Reinaldo Azevedo, 9/01/2012
Todos acompanharam a história de Michael Cerqueira de Oliveira, aluno do colégio Lourenço Castanho, em São Paulo, que teve a nota de sua redação no Enem alterada: passou de “anulada” para 880 pontos, de um total de mil possíveis. Vale dizer: dois “corretores” haviam desclassificado a sua prova. O rapaz recorreu à Justiça, e resolveram lhe dar, numa escala de zero a 10, nota 8,8.
Michael é um dos sete estudantes que conseguiram na Justiça o direito de ver a prova, coisa a que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) resiste. Deve saber por quê… Um dos alunos que tiveram acesso à correção ficou espantado: um dos corretores lhe deu nota “zero”; o outro, 880 — uma pontuação excelente! O terceiro não teve dúvida: optou por 440… Entenderam?
Fernando Haddad, o inepto, escarnece da educação brasileira não é de hoje. Já escrevi vários textos demonstrando como este senhor, agora pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PT, maquia os números da educação. Aqui há uma síntese, com links para outros artigos. Haddad, sob o pretexto de extinguir os vestibulares de universidades públicas, criou um megavestibular, só que sem condições técnicas para garantir o sigilo das provas ou mesmo o acesso aos mais aptos.
O caso de Michael decorreu, certamente, de alguma confusão de marcação; sabe-se lá como, a sua prova acabou confundida com a de outro estudante. Segundo relato seu à imprensa, a razão da anulação que lhe foi apresentada era esta: “uso de impropérios ou desenhos com intenção de anular”. Mas o que dizer sobre a prova do rapaz que ganhou zero de um corretor, 8,8 de outro e 4,4 de um terceiro? O NOME DISSO É ARBÍTRIO, DISCRICIONARIEDADE!
Avaliação precária
Falta às boas escolas particulares do Brasil um pouquinho de tutano para enfrentar o Ministério da Educação. O Enem, afinal, pretende fazer também um ranking dos estabelecimentos de ensino. Por que me refiro às instituições privadas? Porque as públicas não vão querer comprar a briga.
O Enem comete o que chega a ser um crime educacional: a redação vale 50% do exame. Já seria um despropósito ainda que a correção obedecesse a critérios os mais técnicos e rígidos, o que, como se vê, não é o caso. Um redator apenas mediano, mas com um excelente desempenho em física, química, biologia e matemática, pode ser preterido por um concorrente com bom texto, mas supinamente ignorante em todas aquelas disciplinas. O resultado final, com esses critérios, não traduz a qualidade das escolas — e é o MEC quem faz o ranking, reitero.
O Enem, já marcado por jornadas históricas de incompetência do Inep, está se transformando numa caixa preta. Milhões de estudantes estão sendo avaliados, no fim das contas, pelos bons ou pelos maus bofes dos corretores de redação, que fazem, como se vê, o que lhes dá na telha. Quando um terceiro é chamado a arbitrar uma grande divergência, ele prefere somar as notas díspares e dividir por dois…
É o padrão Haddad de qualidade.
INÉP(cia) na educação!
ResponderExcluirVale!
Trechos de um artigo de Guilherme Fiuza.
ResponderExcluir"Com a debandada do prefeito Gilberto Kassab – o curinga de aluguel da política brasileira – para a candidatura recém-anunciada de José Serra, o ex-ministro da Educação [Haddad] disse o seguinte: “Fico mais tranquilo, porque vou representar melhor as ideias em que acredito. Está mais adequado o candidato ao discurso”. Tradução: eu ia fazer um discurso favorável à situação, mas, como o atual prefeito deixou de ser meu aliado eleitoral, vou poder fazer um discurso de mudança.
Depois dessa declaração, podem acusar Haddad de qualquer coisa, menos de inibição. Nunca se viu um político assumir com tanta franqueza: eu quero o poder, o discurso eu vejo na hora.
"[...] Se educar não dá ibope, Haddad teve uma sacada genial no MEC: deseducar. Foi a público defender livros didáticos com erros de português, dizendo ao povo que não aceitasse a discriminação linguística. Viva a revolução."
http://www.imil.org.br/artigos/sao-paulo-ultima-fronteira/