos dois únicos sobreviventes do regime mais monstruoso que já existiu na modernidade planetária.






Um comentário:

Anônimo disse...

Interessante, mas não deixa de exalar certo humor ao comentar.
A quem, afinal, o regime estaria privatizando engenhos e outros equipamentos públicos? Em mais de meio século, a revolução não teria criado cidadãos responsáveis para explorar com responsabilidade, o que lhe fosse cedido pelo estado, para dar-lhe mais produtividade?
Na antiga URSS, depois de cerca de sete décadas, com a abertura, o que surgiu foi uma verdadeira usina de biliardários. Estes saíram a comprar até mesmo clubes de futebol na Europa e em outras partes do mundo.
Imaginava que até capitalistas o socialismo criasse maiores.
Dawran Numida