Esvaziado, Itamaraty passa por teste de fogo
Crise no Mercosul é primeiro grande desafio regional do ministro
Patriota, que enfrenta falta de sincronia com Dilma; Fontes em Washington, Brasília e Genebra veem redução da estatura do
Brasil em debates e da projeção global do país
Folha de S.Paulo, 9 de julho de 2012
LUCIANA COELHO, DE WASHINGTON
NATUZA NERY, DE BRASÍLIA
A crise no Mercosul, com a sucessão no Paraguai e a entrada da Venezuela no bloco, lançou a diplomacia brasileira e o chanceler
Antonio Patriota em seu primeiro grande teste como líder regional.
O desafio será a falta de sincronia entre o
Itamaraty e a presidente Dilma Rousseff. Observadores privilegiados da
"corte" em Brasília, Washington e Genebra ouvidos pela Folha e
que pediram reserva do nome diagnosticam: a Chancelaria não se adequou ao
estilo da presidente.
Desde que ela assumiu, ocorre um esvaziamento da
posição brasileira em fóruns internacionais e em debates sobre temas
relevantes, frustrando ambas as partes.
Uma autoridade graduada de uma organização
internacional avalia que houve um momento em que a política externa
brasileira, no governo Lula e no governo FHC, "era melhor do que o
país". Hoje, entretanto, o país é melhor que a política externa, o que
faz o Brasil jogar numa "liga inferior à sua".
Dilma gosta de deixar claro que ela e os diplomatas
não falam a mesma língua (neste ano, ela faltou ao almoço dos formandos do
Instituto Rio Branco e evitou a foto com eles). A relação com Patriota
reflete isso.
Ao assumir, a presidente mostrou que queria uma
"diplomacia de resultados". Os diplomatas são sua antítese na mesa
de negociação: enquanto ela é dura, eles sempre buscam o consenso.
Patriota está fazendo -segundo um diplomata
familiarizado com a dinâmica entre os dois- o que ele acha que a presidente
quer que ele faça, o que "está errado".
O chanceler não é o único a levar broncas públicas
de Dilma, mas seu estilo reservado fez dele alvo recorrente.
Quando o Brasil emitiu nota sobre os ataques na
Líbia, por exemplo, interlocutores contam que Dilma ficou furiosa e exigiu
que todos os posicionamentos do Itamaraty lhe fossem submetidos.
Em visita aos EUA, em abril, Dilma desmarcou a
entrevista de Patriota com jornalistas americanos. O episódio ilustra sua
política externa: a visita ficou quase imperceptível na imprensa local.
CENTRALIZAÇÃO
Como em outras áreas, a presidente concentrou em si as decisões. Mas,
fora do país, são crescentes as críticas de que Dilma tem pouco apreço por
temas externos e isso começa a reduzir a projeção do Brasil. Por outro lado,
nenhum de seus movimentos foi considerado desastroso, e o peso econômico do
país garante alguma voz a Brasília.
"Já sabíamos que ia encolher, mas encolheu demais", diz um
diplomata. Para outro, o país começa a voltar, politicamente, à
"periferia".
Nas entrevistas para esta reportagem, as frentes diplomáticas que
emergiram pouco têm de política externa.
É o caso da "guerra cambial", bandeira emprestada da
economia e usada em fóruns mundiais, e do programa Ciência Sem Fronteira, que
Dilma pôs no topo de sua agenda na visita aos EUA, mas que ainda engatinha.
A outra frente é negativa: a rusga com a Organização dos Estados
Americanos após esta pedir a suspensão da construção da usina de Belo Monte,
que culminou na retirada do embaixador brasileiro da OEA, Ruy Casaes.
De acordo com uma pessoa envolvida no episódio, a presidente tinha
razão em reclamar, mas a reação foi considerada exagerada e atraiu mais
atenção para o tema.
Recentemente, Dilma avaliou positivamente o resultado da Rio +20. O
timing escolhido, porém, contribuiu para a ausência de nomes de peso como
Barack Obama, David Cameron e Angela Merkel, mais preocupados com agendas
domésticas ou a crise.
A predileção da presidente pela agenda econômica acabou deixando o
protagonismo na política externa com o Planalto, com o assessor Marco Aurélio
Garcia reemergindo, e com a Fazenda.
Hoje, é a equipe do ministro da Fazenda, Guido Mantega, quando não ela
mesma, que escreve os pontos de negociação da presidente, com os diplomatas
informados tardiamente das decisões.
Brasil: divergencias entre Rousseff
y canciller sobre Paraguay
Por ANSA
La presidenta
brasileña Dilma Rousseff ha demostrado estar poco conforme con el canciller Antonio
Patriota, que enfrentó una “prueba
de fuego” en la crisis política paraguaya tras la destitución del ex mandatario
Fernando Lugo.
“Hay falta de sincronización” entre la
mandataria, quien tiene menos prestigio internacional que sus predecesores Luiz
Lula da Silva y Fernando Henrique Cardoso, y su canciller dijeron fuentes
diplomáticas y expertos consultados por Folha de Sao Paulo en Estados Unidos,
Suiza y Brasilia.
Estas
discrepancias no son secreto para nadie en los corrillos políticos de Brasilia,
dado que Rousseff ha criticado en
público a Patriota con cierta
frecuencia, reporta el matutino.
Rousseff concede poca
importancia a su agenda internacional, en nítido contraste con lo que fue la
agenda externa de Lula, y esto también redujo el peso no sólo de Antonio Patriota, sino del propio Palacio Itamaraty.
“Nosotros ya
sabíamos (que la política externa) iba a encoger, pero lo cierto es que encogió
demasiado”, dijo un diplomático que pidió anonimato.
Todos estos
factores hicieron que Patriota se
encontrara en una situación políticamente débil cuando estalló la crisis
paraguaya que desembocó en el juicio político a Lugo y la asunción del nuevo
presidente, Federico Franco.
En tanto otras
fuentes estimaron que la diplomacia brasileña reaccionó con alguna demora a la
situación en Paraguay, país donde siempre fue importante la influencia de
Brasilia, según publicó el diario Correio Braziliense.
Paraguai – Última Hora
Hay tensión entre Dilma y Patriota por el
manejo de la situación en Paraguay
El desempeño del Ministerio de Relaciones Exteriores de Brasil en la crisis institucional en
Paraguay colocó a la cúpula de la diplomacia brasileña en jaque. El canciller
Antonio Patriota y el asesor internacional
de la Presidencia, Marco Aurélio García, sufrieron un considerable desgaste en
el gabinete de Dilma Rousseff.
El rumor indica que María Luiza Viotti será la próxima canciller.
La crisis provocada por la caída del expresidente Fernando Lugo fue más
allá de las fronteras de Paraguay, ganó contornos de conflicto regional y
amenazó con convertirse en un gran dolor de cabeza para el gobierno de Rousseff.
"No son suficientes todos los cuestionamientos al juicio político con
aires de golpe blando para ocultar la acción torpe –de acuerdo a los críticos–
del Ministerio de Relaciones Exteriores de Brasil,
que puso al país en una situación delicada respecto de un vecino estratégico, y
desgastó la cumbre de la diplomacia que ocurrió en la ciudad de Mendoza,
Argentina", dice un informe divulgado por la web Urgente24.com.
Integrantes del gobierno de coalición presionaron a Rousseff, reclamando hasta el despido del ministro de Relaciones
Exteriores.
Quienes se oponen a la continuidad de Patriota
han difundido que, en los días recientes, Dilma
ya habría contemplado designar a una mujer al frente de la Cancillería: la
embajadora María Luiza Viotti, jefa de la misión de Brasil ante la Organización de Naciones Unidas, en Nueva York, EE.
UU.", de acuerdo al semanario IstoÈ.
Si bien el debate era muy interno dentro del gabinete de Dilma, fue inocultable cuando fue
obligado a renunciar el embajador retirado Samuel Pinheiro Guimarães, hasta
entonces alto representante ante el Mercosur –una especie de canciller del bloque
regional–.
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