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sábado, 21 de abril de 2012

A (nao) frase da semana: defesa da industria e protecionismo


É esse país que não vai deixar a sua indústria, que é uma indústria razoavelmente complexa, ser sucateada por nenhum processo de desvalorização de moedas nem por guerras comerciais que utilizam métodos, eu diria assim, não muito éticos.
Pronunciada pela presidente da República, no dia do diplomata (20/04/2012), no Itamaraty.
PRA:
Se ouso comentar seria no seguinte sentido.
A indústria relativamente complexa do Brasil vem sendo prejudicada, desde muitos anos aliás, não pela desvalorização de moedas estrangeiras, nem por guerras comerciais. Não vejo nenhum país desenvolvido ou em desenvolvimento empenhado em uma guerra comercial contra o Brasil; não existe irrupção monstruosa de produtos de países desenvolvidos no Brasil. Existe um surto de importações que vem de outro lugar, um aliado do famoso Brics, sempre poupado de qualquer culpa no cartório.
A China, que obviamente não é absolutamente mencionada nesse tipo de declaração -- que se dirige, supostamente, aos países ricos, autores de um fantasmagórico "tsunami monetário" que estaria, de forma deliberada, prejudicando o Brasil -- poderia até ser acusada desse tipo de prática, mas ela não desvaloriza a moeda; ao contrário, o yuan estava teoricamente ancorado no dólar, agora se valorizando progressivamente.
Não os países, mas suas empresas, simplesmente, exportam para quem compra, as simple as that. Não é culpa dessas empresas que importadores brasileiros QUEIRAM importar delas, por razões de qualidade e preço (e lucro para os importadores, evidentemente). Ninguém importa por caridade, para prejudicar alguém, ou como tática conspiratória para desindustrializar um país.
Quais seriam os métodos pouco éticos que alguns escolhem para exportar? Por acaso obrigam os consumidores a escolher seus produtos? Seria a subvaloração? Mas um exportador, ou fabricante faz isso contra seus lucros ou tem condições de oferecer mais barato?
Agora, se existe um inimigo da indústria brasileira, esse inimigo se chama Estado brasileiro, pela carga fiscal, pelo custo do capital, pela falta de infraestrutura, pelos preços cartelizados, enfim, pelo "conjunto da obra", que costuma responder pelo nome de "custo Brasil", um slogan que esconde vários elementos estruturais e muitos outros de tipo político, ou seja, escolhas do governo e da sociedade.
Refletindo, portanto, ou simplesmente constatando, chegamos ¡a conclusão, cristalina, de que todos os problemas da indústria brasileira são, inequivocamente, made in Brazil.
Quando é que o governo, em lugar de buscar bodes expiatórios no estrangeiro -- e nos lugares errados, além de tudo -- vai se ocupar das causas verdadeiras da desindustrialização brasileira?
Paulo Roberto de Almeida 

Um comentário:

Leandro Pereira disse...

"Enquanto François Hollande propõe aumentar a alíquota de imposto para 75% sobre ganhos superiores a um milhão de euros por ano, Mélenchon diz que, se eleito, o Estado vai taxar em 100% tudo que o contribuinte ganhar acima de 360 mil euros por ano. Com essa política fiscal, pretende financiar o aumento do salário mínimo, a volta da aposentadoria aos 60 anos, recuperar os serviços públicos devastados por Sarkozy, além de construir moradias populares."

Estou assustado com a ignorância francesa e achando que o Brasil é um grande "país liberal".