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sábado, 12 de outubro de 2019

Rodrigo Constantino: como agem os mercenários do poder

Os blogueiros de crachá: Moura Brasil expõe militância virtual ligada ao governo
por Rodrigo Constantino

Felipe Moura Brasil, diretor de jornalismo da Jovem Pan, publicou uma longa reportagem muito importante na revista Crusoé, expondo nomes e como atuam os militantes virtuais do bolsonarismo, agindo desde dentro do governo. Eis o resumo:

“De fato, trata-se de uma espécie de petismo com sinal trocado, na linha do que já havia denunciado Janaina Paschoal, que percebeu postura similar àquela dos seguidores de Lula.”

Um dos nomes que mais aparecem, para surpresa de ninguém que conheça os bastidores da direita populista, é o de Filipe G. Martins, assessor da Presidência para assuntos internacionais. Quem tiver interesse em conhecer melhor o perfil dele, recomendo essa reportagem da Época.

O jovem, que exerce bastante influência em Bolsonaro por ser uma espécie de preposto de Olavo de Carvalho no governo, atua diretamente na articulação dessa militância. Como "analista", mais parecia o goleiro Muralha, sempre pulando para o mesmo lado e cantando a vitória da direita. Acertava metade. E "analisava" desde a posição de membro de diretório de partido, com cargo no PSL e de olho num eventual cargo no governo em caso de vitória do "seu" candidato. Analista independente é isso!

Vera Magalhães comentou o caso no Jornal da Manhã de hoje:
(...)
Vera é alvo constante dessa "milícia digital" bolsonarista, assim como tantos outros jornalistas. Carlos Andreazza, por exemplo, que também comentou a reportagem:

“Até os ministros Paulo Guedes e Sergio Moro são alvos dessa turma. Sabemos que os nacional-populistas e reacionários influenciados por Olavo e Bannon não engolem os liberais, e enxergam em Guedes um instrumento útil no momento, nada mais.”

Filipe G. Martins, chamado de Robespirralho ou Sorocabannon nas redes sociais, foi o responsável pela barrigada no caso da OCDE, criando um baita alarde na época do apoio de Trump, como se fosse sinônimo já de vitória e ingresso no "clube dos ricos". Esses dias soubemos que não é bem assim que as coisas funcionam no mundo da diplomacia real...

A militância foi imediatamente acionada, ao que tudo indica, para entrar em campo defendendo o jovem assessor e o governo. A mídia só espalharia Fake News, dizem. A reação é a prova da falta de humildade desse pessoal para reconhecer um erro. Venderam um peixe que não foram capazes de entregar, e agora atacam o mensageiro. Comentamos isso no Jornal da Manhã hoje:

É constrangedor ver o malabarismo dos bolsolavistas para defender Filipe. "A OCDE tem regras", "a Argentina já estava na fila" etc. Ora, então qual foi a razão de toda aquela empolgação eufórica do assessor à época da notícia do apoio americano? Daqui a pouco, se até isso fracassar na frente, vão resgatar o globalismo e desqualificar a própria OCDE como irrelevante ou instrumento dos comunistas. Haja pano para passar.

Para Rubens Ricupero, ex-embaixador nos Estados Unidos, "estamos colhendo a humilhação pública depois de todo festejo". O diplomata de carreira Paulo Roberto de Almeida, alvo da militância por ter discordado de Olavo num debate sobre globalismo, comentou: "Ricupero volta a sublinhar o que é relevante nos fatos, não nas alucinações exteriores do olavo-bolsonarismo diplomático, feito de retórica vazia. Vou atualizar minha lista das NÃO realizações da 'política externa para o povo'."

O jornalista Merval Pereira, em sua coluna de hoje, resgatou a frase atribuída a Dulles de que não há países amigos, mas interesses comuns, e acrescentou:

“A propalada amizade entre Trump e a família Bolsonaro, base para a defesa de uma política externa atrelada aos Estados Unidos, começa a ser desmistificada pelos próprios americanos, que ontem aceitaram Argentina e Romênia no chamado “clube dos ricos”, sem abrir brecha para o Brasil, o que fora anunciado como a grande vitória alcançada na visita do presidente Bolsonaro aos Estados Unidos.

A indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada americana, apesar da visível falta de qualificação, subiu no telhado agora. Afinal, o trunfo usado era justamente a "amizade" entre os dois presidentes. Mas e se essa "amizade" pouco quer dizer na prática? Não é assim que se constrói relações republicanas. O "jeitinho" personalista pode ter raízes profundas fincadas na cultura brasileira, mas não se pode dizer o mesmo da América.”

Filipe Martins e essa militância dos "blogueiros de crachá", e Eduardo Bolsonaro com sua obsessão pela embaixada e por assassinar a reputação de eventuais críticos do governo, como tentou fazer comigo usando uma mentira patética acerca do meu passado no mercado financeiro, representam o que há de pior no governo Bolsonaro. E o fato de serem tão influentes na cabeça do presidente é o que mais assusta..."

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