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quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Revista Exame discute a segunda metade do mandato de Bolsonaro - Alessandra Azevedo, Carla Aranha

 

A segunda metade do mandato de Bolsonaro será melhor?

  • O país voltará a crescer na segunda metade do governo Bolsonaro?

Pelo menos uma vez por semana o presidente Jair Bolsonaro costuma viajar pelo país. No dia 11, ele participou da cerimônia do Dia do Marinheiro, em Itaguaí, no Rio de Janeiro. No final de novembro, partiu para Flores de Goiás, uma pequena cidade goiana, para entregar títulos de regularização de posse de propriedades rurais. A despeito da pandemia de covid-19 que já vitimou 181.000 brasileiros, invariavelmente a comitiva de Bolsonaro é aplaudida por onde passa — e o presidente não se furta a tomar um pingado na padaria local e a posar para fotos. Mas, além de elogios de aguerridos apoiadores, o presidente tem recebido pedidos para que o país volte a ter mais empregos e a crescer. A crise econômica gerada pela covid-19 impôs uma contração de 4,4% no produto interno bruto e criou uma massa de quase 14 milhões de desempregados, o que levou a uma taxa recorde de 13,6% de pessoas sem trabalho. Junto veio a perda da renda do trabalhador, que caiu 20%, e o custo de vida encareceu — só a inflação dos alimentos subiu 11% em 2020. Bolsonaro, portanto, inicia a segunda metade de seu mandato diante de um desafio único: arrumar a economia brasileira enquanto precisa vacinar grande parte dos 210 milhões de habitantes.

Como tantos outros países, o Brasil sofreu um revés sem precedentes em 2020 por causa da pandemia. Neste ano, os gastos para socorrer a população e as empresas devem somar 605 bilhões de reais, o que representa quase 9% do PIB. Junto com outras despesas, o déficit fiscal deverá somar 912 bilhões de reais, um recorde. A dívida pública alcançou cerca de 95% do PIB, o que pressiona ainda mais as contas. Do ponto de vista econômico, 2021 deverá ser um ano de passagem entre uma crise profunda e uma expectativa de uma economia mais azeitada apenas em 2022, quando Bolsonaro entrará na reta final de seu mandato, e suas ambições eleitorais estarão mais latentes do que nunca. A expectativa é que o país cresça 2,9% em 2021, segundo estimativas do banco Santander. Num mundo sem pandemia, seria um desempenho bom para a economia brasileira, mas esse número não dá conta de compensar as perdas da crise. “Para o país conti­nuar crescendo, será preciso levar adiante as reformas e trabalhar intensamente para que outras pautas econômicas que ficaram paradas comecem a andar”, diz o analista político Lucas de Aragão, sócio diretor da consultoria Arko Advice.

Os primeiros dois anos de mandato do presidente Bolsonaro tiveram momentos muito distintos. No primeiro ano de governo, em 2019, a maior vitória foi a aprovação da reforma da Previdência, que deverá entregar uma economia de 26,1 bilhões de reais aos cofres públicos já em 2021. Mas a conquista superlativa do presidente foi ofuscada por polêmicas acessórias, como a tentativa de emplacar seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), como embaixador nos Estados Unidos. Já o segundo ano do mandato foi engolido pela pandemia e todos os reveses inerentes à crise sanitária. Da aposta na cloroquina ao menosprezo da gravidade da covid-19, o presidente se colocou ora como adversário, ora como coadjuvante no enfrentamento da pandemia. É verdade também que o governo Bolsonaro teve um êxito incontestável: a aprovação do auxílio emergencial que beneficiou 66 milhões de pessoas e se tornou um dos mais ambiciosos programas de alívio dos efeitos da crise no mundo. Ainda que o mérito da aprovação de um valor mais robusto da ajuda seja do Congresso, e não do Executivo, o presidente tem sido recompensado com uma alta aprovação de seu governo — segundo a pesquisa EXAME/IDEIA do início de dezembro, 35% dos brasileiros avaliavam o governo como ótimo ou bom.

interlocução entre o Congresso e o governo na primeira metade do mandato. 

Membros da equipe econômica, como o ministro Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não se furtaram a levar a público discussões sobre temas essenciais para o país, como a proposta de reforma tributária do governo e a PEC Emergencial, que define regras para o controle de despesas e o cumprimento do teto de gastos. No fim, quase nada andou. No dia 15 de dezembro, no fechamento desta edição, Maia ainda cogitava suspender o recesso de fim de ano do Congresso para tentar votar a PEC Emergencial, apresentada originalmente no final de 2019. Já as reformas tributária e administrativa (o objetivo desta última é diminuir o tamanho do Estado brasileiro reduzindo o custo do funcionalismo público) ficaram para 2021. Ambas são consideradas medidas essenciais para a retomada no pós-pandemia.


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