quinta-feira, 30 de setembro de 2010

"Fundamento Liberal": o inimigo a ser abatido

Estou cada vez mais surpreendido com o pensamento dos jovens -- e de alguns menos jovens -- no Brasil atual.
Ao postar uma matéria de jornal sobre os resultados da PNAD-IBGE e comentar sobre as políticas de apoio social do governo, recebi um comentário de uma leitora que se declarou frustrada, e enganada, pelo fato de que a "essência das [minhas] falas e comentários são de fundamento liberal".
Ela lamentava, então, ter ingressado no meu blog para ler a matéria, e os comentários a respeito da matéria, terminando assim:
"Pretendo não voltar a visitá-lo e lamento ter contado como número de acesso a este blog."

Toda a história está neste post:
Liberalismo: um grave pecado político e econômico (quarta-feira, 29 de setembro de 2010)

Já respondi o que achei que deveria a essa leitora de uma nota só, que no entanto não vai ler minha resposta e tampouco este comentário adicional.
Não importa, vou comentar mesmo assim.

Devo dizer, antes de tudo, que não me considero um liberal, tampouco um neoliberal (que não existe, claro), ainda que muitos acreditem que sim, apenas com base em meus comentários e artigos.
Não tenho afeição por nenhum rótulo, não me considero preso, ou vinculado, à qualquer ideologia política, não faço parte, nem nunca farei, de qualquer partido, nem me prendo a movimentos grupais, quaisquer que sejam eles. Sou apenas eu e meus neurônios funcionando (espero que satisfatoriamente).
A única coisa que poderia me definir seria ser "racionalista" (seja lá o que isso queira dizer), o que entendo seja mais um método do que um conjunto de proposições ordenadas e sistemáticas.
Ser racionalista é considerar cada problema humano, cada questão social em sua dimensão própria, em seu contexto apropriado, em suas relações de causa a efeito (se houver) e, a partir daí, ordenar um conjunto de respostas ou medidas adequadas que possam responder a este ou aquele desafio humano e social. Apenas isto.

Se algumas dessas respostas tiverem qualquer "fundamento liberal", não me preocupo mais da conta em mobilizar argumentos liberais ou posições do liberalismo -- não como um fim em si mesmo, compreenda-se -- para torná-las práticas e efetivas, na convicção de que aquelas posições são as mais racionalmente adequadas à solução ideal que se espera implementar.
Se, em outras circunstâncias, as melhores respostas forem de "base socialista", também não teria nenhuma dificuldade em propô-las, se elas corresponderem de fato à melhor saída "cost-effective" para o problema detectado.
Ou seja, não me prendo a uma classificação prévia, "religiosa", para analisar, julgar e responder a um desafio qualquer.
Não se trata de mero pragmatismo, pois existem valores que nos fazem desistir de adotar certas soluções que, por exemplo, podem impor muito sofrimento a outras pessoas, ou que transfiram os custos para nossos descendentes que ainda nem nasceram. Valores não são racionais, mas correspondem a princípios que defendemos que independem de uma análise racionalista, ou econômica, do problema.

Sou racionalista, portanto, tanto quanto me permitem meus neurônios e meu conhecimento da realidade, sempre ajustada em função de novas leituras, descobertas, pesquisas ou, como eu digo sempre, aprendendo nos livros ou com gente mais esperta do que eu.

Por isso mesmo eu não compreendo alguém que, sem julgar do mérito de uma análise qualquer, descarta o conjunto por possuir, repetindo, "fundamentos liberais".
Seria como se o liberalismo fosse uma peste, uma doença altamente contagiosa, que convém afastar e eliminar.
Pois é, tem gente assim. Curioso que eu encontro mais gente assim nos intolerantes fanáticos -- que no limite se tornam fascistas, ou terroristas -- e nos assim chamados "socialistas", do que entre os liberais, que costumam ser bastante tolerantes com as crenças alheias. Isso porque os liberais prezam, justamente as liberdades individuais e acham que cada pessoa tem o direito de exibir suas crenças em quaisquer circunstâncias (desde que não cerceie o direito de outros de também fazê-lo).

Nesse ponto, sou anarquicamente liberal: não apenas acho que todos devemos ser autônomos em nossa maneira de pensar, como recuso, em especial, as regras de hierarquia que nos fazem "aderir" as ideias de supostos superiores, ou chefes de ocasiao. Isso eu não aceito.
Talvez eu seja um anarco-liberal...

Paulo Roberto de Almeida

Distribuicao de renda - artigos Paulo R. Almeida

Meu mais recente artigo publicado:

Distribuição de renda: melhor fazer pelo mercado ou pela ação do Estado?
Brasília, 9 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série “Volta ao mundo em 25 ensaios", n, 19, abordando as melhores formas de fazer a renda crescer e de distribuí-la. Revisão em Shanghai, 14.04.2010.
Ordem Livre (27 de setembro de 2010).
Relação de Originais n. 2093; Publicados n. 993.

A questão não é simples e exige, para ser melhor compreendida, dois níveis de análise: quanto aos mecanismos (ou seja, via mercados, ou via políticas públicas) e quanto aos resultados (que nem sempre são os esperados, seja numa via, seja na outra, podendo, inclusive, ocorrer efeitos não desejados). Antes de examinarmos os mecanismos e os resultados, caberia questionar o próprio sentido do conceito-chave, a distribuição, que pode ser entendida como um processo natural e involuntário, mas que é mais usualmente objeto de uma ação deliberada de governos e tida como uma obrigação de políticos orientados a produzir "justiça social", virtuosamente dedicados à boa repartição da riqueza (dita "social") entre os membros da sociedade.

Aquilo que aos olhos de um liberal puro pareceria uma iconoclastia, qual seja, o ato de distribuir renda ou riqueza que só podem ser frutos do trabalho individual, assume, na perspectiva de um socialista ou de um social-democrata, o caráter de uma ação não apenas desejável, como necessária; ela o seria para equilibrar "tendências" inerentemente concentradoras de renda na economia capitalista, requerendo, portanto, a intervenção corretora dos estados para criar um pouco mais de "igualdade".

O mais grave problema do maniqueísmo existente em torno dessas duas concepções aparentemente antinômicas é que elas dificultam um diálogo racional sobre como combinar, ao melhor das possibilidades próprias a cada uma delas, as virtudes dessas duas posições, que estão presentes na sociedade moderna e que se combatem como se fossem duas políticas excludentes. Na prática, as modernas democracias de mercado atendem aos requisitos da criação de riqueza, com base num espírito classicamente individualista, e ainda assim se propõem distribuir a renda gerada e a riqueza acumulada por meio de mecanismos legalmente formalizados.
(...)
Ler o artigo completo neste link.

STF: um tribunal inconstitucional - e agora, o que fazer?

Eu sempre achei, e sempre afirmei isso aqui, que o Brasil recua politicamente, retrocede institucionalmente, regride mentalmente.
Em grande medida, como resultado dos assaltos bárbaros do Executivo contra os demais poderes, em especial sobre o Legislativo, abastardado, emasculado, castrado (o que vem a ser quase a mesma coisa, mas não quero parecer machista com o Congresso, que tem lá as suas mulheres), subordinado (sobretudo financeiramente) ao Executivo, que compra bancadas inteiras, ao sabor de sua vontade.
Sempre achei, também, que o STF julga mais politicamente do que constitucionalmente, o que não é difícil de provar em um grande número de casos. Suas excelências, uma tribo de tiranetes togados -- já escrevi isso também -- se julgam superiores aos mortais comuns, e de certa forma o são: eles julgam a constitucionalidade das leis aprovadas pelo Congresso e/ou sancionadas pelo chefe do Executivo.
Podem, assim, determinar o que é a lei, em última instância.
Ora, a lei pode ser qualquer coisa, menos inconstitucional, pois para isso lá estão suas excelências -- pagos, regiamente, com o nosso dinheiro -- para justamente julgar as leis em função da sua constitucionalidade.
Mas, o que acontece, como agora, quando suas excelências se arrogam poderes legisladores e extrapolam?
Pior ainda: extrapolam inconstitucionalmente...
Não há recurso contra o STF?
Quando uma sociedade chega a esse ponto de decadência institucional, se impõe uma revolução, mas estou falando de uma revolução mental.
Seria preciso trocar esses tiranetes togados por outros, mais preclaros.
Sou contra a nomeação exclusiva de novos tiranetes, perdão, juízes do Supremo, exclusivamente pelo presidente da República, pois este pode colocar um tiranete a seu serviço. Sou a favor de uma comissão envolvendo congressistas e juristas renomados para apresentar uma lista tríplice ao presidente, que indicaria então um deles, na ordem, ou sem ordem. Sou a favor de um Senado estilo americano: tortura o candidato até ele confessar que conhece a Constituição...
Assim simples.
Estou estarrecido com o que leio aqui, da pluma do conhecido jornalista...
Paulo Roberto de Almeida

STF se confere poderes de Congresso, atropela Constituição e muda lei a três dias da eleição! É um flerte com o baguncismo jurídico
Reinaldo Azevedo, 29.09.2010

Publiquei o texto que segue no fim da noite de ontem. Decidi mantê-lo aqui no alto. No fim dele, faço um comentário adicional.

Caros, pretendo que este seja um dos textos mais importantes publicados neste blog.

Aos poucos, o baguncismo vai se insinuando nas instituições brasileiras, e aquilo que deveria ser o comum, o corriqueiro, que é o cumprimento da lei, vai dependendo cada vez mais da ação de homens, da interpretação de juízes, ministros, de modo que uma das bases do arcabouço legal, que é a tempestividade, vai cedendo ao intempestivo.

Um ou dois documentos para votar? NO ANO PASSADO, graças a uma iniciativa do PC do B, concluiu-se que seriam necessários dois: o título e um documento com foto. TODOS OS PARTIDOS apoiaram a mudança, uma ampla maioria a aprovou, e o presidente da República a sancionou. Pode, agora, o Supremo, a três dias da eleição, dizer que aquela lei, EMBORA CONSTITUCIONAL, não vale? Desculpem-me os respeitáveis ministros que, até agora, acataram a Adin do PT: é um despropósito absoluto!

Uma pergunta dirigida a Marco Aurélio de Mello, José Antonio Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa e Carlos Ayres Britto: se o Congresso quiser votar amanhã uma nova Lei Eleitoral, com validade já para as próximas eleições, ele pode? Não! A Constituição não permite. Mas o Supremo pode, nesse caso, se comportar como um Legislativo acima da Constituição? É o que está fazendo. Só esse argumento bastaria para que o tribunal não se metesse nessa história.

Ora, os partidos se prepararam para a lei que existe, não? O que se muda ao dizer que a lei não vale é o próprio processo eleitoral. Se a que temos aí, aprovada pelo Congresso, não é boa, que os senhores parlamentares, no tempo e no foro adequados, a mudem. Não cabe ao Supremo dizer: “Ooopsss! Você aprovaram, é CONSTITUCIONAL, mas acho que a gente pode dar uma corrigidinha nos excessos, cuidar do tempero” — como disse Lewandowski, numa declaração que me parece um tanto leviana.

Qualquer lei que mude o processo eleitoral — e essa muda — só pode ser aprovada, no mínimo, um ano antes da eleição. Ora, se o Congresso quisesse voltar atrás agora, não poderia. Então pode o Supremo fazer o que o Parlamento não pode?

Estamos diante de uma aberração óbvia, contra a qual não cabe recurso a não ser a indignação. Mas é assim que as coisas começam; é assim que a ordem instituída inicia o processo de degenerescência, com pequenas concessões — até a hora em que se chega às grandes, que, cedo ou tarde, são cobradas de quem vai, como diria o mestre-cuca Lewandowski ,”temperando” a lei.

Quer dizer que o PT, por alguma razão, intuiu que seria prejudicado por uma lei que ajudou a aprovar, a favor da qual se mobilizou, e apela ao cartório, para resolver no tapetão o que ele próprio endossou no processo político? E os ministros, alegremente, assumem o lugar de 513 deputados e 81 senadores? Em que outras circunstâncias o STF se mostrará disposto a “corrigir” decisões CONSTITUCIONAIS tomadas pelo Poder Legislativo?

Já não era bom
E que se note: quando essa mudança foi discutida, o TSE foi alertado que o ideal seria que as seções eleitorais não tivessem aquelas folhas com o número dos títulos. Afinal, é esse número que, digitado, permite que se vote. Ora, se é para o sistema ser seguro, o ideal seria que:
a - as seções tivessem a listagem com os nomes dos eleitores;
b - um documento com foto identificasse o votante;
c - identificado, ele apresenta o título;
d - digitado o número, abre-se a possibilidade de votar.

Isso já não foi feito. No chamado “Brasil profundo”, nada impede que se vote em lugar do eleitor ausente. Bastam, para tanto, uma fiscalização frouxa e a disposição de fraudar. Abundam as duas coisas no país. A mudança não foi aceita. O processo já ficou menos seguro. A lei votada no ano passado era uma pequena garantia extra, que o STF agora vai derrubar. Mas as coisas não param por aí, não. As circunstâncias a tornam muito piores.

O marqueteiro pediu e os “ministros enquanto isso e enquanto aquilo”
O grande “legislador” intempestivo da causa se chama João Santana, o marqueteiro do PT. Foi ele quem pediu a Antonio Palocci, informou a coluna Painel (Folha), no domingo, que se recorresse contra a lei. E assim foi feito. Pois bem.

ATENÇÃO AGORA! Em julho, a questão foi debatida no TSE. Em favor de Marco Aurélio de Mello se diga uma coisa: ele defendeu que o eleitor pudesse votar apresentando apenas a carteira de identidade. Foi voto vencido. O tribunal soltou uma resolução endossando a lei aprovada: título mais documento com foto. Pois bem: Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia, no TSE, votaram pelos dois documentos; no STF, ambos votaram por um documento só.

Encerro
Olhem aqui: se João Santana pediu para mudar a lei, é porque ele acha que um só documento é coisa boa para o PT. Eu, sinceramente, tendo a acreditar que a questão é, em si, irrelevante (mecanismo para evitar que se vote em lugar do ausente seria, sim importante). Minha questão não é de natureza eleitoral ou eleitoreira.

O que me preocupa é ver o STF nessa areia, atropelando a Constituição em vez de protegê-la. Seria exagero dizer que se está dando um pequeno golpe na eleição. Mas não é exagero dizer que, se fosse um golpe, não haveria a quem apelar, uma vez que o tribunal ao qual se apela seria o seu próprio promotor.

Eis aí um péssimo sinal

Adendo importante

A Folha de hoje publica um texto em que afirma que o ministro Gilmar Mendes, que pediu vista, e o tucano José Serra se falaram ontem. Ambos negam. Ainda que tivessem se falado. E daí?

Se a presunção é a de que Mendes teria pedido vista para privilegiar Serra, então seria de supor que os outros cederam ao pedido do PT para privilegiar Dilma — a única diferença, então, é que os jornalistas não saberiam com quem teriam falado ao telefone. É uma questão de lógica elementar.

Isso é irrelevante. Eu não acho que faça grande diferença apresentar um ou dois documentos. Quem acha é João Santana, o marqueteiro do PT. Terá falado com algum ministro? A questão, em si, não tem a menor importância.

Importante é o STF, a três dias da eleição, mudar uma lei aprovada no ano passado. Creio que os motivos foram sucientemente expostos acima.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Liberalismo: um grave pecado político e economico

Uma leitora, que teve a gentileza de assinar seu nome, fez o seguinte comentário a um post meu sobre os dados da PNAD, tal como refletidos em matéria do jornal O Globo:

Esta é a primeira vez que tenho acesso aos comentários portados nest blog. Contudo achei que a essencia das falas e comentários são de fundamento liberal. Dai a forma preconceituosa e evasiva de comentar sobre questãos sociais.
Pretendo não voltar a visita-lo e lamento ter contado como numero de acesso a este blog.
Obrigada


[A matéria está neste post: Sintese dos indicadores sociais do Brasil - PNAD-IBGE (sexta-feira, 17 de setembro de 2010)]

Meu comentário é o seguinte:
Sem querer ser redundante, tenho, em primeiro lugar, de agradecer, sinceramente, pela sinceridade da leitora e comentarista, embora lamente que eu tenha causado tanto dissabor a essa opositora de qualquer "fundamento liberal" e também o fato de ter perdido, por defeito congenital desde escrevinhador, um leitor potencial, ao afirmar, ela, que não mais irá visitar novamente este blog (e deixará, portanto, de ler este meu comentário em resposta ao dela).
Eu também fico chateado ao saber que provoquei tanto dissabor nessa leitora, pois ela confessa lamentar ter contribuido para aumentar o número de visitantes deste blog. Sinto por isso, mas certas coisas são inevitáveis: depois que a gente abre a porta, não adianta voltar atrás, ela já foi aberta e isso não vai mudar a história, mesmo fechando a porta rapidamente. Isso se chama flecha do tempo, embora existam físicos que estejam trabalhando numa máquina para tentar reverter a flecha do tempo (ler algo a respeito em Stephen Hawking).

Bem, se posso amenizar o sofrimento da leitora, ao ter contribuído para o volume total de visitantes deste blog, a única coisa que posso prometer é que ela não se preocupe, pois vou retirar o ingresso dela da contagem estatística feita de maneira automática, que, segundo meu informa o contador, estava assim até 24 de setembro:
Diplomatizzando - Visits:
Total: 117,235
Page Views: Total: 169,174

Retiro uma visita e uma page view, portanto.

Quanto à substância do comentário da leitora, em todo caso, tenho, também, de agradecer, sinceramente, por ela ter revelado todo o meu preconceito político, social, econômico, quiça cultural ou ideológico, ao ter eu me posicionado contra certos programas sociais do governo, o que parece seria, se não proibido, pelo menos um indicador de um grave e negativo defeito, quase um pecado capital: minha posição seria indicadora de um alegado "fundamento liberal".

Ficamos assim sabendo que possuir "fundamento liberal" é algo errado, só admitido, talvez, naquelas pessoas sem coração e sem compaixão pelos pobres, quem sabe até pervertidas e mal intencionadas.
Não pretenderia, aliás, retrucar à minha leitora o fato de que ela também está revelando um preconceito seu, de outra natureza, certamente contrária à minha -- que já vimos ser um pecado grave -- que é o fato dela demonstrar ser contra qualquer coisa que possa ter um "fundamento liberal".

Devo, uma vez mais, agradecer sinceramente, chamar-me a atenção para esse fato, pois isso me permitirá, uma vez mais, refletir sobre o que pensam os brasileiros em geral, o que certamente vai gerar mais um trabalho da minha lavra.
Aguardem, pois, minhas reflexões sobre o quão difícil é, no Brasil, exibir qualquer "fundamento liberal" para qualquer coisa.
Se alguns companheiros no poder pudessem, eles eliminariam essa possibilidade do mapa, escorraçando todos esses vermes liberais que ainda contaminam o pensamento da juventude, deixando apenas aqueles professores manifestamente favoráveis ao pensamento anti-liberal, que entendo seria a posição correta a exibir.

Anti-liberalismo em política está mais bem próximo do autoritarismo do que da democracia, como deveria reconhecer minha leitora, algo assim o que Chávez está fazendo na Venezuela, segundo ele mesmo reconhece: afastar a burguesia liberal e implantar, se necessário a golpes de martelo, o seu socialismo do século 21.
Anti-liberalismo em economia está mais bem próximo das economias socialistas, ou pelo menos anti-capitalistas, como o mesmo Chávez está tentando fazer no seu país, no seguimento de outras experiências concretas nesse sentido (como em Cuba, por exemplo, ou na Coréia do Norte, ou na..., ops, estão faltando mais opções).
Não sei se é a isso que a minha leitora se refere, mas caberia refletir, sim, sobre as implicações em ser contrário aos "fundamentos liberais" em matéria política e econômica.
Voltaremos ao tema...

Paulo Roberto de Almeida

Unbricking the BRICs: news about their cohesion are somewhat exaggerate...

China marca el ritmo para los países del BRIC
Ria Novosti, Wednesday, 29 Sep 2010

En la actualidad, China preside el BRIC, la organización de cuatro potencias emergentes: Brasil, Rusia, India y China.

Por este motivo, la siguiente cumbre de los miembros de este grupo está prevista que se celebre en este país asiático. El año pasado, las reuniones de turno se celebraron en la capital de los Montes Urales, la ciudad rusa de Ekaterimburgo, y en Brasil. El habitual encuentro de septiembre, a celebrarse en territorio chino, de los Ministros de Asuntos Exteriores del BRIC se pactó en Nueva York. Y todo parece indicar que fue una decisión precipitada.

Con anterioridad, los representantes del BRIC se solían reunir en la sede de la ONU, pero en estos momentos el edificio está en obras, así que varias manzanas de la ciudad de Nueva York han tomado el testigo de este edificio como centros diplómaticos del más alto nivel. En la zona en torno a la 1ª Avenida y a las calles 42 y 50 se pueden ver con frecuencia, rodeados de sus guardaespaldas y asesores, a personalidades tales como el Rey de Marruecos o la Canciller alemana, Ángela Merkel.

La legación permanente de China ante la ONU se encuentra bastante cerca, en la calle 35. No obstante, por culpa de unos atascos excepcionales incluso para Nueva York, el ministro ruso de Asuntos Exteriores, Serguei Lavrov, no pudo llegar al encuentro con sus homólogos a tiempo y la reunión del BRIC se celebró con suma rapidez.

En realidad, solamente los primeros encuentros ministeriales y las primeras cumbres del BRIC fueron largos y complicados: "las potencias del futuro" parecían moverse a tientas, intentando encontrar campos de interés común. En la actualidad, los Cuatro recuerdan más a una organización internacional que ve marchar sobre ruedas sus cada vez más ambiciosos programas de colaboración. En vísperas de la cumbre anterior, celebrada en Brasil, se habían convocado cuatro reuniones de los ministros de Finanzas, los Presidentes de los Bancos Centrales y de los Bancos del Desarrollo. Se entrevistaron también los Secretarios de los Consejos de Seguridad, los Presidentes de las autoridades de competencia, los ministros de Agricultura, los dirigentes de Servicios de Estadísticas y los empresarios.

Ahora que los Cuatro Grandes "siguen el ritmo marcado por el país en la presidencia", es de esperar que bajo la influencia de China, las actividades conjuntas se intensifiquen. Ha surgido incluso un proyecto de edición (en cuatro idiomas) de una "revista del BRIC". Esta es, de momento, una iniciativa con vistas al futuro. Al igual que la idea de los brasileños y los indios de invitar a la organización a su socio predilecto, Sudáfrica, tras lo cual habría que acostumbrarse al nombre de "SudBRIC".

Entre los objetivos concretos trazados en la última reunión ministerial de Nueva York, figura la tradicional coordinación de las acciones y de criterios de los cuatro países de cara a la cumbre del G-20, a celebrar se en noviembre en Seúl.

En un principio, el mismo concepto de la asociación del BRIC no descarta que entre sus miembros haya ciertas discrepancias: China e India, por ejemplo, llevan mucho tiempo enfrentadas por temas fronterizos. No obstante, los une un objetivo común: cumplir con los pronósticos de hace algunos años, que les otorgaban un papel de potencias mundiales a nivel económico y político en un futuro próximo. Por lo tanto, estos países se dan perfecta cuenta de que han de evitar crearse obstáculos en este camino.

Los asuntos económicos clave se suelen decidir en las cumbres de los veinte países más desarrollados del mundo. En las reuniones anteriores, los países del BRIC se apoyaron mutuamente en las negociaciones sobre las cuotas del FMI y sobre las divisas mundiales de reserva. En breve podremos ver en Seúl hasta qué punto sus posturas se mantienen todavía alineadas.

El concepto del BRIC surgió por mera casualidad. Se mencionó por primera vez en el informe presentado por la Fundación "Goldman & Sachs" en 2001 y, posteriormente, en 2003 en otro informe de la misma Fundación, esta vez de un modo más serio. A todo el mundo le pareció importante la aparición de este grupo, por la sencilla razón de que a mucha gente le gustaría ver quebrada la supremacía occidental (Estados Unidos, la UE, Japón y Australia) en el mundo. Y esto ha tenido lugar, entre otros aspectos, en el terreno de la economía. El BRIC, junto con un par de países más, en vísperas de la crisis producían ya el 32 % del PIB mundial, mientras que Estados Unidos tan sólo el 25 %. Las consecuencias de la crisis se dejarán ver a finales del año, pero todo parece indicar que la noticia sensacional de que el BRIC ha asumido el liderazgo económico mundial está en ciernes.

También podría ocurrir que, en un nuevo informe, "Goldman y Sachs" diga "Queridos amigos: nos hemos equivocado, el BRIC no tiene sentido, ya que Rusia y Brasil son mucho más débiles que China e India. Y la crisis ha revelado (lo cual es cierto) los puntos vulnerables de los dos primeros. Disolved el BRIC y dejad de acudir a sus cumbres y reuniones".

Pero ya sería tarde: no hay vuelta atrás. Los cuatro líderes se han acostumbrado a estar en contacto y ya se está perfilando una cierta estructura dentro de los escalones más altos de la arquitectura económica mundial. Teníamos el G-8, pero la crisis demostró que no respondía a la realidad económica, porque no incluía a China, India, Brasil ni a algunos países más. A modo de solución surgió el G-20, dentro del cual los países del BRIC intentan actuar de forma coordinada. Se puede afirmar con alto grado de seguridad que el próximo año, el G-8, bajo la presidencia de Francia, cambiará de perfil y sus estructuras, posiblemente, se ocuparán de los problemas de la pobreza mundial y obras de caridad en África.

En este contexto, no estaría de más acordarnos de la reforma del Consejo de Seguridad de la ONU, encaminada a aumentar el número de miembros con derecho de veto, que no ha llegado a realizarse. Lo que está ocurriendo allí recuerda bastante al Olimpo económico. A lo mejor el BRIC será capaz de aportar su granito de arena también a esta esfera, sacando la reforma del punto muerto.

No more real fights, please...

Os impérios (os que sobraram, pelo menos) já não têm mais aquela vontade de sacrificar os seus filhos nas areias do deserto, ou nas selvas fétidas do Terceiro Mundo. Agora é guerra por procuração, ou por objetos teleguiados...
Mais um pouco e alguém vai propor a negociação de algum tratado de guerra "asséptica", sem muito sangue por favor, que isso é disgusting...
Paulo Roberto de Almeida

New dangers over the horizon
David J. Rothkopf
Foreign Policy, Tuesday, September 28, 2010

It can be argued that one of the several ways in which most states have lost power during the past several decades is associated with the declining inclination and ability of most to go to war. Hard as this may be to accept in a world in which wars dominate the headlines, it is a fact and it has several origins.

First, fewer than 20 countries really possess the power to project force beyond their borders in any meaningful way. Further, only about a dozen have nuclear capability, and fewer still have any long-distance missile capability. And only one really has the capability to wage global war from space, land, sea, and air. (And that one seems stretched waging two regional conflicts in the Middle East.)

Further the costs associated with modern warfare are too high. The 20th Century delivered this message in devastatingly clear human terms and the economic costs were also proven to be immense. War went from being an all too regularly used form of diplomacy by other means to being madness.

Major powers were forced not by goodness but by a rational calculus to find other ways to resolve disputes. Not always...but with greater regularity than in the past. To take just one example, Europe, once addicted to war, effectively swore off the continental conflicts that defined its history. For the most part, war became an affliction of failed or failing states or a very regionalized phenomenon. The big powers for the most part took on much weaker adversaries or engaged in proxy conflicts. And even those engagements have grown intolerably costly as advanced technologies were demonstrated to combine well with unconventional tactics on the part of weaker states engaging stronger ones.

While risks still abound, long term trends have been encouraging...Until now.

Take three news stories from the past week. The first is the piece in today's Times indicating that U.S. commanders are contemplating increasing drone attacks in Pakistan due to concerns about inaction by the Pakistani military. The second concerns reports of a computer worm targeting the Iranian nuclear program. And the last is associated with the statement by Hugo Chavez that Venezuela, though sitting on an ocean of oil, needed to seriously explore "peaceful" nuclear technologies.
The first two are worrisome because they are harbingers of an era in which bloodless, tech-empowered over-the-horizon projections of force might become more effective and pervasive. The implication might well be that advanced powers would feel enabled to once again "rationally" project force. During the first phases of the industrial era, technology raised the costs of war to prohibitive highs. That, perversely, had a stabilizing effect. But now it may well be that the next generation of technologies have ... at least temporarily while distribution of technologies or tech advantages are unequally distributed ...a countervailing impact in the opposite direction.

The Chavez statement is worrisome for related reasons. First, it underscores that no one maintains a monopoly on any technology for long and sooner or later all technologies effectively become ubiquitous. Also, it hints that at some point the rational reasons for avoiding nuclear conflict won't adhere as nuclear capabilities fall into the hands of more irrational actors. Certainly risks rise.

Finally, for the near to medium term, should "bloodless" white collar conflict be seen as the option of only advanced countries and a means by which they can impose their will on the unsettled regions of the emerging world...with very bloody consequences there...not only resentments grow but the poorer nations may feel legitimate in cultivating deterrents of a slightly older but still potent technological vintage. And it is worth considering that a WMD equipped terrorist is a particularly dangerous form of "medium" tech over-the-horizon option.

Which leaves me wondering if the technology revolution that has kept us comparatively safer for a while may now be ushering in a more dangerous world.

Dividas de guerra (da IGM) da Alemanha: fim de uma longa historia

Eu havia acabado de ler o livro de Liaquat Ahamad: Lords of Finance, sobre os banqueiros centrais dos anos 1920 e início dos 30, que provocaram, por ação ou omissão, a terrível depressão -- não a crise, pois esta "independeu" deles -- provocada por políticas erradas. Soube, então, que os pagamentos por reparações deveriam ter ido, se não fosse pela interrupção do Hitler, até os anos 1980, e num esquema de renegociação ulterior, até o ano 2000. Depois tudo ficou parado.
A história completa segue abaixo...
Paulo Roberto de Almeida

Legacy of Versailles
Germany Closes Book on World War I With Final Reparations Payment

By David Crossland
Der Spiegel, Tuesday, September 28, 2010

Germany will make its last reparations payment for World War I on Oct. 3, settling its outstanding debt from the 1919 Versailles Treaty and quietly closing the final chapter of the conflict that shaped the 20th century.

Oct. 3, the 20th anniversary of German unification, will also mark the completion of the final chapter of World War I with the end of reparations payments 92 years after the country's defeat.
The German government will pay the last instalment of interest on foreign bonds it issued in 1924 and 1930 to raise cash to fulfil the enormous reparations demands the victorious Allies made after World War I.

The reparations bankrupted Germany in the 1920s and the fledgling Nazi party seized on the resulting public resentment against the terms of the Versailles Treaty.

The sum was initially set at 269 billion gold marks, around 96,000 tons of gold, before being reduced to 112 billion gold marks by 1929, payable over a period of 59 years.

Germany suspended annual payments in 1931 during the global financial crisis and Adolf Hitler unsurprisingly declined to resume them when he came to power in 1933.

But in 1953, West Germany agreed at an international conference in London to service its international bond obligations from before World War II. In the years that followed it repaid the principal on the bonds, which had been issued to private and institutional investors in countries including the United States.

Under the terms of the London accord, Germany was allowed to wait until it unified before paying some €125 million in outstanding interest that had accrued on its foreign debt in the years 1945 to 1952. After the Berlin Wall fell and West and East Germany united in 1990, the country dutifully paid that interest off in annual instalments, the last of which comes due on Oct. 3.

"Germany's pre-war foreign debt was paid back by the start of the 1980s, it mainly consisted of foreign bonds. This also applied to the debt of the German Reich, which largely consisted of bonds issued in connection with German reparations debt from World War I," the German Finance Ministry said in a statement.

The Federal Office for Central Services and Unresolved Property Issues, which is in charge of managing outstanding debt, said the payment period covering outstanding interest would expire on Oct. 3.

Hitler Tapped into Sense of Injustice

"It's a historical curiosity that the Versailles Treaty should continue to have a financial impact to this day," Professor Gerd Krumeich, a German historian who has specialized in the World War I, told SPIEGEL ONLINE.

He said Hitler's rise to power had its roots in Germany's deep sense of injustice at the 1919 treaty that gave Germany sole responsibility for the war and forced it to make crippling payments.
"The central factor behind Hitler's seizure of power was his promise 'I'll win this war in the end, I will undo this injustice and tear up this treaty and restore Germany to its old greatness,'" Krumeich said.

"There was tremendous frustration in Germany in the 1920s -- this conflict that cost 2 million lives and left 4 or 5 million wounded is supposed to have been in vain, and it was all our fault? The reparations payments compounded everything. Not only was Germany given the moral blame, it was also supposed to pay an outlandish sum that most people had never even heard of."

France and Britain needed the reparations to repay their own debts. Both countries had borrowed vast sums from the US during the war. Germany only settled about an eighth of its treaty obligations by the time it suspended payments

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