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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Brasil e Argentina: reincidentes no erro: livro de Eduardo Viola e Hector Leis

Um leitor, ou visitante, deste blog, Victor Boaventura me consulta sobre um antigo texto meu, na verdade uma resenha de livro, que foi publicada em formato resumido, na revista Plenarium, da Câmara dos Deputados (atualmente interrompida por causa dessas mudanças políticas que consistem em desfazer numa administração o que a anterior tinha iniciado).
Sim, se trata de um livro sobre as trajetórias de Brasil e da Argentina, como são minhas todas as demais resenhas publicadas em todos os números da revista.
A resenha do livro em questão, objeto do link abaixo:

Brasil e Argentina: reincidentes no erro?
Brasília, 5 outubro 2007, 2 p. Resenha do livro:
Eduardo Viola e Héctor Ricardo Leis:
Sistema Internacional com Hegemonia das Democracias de Mercado: Desafios de Brasil e Argentina (Florianópolis: Editora Insular, 2007, 232 p.)
com base no trabalho 1749, para a revista Plenarium (Brasília: Câmara dos Deputados; ano 5, n. 5, outubro 2008, p. 314-315; ISSN: 1981-0865;
link: http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/922/brasil_argentina_reincidentes.pdf).
Relação de Originais n. 1818. “Publicados n. 862

foi na verdade extraída do Prefácio que fiz a esse livro, cujo teor na íntegra, transcrevo aqui:

Brasil e Argentina no contexto regional e mundial
Paulo Roberto de Almeida
Postado no blog Diplomatizzando (11.07.2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/07/brasil-e-argentina-no-contexto-mundial.html).

Prefácio ao livro de
Eduardo Viola e Héctor Ricardo Leis:
Sistema Internacional com Hegemonia das Democracias de Mercado: Desafios de Brasil e Argentina (Florianópolis: Editora Insular; Programa San Tiago Dantas – CAPES, 2007)

O historiador Fernand Braudel – que confessou ter ficado “inteligente” no Brasil, para onde veio como jovem professor universitário nos anos 1930 – costumava separar os eventos rápidos da vida política dos movimentos mais lentos do processo econômico, e ambos das transformações seculares das estruturas sociais e das configurações civilizacionais, que se moviam a uma velocidade próxima à “história geológica”. Um outro historiador britânico adepto da “história lenta”, Lawrence Stone, dizia, por sua vez, que a história avança muito lentamente, como uma velha carroça desajustada, com os eixos rangendo e as rodas desalinhadas.
O mesmo parece se aplicar, sob nossos olhos, a certas configurações “ideológicas”, em especial aquelas derivadas da tradição revolucionária francesa, que criou todo o vocabulário e a coreografia que ainda agitam a política contemporânea. Alguns dos conceitos consagrados por essa velha tradição converteram-se, efetivamente, em “tradicionais”: eles estão desajustados aos requerimentos da vida moderna, mas continuam por aí, num deslocar errático e irregular, como os eixos rangentes de um velho carro de bois que ainda não foi aposentado pela modernidade.
Tomemos, por exemplo, os conceitos de esquerda e de direita, ou de progressista e conservador, geralmente identificados a valores, normas e princípios que seriam, cada um a seu modo, positivos ou negativos no plano das mudanças sociais. A esquerda estaria identificada com a justiça e a igualdade, lutando por uma distribuição mais equânime da riqueza, normalmente por via do distributivismo estatal e da solidariedade contratual. À direita restaria o papel de preservar as velhas estruturas, ressaltando o papel do esforço e do mérito individuais e das estruturas de mercado na promoção da prosperidade geral, aceitando, portanto, a desigualdade como um fato natural da vida. No plano social e político, a esquerda estaria sempre do lado dos humildes e oprimidos, lutando pelos direitos dos trabalhadores contra os patrões “exploradores”. A direita, obviamente, se alinharia com aqueles capitalistas de cartola e charuto, na missão de estender a dominação do capital aos mais diferentes cantos do planeta, concentrando ainda mais riqueza e poder, em detrimento dos povos da periferia e dos pobres dos países ricos.
Qualquer que seja a validade respectiva desses estereótipos para o mundo contemporâneo, não se pode recusar o fato de que a direita ainda apóia os seus discursos no liberalismo clássico, de antiga extração britânica, e que parte da esquerda, por sua vez, ainda pretende aplicar Marx ao contexto atual, repisando velhos argumentos classistas, anticapitalistas e antimercado, ao mesmo tempo em que clama por reivindicações igualitárias, sem muito embasamento na economia real. Na América Latina, em especial, o pensamento dito “progressista” ainda é estatizante, centrado na distribuição dos “lucros do capital” e voltado para um combate de retaguarda contra a marcha da globalização contemporânea.
O retrato pode parecer caricatural, mas é certo que a esquerda latino-americana, aliada no chamado movimento antiglobalizador a velhos sindicalistas, a jovens idealistas e a universitários em tempo integral, pretende extrair das antigas lições marxianas sobre a “dominação do capital” a necessidade de superar esse estado de coisas, rejeitando tudo isso que aí está, em nome de “um outro mundo possível”. Ela acaba, pateticamente, se rendendo a contrafações do modelo original, como se pode constatar em experiências regionais que demonstram uma filiação “genética” mais próxima do fascismo mussoliniano do que de um pretendido socialismo gramsciano. Em termos braudelianos, a esquerda congela seus conceitos e ações políticas no mundo quase estático das lentas mudanças “geológicas”, em lugar de adaptar-se a uma conjuntura histórica de transformações – para empregar o conceito de outro historiador francês, Ernest Labrousse –, que se descortina aos olhos de quem quer enfrentar a realidade sem as viseiras ideológicas do passado e aspira a entender o mundo como ele é, realmente, não como ela gostaria que ele fosse.
Curiosamente, a América Latina era apontada, até meados do século XX pelo menos, como o continente que lograria igualar-se aos países desenvolvidos, se perseverasse nos esforços de industrialização substitutiva, no planejamento estatal, no protecionismo comercial, nos subsídios à “indústria infante”, na integração introvertida e em políticas dirigistas que atribuíam ao Estado o papel principal na determinação quanto ao uso de fatores, na mobilização de capitais – por via inflacionária, uma forma de poupança forçada – e na alocação autoritária dos recursos assim capturados do conjunto da sociedade. Incidiu nesse tipo de recomendação o economista sueco Gunnar Myrdal – prêmio Nobel em 1974, junto com o liberal austríaco Alfred Hayek, por ironia da história – que, no seu tão aclamado quanto errôneo Asian Drama, vaticinava que a Ásia era sinônimo de miséria insuperável e que se havia países no Terceiro Mundo que tinham alguma chance de alçar-se aos patamares de bem-estar e riqueza dos desenvolvidos, estes eram os latino-americanos. Myrdal preconiza para todos o modelo indiano, feito de planejamento centralizado, empresas estatais em todos os “setores estratégicos” e descolamento dos mercados internacionais, que supostamente condenava esses países à exportação de commodities sujeitas às flutuações das bolsas de mercadorias. À época em que ele pesquisou e escreveu – início dos anos 1960 – a maior parte dos países da América Latina estava mais integrada à economia mundial do que os da Ásia, ostentava, na média, o dobro da renda per capita asiática e possuía instituições públicas – Estados consolidados, depois de 130 anos de independência, estruturas de mercado capitalistas – que seriam, no cômputo global, mais “weberianamente” pró-crescimento e pró-desenvolvimento do que as arcaicas tradições confucianas da região asiática. O itinerário seguido desde então pelas duas regiões não precisa ser relembrado: a Ásia decolou espetacularmente na economia mundial e nos indicadores de crescimento – tanto mais rapidamente quanto ela se afastou das políticas socialistas e estatizantes recomendadas por Myrdal – enquanto a América Latina manteve-se, com poucas exceções, no subdesenvolvimento, na desigualdade e na pobreza. Para isso também contribuíram experimentos populistas, irresponsabilidade emissionista, desrespeito aos direitos de propriedade, desconfiança da abertura ao exterior – comércio e investimentos – e uma insistência no centralismo estatizante que marca ainda hoje boa parte da esquerda neste continente.

Os autores deste livro conhecem um pouco dessa história, por experiência própria, se ouso dizer. Outrora pertencentes, como vários jovens dessa geração, ao universo do marxismo latino-americano, naturalizados brasileiros justamente em virtude da história trágica de equívocos conceituais e de erros práticos da esquerda argentina do último terço do século XX, eles estão muito bem preparados para enfrentar a tarefa de analisar a trajetória do Brasil e da Argentina no contexto das modernas democracias de mercado. A migração forçada de um país a outro, a descoberta de realidades políticas relativamente similares, ainda que sob roupagens distintas, e o comparatismo inevitável que esse tipo de situação cria, permitiu-lhes constatar, provavelmente, como os mesmos diagnósticos equivocados feitos por lideranças políticas, lá e aqui, redundaram em perda de oportunidades de inserção no mundo globalizado da atualidade, atrasando o processo de desenvolvimento e postergando a conquista da almejada prosperidade social.
De fato, a despeito de uma história singular, que corre em trilhas próprias, o Brasil e a Argentina reproduzem, em boa medida, equívocos similares de políticas públicas – tanto macroeconômicas quanto setoriais – cometidos por diferentes regimes políticos ao longo do século XX. Se o recurso a Suetônio cabe na sociologia comparada do desenvolvimento, pode-se dizer que os dois grandes da América do Sul exibem “vidas paralelas”. Tanto o Brasil como a Argentina padecem de insuficiências de desenvolvimento, mas a maior parte dos problemas de cada um deriva de erros de gestão macroeconômica e de escolhas infelizes das elites políticas ao longo da formação das nações e das dificuldades de ajuste aos desafios externos.
Durante muito tempo, grosso modo na primeira metade desse século, prevaleceu no Brasil a idéia de que a Argentina era bem mais desenvolvida, graças a um maior componente “europeu” na sua formação étnica e aos maiores cuidados com a educação do seu povo. Em contrapartida, ao aprofundar-se sua trajetória em direção à decadência econômica, prevaleceu na Argentina a noção de que o Brasil foi mais bem sucedido na industrialização e no fortalecimento da base econômica graças ao maior envolvimento de seu Estado na gestão macroeconômica, em lugar do liberalismo que teria sido praticado nas margens do Prata. Em ambos os países, líderes populistas e ditadores militares se revezaram nos comandos do Estado pretendendo construir a grandeza nacional com base no nacionalismo industrializante e no emissionismo inflacionário. Ambas as economias foram relativamente excêntricas – isto é, voltadas para os parceiros privilegiados no hemisfério norte – e os regimes políticos mantiveram, contra toda racionalidade e interesses imediatos, certo distanciamento competitivo, que em alguns momentos quase descambou para a hostilidade, isto é, para a corrida armamentista e uma possível disputa pela hegemonia regional.
Os dois países passaram, depois de superadas suas repúblicas “oligárquicas” – mais ou menos na mesma época, os anos 1930 –, por processos de modernização econômica e política, sob a forma de experimentos nacionalistas e populistas, identificados com as figuras de Vargas e Perón. A Argentina logrou, provavelmente, um maior grau de inserção social, mas o Brasil foi menos errático no processo de desenvolvimento, conseguindo consolidar a construção de uma base industrial que nunca teve paralelo na Argentina, que permanece ainda hoje uma economia agroexportadora. Os azares da Guerra Fria e as ameaças percebidas pelas classes médias como provenientes da sindicalização excessiva do sistema político conduziram ambos os países em direção de episódios mais ou menos prolongados de autoritarismo militar.
O período militar – responsável pela vinda dos autores ao Brasil – assumiu dimensões mais dramáticas na Argentina, com um custo elevado em vidas humanas e outras conseqüências menos desejáveis no plano das relações bilaterais, com o fenômeno que dois autores consagrados – Boris Fausto e Fernando Devoto, no livro Brasil e Argentina: um ensaio de história comparada (1850-2002) – chamaram de “afinidades repressivas”. As esquerdas padeceram muito no tempo das baionetas, mas talvez conservem, desse período, a mesma inclinação fundamental ao culto do Estado, para a autarquia econômica e o protecionismo instintivo que exibiam os militares. Hoje, se pretende avançar no desenvolvimento conjunto, mediante o Mercosul, mas as salvaguardas e os desvios ao livre comércio colocam limites à integração econômica.
Com efeito, a fase de redemocratização permitiu revigorar o processo de integração, que tinha começado no final dos anos 1950, desta vez segundo um formato bilateral – tratado para a formação de um mercado comum de 1988 – que logo se desdobrou numa dimensão quadrilateral, ao incorporar os dois vizinhos menores em 1991. O Mercosul logrou incluir outros países, como o Chile e a Bolívia (associados em 1996) e, mais recentemente, a Venezuela, mas sua zona de livre-comércio permanece incompleta, sua união aduaneira é perfurada por inúmeras exceções nacionais e o mercado comum, prometido para 1995, é um sonho ainda distante.
O itinerário dos dois países, mesmo contrastante nos planos cultural, social e político, não deixa de apresentar coincidências ou similitudes nos planos do desenvolvimento econômico e da inserção internacional, o que talvez permita retomar ao presidente argentino Roque Sáenz Peña uma frase, do início do século XX, que resume a visão otimista da cooperação bilateral, sempre invocada pelas autoridades engajadas no atual processo de integração: “Tudo nos une, nada nos separa”. Talvez – com a provável exceção dos campos de futebol –, mas a história raramente se contenta com projetos meramente retóricos de desenvolvimento ou de integração internacional. Nesse particular, o Brasil e a Argentina apresentam trajetórias erráticas, com impulsos positivos em determinadas épocas e atitudes defensivas em outras. O elemento mais notável, da presente fase, é provavelmente constituído pela incapacidade respectiva em empreender reformas que os coloquem em condições de se inserir de modo mais afirmativo na economia globalizada que caracteriza o Atlântico Norte e a região da Ásia Pacífico.

Os trabalhos compilados neste livro discutem as novas circunstâncias da economia global e os padrões atuais de organização política, com os problemas daí derivados para Estados, como o Brasil e a Argentina, que ainda estão construindo sua inclusão no novo sistema, que os autores chamam de “hegemonia das democracias de mercado”. A leitura destas páginas, impregnadas de conhecimento histórico e de racionalidade sociológica, permite constatar como são anacrônicas as demandas e reivindicações de alguns desses militantes de causas equivocadas, armados de slogans retirados de um já mundo desaparecido nas dobras da história – como os conceitos de “dependência” ou de “antiimperialismo” –, que insistem em defender causas que não são mais de vanguarda ou sequer progressistas. A oposição desses grupos e movimentos políticos a reformas institucionais que permitiriam inserir mais rapidamente os países da América Latina nas correntes mais dinâmicas da globalização – reformas política, previdenciária, trabalhista, tributária, sindical ou educacional – não é apenas conservadora, mas pode ser tachada de propriamente reacionária, em vista dos imensos problemas acumulados pelos países da região nesses aspectos que muito têm a ver com as perspectivas de emprego, renda e oportunidades de ascensão social de imensas massas ainda hoje excluídas de qualquer possibilidade de inserção produtiva no tecido social.
Os autores não deixam de confessar sua surpresa, logo na introdução, com o fato de que muitos intelectuais desenvolveram um agudo senso de anticapitalismo – sentimento que, no meu ponto de vista, consegue inclusive ser antimercado – , o que os fez cúmplices objetivos das piores barbaridades cometidas no século XX contra os direitos humanos e a democracia. Na América Latina, em particular, esse anticapitalismo visceral dos intelectuais obstaculizou a modernização econômica e social dos países, a começar pelo aggiornamento do próprio Estado, no sentido de libertá-lo, ou pelo menos distanciá-lo, da herança centralista e patrimonialista ibérica, em prol de uma visão do mundo que estivesse mais objetivamente em consonância com os requisitos de uma moderna “democracia de mercado”, aberta aos influxos da economia global.
Aparentemente incapazes de renovar conceitos e aceitar as novas realidades da economia mundial, os intelectuais da América Latina continuarão a mover-se, no futuro previsível, ao ritmo do “tempo geológico” de Fernand Braudel, arrastando-se, em grande medida, pelos caminhos da modernidade numa trajetória tão tortuosa e torturada quanto o permitido pela “velha carroça da história”, de que falava Lawrence Stone. Isto a despeito de se poder constatar, hoje em dia, que outros povos e países estão fazendo melhor e mais rápido no caminho da modernidade do que a quase totalidade da América Latina. A região poderia ser uma espécie de “Prometeu acorrentado”, se apenas grilhões materiais a prendessem a um passado mercantilista e patrimonialista, se meros impedimentos técnicos a impedissem de avançar mais aceleradamente no caminho do progresso tecnológico e da capacitação científica. Mas, os grilhões que a prendem ao atraso material e à irrelevância intelectual são de outra natureza: são propriamente mentais, invisíveis, se quisermos, ainda que alertas sejam regularmente lançados contra essa busca ativa pelo declínio econômico e pelo retrocesso político. Este livro, aliás, é um exemplo de alarme intelectual.
A insistência na velhas soluções estatizantes, na repetição dos mesmos erros do passado, a tendência a encontrar bodes expiatórios no estrangeiro e a alimentar teorias conspiratórias sobre as razões do nosso fracasso são tanto mais surpreendentes quanto estão disponíveis boas análises – por analistas individuais ou por organismos multilaterais – sobre as razões da trajetória errática e da miopia das elites. O mais surpreendente e frustrante é que continue a prevalecer, tanto na academia quanto na opinião pública, explicações simplistas, e geralmente equivocadas, sobre as causas de nossos problemas – que são de origem majoritariamente interna – e sobre as soluções que lhes seriam pertinentes. Não constitui surpresa, assim, se a cada classificação internacional de desempenho relativo – no crescimento, na educação, na competitividade, na tecnologia e em vários outros setores ainda –, a América Latina continua a ser ultrapassada por todas as demais regiões, com a possível exceção da África, ainda assim melhor colocada esta, nas taxas atuais de crescimento econômico. A julgar por certas “inovações” populistas recentes na região, a escolha parece ser por mais Estado, mais nacionalizações, menor atratividade do capital estrangeiro e, de forma não surpreendente, uma opção preferencial pelas soluções distributivistas e rentistas.
Acadêmicos experientes no debate intelectual em torno da “contra-reforma” modernista latino-americana, tanto pela sua vivência pregressa na Argentina, como pelo longo convívio nas universidades do Brasil, observadores atentos das realidades regionais e, à maneira de Raymond Aron, “espectadores engajados” na construção da ordem mundial pós-guerra fria e no grande espetáculo da globalização contemporânea, os dois autores, Eduardo Viola e Héctor Ricardo Leis, estão amplamente capacitados para oferecer uma análise de qualidade sobre os desafios do Brasil, da Argentina e de toda a região nessa difícil, mas indispensável, inserção no sistema internacional das democracias de mercado. O retrato que eles fazem da região, dos dois grandes da América do Sul em particular, não é muito otimista, mas é sem dúvida alguma necessário e bem-vindo, em face dos desafios remanescentes.
Intelectuais verdadeiros devem ostentar, antes de mais nada, espírito crítico, sem se deixar aprisionar pelas lutas políticas em curso na sociedade na qual vivem ou se enredar nas ideologias em competição na ágora universitária. A honestidade intelectual é o seu primeiro e único dever. Desse ponto de vista, nossos dois autores não se enquadram na antiga crítica sobre a “traição dos clérigos” de que falava Julien Benda. Ao contrário: eles estão em sintonia com as necessidades do tempo presente e fazem do seu ofício um instrumento crítico de esclarecimento da maioria, em prol do progresso social e em benefício da razão, como apreciaria Kant.

Paulo Roberto de Almeida
Doutor em ciências sociais, diplomata, professor no mestrado em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub).
Brasília, maio de 2007

Brasil e Argentina: reincidentes no erro: livro de Eduardo Viola e Hector Leis

Um leitor, ou visitante, deste blog, Victor Boaventura me consulta sobre um antigo texto meu, na verdade uma resenha de livro, que foi publicada em formato resumido, na revista Plenarium, da Câmara dos Deputados (atualmente interrompida por causa dessas mudanças políticas que consistem em desfazer numa administração o que a anterior tinha iniciado).
Sim, se trata de um livro sobre as trajetórias de Brasil e da Argentina, como são minhas todas as demais resenhas publicadas em todos os números da revista.
A resenha do livro em questão, objeto do link abaixo:

Brasil e Argentina: reincidentes no erro?
Brasília, 5 outubro 2007, 2 p. Resenha do livro:
Eduardo Viola e Héctor Ricardo Leis:
Sistema Internacional com Hegemonia das Democracias de Mercado: Desafios de Brasil e Argentina (Florianópolis: Editora Insular, 2007, 232 p.)
com base no trabalho 1749, para a revista Plenarium (Brasília: Câmara dos Deputados; ano 5, n. 5, outubro 2008, p. 314-315; ISSN: 1981-0865;
link: http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/922/brasil_argentina_reincidentes.pdf).
Relação de Originais n. 1818. “Publicados n. 862

foi na verdade extraída do Prefácio que fiz a esse livro, cujo teor na íntegra, transcrevo aqui:

Brasil e Argentina no contexto regional e mundial
Paulo Roberto de Almeida
Postado no blog Diplomatizzando (11.07.2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/07/brasil-e-argentina-no-contexto-mundial.html).

Prefácio ao livro de
Eduardo Viola e Héctor Ricardo Leis:
Sistema Internacional com Hegemonia das Democracias de Mercado: Desafios de Brasil e Argentina (Florianópolis: Editora Insular; Programa San Tiago Dantas – CAPES, 2007)

O historiador Fernand Braudel – que confessou ter ficado “inteligente” no Brasil, para onde veio como jovem professor universitário nos anos 1930 – costumava separar os eventos rápidos da vida política dos movimentos mais lentos do processo econômico, e ambos das transformações seculares das estruturas sociais e das configurações civilizacionais, que se moviam a uma velocidade próxima à “história geológica”. Um outro historiador britânico adepto da “história lenta”, Lawrence Stone, dizia, por sua vez, que a história avança muito lentamente, como uma velha carroça desajustada, com os eixos rangendo e as rodas desalinhadas.
O mesmo parece se aplicar, sob nossos olhos, a certas configurações “ideológicas”, em especial aquelas derivadas da tradição revolucionária francesa, que criou todo o vocabulário e a coreografia que ainda agitam a política contemporânea. Alguns dos conceitos consagrados por essa velha tradição converteram-se, efetivamente, em “tradicionais”: eles estão desajustados aos requerimentos da vida moderna, mas continuam por aí, num deslocar errático e irregular, como os eixos rangentes de um velho carro de bois que ainda não foi aposentado pela modernidade.
Tomemos, por exemplo, os conceitos de esquerda e de direita, ou de progressista e conservador, geralmente identificados a valores, normas e princípios que seriam, cada um a seu modo, positivos ou negativos no plano das mudanças sociais. A esquerda estaria identificada com a justiça e a igualdade, lutando por uma distribuição mais equânime da riqueza, normalmente por via do distributivismo estatal e da solidariedade contratual. À direita restaria o papel de preservar as velhas estruturas, ressaltando o papel do esforço e do mérito individuais e das estruturas de mercado na promoção da prosperidade geral, aceitando, portanto, a desigualdade como um fato natural da vida. No plano social e político, a esquerda estaria sempre do lado dos humildes e oprimidos, lutando pelos direitos dos trabalhadores contra os patrões “exploradores”. A direita, obviamente, se alinharia com aqueles capitalistas de cartola e charuto, na missão de estender a dominação do capital aos mais diferentes cantos do planeta, concentrando ainda mais riqueza e poder, em detrimento dos povos da periferia e dos pobres dos países ricos.
Qualquer que seja a validade respectiva desses estereótipos para o mundo contemporâneo, não se pode recusar o fato de que a direita ainda apóia os seus discursos no liberalismo clássico, de antiga extração britânica, e que parte da esquerda, por sua vez, ainda pretende aplicar Marx ao contexto atual, repisando velhos argumentos classistas, anticapitalistas e antimercado, ao mesmo tempo em que clama por reivindicações igualitárias, sem muito embasamento na economia real. Na América Latina, em especial, o pensamento dito “progressista” ainda é estatizante, centrado na distribuição dos “lucros do capital” e voltado para um combate de retaguarda contra a marcha da globalização contemporânea.
O retrato pode parecer caricatural, mas é certo que a esquerda latino-americana, aliada no chamado movimento antiglobalizador a velhos sindicalistas, a jovens idealistas e a universitários em tempo integral, pretende extrair das antigas lições marxianas sobre a “dominação do capital” a necessidade de superar esse estado de coisas, rejeitando tudo isso que aí está, em nome de “um outro mundo possível”. Ela acaba, pateticamente, se rendendo a contrafações do modelo original, como se pode constatar em experiências regionais que demonstram uma filiação “genética” mais próxima do fascismo mussoliniano do que de um pretendido socialismo gramsciano. Em termos braudelianos, a esquerda congela seus conceitos e ações políticas no mundo quase estático das lentas mudanças “geológicas”, em lugar de adaptar-se a uma conjuntura histórica de transformações – para empregar o conceito de outro historiador francês, Ernest Labrousse –, que se descortina aos olhos de quem quer enfrentar a realidade sem as viseiras ideológicas do passado e aspira a entender o mundo como ele é, realmente, não como ela gostaria que ele fosse.
Curiosamente, a América Latina era apontada, até meados do século XX pelo menos, como o continente que lograria igualar-se aos países desenvolvidos, se perseverasse nos esforços de industrialização substitutiva, no planejamento estatal, no protecionismo comercial, nos subsídios à “indústria infante”, na integração introvertida e em políticas dirigistas que atribuíam ao Estado o papel principal na determinação quanto ao uso de fatores, na mobilização de capitais – por via inflacionária, uma forma de poupança forçada – e na alocação autoritária dos recursos assim capturados do conjunto da sociedade. Incidiu nesse tipo de recomendação o economista sueco Gunnar Myrdal – prêmio Nobel em 1974, junto com o liberal austríaco Alfred Hayek, por ironia da história – que, no seu tão aclamado quanto errôneo Asian Drama, vaticinava que a Ásia era sinônimo de miséria insuperável e que se havia países no Terceiro Mundo que tinham alguma chance de alçar-se aos patamares de bem-estar e riqueza dos desenvolvidos, estes eram os latino-americanos. Myrdal preconiza para todos o modelo indiano, feito de planejamento centralizado, empresas estatais em todos os “setores estratégicos” e descolamento dos mercados internacionais, que supostamente condenava esses países à exportação de commodities sujeitas às flutuações das bolsas de mercadorias. À época em que ele pesquisou e escreveu – início dos anos 1960 – a maior parte dos países da América Latina estava mais integrada à economia mundial do que os da Ásia, ostentava, na média, o dobro da renda per capita asiática e possuía instituições públicas – Estados consolidados, depois de 130 anos de independência, estruturas de mercado capitalistas – que seriam, no cômputo global, mais “weberianamente” pró-crescimento e pró-desenvolvimento do que as arcaicas tradições confucianas da região asiática. O itinerário seguido desde então pelas duas regiões não precisa ser relembrado: a Ásia decolou espetacularmente na economia mundial e nos indicadores de crescimento – tanto mais rapidamente quanto ela se afastou das políticas socialistas e estatizantes recomendadas por Myrdal – enquanto a América Latina manteve-se, com poucas exceções, no subdesenvolvimento, na desigualdade e na pobreza. Para isso também contribuíram experimentos populistas, irresponsabilidade emissionista, desrespeito aos direitos de propriedade, desconfiança da abertura ao exterior – comércio e investimentos – e uma insistência no centralismo estatizante que marca ainda hoje boa parte da esquerda neste continente.

Os autores deste livro conhecem um pouco dessa história, por experiência própria, se ouso dizer. Outrora pertencentes, como vários jovens dessa geração, ao universo do marxismo latino-americano, naturalizados brasileiros justamente em virtude da história trágica de equívocos conceituais e de erros práticos da esquerda argentina do último terço do século XX, eles estão muito bem preparados para enfrentar a tarefa de analisar a trajetória do Brasil e da Argentina no contexto das modernas democracias de mercado. A migração forçada de um país a outro, a descoberta de realidades políticas relativamente similares, ainda que sob roupagens distintas, e o comparatismo inevitável que esse tipo de situação cria, permitiu-lhes constatar, provavelmente, como os mesmos diagnósticos equivocados feitos por lideranças políticas, lá e aqui, redundaram em perda de oportunidades de inserção no mundo globalizado da atualidade, atrasando o processo de desenvolvimento e postergando a conquista da almejada prosperidade social.
De fato, a despeito de uma história singular, que corre em trilhas próprias, o Brasil e a Argentina reproduzem, em boa medida, equívocos similares de políticas públicas – tanto macroeconômicas quanto setoriais – cometidos por diferentes regimes políticos ao longo do século XX. Se o recurso a Suetônio cabe na sociologia comparada do desenvolvimento, pode-se dizer que os dois grandes da América do Sul exibem “vidas paralelas”. Tanto o Brasil como a Argentina padecem de insuficiências de desenvolvimento, mas a maior parte dos problemas de cada um deriva de erros de gestão macroeconômica e de escolhas infelizes das elites políticas ao longo da formação das nações e das dificuldades de ajuste aos desafios externos.
Durante muito tempo, grosso modo na primeira metade desse século, prevaleceu no Brasil a idéia de que a Argentina era bem mais desenvolvida, graças a um maior componente “europeu” na sua formação étnica e aos maiores cuidados com a educação do seu povo. Em contrapartida, ao aprofundar-se sua trajetória em direção à decadência econômica, prevaleceu na Argentina a noção de que o Brasil foi mais bem sucedido na industrialização e no fortalecimento da base econômica graças ao maior envolvimento de seu Estado na gestão macroeconômica, em lugar do liberalismo que teria sido praticado nas margens do Prata. Em ambos os países, líderes populistas e ditadores militares se revezaram nos comandos do Estado pretendendo construir a grandeza nacional com base no nacionalismo industrializante e no emissionismo inflacionário. Ambas as economias foram relativamente excêntricas – isto é, voltadas para os parceiros privilegiados no hemisfério norte – e os regimes políticos mantiveram, contra toda racionalidade e interesses imediatos, certo distanciamento competitivo, que em alguns momentos quase descambou para a hostilidade, isto é, para a corrida armamentista e uma possível disputa pela hegemonia regional.
Os dois países passaram, depois de superadas suas repúblicas “oligárquicas” – mais ou menos na mesma época, os anos 1930 –, por processos de modernização econômica e política, sob a forma de experimentos nacionalistas e populistas, identificados com as figuras de Vargas e Perón. A Argentina logrou, provavelmente, um maior grau de inserção social, mas o Brasil foi menos errático no processo de desenvolvimento, conseguindo consolidar a construção de uma base industrial que nunca teve paralelo na Argentina, que permanece ainda hoje uma economia agroexportadora. Os azares da Guerra Fria e as ameaças percebidas pelas classes médias como provenientes da sindicalização excessiva do sistema político conduziram ambos os países em direção de episódios mais ou menos prolongados de autoritarismo militar.
O período militar – responsável pela vinda dos autores ao Brasil – assumiu dimensões mais dramáticas na Argentina, com um custo elevado em vidas humanas e outras conseqüências menos desejáveis no plano das relações bilaterais, com o fenômeno que dois autores consagrados – Boris Fausto e Fernando Devoto, no livro Brasil e Argentina: um ensaio de história comparada (1850-2002) – chamaram de “afinidades repressivas”. As esquerdas padeceram muito no tempo das baionetas, mas talvez conservem, desse período, a mesma inclinação fundamental ao culto do Estado, para a autarquia econômica e o protecionismo instintivo que exibiam os militares. Hoje, se pretende avançar no desenvolvimento conjunto, mediante o Mercosul, mas as salvaguardas e os desvios ao livre comércio colocam limites à integração econômica.
Com efeito, a fase de redemocratização permitiu revigorar o processo de integração, que tinha começado no final dos anos 1950, desta vez segundo um formato bilateral – tratado para a formação de um mercado comum de 1988 – que logo se desdobrou numa dimensão quadrilateral, ao incorporar os dois vizinhos menores em 1991. O Mercosul logrou incluir outros países, como o Chile e a Bolívia (associados em 1996) e, mais recentemente, a Venezuela, mas sua zona de livre-comércio permanece incompleta, sua união aduaneira é perfurada por inúmeras exceções nacionais e o mercado comum, prometido para 1995, é um sonho ainda distante.
O itinerário dos dois países, mesmo contrastante nos planos cultural, social e político, não deixa de apresentar coincidências ou similitudes nos planos do desenvolvimento econômico e da inserção internacional, o que talvez permita retomar ao presidente argentino Roque Sáenz Peña uma frase, do início do século XX, que resume a visão otimista da cooperação bilateral, sempre invocada pelas autoridades engajadas no atual processo de integração: “Tudo nos une, nada nos separa”. Talvez – com a provável exceção dos campos de futebol –, mas a história raramente se contenta com projetos meramente retóricos de desenvolvimento ou de integração internacional. Nesse particular, o Brasil e a Argentina apresentam trajetórias erráticas, com impulsos positivos em determinadas épocas e atitudes defensivas em outras. O elemento mais notável, da presente fase, é provavelmente constituído pela incapacidade respectiva em empreender reformas que os coloquem em condições de se inserir de modo mais afirmativo na economia globalizada que caracteriza o Atlântico Norte e a região da Ásia Pacífico.

Os trabalhos compilados neste livro discutem as novas circunstâncias da economia global e os padrões atuais de organização política, com os problemas daí derivados para Estados, como o Brasil e a Argentina, que ainda estão construindo sua inclusão no novo sistema, que os autores chamam de “hegemonia das democracias de mercado”. A leitura destas páginas, impregnadas de conhecimento histórico e de racionalidade sociológica, permite constatar como são anacrônicas as demandas e reivindicações de alguns desses militantes de causas equivocadas, armados de slogans retirados de um já mundo desaparecido nas dobras da história – como os conceitos de “dependência” ou de “antiimperialismo” –, que insistem em defender causas que não são mais de vanguarda ou sequer progressistas. A oposição desses grupos e movimentos políticos a reformas institucionais que permitiriam inserir mais rapidamente os países da América Latina nas correntes mais dinâmicas da globalização – reformas política, previdenciária, trabalhista, tributária, sindical ou educacional – não é apenas conservadora, mas pode ser tachada de propriamente reacionária, em vista dos imensos problemas acumulados pelos países da região nesses aspectos que muito têm a ver com as perspectivas de emprego, renda e oportunidades de ascensão social de imensas massas ainda hoje excluídas de qualquer possibilidade de inserção produtiva no tecido social.
Os autores não deixam de confessar sua surpresa, logo na introdução, com o fato de que muitos intelectuais desenvolveram um agudo senso de anticapitalismo – sentimento que, no meu ponto de vista, consegue inclusive ser antimercado – , o que os fez cúmplices objetivos das piores barbaridades cometidas no século XX contra os direitos humanos e a democracia. Na América Latina, em particular, esse anticapitalismo visceral dos intelectuais obstaculizou a modernização econômica e social dos países, a começar pelo aggiornamento do próprio Estado, no sentido de libertá-lo, ou pelo menos distanciá-lo, da herança centralista e patrimonialista ibérica, em prol de uma visão do mundo que estivesse mais objetivamente em consonância com os requisitos de uma moderna “democracia de mercado”, aberta aos influxos da economia global.
Aparentemente incapazes de renovar conceitos e aceitar as novas realidades da economia mundial, os intelectuais da América Latina continuarão a mover-se, no futuro previsível, ao ritmo do “tempo geológico” de Fernand Braudel, arrastando-se, em grande medida, pelos caminhos da modernidade numa trajetória tão tortuosa e torturada quanto o permitido pela “velha carroça da história”, de que falava Lawrence Stone. Isto a despeito de se poder constatar, hoje em dia, que outros povos e países estão fazendo melhor e mais rápido no caminho da modernidade do que a quase totalidade da América Latina. A região poderia ser uma espécie de “Prometeu acorrentado”, se apenas grilhões materiais a prendessem a um passado mercantilista e patrimonialista, se meros impedimentos técnicos a impedissem de avançar mais aceleradamente no caminho do progresso tecnológico e da capacitação científica. Mas, os grilhões que a prendem ao atraso material e à irrelevância intelectual são de outra natureza: são propriamente mentais, invisíveis, se quisermos, ainda que alertas sejam regularmente lançados contra essa busca ativa pelo declínio econômico e pelo retrocesso político. Este livro, aliás, é um exemplo de alarme intelectual.
A insistência na velhas soluções estatizantes, na repetição dos mesmos erros do passado, a tendência a encontrar bodes expiatórios no estrangeiro e a alimentar teorias conspiratórias sobre as razões do nosso fracasso são tanto mais surpreendentes quanto estão disponíveis boas análises – por analistas individuais ou por organismos multilaterais – sobre as razões da trajetória errática e da miopia das elites. O mais surpreendente e frustrante é que continue a prevalecer, tanto na academia quanto na opinião pública, explicações simplistas, e geralmente equivocadas, sobre as causas de nossos problemas – que são de origem majoritariamente interna – e sobre as soluções que lhes seriam pertinentes. Não constitui surpresa, assim, se a cada classificação internacional de desempenho relativo – no crescimento, na educação, na competitividade, na tecnologia e em vários outros setores ainda –, a América Latina continua a ser ultrapassada por todas as demais regiões, com a possível exceção da África, ainda assim melhor colocada esta, nas taxas atuais de crescimento econômico. A julgar por certas “inovações” populistas recentes na região, a escolha parece ser por mais Estado, mais nacionalizações, menor atratividade do capital estrangeiro e, de forma não surpreendente, uma opção preferencial pelas soluções distributivistas e rentistas.
Acadêmicos experientes no debate intelectual em torno da “contra-reforma” modernista latino-americana, tanto pela sua vivência pregressa na Argentina, como pelo longo convívio nas universidades do Brasil, observadores atentos das realidades regionais e, à maneira de Raymond Aron, “espectadores engajados” na construção da ordem mundial pós-guerra fria e no grande espetáculo da globalização contemporânea, os dois autores, Eduardo Viola e Héctor Ricardo Leis, estão amplamente capacitados para oferecer uma análise de qualidade sobre os desafios do Brasil, da Argentina e de toda a região nessa difícil, mas indispensável, inserção no sistema internacional das democracias de mercado. O retrato que eles fazem da região, dos dois grandes da América do Sul em particular, não é muito otimista, mas é sem dúvida alguma necessário e bem-vindo, em face dos desafios remanescentes.
Intelectuais verdadeiros devem ostentar, antes de mais nada, espírito crítico, sem se deixar aprisionar pelas lutas políticas em curso na sociedade na qual vivem ou se enredar nas ideologias em competição na ágora universitária. A honestidade intelectual é o seu primeiro e único dever. Desse ponto de vista, nossos dois autores não se enquadram na antiga crítica sobre a “traição dos clérigos” de que falava Julien Benda. Ao contrário: eles estão em sintonia com as necessidades do tempo presente e fazem do seu ofício um instrumento crítico de esclarecimento da maioria, em prol do progresso social e em benefício da razão, como apreciaria Kant.

Paulo Roberto de Almeida
Doutor em ciências sociais, diplomata, professor no mestrado em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub).
Brasília, maio de 2007

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Global Economic Downturn: A Crisis of Political Economy - George Friedman (Stratfor)

Global Economic Downturn: A Crisis of Political Economy
By George Friedman
Stratfor, August 9, 2011

Classical political economists like Adam Smith or David Ricardo never used the term “economy” by itself. They always used the term “political economy.” For classical economists, it was impossible to understand politics without economics or economics without politics. The two fields are certainly different but they are also intimately linked. The use of the term “economy” by itself did not begin until the late 19th century. Smith understood that while an efficient market would emerge from individual choices, those choices were framed by the political system in which they were made, just as the political system was shaped by economic realities. For classical economists, the political and economic systems were intertwined, each dependent on the other for its existence.

The current economic crisis is best understood as a crisis of political economy. Moreover, it has to be understood as a global crisis enveloping the United States, Europe and China that has different details but one overriding theme: the relationship between the political order and economic life. On a global scale, or at least for most of the world’s major economies, there is a crisis of political economy. Let’s consider how it evolved.

Origin of the Crisis
As we all know, the origin of the current financial crisis was the subprime mortgage meltdown in the United States. To be more precise, it originated in a financial system generating paper assets whose value depended on the price of housing. It assumed that the price of homes would always rise and, at the very least, if the price fluctuated the value of the paper could still be determined. Neither proved to be true. The price of housing declined and, worse, the value of the paper assets became indeterminate. This placed the entire American financial system in a state of gridlock and the crisis spilled over into Europe, where many financial institutions had purchased the paper as well.

From the standpoint of economics, this was essentially a financial crisis: who made or lost money and how much. From the standpoint of political economy it raised a different question: the legitimacy of the financial elite. Think of a national system as a series of subsystems — political, economic, military and so on. Then think of the economic system as being divisible into subsystems — various corporate verticals with their own elites, with one of the verticals being the financial system. Obviously, this oversimplifies the situation, but I’m doing that to make a point. One of the systems, the financial system, failed, and this failure was due to decisions made by the financial elite. This created a massive political problem centered not so much on confidence in any particular financial instrument but on the competence and honesty of the financial elite itself. A sense emerged that the financial elite was either stupid or dishonest or both. The idea was that the financial elite had violated all principles of fiduciary, social and moral responsibility in seeking its own personal gain at the expense of society as a whole.

Fair or not, this perception created a massive political crisis. This was the true systemic crisis, compared to which the crisis of the financial institutions was trivial. The question was whether the political system was capable not merely of fixing the crisis but also of holding the perpetrators responsible. Alternatively, if the financial crisis did not involve criminality, how could the political system not have created laws to render such actions criminal? Was the political elite in collusion with the financial elite?

There was a crisis of confidence in the financial system and a crisis of confidence in the political system. The U.S. government’s actions in September 2008 were designed first to deal with the failures of the financial system. Many expected this would be followed by dealing with the failures of the financial elite, but this is perceived not to have happened. Indeed, the perception is that having spent large sums of money to stabilize the financial system, the political elite allowed the financial elite to manage the system to its benefit.

This generated the second crisis — the crisis of the political elite. The Tea Party movement emerged in part as critics of the political elite, focusing on the measures taken to stabilize the system and arguing that it had created a new financial crisis, this time in excessive sovereign debt. The Tea Party’s perception was extreme, but the idea was that the political elite had solved the financial problem both by generating massive debt and by accumulating excessive state power. Its argument was that the political elite used the financial crisis to dramatically increase the power of the state (health care reform was the poster child for this) while mismanaging the financial system through excessive sovereign debt.

The Crisis in Europe
The sovereign debt question also created both a financial crisis and then a political crisis in Europe. While the American financial crisis certainly affected Europe, the European political crisis was deepened by the resulting recession. There had long been a minority in Europe who felt that the European Union had been constructed either to support the financial elite at the expense of the broader population or to strengthen Northern Europe, particularly France and Germany, at the expense of the periphery — or both. What had been a minority view was strengthened by the recession.

The European crisis paralleled the American crisis in that financial institutions were bailed out. But the deeper crisis was that Europe did not act as a single unit to deal with all European banks but instead worked on a national basis, with each nation focused on its own banks and the European Central Bank seeming to favor Northern Europe in general and Germany in particular. This became the theme particularly when the recession generated disproportionate crises in peripheral countries like Greece.

There are two narratives to the story. One is the German version, which has become the common explanation. It holds that Greece wound up in a sovereign debt crisis because of the irresponsibility of the Greek government in maintaining social welfare programs in excess of what it could fund, and now the Greeks were expecting others, particularly the Germans, to bail them out.

The Greek narrative, which is less noted, was that the Germans rigged the European Union in their favor. Germany is the world’s third-largest exporter, after China and the United States (and closing rapidly on the No. 2 spot). By forming a free trade zone, the Germans created captive markets for their goods. During the prosperity of the first 20 years or so, this was hidden beneath general growth. But once a crisis hit, the inability of Greece to devalue its money — which, as the euro, was controlled by the European Central Bank — and the ability of Germany to continue exporting without any ability of Greece to control those exports exacerbated Greece’s recession, leading to a sovereign debt crisis. Moreover, the regulations generated by Brussels so enhanced the German position that Greece was helpless.

Which narrative is true is not the point. The point is that Europe is facing two political crises generated by economics. One crisis is similar to the American one, which is the belief that Europe’s political elite protected the financial elite. The other is a distinctly European one, a regional crisis in which parts of Europe have come to distrust each other rather vocally. This could become an existential crisis for the European Union.

The Crisis in China
The American and European crises struck hard at China, which, as the world’s largest export economy, is a hostage to external demand, particularly from the United States and Europe. When the United States and Europe went into recession, the Chinese government faced an unemployment crisis. If factories closed, workers would be unemployed, and unemployment in China could lead to massive social instability. The Chinese government had two responses. The first was to keep factories going by encouraging price reductions to the point where profit margins on exports evaporated. The second was to provide unprecedented amounts of credit to enterprises facing default on debts in order to keep them in business.

The strategy worked, of course, but only at the cost of substantial inflation. This led to a second crisis, where workers faced the contraction of already small incomes. The response was to increase incomes, which in turn increased the cost of goods exported once again, making China’s wage rates less competitive, for example, than Mexico’s.

China had previously encouraged entrepreneurs. This was easy when Europe and the United States were booming. Now, the rational move by entrepreneurs was to go offshore or lay off workers, or both. The Chinese government couldn’t afford this, so it began to intrude more and more into the economy. The political elite sought to stabilize the situation — and their own positions — by increasing controls on the financial and other corporate elites.

In different ways, that is what happened in all three places — the United States, Europe and China — at least as first steps. In the United States, the first impulse was to regulate the financial sector, stimulate the economy and increase control over sectors of the economy. In Europe, where there were already substantial controls over the economy, the political elite started to parse how those controls would work and who would benefit more. In China, where the political elite always retained implicit power over the economy, that power was increased. In all three cases, the first impulse was to use political controls.

In all three, this generated resistance. In the United States, the Tea Party was simply the most active and effective manifestation of that resistance. It went beyond them. In Europe, the resistance came from anti-Europeanists (and anti-immigration forces that blamed the European Union’s open border policies for uncontrolled immigration). It also came from political elites of countries like Ireland who were confronting the political elites of other countries. In China, the resistance has come from those being hurt by inflation, both consumers and business interests whose exports are less competitive and profitable.

Not every significant economy is caught in this crisis. Russia went through this crisis years ago and had already tilted toward the political elite’s control over the economy. Brazil and India have not experienced the extremes of China, but then they haven’t had the extreme growth rates of China. But when the United States, Europe and China go into a crisis of this sort, it can reasonably be said that the center of gravity of the world’s economy and most of its military power is in crisis. It is not a trivial moment.

Crisis does not mean collapse. The United States has substantial political legitimacy to draw on. Europe has less but its constituent nations are strong. China’s Communist Party is a formidable entity but it is no longer dealing with a financial crisis. It is dealing with a political crisis over the manner in which the political elite has managed the financial crisis. It is this political crisis that is most dangerous, because as the political elite weakens it loses the ability to manage and control other elites.

It is vital to understand that this is not an ideological challenge. Left-wingers opposing globalization and right-wingers opposing immigration are engaged in the same process — challenging the legitimacy of the elites. Nor is it simply a class issue. The challenge emanates from many areas. The challengers are not yet the majority, but they are not so far away from it as to be discounted. The real problem is that, while the challenge to the elites goes on, the profound differences in the challengers make an alternative political elite difficult to imagine.

The Crisis of Legitimacy
This, then, is the third crisis that can emerge: that the elites become delegitimized and all that there is to replace them is a deeply divided and hostile force, united in hostility to the elites but without any coherent ideology of its own. In the United States this would lead to paralysis. In Europe it would lead to a devolution to the nation-state. In China it would lead to regional fragmentation and conflict.

These are all extreme outcomes and there are many arrestors. But we cannot understand what is going on without understanding two things. The first is that the political economic crisis, if not global, is at least widespread, and uprisings elsewhere have their own roots but are linked in some ways to this crisis. The second is that the crisis is an economic problem that has triggered a political problem, which in turn is making the economic problem worse.

The followers of Adam Smith may believe in an autonomous economic sphere disengaged from politics, but Adam Smith was far more subtle. That’s why he called his greatest book the Wealth of Nations. It was about wealth, but it was also about nations. It was a work of political economy that teaches us a great deal about the moment we are in.

Tudo o que voce sempre quis saber sobre o Brasil Menor, e nao tinha a quem perguntar...

...agora já tem: aos próprios autores desse magnífico plano.
Ops, acho que teve um erro no título, mas não sei bem qual seja. Depois vemos isso.
Paulo Roberto de Almeida

BRASIL MAIOR - PERGUNTAS FREQUENTES
http://www.brasilmaior.mdic.gov.br/oplano/perguntas-frequentes/

1. O Plano Brasil Maior é uma continuidade da PDP (Política de Desenvolvimento Produtivo), lançada em 2008?

Sim, é a continuidade da política governamental de incentivo e fortalecimento à indústria nacional. A novidade é que Plano Brasil Maior é mais abrangente e, além da indústria, engloba ações e medidas para o incentivo ao comércio exterior e ao setor de comércio e serviços.

2. Por que a desoneração da folha de pagamento não atingiu todos os setores produtivos?

Nesse primeiro momento, os segmentos de confecções, calçados, móveis e software serão os beneficiados por serem setores intensivos em mão de obra e estarem sofrendo com a concorrência de importações desleais.

3. O Plano Brasil Maior pretende utilizar as compras governamentais como incentivo à empresa nacional. O que isso significa?

A Lei nº 12.349/2010 institui margem de preferência de até 25% nos processos de licitação para produtos manufaturados e serviços nacionais que atendam às normas técnicas brasileiras conforme critérios de geração de emprego e renda e de desenvolvimento e inovação tecnológica. É uma maneira de incentivarmos a produção nacional, garantindo que o produto a ser adquirido pelo governo seja de uma empresa genuinamente brasileira. Vários países possuem mecanismo semelhante, como os Estados Unidos, que utilizam o Buy American Act.

4. Quais incentivos o governo pretende oferecer para convencer as empresas a investirem em inovação?

Uma série de medidas está sendo anunciada e outras serão definidas nos próximos meses para incentivo à inovação. Além da desoneração da folha de pagamento para quatro segmentos, o BNDES irá oferecer R$ 7 bilhões em crédito para empresas que queiram investir em inovação. Outros benefícios, como desoneração tributária para empresas que investirem em processos de inovação, também estarão disponíveis para as empresas brasileiras.

5. Quais medidas do plano poderão compensar as perdas dos exportadores com apreciação cambial do real e a elevada taxa de juros do país?

O Brasil Maior irá oferecer medidas para redução do custo das exportações, como a instituição do Reintegro, a partir do qual será possível a devolução de até 4% do valor exportado em manufaturados. Outra medida será a ampliação do ressarcimento de créditos aos exportadores, que permitirá às empresas com escrituração fiscal fazerem o processamento automático e receberem em ate 60 dias. Também estamos criando linhas de financiamento específicas para o incentivo às exportações, inclusive para micro, pequenas e médias empresas, além de definir ações para a simplificação do processo exportador que facilitam e diminuem os custos para o exportador.

6. Por que a criação do Exim Brasil não consta do Plano Brasil Maior?

A criação da Agência de Crédito à Exportação do Brasil S.A (EXIM Brasil), uma agência de crédito à exportação que vai centralizar e ampliar os esforços do governo no apoio ao setor exportador, foi anunciada pelo governo em 2010 e continua em discussão porque envolve muitas definições e será lançado no momento oportuno. Ainda não temos uma data prevista.

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BRASIL MAIOR - RESUMO DE MEDIDAS
http://www.brasilmaior.mdic.gov.br/oplano/medidas/comercio-exterior/

Comércio Exterior
Desoneração das exportações

• Instituição do Reintegra:
- Devolução ao exportador de bens industrializados de 3% sobre valor exportado.

• Ampliar o ressarcimento de créditos aos exportadores:
- Mais agilidade aos pedidos de ressarcimento no valor de R$ 19 bilhões
- Processamento automático dos pedidos de ressarcimento e pagamento em 60 dias a empresas com escrituração fiscal digital, a partir de outubro de 2011.
- Escrituração fiscal digital obrigatória, a partir de março de 2012.
Defesa comercial

• Intensificação da defesa comercial: antidumping, salvaguardas e medidas compensatórias:
- Redução de prazos: de 15 para 10 meses (investigação) e de 240 para 120 dias (aplicação de direito provisório).

• Combate à circunvenção:
- Extensão de direitos antidumping ou de medidas compensatórias a importações cujo objetivo seja reduzir a eficácia de medidas de defesa comercial em vigor.

• Combate à falsa declaração de origem:
- Indeferimento da licença de importação no caso de falsa declaração de origem, após investigação.

• Combate a preços subfaturados:
- Fortalecimento da fiscalização administrativa dos preços das importações, para identificação de casos de subfaturamento.

• Aperfeiçoamento da estrutura tarifária do Imposto de Importação com foco na Política:
- Apoiar, no âmbito do Mercosul, a proposta de criação de mecanismo para permitir aumento do imposto de importação.

• Aumento da exigência de certificação compulsória:
- Instituição (ou ampliação) de tratamento administrativo para importações de produtos sujeitos à certificação compulsória e fortalecimento do controle aduaneiro desses produtos, mediante cooperação entre Inmetro, Secex e Receita Federal.
- 150 novos servidores (Inmetro)

• Fortalecimento do combate a importações ilegais:
- Acordo de cooperação MJ-MDIC para combater a violação de propriedade industrial e de certificação compulsória

• Suspensão de ex-tarifário para máquinas e equipamentos usados:
- Revisão da Resolução CAMEX suspendendo a concessão de ex-tarifário para bens usados.

• Quadruplicar o número de investigadores de defesa comercial:
- Ampliar de 30 para 120 o número de investigadores de defesa comercial.
Financiamento e garantia para exportações

• Criação de Fundo de Financiamento à Exportação de MPME – Proex Financiamento:
- Fundo de natureza privada criado no BB para empresas com faturamento de até R$ 60 milhões.
- A União é o principal cotista (aporte inicial), mas outras instituições poderão fazer parte do fundo.
- Alimentado com os retornos futuros do Proex Financiamento.
- Aprovação na alçada do BB.
- Seguro de crédito à exportação/FGE: sistema informatizado para emissão de apólice on line BB ou BNDES.

• Enquadramento automático Proex Equalização:
- Definição de spreads de referência que terão aprovação automática nas exportações de bens e serviços.
- Empresas com faturamento de R$ 60 a R$ 600 milhões continuarão com condições de financiamento equiparadas ao Proex Financiamento.

• FGE limite rotativo instituições financeiras – países de maior risco:
- Fundo de Garantia à Exportação com limite de US$ 50 milhões ao ano para exportação de bens manufaturados.
- Pagamento do financiamento abre saldo para novas operações
Promoção comercial

• Entrada em vigor do Ata-Carnet:
- Facilitação da circulação dos bens em regime de admissão temporária (sem a incidência de tributos).

• Estratégia Nacional de Exportações:
- Adoção de estratégia de promoção comercial por produtos/serviços prioritários em mercados selecionados e adoção dos Mapas de Comex por Estado.

Neoliberalismo condenado pelo PT na Camara: My God, eles ainda estão combatendo o neoliberalismo?

Puxa vida: não bastaram os oito anos de combate renitente, constante, violento contra o neoliberalismo, e ainda precisa mais?
Já não conseguiram extirpar de vez esse câncer do cenário nacional, não conseguiram limpá-lo das consciências, eliminá-lo das políticas públicas?
Que tanto esse pessoal combate o neoliberalismo?
Não é muita vela para pouco defunto?
Bater em cachorro morto?
Acho que os petistas têm algum problema psicológico com o neoliberalismo: deve ser inveja...
Paulo Roberto de Almeida

PT divulga documento sobre crise internacional e condena neoliberalismo
Informe da Liderança do PT na CD, 10/08/2011

Resolução Política do Diretório Nacional do PT, aprovada em reunião da última sexta-feira (5), trata, dentre outros temas, da crise internacional que atinge os Estados Unidos e o mundo capitalista. “A crise, cujos desdobramentos ainda precisam ser mais bem conhecidos, está associada ao ideário e ao programa neoliberal que, em linhas gerais, nos últimos 40 anos construiu hegemonia preconizando a redução do papel do Estado na economia...”, diz trecho do texto.

Na nota o PT expressa sua solidariedade aos jovens, aos trabalhadores, aos migrantes e a todos os setores que combatem o neoliberalismo e “repudia o nacionalismo de extrema direita, que mostrou sua verdadeira face no atentado ocorrido recentemente na Noruega”.

No Brasil, continua a nota, os defensores do neoliberalismo são setores da oposição, da mídia e dos setores do grande capital, especialmente o financeiro. “Desde 2003 o Brasil vem percorrendo outro caminho. Com crescimento econômico, controle da inflação, geração de empregos, distribuição de renda, ampliação do acesso e do direito a políticas sociais de qualidade ampliou-se o mercado interno de massas, com o alargamento dos espaços de participação social e da própria democracia”, diz o texto, lembrando ainda a projeção favorável do Brasil no mundo a partir do Governo Lula.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Debate no Senado Federal sobre sistema financeiro internacional - Paulo Roberto de Almeida

Um relato muito conciso de um jornalista do Senado a respeito da audiência de que participei, esta noite.
Minha apresentação está neste link:
Sistema financeiro internacional desde Bretton Woods ( pptx Senado)

Permito-me, em primeiro lugar, corrigir meu cargo: não sou professor de Relações Internacionais no Uniceub, e sim professor de Economia Política no programa de mestrado e doutorado em Direito do Uniceub.
Por outro lado, a concisão do relato impediu o jornalista de dizer que eu rebati o discurso do senador Requião em todos os pontos relevantes.
Paulo Roberto de Almeida

Governo está atento à crise internacional, dizem participantes de audiência sobre sistema financeiro
Marcos Magalhães
Agência Senado, 8/8/2011 19:14

Poucas horas depois do anúncio das maiores quedas de bolsas de valores dos últimos meses – mais de 8% no Brasil e de 5% nos Estados Unidos – dois representantes da equipe econômica do governo procuraram demonstrar, no Senado, que o país está atento aos riscos da crise internacional. Em debate sobre a saúde do sistema financeiro mundial, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), ambos apontaram o aumento das exportações e a dimensão das reservas internacionais.
- Nosso país está bem preparado para enfrentar a crise mundial. Temos grandes reservas internacionais, capacidade de injetar liquidez na economia, se necessário e câmbio flutuante. Temos acompanhado com atenção redobrada riscos de cenário internacional e estamos buscando as melhores soluções possíveis – disse o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, na audiência pública intitulada “O Sistema Financeiro Internacional: do Pós-Guerra aos dias de hoje”, dentro do ciclo de debates “Os Rumos da Política Externa Brasileira”.
Por sua vez, a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, informou que as exportações brasileiras têm crescido mais do que a média do comércio mundial. Ela registrou ainda o “crescimento acelerado” de exportações e importações brasileiras de janeiro a julho deste ano, em relação ao ano passado.
- Em sete meses já exportamos tanto quanto em 2006 – afirmou.
A dimensão da crise atual, porém, foi ressaltada pelo diplomata Paulo Roberto de Almeida, professor de Relações Internacionais do Uniceub. Ele previu que o crescimento econômico dos países avançados continuará lento e levará cerca de quatro a cinco anos para recuperar os padrões de antes de crise.
- A dívida cresceu enormemente, a dos Estados Unidos subiu o Everest e será um problema que chegará a mais duas gerações. Haverá uma lenta diversificação de reservas, mas os Estados Unidos ainda são a economia mais flexível do mundo e vão continuar atraindo capitais pelo futuro previsível. Mas o dólar vai diminuir de valor, no momento em que placas tectônicas estão se movimentando e o Atlântico Norte perde espaço para o Pacífico Norte – comparou.
Esses movimentos, na opinião do diretor para o Brasil do Banco Mundial, Makhtar Diop, estarão também relacionados ao aumento do peso político dos países considerados de renda média. Em sua opinião os próximos anos ainda serão de muitas indefinições.
- Existe hoje uma grande incerteza, e o mundo vai necessitar de um papel maior dos países de renda média – afirmou.
Após ouvir as exposições dos participantes do debate, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse que a mesa havia falado sobre “outro país”. Ele ressaltou a queda de 40% nas exportações industriais brasileiras nos últimos 30 anos e queixou-se da “primarização de nossa economia”, com ênfase para a exportação de minérios e produtos agrícolas. Ele alertou para o risco de queda das cotações de commodities, no caso de os Estados Unidos entrarem em nova recessão e afetarem em consequência a China, grande compradora de produtos primários brasileiros.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que presidiu o debate, também ressaltou a necessidade de maiores investimentos em tecnologia e disse que o Brasil “não tem futuro se continuar apenas exportando ferro”. Por sua vez, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) disse estar preocupado com a adoção de medidas para garantir “consistência atuarial” ao sistema de previdência social, com o aumento da expectativa de vida.

Banqueiros americanos querem rebaixar ainda mais a classificacao americana

Lido, en passant, na revista dos banqueiros americanos:

From the Editors of American Banker

BankThink: Even AA+ May Be a Generous Rating for the U.S.
The downgrading of the government to double-A-plus was not only correct but overdue, writes Thomas J. White, a veteran credit and risk management executive. If anything, he argues, Standard & Poor's should have taken Uncle Sam down to double-A-minus, given the deadlock over revenues and spending.

Se eu fosse um partidário da teoria do complô, eu diria que esses banqueiros querem "downgrade" ainda mais os títulos da dívida americana, para comprá-los bem baratinho, e depois vendê-los com lucro, assim que obtivessem mais um plano mirabolante do Congresso para "resolver" o problema...
Faz sentido.
Conspiradores de todo o mundo: uni-vos na compra dos T-bonds, não deixem todo o lucro para a Febraban deles...

Aliás, pouco antes, os mesmos banqueiros estavam preocupados com a saúde do sistema bancário americano:

From the Editors of American Banker
Market Turmoil Stokes Fear of Big Bank Collapses
WASHINGTON ˜ As the stock prices of the big banks cratered on Monday, particularly for Bank of America Corp., pundits and industry observers began worrying that a second financial crisis was in the offing, including the possibility of the failure of a large financial institution.


Enfim, se o mercado fizer o que eles estão esperando, os problemas estão resolvidos: não há nada melhor do que uma boa crise, e uma quebra de bancos, para limpar o terreno para nova fase de crescimento...
Paulo Roberto de Almeida

Banqueiros americanos preocupados... (bye-bye Triple A...)

Recebido do boletim da American Bankers Association, a Febraban deles...

Bank Investors' Latest Fear: Cap Markets Exposure
In the wake of S&P's downgrade of U.S. government debt, fears about capital markets exposure are now taking precedence over mortgages and cancelling out the perceived safety that investors normally ascribe to the largest banks.

Ou seja, um problema de ajuste nas carteiras dos bancos torna-se um problema em sua contabilidade global.
Estamos caminhando para o que Kenneth Rogoff chamou de:

A Grande Retração

domingo, 7 de agosto de 2011

Caudilhos tambem choram...

...ou Ditadores também são humanos...

Chávez diz que chorou quando soube estar com câncer
Mais calvo, e já candidato a mais uma reeleição, o presidente da Venezuela volta à Cuba para quimio

Governo foi antidesenvolvimentista, diz economista

Eu normalmente não partilho das opiniões desse economista, e mesmo seus trabalhos baseados em dados e números, não em opiniões ou interpretações, me parecem eivados de desvios metodológicos, que na verdade refletem viéses ideológicos na construção dos indicadores.
Mas não deixa de ser engraçado uma crítica ao governo Lula vinda da esquerda socialista, não da direita conservadora, que supostamente seria neoliberal ou uma bobagem desse tipo.
De fato o governo Lula não é nada do que parece ser, e no plano econômico privilegiou muito mais os grandes capitalistas do que a massa de pobres, a qual foi também contemplada, não exatamente com qualificação e renda, mas com transferências monetárias subsidiadas, que representam renda retirada das camadas A e B (ou talvez até C superior), sob a forma de mais impostos, e concedida às classes D e E.
Mas deixo vocês lerem e formarem sua própria opinião.
Paulo Roberto de Almeida

Dependência econômica
Merval Pereira
O Globo, 07/08/2011

No momento em que o governo Dilma reconhece o perigo da desindustrialização e lança um programa de incentivo à indústria nacional, com medidas protecionistas que, em alguns casos, repetem erros do passado, criando reservas de mercado que podem gerar uma indústria sem competitividade, o economista Reinaldo Gonçalves, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, publica um trabalho em que pretende demonstrar que, ao contrário do que seus seguidores defendem, o projeto econômico do governo Lula se caracteriza pelo que o economista chama de "Nacional Desenvolvimentismo às Avessas".

Ele classifica seu trabalho como uma crítica "aos analistas que identificam três traços distintivos do Governo Lula: a realização de grandes transformações; a reversão de tendências estruturais; e a predominância da visão desenvolvimentista nas políticas a partir de 2005".

Para Gonçalves, o que se constata claramente é: desindustrialização, aumento das importações (que chama de "desubstituição de importações"); reprimarização das exportações; maior dependência tecnológica; maior desnacionalização quando se desconta a expansão das três maiores empresas do país ligadas à exploração de recursos naturais (Petrobras, BR Distribuidora e Vale); crescente vulnerabilidade externa estrutural em função do aumento do passivo externo; e crescente dominação financeira, expressa na subordinação da política de desenvolvimento à política monetária focada no controle da inflação.

Ele dividiu o estudo em seis partes:

Estrutura produtiva: Desindustrialização e desubstituição de importações

A participação da indústria de transformação no PIB reduz-se de 18% em 2002 para 16% em 2010. Neste período, a taxa de crescimento real do valor adicionado da mineração é de 5,5%; da agropecuária, 3,2%, e da indústria de transformação, 2,7%. "Os diferenciais entre estas taxas de crescimento informam um processo de desindustrialização da economia brasileira no Governo Lula", afirma.

O processo de desindustrialização é acompanhado pela desubstituição de importações. Segundo o estudo, o coeficiente de penetração das importações aumenta, de forma praticamente contínua, de 11,9% em 2002 a 18,2% em 2008.

Padrão de comércio: Reprimarização das exportações

No Nacional Desenvolvimentismo, a mudança do padrão de comércio significa menor dependência em relação às exportações de commodities. Ao contrário, mostra o estudo de Gonçalves, no Brasil de Lula a participação dos produtos manufaturados no valor das exportações mostra clara e forte tendência de queda (56,8% em 2002 para 45,6% em 2010), enquanto há tendência igualmente clara e forte de aumento da participação dos produtos básicos (25,5% em 2002 para 38,5% em 2010).

Progresso técnico: Dependência tecnológica

No Governo Lula, verifica-se também o processo de maior dependência tecnológica. O indicador usado é a relação entre as despesas com importações de bens e serviços intensivos em tecnologia, e os gastos de ciência e tecnologia, que aumenta de 208% em 2002 para 416% em 2010. "Ou seja, há duplicação do grau de dependência tecnológica".

O chamado "déficit tecnológico", a diferença entre o valor das importações de bens altamente intensivos em tecnologia e maior valor agregado e dos serviços tecnológicos e o valor das exportações destes bens e serviços, aumentou significativamente, de US$15,4 bilhões em 2002 para US$84,9 bilhões em 2010.

Estrutura de propriedade: Desnacionalização

No Nacional Desenvolvimentismo, há preferência revelada pelo capital nacional, público ou privado, com o objetivo de reduzir a vulnerabilidade externa. No Governo Lula, se descontada a grande influência das três maiores empresas (Petrobras, BR Distribuidora e Vale), teremos uma boa idéia do grau de desnacionalização da economia brasileira, segundo Gonçalves.

O trabalho mostra que houve aumento da participação das empresas estrangeiras no valor das 497 maiores empresas no país: 47,8% em 2002 e 48,5% em 2010.

O autor admite, no entanto, que são mudanças "pouco expressivas" quando se considera o período de oito anos do Governo Lula..

Vulnerabilidade externa estrutural: Passivo externo crescente

No Governo Lula há aumento significativo do passivo externo total do país, que passa de US$343 bilhões no final de 2002 para US$1,294 trilhão no final de 2010.

O passivo externo aumenta de US$260 bilhões em 2002 para US$916 bilhões em 2010. Considerando as reservas internacionais de US$300 bilhões, "verifica-se que o passivo externo financeiro do país é 3 vezes o valor das reservas no final de 2010".

O saldo da conta de transações correntes em relação ao PIB mostra nítida tendência de queda a partir de 2005, e torna-se negativo a partir de 2008. As projeções do FMI apontam que o Brasil deverá experimentar recorrentes déficits de transações correntes do balanço de pagamentos - de 3,0% a 3,5% -, que crescerão de US$60 bilhões em 2011 para US$120 bilhões em 2016.

Política econômica: Dominação financeira

No Governo Lula a taxa média de rentabilidade dos 50 maiores bancos é sempre superior à das 500 maiores empresas.

De 2003 a 2010, a taxa média de rentabilidade das maiores empresas é de 11% e a taxa dos bancos é 17,5%.

"Além do abuso do poder econômico, os bancos se beneficiam da política monetária restritiva caracterizada por elevadas taxas de juro", analisa Reinaldo Gonçalves.

Imprensa 4 x Governo 0; governo continua sendo comandado pela imprensa

Sem palavras (e precisa?).
Depois da Casa Civil e dos transportes, a agricultura, não aquela que coloca comida nas nossas casas, claro, mas aquela que coloca verdinhas nas contas de certas pessoas.
Bem, estou esperando 6 a zero para a imprensa, ainda este ano.
Querem apostar?
Paulo Roberto de Almeida

sábado, 6 de agosto de 2011

O socialismo e a inteligencia: uma contradicao nos termos? - Paulo R Almeida

O trabalho publicado mais recente:

Pode uma pessoa inteligente pretender-se comunista, hoje em dia?; Reflexões sobre um paradoxo acadêmico brasileiro
Brasília, 2 agosto 2011, 13 p.
Crítica às crenças fundamentalistas do socialismo marxista na substituição de um modo de produção resultante de processos sociais incontrolados e impessoais, como o capitalismo, por um outro, concebido de maneira ideológica e pretendendo operar um exercício de engenharia social com base em premissas equivocadas e pressupostos equivocados sobre o funcionamento de uma economia de mercado.
Revista Espaço Acadêmico (ano 11, n. 123, agosto 2011, p. 125-136; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/14334/7601).
Relação de Originais n. 2292; Publicados n. 1042.

Hiroshima: a promessa, a ilusao e a realidade...

O apelo do primeiro-ministro do Japão não tem nenhum sentido econômico, nem sentido estratégico, nem corresponde a qualquer gesto que venha a ser feito no terreno das possibilidades históricas concretas.
Não haverá renúncia à energia nuclear, até que um equivalente funcional -- talvez fusão nuclear -- seja descoberto, na medida em que o mundo não pode dispensar uma fonte de energia já testada como esta (a menos que o mundo tenha outras fontes abundantes de energia renovável, ou fósseis não poluentes). O Japão, como a Alemanha, pode até dispensar o seu uso, mas precisará importar energia fóssil (petróleo, gás), ou energia nuclear da vizinha China (que constrói reatores às dezenas), como a Alemanha vai ser obrigada a fazer, ou seja, importar energia nuclear da vizinha França ou de outros países da região.
Quanto à abolição das armas nucleares, apenas os ingênuos acreditam ser isso possível. Pode até ser que, num futuro muito distante, a comunidade internacional se ponha de acordo, efetivamente, sobre um tratado de não-uso de armas nucleares, mas não acredito ser possível um banimento e desaparecimento da arma nuclear. O mundo terá de evoluir muito para que isto seja teoricamente possível.
Paulo Roberto de Almeida

Hiroshima hears PM's nuke-free call
Agencies, Aug 7, 2011
A man stands in a river helping people releasing paper lanterns to remember victims of the atomic bomb dropped on Hiroshima 66 years ago yesterday.

PRIME Minister Naoto Kan yesterday took his campaign against nuclear energy in Japan to Hiroshima, which 66 years ago became the world's first victim of an atomic bomb.

It marks a change of tack in a country that has until now carefully avoided linking its fast growing, and now discredited, nuclear power industry to its trauma as the only country to have been attacked with atomic bombs.

Kan, speaking at an anniversary ceremony for victims of the bomb dropped on Hiroshima, repeated that the world's worst nuclear crisis in 25 years at Fukushima after a March earthquake convinced him Japan should end its dependence on nuclear power.

The damage from the earthquake and subsequent tsunami at the Fukushima nuclear plant, which the authorities are still trying to bring under control, has led to widespread calls for an end to reliance on nuclear power in the quake-prone country.

"I will deeply reflect on nuclear power's 'myth of safety,' investigate thoroughly the causes of the accident and fundamental measures to secure safety, as well as reduce the dependence on nuclear power plants and aim for a society that does not depend on nuclear power plants," Kan said.

Kazumi Matsui, Hiroshima's mayor and the son of an atomic bomb survivor, also pressed Tokyo to act after the Fukushima crisis traumatised the public. "The Japanese government should sincerely accept this reality and review its energy policy quickly," he said.

Questioned policy

It was the first time in decades that any Hiroshima mayor had questioned Japan's policy of developing nuclear energy during the annual ceremony, in which tens of thousands observed a minute of silence as the peace bell tolled.

Matsui said it was heartbreaking to see the devastation left by the March 11 quake and tsunami on the northeast coast and how it resembled what was left of Hiroshima after the bombing.

A US warplane dropped the atomic bomb on the western city on August 6, 1945 in the closing days of the Second World War. The death toll by the end of the year was estimated at about 140,000, out of the total 350,000 who lived there at the time.

A second atomic bomb was dropped on Nagasaki on August 9. Japan surrendered six days later.

Prior to the Fukushima crisis, nuclear energy accounted for nearly a third of Japan's energy supply. But since the March 11 quake and tsunami triggered radiation leaks at Tokyo Electric Power Co's Fukushima plant 240km (150 miles) northeast of Tokyo, public sentiment has shifted.

"We hadn't thought so deeply about it until now. But I think it (nuclear plant) is not so different from the atomic bomb," said Michiko Kato, a 73-year-old survivor who lost her sister to the bomb.

Unpopular Kan, who has said he will resign without clarifying when, has seized the shift in the public mood and is calling for an overhaul of Japan's energy policy. About 70 percent of voters back his vision, a recent poll showed.

But it remains unclear what will happen to his vision after he resigns.

Um triste aniversario em 6 de Agosto: Hiroshima

Mas, contrariamente ao que muita gente crê, Hiroshima, por mais cínico e cruel que possa parecer, "poupou" vidas, ao abreviar o final da guerra.
A continuidade da guerra, em bases convencionais, e a invasão do Japão, ilha por ilha, contra soldados e até uma população que não pretendiam render-se sem ordem ou permissão do imperador, teriam custado, provavelmente, duas vezes mais vidas do que o alcançado com Hiroshima e Nagasaki, inclusive mais vidas americanas...
Paulo Roberto de Almeida

On This Day: August 6
The New York Times


On Aug. 6, 1945, the United States dropped an atomic bomb on Hiroshima, Japan, that instantly killed an estimated 66,000 people in the first use of a nuclear weapon in warfare.

First Atomic Bomb Dropped on Japan; Missile Is Equal to 20,000 Tons of TNT; Truman Warns Foe of a 'Rain of Ruin'
NEW AGE USHERED
Day of Atomic Energy Hailed by President, Revealing Weapon
HIROSHIMA IS TARGET
'Impenetrable' Cloud of Dust Hides City After Single Bomb Strikes
By SIDNEY SHALETT
Special to THE NEW YORK TIMES

Washington, Aug. 6 -- The White House and War Department announced today that an atomic bomb, possessing more power than 20,000 tons of TNT, a destructive force equal to the load of 2,000 B-29's and more than 2,000 times the blast power of what previously was the world's most devastating bomb, had been dropped on Japan.

The announcement, first given to the world in utmost solemnity by President Truman, made it plain that one of the scientific landmarks of the century had been passed, and that the "age of atomic energy," which can be a tremendous force for the advancement of civilization as well as for destruction, was at hand.

At 10:45 o'clock this morning, a statement by the President was issued at the White House that sixteen hours earlier- about the time that citizens on the Eastern seaboard were sitting down to their Sunday suppers- an American plane had dropped the single atomic bomb on the Japanese city of Hiroshima, an important army center.

Japanese Solemnly Warned
What happened at Hiroshima is not yet known. The War Department said it "as yet was unable to make an accurate report" because "an impenetrable cloud of dust and smoke" masked the target area from reconnaissance planes. The Secretary of War will release the story "as soon as accurate details of the results of the bombing become available."

But in a statement vividly describing the results of the first test of the atomic bomb in New Mexico, the War-Department told how an immense steel tower had been "vaporized" by the tremendous explosion, how a 40,000-foot cloud rushed into the sky, and two observers were knocked down at a point 10,000 yards away. And President Truman solemnly warned:

"It was to spare the Japanese people from utter destruction that the ultimatum of July 26, was issued at Potsdam. Their leaders promptly rejected that ultimatum. If they do not now accept our terms, they may expect a rain of ruin from the air the like of which has never been seen on this earth."

Most Closely Guarded Secret
The President referred to the joint statement issued by the heads of the American, British and Chinese Governments in which terms of surrender were outlined to the Japanese and warning given that rejection would mean complete destruction of Japan's power to make war.

[The atomic bomb weighs about 400 pounds and is capable of utterly destroying a town, a representative of the British Ministry of Aircraft Production said in London, the United Press reported.]

What is this terrible new weapon, which the War Department also calls the "Cosmic Bomb"? It is the harnessing of the energy of the atom, which is the basic power of the universe. As President Truman said, "The force from which the sun draws its power has been loosed against those who brought war to the Far East."

"Atomic fission" - in other words, the scientists' long-held dream of splitting the atom- is the secret of the atomic bomb. Uranium, a rare, heavy metallic element, which is radioactive and akin to radium, is the source essential to its production. Secretary of War Henry L. Stimson, in a statement closely following that of the President, promised that "steps have been taken, to assure us of adequate supplies of this mineral."

The imagination-sweeping experiment in harnessing the power of the atom has been the most closely guarded secret of the war. America to date has spent nearly $2,000,000,000 in advancing its research. Since 1939, American, British and Canadian scientists have worked on it. The experiments have been conducted in the United States, both for reasons of achieving concentrated efficiency and for security; the consequences of having the material fall into the hands of the enemy, in case Great Britain should have been successfully invaded, were too awful for the Allies to risk.

All along, it has been a race with the enemy. Ironically enough, Germany started the experiments, but we finished them. Germany made the mistake of expelling, because she was a "non-Aryan," a woman scientist who held one of the keys to the mystery, and she made her knowledge available to those who brought it to the United States. Germany never quite mastered the riddle, and the United States, Secretary Stimson declared, is "convinced that Japan will not be in a position to use an atomic bomb in this war."

A Sobering Awareness of Power
Not the slightest spirit of braggadocio is discernible either in the wording of the official announcements or in the mien of the officials who gave out the news. There was an element of elation in the realization that we had perfected this devastating weapon for employment against an enemy who started the war and has told us she would rather be destroyed than surrender, but it was grim elation. There was sobering awareness of the tremendous responsibility involved.

Secretary Stimson said that this new weapon "should prove a tremendous aid in the shortening of the war against Japan," and there were other responsible officials who privately thought that this was an extreme understatement, and that Japan might find herself unable to stay in the war under the coming rain of atom bombs.

It was obvious that officials at the highest levels made the important decision to release news of the atomic bomb because of the psychological effect it may have in forcing Japan to surrender. However, there are some officials who feel privately it might have been well to keep this completely secret. Their opinion can be summed up in the comment by one spokesman: "Why bother with psychological warfare against an enemy that laready is beaten and hasnt't sense enough to quit and save herself from utter doom?"

The first news came from President Truman's office. Newsmen were summoned and the historic statement from the Chief Executive,who still is on the high seas, was given to them.

"That bomb," Mr. Truman said, "had more power than 20,000 tons of TNT. It had more than 2,000 times the blast power of the British 'Grand Slam,' which is the largest bomb (22,000 pounds) ever yet used in the history of warfare."

Explosive Charge Is Small
No details were given on the plane that carried the bomb. Nor was it stated whether the bomb was large or small. The President, however, said the explosive charge was "exceedingly small." It is known that tremendous force is packed into tiny quantities of the element that constitutes these bombs. Scientists, looking to the peacetime uses of atomic power, envisage submarines, ocean liners and planes traveling around the world on a few pounds of the element. Yet, for various reasons, the bomb used against Japan could have been extremely large.

Hiroshima, first city on earth to be the target of the "Cosmic Bomb," is a city of 318,000, which is- or was- a major quartermaster depot and port of embarkation for the Japanese. In addition to large military supply depots, it manufactured ordinance, mainly large guns and tanks, and machine tools, and aircraft-ordinance parts.

President Truman grimly told the Japanese that "the end is not yet."
"In their present form these bombs are now in production," he said, "and even more powerful forms are in development."

He sketched the story of how the late President Roosevelt and Prime Minister Churchill agreed that it was wise to concentrate research in America, and how great secret cities sprang up in this country, where, at one time, 125,000 men and women labored to harness the atom. Even today more than 65,000 workers are employed.

"What has been done," he said, "is the greatest achievement of organized science in history.

"We are now prepared to obliterate more rapidly and completely every productive and enterprise the Japanese have above ground in any city. We shall destroy Japan's power to make war."

The President emphasized that the atomic discoveries were so important, both for the war and for the peace, that he would recommend to Congress that it consider promptly establishing "an appropriate commission to control the production and use of atomic power within the United States."

"I shall give further consideration and make further recommendations to the Congress as to how atomic power can become a powerful and forceful influence toward the maintenance of world peace," he said.

Secretary Stimson called the atomic bomb "the culmination of years of herculean effort on the part of science and industry, working in cooperation with the military authorities." He promised that "improvements will be forthcoming shortly which will increase by several fold the present effectiveness."

"But more important for the long-range implications of this new weapn," he said, "is the possiblity that another scale of magnitude will be developed after considerable research and development. The scientists are confident that over a period of many years atomic bombs may well be developed which will be very much more powerful than the atomic bombs now at hand."

Investigation Started in 1939
It was late in 1939 that President Roosevelt appointed a commission to investigate use of atomic energy for military purposes. Until then only small-scale research with Navy funds had taken place. The program went into high gear.

By the end of 1941 the project was put under direction of a group of eminent American scientists in the Office of Scientific Research and Development, under Dr. Vanever Bush, who reported directly to Mr. Roosevelt. The President also appointed a General Policy Group, consisting of former Vice President Henry A. Wallace, Secretary Stimson, Gen. George C. Marshall, Dr. James B. Conant, president of Harvard, and Dr. Bush. In June 1942, this group recommended vast expansion of the work transfer of the major part of the program to the War Department.

Maj. Gen. Leslie R. Groves, a native of Albany, N. Y., and a 48-year-old graduate of the 1918 class at West Point, was appointed by Mr. Stimson to take complete executive chargeof the program. General Groves, an engineer, holding the permanent Army rank of lieutenant colonel, received the highest praise from the War Department for the way he "fitted together the multifarious pieces of the vast, country-wide jigsaw," and, at the same time, organized the virtually air-tight security system that kept the project a secret.

A military policy committee also was appointed, consisting of Dr. Bush, chairman; Dr. Conant, Lieut. Gen. Wilhelm D. Styer and Rear Admiral William R. Purnell.

In December, 1942, the decision was made to proceed with construction of large-scale plants. Two are situated at the Clinton Engineer Works in Tennessee and a third at the Hanaford Engineer Works in the State of Washington.

These plants were amazing phenomena in themselves. They grew into large, self-sustaining cities, employing thousands upon thousands of workers. Yet, so close was the secrecy that not only were the citizens of the area kept in darkness about the nature of the project, but the workers themselves had only the sketchiest ideas- if any- as to what they were doing. This was accomplished Mr. Stimson said, by "compartmentalizing" the work so "that no one has been given more information than was absolutely necessary to his particular job."

The Tennessee reservation consists of 59,000 acres, eighteen miles west of Knoxville, it is known as Oak Ridge and has become a modern small city of 78,000, fifth largest in Tennessee.

In the State of Washington the Government has 430,000 acres in an isolated area, fifteen miles northwest of Pasco. The settlement there, which now has a population of 17,000, consisting of plant operators and their immediate families, is known as Richmond.

A special laboratory also has been set up near Santa Fe, N. M., under direction of Dr. J. Robert Oppenheimer of the University of California, Dr. Oppenheimer also supervised the first test of the atomic bomb on July 16, 1945. This took place in a remote section of the New Mexico desert lands, with a group of eminent scientists gathered, frankly fearful to witness the results of the invention, which might turn out to be either the salvation or the Frankenstein's monster of the world.

Mr. Stimson also gave full credit to the many industrial corporations and educational institutions which worked witht he War Department in bringing this titanic undertaking to fruition.

In August, 1943, a combined policy committee was appointed, consisting of Secretary Stimson, Drs. Bush and Conant for the United States; the late Field Marshall Sir John Dill (now replaced by Field Marshal Sir Henry Maitland Wilson) and Col. J. J. Llewellin (since replaced by Sir Ronald Campbell), for the United Kingdom, and C. D. Howe for Canada.

"Atomic fission holds great promise for sweeping developements by which our civilization may be enriched when peace comes, but the overriding necessities of war have precluded the full exploration of peacetime applications of this new knowledge," Mr. Stimson said. "However, it appears inevitable that many useful contributions to the well-being of mankind will ultimately flow from these discoveries when the world situation makes it posssible for science and industry to concentrate on these aspects."

Although warning that many economic factors willhave to be considered "before we can say to wha t extent atomic energy will supplement coal; oil and water as fundamental sources of power," Mr. Stimson acknowledged that "we are at the threshold of a new industrial art which will take many years and much expenditures of money to develop."

The Secretary of War disclosed that he had appointed an interim committee to study post-war control and development of atomic energy. Mr. Stimson is serving as chairman, and other members include James F. Byrnes, Secretary of State; Ralph A. Bard, former Under-Secretary of the Navy; William L. Clayton, Assistant Secreatry of State; Dr. Bush, Dr. Conant, Dr. Carl T. Compton, chief of the Office of Field Service in OSRD and president of Massachusetts Institute of Technology, and George L. Harrison, special consultant to the Secretary of War and president of the New York Life Insurance Company. Mr. Harrison is alternate chairman of the committee.

The committee also has the assistance of an advisory group of some of the country's leading physicists including Dr. Oppenheimer, Dr. E. O. Lawrence, Dr. A. H. Compton and Dr. Enrico Fermi.

The War Department gave this supplementary background on the development of the atomic bomb.

"The series of discoveries which led to developemnt of the atomic bomb started at the turn of the century when radioactivity became known to science. Prior to 1939 the scientific work in this field was world-wide, but more particularly so in the United States, the United Kingdom, Germany, France, Italy and Denmark. One of Denmark's great scientists, Dr. Neils Bohr, a Nobel Prize winner, was whisked from the grasp of the Nazis in his occupied homeland and later assisted in developing the atomic bomb.

"It is known that Germany worked desperately to solve the problem of controlling atomic energy."

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Amores e odios na Defesa: uma aposta na continuidade...

O comentarista abaixo parece ter certeza de que o novo ministro da Defesa não fica mais do que doze meses. Eu apostaria na tese da continuidade, mas talvez ele esteja mais bem informado do que eu. Eu me oriento apenas pela minha percepção das coisas, que é eminentemente subjetiva...
Paulo Roberto de Almeida

Amorim volta ao governo como ministro da Defesa
InfoRel, 06/08/2011 - 12h12

O ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, retornou ao governo sete meses depois de deixá-lo. Agora como ministro da Defesa, ele terá muito trabalho para ganhar a confiança do meio militar.

Com a demissão prá lá de anunciada do ministro Nelson Jobim, a presidente Dilma Rousseff surpreendeu ao chamar o ex-chanceler.

Celso Amorim já foi considerado o melhor diplomata do mundo, mas nos quartéis é odiado.

Ele deverá assumir o cargo na próxima semana.

Seu nome foi “sugerido” pelo ex-presidente Lula.

Cotado para o cargo e com apoio dos militares, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) foi ignorado pela presidente. Sua atuação durante a votação do Código Florestal pesou.

Na época, o deputado foi acusado de unir-se ao PSDB e ao DEM para aprovar seu relatório.

Celso Amorim chega ao ministério da Defesa com várias obras inacabadas como a licitação para a compra de caças para a FAB, a elaboração do Livro Branco da Defesa e a criação da Comissão da Verdade.

Além disso, terá pela frente o desafio de evitar mais cortes no orçamento militar.

No início do ano, a presidente anunciou que R$ 4,4 bilhões seriam cortados o que obrigou as Forças Armadas a readequarem seus gastos e prioridades.

Agora, Exército, Marinha e Aeronáutica, podem perder mais 50% do que sobrou. Caso isso se confirme, todos os projetos em curso sofrerão adiamentos e muitos terão de ser paralisados por completo.

Análise da Notícia
Marcelo Rech

Quando a presidente Dilma Rousseff assumiu em janeiro, já sabia que seu ministério passaria por uma reforma em no máximo dois anos.

Diferentemente de seu antecessor, ela viu caírem três ministros em sete meses (sem contar a quantidade de assessores de segundo e terceiro escalões colocados no olho da rua).

Ainda assim, uma reforma ministerial deverá ser realizada em abril de 2012 (é ano eleitoral e muita gente vai aproveitar para se mandar antes de serem demitidos).

Celso Amorim que não servia para continuar no Itamaraty chega para um mandato tampão.

Não deve ficar 12 meses no cargo.

Os militares não o toleram. Não gostam dele e não compactuam com seus gostos ideológicos.

Se não se mancar, saem com ele.

Foi uma péssima escolha da presidente.

Para piorar, Celso Amorim ainda fará sombra ao seu ex-Secretário-Geral, Antonio Patriota.

No cargo de ministro, Patriota tem conduzido vários assuntos de forma muito diferente da de seu antecessor.

Dilma ainda não conseguiu musculatura suficiente para imprimir sua marca ao seu governo.

Lula manda e desmanda e dissimulado, não assume.

O próprio ex-presidente não acredita na capacidade de sua pupila. Para Lula, apenas ele é capaz de governar.

"É permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte"
Fonte: www.inforel.org

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Tiririca: uma certa e outra errada, mas esta' tudo errado, claro

Primeiro a transcrição das declarações [inventadas] do preclaro personagem e nobre deputado:

Tiririca diz que corrupção no governo pior do que tá não fica
G17, 6/08.2011

Tiririca tentou levantar o ânimo dos brasileiros garantindo que a corrupção chegou ao limite

O Deputado Federal Tiririca resolveu levantar o ânimo dos brasileiros que andam descontentes e desacreditados com o país, por causa dos escândalos no governo, que surgem de hora em hora.

“A corrupção no governo brasileiro pior do que tá não fica”, disse Tiririca querendo animar a população sofrida.

O palhaço, que também é deputado – ou o contrário, visto que deputado também é palhaço – disse que não há razões para desacreditarem no Brasil, porque os índices de escândalos que surgem a todo instante não podem aumentar, pois já atingiram todos os limites.

Ao ser interrogado pelo repórter de G1 sobre a razão de haver tantos palhaços no poder, Tiririca rebateu: “Palhaços são vocês abestados que votam na gente”.


Lamento discordar do nobre deputado, mas vou ser pessimista quanto à primeira afirmação. Não só a corrupção deve ficar maior do que já está -- o Brasil desmente a Lei de Murphy todos os dias -- como ela já é muito pior, mas muuuuuiiiiito pior, do que vocês podem imaginar.
Quem é ingênuo para acreditar que ela se resume nesses poucos casos delatados pela imprensa? Quem acha que ela pode diminuir? Ela é, provavelmente, dez vezes maior, senão mais, do que o detectado até agora, e jamais será possível medir toda a sua extensão. E posso apostar que as pessoas -- os corruptos, quero dizer -- estão aperfeiçoando novos métodos para continuar roubando sem essas desagradáveis surpresas do TCU, da imprensa, de bisbilhoteiros...

Quanto à segunda afirmação, concordo inteiramente com ele.
Ele não é idiota ao se apresentar como deputado, nem o partideco vagabundo que o colocou na cabeça de lista.
Idiotas são os mais de UM MILHÃO de paulistas que o elegeram deputado: esses sim são perfeitos idiotas, ainda que muitos pretendessem apenas protestar contra um sistema parlamentar falido, que elege justamente bandidos e corruptos. Pois elegeram um idiota completo, que vai passar quatro anos rindo dos mais idiotas que o elegeram...
Paulo Roberto de Almeida

PS.: Agradeço ao Stefano ter me alertado para a falsidade da notícia [como sempre leio muita coisa, rapidamente, sou suscetível de cair em pegadinhas também, sobretudo porque recebo muita coisa em minha caixa). Mas se a matéria é falsa, a realidade não é, pois ela é perfeitamente plausível e possível, imaginável e até perfeitamente cabível, neste mesmo momento em que estamos lendo e "falando": alguém está roubando o Estado, isto é, todos nós, de alguma maneira. em algum lugar. E mantenho o que disse sobre os eleitores do idiota acima...

Brasil-Bolivia: onde estao os antigos amores? E o respeito a soberania?

Surpreendente a nota abaixo, cujo teor e linguagem só podem ser explicados por algum jornalista mal versado em práticas e linguagem diplomáticas.
Como assim "O Brasil exige que a Bolívia..."?
E o respeito a soberania do vizinho? O Brasil quer aplicar seus critérios e regras ambientais e sociais a outros países?
O Brasil cansou de ser amiguinho e resolveu partir para a maneira forte?
Quem te viu...
Paulo Roberto de Almeida

Brasil congela créditos para a Bolívia
InfoRel, 06/08/2011 - 11h54

O governo brasileiro decidiu congelar a liberação de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para a construção do segundo trecho da rodovia que atravessa o Parque Nacional Isiboro Secure que é uma reserva indígena.

De acordo com o embaixador brasileiro em La Paz, Marcel Biato, a decisão vale até que o governo boliviano encontre uma solução para os conflitos locais.

Biato explicou que o dinheiro será liberado depois que forem concluídos os estudos de impacto ambiental e feita uma análise ampla da cooperação que passa por decisão técnica e política.

O Brasil exige que a Bolívia respeite os direitos das minorias que serão atingidas pela obra por meio de compensações e alternativas àqueles que serão removidos da área.

Marcel Biato aposta numa saída “inteligente, racional e politicamente coerente”.

Ele afirmou ainda que o Brasil não tem interesse nesta obra específica uma vez que o país conta com várias rotas alternativas de saída para o Pacífico.

A ministra boliviana de Planejamento do Desenvolvimento, Viviana Caro, confirmou que a construção do trecho II da rodovia Villa Tunari – San Ignacio está condicionada pelo Brasil à solução das tensões com os habitantes da região.

Nas próximas semanas, a Confederação dos Povos Indígenas da Bolívia promove uma marcha contra as obras do trecho II que passará pelas terras indígenas.

Soldados e diplomatas: unidos pelo Conselho de Seguranca

Então fica assim: o que não se conseguiu em oito anos de gestão direta, poderá ser obtido em quatro anos de gestão coadjuvante, ou indireta.

Patriota diz que Amorim ajudará Brasil a obter vaga no Conselho da ONU
Jornal do Brasil, 6/08/2011

O novo ministro da Defesa, Celso Amorim, contribuirá para fortalecer o papel internacional do Brasil, ajudando-o na sua tentativa de conquistar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

A avaliação foi feita nesta sexta-feira, no Rio, pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Amorim, assinalou Patriota, tem grandes experiência em temas como desarmamento e não proliferação de armas nucleares, além de ter comandado o Itamaraty durante o governo Lula.

De acordo com Patriota, Amorim levará para o Ministério da Defesa "uma extraordinária experiência em temas que terão relevância na gestão da pasta, como, por exemplo, a atuação bem-sucedida do Brasil como Força de Paz no Haiti". "Ele também é um profissional extremamente comprometido com a integração sul-americana", destacou Patriota, que presidiu a solenidade em homenagem ao centenário de nascimento do político, jornalista e diplomata San Tiago Dantas, na Academia Brasileira de Letras (ABL).

Patriota ressaltou ainda o papel do Brasil no processo de construção da paz e de cooperação entre as nações. "Estamos no Conselho de Segurança da ONU como membro não permanente e temos contribuído para estabelecer pontes entre diferentes posições. Tenho certeza que, à frente do Ministério da Defesa, ele (Amorim) ajudará a fortalecer o papel internacional do Brasil".

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Declinistas e socialistas em delirio: aguardam ansiosos a queda do imperio...

A memória é curta, ou a vontade tem pressa: os tradicionais inimigos do capitalismo ficam com água na boca, salivando como aqueles animais predadores quando vêm sua presa indefesa parada, ali na frente, esperando o bote final.
Muitos deles se preparam para assistir, de camarote, se ouso dizer, ao declínio e derrocada do império (só existe um, por enquanto, aguardando a entrada em cena de um outro), e já prevêm um mundo mais próximo de seus ideias, que seria, claro, um planeta menos neoliebral, mais dirigista, mais estatizado, enfim, menos capitalista.

Um conhecido site dos antiglobalizadores já preparou um dossiê especial sobre:

Império em Declínio - a crise sistêmica do neoliberalismo

que junta escritos dos mais conhecidos antiglobalizadores, declinistas, catastrofistas e anticapitalistas (alguns até marxistas, outros simplesmente estatizantes), todos eles prevendo a aurora do mundo novo, um menos dominado pelo império em declínio e mais marcado pela preeminência das políticas públicas, da regulação estatal, dos controles dos mercados, das limitações aos fluxos de capital, de limites ao laissez-feire econômico e à liberalização comercial.
enfim, um mundo menos livre e mais controlado, mais dirigista, mais planejado.
Qualquer que seja o formato desse "novo mundo possível" (ou impossível, em minha opinião), o que realmente conta, para os promotores desse cenário ideal é que o capital tenha menos prevalência, nas políticas públicas, do que o trabalho, ou do que as pessoas, dizem eles. Entre o lucro egoísta do capitalismo e os direitos humanos, eles ficam com estes, e acham que assim o mundo será melhor, mais justo, menos desigual, e que com o capital controlado, o desenvolvimento se fará de modo mais equânime, mais humano, enfim.

Não preciso nem dizer quem são os promotores desse novo mundo impossível, pois eles vão pipocar nas telas de todos os estudantes universitários de nossas faculdades tão anticapitalistas como são normalmente (agora até um pouco mais).
Muitos desses argumentos capciosos eu rebati em um livro que deve estar chegando proximamente às livrarias:
Paulo Roberto de Almeida:
Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização
(Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2011, xx+272 p.; Inclui bibliografia; ISBN: 978-85-375-0875-6).

Sinto decepcionar os muito ansiosos, mas o capitalismo vai continuar incomodando esses espíritos inquietos durante certo tempo mais, talvez mais uns cem ou cento e cinquenta anos. Sorry antiglobalizadores...
Paulo Roberto de Almeida