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sábado, 14 de janeiro de 2012

Ditadores sao politicos, tremendamente politicos - Bruce Bueno de Mesquita (Veja)


Aprenda a ser um ditador
Veja, 14/01/2012
Para os cientistas políticos americanos Bruce Bueno de Mesquita e Alastair Smith, a política "nada mais é do que um jogo praticado pelos governantes". No livro que acabam de lançar, The Dictator's Handbook (O Manual do Ditador), eles afirmam que o interesse pessoal, e não o bem comum, é o motor principal das ações de um governante. E que o papel das ideologias é muito menos relevante do que se costuma pensar. Confira a entrevista de Mesquita ao site de VEJA.

Política

Cientista político americano cria manual para ditadores

Autor de 'The Dictator's Handbook', Bruce Bueno de Mesquita diz que o interesse pessoal, e não o bem comum, é o que move um governante

Carlos Graieb
Bruce Bueno de Mesquita, cientista político, professor da Universidade de Nova York
Bruce Bueno de Mesquita, cientista político, professor da Universidade de Nova York (Leigh Bureau/Divulgação)
Xadrez, dizia o humorista Millôr Fernandes, nada mais é do que "um jogo chinês que ensina a jogar xadrez". Da mesma forma, para os cientistas políticos americanos Bruce Bueno de Mesquita e Alastair Smith a política "nada mais é do que um jogo praticado pelos governantes". Há 20 anos, os dois vêm usando as ferramentas da estatística, do cálculo e da teoria dos jogos para registrar os padrões de comportamento e - em uma palavra - as regras que comandam a conquista e o exercício do poder. Autores de alguns tijolões acadêmicos, eles acabam de publicar um volume dirigido aos leigos para expor os seus achados. O título é provocador: The Dictator's  Handbook (O Manual do Ditador). Segundo o livro, quem deseja entender - ou mesmo prever - as ações de um dirigente em qualquer tipo de organização, inclusive as empresas, deve ter em mente uns poucos fatos. Primeiro, que o interesse pessoal, e não o bem comum, é mesmo o motor principal das ações de um governante, e deixar de levar isso em conta conduz a conclusões equivocadas. Em segundo lugar, que o papel das ideologias é muito menos relevante do que se costuma pensar, ao passo que fatos em geral pouco realçados pelos analistas - o tamanho do eleitorado que permite a um líder chegar ao poder, e o tamanho da coalizão que lhe permite exercê-lo - são na verdade a chave para desvendar quase todos os segredos da política. "Não é errado dizer que nossa abordagem resulta num retrato cínico, ou seja, sem ilusões, da realidade", diz Bueno de Mesquita. "Mas testamos nossas hipóteses há muito tempo, e acreditamos ter formulado o núcleo de uma teoria geral da política." Leia a seguir trechos da entrevista que o professor da Universidade de Nova York concedeu ao site de VEJA.
 
Como alguém pode tornar-se um ditador? Em primeiro lugar, ninguém, nem mesmo os maiores tiranos, tem poder absoluto, a ponto de não depender de um certo número de apoiadores. O tamanho desse grupo, que chamamos no livro de coalizão vencedora, é o principal fator que distingue os regimes fechados dos regimes abertos. Se o grupo de pessoas de quem você depende para se manter no poder for pequeno, então lhe será possível - e na verdade bem mais eficaz - governar oferecendo recompensas somente a quem interessa, praticando e aceitando a corrupção. Quanto maior for esse grupo, mais difícil será "comprar" todos os que podem influir no seu futuro político, e então começa a fazer sentido para você investir em políticas públicas. Essa é a verdade fundamental - mas há uma poucas regras complementares que os aspirantes a ditador precisam ter em mente. (Consulte a lista abaixo para conhecer os cinco mandamentos do Manual dos Ditadores)
 
Onde as pessoas mais erram ao pensar sobre política? Ao escolher um governante por causa de suas belas palavras, de suas "qualidades" pessoais, de suas idiossincrasias.
Quem entra no jogo da política está preocupado, antes de mais nada, com sua própria sobrevivência e com seu próprio bem estar, mais do que com o bem estar das pessoas a quem representa. Por isso o mais importante são as instituições. Quando as instituições determinam que o governante precisa do apoio de muitos não só para chegar, mas também para manter-se no poder, então aumentam as chances de que políticas que beneficiam a todos sejam implementadas. Os regimes democráticos também têm as suas falhas. Quanto mais democrático um país, mais imediatistas serão os seus líderes, pois o “longo prazo” é apenas a próxima eleição. Mas isso não elimina o fato básico de que, nas democracias, é do interesse do líder escolher o que também é melhor para as pessoas. É o empuxo das instituições que nos permite ser otimistas em política, e não a bondade dos candidatos a um cargo público.
 
Esse não é um modo um tanto cínico de olhar a "natureza humana"? Ah, com certeza. Mas veja que eu ainda pude falar em otimismo. E o fato de os pressupostos da teoria serem "cínicos" não a torna menos verdadeira. Já usamos ferramentas analíticas há 20 anos para provar que ela faz sentido. Usando cálculo e estatística testamos quase todas as partes da teoria em inúmeros países, no mínimo com dados dos últimos vinte anos, e sempre que possível retrocedendo a vários séculos. Nós aplicamos nossas idéias a Roma, à Grécia, aos povos da Bíblia - e as coisas se encaixam. Usamos cálculo para identificar quais são os níveis ótimos de cobrança de impostos, oferta de bens públicos como educação e saúde, tolerância à corrupção e clientelismo, e assim por diante, levando em conta nossos fatores básicos, como o tamanho do eleitorado e da coalizão vencedora. 
 
O Brasil discute atualmente a mudança em seu sistema de votação. Qual a influência dos sistemas de voto na vida de um país? Grande. O voto proporcional, por exemplo, leva à existência de muitos partidos, o que pode dar poder desproporcional a legendas pequenas, das quais pode depender a formação de uma maioria. Vemos isso o tempo todo em Israel, onde partidos religiosos nanicos obrigam quem quer que esteja no poder a levar em conta suas demandas. Por isso é tão difícil, por exemplo,  barrar os assentamentos em territórios ocupados e fazer avanços significativos na direção da paz com os Palestinos. O voto distrital tem efeitos inversos. A longo prazo, costuma levar a um sistema bipartidário. Por isso é, sim, importante, discutir sistemas de votação - embora nenhum deles seja imune a defeitos e manipulações. Gosto de citar o caso da Tanzânia, um país que realiza eleições livres, regulares e limpas - que sempre têm o mesmo partido, o CCM, como vencedor. Isso acontece porque a Tanzânia tem 17 partidos políticos, todos alimentados com recursos públicos. Nesse cenário de fragmentação, o CCM consegue vencer com uma proporção relativamente baixa de votos - e ainda pode direcionar dinheiro para os partidos que resolvam fazer parte da sua coalizão. Creio que algo parecido está prestes a acontecer no Egito. A Irmandade Muçulmana, cuja representatividade é de aproximadamente 20% da população, parece ter descoberto o segredo dos sistemas eleitorais – ou seja, que há fórmulas de votação que lhe permitirão tomar conta do poder sem que para isso tenham de recorrer aos mecanismos clássicos de uma ditadura.
 
O ano de 2011 foi ruim para muitos ditadores. Por que Kadafi, por exemplo, caiu? Por que, nos nossos termos "cínicos",  foi ingênuo e cometeu erros. Em 2005 a Freedom House, uma organização que monitora as liberdades civis no mundo, pôs a Líbia no fim do seu ranking de liberdade de imprensa entre os países da mesma região. Em 2010, a situação havia se invertido: só o Egito tinha uma imprensa mais livre na vizinhança. Isso permitiu que as pessoas se organizassem. Em segundo lugar, os líbios têm, em média, dois anos mais de escolaridade do que seus vizinhos. Kadafi educou sua população mais do que seria prudente para os seus próprios interesses. Em terceiro lugar, ele tentou mudar sua imagem nos últimos seis ou sete anos, reduzindo o nível de opressão política. Ele permitiu que as pessoas se organizassem e reduziu o custo de se opor ao governo. São erros graves! E deu no que deu.
 
Bashir al Assad, da Síria, conseguirá se manter no poder? Dificilmente. O seu problema é clássico. Como tantos ditadores, ele depauperou a economia do país e agora está sem dinheiro para comprar a lealdade do exército. Ele ganhou tempo porque recebeu recursos do Irã, do Iraque e da Venezuela. Foram cinco bilhões de dólares dos dois primeiros países, além de promessas de comércio ampliado em 2012, e investimentos venezuelanos numa refinaria de petróleo. Essa injeção de dinheiro permitiu que Assad continuasse a pagar os militares e lhe deu alento num cenário de rebelião. O problema é que Irã, Iraque e Venezuela têm sérias crises internas e dificilmente vão manter a ajuda a Assad. Se o fluxo de dinheiro cessar, as defecções no regime, que já vêm acontecendo, vão ganhar impulso. Assad está encalacrado. Se tentar fazer reformas profundas para aplacar as ruas, seu apoiadores diretos vão querer matá-lo – pois o dinheiro sairá do bolso deles. Assim, o mais provável é que ele esteja engordando uma conta secreta na Suíça e estudando a sua melhor rota de fuga.
 
O que a sucessão na Coreia do Norte ensina sobre as ditaduras? Assim como os reis descobriram no passado as virtudes – para si próprios – dos sistemas dinásticos, os ditadores descobriram a lógica da hereditariedade. A chave para a sobrevivência de um regime ditatorial num momento de transição é, literalmente, a chave do cofre. O sucessor precisa saber onde está o dinheiro para comprar sustentação ao seu mando (entre os militares em primeiro lugar). A transição hereditária reduz muito esse problema. Não há dúvida de que Kim Jong Il informou Kim Jong Un sobre onde estava o dinheiro – ou seja, deu-lhe de mão beijada a ferramenta indispensável para manter a lealdade de uma coalizão que, de outra forma, poderia querer derrubá-lo. O mesmo ocorreu na Síria. A lição é que “ditaduras dinásticas” são uma das maneiras mais eficientes de perpetuar um regime.
 
Há quem elogie ditaduras como a de Fidel Castro por suas políticas de saúde ou educação. Isso faz algum sentido? Não, isso não faz sentido. Quanto mais longa uma ditadura, maior será a erosão dos indicadores sociais. Sim, é verdade que Cuba tem hoje em dia taxas baixas de mortalidade infantil. O "problema" é que em números absolutos  as taxas de mortalidade melhoraram em quase todos os países do mundo nas últimas décadas, dados os avanços na área da medicina. E quando você vai consultar as estatísticas, percebe que antes de Castro a situação relativa de Cuba era muito melhor - o país estava à frente da França e da Bélgica nesse quesito – e hoje está muito atrás. Falemos agora de educação. A taxa de alfabetização de Cuba, como a da Coreia do Norte, está próxima de 100%. Mas por que um ditador não quereria uma população  alfabetizada? As pessoas precisam saber ler instruções. Quando falamos de política educacional, o que precisa ser observado são os dados do ensino médio e superior. Há vários rankings de universidades internacionais. Se você os analisar, verá que Cuba não consta deles. Na verdade, os únicos países não-democráticos que têm universidades entre as melhores 200 do mundo são China e Singapura. E são pouquíssimas universidades chinesas – se não me engano, só 3. A Rússia, com toda a sua notável tradição cultural, não tem nenhuma universidade nesses rankings. Essa foi a herança do regime soviético. Por que o que os ditadores não querem são pessoas capazes de produzir conhecimento independentemente. Existe essa mitologia sobre o regime de Castro. Mas pesquise os dados reais e você verá que, comparativamente, a população estava melhor antes dele. Isso não é ideologia, não é propaganda. São estatísticas da ONU.
 
Para que serve o jargão da esquerda e da direita, das ideologias? Para as pessoas se orientarem na leitura dos jornais, mas não para explicar a realidade. Veja a campanha presidencial americana. Os republicanos falam de mercado livre e governo limitado, democratas falam de seguridade social e mais impostos, e assim por diante. Olho para essa conversa e penso: os republicanos querem cortar benefícios daqueles que, inconvenientemente, votam nos democratas, e vice-versa. Um político quer tirar recompensas de quem se opõe a ele, e dá-las a quem o apoia. Não precisamos de ideologia para explicar esse comportamento.
 
Dos pensadores clássicos da política, quais, a seu ver, se aproximaram mais da verdade? Maquiavel e James Maddison. Hobbes, Montesquieu, Rousseau, Platão, Aristóteles - todos tiveram intuições geniais, mas ficaram longe de formular uma teoria geral da política, que é o que nós pretendemos oferecer. Repito: não estou diminuindo a genialidade desses pensadores, não julgo que sou mais inteligente que eles. Mas temos muito mais informação do que eles tinham, e ferramentas analíticas muito mais poderosas. Ora, Maquiavel não podia usar cálculo... É curioso como as pessoas se ofendem com isso. Na Física, não há problema em dizer que Newton, apesar de seu gênio, só foi capaz de avançar até certo ponto. As pessoas estão prontas a admitir que o uso de ferramentas matemáticas que vieram depois faz a diferença. Mas quando se estuda política dizer essas coisas ainda soa como heresia.

Um guia para os tiranos

Cinco regras básicas da manutenção do poder segundo os cientistas políticos Bruce Bueno de Mesquita e Alastair Smith

1. Tenha um núcleo de poder tão pequeno quanto possível

Quanto menos pessoas forem essenciais ao funcionamento do regime, mais você terá controle e maior será sua liberdade para usar os recursos de que dispõe.
Figura exemplar: Kim Jong-Il, que dependia de não mais que duzentos ou trezentos apoiadores diretos – tanto assim que recebeu o seu posto do pai e conseguiu transmiti-lo ao filho.

2. Dê ao máximo de pessoas possível o direito formal de ascender ao núcleo de poder

Se houver sempre um grande número de postulantes aos cargos mais elevados, as figuras essenciais do regime saberão que podem ser substituídas e tenderão a ser mais leais.
Figura exemplar: Vladimir Lênin, que substituiu o velho e fraudulento sistema eleitoral da Rússia pelo sistema de sufrágio universal. Ele compreendeu as vantagens de ter um vasto contingente de apoiadores "intercambiáveis".

3. Controle o fluxo de dinheiro


É melhor definir quem come do que ter uma mesa farta da qual todos se servem. O sistema mais eficaz para um ditador é aquele em que muitos são pobres e no qual ele pode redistribuir dinheiro discricionariamente, comprando assim apoiadores.
Figura exemplar: O presidente paquistanês Asif Ali Zardari. Embora a  renda per capita do país que ele governa esteja entre as menores do mundo, sua riqueza estimada é de 4 bilhões de dólares.

4. Pague aos seus principais apoiadores apenas o suficiente para mantê-los leais

Lembre-se de que seus asseclas prefeririam ser você, em vez de depender dos seus humores. Sua grande vantagem é ter a chave do cofre. Dê aos membros da sua coalizão o dinheiro necessário para que eles não se sintam tentados a procurar um substituto. E nem um centavo a mais.
Figura exemplar: Robert Mugabe, do Zimbábue. Ele enfrentou diversas ameaças de golpe de estado, mas nunca deixou de pagar o Exército, mantendo o seu controle a qualquer custo.

5. Não melhore a vida da população às custas da riqueza de seus apoiadores mais próximos

Esta regra é um contraponto à anterior. Não diminua a fatia do bolo entregue a sua coalizão para satisfazer as massas. Gente esfomeada não terá energia para derrubá-lo. Mas traidores no seu entorno imediato podem destruí-lo.
Figura exemplar: O general Than Shwe, de Mianmar. Quando o ciclone Nargis devastou seu país, em 2008, ele entregou os alimentos e remédios da ajuda humanitária ao seu grupo militar, que instituiu um mercado negro. Sem acesso direto àqueles gêneros, ao menos 140.000 pessoas morreram na esteira do desastre. Há quem fale em 500.000 mortes.

Los Hermanos desintegran Mercosur, pero ya estaba desintegradose...

E tudo isso com a ajuda do governo brasileiro, que desde o início foi leniente, complacente, passivo, submisso, compreensivo, bobalhão, irracional e antinacional, ao permitir, até ajudar as estrepolias argentinas no Mercosul.
Desde o início, alegando "ajuda aos hermanos", que supostamente estavam se "desindustrializando", e um pouco por um totalmente equivocado complexo de culpa por ser maior, mais competitivo e mais produtivo (algo fizemos, de certo, para termos mais vantagens no comércio bilateral), o governo brasileiro permitiu que os argentinos montassem barreiras, na conversa mole de que era temporário, era necessário ajudar sua reconstrução depois da crise, enfim, um monte de razões -- todas elas equivocadas -- foram aventadas para deixar os vizinhos tripudiarem sobre as regras do Mercosul.
Não dá para reclamar agora que eles estão exagerando.
Bando de idiotas, dos dois lados, estão destruindo o Mercosul.
As alegações argentinas a respeito do saldo superavitário brasileiro são sumamente estúpidas. Não existe em comércio internacional equilíbrio perfeito das correntes de comércio no plano estritamente bilateral. Um país que só exportasse bananas, deveria exigir comércio equilibrado com todos e cada um dos parceiros comerciais, independentemente da composição específica das trocas a dois?
Os argentinos estão delirando, e os brasileiros até ajudaram a construção da doença...
Paulo Roberto de Almeida

Brasil prepara reação às novas barreiras adotadas pela Argentina
Por Sergio Leo | De Brasília
 Valor Econômico, 13/01/2012

O governo brasileiro prepara uma resposta "dura" à Argentina, caso o governo do país prejudique exportações brasileiras com a recém-divulgada resolução da Administração Federal de Ingressos Públicos, que obriga os importadores naquele país a apresentarem declaração formal antecipada com a programação de compras de bens de consumo no exterior.
A medida, segundo nota do Ministério do Desenvolvimento, foi recebida com "preocupação". Uma autoridade próxima à presidente Dilma Rousseff disse ao Valor que o governo não está disposto a tolerar, como no ano passado, barreiras injustificadas aos produtos brasileiros. Segundo o auxiliar de Dilma, o período eleitoral argentino, durante 2011, fez com que Dilma, para evitar "politização" do tema, determinasse flexibilidade no trato com o governo vizinho.
A Argentina tem atrasado - às vezes por mais de 60 dias - a liberação de licenças de importação para bens de consumo como automóveis, partes e peças, máquinas agrícolas, calçados e alimentos. Com o novo mandato de Cristina Kirchner, havia expectativa (frustrada) em Brasília, de que a Argentina afrouxaria os controles. Os sinais emitidos de Buenos Aires foram, ao contrário, de endurecimento no controle da importação.
No fim de 2011, a retenção de produtos como calçados levou o governo brasileiro a uma queda de braço com o governo argentino: segundo um empresário que acompanhou a disputa, a resposta brasileira, sem alarde, foi reter nos portos as remessas de carros argentinos, que só começaram a ser liberados quando os estoques barrados começaram a lotar os pátios. A tendência de Dilma, segundo uma autoridade, é responder com medidas semelhantes às barreiras argentinas, como fez no ano passado, quando pôs automóveis, partes e peças no regime de licença não automática.
Na reunião do Mercosul, em dezembro, em Montevidéu, Cristina fez duras críticas ao Brasil e às "vantagens" que o país tem desfrutado no comércio bilateral, no qual passa de US$ 8 bilhões o superávit em favor dos brasileiros. A Argentina tem sustentado o superávit comercial brasileiro, disse a presidente recém-reeleita. Dilma, conciliadora, mostrou interesse em criar melhores condições para equilibrar o comércio. Mas, diz uma autoridade brasileira, não haverá mais a "paciência" demonstrada durante a campanha eleitoral no país vizinho.
O Itamaraty deve adotar publicamente uma posição conciliadora. O governo aposta em reuniões previstas entre os dois países, provavelmente em fevereiro, como a oportunidade para eliminar atritos. Uma reunião deve discutir a "complementação das cadeias produtivas", um projeto antigo de associar empresas dos dois países em processos conjuntos de produção. Outra reunião tratará das questões bilaterais, como a retenção de produtos nas alfândegas. A resolução argentina desta semana, aumentando o controle discricionário das importações com a exigência de uma "Declaração Jurada Antecipada de Importação" antecipou as discussões, porém.
Na quarta-feira, à tarde, houve troca de telefonemas entre a secretaria de Comércio Exterior do Brasil e a Secretaria de Comércio argentina, na qual o governo brasileiro disse esperar que as novas ações não afetem ainda mais a entrada de produtos no país vizinho. O resultado da conversa não foi suficiente, porém, para amenizar a "preocupação" no Ministério do Desenvolvimento, que editou nota prevendo "gestões sobre o tema, para evitar eventuais efeitos negativos para o fluxo comercial."
A secretária de Comércio Exterior da Argentina, Beatriz Paglieri, que há dias recebeu produtores de calçados argentinos, a quem prometeu pressionar para reduzir a cota de venda de calçados brasileiros ao país, disse que a medida desta semana se destina apenas a dar "maior transparência" e previsibilidade ao comércio exterior. Ela é vista como subordinada ao secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, mentor dos artifícios usados pelo país vizinho para barrar importações. Moreno e Paglieri já disseram a empresários locais que querem obter um superávit comercial total de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões em 2012.

Empresários da região reivindicam regra diferenciada
Por Cesar Felício | De Buenos Aires
Cristina Kirchner: resolução foi adotada pelo governo argentino para combater a deterioração das contas públicas

Dirigentes empresariais de todos os parceiros da Argentina no Mercosul, Chile e Bolívia, articulam reunião em Buenos Aires para tentar negociar um regime diferenciado para as importações de seus produtos pelos países do bloco, caso o governo da presidente Cristina Kirchner não reveja a resolução da Afip, a Receita argentina, que exige do importador uma declaração jurada sobre quanto pretende importar.
"Já se publicam notícias de que os importadores começam a ter problemas de crédito em função das barreiras que a medida poderá causar", disse o presidente da Câmara Argentina Brasil (Cambras), Jorge Aparicio. Ao longo da próxima semana, Aparicio deverá ser recebido pela secretária de Comércio Exterior, Beatriz Paglieri.
Na prática, a iniciativa do governo argentino cria a necessidade de se obter uma concordância oficial para cada declaração jurada que se apresente. Como não se estabelece prazo para o trâmite do processo, há o temor de um colapso generalizado nas importações do país quando a resolução entrar em vigor, em 1º de fevereiro. O processo é semelhante ao que afetou pessoas físicas no fim de outubro do ano passado, quando foi criada uma autorização para todas as operações cambiais.
A medida é válida para todas as importações destinadas ao consumo. Especialistas divergem se isso envolve as compras externas de bens de capital ou apenas bens acabados. "Em termos concretos, a medida equivale a estender o regime de licenças não automáticas para todas as compras feitas pela Argentina", opinou o especialista em comércio exterior Mauricio Claveri, da consultoria Abeceb.
Para Claveri, a medida só não irá valer para as importações destinadas à fabricação de produtos que serão reexportados, como é o caso principalmente do setor automotivo, o principal segmento na balança comercial entre Brasil e Argentina. No ano passado, as licenças não automáticas corresponderam a 14% dos US$ 71 bilhões gastos em importações, um terço das quais provenientes do Brasil.
A resolução não partiu de nenhuma demanda da indústria argentina, mas das medidas de ajuste que o governo passou a adotar com a deterioração das contas públicas. "Não se trata propriamente de uma medida protecionista, porque não há setor algum da economia sendo protegido. O enfoque é fiscal", afirmou o assessor jurídico do grupo Brasil, que reúne empresas brasileiras instaladas na Argentina, Hector Rossi Camilión. Em entrevista publicada ontem no jornal "Tiempo Argentino", a secretária de Comércio Exterior confirmou que o objetivo da medida é controlar caso a caso as importações, para atingir a meta de superávit comercial de US$ 10 bilhões em 2012.
No ano passado, o superávit comercial foi de US$ 11 bilhões, graças aos altos preços da principal commodity argentina, a soja, e à economia aquecida do Brasil, o maior parceiro comercial. As importações continuariam fluindo, de acordo com a secretária, para os casos em que se comprove a necessidade de se trazer insumos do exterior ou de bens acabados que não tenham similar argentino. A secretária afirmou ainda que os sindicatos seriam ouvidos sobre a relevância da importação de um insumo para a manutenção do nível de emprego em uma determinada empresa.
A primeira reação internacional foi favorável ao governo argentino. Em um programa de rádio, o presidente do Uruguai, José Mujica, sinalizou que seu governo não irá reagir, em função do superávit que o país consegue com o vizinho na conta de turismo. " Todos sabemos que a Argentina tem um protecionismo que tranca o intercâmbio comercial. Querem que a gente declare guerra por isso, mas não vamos matar a galinha de ovos de ouro que se chama turismo", declarou ao jornal uruguaio "El País".
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Kirchnerismo trabalha contra o Mercosul
Editorial/ O Globo/ 13/01/2013

Rompido o ciclo em que a economia brasileira replicava as crises do heterodoxo vizinho, a Argentina, as diferenças, não apenas de tamanho, entre as duas economias se acentuaram.
O Brasil estabilizou a economia, enquanto a explosão da política de câmbio fixo na Argentina desorganizou ainda mais o sistema produtivo do país, e criou condições político-eleitorais para a chegada de Néstor Kirchner e a mulher, senadora Cristina, ao poder.
De uma ramificação peronista, Néstor e Cristina optaram pela heterodoxia na política econômica, com um previsível tempero populista. Juros e câmbio baixos levaram o PIB argentino a dar saltos, mas eram visíveis os elevados obstáculos à frente: baixos investimentos e inflação. Esta foi "resolvida" com a maquiagem dos índices, apenas forma de amplificar e jogar um problema para o futuro. A questão dos investimentos continua em aberto. Enquanto isso, mesmo com câmbio valorizado, as exportações brasileiras, devido aos ganhos de escala e de produtividade em geral, continuaram a invadir a Argentina. Medidas protecionistas, então, começaram a ser tomadas pela Casa Rosada. A leniência da diplomacia companheira de Lula estimulou a criação de mais barreiras por parte da Argentina, um contrassenso dentro de um bloco comercial com acordo de livre comércio.
Na terça, a Receita Federal argentina, a Afip, criou, por resolução, mais um obstáculo às vendas brasileiras, com a exigência aos importadores de que, a partir de fevereiro, apresentem uma "declaração antecipada de importação". Mais burocracia para dificultar compras no exterior. Atinge bastante o Brasil, pois a Argentina é mercado de peso para as exportações nacionais: no ano passado, US$22,7 bilhões, pouco menos que os Estados Unidos, com US$25,9 bilhões.
O Brasil pediu explicações sobre mais este ataque às bases do Mercosul. Mantida a postura de excessiva compreensão com os problemas do vizinho, não dará em nada. Mesmo porque, atrás da resolução da Afip, está um dos homens fortes do kirchnerismo, o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno. Truculento, muito próximo de Cristina K., ele costuma fazer até ameaças de agressões físicas a adversários políticos. O problema mesmo é que, além de querer impedir na marra a queda do superávit comercial argentino - US$10,5 bilhões, de janeiro a novembro -, haveria ainda a intenção de, por meio de medidas protecionistas, forçar os investimentos produtivos, que escasseiam. O projeto é tosco, e parte da mesma visão que, em Brasília, inspirou o aumento abrupto do IPI sobre veículos importados, com o motivo alegado de apressar a vinda de fábricas para o Brasil. Um engano, porque este tipo de rompimento da estabilidade de normas afugenta o capital, em vez de atraí-lo. E, além de tudo, a medida é passível de contestação na Organização Mundial do Comércio (OMC).
A Argentina se preocupa com a balança comercial porque, desde o calote na dívida externa, na sequência do fim do câmbio fixo, virou um pária no mercado financeiro internacional. Não é positivo para o Brasil qualquer crise argentina. Mas não ajuda fingir não perceber que o Mercosul é alvo preferencial da Casa Rosada.
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Editorial O Estado de S.Paulo, 13/01/2012

Mais protecionismo argentino

A escalada protecionista prossegue na Argentina, com a decisão do governo de impor mais uma trava às importações, e boa parte da conta será paga, sem dúvida, por empresas brasileiras e seus trabalhadores. Quem quiser importar o que quer que seja será obrigado, a partir de 1.º de fevereiro, a apresentar uma declaração juramentada e antecipada à Secretaria de Comércio Exterior. A Secretaria é comandada formalmente pela economista Beatriz Paglieri, colaboradora e seguidora do secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, famoso por sua intervenção no sistema oficial de índices de inflação e pelas pressões sobre importadores. A manipulação dos índices tornou-os internacionalmente desacreditados. Moreno enriqueceu sua obra, no ano passado, impondo aos empresários proibições informais de importar, sustentadas, segundo denúncias noticiadas pela imprensa, por ameaças e muita truculência.

Cada avanço do protecionismo argentino torna mais evidente o atraso da integração econômica do Mercosul. Os maiores países do bloco não conseguiram sequer, até agora, criar um espaço de negócios digno de ser classificado como zona de livre comércio. Muito mais distante, portanto, está a consolidação da união aduaneira - status oficial do conjunto formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

No ano passado, até novembro, a Argentina acumulou superávit comercial total de US$ 10,5 bilhões. Esse resultado é atribuível aos preços internacionais dos produtos agrícolas e, em boa parte, à política protecionista, reforçada com a exigência de licenças não automáticas de importação. A concessão das licenças demorou, em muitos casos, mais que os 60 dias permitidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Muitas empresas brasileiras foram prejudicadas e autoridades de Brasília foram obrigadas a intervir. Dificultaram por algum tempo a entrada de produtos argentinos, para mostrar a disposição de retaliar, e forçaram o outro lado a buscar um entendimento. Mas contentaram-se, afinal, com a promessa do governo argentino de respeitar o prazo legal. O compromisso, é claro, não foi cumprido.

Parte do empresariado argentino também protesta contra essa política. Muitas indústrias dependem de componentes importados. Segundo o jornal Clarín, de Buenos Aires, uma fábrica da Fiat em Córdoba ficou 48 horas sem produzir porque peças compradas do Brasil estavam retidas na alfândega. A reportagem menciona fontes da empresa, embora a própria Fiat argentina, para evitar encrencas com o governo, tenha fornecido aos operários uma versão mais branda, atribuindo a falta de componentes a férias da fábrica brasileira.

De acordo com a nova exigência do governo, para cada peça necessária à fabricação de um produto final - um veículo, por exemplo - será necessário apresentar uma Declaração Jurada Antecipada de Importação (Djai). Segundo fontes da indústria automobilística, informa o Clarín, as montadoras dependem, em média, de 70% a 80% de partes importadas.

Apesar do protecionismo argentino e da valorização do real, o Brasil acumulou no ano passado um superávit de US$ 5,8 bilhões no comércio com o maior parceiro do Mercosul. A principal explicação é simples: barreiras podem apenas dificultar o ingresso de produtos estrangeiros, mas não bastam para tornar a indústria de um país mais eficiente e mais competitiva.

Competitividade resulta da combinação de muitos fatores, mas boa parte do empresariado argentino, acostumado à superproteção fornecida pelo governo, pouco tem feito para elevar a produtividade de suas fábricas. Outra parte mostra preocupação com a eficiência, mas seu trabalho é dificultado pelas intervenções desastradas do governo - como, por exemplo, as barreiras à importação de peças.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o governo brasileiro já entrou em contato com as autoridades argentinas para avaliar as novas medidas e prevenir danos ao comércio bilateral. Essa iniciativa será inútil, se o governo, como no ano passado, se contentar com promessas destinadas a não serem cumpridas. Seria bom, para variar, forçar uma conversa séria sobre o assunto.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Oba!: a Europa vai ficar barata: Standard & Poor’s downgrades France, Austria, Italy and Spain

Rindo da desgraça alheia?
Pois é: há muito tempo que eu esperava o default da Grécia, para ver se o euro caia bastante, para viajar baratinho pela Europa. Esses alemães acabaram concordando em salvar gregos e troianos, o que impediu o debâcle...
Pena
Enfim: esperamos que salvem-se todos (mas que o euro poderia baixar, isso poderia...).
Breaking News Alert
S.&P. Cuts France’s AAA Rating, Affirms German Credit and Reduces Portugal to Junk Status
The New York Times
Friday, January 13, 2012 -- 5:03 PM EST
Standard & Poor’s Corp. on Friday stripped France of its sterling credit rating, cut Portugal’s credit to junk status and downgraded Italy’s debt by two steps in a wide-ranging action revision of European countries caught in the euro crisis.

The actions were the strongest signal yet that Europe’s sovereign debt woes were far from over and would pose fresh political challenges for politicians, including President Nicolas Sarkozy of France, as they try to stabilize the problem on the Continent, now in its third year.

A downgrade by a single ratings agency would have an immediate, though not devastating, impact on the countries’ ability to borrow money. S.& P. warned in December that the agency was reviewing the credit ratings of 15 European Union countries because of the crisis. Germany and the Netherlands, which were on the original list, were not expected to receive a downgrade Friday, news agencies reported.

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Brazil under Dilma - an economic view by John Welch


Um grande especialista em economia brasileira dá sua opinião, fundamentada, sobre o estado da arte no Brasil, em termos de reformas (que ele acertadamente diz que não avançaram nada).
Paulo Roberto de Almeida
“Brazil Under Dilma: Forward, Backward or Status Quo?”
by John H. Welch
Emerging Markets Strategist and Executive Director
CIBC World Markets
New York City
January 13, 2012

Introduction
With the end of President Luis Inacio Lula da Silva’s second term and the beginning of the term of President Dilma Rousseff, Lula’s chosen successor, many questions arise about Brazil’s past, present and future.  The first concerns Lula’s legacy. Certainly he did more than just maintain the macroeconomic policies from the previous administration of President Fernando Henrique Cardoso, which, combined with earlier trade openings and privatizations, go far in explaining Brazil’s privileged performance during and after the recent financial crisis.  Perhaps Lula’s main legacy is having  combined and expanded existing means-based welfare support under the Bolsa Familia’s umbrella program. The most important reform Lula pushed through Congress was the social security reform of 2003.  But this reform was never implemented. Moreover, Lula’s second term was marked by policy drift and a lack of reform, in part due to the international financial crisis of 2008-2009. To read the full text, click here.



The Center for Hemispheric Policy is pleased to send you the fourth of a series of papers based on the work of the Center’s task force on “Brazil Under Rousseff.” The papers expand upon presentations that various authors made at one of the three sessions of the task force. The attached paper, entitled “Brazil Under Dilma: Forward, Backward or Status Quo?” was written by John H. Welch, emerging markets strategist and executive director at CIBC World Markets in New York. A more extensive biographical note appears at the end of Dr. Welch’s paper. This task force paper is available on the Center’s website: www.miami.edu/chp.

Populismo cambial?: o governo tem uma politica cambial?

Não parece.
Nos tempos do Ancien Régime tucanês, ou seja, o octanato neoliberal, vendido ao império, submisso ao FMI, amigo dos banqueiros e dos capitalistas financeiros, o câmbio no Brasil flutuava. Ocorreu dele se valorizar um pouco.
Pronto, bastou isso para que o mundo viesse abaixo.
Os companheiros, muitos dos quais hoje aboletados no poder, atacavam acerbamente a política de "populismo cambial", acusando a política "malanista" de ser a favor de banqueiros e contra os trabalhadores.
Teve até deputado, hoje senador, que queria fixar em lei o valor do salário mínimo em 100 dólares, vejam vocês até onde chega a sapiência petista em matéria de economia.
Pois é, hoje o regime cambial é exatamente o mesmo, apenas que a moeda está muito mais valorizada do que jamais esteve em qualquer época.
Amigo dos banqueiros? Certamente. E de outros personagens também, que se abastecem nas tetas gordas do BNDES e nos subsídios governamentais e na proteção rústica contra a "concorrência predatória" dos produtos importados (o que eles mesmos causaram, com sua política desindustrializadora).
Inteligência econômica é isso aí. O resto é conversa...
Paulo Roberto de Almeida

THE ECONOMIST DIZ QUE REAL ESTÁ VALORIZADO EM 35%!
(BBC, 13) Com uma sobrevalorização de 35% em relação ao dólar, o real seria a quarta moeda mais cara do mundo, segundo o tradicional "índice Big Mac", publicado periodicamente pela revista britânica The Economist. Segundo a revista, a sobrevalorização do real fica atrás somente do franco suíço (sobrevalorizado em 62% em relação ao dólar), a coroa norueguesa (também 62% sobrevalorizada) e a coroa sueca (41%). As moedas mais desvalorizadas seriam, segundo o índice Big Mac, a rupia indiana (desvalorizada 61% em relação ao dólar), a hryvnia ucraniana (50%) e o dólar de Hong Kong (49%). O iuan chinês estaria desvalorizado em 42%.

Diplomacia da generosidade: et pour cause

Bem, helicopteros para "combater" a droga podem servir para outras causas humanitárias e alimentares, também...

Visitantes exoticos na América Latina: Ahmadinejad


Latin American Weekly Report

Weekly Report - 12 January 2012 (WR-12-02)

Iran seeks to deepen ties with Latin America

Not since US President Barack Obama’s mini tour of Latin America in March last year has so much attention been given to one man’s visit to the region. When Iran’s President Mahmoud Ahmadineyad arrived in Caracas on 8 January at the head of a large retinue for the first leg of a four (possibly more) nation tour, more column inches had been devoted to his presence in the region in the US media, and what it signified at a time of heightened tensions between Washington and Teheran, than any single event in the region in 2011 other than Obama’s visit. This suited Venezuela’s President Hugo Chávez down to the ground and he clearly revelled in the attention; both men directed verbal missiles northwards. But beneath their rhetorical repartee what does the visit really mean?
It is the fifth time that Ahmadineyad has visited Latin America since 2005 - he visited three times between September 2006 and September 2007 alone - which is more than US heads of state have managed over the same time span. The main difference between this visit and his previous trips is the backdrop: tension between the US and Iran is always simmering but it is now coming to the boil. On 31 December the US imposed new sanctions on Iran, which responded by threatening to close the strategic Strait of Hormuz oil route in the Gulf. Soon afterwards the European Union (EU) reached a preliminary agreement to ban oil imports from Iran. On 9 January the International Atomic Energy Agency (IAEA) claimed Iran had begun to enrich uranium at a bunker in the north of the country. On the same day an Iranian court condemned to death a former US marine of Iranian descent, Amir Mirzaei Hekmati, for allegedly spying for the CIA. Two days later a top Iranian nuclear scientist, Mostafa Ahmadi Roshan, was killed in a car bomb in Teheran. Iran blamed Mossad and the US.

This brief summary of events leading up to Ahmadineyad’s visit to Latin America, and during it, explains why it carried added piquancy, and was greeted with howls of outrage by right-wing Republicans, such as Ileana Ros-Lehtinen, the chair of the House foreign affairs committee, who warned of the threat posed by Iran and Hezbollah to regional security and stability. The conviction that Hezbollah is expanding links in Latin America is firmly entrenched in Republican circles: the foreign policy document released last year by Mitt Romney, a strong bet for the Republican presidential candidacy, pointedly mentioned Hezbollah and terrorism eight times while omitting to mention Brazil, the region’s economic powerhouse once [WR-11-41].

The Democrat Obama administration has similar concerns. The US State Department publicly admonished countries preparing to receive Ahmadinejad. And then, on 6 January it declared the Venezuelan consul general in Miami, Livia Acosta Noguera, persona non grata, and gave her four days to leave the country. It did not explain the motives for her expulsion but the US Spanish-language channelUnivisión linked the decision to expel her to a documentary it aired last month alleging that Venezuela and Cuba were involved in discussing possible Iranian cyber-based plots against the US [WR-11-50]. Roger Noriega, a former assistant Secretary of State for Western Hemisphere affairs who is virulently anti-Chavista, tweeted that Acosta was a “Chavista terrorist spy”. Chávez said her expulsion was “unjustified and arbitrary”.

It is noteworthy that Brazil was not included on Ahmadinejad’s itinerary, as it was in 2009; relations having cooled since Dilma Rousseff came to power last year. Brazil, keen to secure a seat on the UN Security Council, felt stung by the US hostility to a nuclear fuel-swap deal it struck with Iran and Turkey in May 2010. Rousseff is much more cautious than her predecessor Lula da Silva about venturing into this kind of diplomatic minefield (see sidebar).

A state visit to Brazil would have eased Iran’s sense of international isolation. The fact that it did not secure such a visit undermines the Republican claims that Iran’s influence in Latin America is deepening and that it is challenging the US in its own backyard. Instead, its influence is probably on the wane, like that of Chávez, who did most to try and advance it in the first place. Brazil is still keen to expand trade (according to IMF statistics, it was Iran’s main trading partner and exporter in Latin America at a total of US$1.26bn in 2008, up 88% on the previous year) but no longer to extend diplomatic solidarity.

Instead, Ahmadinejad visited just radical Alba member countries, moving on to Nicaragua (for the investiture of President Daniel Ortega), Cuba and Ecuador after Venezuela. Intriguingly, Bolivia’s President Evo Morales, who had met Ahmadinejad on previous visits, did not receive him. This omission was much stranger than Brazil’s reticence: during a September 2007 visit Ahmadinejad promised US$1.1bn in “industrial cooperation” with Bolivia, an Alba member.
It might just be that Morales is unconvinced about such promises of largesse. When Ecuador’s President Rafael Correa was asked just before Ahmadinejad’s arrival in Quito on 12 January about the tangible economic benefits of relations with Iran, he said that Iran had made great strides with constructing hydroelectric dams and refineries, and would share that knowledge, adding that some of the investment Iran had made in Ecuador had not been registered as it had come through Turkey. Ecuador’s business community remonstrated about deepening opaque relations at the cost of transparent relations with the country’s largest trading partner - the US. Venezuela’s foreign minister, Nicolás Maduro, also argued that Iran had provided technology transfer to develop “a new industrial apparatus”, allowing the construction of food processing plants and tractor factories, but the extent of economic cooperation through the many promised accords is difficult to discern.
The bottom line is that Iran craves allies and beneath the idealistic rhetoric of social justice and solidarity propounded by Alba lies a visceral anti-Americanism that makes the act of defying US foreign policy objectives of ostracising Iran more important than trade or indeed any ideological consistency to relations with Iran: members of the Iranian Communist party Tudeh, for instance, are imprisoned or in exile. Correa insisted he would not be dictated to by the State Department over Ecuador’s foreign ties. His foreign ministry issued a statement claiming that the recent IAEA report was “based on data provided by the intelligence agencies of the very countries trying to isolate (Iran)”, and criticised the US “imposition of sanctions”. Chávez was more direct: “the Latin American people will never again be on their knees before the Yankee empire.” The ties between Nicaragua and Iran are based on the common start date of their respective “revolutions” in 1979 and a shared past of resisting US interference (such as the infamous Iran-Contra scandal); shared future objectives are limited to preserving power after staging similarly dubious “democratic” elections.
  • Another tour
While President Ahmadinejad missed out on a trip to Brazil, the speaker of the US House of Representatives, John Boehner, a Republican, began a six-member bipartisan congressional delegation to Latin America this week in Brazil, with legs in Colombia and Mexico to follow. During the Brazil leg of the trip, Boehner, conscious of Ahmadinejad’s presence in the region, was keen to focus on shared democratic values underpinning bilateral ties: “Our two nations have a tremendous opportunity to continue to develop a strategic partnership, particularly in areas such as trade and energy… Brazil’s strong commitment to democracy is playing a critical role in defending and promoting the cause of freedom throughout the world.”

O Brasil em 2022 - Mansueto Almeida

O que será o Brasil em duas décadas?

Por Mansueto Almeida
Valor Econômico, 13 de janeiro de 2012
O ano de 2012 inicia-se com projeção de crescimento menor e inflação maior vis-à-vis ao início de 2011. No entanto, essa queda parece ser apenas um desvio de curso em uma trajetória de crescimento que é cada vez mais consensual: a possibilidade de o Brasil crescer perto de 4% ao ano, o que significaria duplicar a nossa renda per capita em pouco mais de duas décadas para valor próximo à renda de Portugal hoje (US$ 24 mil), mas ainda muito inferior ao padrão de renda atual dos EUA (US$ 48 mil) e da União Europeia (US$ 35 mil).
Dobrar a renda per capita em pouco mais de duas décadas não é ruim. A Inglaterra levou 150 anos para dobrar a sua renda per capita depois da revolução industrial. Por outro lado, países com renda per capita muito superior à do Brasil, como é o caso da Coreia do Sul (US$ 31 mil), tem hoje a perspectiva de dobrar a sua renda já elevada em menos de uma década e meia (14 anos).
É claro que o crescimento da economia brasileira ao longo das próximas duas décadas não está dado. O crescimento poderá ser maior se o Brasil retomar a agenda de reformas necessária para elevar o crescimento, ou poderá ser menor se utilizarmos a conjuntura externa (ainda) favorável para aumentarmos apenas o consumo. Não se trata de diminuir o consumo presente, mas apenas dosar a sua taxa de crescimento para aumentar o investimento público e privado; uma estratégia que, na prática, está longe de ser consensual.
Os fatores positivos que nos trazem conforto nas próximas duas décadas são: 1) os efeitos positivos das reformas econômicas de 1986 a 2005; 2) o boom de commodities que diminuiu a restrição externa ao crescimento, e 3) o descobrimento do pré-sal, com impactos positivos na taxa de investimento e na arrecadação de impostos (em relação ao PIB).
No entanto, esse cenário positivo contrasta com uma série de desafios ainda “em aberto”. Um desses desafios é a educação. O Brasil, desde meados dos anos 90, vem aumentando o esforço de investimento em educação, mas a qualidade da educação básica ainda é ruim. Sabe-se hoje que a melhora na qualidade da educação depende de uma série de políticas (escola em horário integral, nova política de contratação e treinamento de professores, maior investimento na pré-escola, reforma e aumento da taxa de matrícula do ensino médio, etc.), mas não se sabe “ex ante” o que funcionará nem quais delas têm melhor relação custo-benefício.
O desafio do crescimento dos gastos com saúde não é menos importante. O Brasil não tem hoje recursos para cumprir com a letra da Constituição que estabelece, no seu Art. 196, que o acesso à saúde é universal e dever do Estado, e com cobertura integral (Art. 198). O que equilibra o SUS são as filas e os planos privados de saúde que cobrem 25% da população. Mesmo assim, estima-se que cerca de 30% da população brasileira não tenha acesso a serviços de saúde regularmente. A tendência é que esse quadro se agrave já que, ao longo dos próximos vinte anos, a população brasileira crescerá a uma taxa próxima a 0,9% ao ano, enquanto a população com mais de 60 anos crescerá a uma taxa de mais de 3,5% ao ano, aumentando a participação dos idosos no total da população de 10% (19,2 milhões de pessoas), em 2010, para 18,7% (40,4 milhões de pessoas), em 2030. Esse envelhecimento da população pressionará ainda mais os gastos do SUS, se não aumentarmos os gastos com prevenção nos próximos anos.
A mudança demográfica em curso no Brasil levará também ao crescimento dos gastos com previdência e menor expansão da força de trabalho. O Brasil gasta com previdência de cerca de 12% do PIB para uma razão de dependência (população com 65 anos ou mais dividida pela população em idade ativa de 15 a 64 anos) de 9,1%. Pela média mundial, nosso gasto atual com previdência seria equivalente a um país com taxa de dependência 25% a 30%. Com o envelhecimento da população, o gasto com previdência (em relação ao PIB) crescerá ainda mais e, por enquanto, não temos ideia de como lidar com esse problema.
Em relação à indústria, a tendência natural da economia brasileira é de maior especialização em commodities, principalmente na cadeia de petróleo, com valorização da moeda. Esse cenário levará à redução de participação de setores da indústria no PIB, principalmente os intensivos em mão de obra como calçados, vestuário, brinquedos e outros. Não está claro como o governo reagirá a esses movimentos estruturais, se com mais proteção ou com políticas que facilitem as mudanças estruturais. O desejável seria a redução da carga tributária da indústria, mas hoje falta espaço fiscal, o que tem levado a uma agenda negativa de maior proteção comercial.
O maior risco para o crescimento do Brasil nas próximas duas décadas é acharmos que poderemos nos acomodar com a riqueza do pré-sal e com o boom de commodities. A bonança dos recursos naturais deveria ser utilizada para avançar, ainda que de forma gradual, na agenda de reformas que será importante para definir o que será o Brasil em duas décadas, se um país de renda per capita próximo a US$ 20 mil e com forte especialização em commodities, ou outro de renda per capita mais próximo a US$ 30 mil e com uma indústria dinâmica, mas com menor participação no PIB.

"Conversa de diplomata": para boi dormir? - a proposito do que disse a presidente

Trecho final do artigo do jornalista Sérgio Leo, no Valor Econômico, de 3/01/2012, "Sob Dilma, prevalece diplomacia econômica": 


"Ao contrário do que se imaginava após a eleição, Dilma tem mostrado gosto pelos assuntos internacionais, embora os econômicos sejam seus  preferidos. Na sua leitura matinal de jornais inclui sempre o britânico “Financial Times”. A presidente encantou-se com os detalhes  da formação do governo Obama, que leu numa biografia do colega americano. Leu também os livros sobre Bolívar presenteados pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Detesta, porém, “conversa de diplomata”, segundo define um ministro próximo, querendo dizer, com isso, a linguagem cuidadosa e vaga que algumas vezes é encontrada em relatos do Itamaraty – ainda que a presidente faça questão de prestigiar o Ministério de Relações Exteriores."


Parece que "conversa de diplomata" é uma coisa chata, pouco prática, insossa e irrelevante. Seria verdade?
Paulo Roberto de Almeida 


Juros por decreto, ou por lei, whatever works - uma "escolinha" para congressistas

Parlamentares insistem em desafiar realidades econômicas com projetos de lei que pretendem fixar legalmente determinados equilíbrios econômicos.
Se pensarmos bem, 3% ao mês é excessivo, estupidamente elevado, quando muitos países têm esse valor em bases anuais.
Sem dúvida, um projeto estupidamente motivado, destinado a ficar na gaveta dos projetos estúpidos.
Por que parlamentares não fazem um curso rápido de economia antes de assumir o cargo, ou pedem a economistas para opinarem sobre seus projetos?
Paulo Roberto de Almeida

Projeto quer limitar os juros do cheque especial em 3% ao mês


São Paulo - Os juros do cheque especial poderão ser limitados a 3% ao mês e, se a instituição financeira descumprir a norma, será obrigada a devolver o valor cobrado a mais em dobro. É o que prevê o Projeto de Lei 2.481/11, do deputado Maurício Trindade (PR-BA).

Ainda pela proposta, a instituição infratora estará sujeita aopagamento de multa no valor de R$ 500 por ocorrência. Trindade reconhece que o Brasil é um País capitalista, onde os preços não são controlados pelo governo, porém, também entende que há situações em que não é possível deixar que os bancos operem de forma autônoma.

Trindade acredita que os bancos se aproveitam das pessoas que estão passando por dificuldades. Para ele, quem usa o cheque especial não tem outra opção e os bancos não deveriam cobrar tanto por isso, conforme informações da Agência Câmara.

Para o parlamentar, cabe ao cliente pagar apenas pelo valor que ele utilizou. A proposta tramita em caráter conclusivo, e será analisada pelas comissões de Defesa do Consumidor; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Saude quase perfeita... era o que ele dizia

Ou será que estamos enganados?


Sistema de saúde do País é ruim ou péssimo para 61% dos brasileiros

De acordo com pesquisa, população também não quer a criação de imposto para investir em melhorias

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Deficit em transacoes correntes: mais cabelos brancos em quem nao tem cabelo...

Certas pessoas não tem por que se preocupar já que não tem cabelos, mas elas ficariam de cabelos brancos, se fosse o caso:


Déficit em transações correntes aumenta e preocupa governo

Pela primeira vez em 11 anos o déficit nas transações correntes do Brasil não deve ser coberto pela entrada de investimento estrangeiro direto (IED). Mais que isso: se cumpridas as estimativas feitas pelo Banco Central (BC) para este ano, o déficit nas transações correntes será US$ 15 bilhões superior à entrada dos investimentos estrangeiros - na última vez que houve esse descompasso, em 2001, a diferença foi pequena, de apenas US$ 700 milhões.
Os resultados podem ser ainda piores caso as estimativas mais recentes da equipe econômica para ingresso de investimentos estrangeiros neste ano se realizem, enquanto o mercado trabalha com um déficit na conta corrente ainda maior que o previsto pelo BC.
Oficialmente, o governo Dilma Rousseff trabalha com um déficit de US$ 65 bilhões nas transações correntes neste ano (22,6% superior ao esperado para 2011), e com a entrada de US$ 50 bilhões na forma de investimento estrangeiro direto. Mas os economistas do governo já vêm uma entrada menor de investimentos, na casa de US$ 45 bilhões.

Claro: UMA COMPANHIA LIXO, BASURA, POUBELLE, GARBAGGE

A COMPANHIA CLARO É UM LIXO!
A COMPANHIA CLARO É UM LIXO!
A COMPANHIA CLARO É UM LIXO!
A COMPANHIA CLARO É UM LIXO!
A COMPANHIA CLARO É UM LIXO!
A COMPANHIA CLARO É UM LIXO!
A COMPANHIA CLARO É UM LIXO!
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A COMPANHIA CLARO É UM LIXO!
A COMPANHIA CLARO É UM LIXO!
A COMPANHIA CLARO É UM LIXO!
A COMPANHIA CLARO É UM LIXO!
A COMPANHIA CLARO É UM LIXO!
A COMPANHIA CLARO É UM LIXO!


Pronto: já está dito...
PS.: Aliás, todas as companhias telefônicas, fixas ou de celular, são um lixo no Brasil.