Abaixo, recolhido dos comentários de uma coluna de jornalista conhecido, que transcrevia material sobre a mais recente delação envolvendo o chefe da quadrilha, um diálogo imaginário construído por apparatchiks oficiais, ou por true believers dotados de certa convicão racional, no sentido de corroborar os argumentos do grande visado, quanto a não haver prova nenhuma -- documento, assinatura, ordem gravada -- que o vincula a todos os crimes de que é acusado.
O homem é, por assim dizer, impoluto, ou seja, não existe nada que o acuse, documentalmente.
Parece, portanto, com aqueles "crimes perfeitos", nos quais se tem a profunda convicção de que se está em face do criminoso, mas não existe nenhuma prova material a incriminá-lo.
No caso do chefe da quadrilha, porém, há muito tempo que ele estaria condenado a prisão perpétua, nos EUA, por exemplo, por efeito daquilo que os magistrados americanos chama de "compelling evidences".
Em setembro de 2016, o procurador Deltan Dallagnol já tinha apresentado um famoso PowerPoint, no qual todas flechas dos crimes perpetrados convergiam para o centro, onde estava, justamente, o personagem em questão.
O criminoso perfeito.
Paulo Roberto de Almeida
Mano do céu...
- Que foi?
- O Palocci ferrou o Lula. Você viu?
- Não vi. O que foi que ele falou?
- Que o Lula sabia de tudo.
- Eita. Tipo o quê?
- O esquema com a Odebrecht.
- Vixe. Agora vai.
- Vai.
- E ele mostrou uns áudios?
- Não.
- Uma sala repleta de mala de dinheiro?
- Não.
- Já sei: contas no exterior?
- Não.
- Extratos bancários?
- Não.
- Uma compra de sentença?
- Não. Nada disso.
- Pelo menos um helicóptero com coca?
- Não.
- Algum depósito na conta da Marisa?
- Neca.
- Palocci pelo menos participou das negociações?
- Diz que não. Mas o molusco contava para ele depois.
- Contava?
- É.
- Tem vídeo disso?
- Não.
- Gravação?
- Não.
- Grampo?
- Não.
- Testemunha?
- Não.
- Eram só ele e Lula? Ninguém mais viu?
- Só os dois. Petralhas.
- E a delação foi homologada?
- Foi.
- O juiz aceitou?
- Claro!
- Saquei.
- Não é incrível?
- Realmente. É incrível.
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