PMDRs, para quem não sabe, são os países de menor desenvolvimento relativo, ou "super-pobres", se desejarem, aos quais o Brasil promete completa isencao tarifaria.
Fica a dúvida sobre as normas do Mercosul a esse respeito, se é que o bloco possui alguma resolução regulando o assunto (pois não imagino os sócios do Mercosul concedendo vantagens iguais aos super-pobres). Se o Brasil concedeu as vantagens de modo isolado, fica mais difícil impedir que o Uruguai negocie o seu acordo de preferências tarifárias com os Estados Unidos, por exemplo.
Bem, o resto está na matéria abaixo.
Paulo Roberto de Almeida
Generosidade arriscada
Editorial O Estado de S.Paulo, 27 de agosto de 2010
Em mais um gesto destinado a projetar a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no exterior, o governo tomou a decisão política de eliminar as tarifas de importação cobradas de produtos originários dos países mais pobres do mundo. Esse ato contribuirá para calçar uma eventual "campanha eleitoral" internacional de Lula após o término de seu mandato, pretensão que ele garante não ter. Quaisquer que sejam suas reais intenções, certamente ele terá ganhos políticos com a decisão. Resta saber que ganhos terá o País.
Provavelmente não tenha nenhum. E é muito mais provável que tenha perdas, advertem representantes da indústria. Eles argumentam, com razão, que a medida, destinada a beneficiar os 49 países mais pobres do planeta, abre caminho para países com muito maior poderio econômico e comercial utilizarem as nações beneficiadas pela isenção, exportando dali para o Brasil sem impostos, numa concorrência desleal e predatória com o produtor nacional, que paga todos os impostos locais.
O programa de isenção das importações originárias dos países mais pobres do mundo - classificados de acordo com critérios da ONU - foi aprovado pela OMC na reunião de Hong Kong, em dezembro de 2005. Na versão originalmente aprovada, a isenção seria obrigatória para os países industrializados e optativa para os demais membros da OMC, e se limitaria aos países integrantes da organização, dos quais 32 são considerados muito pobres. A relação da ONU, bem maior, é formada por 33 países africanos, 15 asiáticos e um latino-americano, o Haiti.
Na reunião ministerial da OMC realizada em Genebra no ano passado, em mais uma das muitas tentativas de evitar o fracasso completo da Rodada Doha - cujo objetivo é tornar mais livre o comércio mundial -, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reafirmou a intenção do governo brasileiro de colocar em prática em 2010 o programa de ajuda aos países mais pobres aprovado quatro anos antes em Hong Kong, que ficou conhecido como duty free, quota free.
Oficialmente, o governo justifica a decisão como um ato de boa vontade do Brasil no sentido de fortalecer a Rodada Doha, ao colocar em prática algumas de suas poucas decisões. Há tempos, porém, a indústria se preocupa com o impacto que esse programa pode ter. Por conta dessa preocupação, a Confederação Nacional da Indústria enviou carta ao ministro Celso Amorim recomendando "fortemente" a suspensão, pelo menos temporária, da medida, como mostrou reportagem de Raquel Landim publicada quarta-feira no Estado.
O grande temor do setor industrial é o de que muitos países beneficiados se transformem em plataformas de montagem de produtos chineses, pois a China vem fazendo pesados investimentos em países africanos.
Além disso, entre os países que ganhariam o benefício brasileiro está Bangladesh, que se transformou num grande exportador de produtos têxteis para os EUA e a União Europeia e, com a isenção, ganharia imensas facilidades de acesso ao mercado brasileiro, concorrendo em condições muito favorecidas com os produtores locais.
O governo argumenta que as importações brasileiras desses 49 países é muito pequena - excluído o petróleo, representam menos de 0,1% do total importado pelo País. "Não há motivos para o temor da indústria", disse o diretor do departamento econômico do Itamaraty, Carlos Márcio Cozendey.
A indústria discorda. "É muito fácil fazer concessão com o bolso dos outros", disse ao Estado o gerente de comércio exterior da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, Mário Branco. "Produtos feitos na China podem ser enviados como da Zâmbia. E, em três meses, as máquinas (chinesas) podem estar efetivamente lá."
As medidas devem incluir uma espécie de "gatilho" para as importações dos países pobres. Se as compras isentas superarem 20% das importações totais de determinado produto, será cobrada metade da tarifa. Se superarem 40%, o país fornecedor perderá o benefício da isenção.
Governo e indústria discutirão essas e outras regras nos próximos dias.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sábado, 28 de agosto de 2010
Mercado político e mercados econômicos

Marx e as eleições brasileiras
Paulo Roberto de Almeida
Uma tendência bem conhecida da ciência política consiste em fazer uma análise econômica dos processos eleitorais e dos sistemas políticos. Embora se possa dizer que metodologias e problemas podem ser aproximados, para fins de análise e de interpretação, o fato é que existem diversos elementos diferenciadores que fazem com que o mercado político não seja o exato equivalente do mercado de bens e serviços correntes. Este último é, em princípio, caracterizado pela atomização dos ofertantes e pela livre disposição de seus recursos da parte dos demandantes, ao passo que o primeiro se caracteriza por tendências bem claras ao monopólio e à exclusão.
Independentemente, porém, do grande número de variáveis que concorrem para diferenciar um do outro, pode-se dizer que mercado político não é igual ao mercado de bens e serviços correntes por um motivo muito simples: embora o Estado possa interferir tanto num quanto noutro – por meio de regras quanto ao seu funcionamento, ou por meio de impostos sobre as transações, por exemplo –, nos mercados puramente econômicos, os compradores dispõem (pelo menos nos sistemas capitalistas e razoavelmente democráticos) de liberdade completa para determinar quantidades, tipos e formatos das prestações dos bens e serviços aos quais pretendem alocar seus ativos financeiros. O consumidor é, em princípio, soberano nas suas escolhas e atua com base nas informações disponibilizadas pelos produtores, que teoricamente concorrem entre si pelas preferências do primeiro. Economistas liberais tendem a considerar a economia dos livres mercados como sendo uma espécie de “ditadura do consumidor”, o que se aproxima apenas parcialmente da realidade (já que cartéis, monopólios, coalizões e colusões de produtores deformam as condições de concorrência, em detrimento dos consumidores, obviamente). Na prática, todos os mercados são imperfeitos.
Nos mercados políticos, ao contrário dos de natureza econômica (ou com bem maior ênfase do que nestes), o Estado é, não apenas um interlocutor incontornável e um regulador necessário, como atua, também, como agente de seus próprios interesses, obviamente não enquanto Estado, mas enquanto governo. O Estado é, em grande medida, uma figura abstrata, virtual ou, em certo sentido, quase ficcional; ele existe, obviamente pelas suas instituições e pelo conjunto de leis e normas que regulam a ação de seus agentes permanentes, mas se expressa de modo muito mais afirmado enquanto ator de primeiro plano em suas roupagens de governo e de coalizão de forças a serviço dos partidos e dos grupos de interesse representados e ocupando suas instituições dotadas de vontade política.
Nessa condição, o Estado deixa de ser abstrato para passar a representar interesses políticos, econômicos e projetos tangíveis e intangíveis vinculados aos líderes políticos que ocupam temporariamente suas alavancas de comando. Isto é básico e elementar, conhecido de qualquer estudante de graduação que tenha lido seus manuais de ciência política ou debruçado-se sobre a obra de Max Weber. Aliás, até mesmo Marx, nas páginas muito rudimentares do Manifesto Comunista, ou naquelas melhor elaboradas do 18 Brumário, já tinha detectado essa captura do Estado por forças políticas ou por personagens excepcionais – nem todos representando as “elites” tradicionais – que se movimentam no grande palco das lutas pelo poder.
Uma interpretação marxista dos embates eleitorais no Brasil de 2010
Justamente, se Marx fosse chamado a reescrever suas obras políticas mais conhecidas – como os já citados Manifesto e 18 Brumário, acrescidos do Luta de Classes na França – adaptando-as ao cenário do Brasil atual, eis o que ele talvez redigisse, como síntese da campanha eleitoral em curso e da própria conjuntura.
Se considerarmos o estado atual da luta de classes no Brasil, depois de anos e anos de afirmação de uma liderança cesarista e carismática, o que se pode dizer é que todas as classes se renderam ao Bonaparte do momento. Não ocorreu, para todos os efeitos, qualquer golpe na trajetória política recente do país, algo inesperado como um raio caído de um céu azul. Não; tudo foi o resultado racional-legal da lenta ascensão de classes pouco trabalhadoras ao pináculo do poder, o produto final da lenta acumulação de forças pelo partido da reforma conservadora. O final lógico desse teatro de lutas contra os burgueses liberais nos últimos anos já era o esperado: o manto imperial caiu, finalmente, nos ombros do pequeno Bonaparte, sem sequer algum gesto dramático, menos ainda com qualquer sinal de tragédia. Foi, assim, um triunfo de comédia.
Todas as classes, com exceção de uma fração extremamente reduzida de ideólogos da pequena burguesia libertária, se renderam ao líder aclamado; a minoria que o ataca não tem qualquer força social atrás de si para contestar o seu domínio completo sobre a sociedade. A máquina burocrático-sindical já estava ganha desde o início, pois foi dela mesmo que o novo Cesar emergiu para uma ascensão lenta, mas irresistível. Os movimentos desorganizados do lumpesinato e do proletariado não sindicalizado foram os que convergiram em segundo lugar, pois eles encontraram no Tesouro da República a justa compensação pela escolha judiciosa que fizeram. Não foi preciso repetir a história, sequer como farsa, no caso da grande burguesia industrial e dos representantes da alta finança: eles já tinham sido convencidos, desde antes da ascensão do imperador, de que seus interesses de classe seriam regiamente compensados, como de fato o foram, pela fidelidade demonstrada ao novo esquema de poder. Todos eles foram colocados na mesma categoria de apoiadores, meras figuras decorativas na urna de votos do novo Cesar, como se fossem simples unidades indistintas de um grande saco de batatas.
O fato é que até mesmo o antigo partido da reforma conservadora foi parar nesse saco de batatas, e virou o partido da Ordem, submisso como todos os outros ao poder do chefe supremo. As bases de seu poder são relativamente transparentes, pois basta seguir o itinerário do dinheiro que escorre dos cofres públicos – isto é, dos bolsos da burguesia e da pequena burguesia, dos grandes proprietários fundiários, dos caixas das empresas da burguesia industrial, e até mesmo dos parcos tostões do proletariado e seus aliados menores. Temos, em primeiro lugar, a plutocracia financeira, aquela que sempre se opôs ao partido da reforma, quando este era desestabilizador, mas que logo se acomodou, ao constatar que o grande líder propunha, na verdade, uma coalizão diferente para manter o mesmo esquema de poder real; ela foi contemplada, como sempre, com os juros da dívida pública, sem precisar fazer qualquer esforço no mercado de capitais ou na busca de clientes para seus empréstimos extorsivos. A grande burguesia das fábricas e dos negócios comerciais também soube encontrar o seu nicho no novo esquema de poder: um mercantilismo renascido com um Estado ainda mais forte, capaz de dispensar empréstimos facilitados, isenções fiscais, tarifas protetoras e toda sorte de prebendas e subsídios que tinham uma existência mais modesta na antiga República neoliberal.
Vem em seguida a nova aristocracia sindical, que já não era operária havia anos, provavelmente a décadas; sua fração burocrática converteu-se em parte integrante da nomenklatura estatal, a nova classe privilegiada, que alguém já chamou de “burguesia do capital alheio”. A maior parte, porém, continuou nas corporações sindicais, agora locupletando-se de fundos públicos, que lhe são repassados sem qualquer controle. Junto com os militantes do antigo partido da reforma, eles constituem os elos mais relevantes do novo peronismo em construção, uma nova força política que é puro movimento, sem qualquer doutrina ou construção teórica mais elaborada. Os aliados da academia, que poderiam fornecer uma base intelectual para o partido da reforma, os universitários gramscianos, estes parecem singularmente estéreis na produção de novas idéias, pois ficam repetindo velhos slogans do socialismo do século 19, sem qualquer originalidade ou refinamento. São tão atrasados, e alienados, esses acadêmicos repetitivos, que terminaram por ver num coronel golpista, de notórias tendências fascistas, um líder progressista do novo socialismo; o êmulo de Mussolini pretende que o seu socialismo seja do século 21, quando este nada mais constitui senão uma confusão mental e uma construção estatal digna do que havia de pior no sovietismo esclerosado.
Outros componentes do mesmo saco de batatas são os funcionários públicos, alguns verdadeiros mandarins, a maioria simples beneficiários da prodigalidade estatal, que, na média, recebem o dobro do que ganhariam na iniciativa privada, para níveis de produtividade que são, na média, menos da metade daquelas do setor privado. Figuram ainda no saco, finalmente, os recipientes do maior programa social do mundo, que vem a ser, também, um grande curral eleitoral: o lumpesinato, de forma geral, e os vários lumpens urbanos, em particular, com alguns pequeno-burgueses espertalhões aqui e ali. Não se deve esquecer, tampouco, tubérculos igualmente vistosos, como os beneficiários de bolsas para diversas categoriais sociais ou as cotas para os representantes do Apartheid em formação, os promotores do novo racismo oficial.
Ficam de fora do saco de batatas apenas e tão somente 3 ou 4% do eleitorado, representado politicamente por figuras teimosas, que recusam inexplicavelmente o mito do demiurgo e que pretendem continuar o combate de retaguarda, sem qualquer esperança de reverter o curso do processo político no futuro previsível. Esses novos mencheviques intelectuais também fazem sua própria história, mesmo se eles ainda não têm consciência disso: eles não podem, contudo, esperar fazer sua revolução a partir de um passado já enterrado; apenas em direção ao futuro, embora o caminho seja longo e os resultados muito incertos.
O que parece certo é que a mistura de pequeno Napoleão com um Perón improvisado também terá um dia sua estátua derrubada do alto da coluna Vendôme, não tanto como resultado de uma nova luta de foices e martelos, mas como o produto de uma lenta evolução educacional. Esta é a revolução mais difícil de ser provocada, mas constitui, legitimamente, o único processo revolucionário de que o Brasil necessita.
Zhengzhou, 24.08.2010; Shanghai, 26.08.2010
============
A frase bonapartista:
'Ainda tenho caneta para fazer miséria neste País', diz Lula
1963 March for Civil Rights - Martin Luther King speech "I have a dream..."
Em 28 de agosto de 1963 aconteceu a marcha pelos direitos civis sobre Washington, liderada pelo pastor Martin Luther King Jr, quando ele pronunciou seu famoso discurso "I have a dream..."

200,000 March for Civil Rights in Orderly Washington Rally; President Sees Gain for Negro
By E. W. KENSWORTHY
Special to THE NEW YORK TIMES
ACTION ASKED NOW 10 Leaders of Protest Urge Laws to End Racial Inequity
Washington, Aug. 28 -- More than 200,000 Americans, most of them black but many of them white, demonstrated here today for a full and speedy program of civil rights and equal job opportunities.
It was the greatest assembly for a redress of grievances that this capital has ever seen.
One hundred years and 240 days after Abraham Lincoln enjoined the emancipated slaves to "abstain from all violence" and "labor faithfully for reasonable wages," this vast throng proclaimed in march and song and through the speeches of their leaders that they were still waiting for the freedom and the jobs.
Children Clap and Sing
There was no violence to mar the demonstration. In fact, at times there was an air of hootenanny about it as groups of schoolchildren clapped hands and swung into the familiar freedom songs.
But if the crowd was good-natured, the underlying tone was one of dead seriousness. The emphasis was on "freedom" and "now." At the same time the leaders emphasized, paradoxically but realistically, that the struggle was just beginning.
On Capitol Hill, opinion was divided about the impact of the demonstration in stimulating Congressional action on civil rights legislation. But at the White House, President Kennedy declared that the cause of 20,000,000 Negroes had been advanced by the march.
The march leaders went from the shadows of the Lincoln Memorial to the White House to meet with the President for 75 minutes. Afterward, Mr. Kennedy issued a 400-word statement praising the marchers for the "deep fervor and the quiet dignity" that had characterized the demonstration.
Says Nation Can Be Proud
The nation, the President said, "can properly be proud of the demonstration that has occurred here today."
The main target of the demonstration was Congress, where committees are now considering the Administration's civil rights bill.
At the Lincoln Memorial this afternoon, some speakers, knowing little of the way of Congress, assumed that the passage of a strengthened civil rights bill had been assured by the moving events of the day.
But from statements by Congressional leaders, after they had met with the march committee this morning, this did not seem certain at all. These statements came before the demonstration.
Senator Mike Mansfield, of Montang, the Senate Democratic leader, said he could not say whether the mass protest would speed the legislation, which faces a filibuster by Southerners.
Senator Everett McKinley Dirksen of Illinois, the Republican leader, said he thought the demonstration would be neither an advantage nor a disadvantage to the prospects for the civil rights bill.
The human tide that swept over the Mall between the shrines of Washington and Lincoln fell back faster than it came on As soon as the ceremony broke up this afternoon, the exodus began. With astounding speed, the last buses and trains cleared the city by midevening.
At 9 P.M. the city was as calm as the waters of the Reflecting Pool between the two memorials.
At the Lincoln Memorial early in the afternoon, in the midst of a songfest before the addresses, Josephine Baker, the singer, who had flown from her home in Paris, said to the thousands stretching down both sides of the Reflecting Pool:
"You are on the eve of a complete victory. You can't go wrong. The world is behind you."
Miss Baker said, as if she saw a dream coming true before her eyes, that "this is the happiest day of my life."
But of all the 10 leaders of the march on Washington who followed her, only the Rev. Dr. Martin Luther King Jr., president of the Southern Christian Leadership Conference, saw that dream so hopefully.
The other leaders, except for the three clergymen among the 10, concentrated on the struggle ahead and spoke in tough, even harsh, language.
But paradoxically it was King--who had suffered perhaps most of all--who ignited the crowd with words that might have been written by the sad, brooding man enshrined within.
As he arose, a great roar welled up from the crowd. When he started to speak, a hush fell.

"Even though we face the difficulties of today and tomorrow, I still have a dream," he said.
"It is a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: 'We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal.'"
Dream of Brotherhood
"I have a dream..." The vast throng listening intently to him roared.
"...that one day on the red hills of Georgia, the sons of former slaves and the sons of former slave-owners will be able to sit together at the table of brotherhood.
"I have a dream..." The crowd roared.
"...that one day even the State of Mississippi, a state sweltering with the heat of injustice, sweltering with the heat of oppression, will be transformed into an oasis of freedom and justice.
"I have a dream..." The crowd roared.
"...that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character.
"I have a dream..." The crowd roared.
"...that one day every valley shall be exalted, every hill and mountain shall be made low, the rough places will be made plain, and the crooked places will be made straight, and the glory of the Lord shall be revealed and all flesh shall see it together."
As Dr. King concluded with a quotation from a Negro hymn- "Free at last, free at last, thank God almighty"- the crowd, recognizing that he was finishing, roared once again and waved their signs and pennants.
But the civil rights leaders, who knew the strength of the forces arrayed against them from past battles, knew also that a hard struggle lay ahead. The tone of their speeches was frequently militant.
Roy Wilkins, executive secretary of the National Association for the Advancement of Colored People, made a plan that he and his colleagues thought the President's civil rights still did not go nearly far enough. He said:
"The President's proposals represent so moderate an approach that if any one is weakened or eliminated, the remainder will be little more than sugar water. Indeed, the package needs strengthening."
Harshest of all the speakers was John Lewis, chairman of the Student Nonviolent Coordinating Committee.
"My friends," he said, "Let us not forget that we are involved in a serious social revolution. But by and large American politics is dominated by politicians who build their career on immoral compromising and ally themselves with open forums of political, economic and social exploitation."
He concluded:
"They're talking about slowdown and stop. We will not stop.
"If we do not get meaningful legislation out of this Congress, the time will come when we will not confine our marching to Washington. We will march through the South, through the streets of Jackson, through the streets of Danville, through the streets of Cambridge, through the streets of Birmingham.
"But we will march with the spirit of love and the spirit of dignity that we have shown here today."
In the original text of the speech, distributed last night, Mr. Lewis said:
"We will not wait for the President, the Justice Department, nor the Congress, but we will take matters into our own hands and create a source of power, outside of any national structure, that could and would assure us a victory."
He also said in the original text that "we will march through the South, through the heart of Dixis, the way Sherman did."
It was understood that at least the last of these statements was changed as a result of a protest by the Most Rev. Patrick J. O'Boyle, Roman Catholic Archbishop of Washington, who refused to give the invocation if the offending words were spoken by Mr. Lewis.
The great day really began the night before. As a half moon rose over the lagoon by the Jefferson Memorial and the tall lighted shaft of the Washington Monument gleamed in the reflecting pool, a file of Negroes from out of town began climbing the steps of the Lincoln Memorial.
There, while the carpenters nailed the last planks on the television platforms for the next day the TV technicians called through the loudspeakers, "Final audio, one, two, three, four," a middle-aged Negro couple, the man's arm around the shoulders of his plump wife, stood and read with their lips:
"If we shall suppose that American slavery is one of the offenses which in the providence of God must needs come, but which having continued through His appointed time, He now wills to remove..."
The day dawned clear and cool. At 7 A.M. the town had a Sunday appearance, except for the shuttle buses drawn up in front of Union Station, waiting.
By 10 A. M. there were 40,000 on the slopes around the Washington Monument. An hour later the police estimated the crowd at 90,000. And still they poured in.
Because some things went wrong at the monument, everything was right. Most of the stage and screen celebrities from New York and Hollywood who were scheduled to begin entertaining the crowd at 10 did not arrive at the airport until 11:15.
As a result the whole affair at the monument grounds began to take on the spontaneity of a church picnic. Even before the entertainment was to begin, groups of high school students were singing with wonderful improvisations and hand-clapping all over the monument slope.
Civil rights demonstrators who had been released from jail in Danville, Va., were singing:
"Move on, move on. Till all the world is free."
And members of Local 144 of the Hotel and Allied Service Employes Union from New York City, an integrated local since 1950, were stomping:
"Oh, freedom, we shall not, we shall not be moved, Just like a tree that's planted by the water."
Then the pros took over, starting with the folk singers. The crowd joined in with them.
Joan Baez started things rolling with "the song" - "We Shall Overcome."
"Oh deep in my heart I do believe We shall overcome some day."
And Peter, Paul, and Mary sang "How many times must a man look up before he can see the sky."
And Odetta's great, full-throated voice carried almost to Capitol Hill: "If they ask you who you are, tell them you're a child of God."
Jackie Robinson told the crowd that "we cannot be turned back," and Norman Thomas, the venerable Socialist, said: "I'm glad I lived long enough to see this day."
The march to the Lincoln Memorial was supposed to start at 11:30, behind the leaders. But at 11:20 it set off spontaneously down Constitution Avenue behind the Kenilworth Knights, a local drum and bugle corps dazzling in yellow silk blazers, green trousers and green berets.
Apparently forgotten was the intention to make the march to the Lincoln Memorial a solemn tribute to Medgar W. Evers, N.A.A.C.P. official murdered in Jackson, Miss., last June 12, and others who had died for the cause of civil rights.
The leaders were lost, and they never did get to the head of the parade.
The leaders included also Walter P. Reuther, head of the United Automobile Workers; A. Philip Randolph, head of the American Negro Labor Council; the Rev. Dr. Eugene Carson Blake, vice chairman of the Commission on Religion and Race of the National Council of Churches; Mathew Ahmann, executive director of the National Catholic Conference for Interracial Justice; Rabbi Joachim Prinz, president of the American Jewish Congress; Whitney M. Young Jr., executive director of the National Urban League, and James Farmer, president of the Congress of Racial Equality.
All spoke at the memorial except Mr. Farmer, who is in jail in Louisiana following his arrest as a result of a civil rights demonstration. His speech was read by Floyd B. McKissick, CORE national chairman.
At the close of the ceremonies at the Lincoln Memorial, Bayard Rustin, the organizer of the march, asked Mr. Randolph, who conceived it , to lead the vast throng in a pledge.
Repeating after Mr. Randolph, the marchers pledged "complete personal commitment to the struggle for jobs and freedom for Americans" and "to carry the message of the march to my friends and neighbors back home and arouse them to an equal commitment and an equal effort."
RELATED HEADLINES
President Meets March Leaders: Says Bipartisan Support Is Needed for Rights Bill
'I Have a Dream...': Peroration by Dr. King Sums Up a Day the Capital Will Remember
Congress Cordial but Not Swayed: Leaders of March Pay Calls of Courtesy at Capitol
Capital Is Occupied by a Gentle Army

200,000 March for Civil Rights in Orderly Washington Rally; President Sees Gain for Negro
By E. W. KENSWORTHY
Special to THE NEW YORK TIMES
ACTION ASKED NOW 10 Leaders of Protest Urge Laws to End Racial Inequity
Washington, Aug. 28 -- More than 200,000 Americans, most of them black but many of them white, demonstrated here today for a full and speedy program of civil rights and equal job opportunities.
It was the greatest assembly for a redress of grievances that this capital has ever seen.
One hundred years and 240 days after Abraham Lincoln enjoined the emancipated slaves to "abstain from all violence" and "labor faithfully for reasonable wages," this vast throng proclaimed in march and song and through the speeches of their leaders that they were still waiting for the freedom and the jobs.
Children Clap and Sing
There was no violence to mar the demonstration. In fact, at times there was an air of hootenanny about it as groups of schoolchildren clapped hands and swung into the familiar freedom songs.
But if the crowd was good-natured, the underlying tone was one of dead seriousness. The emphasis was on "freedom" and "now." At the same time the leaders emphasized, paradoxically but realistically, that the struggle was just beginning.
On Capitol Hill, opinion was divided about the impact of the demonstration in stimulating Congressional action on civil rights legislation. But at the White House, President Kennedy declared that the cause of 20,000,000 Negroes had been advanced by the march.
The march leaders went from the shadows of the Lincoln Memorial to the White House to meet with the President for 75 minutes. Afterward, Mr. Kennedy issued a 400-word statement praising the marchers for the "deep fervor and the quiet dignity" that had characterized the demonstration.
Says Nation Can Be Proud
The nation, the President said, "can properly be proud of the demonstration that has occurred here today."
The main target of the demonstration was Congress, where committees are now considering the Administration's civil rights bill.
At the Lincoln Memorial this afternoon, some speakers, knowing little of the way of Congress, assumed that the passage of a strengthened civil rights bill had been assured by the moving events of the day.
But from statements by Congressional leaders, after they had met with the march committee this morning, this did not seem certain at all. These statements came before the demonstration.
Senator Mike Mansfield, of Montang, the Senate Democratic leader, said he could not say whether the mass protest would speed the legislation, which faces a filibuster by Southerners.
Senator Everett McKinley Dirksen of Illinois, the Republican leader, said he thought the demonstration would be neither an advantage nor a disadvantage to the prospects for the civil rights bill.
The human tide that swept over the Mall between the shrines of Washington and Lincoln fell back faster than it came on As soon as the ceremony broke up this afternoon, the exodus began. With astounding speed, the last buses and trains cleared the city by midevening.
At 9 P.M. the city was as calm as the waters of the Reflecting Pool between the two memorials.
At the Lincoln Memorial early in the afternoon, in the midst of a songfest before the addresses, Josephine Baker, the singer, who had flown from her home in Paris, said to the thousands stretching down both sides of the Reflecting Pool:
"You are on the eve of a complete victory. You can't go wrong. The world is behind you."
Miss Baker said, as if she saw a dream coming true before her eyes, that "this is the happiest day of my life."
But of all the 10 leaders of the march on Washington who followed her, only the Rev. Dr. Martin Luther King Jr., president of the Southern Christian Leadership Conference, saw that dream so hopefully.
The other leaders, except for the three clergymen among the 10, concentrated on the struggle ahead and spoke in tough, even harsh, language.
But paradoxically it was King--who had suffered perhaps most of all--who ignited the crowd with words that might have been written by the sad, brooding man enshrined within.
As he arose, a great roar welled up from the crowd. When he started to speak, a hush fell.

"Even though we face the difficulties of today and tomorrow, I still have a dream," he said.
"It is a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: 'We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal.'"
Dream of Brotherhood
"I have a dream..." The vast throng listening intently to him roared.
"...that one day on the red hills of Georgia, the sons of former slaves and the sons of former slave-owners will be able to sit together at the table of brotherhood.
"I have a dream..." The crowd roared.
"...that one day even the State of Mississippi, a state sweltering with the heat of injustice, sweltering with the heat of oppression, will be transformed into an oasis of freedom and justice.
"I have a dream..." The crowd roared.
"...that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character.
"I have a dream..." The crowd roared.
"...that one day every valley shall be exalted, every hill and mountain shall be made low, the rough places will be made plain, and the crooked places will be made straight, and the glory of the Lord shall be revealed and all flesh shall see it together."
As Dr. King concluded with a quotation from a Negro hymn- "Free at last, free at last, thank God almighty"- the crowd, recognizing that he was finishing, roared once again and waved their signs and pennants.
But the civil rights leaders, who knew the strength of the forces arrayed against them from past battles, knew also that a hard struggle lay ahead. The tone of their speeches was frequently militant.
Roy Wilkins, executive secretary of the National Association for the Advancement of Colored People, made a plan that he and his colleagues thought the President's civil rights still did not go nearly far enough. He said:
"The President's proposals represent so moderate an approach that if any one is weakened or eliminated, the remainder will be little more than sugar water. Indeed, the package needs strengthening."
Harshest of all the speakers was John Lewis, chairman of the Student Nonviolent Coordinating Committee.
"My friends," he said, "Let us not forget that we are involved in a serious social revolution. But by and large American politics is dominated by politicians who build their career on immoral compromising and ally themselves with open forums of political, economic and social exploitation."
He concluded:
"They're talking about slowdown and stop. We will not stop.
"If we do not get meaningful legislation out of this Congress, the time will come when we will not confine our marching to Washington. We will march through the South, through the streets of Jackson, through the streets of Danville, through the streets of Cambridge, through the streets of Birmingham.
"But we will march with the spirit of love and the spirit of dignity that we have shown here today."
In the original text of the speech, distributed last night, Mr. Lewis said:
"We will not wait for the President, the Justice Department, nor the Congress, but we will take matters into our own hands and create a source of power, outside of any national structure, that could and would assure us a victory."
He also said in the original text that "we will march through the South, through the heart of Dixis, the way Sherman did."
It was understood that at least the last of these statements was changed as a result of a protest by the Most Rev. Patrick J. O'Boyle, Roman Catholic Archbishop of Washington, who refused to give the invocation if the offending words were spoken by Mr. Lewis.
The great day really began the night before. As a half moon rose over the lagoon by the Jefferson Memorial and the tall lighted shaft of the Washington Monument gleamed in the reflecting pool, a file of Negroes from out of town began climbing the steps of the Lincoln Memorial.
There, while the carpenters nailed the last planks on the television platforms for the next day the TV technicians called through the loudspeakers, "Final audio, one, two, three, four," a middle-aged Negro couple, the man's arm around the shoulders of his plump wife, stood and read with their lips:
"If we shall suppose that American slavery is one of the offenses which in the providence of God must needs come, but which having continued through His appointed time, He now wills to remove..."
The day dawned clear and cool. At 7 A.M. the town had a Sunday appearance, except for the shuttle buses drawn up in front of Union Station, waiting.
By 10 A. M. there were 40,000 on the slopes around the Washington Monument. An hour later the police estimated the crowd at 90,000. And still they poured in.
Because some things went wrong at the monument, everything was right. Most of the stage and screen celebrities from New York and Hollywood who were scheduled to begin entertaining the crowd at 10 did not arrive at the airport until 11:15.
As a result the whole affair at the monument grounds began to take on the spontaneity of a church picnic. Even before the entertainment was to begin, groups of high school students were singing with wonderful improvisations and hand-clapping all over the monument slope.
Civil rights demonstrators who had been released from jail in Danville, Va., were singing:
"Move on, move on. Till all the world is free."
And members of Local 144 of the Hotel and Allied Service Employes Union from New York City, an integrated local since 1950, were stomping:
"Oh, freedom, we shall not, we shall not be moved, Just like a tree that's planted by the water."
Then the pros took over, starting with the folk singers. The crowd joined in with them.
Joan Baez started things rolling with "the song" - "We Shall Overcome."
"Oh deep in my heart I do believe We shall overcome some day."
And Peter, Paul, and Mary sang "How many times must a man look up before he can see the sky."
And Odetta's great, full-throated voice carried almost to Capitol Hill: "If they ask you who you are, tell them you're a child of God."
Jackie Robinson told the crowd that "we cannot be turned back," and Norman Thomas, the venerable Socialist, said: "I'm glad I lived long enough to see this day."
The march to the Lincoln Memorial was supposed to start at 11:30, behind the leaders. But at 11:20 it set off spontaneously down Constitution Avenue behind the Kenilworth Knights, a local drum and bugle corps dazzling in yellow silk blazers, green trousers and green berets.
Apparently forgotten was the intention to make the march to the Lincoln Memorial a solemn tribute to Medgar W. Evers, N.A.A.C.P. official murdered in Jackson, Miss., last June 12, and others who had died for the cause of civil rights.
The leaders were lost, and they never did get to the head of the parade.
The leaders included also Walter P. Reuther, head of the United Automobile Workers; A. Philip Randolph, head of the American Negro Labor Council; the Rev. Dr. Eugene Carson Blake, vice chairman of the Commission on Religion and Race of the National Council of Churches; Mathew Ahmann, executive director of the National Catholic Conference for Interracial Justice; Rabbi Joachim Prinz, president of the American Jewish Congress; Whitney M. Young Jr., executive director of the National Urban League, and James Farmer, president of the Congress of Racial Equality.
All spoke at the memorial except Mr. Farmer, who is in jail in Louisiana following his arrest as a result of a civil rights demonstration. His speech was read by Floyd B. McKissick, CORE national chairman.
At the close of the ceremonies at the Lincoln Memorial, Bayard Rustin, the organizer of the march, asked Mr. Randolph, who conceived it , to lead the vast throng in a pledge.
Repeating after Mr. Randolph, the marchers pledged "complete personal commitment to the struggle for jobs and freedom for Americans" and "to carry the message of the march to my friends and neighbors back home and arouse them to an equal commitment and an equal effort."
RELATED HEADLINES
President Meets March Leaders: Says Bipartisan Support Is Needed for Rights Bill
'I Have a Dream...': Peroration by Dr. King Sums Up a Day the Capital Will Remember
Congress Cordial but Not Swayed: Leaders of March Pay Calls of Courtesy at Capitol
Capital Is Occupied by a Gentle Army
A frase do dia, talvez do ano, provavelmente de varios anos...
Nada é mais terrível do que uma ignorância ativa.
Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)
Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)
Governo Lula: tambem existem outros balancos
O legado explosivo de Lula
Editorial do Estado de São Paulo, 28.08.2010
Quem suceder ao presidente Lula encontrará um legado difícil de carregar - Tesouro mais endividado, mais custeio engessando o orçamento, compromissos pesados e de retorno duvidoso e um buraco crescente nas contas externas. Em julho o superávit primário do setor público ficou em apenas R$ 2,45 bilhões, o resultado fiscal foi o pior para o mês em nove anos e o quadro não deverá mudar muito nos próximos meses. Sem a popularidade e o carisma do antecessor, o próximo presidente precisará tomar medidas severas, se quiser arrumar os fundamentos da economia. Se o Brasil ainda estiver crescendo, isso facilitará seu trabalho. Mas Estados Unidos e a maior parte da Europa continuarão derrapando na crise, o dinamismo chinês poderá ser menor e o mercado global será bem menos hospitaleiro do que o foi até o começo da recessão. Durante seis anos o presidente Luiz Inácio Lula da Silva governou com vento a favor na economia global. Quem o substituir não terá essa bênção.
Quem vencer a eleição deverá negociar o novo salário mínimo com as centrais sindicais. A negociação incluirá o aumento das aposentadorias superiores ao salário básico. A recessão de 2009 não será levada em conta nos cálculos. Esse presente para o novo governo foi incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O presidente Lula preferiu não vetar esses dispositivos, mas vetou outros 25 pontos politicamente menos complicados. O próximo orçamento será sobrecarregado também de aumentos salariais concedidos antes da tramitação do projeto da LDO. Essas e outras bondades tornarão mais inflexível o Orçamento-Geral da União (OGU).
Além disso, as contas públicas estarão comprometidas com despesas vinculadas à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) participará do financiamento de vários projetos, possivelmente incluído o do trem-bala. O custo desta obra ainda é desconhecido e as estimativas oscilam entre R$ 33 bilhões e R$ 40 bilhões. Como os projetos da Copa estão atrasados, o Tesouro Nacional poderá ser forçado a intervir para evitar um fiasco internacional. Ninguém sabe quanto dinheiro público essa aventura consumirá.
Comprometido com a capitalização da Petrobrás, o governo precisará emitir mais títulos. O valor dos papéis dependerá do preço dos 5 bilhões de barris de petróleo correspondentes à parcela da União no aumento de capital da empresa.
Os ministros da área econômica haviam traçado um roteiro para eliminar até 2012 o déficit nominal das contas públicas, isto é, para equilibrar de forma completa receitas e despesas. Há poucas semanas, o Ministério da Fazenda anunciou uma revisão do plano: o prazo, agora, estende-se até o fim de 2014.
Mesmo esse prazo parece otimista, agora, quando se considera o peso dos compromissos assumidos pelo governo com os financiamentos a empresas via BNDES, com a Copa, com a Olimpíada, com a exploração do pré-sal, com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e, é claro, com os programas sociais. Some-se ainda o inchaço da folha de pessoal, agravado pelas contratações do ano passado, e dos encargos da Previdência.
Para completar, o País gastou com importações neste ano, até julho, 45,1% mais do que um ano antes e exportou 27% mais. O descompasso tende a persistir. O superávit comercial encolhe com rapidez. O déficit em conta corrente chegou a US$ 43,8 bilhões em 12 meses e poderá alcançar uns US$ 50 bilhões em 2010. Para 2011 a previsão fica em torno de US$ 60 bilhões. Não há risco imediato de crise cambial, mas as contas deterioram com rapidez e o quadro externo aumenta a preocupação.
A resposta mais óbvia e mais prudente é a adoção de uma séria política de competitividade, com reforma dos impostos, aumento do crédito aos exportadores e investimentos urgentes na infraestrutura.
A precária situação das contas públicas tornará essa tarefa muito mais difícil. Esse trabalho ainda será prejudicado pela baixa qualidade gerencial do setor público - parte das bombas deixadas por Lula ao próximo governo.
==============
Crescendo. O gráfico mostra como evolui a dívida bruta do governo federal.

Líquida ou bruta? Até recentemente, foi mais usado o conceito de dívida líquida, em que eram descontados os créditos. Mas desde 2004, as condições da dívida estão ficando piores do que as do crédito. Quando compra dólares (aumenta o crédito), o Banco Central emite títulos para enxugar o excesso de reais (aumenta a dívida). Só que os juros da dívida em reais são maiores do que os do crédito em dólares e pressionam a dívida bruta.
(Celso Ming, 26/08/2010)
Editorial do Estado de São Paulo, 28.08.2010
Quem suceder ao presidente Lula encontrará um legado difícil de carregar - Tesouro mais endividado, mais custeio engessando o orçamento, compromissos pesados e de retorno duvidoso e um buraco crescente nas contas externas. Em julho o superávit primário do setor público ficou em apenas R$ 2,45 bilhões, o resultado fiscal foi o pior para o mês em nove anos e o quadro não deverá mudar muito nos próximos meses. Sem a popularidade e o carisma do antecessor, o próximo presidente precisará tomar medidas severas, se quiser arrumar os fundamentos da economia. Se o Brasil ainda estiver crescendo, isso facilitará seu trabalho. Mas Estados Unidos e a maior parte da Europa continuarão derrapando na crise, o dinamismo chinês poderá ser menor e o mercado global será bem menos hospitaleiro do que o foi até o começo da recessão. Durante seis anos o presidente Luiz Inácio Lula da Silva governou com vento a favor na economia global. Quem o substituir não terá essa bênção.
Quem vencer a eleição deverá negociar o novo salário mínimo com as centrais sindicais. A negociação incluirá o aumento das aposentadorias superiores ao salário básico. A recessão de 2009 não será levada em conta nos cálculos. Esse presente para o novo governo foi incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O presidente Lula preferiu não vetar esses dispositivos, mas vetou outros 25 pontos politicamente menos complicados. O próximo orçamento será sobrecarregado também de aumentos salariais concedidos antes da tramitação do projeto da LDO. Essas e outras bondades tornarão mais inflexível o Orçamento-Geral da União (OGU).
Além disso, as contas públicas estarão comprometidas com despesas vinculadas à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) participará do financiamento de vários projetos, possivelmente incluído o do trem-bala. O custo desta obra ainda é desconhecido e as estimativas oscilam entre R$ 33 bilhões e R$ 40 bilhões. Como os projetos da Copa estão atrasados, o Tesouro Nacional poderá ser forçado a intervir para evitar um fiasco internacional. Ninguém sabe quanto dinheiro público essa aventura consumirá.
Comprometido com a capitalização da Petrobrás, o governo precisará emitir mais títulos. O valor dos papéis dependerá do preço dos 5 bilhões de barris de petróleo correspondentes à parcela da União no aumento de capital da empresa.
Os ministros da área econômica haviam traçado um roteiro para eliminar até 2012 o déficit nominal das contas públicas, isto é, para equilibrar de forma completa receitas e despesas. Há poucas semanas, o Ministério da Fazenda anunciou uma revisão do plano: o prazo, agora, estende-se até o fim de 2014.
Mesmo esse prazo parece otimista, agora, quando se considera o peso dos compromissos assumidos pelo governo com os financiamentos a empresas via BNDES, com a Copa, com a Olimpíada, com a exploração do pré-sal, com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e, é claro, com os programas sociais. Some-se ainda o inchaço da folha de pessoal, agravado pelas contratações do ano passado, e dos encargos da Previdência.
Para completar, o País gastou com importações neste ano, até julho, 45,1% mais do que um ano antes e exportou 27% mais. O descompasso tende a persistir. O superávit comercial encolhe com rapidez. O déficit em conta corrente chegou a US$ 43,8 bilhões em 12 meses e poderá alcançar uns US$ 50 bilhões em 2010. Para 2011 a previsão fica em torno de US$ 60 bilhões. Não há risco imediato de crise cambial, mas as contas deterioram com rapidez e o quadro externo aumenta a preocupação.
A resposta mais óbvia e mais prudente é a adoção de uma séria política de competitividade, com reforma dos impostos, aumento do crédito aos exportadores e investimentos urgentes na infraestrutura.
A precária situação das contas públicas tornará essa tarefa muito mais difícil. Esse trabalho ainda será prejudicado pela baixa qualidade gerencial do setor público - parte das bombas deixadas por Lula ao próximo governo.
==============
Crescendo. O gráfico mostra como evolui a dívida bruta do governo federal.

Líquida ou bruta? Até recentemente, foi mais usado o conceito de dívida líquida, em que eram descontados os créditos. Mas desde 2004, as condições da dívida estão ficando piores do que as do crédito. Quando compra dólares (aumenta o crédito), o Banco Central emite títulos para enxugar o excesso de reais (aumenta a dívida). Só que os juros da dívida em reais são maiores do que os do crédito em dólares e pressionam a dívida bruta.
(Celso Ming, 26/08/2010)
Diplomacia de Lula: comecam os balancos
ÉPOCA Debate: O papel de nossa diplomacia
Juliano Machado, com Leonel Rocha, Alberto Bombig e Carlos Giffoni
Revista Época, Sábado, 28 de agosto de 2010
Viagens internacionais não eram algo corriqueiro na rotina de um presidente da República décadas atrás. Quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso somou, entre 1995 e 2002, 347 dias fora do Brasil, isso parecia um exagero para muitos. Pois o presidente Luiz Inácio Lula da Silva superou o recorde de FHC em abril do ano passado, faltando 20 meses para terminar seu segundo mandato, e ninguém estranhou. No mesmo mês, durante a reunião do G20 em Londres, Lula foi chamado de “o cara” pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
As viagens de FHC e Lula são um sinal do crescente papel de destaque que o Brasil tem adquirido no cenário diplomático internacional. Com a liderança regional consolidada na América Latina, nossa diplomacia passou a reivindicar uma voz mais ativa entre antigas potências. Tal ascensão do Brasil trouxe algumas conquistas, como o comando bem-sucedido das operações das Nações Unidas no Haiti. Mas também gerou frutos negativos – entre os principais, o desastrado abrigo dado pela embaixada brasileira em Honduras ao presidente deposto, Manuel Zelaya, e o apoio às pretensões nucleares do Irã, em desafio à proposta de sanções, feita pelos Estados Unidos e pela Europa. A pouco mais de um mês das eleições, os dois principais candidatos, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), devem ter em mente tais questões. O Brasil deve manter a linha de “ativismo diplomático”? Será preciso marcar presença no Oriente Médio ou é melhor concentrar esforços nos conflitos em países que estão ao lado, como Venezuela ou Colômbia? Nossa diplomacia está agindo de acordo com nossa força e nosso peso internacional?
Essas são algumas das principais questões em pauta na quarta edição de ÉPOCA Debate, uma série de eventos que discutem os temas mais importantes na agenda do próximo presidente. O debate ocorrerá nesta terça-feira, na sede da Editora Globo (que publica ÉPOCA), em São Paulo. Estarão presentes Samuel Pinheiro Guimarães, ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e ex-secretário-geral do Itamaraty; Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos EUA e no Reino Unido; e Amaury de Souza, cientista político e autor do livro A agenda internacional do Brasil: a política externa brasileira de FHC a Lula.
Lula deixará em suspenso para seu sucessor a maioria das questões espinhosas em que o Itamaraty se envolveu recentemente. Durante a campanha, Serra criticou com dureza a pretensão brasileira de dialogar com o Irã. E fez repetidos ataques à condescendência do Brasil com o regime do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a guerrilha marxista que vive do tráfico de drogas. O vice de Serra, Indio da Costa (DEM), chegou a fazer uma associação direta entre o PT e o narcotráfico e acusou o partido de manter ligações com as Farc.
Serra ainda chamou de “frouxo” o presidente da Bolívia, Evo Morales, e afirmou que ele não combate com vigor o tráfico da cocaína que sai de lá para o Brasil. Para Amaury de Souza, os ataques tiveram lógica como estratégia eleitoral. “Serra tentou traduzir um problema externo, o narcotráfico boliviano e colombiano, para uma realidade doméstica, de aumento do vício e da criminalidade”, afirma Amaury. “Sua tentativa foi transformar a política externa em um tema de mais fácil compreensão para o eleitor comum.”
O comando da campanha de Serra diz que “suspenderá o apoio que o Brasil tem dado à Venezuela”. Em que pese a proximidade histórica entre o PT e várias correntes da esquerda latino-americana, a candidatura de Dilma afirma que sempre buscará condenar o narcotráfico e o terrorismo da guerrilha colombiana (leia abaixo a posição dos dois candidatos sobre os principais temas da política externa).
Se eleita, Dilma não deve mudar muito as diretrizes deixadas por Lula na diplomacia, mesmo com os atritos ainda não resolvidos. Um indício de continuidade foi a escolha do coordenador de seu plano de governo: Marco Aurélio Garcia, assessor internacional do presidente Lula. De férias do Palácio do Planalto para cuidar do programa de Dilma, ele é cotado para ocupar um ministério num possível governo. Se fosse convocado para o Itamaraty, segundo alguns diplomatas, Marco Aurélio não precisaria mais de “intermediários” para fazer política externa.
Marco Aurélio diz que Dilma não pretende abortar a tentativa do Brasil de negociar com o Irã nem a desajeitada oferta de mediar o conflito entre palestinos e israelenses. Ele projeta como eixo da política externa de Dilma o fortalecimento das relações com a América Latina. A promessa é fechar acordos binacionais e tocar obras para uma maior integração, principalmente nas áreas de transporte e energia. Está prevista uma estrada que ligará o Chile ao Rio Grande do Sul. Outra proposta é criar, com a Bolívia, uma empresa binacional para gerar e distribuir energia elétrica, nos mesmos moldes de Itaipu, a hidrelétrica administrada em parceria com o Paraguai. “É um verdadeiro PAC sul-americano”, diz Marco Aurélio, numa alusão ao programa nacional de obras seguidamente propagandeado por Lula e Dilma.
No discurso, tudo bem. Mas a promessa de relação mais próxima será cobrada rapidamente pelos líderes vizinhos, que vinham se sentindo desprestigiados em detrimento de outras incursões diplomáticas de Lula. Ainda há outros pontos de política externa sobre os quais tanto Dilma quanto Serra pouco se debruçaram. O ex-embaixador Barbosa afirma que o próximo presidente tem de dar mais atenção ao comércio exterior. “Não vi nenhuma proposta para centralizar as políticas de governo para o setor exportador”, diz. Presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, ele sugere que a Câmara de Comércio Exterior, órgão atualmente vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, responda diretamente à Presidência. A campanha de Dilma fala em reforçar os negócios com os países africanos. É uma tendência já observada no mandato de Lula, a ponto de o chanceler Celso Amorim ter justificado com a frase “negócios são negócios” o encontro do presidente com Teodoro Mbasogo, acusado de violar direitos humanos em Guiné Equatorial, país rico em petróleo. Marco Aurélio diz que Dilma não “desprezará” parceiros como EUA e União Europeia.
A “diplomacia presidencial” de Lula, apoiada no carisma, fez da política externa uma controvérsia pública
Nenhum candidato tem, hoje, o carisma de Lula para tocar uma “diplomacia presidencial”. É provável que o futuro presidente tenha de assimilar o funcionamento da política externa nos meandros do Itamaraty. Dilma teria mais facilidade. A ascensão de Lula levou antigos diplomatas a se afastar do ministério. É o caso de Roberto Abdenur, ex-embaixador em Washington, ou Marcos Azambuja, ex-secretário-geral do Itamaraty. O chanceler Celso Amorim e o ex-secretário-geral Samuel Pinheiro (que deixou o cargo no ano passado, por ter completado 70 anos, limite para aposentadoria) sempre foram simpáticos ao envolvimento do Brasil em assuntos outrora distantes para nossa diplomacia, ainda que isso afronte parceiros como os EUA.
Tal concepção foi construída sem que houvesse um foco de resistência claro dentro do ministério, seja porque os diplomatas se adaptaram à nova realidade ou porque preferiram não arriscar sua carreira com desgastes internos. Mas isso não quer dizer que não haja discordância interna quanto às recentes posições do Itamaraty. Boa parte dos diplomatas lotados em Brasília viu como um erro o apoio dado ao presidente deposto Manuel Zelaya em Honduras. No caso do Irã, as opiniões se dividiram entre os que prezaram a busca pelo diálogo e os que entenderam a movimentação brasileira apenas como um ato de megalomania. O nível de satisfação do corpo diplomático varia muito de acordo com os interesses pessoais: quem lidava com os países africanos antes de Lula certamente se sentiu valorizado, assim como quem era responsável, nos anos de FHC, pela negociação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) – abandonada pelo PT – perdeu espaço na gestão atual.
A condução da diplomacia por Lula, embora bastante contestada, teve o mérito de colocar a política externa num nível de discussão que não se conhecia no Brasil. “Aquele isolamento do Itamaraty não existe mais. O debate ganhou mais corpo na opinião pública”, diz Amaury. Transformar esse interesse crescente em ganhos concretos para o Brasil será o maior desafio de quem assumir o Planalto a partir de janeiro.
Juliano Machado, com Leonel Rocha, Alberto Bombig e Carlos Giffoni
Revista Época, Sábado, 28 de agosto de 2010
Viagens internacionais não eram algo corriqueiro na rotina de um presidente da República décadas atrás. Quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso somou, entre 1995 e 2002, 347 dias fora do Brasil, isso parecia um exagero para muitos. Pois o presidente Luiz Inácio Lula da Silva superou o recorde de FHC em abril do ano passado, faltando 20 meses para terminar seu segundo mandato, e ninguém estranhou. No mesmo mês, durante a reunião do G20 em Londres, Lula foi chamado de “o cara” pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
As viagens de FHC e Lula são um sinal do crescente papel de destaque que o Brasil tem adquirido no cenário diplomático internacional. Com a liderança regional consolidada na América Latina, nossa diplomacia passou a reivindicar uma voz mais ativa entre antigas potências. Tal ascensão do Brasil trouxe algumas conquistas, como o comando bem-sucedido das operações das Nações Unidas no Haiti. Mas também gerou frutos negativos – entre os principais, o desastrado abrigo dado pela embaixada brasileira em Honduras ao presidente deposto, Manuel Zelaya, e o apoio às pretensões nucleares do Irã, em desafio à proposta de sanções, feita pelos Estados Unidos e pela Europa. A pouco mais de um mês das eleições, os dois principais candidatos, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), devem ter em mente tais questões. O Brasil deve manter a linha de “ativismo diplomático”? Será preciso marcar presença no Oriente Médio ou é melhor concentrar esforços nos conflitos em países que estão ao lado, como Venezuela ou Colômbia? Nossa diplomacia está agindo de acordo com nossa força e nosso peso internacional?
Essas são algumas das principais questões em pauta na quarta edição de ÉPOCA Debate, uma série de eventos que discutem os temas mais importantes na agenda do próximo presidente. O debate ocorrerá nesta terça-feira, na sede da Editora Globo (que publica ÉPOCA), em São Paulo. Estarão presentes Samuel Pinheiro Guimarães, ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e ex-secretário-geral do Itamaraty; Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos EUA e no Reino Unido; e Amaury de Souza, cientista político e autor do livro A agenda internacional do Brasil: a política externa brasileira de FHC a Lula.
Lula deixará em suspenso para seu sucessor a maioria das questões espinhosas em que o Itamaraty se envolveu recentemente. Durante a campanha, Serra criticou com dureza a pretensão brasileira de dialogar com o Irã. E fez repetidos ataques à condescendência do Brasil com o regime do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a guerrilha marxista que vive do tráfico de drogas. O vice de Serra, Indio da Costa (DEM), chegou a fazer uma associação direta entre o PT e o narcotráfico e acusou o partido de manter ligações com as Farc.
Serra ainda chamou de “frouxo” o presidente da Bolívia, Evo Morales, e afirmou que ele não combate com vigor o tráfico da cocaína que sai de lá para o Brasil. Para Amaury de Souza, os ataques tiveram lógica como estratégia eleitoral. “Serra tentou traduzir um problema externo, o narcotráfico boliviano e colombiano, para uma realidade doméstica, de aumento do vício e da criminalidade”, afirma Amaury. “Sua tentativa foi transformar a política externa em um tema de mais fácil compreensão para o eleitor comum.”
O comando da campanha de Serra diz que “suspenderá o apoio que o Brasil tem dado à Venezuela”. Em que pese a proximidade histórica entre o PT e várias correntes da esquerda latino-americana, a candidatura de Dilma afirma que sempre buscará condenar o narcotráfico e o terrorismo da guerrilha colombiana (leia abaixo a posição dos dois candidatos sobre os principais temas da política externa).
Se eleita, Dilma não deve mudar muito as diretrizes deixadas por Lula na diplomacia, mesmo com os atritos ainda não resolvidos. Um indício de continuidade foi a escolha do coordenador de seu plano de governo: Marco Aurélio Garcia, assessor internacional do presidente Lula. De férias do Palácio do Planalto para cuidar do programa de Dilma, ele é cotado para ocupar um ministério num possível governo. Se fosse convocado para o Itamaraty, segundo alguns diplomatas, Marco Aurélio não precisaria mais de “intermediários” para fazer política externa.
Marco Aurélio diz que Dilma não pretende abortar a tentativa do Brasil de negociar com o Irã nem a desajeitada oferta de mediar o conflito entre palestinos e israelenses. Ele projeta como eixo da política externa de Dilma o fortalecimento das relações com a América Latina. A promessa é fechar acordos binacionais e tocar obras para uma maior integração, principalmente nas áreas de transporte e energia. Está prevista uma estrada que ligará o Chile ao Rio Grande do Sul. Outra proposta é criar, com a Bolívia, uma empresa binacional para gerar e distribuir energia elétrica, nos mesmos moldes de Itaipu, a hidrelétrica administrada em parceria com o Paraguai. “É um verdadeiro PAC sul-americano”, diz Marco Aurélio, numa alusão ao programa nacional de obras seguidamente propagandeado por Lula e Dilma.
No discurso, tudo bem. Mas a promessa de relação mais próxima será cobrada rapidamente pelos líderes vizinhos, que vinham se sentindo desprestigiados em detrimento de outras incursões diplomáticas de Lula. Ainda há outros pontos de política externa sobre os quais tanto Dilma quanto Serra pouco se debruçaram. O ex-embaixador Barbosa afirma que o próximo presidente tem de dar mais atenção ao comércio exterior. “Não vi nenhuma proposta para centralizar as políticas de governo para o setor exportador”, diz. Presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, ele sugere que a Câmara de Comércio Exterior, órgão atualmente vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, responda diretamente à Presidência. A campanha de Dilma fala em reforçar os negócios com os países africanos. É uma tendência já observada no mandato de Lula, a ponto de o chanceler Celso Amorim ter justificado com a frase “negócios são negócios” o encontro do presidente com Teodoro Mbasogo, acusado de violar direitos humanos em Guiné Equatorial, país rico em petróleo. Marco Aurélio diz que Dilma não “desprezará” parceiros como EUA e União Europeia.
A “diplomacia presidencial” de Lula, apoiada no carisma, fez da política externa uma controvérsia pública
Nenhum candidato tem, hoje, o carisma de Lula para tocar uma “diplomacia presidencial”. É provável que o futuro presidente tenha de assimilar o funcionamento da política externa nos meandros do Itamaraty. Dilma teria mais facilidade. A ascensão de Lula levou antigos diplomatas a se afastar do ministério. É o caso de Roberto Abdenur, ex-embaixador em Washington, ou Marcos Azambuja, ex-secretário-geral do Itamaraty. O chanceler Celso Amorim e o ex-secretário-geral Samuel Pinheiro (que deixou o cargo no ano passado, por ter completado 70 anos, limite para aposentadoria) sempre foram simpáticos ao envolvimento do Brasil em assuntos outrora distantes para nossa diplomacia, ainda que isso afronte parceiros como os EUA.
Tal concepção foi construída sem que houvesse um foco de resistência claro dentro do ministério, seja porque os diplomatas se adaptaram à nova realidade ou porque preferiram não arriscar sua carreira com desgastes internos. Mas isso não quer dizer que não haja discordância interna quanto às recentes posições do Itamaraty. Boa parte dos diplomatas lotados em Brasília viu como um erro o apoio dado ao presidente deposto Manuel Zelaya em Honduras. No caso do Irã, as opiniões se dividiram entre os que prezaram a busca pelo diálogo e os que entenderam a movimentação brasileira apenas como um ato de megalomania. O nível de satisfação do corpo diplomático varia muito de acordo com os interesses pessoais: quem lidava com os países africanos antes de Lula certamente se sentiu valorizado, assim como quem era responsável, nos anos de FHC, pela negociação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) – abandonada pelo PT – perdeu espaço na gestão atual.
A condução da diplomacia por Lula, embora bastante contestada, teve o mérito de colocar a política externa num nível de discussão que não se conhecia no Brasil. “Aquele isolamento do Itamaraty não existe mais. O debate ganhou mais corpo na opinião pública”, diz Amaury. Transformar esse interesse crescente em ganhos concretos para o Brasil será o maior desafio de quem assumir o Planalto a partir de janeiro.
Petrobras e pre-sal: algumas acusacoes
Não sou responsável pelas acusações abaixo, e as transcrevo com o mesmo espírito com que transcrevi o artigo postado abaixo sobre o pré-sal. Informação e discussão de um assunto público relevante.
Não conheço seu autor, mas o material me foi encaminhado por pessoa de confiança.
Acredito que cabe à companhia responder às acusações, que, por serem de natureza política, não são menos reais e tocam em problemas concretos.
Paulo Roberto de Almeida
Petrobras à Deriva
Anônimo
26 de agosto de 2010
Aparelhada pelos petistas de alto a baixo, a dívida líquida da mega empresa preocupa os especialistas, e o governo pretende capitalizá-la oferecendo barris de óleo do pré-sal, cuja extração está longe de ser viabilizada e cujo preço unitário é completamente desconhecido.
Temeroso do futuro da petrolífera brasileira, o maior investidor do mundo, vendeu todas as ações da empresa. Os papeis comuns da Petrobras representavam a maior participação de uma única empresa no fundo de Soros e valiam 405 milhões de dólares no primeiro trimestre de 2010. O fundo de Soros já foi o maior investidor privado individual na Petrobras. Do início do ano até ontem, as ações preferenciais da Petrobras desvalorizaram 23%.
DESMONTANDO A PETROBRAS - O uso irresponsável da estatal para fins políticos, pelo governo Lula, abrigando companheiros sem qualificação, em postos chaves da petrolífera, numa gestão, considerada pelos investidores como temerária, acabaram por desacreditar um dos maiores patrimônios brasileiros
As incertezas sobre a capitalização da Petrobras levaram o bilionário americano George Soros a se desfazer de todas as suas ações da estatal brasileira. Em relatório enviado à Securities and Exchange Comission (SEC, a comissão de valores mobiliários americana), o Soros Fund Management declarou que em 30 de junho não tinha mais nenhum papel da companhia em sua carteira.
O fundo de Soros já foi o maior investidor privado individual na Petrobras, mas vinha reduzindo sua participação desde o início do ano. Em dezembro, tinha 36,8 milhões de ações da estatal, por meio de American Depositary Receipts (ADRs), o equivalente a 1,45% no capital social da companhia. No balanço entregue à SEC, em março, estava com 14,9 milhões de ações, o equivalente a 0,17% do capital social.
A empresa era tida também como maior aposta do fundo comandado pelo megainvestidor, diante da potencial valorização após a descoberta do pré-sal. Desde o início do ano, porém, as ações da Petrobras acumulam queda de mais de 23%, por causa de dúvidas no mercado sobre a capitalização. Na semana passada, o banco UBS rebaixou os papéis da empresa, recomendando a investidores que os vendam.
George Soros livrou-se das ações da Petrobras

PULANDO FORA - George Soros não acredita mais no futuro da Petrobras
O húngaro George Soros(foto), hoje radicado nos Estados Unidos, ficou conhecido na década de 90 pelas suas atividades enquanto especulador, e chegou a ganhar US$ 1 bilhão em um único dia apostando contra o Banco Central da Inglaterra.
Nos Estados Unidos, ficou famoso por ter doado montantes elevados para tentar que o presidente George W. Bush não fosse reeleito.
George Soros, anunciou em dezembro, que vai investir US$ 1 bilhão do seu próprio dinheiro em tecnologia de energias limpas, a fim de combater as mudanças climáticas, informou o jornal britânico "The Guardian".
Ele também vai criar uma organização para táticas sobre emissões, que vai receber um investimento anual de US$ 10 milhões nos próximos dez anos.
Apesar do porta voz da Soros Fund Management, ter se negado a comentar o assunto, para não afundar ainda mais a empresa, o sinal que o investidor está nos mandando é que a, desastrada gestão política, está pondo em risco, a maior empresa estatal do país e a quarta maior petrolífera de capital aberto do mundo.

SÍMBOLO DA NOVA PETROBRAS - O navio plataforma P-33 exibe claros sinais de corrosões, foi interditada por oferecer sérios riscos de Segurança
A deterioração da Petrobras ocorre a olhos vistos. Enquanto busca bilhões no mercado para se capitalizar, e empreender a aventura do pré-sal, as notícias sobre ela, são cada vez mais preocupantes. O jornal Valor econômico, noticiou que o nível de endividamento da Petrobras está muito perto do limite de 35% auto imposto pela companhia. Ao fim do segundo trimestre deste ano, o indicador ficou em 34,74%, conforme os dados de dívida líquida e patrimônio líquido divulgados pela estatal.
As agências de classificação de risco já disseram que o índice de 35% não é mágico. Mas os principais executivos da Petrobras usaram esse limite diversas vezes para defender a urgência da capitalização da empresa, prevista agora para setembro. O argumento é que a nota de crédito da companhia ficaria ameaçada caso essa barreira seja rompida.
Em menos de um mês, três plataformas da Petrobras instaladas na Bacia de Campos, no norte do estado do Rio de Janeiro, apresentaram problemas. O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense informou nesta quarta que a plataforma P-31, no Campo de Albacora, tem falhas de segurança e de conservação, o que colocaria em risco a vida dos petroleiros que trabalham na unidade.
Na semana passada, a plataforma P-33 foi interditada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a P-35 sofreu um princípio de incêndio.
Depois de denunciar o estado de má conservação da P-31, o diretor de comunicação do Sindipetro NF, Marcos Breda, afirmou que a intenção é dar segurança aos trabalhadores e revelou que o sindicato quer a interdição da unidade.
“Há vários problemas na P-31, inclusive nas tubulações de óleo e gás, que precisam de reparos definitivos e não provisórios. Temos uma série de denúncias sobre a deterioração dos equipamentos também. O caso é semelhante ao da P-33. Além disso, existe a possibilidade de interdição da plataforma, pois o pedido do sindicato foi nesse sentido.”
Nesta segunda-feira, 12 plataformas da Petrobras aderiram à operação padrão de segurança “Chega de Contar com a Sorte”, promovido pelo Sindipetro do norte fluminense. Durante a operação, os trabalhadores fazem todos os procedimentos de segurança, antes de qualquer atividade na empresa.
Não conheço seu autor, mas o material me foi encaminhado por pessoa de confiança.
Acredito que cabe à companhia responder às acusações, que, por serem de natureza política, não são menos reais e tocam em problemas concretos.
Paulo Roberto de Almeida
Petrobras à Deriva
Anônimo
26 de agosto de 2010
Aparelhada pelos petistas de alto a baixo, a dívida líquida da mega empresa preocupa os especialistas, e o governo pretende capitalizá-la oferecendo barris de óleo do pré-sal, cuja extração está longe de ser viabilizada e cujo preço unitário é completamente desconhecido.
Temeroso do futuro da petrolífera brasileira, o maior investidor do mundo, vendeu todas as ações da empresa. Os papeis comuns da Petrobras representavam a maior participação de uma única empresa no fundo de Soros e valiam 405 milhões de dólares no primeiro trimestre de 2010. O fundo de Soros já foi o maior investidor privado individual na Petrobras. Do início do ano até ontem, as ações preferenciais da Petrobras desvalorizaram 23%.
DESMONTANDO A PETROBRAS - O uso irresponsável da estatal para fins políticos, pelo governo Lula, abrigando companheiros sem qualificação, em postos chaves da petrolífera, numa gestão, considerada pelos investidores como temerária, acabaram por desacreditar um dos maiores patrimônios brasileiros
As incertezas sobre a capitalização da Petrobras levaram o bilionário americano George Soros a se desfazer de todas as suas ações da estatal brasileira. Em relatório enviado à Securities and Exchange Comission (SEC, a comissão de valores mobiliários americana), o Soros Fund Management declarou que em 30 de junho não tinha mais nenhum papel da companhia em sua carteira.
O fundo de Soros já foi o maior investidor privado individual na Petrobras, mas vinha reduzindo sua participação desde o início do ano. Em dezembro, tinha 36,8 milhões de ações da estatal, por meio de American Depositary Receipts (ADRs), o equivalente a 1,45% no capital social da companhia. No balanço entregue à SEC, em março, estava com 14,9 milhões de ações, o equivalente a 0,17% do capital social.
A empresa era tida também como maior aposta do fundo comandado pelo megainvestidor, diante da potencial valorização após a descoberta do pré-sal. Desde o início do ano, porém, as ações da Petrobras acumulam queda de mais de 23%, por causa de dúvidas no mercado sobre a capitalização. Na semana passada, o banco UBS rebaixou os papéis da empresa, recomendando a investidores que os vendam.
George Soros livrou-se das ações da Petrobras

PULANDO FORA - George Soros não acredita mais no futuro da Petrobras
O húngaro George Soros(foto), hoje radicado nos Estados Unidos, ficou conhecido na década de 90 pelas suas atividades enquanto especulador, e chegou a ganhar US$ 1 bilhão em um único dia apostando contra o Banco Central da Inglaterra.
Nos Estados Unidos, ficou famoso por ter doado montantes elevados para tentar que o presidente George W. Bush não fosse reeleito.
George Soros, anunciou em dezembro, que vai investir US$ 1 bilhão do seu próprio dinheiro em tecnologia de energias limpas, a fim de combater as mudanças climáticas, informou o jornal britânico "The Guardian".
Ele também vai criar uma organização para táticas sobre emissões, que vai receber um investimento anual de US$ 10 milhões nos próximos dez anos.
Apesar do porta voz da Soros Fund Management, ter se negado a comentar o assunto, para não afundar ainda mais a empresa, o sinal que o investidor está nos mandando é que a, desastrada gestão política, está pondo em risco, a maior empresa estatal do país e a quarta maior petrolífera de capital aberto do mundo.

SÍMBOLO DA NOVA PETROBRAS - O navio plataforma P-33 exibe claros sinais de corrosões, foi interditada por oferecer sérios riscos de Segurança
A deterioração da Petrobras ocorre a olhos vistos. Enquanto busca bilhões no mercado para se capitalizar, e empreender a aventura do pré-sal, as notícias sobre ela, são cada vez mais preocupantes. O jornal Valor econômico, noticiou que o nível de endividamento da Petrobras está muito perto do limite de 35% auto imposto pela companhia. Ao fim do segundo trimestre deste ano, o indicador ficou em 34,74%, conforme os dados de dívida líquida e patrimônio líquido divulgados pela estatal.
As agências de classificação de risco já disseram que o índice de 35% não é mágico. Mas os principais executivos da Petrobras usaram esse limite diversas vezes para defender a urgência da capitalização da empresa, prevista agora para setembro. O argumento é que a nota de crédito da companhia ficaria ameaçada caso essa barreira seja rompida.
Em menos de um mês, três plataformas da Petrobras instaladas na Bacia de Campos, no norte do estado do Rio de Janeiro, apresentaram problemas. O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense informou nesta quarta que a plataforma P-31, no Campo de Albacora, tem falhas de segurança e de conservação, o que colocaria em risco a vida dos petroleiros que trabalham na unidade.
Na semana passada, a plataforma P-33 foi interditada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a P-35 sofreu um princípio de incêndio.
Depois de denunciar o estado de má conservação da P-31, o diretor de comunicação do Sindipetro NF, Marcos Breda, afirmou que a intenção é dar segurança aos trabalhadores e revelou que o sindicato quer a interdição da unidade.
“Há vários problemas na P-31, inclusive nas tubulações de óleo e gás, que precisam de reparos definitivos e não provisórios. Temos uma série de denúncias sobre a deterioração dos equipamentos também. O caso é semelhante ao da P-33. Além disso, existe a possibilidade de interdição da plataforma, pois o pedido do sindicato foi nesse sentido.”
Nesta segunda-feira, 12 plataformas da Petrobras aderiram à operação padrão de segurança “Chega de Contar com a Sorte”, promovido pelo Sindipetro do norte fluminense. Durante a operação, os trabalhadores fazem todos os procedimentos de segurança, antes de qualquer atividade na empresa.
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Liberando um artigo que passou um ano no limbo: Mercosul e União Europeia: a longa marcha da cooperação à associação Recebo, em 19/12/2025,...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Homeric Epithets: Famous Titles From 'The Iliad' & 'The Odyssey' Word Genius, Tuesday, November 16, 2021 https://www.w...
-
O destino do Brasil? Uma tartarug a? Paulo Roberto de Almeida Nota sobre os desafios políticos ao desenvolvimento do Brasil Esse “destino” é...
-
ÚLTIMO ENCONTRO DO CICLO DE HUMANIDADES 2025- 🕊️ A Paz como Projeto e Potência! 🌎 Acadêmicos, pesquisadores e todos os curiosos por um ...
-
Quando a desgraça é bem-vinda… Leio, tardiamente, nas notícias do dia, que o segundo chanceler virtual do bolsolavismo diplomático (2019-202...
-
O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...