O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 18 de abril de 2010

2031) Reagindo contra a manipulaçao cambial

Imaginemos, por um momento, que a manipulacao do dolar, pelos americanos, estivesse provocando perdas comerciais e perdas de empregos, no Brasil; o que faria então a nossa diplomacia?
Isto é apenas uma hipótese, claro, uma especulação intelectual...
Paulo Roberto de Almeida


Reunião dos Bric ignora câmbio chinês
Alex Ribeiro
Valor Econômico, Sexta-feira, 16 de abril de 2010

A subvalorização da moeda chinesa provoca a perda de milhares de empregos industriais no Brasil, mas esse não foi um tema relevante na pauta da reunião de cúpula dos Bric, que trouxe ontem a Brasília o presidente Hu Jintao.

Esta semana, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, esteve aqui em Washington para participar de uma reunião de cúpula de segurança nuclear. Foi uma oportunidade para questionar se o Brasil pretende fazer algo a respeito da manipulação do câmbio chinês.

Claro, mas talvez não com essas palavras, respondeu Amorim, rejeitando a expressão manipulação do câmbio, muito usada pelos industriais e sindicalistas americanos para designar a desvalorização artificial do yuan, a moeda chinesa. O Congresso dos Estados Unidos ameaça retaliar a China com tarifas mais altas, mas o Brasil prefere levar o assunto na base da negociação. Cada um tem sua maneira de agir, diz o ministro. A gente prefere mostrar como foi bom para o Brasil a experiência de câmbio flutuante, como isso ajudou também a combater a inflação.

Muito realista, o ministro acha que os chineses, por si só e para atender pressões de sua própria economia interna, terão que valorizar o câmbio mais cedo ou mais tarde. A China cresce rápido demais, e uma taxa de câmbio mais valorizada pode ajudar a conter pressões inflacionárias.

O câmbio subvalorizado da China faz com que o Brasil exporte menos produtos industrializados ao país asiático e se especialize em produtos básicos, além de sofrer a concorrência desleal de produtos chineses no mercado interno e também no comércio com outros países que compravam nossos bens manufaturados, como nossos vizinhos da América do Sul.

Também não é assim, protesta Amorim. Não dá para dizer que o Brasil virou um celeiro de commodities . Exportamos aviões, temos os investimentos da Marcopolo na China... Mas ele reconhece que é preciso avançar na diversificação da pauta de exportações para a China, já que, em sua opinião, o volume de negócios dos negócios com a China é adequado.

Nos Estados Unidos, a manipulação do câmbio pelos chineses é o mais importante tema da agenda econômica internacional. Alguns cálculos apontam que ele leva a uma perda de cerca de 2,5 milhões de empregos industriais. Há muita pressão da opinião pública para que o Departamento do Tesouro declare que a China manipula a moeda, e parlamentares apresentaram projetos de lei que permitem subir tarifas de importações de produtos chineses.

A China deu os primeiros sinais de que pode valorizar um pouco sua moeda, algo como 3% neste ano, percentual que talvez seja muito tímido para acalmar a opinião publica americana. Usando diferentes metodologias, os economistas calculam que a subvalorização do câmbio chinês em relação ao dólar esteja entre 20% e 40%.

No Brasil, surpreende que o assunto não tenha maior relevância. O Peterson Institute, um influente centro de estudos de Washington, calcula que o yuan esteja 40,7% subalorizado em relação ao dólar. Já o real brasileiro estaria valorizado em 15,7% em relação ao dólar. Tudo somado, o yuan estaria mais do que 50% subvalorizado em relação à nossa moeda.

Depois da crise financeira internacional, os Estados Unidos estão corrigindo um pouco de seu déficit externo e, porque a moeda chinesa é mantida artificialmente desvalorizada, o Brasil acaba sofrendo mais. A carga do ajuste da moeda americana, que deveria ser dividida com os chineses, está sendo carregada por países com taxas de câmbio flexível, como o Brasil. Visto de outra forma: os americanos estão consumido menos e exportando mais. Como os chineses impõem uma barreira cambial às exportações americanas, os Estados Unidos fazem seu ajuste externo despejando uma carga maior de produtos no Brasil.

Os prejuízos causados pelos chineses ao Brasil são um pouco obscurecidos pelo fato de que a nossa própria taxa de câmbio está sobrevalorizada. O real sobrevalorizado é um erro, que deveria ser corrigido com um aperto fiscal, mas um erro não justifica o outro.

Ironicamente, uma eventual apreciação do câmbio chinês significará, para o Brasil, uma taxa de câmbio ainda mais apreciada. Com uma moeda mais forte, a China ampliará a demanda por commodities exportadas pelo Brasil. Também permitirá à industria brasileira competir com os chineses com um pouco mais de igualdade tanto no nosso mercado interno como em outros mercados no exterior. A combinação desses dois fatores é o aumento dos dólares disponíveis no nosso mercado de câmbio, que levariam ao um real ainda mais forte.

Se é para ter um câmbio ainda mais apreciado, vale a pena o Brasil brigar por um câmbio chinês mais justo? Claro que sim. Hoje, a apreciação do câmbio é causada sobretudo pelo fluxo de capitais estrangeiros ao país. Mas o Brasil registra déficit em conta corrente, estimado em US$ 50 bilhões pelo mercado para este ano, e em US$ 60 bilhões no ano que vem. Se os chineses deixarem de manipular sua moeda, esse déficit tende a diminuir, deixando a nossa economia menos vulnerável a paradas súbitas no fluxo de capitais.

Com tantos interesses estratégicos em jogo em torno da moeda chinesa, é irônico que o principal assunto da agenda econômica na reunião com os Bric foram os mecanismos para substituir o dólar como moeda nas transações de países do grupo. Por enquanto, a ideia é apenas desenvolver os sistemas de pagamento em moedas locais, mas no longo prazo há a ambição de substituir o dólar como principal moeda de reserva internacional. Não há dúvida que, em algum momento, será adequado achar uma moeda mais estável e mais sólida do que o dólar para lastrear as relações econômicas internacionais. Mas é improvável que a solução vá nascer de entendimentos com um país que manipula sua própria moeda para tomar empregos de outras economias.

Alex Ribeiro é correspondente em Washington. A titular da coluna, Claudia Safatle, não escreve hoje excepcionalmente

E-mail: alex.ribeiro@valor.com.br

2030) Brasilia: cidada da gastanca irresponsavel

Poderosos gostam de viver em palácios, isso é conhecido desde a mais remota antiguidade. Geralmente se usavam escravos, na Antiguidade clássica, depois foi preciso recorrer a servos, e nos tempos recentes, burgueses e aristocratas tiveram de apelar ao seu próprio dinheiro para satisfazerem seus sonhos de luxo e ostentação.
O Brasil não tem escravos oficiais, apenas contribuintes amestrados, e totalmente passivos, que aceitam o tipo de ostentação nababesca que os novos magnatas impõem à sociedade.
Paulo Roberto de Almeida

Sede do TSE terá 115.500 m² para sete ministros
Coluna de Claudio Humberto
Brasilia, 16.04.2010

Uma obra pública estimada em R$ 328,5 milhões provoca indignação e perplexidade até em Brasília, cidade habituada a escândalos e extravagâncias: a nova sede do Tribunal Superior Eleitoral terá 115.500 metros quadrados de luxo e conforto para que sete ministros atuem, a rigor, apenas quando há eleições.
Advogados experientes atestam: a atual sede do TSE atende perfeitamente as necessidades do serviço."
Um escândalo!!!!!
Iniciado por S. Exª o Min. Marco Aurélio, o que significa que nesta província, chamada Brasília, sorve-se dinheiro público sem que a população fique sabendo. Esta província é um museu de Palácios para alimentar a vaidade dos parasitas que neles se encastelam.

2029) Tribulacoes da nova diplomacia financeira do Brasil...

Criando problemas onde eles não existiam. A demissão pelo representante brasileiro no FMI, com laivos de humilhação (ordem de evacuar os locais em 24 horas, por exemplo), da representante colombiana no FMI (que não deve sua nomeação a ele, e sim ao governo colombiano), foi mais uma demonstração de arrogância e inabilidade de Paulo Nogueira Batista Jr.
Se a Colômbia se retirar do grupo brasileiro e aderir a um outro, o Brasil poderá perder a cadeira que exibe no Board. Mais um exemplo daquela velha lei das "consequências involuntárias", que certas pessoas não se lembram que existe...
Paulo Roberto de Almeida

O realismo mágico do PT no FMI
Veja, 21 de abril de 2010

REALISMO MÁGICO DO PT
NO FMI O economista Paulo Nogueira Batista Júnior foi nomeado, em 2007, diretor executivo e representante brasileiro no Fundo Monetário Internacional (FMI). Descrente do capitalismo e alinhado à ala mais atrasada do PT, ele é um estranho no ninho em Washington. Há dois meses, abriu um conflito diplomático com a Colômbia, país que divide com o Brasil e um grupo de outras economias menores uma cadeira no diretório do Fundo. Nogueira Batista demitiu a representante colombiana, María Inés Agudelo, alegando escassez de qualificações profissionais para o posto. Rodrigo Botero, ex-ministro da Fazenda da Colômbia e experiente analista da política latino-americana, revela que a demissão foi motivada pelo choque de visões a respeito de política econômica. "O fato é que Agudelo defendia políticas como as que são adotadas no Brasil com sucesso desde os anos 90", afirma Botero. "Mandar a Washington um representante que execra a própria política econômica de seu país é uma manifestação clara do realismo mágico latino-americano por parte do governo brasileiro." De Boston, onde vive, Botero conversou com o editor Giuliano Guandalini.

O INCIDENTE
"A destituição de María Inés Agudelo por Nogueira Batista viola o acordo de cavalheiros que existe há pelo menos quatro décadas entre o Brasil e a Colômbia. Nunca houve antes um incidente como esse. Nogueira Batista alega que ele, como diretor executivo da cadeira, teve amparo institucional ao demitir Agudelo. Foi o rompimento com uma prática saudável de convivência em que se cultiva a tolerância, com o respeito a profissionais nomeados por outros países. O Brasil adotou a atitude de tratar o incidente como uma questão exclusiva do ministro da Fazenda, Guido Mantega, responsável pela indicação de Nogueira Batista. Mas esse incidente afeta diretamente as relações bilaterais entre os países. Não estamos diante de uma questão meramente burocrática. O Planalto e o Itamaraty devem compreender que a grosseria de Nogueira Batista não colabora em nada para a boa vontade de outros países em relação à política internacional brasileira."

O CONFLITO
"Nogueira Batista não pode invocar o argumento de incompetência para destituir a colombiana. Agudelo possui mais credenciais acadêmicas que Nogueira Batista. As diferenças de Batista com Agudelo se devem a concepções incompatíveis sobre política econômica. Não é segredo para ninguém que Batista é crítico de uma política econômica que tenha um regime de metas de inflação, que empregue a flexibilidade cambial e que persiga metas de superávit fiscal primário. Esses são, em essência, os fundamentos da política econômica colombiana. São princípios que Agudelo, como representante de seu país, era obrigada a defender no FMI. Seria inconcebível que a Colômbia permitisse que um detrator de sua política econômica interviesse nas discussões do Fundo. Agora, se bem entendo, as políticas mencionadas são as mesmas que vêm sendo aplicadas com sucesso no Brasil desde os anos 90. Mandar a Washington um representante que execra a política econômica de seu próprio país é uma manifestação clara do realismo mágico latino-americano por parte do governo brasileiro. Mas isso é problema brasileiro, que não concerne à Colômbia."

RELAÇÕES ESTREMECIDAS "As relações entre Colômbia e Brasil, no FMI, foram tradicionalmente cordiais, baseadas no respeito mútuo. A afronta de Nogueira Batista constitui um desrespeito, um insulto. O governo colombiano notificou o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, de que Nogueira Batista não está autorizado a interferir em assuntos relacionados à Colômbia. A manutenção da harmonia nas relações requer que o Brasil reconheça a validade do acordo de cavalheiros que acaba de ser violentado e ofereça garantias de que aceita restabelecer a situação que imperava antes da chegada de Nogueira Batista ao FMI."

DIPLOMACIA BRASILEIRA
"Existem aspectos desconcertantes na diplomacia brasileira na América Latina. Dou três exemplos recentes. Primeiro, ter declarado que Hugo Chávez é o melhor presidente que a Venezuela teve em 100 anos. Segundo, ter equiparado o preso político e mártir da ditadura cubana Orlando Zapata, falecido na prisão depois de uma greve de fome, a um delinquente comum. Isso é uma indecência, uma obscenidade. O terceiro foi permitir que a Embaixada do Brasil em Honduras servisse de palco para a ópera-bufa encenada por Manuel Zelaya. Além de revelarem falta de profissionalismo diplomático, esses episódios contribuem para a percepção de que a política regional tem um viés a favor do chavismo. Minha impressão é que essa aparente esquizofrenia tem uma explicação em função das tensões no interior do PT. Lula teve de repudiar a plataforma de seu partido e adotar uma política econômica ortodoxa. Esse alinhamento exigiu que Lula apaziguasse o descontentamento da extrema esquerda do PT. Como prêmio de consolação, delegou a gestão das relações latino-americanas a personagens como Marco Aurélio Garcia e seus seguidores."

2028) Paulo Freire - um pessimo pedagogo e a insistencia no atraso...

Dois comentaristas se deram ao trabalho de comentar um post meu sobre o arremedo de pedagogo e uma das muitas (estúpidas) unanimidades nacionais, que responde pelo nome do post:

quinta-feira, 8 de abril de 2010
2054) Celebrando o atraso - Paulo Freire nos EUA
Idiotas existem em todas as partes, como comprova a informação abaixo...

Universidade americana comemora 40 anos da tradução de Paulo Freire para o inglês

Um, o José Marcos veio em socorro do Paulo Freire, dizendo que teve, uma vez, a "oportunidade de assistir a uma palestra de Paulo Freire um pouco depois de seu retorno ao Brasil. Com sua voz mansa e pausada, Paulo Freire brindou a assistência com um convite para olharmos o mundo com uma visão mais crítica. Sugeriu que nos conscientizássemos mais da realidade em que estávamos inseridos."

Ela está contente que Paulo Freire faça sucesso nos EUA, afirmando a propósito dos americanos que: "Seduzidos pela magia mefistofélica da ciência, não percebem que, muitas vezes, causam sofrimento desnecessário aos povos que não comungam com os seus ideais."

Pois é, os americanos foram seduzidos por essa magia mefistofélica, menos aqueles, claro, que puderam ler Paulo Freire, e foram guiados pela luz da razão e pela promessa de libertação dos valores vis do capitalismo. Por isso que os americanos são tão atrasados, e os brasileiros, cuja educação é dominada de maneira intensiva e extensiva pelos ensinamentos de Paulo Freire, são tão avançados, progressistas, prósperos e cientificamente na vanguarda da humanidade.

Em seguida, o leitor Rubens perguntou, gentilmente, ao primeiro "se a doutrina Bush é prejudicial ao Direito Internacional, e o com certeza o é, o que dizer da Doutrina Mao Tse-Tung, que Paulo Freire tanto propagava? Não foi nem um pouco prejudicial a tudo aquilo o direito mais quer preservar?"
Rubens sabe bem as diferenças entre os EUA e a China de Mao, e por isso convida o primeiro comentarista a ser mais cauteloso:
""Visão mais crítica da realidade"? Pergunte aos morreram na China comunista se a visão crítica que eles tinham foi respeitada. E o que Paulo Freira achava da educação na China."

Voltou então o José Marcos com uma longa tergiversação formalística sobre o que tinha afirmado Rubens, colocando questões absolutamente superficiais, jamais tocando no âmago da questão.

Vou ajudá-lo na tarefa, resumindo o debate desta forma, ao risco de ser cruel com ambos, isto é, Paulo Freire e seu procurador voluntário José Marcos.

Paulo Freire, junto com outros representantes do marxismo universitário, é um dos muitos publicistas (avant la lettre, no seu caso) do "outro mundo possível". Existem, sim, muitos escritos nos quais ele celebra o sistema chinês -- provavelmente na ignorância completa do que se passava lá -- num momento em que a China era submetida, por aquele lunático econômico, a um dos maiores experimentos de engenharia social de que se tem notícia na história da humanidade.
Talvez o José Marcos não saiba, mas quando Paulo Freire escrevia suas maravilhas pedagógicas e celebrava os feitos do comunismo maoista, a China empreendia sob a liderança de Mao o "grande salto para a frente", que simplesmente resultou na morte -- por fome e outras endemias -- de aproximadamente 25 milhões de pessoas.
Pouco depois, a chamada Revolucao Cultural simplesmente destruiu o que tinha sobrado de universidade na China, mandando professores trabalhar no campo, em aldeias recuadas.

Mas, deixemos a tragédia maoista de lado, pois isso não nos concerne diretamente (embora os acadêmicos brasileiros escolham deliberadamente ignorar essas realidades) e voltemos para Paulo Freire.
Ele certamente foi uma pessoa bem intencionada, ainda que completamente equivocada. Ele queria o bem do povo, apenas que, como muitos outros marxistas vulgares, ele tinha uma visão deformada da realidade, que ele via sempre em preto e branco, conforme os ditames da luta de classes. Se era aristocrata, burguês, classe dominante, capitalismo, tudo isso era intrinsecamente perverso, maléfico para o povo. Se fosse do povo, das chamadas classes subalternas, dos oprimidos, então era literalmente bom, e deveria ser promovido.
O que faltava, ao povo, era uma consciência de classe, que era preciso promover, pela educação, para ele lutar pela sua libertação da opressão (capitalista, obviamente).
O mundo do socialismo -- chinês, ou outro -- era infinitamente superior ao mundo capitalista, odiado por qualquer marxista que se preze.
A educacao do povo deveria ser feita menos do be-a-bá tradicional, do tipo "Ivo viu a uva", e mais com as realidades simples do dia a dia: enxada, foice, martelo, sandálias, cabanas, em contraste com a opulência das elites. Tudo isso seria mudado um dia, se as pessoas do povo tomassem consciência de que eles eram pobres apenas porque os ricos os tinham explorado e roubado.

Estou simplificando um pouco, mas essa era a mensagem de Paulo Freira, um marxismo de botequim extremamente vulgar, para não dizer idiota, assim como são idiotas, ingênuos ou ignorantes aqueles que acham que sua mensagem tenha algo a ver com a atualidade e as necessidades de paises, ricos ou pobres.

O que essas pessoas não percebem é que o "paulofreirismo", dominante nos cursos de pedagogia do Brasil desde o final dos anos 1960 pelo menos, vem sendo praticado nos estabelecimentos de ensino de uma forma ou de outra, com os resultados que se conhecem: o Brasil é um dos últimos lugares em TODOS os exames comparativos de avaliação escolar que se possa fazer pelo mundo afora.

Se os leitores, especialmente o José Marcos, não conhece essa realidade, eu o convido a entrar na pagina da OCDE (www.oecd.org) e buscar por PISA: Program of International Student Assessment, e ver ali o lugar do Brasil nas três áreas selecionadas para avaliação: língua nacional, ciências básicas, matemáticas elementares. O Brasil consegue concentrar seus alunos nas seções inferiores, no que constitui uma tragédia nacional.

Não tenho nenhuma hesitação em atribuir a Paulo Freire uma grande, uma ENORME responsabilidade por essa tragédia.

Paulo Roberto de Almeida
(Dunhuang, China, 18.04.2010)

sábado, 17 de abril de 2010

2027) O economista presidente do Corecon-RJ deveria voltar para a Faculdade de Economia

Leiam primeiro a matéria abaixo e depois voltem para o meu comentário inicial:

Acredito que o presidente do Corecon-RJ precise estudar um pouco mais de economia, e também se informar melhor sobre a história da divida externa do Brasil, e sobretudo das condicoes macroeconomicas de sua divida interna, antes de escrever uma peça mal informada, mal refletida, mal argumentada.
Os tres elementos de politica economica que caracterizam o Brasil atualmente -- flexibilidade cambial, metas de inflacao, superavit primario, o que é falacioso, diga-se de passagem -- NUNCA foram exigencia do FMI e sim decisao nacional adotada em acordo com o FMI, desde o segundo acordo feito com o organismo, e que nao constava do primeiro em 1998.
No primeiro, o FMI tentou exigir, sim, é bom que se diga, desvalorização cambial, algo que suponho o articulista também recomende, como metade da burguesia brasileira, o que o Brasil se recusou a fazer. O FMI sempre recomenda desvalorizacao em caso de desequilibrios externos, talvez o presidente do Corecon-RJ não saiba.
O Brasil adotou o regime de metas inflacionarias quando decidiu, por realismo economico, deixar o regime de bandas cambiais pelo de flutuacao, esta é a simples verdade. Se substitui uma ancora pela outra, o que é demonstracao de simples racionalidade, e não de submissao ao FMI.
O que o FMI sempre exigiu, diga-se de passagem como qualquer mãe administrando um orçamento doméstico exigiria, foi equilibrio nas contas públicas, ou seja, não gastar mais do que se arrecada, ou se ganha, no caso familiar.
Isso o Brasil deveria fazer por interesse próprio, não por exigência de qualquer orgao externo, por simples medida de economia doméstica. Ele o fez de modo canhestro, primário, mistificador, com o tal de superavit primário, que só cobre uma parte do serviço da dívida total.
Diga-se de passagem também que a dívida externa não constitui problema, pois ela é pequena em relação ao PIB, e seus juros são menores.
A dívida interna é sim um ENORME problema e isso não tem nada a ver com o FIM, e sim com a capacidade do Estado de gastar mais do que arrecada.
A solução do calote, que o articulista preconiza, seria usada apenas uma vez, pois se supõe que, continuando a haer déficits, não haveria mais emprestadores de dinheiro para o Estado, que assim mergulharia o país na recessão.
O articulista é um irresponsável, ou um ignorante, por propor esta solução.
Sugiro que ele volte para a Faculdade, para estudar um pouco mais de economia...
Paulo Roberto de Almeida
(Dunhuang, 18.04.2010)

A dívida e as contas externas
Paulo Passarinho
Socialismo e Liberdade, Sexta, 16 de abril de 2010

Na última quarta-feira, 14 de abril, Guido Mantega, ministro da Fazenda, e Henrique Meireles, presidente do Banco Central com status de ministro - "beneficiado" por Lula, em decorrência de acusações que lhe pesam de evasão de divisas, sonegação fiscal e falsidade ideológica - estiveram presentes na Câmara dos Deputados, em depoimento à CPI da Dívida Pública.

Conforme era de se esperar, destilaram otimismo. O endividamento não é preocupante. Para o ministro da Fazenda, a dívida líquida do setor público apresenta uma queda nos últimos anos, as taxas de juros foram reduzidas e o prazo dos títulos da dívida ampliados. A própria dívida externa também seria um problema superado, pois o acúmulo de reservas cambiais nos dá garantias, segurança e capacidade de pagamento. Sobraram elogios até mesmo para a política monetária e as suas metas de inflação, com Mantega enfatizando que não sofremos mais a ingerência do FMI e de bancos internacionais na gestão macroeconômica.

O ministro, que já teve um passado acadêmico com tinturas marxistas, desprezou fatos históricos banais. A adoção da política monetária baseada no modelo de metas inflacionárias, a política fiscal com o objetivo de se alcançar pesadas metas de superávit primário e o regime de câmbio flutuante - características da atual política macroeconômica - foram exigências do último acordo celebrado com o FMI, ainda no tempo de FHC. É verdade que o acordo não mais existe formalmente, mas as políticas recomendadas pelo Fundo deitaram raízes profundas nas cabeças dos nossos dirigentes, a ponto de fazê-los esquecer do passado recente. Com relação à ingerência dos bancos internacionais, talvez o ministro da Fazenda tenha razão: o comando do Banco Central do Brasil por um executivo, ex-presidente mundial do Bank of Boston, como é o caso de Meireles, talvez não se configure propriamente em uma ingerência, mas sim numa intervenção direta de um credor internacional.

Seria tudo apenas patético, não fora a tragédia que essa mesma política representa para milhões de brasileiros que continuam carentes de políticas públicas de qualidade e eficiência, em áreas básicas como a educação, a saúde, a habitação popular, os transportes públicos ou o saneamento.

Conforme tenho constantemente enfatizado, todas essas políticas têm se degradado a olhos vistos nos últimos anos. E dificilmente qualquer análise séria sobre as razões desse processo poderá deixar de lembrar que os recursos públicos para investimentos nessas áreas ficam extremamente prejudicados com as despesas crescentes que as políticas monetária e cambial em vigor acarretam para as contas públicas.

A carga de juros paga anualmente aos credores da dívida pública é gigantesca, nunca inferior a R$ 150 bilhões. No ano passado, por exemplo, chegou ao montante de R$ 169 bilhões, incluindo as despesas da União, de estados, e de municípios, de acordo com o próprio ministro.

Conforme o importante trabalho realizado pela Campanha pela Auditoria Cidadã da Dívida, no ano de 2009, 36% das despesas realizadas no âmbito do Orçamento Geral da União - equivalentes a R$ 380 bilhões!! - foram usadas no pagamento de juros e amortizações. Guido Mantega contestou esse dado, pois ele não considera adequada a inclusão das despesas com o pagamento das amortizações, nesse cálculo.

O deputado Ivan Valente, do PSOL de S.Paulo e proponente original da CPI, lembrou ao ministro que a própria MP 435/2008 permitiu que o Executivo desviasse bilhões de reais de diversas áreas sociais - incluindo recursos da União, arrecadados pela receita dos royalties do petróleo, objeto de recente e ferrenha disputa entre os estados, justamente para o pagamento de amortizações.

Mas nada disso parece abalar as convicções otimistas dos ministros.

A dívida interna em títulos do governo federal ultrapassa hoje a R$ 2 trilhões. Quando Lula assumiu o governo, em janeiro de 2003, a dívida era de R$ 687 bilhões. Se lembrarmos que em janeiro de 1995, quando do início dos governos de FHC, essa dívida era de apenas R$ 59,4 bilhões, dá para se ter uma idéia do que estamos falando em termos de comprometimento das finanças públicas. Com esse tipo de política, baseada em altíssimas taxas de juros, abertura financeira e todo tipo de incentivo à especulação, especialmente por parte de quem têm acesso aos mercados internacionais, não há condição de muita margem de manobra para que políticas voltadas para a maioria da população sejam contempladas com recursos financeiros suficientes.

Nossos atuais dirigentes não se importam com esse tipo de dado. Talvez lhes interessem mais os elogios que a banca internacional, e a tupiniquim, vivem a fazer ao atual governo brasileiro.

Talvez prefiram mesmo observar o crescimento econômico sustentado por uma economia de endividamento das famílias, a partir de mecanismos de crédito em expansão e a um custo financeiro extremamente elevado, com as maiores taxas de juros do mundo. Afinal, a política de valorização do salário mínimo, os programas de transferência de renda aos miseráveis e a geração de empregos de baixa remuneração e qualidade, atende aos mais pobres. Com uma enorme demanda reprimida por bens e serviços, esses setores impulsionam o mercado interno e ao menos até o momento permitem que os dirigentes da economia e da política possam capitalizar o relativo desempenho observado, em particular na comparação com FHC.

Contudo, nem tudo são flores.

O que permitiu essa aparente transformação dos efeitos do mesmo modelo, na comparação entre os governos FHC e Lula, foi a conjuntura econômica internacional e especialmente os resultados das contas externas do país.

Desde 2003, o furor exportador brasileiro de commodities agrícolas e minerais foi contemplado pela demanda asiática, puxada pela economia chinesa, e permitiu que o Brasil passasse a ter saldos positivo nas nossas transações correntes com o exterior, algo inédito na história recente do Brasil.

Porém, essa primavera se encerrou em 2008, quando voltamos a contrair resultados negativos em nossa conta corrente. De um saldo recorde, em 2005, de US$ 14 bilhões, passamos a um déficit de US$ 28,3 bilhões, em 2008, e um resultado novamente negativo, em 2009, de US$ 24,3 bilhões. Para esse ano, o próprio Banco Central projeta um déficit em conta corrente de US$ 49 bilhões, resultado de um saldo comercial que despenca - em 2006, chegamos a um resultado recorde de US$ 46,5 bilhões, e para 2010 a projeção é que tenhamos um saldo de apenas US$ 10 bilhões. Como a nossa conta de serviços é estruturalmente deficitária, e estimada em US$ 59 bilhões para esse ano, o Banco Central chegou a essa estimativa de déficit de nossas transações correntes, resultado da combinação das projeções feitas para os resultados da conta comercial e de serviços.

É interessante notar que, nessa projeção do déficit da conta de serviços, a estimativa do Banco Central é de uma despesa, somente com remessa de lucros e dividendos, em 2010, da ordem de US$ 32 bilhões, e, com o pagamento de juros da dívida externa - que para Lula acabou, e que para Mantega não é mais um problema - a conta fique em US$ 8,3 bilhões.

Seria talvez importante que ambos conversassem, com mais cuidado, com o banqueiro Henrique Meireles.

15/04/2010

Paulo Passarinho é economista e presidente do CORECON-RJ

2026) O Imperio em busca de uma estrategia - um problema filosofico ou pratico?

Leiam primeiro, se desejarem, a matéria abaixo, do Washington Post, que alerta que o Secretário da Defesa dos EUA, com toda a sua candura (e estupidez) de politico profissional, diz abertamente o que nenhum estrategista verdadeiro, desde Sun Tzu pelo menos, diria em publico e nesses termos.
Se trata de alguem notoriamente despreparado para o cargo, de qualquer republiqueta que se pense, quanto mais do Imperio mais poderoso do planeta.
Se nao tem uma estrategia de longo prazo (ou de qualquer prazo), deveria mandar fazer uma, em lugar de ficar com devaneios filosoficos (que nao sei ainda quais sao, pois ainda nao li o documento original, so reagindo ao alerta do jornal).
Os israelenses tem sim uma estrategia, mas ela corre o risco de incendiar a regiao, e precipitar muito mais mortes e destruicao do que qualquer outra solucao diplomatica (que sera sempre de acomodacao, é bom que se diga de imediato).
Se os americanos nao tem estrategia, poderiam comecar discutindo a estrategia de quem tem: seja aos israelenses, seja ao G6 que discute o problema, até ao Brasil e sua diplomacia do olho-no-olho (quem sabe dá certo e o Lula consegue ser Premio Nobel da Paz, como tanto almeja?).
O que nao se pode é ficar fazendo documentos filosoficos. Secretario da Defesa não é para fazer filosofia, é para defender o seu pais, qualquer que seja a concepcao de defesa que este tenha democraticamente aprovado.
Neste caso, é tambem bom que se diga, os EUA estão prestando um servico de utilidade publica mundial.
Ou alguem acredita que o mundo estará melhor quando os iranianos possuirem a bomba atomica?
Bem, pode ser que alguem acredite nisso, aqui mesmo no Brasil.
Mas eu estou falando de pessoas sensatas...
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Paulo Roberto Almeida

Gates Says U.S. Lacks Strategy to Curb Iran’s Nuclear Drive
By DAVID E. SANGER and THOM SHANKER
The Washington Post, April 17, 2010

WASHINGTON — Defense Secretary Robert M. Gates has warned in a secret three-page memorandum to top White House officials that the United States does not have an effective long-range policy for dealing with Iran’s steady progress toward nuclear capability, according to government officials familiar with the document.

Several officials said the highly classified analysis, written in January to President Obama’s national security adviser, Gen. James L. Jones, touched off an intense effort inside the Pentagon, the White House and the intelligence agencies to develop new options for Mr. Obama. They include a revised set of military alternatives, still under development, to be considered should diplomacy and sanctions fail to force Iran to change course.

Officials familiar with the memo’s contents would describe only portions dealing with strategy and policy, and not sections that apparently dealt with secret operations against Iran, or how to deal with Persian Gulf allies.

One senior official, who like others spoke on the condition of anonymity because of the sensitive nature of the memo, described the document as “a wake-up call.” But White House officials dispute that view, insisting that for 15 months they had been conducting detailed planning for many possible outcomes regarding Iran’s nuclear program.

In an interview on Friday, General Jones declined to speak about the memorandum. But he said: “On Iran, we are doing what we said we were going to do. The fact that we don’t announce publicly our entire strategy for the world to see doesn’t mean we don’t have a strategy that anticipates the full range of contingencies — we do.”

But in his memo, Mr. Gates wrote of a variety of concerns, including the absence of an effective strategy should Iran choose the course that many government and outside analysts consider likely: Iran could assemble all the major parts it needs for a nuclear weapon — fuel, designs and detonators — but stop just short of assembling a fully operational weapon.

In that case, Iran could remain a signatory of the Nuclear Nonproliferation Treaty while becoming what strategists call a “virtual” nuclear weapons state.

According to several officials, the memorandum also calls for new thinking about how the United States might contain Iran’s power if it decided to produce a weapon, and how to deal with the possibility that fuel or weapons could be obtained by one of the terrorist groups Iran has supported, which officials said they considered to be a less-likely possibility.

Mr. Gates has never mentioned the memo in public. His spokesman, Geoff Morrell, declined comment on specifics in the document, but issued a statement on Saturday saying, “The secretary believes the president and his national security team have spent an extraordinary amount of time and effort considering and preparing for the full range of contingencies with respect to Iran.”

Pressed on the administration’s ambiguous phrases until now about how close the United States was willing to allow Iran’s program to proceed, a senior administration official described last week in somewhat clearer terms that there was a line Iran would not be permitted to cross.

The official said that the United States would ensure that Iran would not “acquire a nuclear capability,” a step Tehran could get to well before it developed a sophisticated weapon. “That includes the ability to have a breakout,” he said, using the term nuclear specialists apply to a country that suddenly renounces the nonproliferation treaty and uses its technology to build a small arsenal.

Nearly two weeks ago, Mr. Obama, in an interview with The New York Times, was asked about whether he saw a difference between a nuclear-capable Iran and one that had a fully developed weapon. “I’m not going to parse that right now,” he said. But he noted that North Korea was considered a nuclear-capable state until it threw out inspectors and, as he said, “became a self-professed nuclear state.”

Mr. Gates has alluded to his concern that intelligence agencies might miss signals that Iran was taking the final steps toward producing a weapon. Last Sunday on the NBC News program “Meet the Press,” he said: “If their policy is to go to the threshold but not assemble a nuclear weapon, how do you tell that they have not assembled? I don’t actually know how you would verify that.” But he cautioned that Iran had run into production difficulties, and he said, “It’s going slow — slower than they anticipated, but they are moving in that direction.”

Mr. Gates has taken a crucial role in formulating the administration’s strategy, and he has been known over his career to issue stark warnings against the possibility of strategic surprise.

Some officials said his memo should be viewed in that light: as a warning to a relatively new president that the United States was not adequately prepared.

He wrote the memo after Iran had let pass a 2009 deadline set by Mr. Obama to respond to his offers of diplomatic engagement.

Both that process and efforts to bring new sanctions against Iran have struggled. Administration officials had hoped that the revelation by Mr. Obama in September that Iran was building a new uranium enrichment plant inside a mountain near Qum would galvanize other nations against Iran, but the reaction was muted. The next three months were spent in what proved to be fruitless diplomatic talks with Iran over a plan to swap much of its low-enriched uranium for fuel for a medical reactor in Tehran. By the time Mr. Gates wrote his memo, those negotiations had collapsed.

Mr. Gates’s memo appears to reflect concerns in the upper echelons of the Pentagon and the military that the White House did not have a well-prepared series of alternatives in place in case all the diplomatic steps finally failed. In fact, just before Mr. Gates issued his warning, the chairman of the Joint Chiefs of Staff, Adm. Mike Mullen, wrote an official “chairman’s guidance” to his staff saying that while any military option would have “limited results” against Iran’s nuclear facilities, preparations needed to be stepped up.

“Should the president call for military options, we must have them ready,” the admiral wrote.

Administration officials testifying before a Senate committee last week made it clear that those preparations were under way. So did General Jones. “The president has made it clear from the beginning of this administration that we need to be prepared for every possible contingency,” he said in the interview. “That is what we have done from day one, while successfully building a coalition of nations to isolate Iran and pressure it to live up to its obligations.”

At the same hearing before the Senate Armed Services Committee, Lt. Gen. Ronald L. Burgess Jr., director of the Defense Intelligence Agency, and Gen. James E. Cartwright, the vice chairman of the Joint Chiefs of Staff and one of the military’s most experienced officers on nuclear matters, said that Iran could produce bomb-grade fuel for at least one nuclear weapon within a year, but that it would probably need two to five years to manufacture a workable atomic bomb.

The administration has been stepping up efforts to contain the influence of Iran and counter its missiles, including placing Patriot anti-missile batteries, mostly operated by Americans, in several states around the Persian Gulf.

The Pentagon also is moving ahead with a plan for regional missile defense that reconfigures architecture inherited from the Bush administration to more rapidly field interceptors on land and at sea.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

2025) O Bolsa-Familia e seus impactos negativos sobre o mercado de trabalho: um debate metodológico e empiricamente fundamentado

Uma leitora habitual deste blog, Glaucia, comentou em outro post meu,

quinta-feira, 15 de abril de 2010
2022) A parabola do samaritano, revisitada, e novamente corrigida

que, por sua vez, começou tratando dos efeitos nefastos do BF sobre o mercado de trabalho, neste post inicial ao debate da questão:

terça-feira, 13 de abril de 2010
2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o mercado de trabalho

e que acabou derivando para uma pretensa parábola do “bom samaritano” sobre virtudes cívicas e morais – como se a caridade, a benemerência e o assistencialismo oficial (e politicamente motivado) fossem um substituto à boa política econômica ou ao bom ordenamento de uma economia produtiva, funcionando em bases normais – que “qualquer pesquisa rápida sobre os números do emprego no Brasil desmonta a tese de que o Bolsa-Família bloqueia o emprego, ou impede a formalização das relações de trabalho.”
Desconheço “qualquer pesquisa rápida” que tenha dito isso e convido minha leitora a trazer-me essas pesquisas rápidas, para minha informação e dos leitores.

Mas, de molde a poder oferecer um debate amplo sobre essa questão importante, num espaço aberto ao debate de boa qualidade (nem sempre) como o oferecido neste espaço, com base na honestidade intelectual, na consistência dos argumentos e no simples atendimento de algumas poucas regras de boa convivência e de lógica elementar – ou seja, evidências consistentes, não contradição intrínseca dos argumentos, boa fé dos argüidores – vou retomar cada um dos pontos do debate, começando pela transcrição completa do que disse minha leitora:

Glaucia deixou um novo comentário sobre a sua postagem "2022) A parabola do samaritano, revisitada, e nova...":

Apenas reitero: qualquer pesquisa rápida sobre os números do emprego no Brasil desmonta a tese de que o Bolsa-Família bloqueia o emprego, ou impede a formalização das relações de trabalho.

IBGE, FIESP, CNI, Dieese, google, cada um pode escolher sua fonte. O essencial é substituir o senso comum, anedotas e ditados populares por dados estatisticamente relevantes e, de preferência, agregados. Ao menos foi o que aprendi nas aulas de metodologia.


Agora, meus comentários (PRA):
1) Pois bem, estou à espera dessas “pesquisas rápidas” que provariam o que eu venho argumentando aqui, com base em evidências prima facie – ou seja, que não se apóiam em pesquisas de terreno e em números imediatamente verificáveis – mas que apresentam alguma consistência teórica e prática, qual seja: o BF diminui sim, a oferta de mão-de-obra não qualificada no mercado de trabalho, com impactos setoriais que podem ser importantes, diminui a empregabilidade geral do sistema econômica, distorce as condições de concorrência no mercado de trabalho, sobretudo no plano dos custos da mão-de-obra, e introduz um viés anti-mercado no comportamento geral da economia e da sociedade brasileira, sem mencionar seus custos fiscais e tendências perversas do ponto de vista da psicologia social, que se aproxima da cultura da assistência pública, em lugar da cultura do trabalho e da inserção produtiva nos mercados.
Estes são os meus argumentos, que não vêm, por certo, apoiados em qualquer pesquisa de terreno, rápida ou lenta, que agora caberia desmentir.

2) Então ficamos assim: a Glaucia nos apresenta suas pesquisas rápidas que desmentiriam o que venho afirmando na linha do que está escrito acima. Podem ser pesquisas longas também, à condição que sejam consistentes e compatíveis com a metodologia científica. Tenho certa desconfiança, confesso, dos trabalhos atuais do IPEA, depois que esse instituto, outrora sério, descobriu uma metodologia genial para “provar” que a produtividade do trabalho no setor público no Brasil era fantasticamente maior do que a do setor privado, e que estados periféricos, como Roraima, eram 150 vezes mais eficientes do que estados neoliberais como São Paulo.
O importante é que essas pesquisas -- pode ser IBGE, FIESP, CNI -- “desmontem” as minhas teses, como ela nos promete. Se elas forem fiáveis e desmentirem minhas percepções, vou oferecer aqui uma contrição pública, um mea culpa por ser tão maldoso em relação ao BF.

3) Senso comum não é o mesmo que falácia, embora muitas falácias sejam de senso comum. Senso comum pode ser até verdadeiro, desde que embasado na realidade, e não corresponder a mitos.
O que eu pretendo destacar em relação ao BF é isto: o programa criado pelos tucanos se prendia ao Bolsa-Escola, limitando os pagamentos a contrapartidas escolares. Parece uma solução genial – mas é a confissão de nossas mazelas – e pode ser um expediente temporário, até que pais tenham renda suficiente para manter seus filhos na escola e não retira-los para trabalhar (pode demorar, dai que o Bolsa-Escola é temporariamente aceitável).
Ao se criar o BF – volto a repetir, por motivos basicamente políticos – se introduziu um “free-ride” para todos: ou seja, basta ser pobre para desfrutar da benesse (com contrapartidas vagamente implementadas). As evidencias prima-facie são de que isso impacta significativamente o mercado de trabalho, por uma série de mecanismos que não é preciso descrever aqui, sumariamente inserido naquilo que os economistas chamam de “wrong incentives”.
Se a renda aparece caindo do céu, por que é que eu vou me dar ao trabalho de fazer algo duro – como são todos os trabalhos de baixa qualificação – por um pagamento que se aproxima do mínimo, ou fica abaixo disso?
E quanto ao capitalista, como ele vai fazer? Paga duas vezes o mínimo para atrair os BFs da vida, e corre o risco de ficar pouco competitivo? Capitaliza a sua indústria, serviço, plantação? Paga por fora (porque assim exigem os contemplados do BF, diga-se claramente), correndo o risco de ser multado pelo Ministério do Trabalho?
Se isso não é um conjunto de distorções, então eu não sei o que são distorções.
Aguardo as pesquisas rápidas para tirar minhas conclusões.

2024) Manipulacao cambial dos amigos, nao é bem isso o que estao dizendo...

Reunião dos Bric ignora câmbio chinês
Alex Ribeiro
Valor Econômico, Sexta-feira, 16 de abril de 2010

A subvalorização da moeda chinesa provoca a perda de milhares de empregos industriais no Brasil, mas esse não foi um tema relevante na pauta da reunião de cúpula dos Bric, que trouxe ontem a Brasília o presidente Hu Jintao.

Esta semana, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, esteve aqui em Washington para participar de uma reunião de cúpula de segurança nuclear. Foi uma oportunidade para questionar se o Brasil pretende fazer algo a respeito da manipulação do câmbio chinês.

Claro, mas talvez não com essas palavras, respondeu Amorim, rejeitando a expressão manipulação do câmbio, muito usada pelos industriais e sindicalistas americanos para designar a desvalorização artificial do yuan, a moeda chinesa. O Congresso dos Estados Unidos ameaça retaliar a China com tarifas mais altas, mas o Brasil prefere levar o assunto na base da negociação. Cada um tem sua maneira de agir, diz o ministro. A gente prefere mostrar como foi bom para o Brasil a experiência de câmbio flutuante, como isso ajudou também a combater a inflação.

Muito realista, o ministro acha que os chineses, por si só e para atender pressões de sua própria economia interna, terão que valorizar o câmbio mais cedo ou mais tarde. A China cresce rápido demais, e uma taxa de câmbio mais valorizada pode ajudar a conter pressões inflacionárias.

O câmbio subvalorizado da China faz com que o Brasil exporte menos produtos industrializados ao país asiático e se especialize em produtos básicos, além de sofrer a concorrência desleal de produtos chineses no mercado interno e também no comércio com outros países que compravam nossos bens manufaturados, como nossos vizinhos da América do Sul.

Também não é assim, protesta Amorim. Não dá para dizer que o Brasil virou um celeiro de commodities . Exportamos aviões, temos os investimentos da Marcopolo na China... Mas ele reconhece que é preciso avançar na diversificação da pauta de exportações para a China, já que, em sua opinião, o volume de negócios dos negócios com a China é adequado.

Nos Estados Unidos, a manipulação do câmbio pelos chineses é o mais importante tema da agenda econômica internacional. Alguns cálculos apontam que ele leva a uma perda de cerca de 2,5 milhões de empregos industriais. Há muita pressão da opinião pública para que o Departamento do Tesouro declare que a China manipula a moeda, e parlamentares apresentaram projetos de lei que permitem subir tarifas de importações de produtos chineses.

A China deu os primeiros sinais de que pode valorizar um pouco sua moeda, algo como 3% neste ano, percentual que talvez seja muito tímido para acalmar a opinião publica americana. Usando diferentes metodologias, os economistas calculam que a subvalorização do câmbio chinês em relação ao dólar esteja entre 20% e 40%.

No Brasil, surpreende que o assunto não tenha maior relevância. O Peterson Institute, um influente centro de estudos de Washington, calcula que o yuan esteja 40,7% subalorizado em relação ao dólar. Já o real brasileiro estaria valorizado em 15,7% em relação ao dólar. Tudo somado, o yuan estaria mais do que 50% subvalorizado em relação à nossa moeda.

Depois da crise financeira internacional, os Estados Unidos estão corrigindo um pouco de seu déficit externo e, porque a moeda chinesa é mantida artificialmente desvalorizada, o Brasil acaba sofrendo mais. A carga do ajuste da moeda americana, que deveria ser dividida com os chineses, está sendo carregada por países com taxas de câmbio flexível, como o Brasil. Visto de outra forma: os americanos estão consumido menos e exportando mais. Como os chineses impõem uma barreira cambial às exportações americanas, os Estados Unidos fazem seu ajuste externo despejando uma carga maior de produtos no Brasil.

Os prejuízos causados pelos chineses ao Brasil são um pouco obscurecidos pelo fato de que a nossa própria taxa de câmbio está sobrevalorizada. O real sobrevalorizado é um erro, que deveria ser corrigido com um aperto fiscal, mas um erro não justifica o outro.

Ironicamente, uma eventual apreciação do câmbio chinês significará, para o Brasil, uma taxa de câmbio ainda mais apreciada. Com uma moeda mais forte, a China ampliará a demanda por commodities exportadas pelo Brasil. Também permitirá à industria brasileira competir com os chineses com um pouco mais de igualdade tanto no nosso mercado interno como em outros mercados no exterior. A combinação desses dois fatores é o aumento dos dólares disponíveis no nosso mercado de câmbio, que levariam ao um real ainda mais forte.

Se é para ter um câmbio ainda mais apreciado, vale a pena o Brasil brigar por um câmbio chinês mais justo? Claro que sim. Hoje, a apreciação do câmbio é causada sobretudo pelo fluxo de capitais estrangeiros ao país. Mas o Brasil registra déficit em conta corrente, estimado em US$ 50 bilhões pelo mercado para este ano, e em US$ 60 bilhões no ano que vem. Se os chineses deixarem de manipular sua moeda, esse déficit tende a diminuir, deixando a nossa economia menos vulnerável a paradas súbitas no fluxo de capitais.

Com tantos interesses estratégicos em jogo em torno da moeda chinesa, é irônico que o principal assunto da agenda econômica na reunião com os Bric foram os mecanismos para substituir o dólar como moeda nas transações de países do grupo. Por enquanto, a ideia é apenas desenvolver os sistemas de pagamento em moedas locais, mas no longo prazo há a ambição de substituir o dólar como principal moeda de reserva internacional. Não há dúvida que, em algum momento, será adequado achar uma moeda mais estável e mais sólida do que o dólar para lastrear as relações econômicas internacionais. Mas é improvável que a solução vá nascer de entendimentos com um país que manipula sua própria moeda para tomar empregos de outras economias.

Alex Ribeiro é correspondente em Washington. A titular da coluna, Claudia Safatle, não escreve hoje excepcionalmente

E-mail: alex.ribeiro@valor.com.br

2023) Diplomacia do futebol e suas metáforas....

E o Irã, que posição ocuparia no jogo de futebol?

Brasil não teme ficar isolado, diz Amorim
TÂNIA MONTEIRO
Agência Estado, 15 de abril de 2010

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, declarou, após o final das reuniões do BRIC, que o Brasil não tem nenhuma preocupação em ficar isolado na defesa de que não sejam aplicadas sanções ao Irã por causa de seu projeto nuclear e usou uma comparação com o futebol para falar da situação brasileira.

"Antigamente no futebol tinha o ponta esquerda e ele ficava isolado porque ninguém jogava bola pra ele. O Brasil não tem esse problema. O Brasil joga no meio de campo e, portanto, recebe bola e passa bola", afirmou Amorim, insistindo que a imprensa é que tem preocupação com isolamento, não o governo. "Não temos essa preocupação. Isso é uma preocupação de vocês", disse o ministro.

Celso Amorim disse ainda que o Brasil está conversando com vários países sobre a questão do Irã e depois destes encontros, certamente, todos vão refletir sobre as conversas. "Todos compartilham a percepção sobre o valor de uma solução negociada e os inconvenientes que podem ter as sanções", declarou Amorim, acrescentando que cada país fala por si e o Brasil defende o diálogo e todas as conversas foram muito produtivas.

Comentários à matéria do Estado:

4 Alfredo Junior
16 de abril de 2010 | 7h 11Denunciar este comentário

Esse Celso Amorim é a pior desgraça do governo Lula. O panaca quer comparar um assunto tão sério com futebol. É um imbecil de carteirinha mesmo. Mas é bom que os brasileiros vejam bem quem é o pivô de todas as enrascadas em que se mete o presidente, para que depois saiba de quem cobrar. Maldita hora em que delegaram poder a um retardado mental.

3 Alberto Martinet
16 de abril de 2010 | 6h 22Denunciar este comentário

O Amorim idolatra de tal maneira o chefe que já está se deixando contaminar pelo vezo de arrematar seus pensamentos com metáforas futebolísticas. É muito rasteiro para quem ocupa hoje o lugar que já foi do Barão do Rio Branco.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

2022) A parabola do samaritano, revisitada, e novamente corrigida

O leitor José Marcos, a propósito deste meu post:

terça-feira, 13 de abril de 2010
2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o mercado de trabalho

que provocou certa polêmica, como se pode constatar pela fileira de comentários a ele anexa,
mandou-me esta singela parábola adaptada ao seu gosto:

José Marcos deixou um novo comentário sobre a sua postagem "2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o me...":

A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO REVISITADA
Descia um homem de Manari para Maceió, e caiu desfalecido, meio morto, em virtude da fome e do inclemente calor do sertão nordestino. E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo empresário; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um banqueiro, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um alto funcionário público, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; com seu telefone celular, convocou um carro-pipa para aplacar a sede do infeliz; em seguida, inscreveu-o num programa assistencial do governo para combater a fome. Ao ver as ações que o alto funcionário público tomara, o empresário e o banqueiro ficaram profundamente indignados. Foram tomar-lhe satisfações, alegando que ele estava gastando o dinheiro dos impostos de forma irresponsável, sem uma contrapartida de prestação de serviços. Acrescentaram que tal assistencialismo contribuiria apenas para produzir indolentes e refratários ao trabalho. Tomaram, então, os benefícios que o alto funcionário público havia dado ao homem que caíra no caminho. Decorridos alguns dias, o homem tornou novamente a cair na estrada de Manari para Maceió. Dessa vez, não mais se levantou do lugar.

==============

Volto a comentar (PRA):

Eu acho que ele errou ligeiramente na parábola, por isso me permito corrigi-la (e corrigi-lo):

A NOVA PARABOLA DO SAMARITANO (versão corrigida e atualizada)
Estavam 44 milhões de brasileiros, à beira da estrada, desfalecidos, desnutridos, quase mortos de fome, sob o sol inclemente, chuvas torrenciais, bandidos salteadores, políticos desprezíveis, enfim, mais de 9 milhões de famílias absolutamente desprovidas de meios para se alimentar dignamente, e que esperavam pelo seu salvador há 500 anos.
Nunca antes neste país alguém havia se preocupado com eles. E ali estavam os 44 milhões de brasileiros prestes a morrer de fome.
Passavam por eles banqueiros, capitalistas, políticos do PSDB, do DEM, coronéis do Nordeste, funcionários do Banco Mundial, do FMI, da ONU, do Vaticano, todo esse bando de privilegiados, e deixavam os 44 milhões de brasileiros entregues à sua própria sorte, condenados a morrer de fome, se não fosse uma aparição repentina.
Foi aí, então, que em 2003, quando a história começou nestepaiz, que um Salvador, filho de Deus (quem sabe até o próprio), saído dos grotões de Pernambuco, para caçar rato e passar fome em SP, mas que depois engordou um bocadinho, foi aí que este anjo salvador criou o Bolsa Família -- com um pouco de know-how tucano, mas isso não é para ser dito nesta parábola tão exemplar -- e começou a encher o programa de gente pobre, saídos das listas das prefeituras (algumas controladas por coronéis, que maldosamente também incluiam suas cunhadas, o gato e o cachorro no programa) e salvos milagrosamente de morrer de fome pela mão do divino redentor.
E foi assim que 44 milhões de brasileiros famintos puderam comer.
Como o divino redentor não tinha meios próprios para alimentá-los, ele foi pedir ao maldito agribusiness que aumentasse a sua produtividade e passasse a fornecer uma quantidade maior de alimentos.
Sim, o divino redentor não contava que todos aqueles miseráveis que antes sobreviviam de agricultura de subsistência, de xepa na feira, de pequenos trabalhos no mercado informal, parariam de trabalhar apenas para serem acolhidos pela graça divina de receberem dinheiro do Bolsa-Família e assim poderem ir na feira, na quitanda, no empório, no supermercado, e comprar seu alimento.
Mas, como antes eles viviam de sistemas de subsistência, houve uma diminuição do trabalho e do fornecimento de produtos desses setores informais.
Se não fosse o extremo dinamismo da agricultura capitalista no Brasil, o Bolsa-Família teria tido efeitos inflacionários e de desequilíbrio entre a oferta e a procura, o que foi contornado pelo tremendo potencial da agricultura moderna no Brasil (e isso a despeito de um bando de energúmenos que insistiam em bloquear as possibilidades de o agronegócio aumentar sua produção, com invasão de propriedades, destruição de culturas, de equipamentos e toda a sorte de abusos).
Foi assim que o divino redentor conseguiu alimentar todo aquele povo.
Mas antes precisa ser dito outra coisa.
Se ele não tivesse colocado mais impostos e contribuições sobre os empresários, sobre a classe média e sobre o povo trabalhador em geral, ele JAMAIS teria conseguido o dinheiro para dar para aqueles 44 milhões de famélicos, que corriam o risco iminente de morrer de fome, não fosse sua genial e divina intervenção.
E assim foi a história verdadeira do bom samaritano, que de samaritano não tem nada, sendo apenas uma aliado de velhos e novos coronéis, para manter o povo humilde na dependência da assistência pública, com propósitos claramente eleitorais.
E tem gente que ouve uma outra versão da parábola e ainda pensa que o mundo é feito de milagres e de divinos redentores...

Pela nova versão da parábola:
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 16.04.2010)

2021) A quantos ministerios estamos?

Será o 39., ou o 40. ministerio? Alguém sabe dizer?

Lula incentiva criação de ministério para PME

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva incentivou a criação de um ministério específico para pequenas e micro empresas durante evento no Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). "É incompatível o mesmo ministro estar preocupado com os problemas da Gerdau [empresa do setor de aço] e da companheira costureira de Brasília que veio aqui", disse, se referindo a uma costureira que discursou no evento. Mas descartou criar um ministério no final de seu governo.


Alguém me ajude, por favor, eu perdi a conta depois de ministerio 37...

2020) A moeda (ainda inexistente) dos Brics: um exercicio intelectual, segundo Lamy

Sempre achei que essa mania de trocar o dólar por moedas locais, ou outras moedas, acarreta custos, e não apenas de transações, como diz o diretor geral da OMC, Pascal Lamy, mas também custos políticos.
Ora, não acho que seja função de Bancos Centrais assumir riscos comerciais de agentes privados, que devem, de maneira geral, ser brindados com todas as opções disponíveis no mercado para que eles mesmos façam suas escolhas (ou seja, escolher eles mesmos as moedas em que pretendem transacionar -- bens, serviços, moedas, financiamentos, etc -- e assumir os riscos cambiais disso).
Aos Bancos Centrais, em nome dos governos, cabe diminuir os custos de transação e tornar o sistema homogeneo, simples e de fácil contabilidade e controle.
A libra nos serviu durante mais de 150 anos; desde 1939 foi substituída pelo dólar, por razões de guerra e de ordem econômica: este já se tinha tornado a moeda dominante de nosso comércio.
O que deveria haver, sim, seria a conversibilidade do Real brasileiro, e a plena liberdade dos agentes econômicos para fazer o que desejarem de seus bens e moedas.
Ao governo, cabe defender o interesse coletivo e o patrimônio público.
Se trocar o dólar por qualquer outra moeda implica em maiores riscos e maiores custos, é evidente que pretender trocá-lo contra essas evidências, só pode ser por motivos políticos e ideológicos, e é preciso que isso fique bastante claro.
Por isso concordo com Lamy: essa conversa de substituir o dólar é um exercício intelectual, mas vou mais longe do que ele. É um exercício que pode custar caro para o Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

Substituição do dólar é apenas um exercício intelectual, diz Lamy
Assis Moreira
Valor Econômico, Quinta-feira, 15 de abril de 2010

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, chegará nesta sexta-feira à noite ao Brasil sem muito entusiasmo por um dos temas que os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) pode ter discutido pouco antes em Brasília: o uso de suas moedas no comércio entre eles em gradual substituição ao dólar. Em entrevista antes de partir para o Chile, Lamy qualificou a questão de exercício intelectual e que o papel do dólar no sistema monetário internacional é um debate de 50 anos.

Se você olhar a taxa de câmbio dessas moedas (dos Bric), ela é muito mais estável que uma cesta aleatória de outras moedas, afirmou. Haveria uma expressão política dos países emergentes em optar por isso, eles acham que o sistema monetário internacional devia agir quanto ao dólar. Acredito que é bom investir intelectualmente no que for o sistema monetário internacional adequado em uma economia globalizada. Mas é um exercício intelectual.

Em novembro, a OMC foi bem mais incisiva num texto divulgado como anexo. Primeiro, constatou sinais de erosão no papel dominante do dólar no mundo. Estimou que nos próximos cinco anos a economia americana vai crescer menos do que o resto do mundo. E essa divergência de expansão é particularmente importante em comparação com a China e a Índia. Enquanto os EUA continuarão a ser a maior economia do mundo, sua fatia de produção vai declinar. Futuros déficits fiscais americanos e ameaça de inflação por causa da gigantesca expansão monetária na crise podem erodir a confiança no futuro valor do dólar. Mas, diz a OMC, é difícil prever se o dólar será destronado, como ocorreu com a libra esterlina no século XX.

Em todo caso, segundo a OMC, o papel internacional do dólar americano, mesmo se erodido, não vai declinar imediatamente. É que, para o comércio, um sistema monetário internacional com múltiplas moedas em vez de uma dominante significa custos de transação mais elevados e mais incertezas na condução das exportações e importações.

Lamy procurou, porém, driblar a questão de moedas, que está no centro das divergências entre os Estados Unidos e a China, por exemplo, com Washington acusando Pequim de subavaliar sua moeda e agir deslealmente no comércio. Isso que o câmbio chinês está desequilibrando o comércio é o que dirão alguns economistas, mas outros dirão que o câmbio não importa para moldar os fluxos comerciais, comentou.

2019) O Fim do Terceiro Mundo -- calma, apenas do conceito...

Na verdade, ainda que a realidade seja completamente diferente, atualmente, as mentes ainda não mudaram, e algumas vão demorar para mudar.
Tem gente, por exemplo, que precisa desse conceito desesperadamente. Não querem deixar de ser Terceiro Mundo para nada.
Tem gente conservadora que detesta mudanças, mesmo quando elas são ditadas pela realidade.
AO fim e ao cabo, as mentalidades vão demorar a mudar, sobretudo certas mentalidades...
Paulo Roberto de Almeida

Nova ordem: Zoellick defende fim do uso do termo datado da Guerra Fria
Para o Banco Mundial, não há mais 'Terceiro Mundo'

Valor Econômico, 15/04/2010

O antigo conceito de "Terceiro Mundo" já não se aplica atualmente e os países ricos não podem mais impor sua vontade às nações em desenvolvimento, que são agora os principais motores do crescimento mundial, disse o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick.

Em um discurso feito ontem, que serviu como uma espécie de preparação para as reuniões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, na próxima semana, Zoellick advertiu contra o uso de velhos padrões, que refletem apenas interesses próprios. Ele se referia ao termo hoje pejorativo de Terceiro Mundo, já que esses países emergentes tendem a desempenhar um papel cada vez maior nas duas instituições surgidas dos Acordos de Bretton Woods (1944).

Ele disse que o progresso econômico nos países em desenvolvimento teve profundas implicações para a cooperação global, multilateralismo e para o trabalho de instituições como o Banco Mundial. "As placas tectônicas econômicas e políticas estão se movendo", afirmou Zoellick em discurso no Woodrow Wilson Center. "Nós podemos mudar com elas ou podemos continuar a ver o novo mundo pelo prisma do velho. Devemos reconhecer novas realidades. E agir sobre elas."

O termo Terceiro Mundo foi oficialmente adotado pela primeira vez durante a reunião de países asiáticos e africanos, em abril de 1955, na Conferência de Bandung, em Java, na Indonésia. Ele definia os países que se pretendiam não-alinhados às duas superpotências da época: EUA e URSS.

A origem do nome está na ideia do demógrafo francês Alfred Sauvy, que propunha a ideia de um Terceiro Mundo, inspirado na ideia do Terceiro Estado, usada na revolução francesa. Os países do chamado Terceiro Mundo deveriam se unir e revolucionar a Terra, como fizeram os burgueses e revolucionários na França. Os chamados Primeiro Mundo e Segundo Mundo surgiram de uma interpretação errônea por parte principalmente da mídia. Assim, convencionou-se que o Primeiro Mundo seria o dos países capitalistas desenvolvidos, enquanto o Segundo Mundo seria o dos países socialistas industrializados. Restariam no Terceiro Mundo os países capitalistas economicamente subdesenvolvidos e geopoliticamente não-alinhados.

Espera-se que nas reuniões da próxima semana seja aprovado o o primeiro aumento de capital para o Banco Mundial em 20 anos. Os países ricos industriais têm sido os maiores contribuidores para o Bird e ditado a forma como esses fundos são gastos. Espera-se agora que os países emergentes tenham um papel maior.

Zoellick disse temer que o incentivo à cooperação entre países vá desaparecer com a recuperação da economia global e a rápida evolução de uma economia mundial multipolar, em que alguns países em desenvolvimento estão se tornando potências econômicas.

As mudanças no mundo não estão apenas na China e na Índia, disse ele. A África Subsaariana poderia crescer a uma média de mais de 6% até 2015, enquanto o Sul da Ásia, onde vive a metade dos pobres do mundo, pode crescer até 7% ao ano no mesmo período. "Estamos agora em uma nova economia mundial, em rápida mutação multipolar, onde o norte, o sul, o leste e o oeste são agora os pontos de uma bússola, não destinos econômicos", disse Zoellick.

Mas com a maior influência global vem acrescentada a responsabilidade, observou ele, advertindo os países em desenvolvimento que querem maior participação nas instituições internacionais.

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou reformas nos organismos multilaterais e disse que o Brasil não se tornou credor do FMI e do Bird para não haver modificações em seus procedimentos.

"É preciso que o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional abandonem seus dogmas obsoletos e condicionalidades nefastas. O Brasil não se tornou credor desses organismos para que as coisas continuassem como antes", disse o presidente.

"Exigimos reformas profundas para que os países em desenvolvimento possam ter voz ativa na definição de seu futuro."

(Com agências internacionais)

2018) O Brasil e o programa nuclear iraniano: olhos nos olhos?

Eu me pergunto como vai ser esta conversa: o presidente Lula vai olhar nos olhos de Ahmadinejad e dizer o seguinte:
"-- Ahmadinejad, seja sincero e olhe nos meus olhos: é verdade que você pretende construir armas nucleares?"
Estou esperando a resposta...
Paulo Roberto de Almeida

Brazil's Lula warns Iran on nuclear arms
Reuters, Wed, Apr 14 2010

SAO PAULO, April 14 (Reuters) - Brazil's President Luiz Inacio Lula da Silva said on Wednesday that he will tell Iran's President Mahmoud Ahmadinejad the Islamic Republic would suffer the consequences if it seeks nuclear arms.
Lula is due to visit Tehran next month.
"I will go there and talk face-to-face to Ahmadinejad. If he says he will build (arms), he'll have to pay the price for his move," Lula said at a steel conference in Sao Paulo without giving details.
Latin America's largest economy has urged continued dialogue with Iran even as Western powers push for a new round of U.N. sanctions over a nuclear program they believe is aimed at developing nuclear bombs.
Lula said Iran should not be punished before further talks and that he didn't want a repeat of what happened in Iraq, which was accused of having arms of mass destruction "that nobody showed us."
The Lula administration said this week it was looking to finance Brazilian exports to Iran, particularly food supplies.
Lula welcomed his Iranian counterpart to Brazil last year and will visit Tehran despite growing criticism by Brazilian opposition parties and Western diplomats over the close ties.
Brazil's Foreign Minister Celso Amorim said last week that United Nations sanctions against Iran over its nuclear program could make the Islamic Republic more radical and cause its population to revolt. But he denied Brazil was pro-Iran, saying it simply favored negotiated solutions to global problems.

2018) O Brasil em 2022: planos para o bicentenario

Eu teria apenas cinco prioridades para o Brasil, de aqui até 2022 (e mais além):
1. Educação primária
2. Educação secundária
3. Educação técnico-profissional
4. Educação...
5. Educação...

BRASIL
Ambicioso plan para el bicentenario
Por Mario Osava
IPS, 5 marzo 2010

RÍO DE JANEIRO, 5 mar (IPS) - Brasil será "radicalmente menos desigual" y menos vulnerable a turbulencias externas cuando cumpla sus 200 años de vida independiente, si se ejecuta el plan que elabora la Secretaría de Asuntos Estratégicos (SAE) para los próximos 12 años, según un alto funcionario.

El Plan 2022 deberá estar listo en los próximos meses, "antes de la Copa Mundial de Fútbol" que se disputará en Sudáfrica en junio y julio, anunció este viernes a corresponsales extranjeros el ministro Samuel Pinheiro Guimarães, titular de la SAE, vinculada a la Presidencia de Brasil y encargada de proyectar el desarrollo del país a largo plazo.

Ese programa tendrá "metas factibles y ambiciosas", que serán debatidas con la sociedad en un amplio proceso de consultas con todos los sectores, dijo Guimarães, sin detallar metas sectoriales ni cuantitativas.

Los grandes objetivos incluyen "integrar el sistema productivo" nacional, para hacerlo más eficiente, y tener un régimen político "más democrático y participativo", además de igualdad y seguridad externa, resumió el ministro, un diplomático que entre 2003 y 2009 fue el número dos de la cancillería brasileña.

En los últimos años, este país sudamericano de 192 millones de habitantes redujo enormes desigualdades económicas, de género, étnicas, regionales y urbanas, especialmente a través de sus programas sociales, como la Beca-Familia, que beneficia a 55 millones de personas pobres, destacó el ministro.

Pero queda mucho por hacer, admitió.

Seguramente se ampliarán esos programas, destinados a la población de bajos ingresos absolutos. Y alguna forma de pobreza relativa, que puede ser distinta en áreas diversas, se podrá usar como parámetro para extender esos subsidios a otras familias, explicó.

"La eliminación de vulnerabilidades" fue el asunto en el que más profundizó Guimarães, conocido por sus ideas nacionalistas. En la dimensión económica, los avances se confirmaron en la rápida superación de los efectos de la crisis financiera mundial, "que prosigue en muchos países desarrollados", dijo.

Las reservas de divisas, superiores a los 200.000 millones de dólares y acumuladas en los últimos años, y las exportaciones diversificadas en productos y mercados, contribuyeron a ese desempeño de la economía brasileña, también fortalecida por un mercado interno en expansión, tanto por las políticas sociales como por nuevas formas de crédito.

En Brasil el comercio exterior aporta solo 14 por ciento del producto interno bruto, "una pequeña participación, gracias a Dios", pues eso permitió que la recesión de 2008 en los mercados externos tuviera un impacto reducido en el país, celebró.

El Plan 2022 contempla también riesgos externos en las áreas política, militar y tecnológica. Con el fin de neutralizar vulnerabilidades políticas, Brasil pretende un asiento permanente en el Consejo de Seguridad de las Naciones Unidas --vital para la "gobernanza global"--, así como en otros organismos internacionales, justificó.

Este país tiene unas Fuerzas Armadas que "no se corresponden al tamaño de su territorio", y su presupuesto militar es bajo y proporcionalmente inferior al de sus vecinos latinoamericanos, dijo el ministro, que defiende su expansión y la "recuperación de la industria de defensa".

"Ningún país es soberano sin defensa", arguyó.

En el área tecnológica, Brasil también tiene que superar rezagos, ya que "no genera patentes" en la cantidad equivalente al peso de su economía.

Otro desequilibrio afecta al parque productivo brasileño, que está entre los 10 mayores del mundo, pero carece de "integración", lo que exige una mejor infraestructura de transporte, con más ferrocarriles y mejores puertos y aeropuertos.

También se necesita ampliar la producción nacional de fertilizantes, pues la mayoría hoy son importados, una situación similar a la que vive la industria farmacéutica.

Guimarães reconoció que no hay garantías de que el Plan 2022 oriente a los futuros gobiernos, ya que la oposición podría triunfar, por ejemplo, en las elecciones presidenciales de octubre de este año. Pero reducir desigualdades y vulnerabilidades y mejorar la eficiencia productiva son objetivos que cualquier administración persigue, razonó.

Brasil tiene excelentes condiciones de desarrollo y seguridad, porque es uno de los tres países que están entre los 10 primeros del mundo en tamaño territorial, población y producto a la vez, sostuvo el ministro. Los otros dos son China y Estados Unidos.

Además, el país dispone de recursos naturales impares y podrá disponer de más minerales en el futuro, ya que solo un cuarto de su territorio fue rigurosamente sometido a estudios geológicos, acotó.

Se suma el potencial humano aún por desarrollar, a través de la educación y los programas sociales.

Ante la pregunta de si Brasil es vulnerable por no disponer de armas nucleares, Guimarães contestó que esas armas existen, pero "difícilmente son usadas".

Por su Constitución, esta nación solo emplea energía nuclear para fines pacíficos, pero tiene "conocimientos y tecnología" para producir el combustible. Además, cuenta con la sexta mayor reserva de uranio del mundo y está construyendo un submarino de propulsión nuclear. (FIN/2010)

2017) How to extend, and increase, unemployment: through unemployment insurance...

* REVIEW & OUTLOOK
Incentives Not to Work
Larry Summers v. Senate Democrats on jobless benefits
.
The Wall Street Journal, April 13, 2010

"The second way government assistance programs contribute to long-term unemployment is by providing an incentive, and the means, not to work. Each unemployed person has a 'reservation wage'—the minimum wage he or she insists on getting before accepting a job. Unemployment insurance and other social assistance programs increase [the] reservation wage, causing an unemployed person to remain unemployed longer."

Any guess who wrote that? Milton Friedman, perhaps. Simon Legree? Sorry.

Full credit goes to Lawrence H. Summers, the current White House economic adviser, who wrote those sensible words in his chapter on "Unemployment" in the Concise Encyclopedia of Economics, first published in 1999.

Mr. Summers should give a tutorial to the U.S. Senate, which is debating whether to extend unemployment benefits for the fourth time since the recession began in early 2008. The bill pushed by Democrats would extend jobless payments to 99 weeks, or nearly two full years, at a cost of between $7 billion and $10 billion. As Mr. Summers suggests, rarely has there been a clearer case of false policy compassion.

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jobless
Associated Press

Larry Summers
jobless
jobless

Mr. Summers is merely reflecting what numerous economic studies have shown. Alan Reynolds of the Cato Institute has found that the average unemployment episode rose from 10 weeks before the recession to 19 weeks after Congress twice previously extended jobless benefits—to 79 from 26 weeks. Even as initial unemployment claims have fallen in recent months, the length of unemployment has risen. Mr. Reynolds estimates that the extensions of unemployment insurance and other federal policies have raised the official jobless rate by nearly two percentage points.

Or consider the Brookings Institution, whose panel on economic activity reported this March that jobless insurance extensions "correspond to between 0.7 and 1.8 percentage points of the 5.5 percentage point increase in the unemployment rate witnessed in the current recession."

Or perhaps the Senate should listen to another Obama Administration economist, Alan Krueger of the Treasury Department, who concluded in a 2008 study that "job search increases sharply in the weeks prior to benefit exhaustion." In other words, many unemployed workers don't start seriously looking for a job until they are about to lose their benefits.

And, sure enough, the share of unemployed workers who don't have a job for more than 26 weeks has steadily increased, reaching a record 44.1% in March. The average spell of unemployment is now 31 weeks, even though the economy is once again creating more new jobs than it is losing. Democrats are slowly converting unemployment insurance into a welfare program.

Despite all of this evidence, Democrats seem to think that extending jobless benefits for another 20 weeks is a big political winner. Iowa Senator Tom Harkin recently roared, "Is there any compassion at all left with Republicans for people whose checks are going to run out?" New York's Chuck Schumer calls Republicans "inhumane."

But do these Senators really think it's compassionate to give people an additional incentive to stay out of the job market, losing crucial skills and contacts? And how politically smart is it for Democrats to embrace policies that keep the jobless rate higher than it would otherwise be? How many Democrats share Mr. Harkin's apparent desire to defend a jobless rate near 9% (today it is 9.7%) in the fall election campaign.

We should add that Republicans would rather not fight on these incentive grounds and are instead opposing the new benefits only because Democrats refuse to pay for them and want to add to the deficit. In other words, the GOP is merely asking Democrats to live up to their own "pay as you go" fiscal promises, since the total bill for these jobless benefits has now hit nearly $90 billion.

If Republicans were really cynical, they'd let the new benefits pass and run against the higher jobless rate in the fall. In any case, no one should be surprised that when you subsidize people for not working, more people will choose not to work.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

2016) A universidade brasileira e eu: uma relacao conflituosa

Um Anônimo, desses que preferem continuar no armário, mesmo depois de eu ter confirmado que não preteno morder ninguém, me escreveu novamente, em defesa das políticas sociais e educacionais do governo atual, e me criticando por eu ser tao negativo em relacao à universidade brasileira, em geral, e as públicas em especial.
Escreveu ele (aliás sempre no post errado, mas enfim, vamos relevar isso):

Quarta-feira, Abril 14, 2010 3:12:00
Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "2100) Reforma tributaria - Roberto Campos":


Não acho, Sr. Paulo Roberto de Almeida, que o governo Lula vem fazendo favor a ninguém.
Ele apenas vem tentando recuperar o que o governo anterior simplesmente tentou fazer: liquidar a Universidade Pública no Brasil. Governo anterior este que era imbuído de um pensamento ultraliberal no campo da política econômica principalmente no primeiro governo quando PUC-Rio reinou na equipe econômica

Só que parece que há pessoas que ao ouvirem a palavra Estado sentem-se profundamente inquietas.

Por que é tão ruim investir na Universidade?
Por que é ruim abrir mais concursos nas universidades?
Por que é ruim abrir mais vagas?
E por fim: Por que o Senhor só coloca notícias NEGATIVAS a respeito da Universidade brasileira?

Volto a reiterar: a esquerda extremista é minoritária na Universidade Brasileira.
Quem mais partilha das ideias marxistas e de suas derivações nos cursos de ciências humanas (pelo menos no campo dos alunos- que eu posso falar pois terminei há pouco tempo a graduação) são os alunos que tem a melhor renda. A grande maioria está na universidade para estudar e tentar um futuro melhor.

O que não dá é ficar só espalhando notícias negativas sobre o atual quadro da educação no Brasil. Isso deixa-me muito irritado porque parece má fé.

Admito que desrespeitei o Senhor. Mas espero que seja honesto (e também não desrespeite) quando escreve e denigre a Universidade brasileira.

Postado por Anônimo no blog Diplomatizzando...

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Voltei para comentar (como diria um jornalista conhecido, e odiado por esse mesmo pessoal):

1) [O governo Lula] "...apenas vem tentando recuperar o que o governo anterior simplesmente tentou fazer: liquidar a Universidade Pública no Brasil."
PRA: Mentira, mentira, mentira. Seria até estúpido eu responder uma bobagem desse tamanho, mas é o tipo de mentira fraudulenta que gente sem argumentos continua espalhando por ai.
Posso apenas dizer que isso é moralmente abjeto e nem vou responder quanto ao conteúdo.

2) [O] "Governo anterior este que era imbuído de um pensamento ultraliberal no campo da política econômica...
PRA: Mais uma bobagem sem tamanho. Convido esse Anônimo leitor a ler um trabalho meu sobre o pretenso neoliberalismo no Brasil. Pode achar no meu site.

3) "...há pessoas que ao ouvirem a palavra Estado sentem-se profundamente inquietas."
PRA: Quanta bobagem. Estados existem, alguns mais eficientes do que outros. Se o Anônimo me provar que o Estado brasileiro é um modelo de eficiência ganha tres livros meus, ou à sua escolha.
Apenas acrescento o seguinte, se ele não sabe, ou não desconfia: Estados não criam um quilo, um grama, um centimetro, um milésimo de riqueza, apenas retira dos cidadãos os recursos de que necessita para seu trabalho supostamente em benefício da coletividade. Se o Anônimo tivesse consciência cidadã ele constataria que esse Estado balofo que está ai arranca cada vez mais recursos da sociedade com um investimento produtivo mínimo, e com serviços miseráveis. Ele certamente não sabe o que é carga fiscal e não tem ideia comparativa do que isso representa para o setor produtivo. O Brasil é um país inviabilizado pelo peso do Estado, apenas isto.

4) "Por que é tão ruim investir na Universidade? Por que é ruim abrir mais concursos nas universidades? Por que é ruim abrir mais vagas? E por fim: Por que o Senhor só coloca notícias NEGATIVAS a respeito da Universidade brasileira?"
PRA: A universidade brasileira não merece o dinheiro que ganha da sociedade. Não vou me estender em todas as disfunções e deformações da universidade pública -- e sequer toco na ruindade da maior parte das privadas, mas elas supostamente vivem de suas mensalidades, e alguns benefícios fiscais, e não do orçamento público, que todos pagam, mesmo os que não frequentam universidades -- mas é preciso ficar claro que, sob qualquer critério, a produtividade dessas universidades é baixíssima e de qualidade medíocre, quando vista em comparações internacionais. Nada tenho contra abrir mais vagas. Alias, professores que supostamente são de dedicação exclusiva e tempo integral deveriam dar mais aulas, e não levar a vida de ócio que vejo nas IFES. A dedicação exclusiva é uma fraude, como sabem todos os que frequentam as IFES.
Eu só coloco notícias negativas porque não há sentido em ficar elogiando uma coisa ruim, e de toda forma se pretende melhorar o que estar errado, nao elogiar o que está certo, ou é apenas correto (fazer pesquisa, dar aulas, etc, isso é obrigação, não favor, pelo que se paga, e todos pagam).
Repito, a universidade não merece o que ganha.
E digo muito claramente: universidade não deveria ser gratuita, isso é antidemocrático. Deveria ser paga, e contar com bolsas para os que não podem pagar.

Voilà, Anônimo, acho que fui bastante claro.
Paulo Roberto de Almeida
15.04.2010

2105) Politica externa do Brasil: uma critica contundente - Reinaldo Azevedo

Apenas transcrevendo, sem comentários, que não me cabe.

O BRASIL, O IRÃ, O ANTIIMPERIALISMO, A CAMISETA DA SELEÇÃO E OS INDECENTES
Reinaldo Azevedo, 15.04.2010

Patético, e nisso não há nenhuma novidade, o papel desempenhado pelo Brasil na Cúpula de Segurança Nuclear de Washington, convocada e estrelada pelo presidente dos EUA, Barack Obama. Mais uma vez, lá estava o Brasil apegado a seu monotema: defender o diálogo com quem não quer dialogar — no caso, o governo do Irã. Fora da agenda, Lula e o primeiro-ministro da Turquia, Recep Erdogan, mantiveram um encontro de 15 minutos com Obama. O objetivo era convencer o presidente americano da desnecessidade das sanções, aquela conversa de sempre. Obama deve ter ouvido tudo atentamente e deu de ombros. Respondeu o óbvio: sanções fazem parte do processo de negociação. E está certo, não é? Não se trata de uma declaração de guerra.

Observem: o Brasil restou como o único país de alguma relevância a se opor severamente às sanções. Mais do que isso: tornou-se mesmo um militante da causa iraniana. E as coisas vão assumindo, nesse tema, um contorno cada vez mais suspeito. Já trato disso. A China não aderiu ainda à proposta, mas aceita conversar a respeito e já deixou claro que rejeita o comportamento do governo do Irã, o que o Brasil não fez. Ao contrário: Lula e o Itamaraty se tornaram porta-vozes de Mahmoud Ahmadinejad no mundo. O Brasil se fez um fiador da “verdade” iraniana: seu programa nuclear tem fins pacíficos. Ahmadinejad e os aiatolás só não aceitam a inspeção da Agência Internacional de Energia Atômica por uma questão de soberania… Sei!

O Brasil não deve ter entendido direito o caráter da cúpula proposta e realizada por Obama. Ou até entendeu e, por isso mesmo, fez declarações um tanto hostis à iniciativa. Vamos ver.

Quando o presidente americano e o russo, Dmitri Medvedev, anunciaram a redução do arsenal nuclear, Lula tratou a coisa com menoscabo: segundo ele, tratava-se apenas da desativação de armamento obsoleto. E voltou a sugerir que países com armas nucleares deveriam dar o exemplo e destruir seu arsenal — só assim poderiam exigir igual comportamento dos outros.

O que há de histórica e moralmente delinqüente num raciocínio como esse, que não é só de Lula, não (aliás, originalmente, não é dele), mas do antiamericanismo que hoje pauta a política do Itamaraty? Duas coisas essenciais:
1) há uma diferença entre o armamento nuclear para dissuasão e para ataque; sei: isso não faz diferença para o PT;
2) NÃO há diferença entre o tipo de civilização, A CIVILIZAÇÃO POLÍTICA, que as armas nucleares americanas ajudaram a preservar e aquela que o Irã gostaria de destruir; mas isso também não faz diferença para o PT.

Qual o sentido, então, da iniciativa de Obama — e, desta feita, cá estou eu a aplaudir o presidente dos EUA, o que não costuma acontecer? Está buscando respaldo político e moral para o que está sendo dado como muito provável: o confronto com o Irã. Qual confronto? No limite, pode ser a guerra se o país insistir na rota tresloucada em que está. Notem: as sanções não são o primeiro passo rumo ao pior; elas são, por enquanto, uma alternativa. Trata-se de um sinal de que o equilíbrio dado no mundo rejeita um comportamento como o iraniano.

O governo brasileiro entrou nessa história com uma linguagem velha, com aspirações que já classifiquei aqui de “subimperialistas”, tentando se colocar como um ator global que se encontra no pólo oposto aos EUA, condição que, por razões ou geopolíticas ou comerciais, Rússia, China ou União Européia rejeitam. Um grande amigo meu acaba de voltar da China. É um grande empresário — e também um visionário. Está impressionado com o que viu: o equilíbrio “perfeito” — e maldito para a civilização, digo eu — entre tirania e tino para os negócios. Haverá o tempo, talvez não seja o caso de estarmos vivos, em que aquele “império” vai se confrontar com a civilização da democracia. Espertos, os chineses acham que ainda não é a hora.

Mas o Brasil de Lula, pelo visto, acha que já é chegado o tempo. Daí essa insistência, reitero, em se opor às sanções. Não só isso. O governo foi mais longe: tornou-se um advogado do Irã. Há dias, contra as evidências, o presidente afirmou que Ahmadinejad não pode ser tratado “como um terrorista”. Não? O Irã financia hoje o terror no Iraque, nos territórios palestinos e no Líbano. E promete “varrer Israel do mapa”.

Numa loucura que pode ser método — e começo a voltar, como o prometido, ao segundo parágrafo —, enviou uma missão comercial ao Irã enquanto o mundo, na prática, debatia formas de conter a ação de países como o… Irã!!! Miguel Jorge, ministro da Indústria e Comércio (tenho minhas dúvidas se sua biografia precisava disso), liderou um grupo de 80 empresas, que preferem manter seus respectivos nomes em sigilo (por quê?), para intensificar as relações comerciais com aquele país, com abertura de linha especial de crédito. Como isso tudo parecia pouco, o ministro posou (Emir Sader escreveria “pousou”) para as fotos presenteando Ahmadinejad, o negador do holocausto judeu e que condena à forca os que se opõem a seu governo, com uma camiseta da Seleção Brasileira. Para todos os feitos simbólicos, trata-se de uma condecoração.

Nestes quase oito anos de governo Lula, a política externa brasileira não rejeitou as piores ignomínias porque haveria um objetivo estratégico: um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Flertou-se, nesse tempo, com as ditaduras mais odientas; cada voto do Brasil nos fóruns multilaterais deixou de lado qualquer princípio para angariar apoio a seu pleito. Pois bem: esse alinhamento incondicional com o Irã afasta o Brasil daquele propósito. Por que, então, de súbito, o país passa a atuar contra o que foi, durante um tempo, uma obsessão?

Não sei! Sei, aí sim, que isso cheira muito mal. Creio que um dia virá à tona uma história de contornos escabrosos. O tempo dirá. Encerro lembrando que o debate na intimidade do governo é de tal sorte destrambelhado que José Alencar, vice-presidente, chegou a dizer que o programa nuclear iraniano pode até ter como objetivo a bomba. Para ele, tudo bem. Segundo Alencar, arma nuclear também pode servir à paz desde que se preste à dissuasão. Não pensa isso sozinho, não. Está vocalizando uma cultura interna.

Alencar e todo o governo Lula fazem de conta que o mal ou o bem estão (a concordância está correta, antes que reajam) na bomba em si, não nos valores que guardam essa bomba.

Como diria Lula, eu “estou convencido de que” estamos diante de uma política externa de primitivos morais. Não havendo nenhuma razão inconfessável para o alinhamento incondicional com o Irã (e isso seria coisa de indecentes), restam as razões confessáveis. E também elas são coisa de indecentes

2104) Obama e "o cara": fim de uma bela amizade?

Da coluna diária do jornalista gaúcho Políbio Braga:

Saiba por que Obama não acha mais que Lula é “O Cara”
15 de abril de 2010

As imagens e as notícias sobre a Cúpula de Segurança Nuclear mostram que resultaram esfriadas as relações entre Barak Obama e Lula.

. Obama, que já considerou Lula a verdadeira encarnação de “O Cara”, ignorou-o em Washington.

. O que ocorreu:

1) Obama caiu na real dentro do próprio contexto do papel que jogam os EUA, fazendo menos concessões a situações e figuras exóticas como Lula.

2) Lula tem criado embaraços para os americanos em função do apoio ou tolerância a notórios inimigos dos EUA.

. A hora da verdade chegou antes para Obama e muito tarde para Lula.

Políbio Braga

2104) Avatares da cooperacao militar Brasil-EUA: Marcelo Rech

Brasil – EUA: a cooperação incomoda
Marcelo Rech
Inforel, 14/04/2010 - 15h52

A cada 15 dias pelo menos, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirma em algum evento que vai entregar “na próxima semana” o relatório final sobre a escolha do caça que vai integrar a frota da Força Aérea Brasileira (FAB).

E que o presidente da República reunirá o Conselho de Defesa Nacional para bater o martelo.

Uma celeuma que parece não ter fim.

Às vezes o governo dá a entender que o negócio com a França está fechado. Outras, que os concorrentes têm chances.

Há momentos em que sinaliza com o encerramento da licitação sem definição alguma, copiando o governo tucano.

Na prática, esse negócio de uns US$ 4 bilhões tem sido costurado sem transparência alguma, sugerindo que interesses outros sejam determinantes para que o anúncio seja feito de uma vez por todas.

Ou não.

Depois de se distanciar dos Estados Unidos, de reclamar de sua presença militar na América do Sul e de confrontá-lo com um apoio incondicional ao Irã e a Cuba, o governo assina um pacto estratégico justamente neste campo.

Os Estados Unidos não terão bases à sua disposição, seus militares não gozaram de imunidades e eles não estarão permanentemente por aqui.

Ainda assim, trata-se de uma aliança que irrita a vizinhança, principalmente aqueles que não viram nada demais a Colômbia ampliar seus entendimentos com o Pentágono.

Aceitaram endossar as queixas de Brasília e agora se sentem enganados.

Isso sem contar Bolívia, Equador e Venezuela, que sustentavam seus discursos anti-Império tendo a postura brasileira como pano de fundo.

Se a Colômbia não podia o que faz pensar o ministério da Defesa que o Brasil pode?

Essa é uma das perguntas que Nelson Jobim terá de responder no dia 6 em Quito quando seus homólogos se sentarem na mesma mesa para discutir o assunto.

A exemplo da licitação dos caças, o tema foi muito mal conduzido.

Cheira a oportunismo, coisa de quem se acha melhor que os outros.

Enquanto diziam uma coisa em público, faziam outra em privado.

O acordo assinado em Washington constitui um poderoso instrumento jurídico que permitirá aos dois países detalhar como, quando e em que condições, a cooperação avançará.

Pesquisa e desenvolvimento, intercâmbio de informação militar, projetos e programas tecnológicos e comércio, na área de defesa não é o mesmo que em turismo ou esportes.

Para os Estados Unidos, esse documento é fundamental. Atende aos seus interesses estratégicos na região, mesmo que o Brasil insista em diminuir sua importância.

Se não tem relevância, por que assiná-lo?

O ministro da Defesa foi taxativo ao reconhecer que agora o Brasil está no jogo para vencer (a licitação da Força Aérea norte-americana) um negócio que pode chegar a 200 aeronaves Super Tucano.

Resta saber se o F-18 Super Hornet, fabricado pela norte-americana Boeing, também ressurge das cinzas no arrastado FX2.

Não fosse o lobby instalado no Congresso Nacional pelas empresas na disputa, seria um bom tema a ser investigado.

Marcelo Rech é jornalista, editor do InfoRel e especialista em Relações Internacionais, Estratégias e Políticas de Defesa e Terrorismo e contra-insurgência. Correio eletrônico: inforel@inforel.org

2103) Ironias da cooperacao militar na America do Sul: Venezuela vai romper relacoes com o Brasil, depois do acordo com os EUA?

Não deixa de ser, de fato, irônico, se a Venezuela rompesse relações com o Brasil, depois da assinatura do acordo militar Brasil-EUA, sem consulta prévia, cabe recordar, aos sócios do Conselho Sul-Americano de Defesa, um dos avatares da Unasul (ainda não aprovada legalmente pelos países membros e portanto, ainda não funcionando de forma plena, ainda que isto não a impede de se reunir politicamente, e de fazer o que sempre faz: declarações).
O Brasil se limitou a "informar", ao que parece, seus sócios da Unasul e do Conselho, sem provavelmente transmitir o teor do acordo, que só foi assinado recentemente, e não envolve, como se sabe, bases militares americanas no Brasil, mas apenas cooperação logística, treinamento e formação e, mais importante, trocas comerciais e comércio de material bélico.
Uma diplomacia soberana poderia reagir assim a pergunta desse jornalista abusado: "exige resposta de quem, cara pálida?; Brasil é um país soberano, pode fazer acordos de qualquer natureza com qualquer país do mundo, e não tem de prestar contas, nem antes, nem durante, nem depois, a quem quer que seja. Estamos conversados. Ponto."
Seria simples assim.
O problema foi que a diplomacia soberana criou essa coisa chamada Conselho Sul-Americano de Defesa, que teoricamente recomendaria consultas, informação, troca de notas, reuniões de seu órgão pleno, ou seja lá mais o que for, para ser totalmente transparente, cooperativo, politicamente correto.
Foi assim pelo menos que o Brasil agiu quando dos acordos militares da Colombia com os EUA, praticamente exigindo que a Colombia revelasse todo o seu teor e "desse garantias" de que as bases e o acordo não seriam usados contra nenhum país da região.
Foi a partir desse acordo que Chávez rompeu relações com a Colombia e assinou acordos militares com a Rússia, não apenas os de compra de equipamentos, até hoje não revelados ao Conselho.
Curioso que a diplomacia brasileira jamais se pronunciou a esse respeito, embora os casos sejam relativamente similares, ainda que não envolvam, no caso dos acordos militares da Venezuela com a Russia, instalação de bases ou permanência de tropas russas na Venezuela. Mas se trata de compras maciças que, em teoria, desequilibram a relação de forças na região e em relação aos quais as FFAA brasileiras devem estar legitimamente preocupadas.
Talvez elas tenham recebido informações suficientes e completas, seja bilateralmente (e secretamente), seja via seus adidos militares em Caracas.
Mas que se trata de DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS, disso não cabe nenhuma dúvida.
Paulo Roberto de Almeida (14.04.2010)

Acuerdo militar Brasil – EUA: La región exige respuestas
Marcelo Rech
Inforel, 14/04/2010 - 14h45

El año pasado, Brasil ha liderado un grupo de países de la región para exigir garantías de Colombia y Estados Unidos acerca del acuerdo militar que firmaban en Bogotá.

Un acuerdo que permite el uso de siete bases militares colombianas por los 1.800 soldados norteamericanos que actúan en el país.

Hugo Chávez hizo del tema su principal argumento para comprar US$ 5 billones en armamentos de Rusia.

Pese el cuidado del ministerio de Defensa al informar el mes de marzo todos los países miembros de la Unión de Naciones Sudamericanas (Unasur), respecto las negociaciones, el asunto ha generado un tremendo malestar.

Colombia, por ejemplo, quiere saber sí Venezuela pretende congelar las relaciones con Brasil.

Es una ironía inteligente.

Ha sido una tradición que la Venezuela de Chávez rompa relaciones con los países que se animan fortalecer sus relaciones con los Estados Unidos.

¿Porque sería diferente con Brasil?

Hace poco, los departamentos de Defensa y de Estado, de los Estados Unidos han reclamado la falta de transparencia en las negociaciones entre Venezuela y Rusia.

El acuerdo Brasil – Estados Unidos se ha tornado público el momento que las negociaciones ya se habían concluido.

La semana pasada, el principal responsable de la política externa norteamericana para el Hemisferio Occidental, Arturo Valenzuela, realizó una gira por la región.

Desde Ecuador, afirmó que el acuerdo con Brasil era parte de la política ordinaria norteamericana y que el presidente Barack Obama, diferentemente de su antecesor, trabaja por el multilateralismo.

En la práctica, tenemos dos pesos y dos medidas.

El acuerdo que acaba de firmar con los Estados Unidos saca de Brasil cualquier posibilidad de exigir transparencia de sus vecinos.

Fue gestado bajo intereses comerciales.

Puede influir en la compra y venta de equipos militares sin que sepamos los niveles de entendimiento.

También atiende una antigua demanda de los militares brasileños que por buen tiempo quedaron alijados de las escuelas norteamericanas gracias las discordancias ideológicas de los gobiernos.

Cabe apuntar: ¿será que el Senado, tan duro con las políticas de Brasil hacia Irán y Cuba, cobrará explicaciones del señor ministro?

Marcelo Rech es periodista, editor de InfoRel y especialista en Relaciones Internacionales, Estrategias y Políticas de Defensa y Terrorismo y contrainsurgencia.
Correo electrónico: inforel@inforel.org