O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador Comércio internacional. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Comércio internacional. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 17 de junho de 2021

A irresistível ascensão da China como maior exportador global - Visual Capitalist

 The rise of a trade titan: China

Share of global exports of goods (%), leading economies, 1978-2020 

Chart: Carlos Razo based on UNCTADStat • Data at 6 April 2021

Animated Chart: 40 Years of Soaring Exports in China


Visual Capitalist, June 16, 2021

China has the second highest GDP in the world, and it exports 15% of all the world’s goods. But how did this come to be?

A mere 40 years ago, China’s economy was in an entirely different situation, making up less than 1% of global exports and still in the infancy stages of building its economy. The above animated chart from the UNCTAD showcases China’s rise to global trade dominance over time.

Timeline: The Rise to Power

The China of the mid-20th century looks remarkably different when compared to the modern-day nation. Prior to the 1980s, China was going through a period of social upheaval, poverty, and dictatorship under Mao Zedong.

The 1970s

Beginning in the late 1970s, China’s share of global exports stood at less than 1%. The country had few trade hubs and little industry. In 1979, for example, Shenzhen was a city of just around 30,000 inhabitants.

In fact, China (excluding Taiwan* and Hong Kong) did not even show up in the top 10 global exporters until 1997 when it hit a 3.3% share of global exports.

*Editor’s note: The above data comes from the UN, which lists Taiwan as a separate region of China for political reasons.

The 1980s

In the 1980s, several cities and regions, like the Pearl River Delta, were designated as Special Economic Zones. These SEZs had tax incentives that worked to attract foreign investment.

Additionally, in 1989, the Coastal Development Strategy was implemented to use strategic regions along the country’s coast as catalysts for economic development.

The 1990s and Onwards

By the 1990s, the world saw the rise of global value chains and transnational production lines, with China offering a cheap manufacturing hub due to low labor costs.

Rounding out the ‘90s, the Western Development Strategy was implemented in 1999, dubbed the “Open Up the West” program. This program worked to build up infrastructure and education to retain talent in China’s economy, with the goal of attracting further foreign investment.

Finally, China officially joined the World Trade Organization in 2001 which allowed the country to progress full steam ahead.

Made in China

Today China is a trade giant and manufacturing behemoth. Only the U.S. and Germany come close to its share of global exports, sitting at 8.1% and 7.8% respectively.

China’s manufacturing industry has become dominant in producing just about anything from commonplace household items to integral pieces in automotive manufacturing. Some staples of Chinese manufacturing are:

  • Precision instruments
  • Semiconductors
  • Industrial machinery for computers and smartphones

COVID-19 made China’s integral role in the global economy even more visceral, as major delays in the supply chain occurred when the virus hit the country.

An Economic Superpower

In 2021, China’s trade recovery from the crisis has bested most other countries—in Q1 2021, its exports grew by almost 50% compared to the previous year’s quarter, to around $710 billion.

And the country is not slowing down any time soon. Further plans for economic development are well under way, like Made in China 2025, with the goal of becoming a dominant player in global high-tech manufacturing. Additionally, the famous One Belt, One Road initiative has been funding infrastructure projects globally over the past decade, and the country is also a founding member of the RCEP—which is soon to be the world’s biggest trading bloc.

However, China still faces a series of challenges, such as:

  • Population decline
  • The onset of labor saving technology
  • Trade wars with U.S. and sanctions from other trade partners, like Europe
  • The emergence of ASEAN trade powers, like Vietnam

A declining population has many implications like a shrinking workforce and domestic market. Additionally, many companies are setting up shop in less costly manufacturing hubs like Vietnam.

Furthermore, inexpensive innovations in labor-saving technologies, such as robotics and automation, have already begun to undermine the cheap manual labor that has made China the world’s manufacturer.

All of these elements and more could potentially spell a slowing of growth in China’s export dominance. However, while the future for China may not be certain, currently, global trade and production could not function without it.


segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

O Fim de Bretton-Woods?: a longa marcha da Organização Mundial do Comércio (1994) - Paulo Roberto de Almeida

 O FIM DE BRETTON-WOODS?: A LONGA MARCHA DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO 

Paulo Roberto de Almeida

Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas. Mestre em Economia Internacional. Ex-Professor de Sociologia Política na Universidade de Brasília e no Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores.

Publicado na revista Contexto Internacional

(Rio de Janeiro: vol. 16, n. 2, julho-dezembro 1994, p. 249-282; ISSN: 0102-8529, impresso; 1982-0240 online; link: http://contextointernacional.iri.puc-rio.br/media/Almeida_vol16n2.pdf); divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44789239/427_O_fim_de_Bretton_Woods_A_longa_marcha_da_Organização_Mundial_do_Comércio_1994_).

 

Sumário: 

1. Introdução

2. Uma Nova Configuração para o Comércio Internacional

3. A Ordem Econômica Mundial do Pós-Guerra

4. As Organizações Econômicas de Bretton-Woods

5. O Brasil em Bretton-Woods

6. De Bretton-Woods a Havana

7. OIC: A Primeira Organização para o Comércio Mundial

8. O GATT e as Rodadas de Negociações Tarifárias

9. Comércio Desigual: Os Países em Desenvolvimento

10. A Rodada Uruguai: Os Novos Temas e a Agricultura

11. A Ata Final da Rodada Uruguai e os Acordos Setoriais

12. A Organização Mundial do Comércio: A Última das Três Irmãs

13. A OMC: Mais Democrática que as Instituições de Bretton-Woods?

14. O Fim de Bretton-Woods?

 

Resumo: O artigo expõe a evolução histórica e analisa, em perspectiva comparada, a estrutura jurídico-política do sistema multilateral de comércio, desde a reorganização da ordem econômica mundial, em Bretton-Woods, e da Conferência sobre Comércio e Emprego em Havana, em 1947-48, até a conclusão da Rodada Uruguai do GATT, que resultou na criação da Organização Mundial do Comércio. Atenção especial é dada à participação do Brasil nesses eventos, como um dos principais atores do grupo de países em desenvolvimento. Os grandes princípios multilateralistas estabelecidos no pós-guerra para regular as relações comerciais internacionais, que passaram a ser administradas “provisoriamente” pelo Acordo Geral de 1947, não tinham, até agora, recebido a cobertura de uma organização que deveria finalizar o tripé institucional concebido em Bretton-Woods, alinhando-se ao FMI e ao BIRD. A OMC passa, em princípio, a ter um importante papel político e institucional em termos de uma mudança nos processos decisórios e nos mecanismos de funcionamento das relações econômicas internacionais, já que ela é formalmente mais democrática e igualitária que suas “irmãs” mais velhas de Bretton-Woods, baseadas em um sistema ponderado de decisão fortemente dominado pelos países mais ricos.


quarta-feira, 25 de novembro de 2020

India e Brasil: unidos no protecionismo e no mercantilismo: fora do RCEP economia da India vai diminuir no mundo

 A Índia e o Brasil sempre foram parceiras na rejeição de todas as propostas de abertura comercial feitas ao longo dos anos no Gatt e na OMC, e sempre lideraram os outros países em desenvolvimento para se oporem a quaisquer medidas de liberalização comercial ou de investimentos, sendo ainda ferozmente opostos à inclusão de serviços, de investimentos e de propriedade intelectual no sistema multilateral de comércio. Tanta obsessão no "anti-comercialismo" – como diria nosso patético chanceler – tem um preço: a despeito de serem ambas grandes economias – pelo tamanho do país e da população – são anões comerciais, com uma participação medíocre nos grandes fluxos. Isso apesar de que é o setor externo que garante boa parte do crescimento nas duas economias.

Paulo Roberto de Almeida


India’s rejection of RCEP and free trade will make it poorer and less relevant

The Regional Comprehensive Economic Partnership was an opportunity to recapture India’s success through economic liberalization. India now finds itself isolated and has compromised its influence in a region where economic integration has become a top priority for most countries

Mohamed Zeeshan

South China Morning Post, Hong Kong – 24.11.2020

 

A day after the  Regional Comprehensive Economic Partnershipm(RCEP) agreement was concluded in India’s absence, Indian Minister of External Affairs Subrahmanyam Jaishankar launched a scathing attack on trade and globalisation.

“In the name of openness, we have allowed subsidised products and unfair production advantages from abroad to prevail,” he said, asserting that the Indian government had decided to move away from trading arrangements in pursuit of an Atmanirbhar Bharat, or self-reliant India.

“The effect of past trade agreements has been to deindustrialise some sectors,” he said. “The consequences of future ones would lock us into global commitments, many of them not to our advantage.”

Some people might see Jaishankar’s comments as a jibe at China. Indians often complain that the Chinese unfairly subsidise domestic production and then dump their products in the Indian market. Indians also argue that, while China is able to dump its manufactured goods in India, Indian exports in the pharmaceutical and information technology sectors are subject to crippling restrictions by China.

India’s allergy to trade – and the foreign minister’s comments – goes far beyond China, though. For several years, India has struggled to agree on trade liberalisation with myriad partners, from Australia to the European Union and even Sri LankaBetween 2016 and 2020, India introduced the second-highest number of trade restrictions among all Group of 20 economies, according to the Global Trade Alert database.

Despite its obvious geopolitical value, India was kept out of the Obama administration’s Trans-Pacific Partnership (TPP) trade deal. This was in large part because none of the participating countries believed India would agree to its terms.

As a result, despite being the world’s fifth-largest economy, India is not even among the world’s top 10 trading powersThis is all the more bizarre when one realises that trade was a large part of India’s post-liberalisation growth burst in the 1990s.

In 1988, India’s trade accounted for about 13.5 per cent of its GDP and, 10 years later, it was as much as 24 per cent. Service trade more than doubled as a percentage of GDP and, not surprisingly, India’s real GDP increased by nearly 70 per cent in those 10 years.

This was in stark contrast to the dawdling economic progress made under its protectionist import substitution policies through the 1960s and 1970s. In the 1960s, India’s real GDP only increased by about 40 per cent in 10 years. In the following decade, it rose by a little over a quarter.

India needs to pick up the mantle from its days of economic liberalisation once again. Notwithstanding concerns over Chinese imports, the RCEP was a great opportunity to do just that. Despite its size and complexity, the RCEP is, in many ways, a relatively unambitious trade deal.

By one estimate quoted in The Economist, the deal eliminates about 90 per cent of tariffs but only across a period of 20 years after coming into effect. It hardly touches agriculture – one of India’s key political concerns, which drives protectionism. As The Economist pointed out, Japan will maintain high import duties on some “politically sensitive” agricultural products such as rice, wheat, dairy and sugar.

The fact India was not sufficiently confident about its domestic economy to sign up to even such an unambitious deal is worrying and will send the wrong signals to foreign investors.

Worse, Jaishankar’s caustic tirade is likely to undermine India’s already floundering trade negotiations with the rest of the world. Indian diplomats are, for instance, working hard to convince the European Union of New Delhi’s commitment to more openness.

India’s antitrade posture will also have geopolitical costs. Membership in the RCEP would have given India the opportunity to be a balancing power against Chinese hegemony in Asia. Its participation would have been particularly crucial at a time when the United States has been withdrawing from the region, and countries, especially in Southeast Asia, were looking for diverse partnerships.

For these reasons, nations such as Japan were strong advocates for India’s inclusion in the RCEP, even after New Delhi walked out of discussions last year. Now, however, India finds itself isolated and has significantly compromised its influence in a region where economic integration has become a top priority for most.

The RCEP comes amid heightened tensions between China and its neighbours. Yet, the fact that Japan, South Korea and Southeast Asian nations have all been willing to put political troubles aside for the sake of economic ties shows Asia is strongly committed to globalisation.

Meanwhile, even relative to the US, India might now find its antitrade posture out of resonance. As part of his renewed outreach in the Asia-Pacific, US President-elect Joe Biden is likely to consider rejoining the TPP – a deal he championed as vice-president in the Obama administration.

Trade and globalisation are key interests among Asia-Pacific nations. If New Delhi aspires for regional leadership and influence, it has to recognise this and present itself as a willing partner in region-wide economic integration. If it isolates itself through protectionist rhetoric under the guise of self-reliance, it is likely to pay a heavy economic price and will render itself less relevant in Asian geopolitics.

 

Mohamed Zeeshan is editor-in-chief of Freedom Gazette. He has previously worked at the United Nations and his first book, “Flying Blind: India’s Quest for Global Leadership”, will be out soon.


domingo, 1 de novembro de 2020

Drama na OMC e o futuro do comércio internacional - Trader Letter

The Trader Letter, October 30/10/2020 

Drama at the WTO

It has been a week full of drama and uncertainty as the WTO is down to two candidates for the Director General position. Former Nigerian Finance Minister Ngozi Okonjo-Iweala and South Korean Trade Minister Yoo Myung-hee are the two finalists which means a woman will head the WTO for the first time ever. However, the attempt to arrive at a consensus is proving difficult as most members are backing Okonjo-Iweala while the U.S. has thrown its support behind Myung-hee. 

The stand-off is on as the EU, Japan, China and Canada back Okonjo-Iweala yet the U.S. has taken the extraordinary step of moving away from many of its key allies by going all in for Myung-hee. On Wednesday, the Office of the U.S. Trade Representative issued a statement of support for Myung-hee calling her a “bona fide trade expert (with) all the skills necessary to be an effective leader of the organization.”

The statement complains that the WTO is broken and is “badly in need of major reform” and that it “must be led by someone with real, hands-on experience in the field.”

None of this is wrong; in fact, all of it is true. However, the EU and others are digging in their heels and next steps are now being pushed until after the U.S. election as many believe a Joe Biden victory will pave the way for Okonjo-Iweala’s approval. Regardless of who wins, WTO reform is inevitable. 

The future of free trade

A few short years ago, countries around the world were clamoring to put together bilateral and plurilateral trade deals that were called “gold standard” and bragged of how they were the most ambitious in scope ever negotiated. The Canada-EU Comprehensive Economic and Trade Agreement (CETA) and the Comprehensive Progressive Trans-Pacific Partnership (CPTPP) are clear examples. 

Fast forward to today and free trade’s future seems less certain. The Canada-EU pact is now three years old yet only half of EU members have fully ratified the pact and Cyprus has become the first country to outright reject it. Meanwhile, some groups are complaining that the deal itself is not living up to expectations

Global trade obviously isn’t going to cease. However, how free and open and by what rules, remain key unknowns, especially after this week — we’ll be watching the US election. We’ll continue to track these issues closely.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Aos que acham que o sistema multilateral de comércio estará melhor com Biden - Edward Alden (Foreign Policy)

 Pois é, nem em relação à China, ou à OMC, a situação deve melhorar muito sob a nova administração Democrata. 

Eu não espero grandes melhorias em comércio ou relações com a China com Biden.

Paulo Roberto de Almeida 


No, Biden Will Not End Trade Wars

Biden has matched Trump’s rhetoric on trade soundbite for soundbite, and his economic plans are likely to make trade conflicts worse.

Edward Alden

Foreign Policy, Washington DC – 4/10/2020


If Democratic candidate Joe Biden becomes president next January, mending U.S. trade relations won’t be anywhere near the top of his to-do list. He has stated unequivocally that he would not enter into any new trade agreements “until we’ve made major investments here at home, in our workers and our communities.” Don’t expect a Biden-led United States to join the Trans-Pacific Partnership in Asia, restart talks on a new agreement with the European Union, or pursue trade deals elsewhere anytime soon—if ever.

But for the rest of the world, four years of being pummeled with tariffs and sanctions by President Donald Trump make better trade relations a priority. How deftly Biden handles that tug of war will determine whether the United States regains some of its tattered leadership over the international economic order—or stands by while the world further deteriorates into tit-for-tat trade wars.

From a U.S. domestic perspective, Biden’s priorities are certainly right. Lack of investment in workforce retraining, access to education, and critical infrastructure—as well as a tax code that favors shedding workers—goes a long way to explaining why Americans soured on trade. Former President Barack Obama, after running as a trade skeptic in 2008, fell in line with his predecessors in pursuing an ambitious agenda to expand trade, especially with Asia, despite growing evidence that imports from China were destroying U.S. manufacturing jobs.Discontent over trade helped Trump win the 2016 election in critical industrial states like Michigan, Wisconsin, and Pennsylvania. This year, the Democrats are determined not to make the same mistake. Biden’s plan to “build back better” plainly states that “the goal of every decision about trade must be to build the American middle class, create jobs, raise wages, and strengthen communities.”

These are exactly the kinds of protectionist practices that past trade agreements have sought to contain.

But the world cannot afford to wait for the many months—or years—that it would take the new administration to roll out its domestic policies, and the additional years for them to show effects. After four years of Trump, the international trade system is collapsing. A short list of the urgent priorities include fixing a broken World Trade Organization (WTO), building a stronger alliance to confront China economically, and resolving growing differences with Europe over taxation of and privacy regulations for digital companies, and avoiding a spiral of new trade conflicts over the use of border taxes to punish carbon-hungry industries. A Biden administration cannot just plead with the rest of the world to stand still while the United States gets its domestic house in order.

If anything, Biden’s plans would likely make trade conflicts worse—at least in the short run. That’s because his showcase economic proposals include preferential treatment for U.S.-made goods, a long list of subsidies to domestic industries, and a ban on foreign companies from government procurement. These are exactly the kinds of protectionist practices that past trade agreements have sought to contain because they wall off home markets from foreign competition, are widely abused by governments and corporations, and often lead to a spiral of retaliation by other countries.

For example, Biden wants a $400 billion “Buy American” scheme focused on U.S.-made infrastructure and clean energy technology. That would cut out many highly competitive European and Asian suppliers. Polls suggest this is extremely popular: A new survey by Trade Vistas found that 75 percent of Americans support Buy American policies, with 40 percent believing they would create “a large number of jobs.” Biden has been unequivocal in pledging that the government “will not purchase anything that is not made in America.” To that end, he has promised to close loopholes in the Depression-era Buy American Act, which he says result in “tens of billions of dollars each year going to support foreign jobs and bolster foreign industries.” What Biden calls loopholes, however, include long-standing commitments made by the United States and other countries under WTO rules, as well as U.S. obligations under trade agreements with Canada, Mexico, Korea, Australia, and many other nations.

Biden is also offering a cascade of government subsidies to industry, shattering what little is left of international commitments under the WTO and various trade deals to restrain such supports. The Biden plan calls for showering U.S. corporations with federal support to repatriate critical supply chains in sectors such as medical equipment, semiconductors, and communications technology—an issue on which there is little daylight between Democrats and Republicans. A bipartisan bill in the U.S. Senate calls for $25 billion in government aid to bring semiconductor manufacturing back to the United States. All this promises an escalating subsidies war, not just with China but with close U.S. allies as well.

Finally, Biden is promising little respite in the trade war with China, which has caught many U.S. trading partners in the middle. Trump might have hoped to use the election campaign to paint Biden as soft on China, but Biden has matched him soundbite for soundbite, calling out China for its “assault on American creativity” through intellectual property theft, cyberattacks, and unfair subsidies. In addition to calling for tougher trade enforcement, Democratic U.S. Senators unveiled a $350 billion spending plan last month “to confront the clear and present threat China poses to our economic prosperity and national security.” Such proposals are the Democrats’ own version of “America first,” marrying Trump’s hard line on China with a longstanding Democratic wish list of domestic economic programs—mainly subsidies to favored sectors, companies, and initiatives.

Some might still be under the illusion that a Biden-led United States would go back to being its old self on trade—the mostly benevolent hegemon dedicated to preserving and expanding the rules-based trading order, even when that sometimes led to economic harm to certain U.S. industries and workers. But they are coming around to realizing there is no going back to a pre-Trump era of free trade. And after four years of Trump, U.S. allies are likely to be willing to give a Democratic administration some room to deal with domestic challenges.

Europeans, Canadians, Australians, and other allies are likely to be patient in order to avoid having to choose between trading with China and trading with the United States, especially given how little China has done to win new friends. On the contrary: Beijing has engaged in what the Financial Times journalist Jamil Anderlini calls punishment diplomacy, using economic weapons to bully countries that dare to criticize the President Xi Jinping government over human rights, Hong Kong, or the coronavirus. 

 

Para acessar íntegra:

https://foreignpolicy.com/2020/10/02/biden-trump-trade-wars-election-2020/


segunda-feira, 7 de setembro de 2020

OMC: disputa para o cargo de Diretor Geral: Jesús Seade (México)

ENTREVISTA | JESÚS SEADE
“No estoy en el bolsillo de nadie”
El presidente de México lo reclutó para terminar las negociaciones del T-MEC. Con el logro bajo el brazo, el funcionario espera ganar la carrera para encabezar la OMC
Isabella Cota
El País, Madri – 5.9.2020

Ciudad de Mexico - El próximo lunes 7 de septiembre inicia la primera ronda de votación por el nuevo director general de la Organización Mundial del Comercio (OMC) y el mexicano Jesús Seade aprovecha cada oportunidad para hablar de su propuesta. Fue el primer candidato anunciado entre los ocho que hoy compiten por el puesto y él espera que, tras una segunda ronda de votación, sea el elegido para encabezar una organización que se encuentra en franca crisis.
El último director general renunció un año antes de que terminara su periodo y hoy la OMC sigue descabezada. El presidente de Estados Unidos, Donald Trump, dijo que la organización era “horrible” y su secretario de Comercio, Robert Lighthizer, llamó a un “reinicio” completo. En los últimos años se ha dicho que es una organización atada al pasado y que ha fallado de tal manera que los países han recurrido cada vez más a los litigios para resolver sus problemas comerciales en lugar de ir a la negociaciónSeade, uno de los fundadores de la organización entre 1995 y 1998, asegura que la transparencia y la confianza serán clave para regresar a los países a la mesa. Se molesta, sin embargo, cuando es cuestionado por el historial de desconfianza y tensión entre el Gobierno que lo postuló y los inversores privados, e insiste que su trayectoria lo respalda.
En circunstancias libres de pandemia, el proceso de candidatura implicaría viajes y reuniones alrededor del mundo para cabildear los votos de los 164 representantes que conforman la organización. Pero no en el año 2020. Seade se sienta frente a su computadora con un impecable traje con corbata y pañuelo para hablar con EL PAÍS. “Yo pienso empujar con vigor que en la OMC introduzcamos el uso de la videoconferencia que en forma tan eficiente hemos usado todos en esta campaña”, dice con su característica voz rasposa. 

“Hay ganancias que hay que sacar de la pandemia”.

Pregunta. Estamos en un momento en el que las grandes organizaciones internacionales, como el Banco Mundial y el Fondo Monetario Internacional, se han tenido que reinventar y, en algunos casos, admitir errores del pasado para mantenerse relevantes. ¿Sería esa su propuesta para la OMC, reinventarla?
RespuestaEl Fondo Monetario era una casa ideológica como no hay otra. Tenían su estilo de hacer las cosas y la broma que hacían todos y que hacía yo también era que cuando visitaban un país para discutir la resolución de algún problema, un jefe de misión eficiente del Fondo completaba su informe de la visita antes de llegar. O sea que todo era ideología. Llegaba al destino con el reporte ya nada más para discutirlo. Cuando yo fui subdirector, o director general adjunto de la OMC, me tocó negociar con el Fondo. Fui el representante de la OMC para negociar con ellos. Fue una negociación muy dura y me gané su respeto por negociar al más alto nivel. Sí ha habido una evolución importante del Fondo, esto es, en cuanto al organismo con el que yo trabajé: fue un Fondo en transición, mucho más abierto a distintos tipos de de medidas, mucho más consciente de problemas, de desigualdad, de ingresos, por ejemplo, y problemas de medidas heterodoxas.
He tenido una experiencia muy rica. Yo no solamente estuve en la OMC, fui negociador de la creación de la OMC. O sea que negocié cada renglón, cada línea en todos los tratados de la organización. Soy el único de los ocho candidatos que fue negociador de ese tratado. Yo soy, por amplio margen, el candidato que tiene experiencia negociadora. Entonces, conociendo esto, lo que voy a traer es, antes que nada, resolver los problemas, relanzar negociaciones. Negociaciones que corresponden al futuro, no al pasado. Hay que renegociar, por ejemplo, no solo el comercio electrónico, sino la reglamentación de alta tecnología, de servidores, de informáticos. Y hay mucho que negociar en temas del pasado que son de gran interés para todos los países, como la agricultura. Y hay mucho que negociar en un tema como la transparencia, donde hay muchas quejas: que si China no está cumpliendo, que si los subsidios... Entonces hace falta una negociación ambiciosa en materia de transparencia. Esos son tres capítulos que pongo como ejemplo de mi agenda hacia el futuro: agricultura, transparencia y regulación electrónica.
P. La crítica hacia la OMC hecha por el secretario de Comercio de los EE UU, Robert Lighthizer, es que los países se saltan la negociación y se van directo al litigio, a las cortes de arbitraje. ¿Cómo va romper usted esta inercia?
R. Yo marco mucho diferencias en cuanto a la forma de abordar las cosas. Soy profundamente multilateralista. Me eduqué en Europa y he vivido allí más que en México. Incluyendo los primeros 21 años de mi vida, que viví en México en forma ininterrumpida, he vivido más en Europa. Soy más europeo en mi mentalidad, por ser multilateralista, por ser partidario de mercado abierto, pero con un Gobierno con conciencia social. Y Lighthizer tiene toda la razón acerca de que se ha dejado de negociar. El alma del sistema multilateral eran las negociaciones, porque es donde se desarrollaba la apertura progresiva de todos los países, lo cual a cada quien le ayudaba no solo comercialmente, sino políticamente.
Cuando uno abre un sector, se enojan los que estaban protegidos adentro de mi país, ¿verdad? Se enojan, pierden. Entonces, la mejor forma de decirles ‘cálmate’ es diciéndoles que los demás también se están abriendo. Se crean nuevas oportunidades de exportar. Ese es el mejor instrumento político para avanzar con los procesos de reforma y, por supuesto, un instrumento comercial, porque da acceso a mercados. Entonces si no se negocia todo se hace mucho más complicado al interior de los países, no solo entre los países.
P. ¿Y qué hay de la guerra comercial entre China y EE UU?
R. La incapacidad de negociar ha sido gravísima, profunda, no ha habido casi ninguna negociación importante en 26 años y es el causante principal de que el lado de disputas se haya venido abajo. Habiendo hecho esta aclaración, debo decir que la guerra comercial no es nada más entre EE UU y China. No nos gusta reconocerlo, pero también la hay y hay que saber entenderlo, reconocerlo y resolverlo, entre EE UU y Europa. Hay una diferencia profunda en materia de solución de controversias entre socios y Europa, que está en el centro del problema que existe con el órgano de apelación. En materia del órgano de apelación, China está con la mayoría de los países apoyando la línea europea. China apoya a Europa en materia de solución de controversias y Estados Unidos está del otro lado en un divorcio total de puntos de vista. Hay una guerra comercial incipiente y el punto más álgido es la guerra entre Boeing y el Airbus, pero no es lo único. Es una cosa muy compleja que hay que resolver.
Lo primero es el relanzamiento de negociaciones. Hay que reiniciar las negociaciones, concluyendo con las más pequeñas, que están muy avanzadas y que ya hay que resolver.Después, resolver el tema del órgano de apelación, que es una diferencia de visión profunda entre EE UU y Europa, que yo creo que sé cómo hay que resolverla de una manera que va a ser aceptable para ambos bandos. Y eso es lo primero que yo quiero poner sobre la mesa y con todo eso empezar a crear algo no hemos mencionado en esta entrevista, la palabra mágica, la que ha desaparecido y que es vital, se llama confianza. Hay que volver a crear confianza.
P. Qué bueno que toque el tema de la confianza y la transparencia, que son, de hecho, dos principios de la OMC. El Gobierno del presidente Andrés Manuel López Obrador ha generado desconfianza en el sector privado, cancelando inversiones pactadas durante la Administración previa y amenazando en varias ocasiones con la cancelación de contratos “leoninos” en materia energética. Considerando que este fue el Gobierno que lo postuló, ¿considera que estas acciones pueden dañar su candidatura?
R. El entonces licenciado López Obrador, o sea, el entonces candidato, me invitó a ser su negociador porque él compartía mi visión del comercio abierto, el comercio certero. A negociar con EE UU, que era el tema para que yo organizara una plataforma contractual firme, clara y que diera visibilidad. Él jamás ha dicho que quiera reducir los flujos comerciales para nada. En el área energética ha habido ciertas políticas que se han lanzado cuyo objetivo no es cerrar el mercado. Él quiere usar las flexibilidades que existen en el T-MEC para apoyar a Pemex y para tener otros proyectos. No voy a discutir esos temas porque no me corresponden. No son temas de comercio. Los temas que yo maneje no son temas en los que se haya dicho la última palabra.
Como candidato, pues lo que me respalda es mi récord, mi participación en este tratado, no diciendo “si negoció con EE UU está en el bolsillo EE UU”. Yo no estoy en el bolsillo de nadie, ciertamente no estoy en el bolsillo de EE UU. Negocié duro con EE UU y los expertos se ponen a ver el tratado y, caray, se lograron cosas que queremos lograr en la OMC.
P. Por último, ¿qué opina de la campaña propuesta por el candidato presidencial en EE UU Joe Biden para alentar el consumo de los productos hechos en ese país? ¿Tendrá un impacto negativo en México?
R. Yo no he oído a Biden expresarse en contra del comercio con México. Los demócratas en la Cámara Baja y los demócratas en el Senado, tomándolo cada uno por separado, aprobaron en forma masiva la adopción del T-MEC. Esa aprobación masiva habla de que hay un apoyo muy importante al comercio con México.

Lo que sí es cierto es que Biden no va a ser en absoluto menos crítico ni de China, ni de la OMC, de lo que es el presidente Trump o Lighthizer. Entonces, los que piensen que si ganan los demócratas se acabaron los problemas para la OMC, que despierten, porque no va a ser el caso. Hay que tomar muy en serio las dificultades que plantea EE UU, las cosas que les preocupa y muchas de ellas son muy legítimas y hay que encontrarles soluciones.

domingo, 30 de agosto de 2020

A diplomacia brasileira e o comércio internacional - Paulo Roberto de Almeida

A diplomacia brasileira e o comércio internacional


Paulo Roberto de Almeida
[ObjetivoPalestra online para estudantes de economia]
  
Sumário: 
1. O Brasil e o comércio exterior: características básicas em perspectiva histórica
2. As políticas comerciais brasileiras da era bilateral ao Gatt e aos blocos comerciais
3. Mercosul, Rodada Uruguai, Rodada Doha e os impasses atuais
4. O acordo Mercosul-UE e seu provável bloqueio temporário
5. Quais políticas comerciais para o Brasil e para o Mercosul? 

1. O Brasil e o comércio exterior: características básicas em perspectiva histórica
O Brasil sempre foi, continua sendo, atualmente, e provavelmente vai continuar sendo, no futuro previsível, um dos maiores países protecionistas do mundo, comprovadamente. Não só mediante tarifas altas, mas também todo um conjunto de medidas restritivas, introvertidas e dirigistas, ao longo da história. A partir dos anos 1970, depois de certa concentração em alguns poucos parceiros preferenciais, o Brasil diversificou suas exportações para um número expressivo de países, a despeito de ter uma pequena participação no comércio internacional, na faixa de 1% do comércio global. Até a era Lula, o comércio era relativamente bem equilibrado e repartido aos quintos para as grandes regiões do planeta. Neste século, a China avançou na sua participação e desde 2009 se tornou o primeiro, e de longe o principal, parceiro comercial, assim como o principal provedor de saldos comerciais, a despeito de uma assimetria profunda nos fluxos de parte e outra. 
Em 2018 e em 2019, o volume total de comércio com a China (incluindo HK e Macau) foi de 66 bilhões de dólares aproximadamente, ao passo que o comércio com os EUA foi de apenas 28 e 29 bilhões, ou seja, menos da metade, sendo que com os EUA o Brasil ostenta, desde muitos anos um déficit considerável, ao passo que com a China, o saldo favorável ao Brasil é de mais da metade do volume total. Nesses mesmos anos, o volume de comércio total com a União Europeia, foi reduzido de 42 a 35 bilhões de dólares, e o volume de comércio total com o Mercosul reduziu-se igualmente, de 20 para 14 bilhões de dólares, com saldo brasileiro, mas o grosso do volume é com a Argentina, também responsável pela queda. Canadá e México reunidos respondem por cerca de 8 bilhões de dólares de volume total de comércio, um pouco mais do montante dos países da Comunidade Andina de Nações. A Ásia no seu conjunto, excluindo o Oriente Médio, responde por cerca de 100 bilhões de dólares do comércio exterior brasileiro, que nesses dois anos referidos, ascendeu a 240 e a 225 bilhões de dólares. 

2. As políticas comerciais brasileiras da era bilateral ao Gatt e aos blocos comerciais
Descrevi todas as políticas comerciais brasileiras nestes livros: 
Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (3ª edição; Brasília: Funag, 2017; 2 volumes; 964 p.; ISBN: 978-85-7631-675-6); Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização (Rio de Janeiro: LTC, 2012, 309 p.; ISBN 978-85-216-2001-3); O Brasil e o multilateralismo econômico (Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, na coleção “Direito e Comércio Internacional”, 1999, 328 p.; ISBN: 85-7348-093-9).

3. Mercosul, Rodada Uruguai, Rodada Doha e os impasses atuais
Tenho diversos ensaios sobre essas questões, assim como nestes livros: 
O Mercosul no contexto regional e internacional (São Paulo: Edições Aduaneiras, 1993, 204 p.; ISBN: 85-7129-098-9); Mercosul: Fundamentos e Perspectivas (São Paulo: Editora LTr, 1998, 160 p.; ISBN: 85-7322-548-3).
Existem muitos outros textos neste link de Academia.edu: 
e mais recentemente neste ensaio: 

4. O acordo Mercosul-UE e seu provável bloqueio temporário
Uma única observação: dificilmente esse acordo vai entrar em vigor durante a presidência Bolsonaro, basicamente em função da obra destruidora no meio ambiente, ataques a líderes estrangeiros, a jornalistas, e desrespeito em matéria de liberdades democráticas e de direitos humanos.

5. Quais políticas comerciais para o Brasil e para o Mercosul? 
Desafio da China, que se tornou o primeiro parceiro comercial da Argentina, como já é de diversos outros países latino-americanos. Ou seja, a Argentina sai, pela primeira vez em mais de 30 anos, da chamada “Brasil dependência” que dominou o cenário comercial no Cone Sul desde o nascimento do Mercosul. Nas condições atuais de falta de diálogo entre as administrações do Brasil e da Argentina parecem existir poucas possibilidade de se discutir seriamente as grandes linhas das reformas no Mercosul – na sua TEC, na agenda regulatória – com o objetivo de enveredar por políticas de abertura econômica e de liberalização comercial dentro do bloco e com todos os demais parceiros. 
Política comercial americana: a exacerbação do protecionismo, do mercantilismo, das ilegalidades unilaterais americanas. Trump cometeu arbitrariedades contra o sistema multilateral de comércio, contra a própria economia americana: denúncia do TPP, abandono de um acordo transatlântico com a UE, denúncia do NAFTA e de outros acordos de livre comércio; aplicação abusiva e ilegal de salvaguardas comercial, contra a China, contra os próprios parceiros do NAFTA, e terceiros países (como o Brasil), não apenas em aço e alumínio, mas em uma série de outros produtos também, a pretexto de “segurança nacional”, o que é uma mentira. Revisão do Nafta e acordos bilaterais com o México e Canadá, e adoção de cláusulas de emprego nos EUA, o que vai redundar em custos maiores para as indústrias e os consumidores americanos.
Relação comercial com os EUA: Subserviência geral aos EUA, fez o Brasil abandonar o status de economia de país em desenvolvimento, com benefícios da cláusula de tratamento preferencial e mais favorável (SGP, etc.); ilusão do apoio americano para o ingresso na OCDE (que foi traído logo em seguida, e apenas revertido por causa das eleições argentinas, que colocaram um peronista novamente no poder); acordos em aço foram traídos, igualmente; a nota do Itamaraty e da Economia de 29/08 aceitando as novas reduções (cotas), é vergonhosa, por apoiar as medidas unilaterais dos EUA, e desejar restabelecimento da economia do aço nos EUA (nota sobre expropriação da Petrobras na Bolívia, em 2006); a postura do Brasil não poderia ser mais servil, mas é uma consequência da aceitação já feita, explicitamente, de sanções unilaterais. 
Quanto ao Mercosul, não parecem existir condições, no momento, sequer para uma retomada das consultas internas com vistas à reforma da TEC, finalização do livre comércio (açúcar e automóveis), acabamento da União Aduaneira, e sobretudo novas iniciativas de acordos comerciais. Não existe sequer perspectiva de entrada em vigor do Acordo entre o Mercosul e a União Europeia, mas isto exclusivamente em virtude das atitudes do presidente com respeito ao meio ambiente. 

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3743, 28-30 de agosto de 2020

terça-feira, 23 de junho de 2020

O Mercosul e o regionalismo latino-americano: ensaios selecionados, 1989-2020 - novo livro Paulo R. de Almeida

O Mercosul e o regionalismo latino-americano
ensaios selecionados, 1989-2020

Paulo Roberto de Almeida
Doutor em ciências sociais.
Mestre em economia internacional.
Diplomata.



Brasília
Diplomatizzando
2020

Sumário: 

Prefácio – O Mercosul e a integração latino-americana
Prólogo – A América Latina: entre a estagnação e a integração (1989)

Primeira Parte
O Mercosul em sua fase de crescimento
1. Mercosul: o salto para o futuro (1991)
2. Mercosul e Comunidade Econômica Europeia (1992) 
3. Dois anos de processo negociador no Mercosul (1993) 
4. O Brasil e o Mercosul em face do Nafta (1994) 
5. Mercosul e União Europeia: vidas paralelas? (1994) 
6. O futuro do Mercosul: dilemas e opções (1998) 
7. Coordenação de políticas macroeconômicas e união monetária (1999)
8. O Brasil e os blocos regionais: soberania e interdependência (2001)
9. Trajetória do Mercosul em sua primeira década, 1991-2001 (2001) 

Segunda Parte
Crises e desafios do Mercosul
10. O Mercosul em crise: que fazer? (2003) 
11. Relações do Brasil com a América Latina desde o século XIX (2004)
12. Mercosul: sete teses na linha do bom senso (2005) 
13. Problemas da integração na América do Sul (2006) 
14. Mercosul e América do Sul na visão estratégica brasileira (2007) 
15. O regionalismo latino-americano vis-à-vis o modelo europeu (2009) 
16. Seria o Mercosul reversível? (2011) 
17. Desenvolvimento histórico do Mercosul aos seus 20 anos (2011)
18. Perspectivas do Mercosul ao início de sua terceira década (2012) 
19. Os acordos extra-regionais do Mercosul (2012) 

Terceira Parte
Estagnação do processo integracionista
20. A economia política da integração regional latino-americana (2012)
21. O Mercosul aos 22 anos: algo a comemorar? (2013)
22. O megabloco do Pacífico e o Brasil (2015) 
23. O Mercosul aos 25 anos: minibiografia não autorizada (2016) 
24. Regional integration in Latin America: an historical essay (2018)
25. O Brasil isolado na América do Sul (2019)

Epílogo – Conflitos Brasil-Argentina, paralisia do Mercosul (2020)

Apêndices:
Livros publicados pelo autor
Nota sobre o autor 

Prefácio – O Mercosul e a integração latino-americana


Uma das temáticas mais frequentes em meus escritos, desde que dei início a uma coleta organizada de meus trabalhos de natureza acadêmica, e já em atividade profissional na carreira diplomática, foi a da integração latino-americana, em especial em conexão com o Mercosul, como reflexo de um precoce interesse intelectual pelo assunto, mas sobretudo como resultado do seguimento dessas questões no contexto da política externa regional do Brasil. Numa criteriosa seleção dos trabalhos enfeixados sobre os conceitos de “integração” e de “Mercosul”, detectei a existência de duas centenas de escritos tratando desses assuntos, sob os mais diferentes aspectos e formatos: ensaios históricos, artigos conjunturais, entrevistas e respostas a questionários submetidos por jornalistas e pesquisadores, resenhas voluntárias, capítulos em colaboração ou prefácios (a convite) a livros sobre esses temas, ademais de um breve papel como organizador de documentação sobre os primórdios do Mercosul e editor de periódico sobre o bloco em seus primeiros momentos, do nascimento a uma fugaz consolidação. 
De todos esses trabalhos, excluídos os livros sobre o assunto, selecionei pouco mais de um décimo do total para compor este volume, aqueles que me pareceram mais representativos de meu pensamento, de minhas pesquisas, ou dotados de certa resiliência temporal, para escapar ao julgamento implacável da conjuntura. Não entraram aqui, por exemplo, as muitas notas introdutórias que fiz ao Boletim de Integração Latino-Americana, que criei e dirigi, enquanto estive trabalhando sob a liderança do embaixador Rubens Antônio Barbosa nos primeiros anos de existência do bloco. Exclui desta coletânea, por natural, os diversos trabalhos que elaborei em seu nome, por fazerem parte de minhas obrigações funcionais naquele contexto, assim como também deixei de fora prefácios e resenhas a livros desse universo de estudo e de desempenho institucional. 
Muitos desses trabalhos se beneficiaram de uma prolífica, embora curta, estada em Montevidéu, entre 1990 e 1992, durante a qual eu dei início ao estudo dos problemas da integração econômica regional, inclusive no contexto de uma abordagem institucional comparada (no caso com a então Comunidade Econômica Europeia, que pouco depois se transformaria em União). O período passado em Montevidéu, país vizinho ao Brasil, permitiu-me, oportunamente, algumas rápidas incursões ao Brasil, para seminários ou mesmo para pesquisa, sempre resultando em trabalhos sobre as relações econômicas internacionais do Brasil, dos quais resultaria, algum tempo mais tarde, um livro de historiografia sobre a Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (já na terceira edição: 2001, 2004 e 2017). Mas, meu primeiro livro, hoje de livre acesso, foi exatamente sobre a grande iniciativa estratégica da diplomacia regional do Brasil: O Mercosul no contexto regional e internacional (1993). A ele se seguiram um segundo, já na fase de consolidação do bloco – Mercosul: fundamentos e perspectivas (1998) – e um terceiro, dirigido ao público externo: Mercosud: un marché commun pour l’Amérique du Sud (2000). Entre eles, e mesmo depois, elaborei incontáveis artigos conjunturais e vários outros trabalhos mais permanentes, alguns dos quais figuram neste volume. 
Do ponto de vista diplomático, a curta estada em Montevidéu – trabalhando como representante alterno do Brasil junto à Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), sob a liderança e a convite do embaixador Rubens Barbosa – ofereceu-me uma excelente oportunidade de afirmação profissional, na medida em que eu deixava um foro negociador de caráter relativamente assimétrico, Genebra (no contexto da recém iniciada Rodada Uruguai de negociações comerciais multilaterais, então no âmbito do GATT, entre 1987 e 1990), para um outro foro, a Aladi, no qual a legítima expressão de nossos interesses se inseria num contexto de igualdade soberana entre as nações, senão de relativa preeminência do Brasil, em vista de seu peso econômico e comercial nas relações continentais. Com efeito, nas diversas instâncias negociadoras de Genebra, o Brasil, apesar de bastante importante (sobretudo no quadro das organizações internacionais de caráter econômico), era, na maior parte dos casos, apenas “mais um país em desenvolvimento” no meio de dezenas de outros participando do que era, até então, um “diálogo Norte-Sul”. Na verdade, assistia-se, na maior parte dos casos, a um diálogo de surdos (a caracterização é válida sobretudo para as demandas em favor de “transferência de tecnologia” no âmbito da Unctad ou da Ompi, por exemplo). Em Montevidéu, ao contrário, o Brasil aparecia quase como uma “grande potência”, em todo caso como um país razoavelmente avançado, senão já “desenvolvido”, num continente ainda marcado por profundos desequilíbrios sociais e regionais, desigualmente industrializado e historicamente especializado em algumas poucas commodities de exportação.
Grande parte dos trabalhos então elaborados – alguns poucos compilados neste volume – se referiam, assim, ao estudo e à exposição dos problemas da integração regional, ainda num contexto multilateral muito difuso, o da Aladi, pois que elaborados à margem do processo de integração bilateral Brasil-Argentina (que era dirigido diretamente das capitais), ou anteriormente à constituição do Mercosul, processo também negociado exclusivamente nas capitais, sem a “interferência” ou a participação da delegação junto à Aladi. Muitos desses trabalhos foram também elaborados para terceiros – até para ministros ou presidentes – no quadro dos compromissos funcionais ou atendendo a solicitações diversas para participação em seminários e colóquios. Praticamente nenhum deles chegou a ser divulgado em meu próprio nome, embora eu tenha resgatado para este volume um artigo que fiz para ser publicado pelo presidente Fernando Collor, por ocasião da primeira reunião de cúpula do bloco, após a aprovação e rápida ratificação do Tratado de Assunção, ao final de 1991. Alguns outros, deixados em “banho-maria”, me serviriam mais tarde, já em Brasília, a partir do final de 1992, no intenso trabalho que passei a desenvolver como organizador e divulgador de informações sobre os processos de integração regional, em especial sobre o Mercosul.
O novo e curto período de estada em Brasília (apenas um ano e meio, de 1992 a 1993), poderia ser praticamente caracterizado como “monotemático”, tendo em vista o monopólio que sobre ele exerceram os assuntos do Mercosul e os temas da integração regional de modo geral, não fosse minha tradicional vocação dispersiva nas lides intelectuais e um certo espírito touche à tout, que me levaram, a despeito dessas intensas obrigações funcionais centradas sobre o Mercosul, a continuar ocupando-me de questões tipicamente acadêmicas, geralmente em pesquisas históricas, das quais resultariam aquele primeiro volume sobre a diplomacia econômica do Brasil no século XX (embora contendo um longo capítulo final sobre o período republicano). Ao assumir em Brasília uma coordenadoria executiva – primeiro no Departamento de Integração, depois no que veio a constituir-se a Subsecretaria-Geral de Assuntos de Integração, Econômicos e de Comércio Exterior – passei a ocupar-me de um sistema de informações institucionais e econômicas sobre os diversos processos de integração regional, montado sob minha direta supervisão e aberto o mais possível às demandas das associações empresariais, da comunidade acadêmica e estudantil, enfim da sociedade civil, num sentido largo. 
Esse sistema baseou-se essencialmente, mas não exclusivamente, num periódico de informações e num banco de dados em computador. A publicação foi montada muito rapidamente: em menos de dois meses de Brasília, eu compunha, editava e distribuía o primeiro exemplar do Boletim de Integração Latino-Americana, cujas dimensões e tiragem cresceram assustadoramente nos meses e números seguintes. O Editor, eu, também servia de redator principal, corretor de provas, além de habitual resenhista de publicações nem sempre restritas aos temas de sua área. No terreno informática, os progressos também foram rápidos, ainda que não de todo satisfatórios: impaciente com a lentidão da burocracia do Itamaraty em colocar à disposição dos interessados um banco de dados eletrônico, funcionando em sistema de rede aberta, tratei eu mesmo de instalar, com a ajuda de um programador, um BBS – um Bulletin Board System, como na época se chamavam essas geringonças –, um foro de informações sobre o Mercosul, aberto a consultas externas, sem qualquer discriminação. O único inconveniente para os usuários era a necessidade de uma chamada telefônica a Brasília, uma vez que não foi possível conseguir as necessárias “portas externas” para conectá-lo às redes acadêmicas. Nessa época, estou falando do início dos anos 1990, a cultura informática do Itamaraty podia ser cronologicamente situada no Jurássico, talvez até no pré-Cambriano.
Outro aspecto de minhas atividades “mercosulianas” era, de um lado, a preparação de textos (discursos, artigos, papers de informação) para os superiores hierárquicos, inclusive os chanceleres, e de outro lado, a participação em seminários ou mesas redondas, atividades que desempenhava com grande prazer intelectual e uma certa heterodoxia em relação aos tradicionais parâmetros da linguagem oficial ou da discrição diplomática. Devo confessar que, mesmo contando com quase três lustros na carreira, nunca resignei-me à continência verbal ou à timidez formal da maior parte de meus colegas de profissão Como jamais fui adepto da chamada langue de bois, sempre pensei que todos os temas, mesmo os mais sujeitos a discussão e controvérsia – como era o da integração com os países vizinhos –, deveriam merecer uma discussão sem preconceitos políticos ou econômicos. Esta foi a orientação que prevaleceu na linha editorial do Boletim – não sem algumas dificuldades eventuais – ou nas palestras que pronunciava em todo o Brasil ou no exterior. Creio, modestamente, ter contribuído em algo para certa abertura do Itamaraty em relação à sociedade à sua volta.
A intensa atividade profissional como “editor do Mercosul” impediu-me de assumir compromissos acadêmicos regulares, na Universidade de Brasília ou no Instituto Rio Branco (como tinha sido o caso na estada anterior, entre 1986 e 1987), com exceção da participação em seminários específicos ou da redação de artigos para revistas especializadas. Muitos outros trabalhos produzidos nessa segunda estada, também curta, em Brasília, se referem, mais propriamente, a temas de história diplomática ou de economia internacional e, portanto, não compilados neste volume, que é dedicado exclusivamente ao Mercosul e à integração regional. Numa outra vertente de meus interesses pessoais, a maior parte das resenhas de livros reportou-se evidentemente ao Mercosul, mas várias outras seguiram a curiosidade intelectual do momento. As resenhas de livros, em todas as áreas já foram objeto de outros volumes em edição de autor, livremente disponíveis em minhas páginas na internet.
Permito-me, por fim, relatar também, não sem uma ponta de orgulho, o começo de uma bela aventura: o salvamento, a recuperação e a continuidade de um empreendimento exemplar de nossa história diplomática e editorial, a Revista Brasileira de Política Internacional, que tinha ficado órfã, no final de 1992, com a morte de seu editor de longa data, Cleantho de Paiva Leite: fui o principal animador de sua vinda a Brasília, junto com colegas diplomatas e professores da UnB, tendo sido igualmente, em período ulterior, presidente do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais. Mas, isso já foi motivo para um outro volume de trabalhos, igualmente disponível livremente em minhas bases de dados. 
No momento, pretendo apenas coletar e tornar públicos alguns trabalhos sobre uma das grandes prioridades do Brasil em épocas pregressas, mas que permaneceram numa relativa obscuridade desde seu período de maior relevância, nos distantes anos 1990. A reconhecida excelência profissional da diplomacia brasileira resgatará, em futura ocasião oportuna, a aventura do Mercosul e a da integração regional, no momento relegadas a um injusto limbo político, numa conjuntura política em que se afirmam, abertamente, a oposição ao multilateralismo e uma adesão a tresloucadas seitas conspiratórias que pregam o combate ao “globalismo”, um monstro metafísico que essa franja lunática nunca soube explicar em que consiste. 
As próximas etapas de meu trabalho intelectual, e prático, serão dedicadas a esse trabalho de resgate, que aliás já começou. Meus livros mais recentes, se ouso terminar por uma nota de divulgação em causa própria, tiveram como respectivos títulos: Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (2019, em duas edições, livremente disponíveis a partir do blog Diplomatizzando), Marxismo e socialismo no Brasil e no mundo: trajetória de duas parábolas da era contemporânea (2019) e O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (2020), os dois últimos em formato Kindle. Continuarei no meu quilombo de resistência intelectual...


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 22 de junho de 2020