Não vou falar do novo laureado com o Prêmio Nobel da Paz, pois todos já puderam ler as matérias de imprensa que trouxeram o óbvio: advogado de direitos humanos, condenado a 11 anos de prisão simplesmente por defender os direitos humanos na China e por ter sido um dos principais redatores do manifesto democrático, conhecido como "Carta 08", que retira o seu nome do exemplo precedente dos tchecos dissidentes (do regime comunista) que em 1977 haviam redigido uma "Carta 77" (assinada, entre outros, pelo ex-presidente, à época um simples escritor, Vaclav Havel).
Pois bem, eu não conheço suficientemente o "nobelizado" chinês, mas acho que foi um grande gesto do comitê Nobel, pois isso reforça a democracia num dos estados mais orwellianos que existem no planeta, talvez o único verdadeiramente orwelliano num continente (e num mundo) que se democratiza gradualmente. Existem, claro, muitas ditaduras, várias abjetas e vagabundas, em países pouco desenvolvidos (algumas até perto de nós), mas a China é o grande exemplo, talvez o único, de uma "ditadura científica", weberiana, se ouso dizer, o mais possível próxima do cenário traçado por Goerge Orwell em seu romance distópico 1984.
Não conheço o advogado, mas presto minhas homenagens à sua coragem e constância, e a melhor forma de fazê-lo não é falar sobre ele, mas sobre sua "obra prima", se ouso dizer: a Carta 08.
Eu tomei conhecimento desse manifesto democrático desde que a informação sobre ele se fez pública no Ocidente (palavra meio fora de moda mas ainda significativa da distiancia democrática entre o Ocidente capitalista e liberal e o despotismo asiático, como diriam Marx e Wittfogel).
Não apenas tomei conhecimento, como me empenhei em divulgar seu conteúdo, em um blog que possuo sobre a China (e que obviamente não é acessável pelos chineses "normais", aliás não é acessável por ninguém que esteja na China e que não possua um "provedor virtual", dada a grande barreira censória existente nesse país).
Vou reproduzir a íntegra do Manifesto novamente, que pode ser lido de imediato neste link:
Chart 08 in China: a manifesto for liberty and democracy
Shanghai Express, Dec 25, 2009
Having posted the text of the Chart 08 in one of my blogs a year ago (see this link), I renew the post, by putting the whole text here available. Just to refresh the memoir. China's Charter 08
The New York Review of Books, Volume 56, ... (link)
E tem também esta nota que postei quando o advogado em questão, agora Prêmio Nobel, foi condenada a 11 anos de prisão, apenas por organizar a assinatura de um manifesto democrático:
Politica repression in China: Chart 08 advocate is sentenced
Shanghai Express, Dec 25, 2009
Alas, it's far too characteristic of this Chinese government that still fears its own people.
To read the Chart 08, go to this link.
Shanghai Express, um blog sobre "coisas" asiáticas (e outras menos asiáticas).
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Salario minimo provoca desemprego: simples assim
Todos sabem -- bem, pelo menos suponho que pessoas bem informadas, ou pelo menos sensatas, sabem, ou deveriam saber -- que o salário mínimo provoca desemprego.
Poucas pessoas aceitam essa evidência evidente, se me permitem a redundância, mas ela é necessária.
Volto a dizer, com todas as letras claras:
SE NÃO EXISTISSE SALÁRIO MÍNIMO NO BRASIL, O DESEMPREGO TAMBÉM SERIA MÍNIMO, PRATICAMENTE INEXISTENTE.
Não gostou do que leu, não gostou do que escrevi?
Pois saiba que é a mais clara verdade da economia, em qualquer época e lugar. Cada vez que legisladores bem intencionados procuraram "proteger" os "pobres dos trabalhadores", promulgando leis de salário mínimo, eles acabaram provocando mais perdas do que ganhos para essa mesma classe trabalhadora, a forçar muitos trabalhadores para fora de seus empregos, em empresas que simplesmente não podiam pagar o salário mínimo (mas que poderiam empregar dezenas de trabalhadores a um salário mutuamente acordado entre o trabalhador e o patrão).
Isso é tão evidente que eu não preciso elaborar a respeito, mas tem gente que não aceita essa realidade, preferindo ficar com ilusões políticas.
Pois antes de transcrever um artigo de um colega colaborador no Ordem Livre a esse respeito, vou fazer uma outra afirmação ousada, que muitos não aceitarão, mas faço de qualquer forma:
SINDICATOS DE TRABALHADORES SÃO MÁQUINAS DE PROVOCAR DESEMPREGO.
Não vou elaborar a respeito neste momento, mas as razões são mais ou menos as mesmas que valem para o salário mínimo: ao tentar proteger os "empregados" -- que são os seus membros sindicalizados -- os sindicatos acabam provocando o desemprego de milhares de outros, que não tem a mínima chance de conseguir trabalho nas condições "generosas" que os sindicatos estipulam e forçam pela via legal.
Enfim, voltarei ao tema, mas fiquem certos de duas coisas:
SINDICATOS E SALÁRIO MÍNIMO SAO MÁQUINAS DE PROVOCAR DESEMPREGO.
Agora, o artigo que vocês podem ler.
Paulo Roberto de Almeida
Salário mínimo e demagogia, um casamento perverso
João Luiz Mauad
Ordem Livre, 7 de Outubro de 2010
No calor da campanha eleitoral, propostas demagógicas costumam saltar da boca dos candidatos como chafarizes. O presidenciável José Serra, por exemplo, na tentativa de superar as parvoíces e frivolidades das promessas petistas, anunciou há poucas semanas sua intenção de aumentar o salário mínimo para 600 reais. Para ele, quanto maior o piso salarial, mais benefícios terão os menos assistidos.
Nada poderia ser mais equivocado.
Para começar, alguns resultados da PNAD/2009, publicada pelo IBGE. Segundo aquele instituto, a taxa de desemprego média, em 2009, ficou na faixa de 8,3%. Em nível de instrução, a maior taxa apurada foi a dos brasileiros com ensino médio incompleto — 15,4%. Já a taxa de desocupação entre os jovens de 18 a 24 anos atingiu 16,6%, exatamente o dobro da média nacional. Alguns apontaram como causa para tais índices a crise econômica, outros a falta de qualificação, mas o cerne do problema está bem claro: a verdade, nua e crua, como veremos adiante, é que o salário mínimo legal prejudica justamente aqueles a quem supostamente deveria beneficiar.
E isso não ocorre somente no Brasil. Vejamos um exemplo bem ilustrativo, vindo da África do Sul. No último dia 27 de setembro, o New York Times, jornal de tendência assumidamente progressista, publicou a seguinte matéria:
Newcastle, África do Sul – Como parte de um esforço nacional dirigido contra os fabricantes de roupas que violam a lei de salário mínimo, o Xerife chegou à fábrica para lacrar-lhe as portas. Porém, algumas mulheres que ali trabalhavam – supostas beneficiárias da ação governamental – se insurgiram. “Por quê, por quê?” gritava Nokuthula Masango, 25 anos, enquanto as autoridades carregavam rolos de tecidos coloridos... Ela ganha somente $36 por semana, $21 a menos que o salário mínimo legal, mas precisa desse salário magro para ajudar a alimentar uma grande família, que inclui 5 irmãos desempregados e seus filhos.
Nakuthula certamente não sabe quase nada de economia, mas, como parte diretamente interessada, sabia perfeitamente que toda aquela ação policial lhe era prejudicial, embora as autoridades talvez pretendessem justamente o contrário.
Malgrado possa não saber traduzir isso em palavras, ela sabe perfeitamente que, em toda transação econômica voluntária, as duas partes se beneficiam, na medida em que cada uma estará entregando à outra algo que julga menos valioso do que a respectiva contrapartida. Se não fosse assim, a transação não se concretizaria.
Se eu compro um par de sapatos, é porque valorizo o produto mais do que o dinheiro que entreguei por ele. Para o comerciante, a situação é exatamente inversa. Esse princípio também se aplica às relações trabalhistas. Para o patrão, tem mais valor o trabalho desenvolvido pelo empregado do que o salário em dinheiro que paga. Para o trabalhador, o dinheiro recebido no contracheque é mais valioso do que o tempo e o esforço dedicados àquela ocupação.
Imaginemos, para fins de raciocínio, que um trabalhador e um empregador tenham ajustado um contrato de trabalho em que o salário combinado foi de $500. Vale lembrar que, se a relação é voluntária, as duas partes estão se beneficiando dela. Agora, vamos supor que, no meio do caminho, os políticos, cumprindo promessas de campanha, tenham arbitrado o salário mínimo em $600. Certamente, o ajuste deixou de ser vantajoso para o patrão, já que a relação "custo/benefício" foi alterada, mesmo que em razão de fatores estranhos à vontade das partes (os juristas chamam essa interferência do governo de "fato do príncipe"). Aquele contrato será, então, eventual e infelizmente, rompido, com prejuízo para ambos. Como os indivíduos que recebem os menores salários são os menos preparados e os mais jovens, esses dois grupos são, normalmente, os mais prejudicados pela demagogia dos políticos.
Se a pobreza pudesse ser erradicada por decreto, como pensam alguns políticos em Brasília, nas África do Sul e muitos outros lugares mundo afora, há muito tempo ela já teria sido eliminada da face da terra. Como, no mundo real, as coisas não funcionam como as ideias torpes dos demagogos sugerem, vamos tentar explicar a única maneira conhecida para incrementar o valor do trabalho.
Todos concordam que uma escavadeira, operada por um só homem, é capaz de remover volumes de terra muito maiores do que dez indivíduos equipados com uma pá. Da mesma forma, um digitador bem treinado, munido de um moderno computador e editores de texto sofisticados será muito mais eficiente do que um outro, sem treinamento algum, à frente de uma antiga máquina de escrever. O dimensionamento dos níveis de rendimento do trabalho resulta numa medida que os economistas chamam de "produtividade" (por exemplo: no primeiro caso, teríamos o quociente "metro cúbico por homem/hora" para medi-la, e, no segundo, "laudas — ou caracteres — por homem/hora").
Sabemos também, por dedução lógica, que, quanto mais produtivo é um indivíduo, mais empregadores se esforçarão para mantê-lo em seus quadros, e que a maneira usual de conseguir isso é pagando-lhe melhores salários. Assim, se a maioria dos trabalhadores ganha mais que o mínimo legal, não é porque os empresários são benevolentes, mas porque a concorrência os obriga a isso. Como qualquer outro preço numa economia livre, os salários também são determinados pela lei da oferta e da demanda.
Ora, se a demanda por trabalho, como de resto por qualquer outro fator de produção, é baseada na produtividade, ou, como ensinou Murray Rothbard, "no montante de rendimento esperado pela produção de um trabalhador, de uma libra de cimento ou de um acre de terra", quanto mais eficiente for uma economia em seu conjunto, maior será a demanda agregada por mão-de-obra e, consequentemente, maior será a remuneração do trabalho.
Se, por exemplo, os trabalhadores americanos são, na média, muito mais bem pagos que os brasileiros, isto decorre da existência de uma absurda diferença de produtividade entre eles e não porque os empresários brasileiros são sovinas ou egoístas.
Em alguma medida, o que torna um cidadão mais produtivo são as suas qualidades pessoais: habilidade, destreza, educação, informação, treinamento, etc.. Porém, o incremento da produtividade de um indivíduo vem também dos bens de capital postos à sua disposição — maquinaria, ferramentas e equipamentos em geral. Quanto maior e melhor for o investimento em bens de capital, maior será a produtividade do trabalho e, consequentemente, maiores os níveis salariais. Por conseguinte, se o salário pago a um trabalhador nos EUA é muito maior que o sucedâneo aqui, isso deriva do fato de o primeiro estar muito mais bem equipado (capital físico) e preparado (capital humano).
É importante salientar, no entanto, que o fato de os salários pagos nos EUA serem muito superiores aos nossos não faz com que o custo do trabalho por lá seja automaticamente superior ao daqui, como muitos podem estar imaginando, pois o que conta, voltamos a enfatizar, não é o preço nominal pago, mas a produtividade marginal do trabalho. Assim, se um operário norte americano recebe dez vezes a remuneração percebida por um colega brasileiro, mas a produtividade daquele é dez vezes maior que a deste, uma coisa está compensando a outra e o custo efetivo dos dois é equivalente.
O segredo para melhorar os salários dos trabalhadores, portanto, está em não permitir que governos demagogos e assistencialistas confisquem, através de pesados impostos, o capital e as rendas das empresas, cujos lucros significam maiores investimentos em capital físico (ferramentas, equipamentos, máquinas, etc.). Além disso, recomendam-se investimentos maciços em educação de qualidade, a fim de incrementar o capital humano. Simples assim!
Poucas pessoas aceitam essa evidência evidente, se me permitem a redundância, mas ela é necessária.
Volto a dizer, com todas as letras claras:
SE NÃO EXISTISSE SALÁRIO MÍNIMO NO BRASIL, O DESEMPREGO TAMBÉM SERIA MÍNIMO, PRATICAMENTE INEXISTENTE.
Não gostou do que leu, não gostou do que escrevi?
Pois saiba que é a mais clara verdade da economia, em qualquer época e lugar. Cada vez que legisladores bem intencionados procuraram "proteger" os "pobres dos trabalhadores", promulgando leis de salário mínimo, eles acabaram provocando mais perdas do que ganhos para essa mesma classe trabalhadora, a forçar muitos trabalhadores para fora de seus empregos, em empresas que simplesmente não podiam pagar o salário mínimo (mas que poderiam empregar dezenas de trabalhadores a um salário mutuamente acordado entre o trabalhador e o patrão).
Isso é tão evidente que eu não preciso elaborar a respeito, mas tem gente que não aceita essa realidade, preferindo ficar com ilusões políticas.
Pois antes de transcrever um artigo de um colega colaborador no Ordem Livre a esse respeito, vou fazer uma outra afirmação ousada, que muitos não aceitarão, mas faço de qualquer forma:
SINDICATOS DE TRABALHADORES SÃO MÁQUINAS DE PROVOCAR DESEMPREGO.
Não vou elaborar a respeito neste momento, mas as razões são mais ou menos as mesmas que valem para o salário mínimo: ao tentar proteger os "empregados" -- que são os seus membros sindicalizados -- os sindicatos acabam provocando o desemprego de milhares de outros, que não tem a mínima chance de conseguir trabalho nas condições "generosas" que os sindicatos estipulam e forçam pela via legal.
Enfim, voltarei ao tema, mas fiquem certos de duas coisas:
SINDICATOS E SALÁRIO MÍNIMO SAO MÁQUINAS DE PROVOCAR DESEMPREGO.
Agora, o artigo que vocês podem ler.
Paulo Roberto de Almeida
Salário mínimo e demagogia, um casamento perverso
João Luiz Mauad
Ordem Livre, 7 de Outubro de 2010
No calor da campanha eleitoral, propostas demagógicas costumam saltar da boca dos candidatos como chafarizes. O presidenciável José Serra, por exemplo, na tentativa de superar as parvoíces e frivolidades das promessas petistas, anunciou há poucas semanas sua intenção de aumentar o salário mínimo para 600 reais. Para ele, quanto maior o piso salarial, mais benefícios terão os menos assistidos.
Nada poderia ser mais equivocado.
Para começar, alguns resultados da PNAD/2009, publicada pelo IBGE. Segundo aquele instituto, a taxa de desemprego média, em 2009, ficou na faixa de 8,3%. Em nível de instrução, a maior taxa apurada foi a dos brasileiros com ensino médio incompleto — 15,4%. Já a taxa de desocupação entre os jovens de 18 a 24 anos atingiu 16,6%, exatamente o dobro da média nacional. Alguns apontaram como causa para tais índices a crise econômica, outros a falta de qualificação, mas o cerne do problema está bem claro: a verdade, nua e crua, como veremos adiante, é que o salário mínimo legal prejudica justamente aqueles a quem supostamente deveria beneficiar.
E isso não ocorre somente no Brasil. Vejamos um exemplo bem ilustrativo, vindo da África do Sul. No último dia 27 de setembro, o New York Times, jornal de tendência assumidamente progressista, publicou a seguinte matéria:
Newcastle, África do Sul – Como parte de um esforço nacional dirigido contra os fabricantes de roupas que violam a lei de salário mínimo, o Xerife chegou à fábrica para lacrar-lhe as portas. Porém, algumas mulheres que ali trabalhavam – supostas beneficiárias da ação governamental – se insurgiram. “Por quê, por quê?” gritava Nokuthula Masango, 25 anos, enquanto as autoridades carregavam rolos de tecidos coloridos... Ela ganha somente $36 por semana, $21 a menos que o salário mínimo legal, mas precisa desse salário magro para ajudar a alimentar uma grande família, que inclui 5 irmãos desempregados e seus filhos.
Nakuthula certamente não sabe quase nada de economia, mas, como parte diretamente interessada, sabia perfeitamente que toda aquela ação policial lhe era prejudicial, embora as autoridades talvez pretendessem justamente o contrário.
Malgrado possa não saber traduzir isso em palavras, ela sabe perfeitamente que, em toda transação econômica voluntária, as duas partes se beneficiam, na medida em que cada uma estará entregando à outra algo que julga menos valioso do que a respectiva contrapartida. Se não fosse assim, a transação não se concretizaria.
Se eu compro um par de sapatos, é porque valorizo o produto mais do que o dinheiro que entreguei por ele. Para o comerciante, a situação é exatamente inversa. Esse princípio também se aplica às relações trabalhistas. Para o patrão, tem mais valor o trabalho desenvolvido pelo empregado do que o salário em dinheiro que paga. Para o trabalhador, o dinheiro recebido no contracheque é mais valioso do que o tempo e o esforço dedicados àquela ocupação.
Imaginemos, para fins de raciocínio, que um trabalhador e um empregador tenham ajustado um contrato de trabalho em que o salário combinado foi de $500. Vale lembrar que, se a relação é voluntária, as duas partes estão se beneficiando dela. Agora, vamos supor que, no meio do caminho, os políticos, cumprindo promessas de campanha, tenham arbitrado o salário mínimo em $600. Certamente, o ajuste deixou de ser vantajoso para o patrão, já que a relação "custo/benefício" foi alterada, mesmo que em razão de fatores estranhos à vontade das partes (os juristas chamam essa interferência do governo de "fato do príncipe"). Aquele contrato será, então, eventual e infelizmente, rompido, com prejuízo para ambos. Como os indivíduos que recebem os menores salários são os menos preparados e os mais jovens, esses dois grupos são, normalmente, os mais prejudicados pela demagogia dos políticos.
Se a pobreza pudesse ser erradicada por decreto, como pensam alguns políticos em Brasília, nas África do Sul e muitos outros lugares mundo afora, há muito tempo ela já teria sido eliminada da face da terra. Como, no mundo real, as coisas não funcionam como as ideias torpes dos demagogos sugerem, vamos tentar explicar a única maneira conhecida para incrementar o valor do trabalho.
Todos concordam que uma escavadeira, operada por um só homem, é capaz de remover volumes de terra muito maiores do que dez indivíduos equipados com uma pá. Da mesma forma, um digitador bem treinado, munido de um moderno computador e editores de texto sofisticados será muito mais eficiente do que um outro, sem treinamento algum, à frente de uma antiga máquina de escrever. O dimensionamento dos níveis de rendimento do trabalho resulta numa medida que os economistas chamam de "produtividade" (por exemplo: no primeiro caso, teríamos o quociente "metro cúbico por homem/hora" para medi-la, e, no segundo, "laudas — ou caracteres — por homem/hora").
Sabemos também, por dedução lógica, que, quanto mais produtivo é um indivíduo, mais empregadores se esforçarão para mantê-lo em seus quadros, e que a maneira usual de conseguir isso é pagando-lhe melhores salários. Assim, se a maioria dos trabalhadores ganha mais que o mínimo legal, não é porque os empresários são benevolentes, mas porque a concorrência os obriga a isso. Como qualquer outro preço numa economia livre, os salários também são determinados pela lei da oferta e da demanda.
Ora, se a demanda por trabalho, como de resto por qualquer outro fator de produção, é baseada na produtividade, ou, como ensinou Murray Rothbard, "no montante de rendimento esperado pela produção de um trabalhador, de uma libra de cimento ou de um acre de terra", quanto mais eficiente for uma economia em seu conjunto, maior será a demanda agregada por mão-de-obra e, consequentemente, maior será a remuneração do trabalho.
Se, por exemplo, os trabalhadores americanos são, na média, muito mais bem pagos que os brasileiros, isto decorre da existência de uma absurda diferença de produtividade entre eles e não porque os empresários brasileiros são sovinas ou egoístas.
Em alguma medida, o que torna um cidadão mais produtivo são as suas qualidades pessoais: habilidade, destreza, educação, informação, treinamento, etc.. Porém, o incremento da produtividade de um indivíduo vem também dos bens de capital postos à sua disposição — maquinaria, ferramentas e equipamentos em geral. Quanto maior e melhor for o investimento em bens de capital, maior será a produtividade do trabalho e, consequentemente, maiores os níveis salariais. Por conseguinte, se o salário pago a um trabalhador nos EUA é muito maior que o sucedâneo aqui, isso deriva do fato de o primeiro estar muito mais bem equipado (capital físico) e preparado (capital humano).
É importante salientar, no entanto, que o fato de os salários pagos nos EUA serem muito superiores aos nossos não faz com que o custo do trabalho por lá seja automaticamente superior ao daqui, como muitos podem estar imaginando, pois o que conta, voltamos a enfatizar, não é o preço nominal pago, mas a produtividade marginal do trabalho. Assim, se um operário norte americano recebe dez vezes a remuneração percebida por um colega brasileiro, mas a produtividade daquele é dez vezes maior que a deste, uma coisa está compensando a outra e o custo efetivo dos dois é equivalente.
O segredo para melhorar os salários dos trabalhadores, portanto, está em não permitir que governos demagogos e assistencialistas confisquem, através de pesados impostos, o capital e as rendas das empresas, cujos lucros significam maiores investimentos em capital físico (ferramentas, equipamentos, máquinas, etc.). Além disso, recomendam-se investimentos maciços em educação de qualidade, a fim de incrementar o capital humano. Simples assim!
Prêmio Nobel de literatura, de 1901 a 2009: os autores...
E já que estamos falando de nobelizados da literatura, um pouco de informação pode vir a calhar...
Laureados com o prêmio Nobel de literatura de 1901 a 2009
* 2009 Herta Müller
* 2008 JMG Le Clézio
* 2007 Doris Lessing
* 2006 Orhan Pamuk
* 2005 Harold Pinter
* 2004 Elfriede Jelinek
* 2003 J. M. Coetzee
* 2002 Imre Kertész
* 2001 V. S. Naipaul
* 2000 Gao Xingjian
* 1999 Günter Grass
* 1998 José Saramago
* 1997 Dario Fo
* 1996 Wislawa Szymborska
* 1995 Seamus Heaney
* 1994 Kenzaburo Oe
* 1993 Toni Morrison
* 1992 Derek Walcott
* 1991 Nadine Gordimer
* 1990 Octavio Paz
* 1989 Camilo José Cela
* 1988 Naguib Mahfouz
* 1987 Joseph Brodsky
* 1986 Wole Soyinka
* 1985 Claude Simon
* 1984 Jaroslav Seifert
* 1983 William Golding
* 1982 Gabriel García Márquez
* 1981 Elias Canetti
* 1980 Czeslaw Milosz
* 1979 Odysseus Elytis
* 1978 Isaac Bashevis Singer
* 1977 Vicente Aleixandre
* 1976 Saul Bellow
* 1975 Eugenio Montale
* 1974 Eyvind Johnson, Harry Martinson
* 1973 Patrick White
* 1972 Heinrich Böll
* 1971 Pablo Neruda
* 1970 Alexandr Solzhenitsyn
* 1969 Samuel Beckett
* 1968 Yasunari Kawabata
* 1967 Miguel Angel Asturias
* 1966 Shmuel Agnon, Nelly Sachs
* 1965 Mikhail Sholokhov
* 1964 Jean-Paul Sartre
* 1963 Giorgos Seferis
* 1962 John Steinbeck
* 1961 Ivo Andric
* 1960 Saint-John Perse
* 1959 Salvatore Quasimodo
* 1958 Boris Pasternak
* 1957 Albert Camus
* 1956 Juan Ramón Jiménez
* 1955 Halldór Laxness
* 1954 Ernest Hemingway
* 1953 Winston Churchill
* 1952 François Mauriac
* 1951 Pär Lagerkvist
* 1950 Bertrand Russell
* 1949 William Faulkner
* 1948 T.S. Eliot
* 1947 André Gide
* 1946 Hermann Hesse
* 1945 Gabriela Mistral
* 1944 Johannes V. Jensen
* 1943 -
* 1942 -
* 1941 -
* 1940 -
* 1939 Frans Eemil Sillanpää
* 1938 Pearl Buck
* 1937 Roger Martin du Gard
* 1936 Eugene O'Neill
* 1935 -
* 1934 Luigi Pirandello
* 1933 Ivan Bunin
* 1932 John Galsworthy
* 1931 Erik Axel Karlfeldt
* 1930 Sinclair Lewis
* 1929 Thomas Mann
* 1928 Sigrid Undset
* 1927 Henri Bergson
* 1926 Grazia Deledda
* 1925 George Bernard Shaw
* 1924 Wladyslaw Reymont
* 1923 William Butler Yeats
* 1922 Jacinto Benavente
* 1921 Anatole France
* 1920 Knut Hamsun
* 1919 Carl Spitteler
* 1918 -
* 1917 Karl Gjellerup, Henrik Pontoppidan
* 1916 Verner von Heidenstam
* 1915 Romain Rolland
* 1914 -
* 1913 Rabindranath Tagore
* 1912 Gerhart Hauptmann
* 1911 Maurice Maeterlinck
* 1910 Paul Heyse
* 1909 Selma Lagerlöf
* 1908 Rudolf Eucken
* 1907 Rudyard Kipling
* 1906 Giosuè Carducci
* 1905 Henryk Sienkiewicz
* 1904 Frédéric Mistral, José Echegaray
* 1903 Bjørnstjerne Bjørnson
* 1902 Theodor Mommsen
* 1901 Sully Prudhomme
Laureados com o prêmio Nobel de literatura de 1901 a 2009
* 2009 Herta Müller
* 2008 JMG Le Clézio
* 2007 Doris Lessing
* 2006 Orhan Pamuk
* 2005 Harold Pinter
* 2004 Elfriede Jelinek
* 2003 J. M. Coetzee
* 2002 Imre Kertész
* 2001 V. S. Naipaul
* 2000 Gao Xingjian
* 1999 Günter Grass
* 1998 José Saramago
* 1997 Dario Fo
* 1996 Wislawa Szymborska
* 1995 Seamus Heaney
* 1994 Kenzaburo Oe
* 1993 Toni Morrison
* 1992 Derek Walcott
* 1991 Nadine Gordimer
* 1990 Octavio Paz
* 1989 Camilo José Cela
* 1988 Naguib Mahfouz
* 1987 Joseph Brodsky
* 1986 Wole Soyinka
* 1985 Claude Simon
* 1984 Jaroslav Seifert
* 1983 William Golding
* 1982 Gabriel García Márquez
* 1981 Elias Canetti
* 1980 Czeslaw Milosz
* 1979 Odysseus Elytis
* 1978 Isaac Bashevis Singer
* 1977 Vicente Aleixandre
* 1976 Saul Bellow
* 1975 Eugenio Montale
* 1974 Eyvind Johnson, Harry Martinson
* 1973 Patrick White
* 1972 Heinrich Böll
* 1971 Pablo Neruda
* 1970 Alexandr Solzhenitsyn
* 1969 Samuel Beckett
* 1968 Yasunari Kawabata
* 1967 Miguel Angel Asturias
* 1966 Shmuel Agnon, Nelly Sachs
* 1965 Mikhail Sholokhov
* 1964 Jean-Paul Sartre
* 1963 Giorgos Seferis
* 1962 John Steinbeck
* 1961 Ivo Andric
* 1960 Saint-John Perse
* 1959 Salvatore Quasimodo
* 1958 Boris Pasternak
* 1957 Albert Camus
* 1956 Juan Ramón Jiménez
* 1955 Halldór Laxness
* 1954 Ernest Hemingway
* 1953 Winston Churchill
* 1952 François Mauriac
* 1951 Pär Lagerkvist
* 1950 Bertrand Russell
* 1949 William Faulkner
* 1948 T.S. Eliot
* 1947 André Gide
* 1946 Hermann Hesse
* 1945 Gabriela Mistral
* 1944 Johannes V. Jensen
* 1943 -
* 1942 -
* 1941 -
* 1940 -
* 1939 Frans Eemil Sillanpää
* 1938 Pearl Buck
* 1937 Roger Martin du Gard
* 1936 Eugene O'Neill
* 1935 -
* 1934 Luigi Pirandello
* 1933 Ivan Bunin
* 1932 John Galsworthy
* 1931 Erik Axel Karlfeldt
* 1930 Sinclair Lewis
* 1929 Thomas Mann
* 1928 Sigrid Undset
* 1927 Henri Bergson
* 1926 Grazia Deledda
* 1925 George Bernard Shaw
* 1924 Wladyslaw Reymont
* 1923 William Butler Yeats
* 1922 Jacinto Benavente
* 1921 Anatole France
* 1920 Knut Hamsun
* 1919 Carl Spitteler
* 1918 -
* 1917 Karl Gjellerup, Henrik Pontoppidan
* 1916 Verner von Heidenstam
* 1915 Romain Rolland
* 1914 -
* 1913 Rabindranath Tagore
* 1912 Gerhart Hauptmann
* 1911 Maurice Maeterlinck
* 1910 Paul Heyse
* 1909 Selma Lagerlöf
* 1908 Rudolf Eucken
* 1907 Rudyard Kipling
* 1906 Giosuè Carducci
* 1905 Henryk Sienkiewicz
* 1904 Frédéric Mistral, José Echegaray
* 1903 Bjørnstjerne Bjørnson
* 1902 Theodor Mommsen
* 1901 Sully Prudhomme
Mario Vargas Llosa e o ocaso do ditador: Chavez diminui de tamanho
Em lugar de falar do Prêmio Nobel -- que para mim não significa absolutamente nada, pois o que me interessa, de fato, é o conteúdo e a forma dos seus livros, entre os quais aprecio particularmente Pantaleón y las Visitadoras -- prefiro falar do escritor político.
E, aproveitando essas conjunturas eleitorais, em que dois candidatos a ditadores são derrotados -- mesmo tendo conquistado um número significativo de votos -- vamos publicar o mais recente artigo político de Vargas Llosa, o escritor em permanente campanha contra os ditadores, de qualquer espécie.
Estou seguro de que já escreveu sobre o outro também, mas por enquanto fiquemos com o coronel em seu ocaso ditatorial...
Paulo Roberto de Almeida
Venezuela: La derrota de Chávez
Mario Vargas Llosa
El País, 8 Octubre 2010
A pesar de la grotesca manipulación del voto, las elecciones del pasado domingo en Venezuela han supuesto un serio revés al comandante bolivariano. Pero la oposición no debe cantar victoria.
La derrota de Chávez en las elecciones parlamentarias del domingo 26 de septiembre es mucho más significativa de lo que indican las cifras electorales, pues, al mismo tiempo que muestra la creciente impopularidad del caudillo venezolano y su régimen, saca a la luz pública la grotesca manipulación del voto popular amañada preventivamente por el chavismo para convertir en victoria lo que esperaba sería una recusación rotunda de su política y sus pretensiones.
La ha sido y sin atenuantes. El comandante Chávez presentó la consulta como un plebiscito en el que el pueblo de Venezuela debía legitimar torrencialmente a su “socialismo del siglo XXI” y su jefe de campaña, Aristóbulo Istúriz, profetizó con arrogancia: “Podemos perder ganando si no obtenemos los dos tercios de la Asamblea Nacional”. Pues bien, el resultado menos fraudulento de las elecciones, el voto por los 12 representantes al Parlamento Latinoamericano, dio a las fuerzas reunidas de la oposición una mayoría de cerca de 400.000 votos.
Esta diferencia se reduce en el voto para la Asamblea Nacional a 242.553 -resultados oficiales: 5.642.553 contra 5.399.574-, porque allí, la ingeniería electoralista de Chávez, con la complicidad de sus parlamentarios y del Poder Electoral, había enmendado la ley para dar una elefantiásica representación a las circunscripciones rurales, donde tenía fuerte arraigo, y encogerla en las urbanas donde la oposición era mayoritaria. Se ha calculado que con esta disparatada desproporción el régimen necesitaba apenas 30.000 votos para obtener un diputado en tanto que la Mesa de Unidad Democrática requería 140.000. Eso explica que la oposición, habiendo obtenido un 52% del voto, cuente sólo con 65 diputados, y el chavismo con 98 pese a alcanzar sólo el 48%. Esos son los milagros matemáticos que produce el socialismo del siglo XXI. No es extraño que, para comunicar estos datos, el Consejo Nacional Electoral tardara ocho horas más de lo previsto y que Chávez, siempre tan lenguaraz, enmudeciera cerca de veinticuatro horas antes de salir a dar la cara a la prensa. Esta vez no se atrevió a decir, como en diciembre de 2007, cuando el pueblo venezolano rechazó su reforma constitucional, que se trataba de “una victoria de mierda”. Más bien agradeció, con aspavientos que desmentía su cara avinagrada, al “pueblo revolucionario” la “victoria” que le otorgó.
Un aspecto interesante de la consulta es que los Estados más castigados por el caudillo (por haber elegido en el pasado a gobernadores y alcaldes hostiles al régimen) retaceándoles el presupuesto, cancelando programas sociales y defenestrando -a veces encarcelando- a sus autoridades, en vez de dejarse intimidar, han redoblado su oposición. Así ha ocurrido en Miranda, Táchira y Zulia, y en la propia Caracas: en el Distrito Capital la oposición derrotó al oficialismo por primera vez en 12 años en votos emitidos.
Con los 65 diputados en la Asamblea Nacional, la oposición tendrá la fuerza necesaria para frenar las reformas constitucionales que Chávez preparaba -se necesitan para ello dos tercios de los diputados- a fin de acelerar la estatización y el dirigismo de la economía, acabar con las empresas privadas y la prensa y la televisión independientes, cerrar los limitados espacios críticos que aún quedan en los ámbitos político, sindical, social y cultural. El avance del régimen hacia un modelo cubano, de dictadura marxista leninista integral, tendrá muchos más escollos para materializarse ahora que el propio pueblo venezolano ha comprobado que, con la civilizada y simple acción de depositar un voto en un ánfora, se podía infligir una seria advertencia a un gobierno en cuyo prontuario figura haber convertido a Venezuela en el país con la más alta inflación de América Latina, el de más alto índice de criminalidad, uno de los más corruptos e ineficientes del planeta y donde el desplome de los niveles de vida de los sectores de clase media y popular es más rápido. Este año Venezuela será el único país de América Latina con crecimiento negativo.
Las fuerzas de la oposición a Chávez no deben cantar victoria ni confiarse por este excelente resultado. Ni volver a cometer errores como el del año 2005, cuando, por abstenerse de participar en el proceso electoral, regalaron a Chávez una Asamblea Nacional servil y autómata (La Casa de las Focas) que todos estos años no ha sido más que una dócil sirvienta de los desafueros constitucionales y legales del Comandante. Es imprescindible que la unión de los partidos, movimientos y personas de la oposición que es La Mesa de Unidad Democrática se mantenga y se afiance, porque de esta manera seguirá ganando adeptos y sumando a sus filas a los venezolanos que, abrumados o atemorizados por las represalias del régimen, se abstuvieron de participar en esta contienda. A muchos de estos abstencionistas escépticos, la victoria electoral de la resistencia tiene que haberlos sacudido y demostrado que todavía hay razones para la esperanza. Cuando lo que está en juego es la libertad de un pueblo, el riesgo de que el oscurantismo de una dictadura totalitaria se abata sobre él y viva quién sabe por cuántos años -los cubanos la padecen hace más de medio siglo- las pequeñas rivalidades de doctrina, de matiz o personales, deben desaparecer a fin de no debilitar la primera de las prioridades: resistir el proyecto autoritario de un caudillo demagogo que ha sumido ya a Venezuela en la miseria, la violencia y el caos y podría seguir hundiéndola en formas todavía más infames de desvarío ideológico.
Se reprocha a la oposición venezolana carecer de líderes, no tener al frente a figuras carismáticas que arrebaten a las masas. Pero, cómo, ¿todavía hay que creer en los caudillos? ¿No han sido ellos, esos horripilantes payasos con las manos manchadas de sangre, embelecos inflados de vanidad por el servilismo y la adulación que los rodea, la razón de los peores desastres de América Latina y del mundo? La existencia de un caudillo carismático supone siempre la abdicación de la voluntad, del libre albedrío, del espíritu creador y la racionalidad de todo un pueblo ante un individuo al que se reconoce como ser superior, mejor dotado para decidir lo que es bueno y lo que es malo para todo un país en materia económica, política, cultural, social, científica, etcétera. ¿Eso queremos? ¿Que venga un nuevo Chávez a librarnos de Chávez?
Yo discrepo. Estoy convencido de que América Latina sólo será verdaderamente democrática, sin reversión posible, cuando la inmensa mayoría de latinoamericanos esté vacunada para siempre contra la idea irracional, primitiva, reñida con la cultura de la libertad, de que sólo un superhombre puede gobernar eficazmente y con acierto a esas mediocridades que somos el resto de los seres humanos, esos rebaños que necesitan buenos pastores que los conduzcan por el camino debido. Los venezolanos lo creyeron así cuando apareció el Comandante de marras, con su voz tonitronante y sus desplantes bolivarianos y sus monólogos farragosos, y votaron por él de manera masiva, descreyendo de la democracia. Así les ha ido. Lo han pagado carísimo. Ahora han aprendido la lección y una de las buenas cosas que vienen haciendo, mientras con gallardía se enfrentan a la semi dictadura que padecen, es haber renunciado a los caudillos. Ahora tienen dirigentes que merecen respeto, no adoración religiosa, pues trabajan en equipo, buscan consensos y toman acuerdos a través del diálogo y la persuasión, es decir, comienzan a practicar ya esa cultura democrática que volverá a ser la de la tierra de Bolívar cuando el comandante Chávez no sea sino una más de esas figuras borrosas de una tradición de vergüenza y atraso.
Los meses y años que tiene Venezuela por delante no serán fáciles. El régimen ha avanzado demasiado en la construcción de unas estructuras dictatoriales y mucha gente medra ya de ellas como para que Chávez, acatando la voluntad popular, rectifique su política y esté dispuesto a retirarse del poder si así lo mandan las urnas. El peligro mayor es que, después de esta golpiza pacífica que acaba de recibir, se embravezca y quiera conseguir, mediante ucases y matonerías represivas, lo que no ha podido conseguir a través de las ánforas. E instale la censura, la liquidación de la prensa no alineada con el régimen, la abolición de toda forma de oposición política y la estatización generalizada de la economía. No le será fácil, desde luego. Ya ha perdido ese estado de gracia del caudillo mesiánico de que gozó algunos años y ahora no sólo él, también el pueblo venezolano sabe que es falible y vulnerable. Se avecina un período tenso, en el que, una vez más, como hace dos siglos, se decidirá en tierra venezolana el futuro de la libertad en toda la América Latina.
E, aproveitando essas conjunturas eleitorais, em que dois candidatos a ditadores são derrotados -- mesmo tendo conquistado um número significativo de votos -- vamos publicar o mais recente artigo político de Vargas Llosa, o escritor em permanente campanha contra os ditadores, de qualquer espécie.
Estou seguro de que já escreveu sobre o outro também, mas por enquanto fiquemos com o coronel em seu ocaso ditatorial...
Paulo Roberto de Almeida
Venezuela: La derrota de Chávez
Mario Vargas Llosa
El País, 8 Octubre 2010
A pesar de la grotesca manipulación del voto, las elecciones del pasado domingo en Venezuela han supuesto un serio revés al comandante bolivariano. Pero la oposición no debe cantar victoria.
La derrota de Chávez en las elecciones parlamentarias del domingo 26 de septiembre es mucho más significativa de lo que indican las cifras electorales, pues, al mismo tiempo que muestra la creciente impopularidad del caudillo venezolano y su régimen, saca a la luz pública la grotesca manipulación del voto popular amañada preventivamente por el chavismo para convertir en victoria lo que esperaba sería una recusación rotunda de su política y sus pretensiones.
La ha sido y sin atenuantes. El comandante Chávez presentó la consulta como un plebiscito en el que el pueblo de Venezuela debía legitimar torrencialmente a su “socialismo del siglo XXI” y su jefe de campaña, Aristóbulo Istúriz, profetizó con arrogancia: “Podemos perder ganando si no obtenemos los dos tercios de la Asamblea Nacional”. Pues bien, el resultado menos fraudulento de las elecciones, el voto por los 12 representantes al Parlamento Latinoamericano, dio a las fuerzas reunidas de la oposición una mayoría de cerca de 400.000 votos.
Esta diferencia se reduce en el voto para la Asamblea Nacional a 242.553 -resultados oficiales: 5.642.553 contra 5.399.574-, porque allí, la ingeniería electoralista de Chávez, con la complicidad de sus parlamentarios y del Poder Electoral, había enmendado la ley para dar una elefantiásica representación a las circunscripciones rurales, donde tenía fuerte arraigo, y encogerla en las urbanas donde la oposición era mayoritaria. Se ha calculado que con esta disparatada desproporción el régimen necesitaba apenas 30.000 votos para obtener un diputado en tanto que la Mesa de Unidad Democrática requería 140.000. Eso explica que la oposición, habiendo obtenido un 52% del voto, cuente sólo con 65 diputados, y el chavismo con 98 pese a alcanzar sólo el 48%. Esos son los milagros matemáticos que produce el socialismo del siglo XXI. No es extraño que, para comunicar estos datos, el Consejo Nacional Electoral tardara ocho horas más de lo previsto y que Chávez, siempre tan lenguaraz, enmudeciera cerca de veinticuatro horas antes de salir a dar la cara a la prensa. Esta vez no se atrevió a decir, como en diciembre de 2007, cuando el pueblo venezolano rechazó su reforma constitucional, que se trataba de “una victoria de mierda”. Más bien agradeció, con aspavientos que desmentía su cara avinagrada, al “pueblo revolucionario” la “victoria” que le otorgó.
Un aspecto interesante de la consulta es que los Estados más castigados por el caudillo (por haber elegido en el pasado a gobernadores y alcaldes hostiles al régimen) retaceándoles el presupuesto, cancelando programas sociales y defenestrando -a veces encarcelando- a sus autoridades, en vez de dejarse intimidar, han redoblado su oposición. Así ha ocurrido en Miranda, Táchira y Zulia, y en la propia Caracas: en el Distrito Capital la oposición derrotó al oficialismo por primera vez en 12 años en votos emitidos.
Con los 65 diputados en la Asamblea Nacional, la oposición tendrá la fuerza necesaria para frenar las reformas constitucionales que Chávez preparaba -se necesitan para ello dos tercios de los diputados- a fin de acelerar la estatización y el dirigismo de la economía, acabar con las empresas privadas y la prensa y la televisión independientes, cerrar los limitados espacios críticos que aún quedan en los ámbitos político, sindical, social y cultural. El avance del régimen hacia un modelo cubano, de dictadura marxista leninista integral, tendrá muchos más escollos para materializarse ahora que el propio pueblo venezolano ha comprobado que, con la civilizada y simple acción de depositar un voto en un ánfora, se podía infligir una seria advertencia a un gobierno en cuyo prontuario figura haber convertido a Venezuela en el país con la más alta inflación de América Latina, el de más alto índice de criminalidad, uno de los más corruptos e ineficientes del planeta y donde el desplome de los niveles de vida de los sectores de clase media y popular es más rápido. Este año Venezuela será el único país de América Latina con crecimiento negativo.
Las fuerzas de la oposición a Chávez no deben cantar victoria ni confiarse por este excelente resultado. Ni volver a cometer errores como el del año 2005, cuando, por abstenerse de participar en el proceso electoral, regalaron a Chávez una Asamblea Nacional servil y autómata (La Casa de las Focas) que todos estos años no ha sido más que una dócil sirvienta de los desafueros constitucionales y legales del Comandante. Es imprescindible que la unión de los partidos, movimientos y personas de la oposición que es La Mesa de Unidad Democrática se mantenga y se afiance, porque de esta manera seguirá ganando adeptos y sumando a sus filas a los venezolanos que, abrumados o atemorizados por las represalias del régimen, se abstuvieron de participar en esta contienda. A muchos de estos abstencionistas escépticos, la victoria electoral de la resistencia tiene que haberlos sacudido y demostrado que todavía hay razones para la esperanza. Cuando lo que está en juego es la libertad de un pueblo, el riesgo de que el oscurantismo de una dictadura totalitaria se abata sobre él y viva quién sabe por cuántos años -los cubanos la padecen hace más de medio siglo- las pequeñas rivalidades de doctrina, de matiz o personales, deben desaparecer a fin de no debilitar la primera de las prioridades: resistir el proyecto autoritario de un caudillo demagogo que ha sumido ya a Venezuela en la miseria, la violencia y el caos y podría seguir hundiéndola en formas todavía más infames de desvarío ideológico.
Se reprocha a la oposición venezolana carecer de líderes, no tener al frente a figuras carismáticas que arrebaten a las masas. Pero, cómo, ¿todavía hay que creer en los caudillos? ¿No han sido ellos, esos horripilantes payasos con las manos manchadas de sangre, embelecos inflados de vanidad por el servilismo y la adulación que los rodea, la razón de los peores desastres de América Latina y del mundo? La existencia de un caudillo carismático supone siempre la abdicación de la voluntad, del libre albedrío, del espíritu creador y la racionalidad de todo un pueblo ante un individuo al que se reconoce como ser superior, mejor dotado para decidir lo que es bueno y lo que es malo para todo un país en materia económica, política, cultural, social, científica, etcétera. ¿Eso queremos? ¿Que venga un nuevo Chávez a librarnos de Chávez?
Yo discrepo. Estoy convencido de que América Latina sólo será verdaderamente democrática, sin reversión posible, cuando la inmensa mayoría de latinoamericanos esté vacunada para siempre contra la idea irracional, primitiva, reñida con la cultura de la libertad, de que sólo un superhombre puede gobernar eficazmente y con acierto a esas mediocridades que somos el resto de los seres humanos, esos rebaños que necesitan buenos pastores que los conduzcan por el camino debido. Los venezolanos lo creyeron así cuando apareció el Comandante de marras, con su voz tonitronante y sus desplantes bolivarianos y sus monólogos farragosos, y votaron por él de manera masiva, descreyendo de la democracia. Así les ha ido. Lo han pagado carísimo. Ahora han aprendido la lección y una de las buenas cosas que vienen haciendo, mientras con gallardía se enfrentan a la semi dictadura que padecen, es haber renunciado a los caudillos. Ahora tienen dirigentes que merecen respeto, no adoración religiosa, pues trabajan en equipo, buscan consensos y toman acuerdos a través del diálogo y la persuasión, es decir, comienzan a practicar ya esa cultura democrática que volverá a ser la de la tierra de Bolívar cuando el comandante Chávez no sea sino una más de esas figuras borrosas de una tradición de vergüenza y atraso.
Los meses y años que tiene Venezuela por delante no serán fáciles. El régimen ha avanzado demasiado en la construcción de unas estructuras dictatoriales y mucha gente medra ya de ellas como para que Chávez, acatando la voluntad popular, rectifique su política y esté dispuesto a retirarse del poder si así lo mandan las urnas. El peligro mayor es que, después de esta golpiza pacífica que acaba de recibir, se embravezca y quiera conseguir, mediante ucases y matonerías represivas, lo que no ha podido conseguir a través de las ánforas. E instale la censura, la liquidación de la prensa no alineada con el régimen, la abolición de toda forma de oposición política y la estatización generalizada de la economía. No le será fácil, desde luego. Ya ha perdido ese estado de gracia del caudillo mesiánico de que gozó algunos años y ahora no sólo él, también el pueblo venezolano sabe que es falible y vulnerable. Se avecina un período tenso, en el que, una vez más, como hace dos siglos, se decidirá en tierra venezolana el futuro de la libertad en toda la América Latina.
George Friedman: the strategist behind Stratfor, and his new book...
The Next Decade
George Friedman
Stratfor - Global Intelligence
Dear Reader:
Let me begin with a confession: I've written another book. This must surely violate some federal law, given that I published my last book less than two years ago.
The new book is called The Next Decade. Titles notwithstanding, this book is very different from its predecessor, The Next 100 Years. The last book was about a century, a time frame in which all things are impersonal. A decade is the opposite, because it is filled with individual decisions and uncertainty. It not only requires a very different type of forecasting, it requires the opposite sensibility. In a century, leadership counts for little. In a decade, it counts for a great deal.
The book is framed by two concepts. The first is the idea that the United States is an unintended empire of vast power, deeply interlocked with the affairs of most of the world. It is not a question of whether Americans want this empire; it is impossible to let go. The question is what to do with it. Like a child you did not expect and may not have welcomed, it is still your responsibility.
The second concept is what I call the Machiavellian Presidency. I consider three presidents exemplary: Lincoln, Franklin Roosevelt and Reagan. Each possessed a deep moral core. Each fully understood the uses of power, lying and violating the Constitution and human rights to achieve the respective moral necessities of the abolition of slavery, the destruction of Nazi Germany and Imperial Japan, and the destruction of the Soviet Union. When we recall that Roosevelt allied with Stalin to defeat Hitler, we capture the Machiavellian President.
The United States has stumbled into empire. It now faces the crisis of Rome that the empire will annihilate the republic. I argue that of all the institutions of our Constitution, it is the president who can preserve the republic while managing the empire. I also argue that the greatest threat to the republic is living in denial about what the United States has become. The issue, then, is how to manage the unintended and unwanted in the next decade.
George Friedman
Stratfor - Global Intelligence
Dear Reader:
Let me begin with a confession: I've written another book. This must surely violate some federal law, given that I published my last book less than two years ago.
The new book is called The Next Decade. Titles notwithstanding, this book is very different from its predecessor, The Next 100 Years. The last book was about a century, a time frame in which all things are impersonal. A decade is the opposite, because it is filled with individual decisions and uncertainty. It not only requires a very different type of forecasting, it requires the opposite sensibility. In a century, leadership counts for little. In a decade, it counts for a great deal.
The book is framed by two concepts. The first is the idea that the United States is an unintended empire of vast power, deeply interlocked with the affairs of most of the world. It is not a question of whether Americans want this empire; it is impossible to let go. The question is what to do with it. Like a child you did not expect and may not have welcomed, it is still your responsibility.
The second concept is what I call the Machiavellian Presidency. I consider three presidents exemplary: Lincoln, Franklin Roosevelt and Reagan. Each possessed a deep moral core. Each fully understood the uses of power, lying and violating the Constitution and human rights to achieve the respective moral necessities of the abolition of slavery, the destruction of Nazi Germany and Imperial Japan, and the destruction of the Soviet Union. When we recall that Roosevelt allied with Stalin to defeat Hitler, we capture the Machiavellian President.
The United States has stumbled into empire. It now faces the crisis of Rome that the empire will annihilate the republic. I argue that of all the institutions of our Constitution, it is the president who can preserve the republic while managing the empire. I also argue that the greatest threat to the republic is living in denial about what the United States has become. The issue, then, is how to manage the unintended and unwanted in the next decade.
Brazil in the Council on Foreign Relations - Joao Augusto de Castro Neves
Brazil's Evolutionary Election
Interviewee: João Augusto de Castro Neves, Political Analyst, CAC Political Consultancy
Interviewer: Roya Wolverson, Staff Writer, CFR.org
Council on Foreign Relations, October 4, 2010
Brazil's October 3 presidential election gave no decisive answer as to who will lead the world's fourth largest democracy in 2011. A potentially complicated runoff election is scheduled for October 31. Brazilian political analyst João Augusto de Castro Neves says Workers' Party candidate and presidential favorite Dilma Rousseff--who garnered 46.9 percent of the vote--is still likely to prevail, despite a potential deal between her two rivals to pool votes behind remaining candidate Jose Serra of the Social Democratic Party--who received 32.6 percent of the vote. Financial markets' non-reaction to the country's election reflects growing international confidence in Brazil's maturing democracy and economic progress, says de Castro Neves. But the next president will still need to create better economic policies that avoid traditional emergency economic plans and instead tackle the country's new "risks of living with abundance," he says. On the diplomatic front, either candidate would likely ease away from close relations with authoritarian regimes like Iran and Cuba, since these initiatives were the result of President Lula da Silva's "hyperactive presidential diplomacy," he says.
There is speculation that front-running Workers' Party candidate Dilma Rousseff might be challenged by a deal between her close competitor Jose Serra and the Green Party Candidate, Marina Silva. How will that play out in the runoff on October 31?
A look at Brazil's recent history shows that even when there's a runoff, usually the one that was first place is still the favorite.It was a surprise that Rousseff didn't win in the first round, but she's still the favorite, [considering President] Lula de Silva's popularity plays in her favor. The "transfer of votes" idea is very uncertain in Brazil. Even if the Green Party's Silva declares that she'll support Serra, that doesn't meant that all 19 percent of voters will go and vote for Serra.
During the past few presidential elections, we were talking about undoing everything that the predecessor did in terms of policies. We're passed that now, which means our democracy is maturing.
Why did Silva make a bigger-than-expected gain in the election?
First, opinion polls in Brazil tend to inflate the numbers of the official candidate, so some say they didn't pick up on Marina Silva's numbers. There's basically a mistake in the methodology of opinion polls in Brazil, but there is also a lot of dissatisfaction with the bipartisan politics in Brazil between the Workers' Party (PT) and the Social Democratic Party (PSDB). The Green Party actually came as a third choice, [as] a protest vote and an ideological vote with Marina. It's a party that tends to be much less tainted by scandals than PT and PSDB.
The Green Party in Brazil is not traditionally very strong except in a few cities such as Rio de Janeiro. Marina's achievement in this election confirms that the Green Party is becoming a real national party. But I wouldn't go as far as saying that this is a trend, that the Green Party will be a third force in Brazilian politics. It's too soon to tell.
Brazil's stock market, bonds, and currency all remained strong leading up to the vote, unlike during the volatile 2002 presidential election when Lula prevailed. Are Brazil's growth prospects now that set in stone?
There are economic challenges, but things are not so unstable in Brazil today as they were years ago. Today, there are a few imperatives that every candidate has to face in Brazil, the first imperative being economic stability. The real plan that was established in the 1990s--which stabilized the economy through monetary policy, fiscal policy, and exchange rate policy--is now respected by every political force in the country. There's also the social imperative: cash transfer programs for poverty alleviation. There isn't a single major political party in Brazil that would challenge these two imperatives. During the past few presidential elections, we were talking about undoing everything that the predecessor did in terms of policies. We're passed that now, which means our democracy is maturing, but there are still a lot of challenges ahead, especially welfare reform [and] tax reform.
What kind of policies can we expect from a new government in tempering the strength of the Brazilian real against the U.S. dollar, which harms Brazil's export industry?
Interest rates in Brazil are so high, and have been so historically, to fight inflation. Brazil is seen as a good place to put your money, because as the economy stabilizes and they have high interest rates, people think, "Let's send our dollars there." Petrobras, the state-owned enterprise, is also planning to invest billions of dollars to explore the country's newly discovered oil reserves, which have been attracting a lot of capital. The challenge is trying to lower interest rates and stabilize the flow of capital in and outside the country. But it's a new moment in Brazilian politics, and the environment of abundance creates risks of politicians being more lax. Brazil is not used to having good economic indicators, so we have to learn how to deal with the risks of living with abundance. We've always dealt with the opposite problem: not having enough money to invest, [which] led to trying to cut down expenditures and fix the economy in an emergency manner. But there isn't a historic example for politicians to follow. Rousseff is not facing directly this problem. Her [policies would be] business as usual. With Serra, on the other hand, some economists close to him are saying, "We have to curb public expenditure, reduce government wages, increase public investments on infrastructure."
Do you expect the next government to carry on Lula's close ties to authoritarian leaders such as Cuba's Fidel Castro, Venezuela's Hugo Chavez, and Iran's Mahmoud Ahmadinejad, despite the strain on U.S. relations?
The only thing that Brazil wants from the United States is to be recognized not only as an important regional player, but an important global player.
Whether Serra or Rousseff wins, I expect the rhetoric to deflate a little, because a lot of this more assertive foreign policy in Brazil has to do with Lula's popularity and international charisma. Lula's hyperactive presidential diplomacy played a really important part in Brazil's controversial stances on the Iranian nuclear program, Cuba, Honduras' coup d'etat. Neither Rousseff nor Serra have Lula's popularity or charisma, so the foreign ministry--which is traditionally very risk-averse--will probably have more autonomy to adjust foreign policy to be more secure. If Rousseff wins, there wouldn't be a radical shift, since that would be recognizing that what Lula did was wrong or was a mistake. If Serra wins, you would expect a clearer shift.
In relation to the United States, it's always been a history of unmatched expectations or frustrations on both sides. Latin America and Brazil are not seen by the U.S. State Department as priorities. Even the fact that, when [Secretary of State] Hillary Clinton or the State Department refers to Brazil, it's usually as part of a greater Latin American project, and not in terms of Brazil as an emerging country or as bilateral relations the way the U.S. is with China, Russia, and India. But the policy agenda of Brazil is very different from the rest of Latin America. We're seeing a turning point in the United States about how to deal with Brazil. Should we deal with Brazil as just one more country in Latin America, under the Latin America agenda umbrella? Or should we deal with Brazil as an emerging power, like we deal with India, China, etc.? I believe the latter, but it's a transition. The United States doesn't have much to offer Brazil right now, and I don't think Brazil wants a lot from the United States. It's good for Brazil to have the United States looking elsewhere, looking at the Middle East, looking at other places, and leaving Brazil to do its own thing. The only thing that Brazil wants from the United States is to be recognized not only as an important regional player, but an important global player. That explains Brazil's stances in cases such as Honduras, Brazil's mission with the UN in Haiti, its adventures in the Middle East, [and] in Iran.
Interviewee: João Augusto de Castro Neves, Political Analyst, CAC Political Consultancy
Interviewer: Roya Wolverson, Staff Writer, CFR.org
Council on Foreign Relations, October 4, 2010
Brazil's October 3 presidential election gave no decisive answer as to who will lead the world's fourth largest democracy in 2011. A potentially complicated runoff election is scheduled for October 31. Brazilian political analyst João Augusto de Castro Neves says Workers' Party candidate and presidential favorite Dilma Rousseff--who garnered 46.9 percent of the vote--is still likely to prevail, despite a potential deal between her two rivals to pool votes behind remaining candidate Jose Serra of the Social Democratic Party--who received 32.6 percent of the vote. Financial markets' non-reaction to the country's election reflects growing international confidence in Brazil's maturing democracy and economic progress, says de Castro Neves. But the next president will still need to create better economic policies that avoid traditional emergency economic plans and instead tackle the country's new "risks of living with abundance," he says. On the diplomatic front, either candidate would likely ease away from close relations with authoritarian regimes like Iran and Cuba, since these initiatives were the result of President Lula da Silva's "hyperactive presidential diplomacy," he says.
There is speculation that front-running Workers' Party candidate Dilma Rousseff might be challenged by a deal between her close competitor Jose Serra and the Green Party Candidate, Marina Silva. How will that play out in the runoff on October 31?
A look at Brazil's recent history shows that even when there's a runoff, usually the one that was first place is still the favorite.It was a surprise that Rousseff didn't win in the first round, but she's still the favorite, [considering President] Lula de Silva's popularity plays in her favor. The "transfer of votes" idea is very uncertain in Brazil. Even if the Green Party's Silva declares that she'll support Serra, that doesn't meant that all 19 percent of voters will go and vote for Serra.
During the past few presidential elections, we were talking about undoing everything that the predecessor did in terms of policies. We're passed that now, which means our democracy is maturing.
Why did Silva make a bigger-than-expected gain in the election?
First, opinion polls in Brazil tend to inflate the numbers of the official candidate, so some say they didn't pick up on Marina Silva's numbers. There's basically a mistake in the methodology of opinion polls in Brazil, but there is also a lot of dissatisfaction with the bipartisan politics in Brazil between the Workers' Party (PT) and the Social Democratic Party (PSDB). The Green Party actually came as a third choice, [as] a protest vote and an ideological vote with Marina. It's a party that tends to be much less tainted by scandals than PT and PSDB.
The Green Party in Brazil is not traditionally very strong except in a few cities such as Rio de Janeiro. Marina's achievement in this election confirms that the Green Party is becoming a real national party. But I wouldn't go as far as saying that this is a trend, that the Green Party will be a third force in Brazilian politics. It's too soon to tell.
Brazil's stock market, bonds, and currency all remained strong leading up to the vote, unlike during the volatile 2002 presidential election when Lula prevailed. Are Brazil's growth prospects now that set in stone?
There are economic challenges, but things are not so unstable in Brazil today as they were years ago. Today, there are a few imperatives that every candidate has to face in Brazil, the first imperative being economic stability. The real plan that was established in the 1990s--which stabilized the economy through monetary policy, fiscal policy, and exchange rate policy--is now respected by every political force in the country. There's also the social imperative: cash transfer programs for poverty alleviation. There isn't a single major political party in Brazil that would challenge these two imperatives. During the past few presidential elections, we were talking about undoing everything that the predecessor did in terms of policies. We're passed that now, which means our democracy is maturing, but there are still a lot of challenges ahead, especially welfare reform [and] tax reform.
What kind of policies can we expect from a new government in tempering the strength of the Brazilian real against the U.S. dollar, which harms Brazil's export industry?
Interest rates in Brazil are so high, and have been so historically, to fight inflation. Brazil is seen as a good place to put your money, because as the economy stabilizes and they have high interest rates, people think, "Let's send our dollars there." Petrobras, the state-owned enterprise, is also planning to invest billions of dollars to explore the country's newly discovered oil reserves, which have been attracting a lot of capital. The challenge is trying to lower interest rates and stabilize the flow of capital in and outside the country. But it's a new moment in Brazilian politics, and the environment of abundance creates risks of politicians being more lax. Brazil is not used to having good economic indicators, so we have to learn how to deal with the risks of living with abundance. We've always dealt with the opposite problem: not having enough money to invest, [which] led to trying to cut down expenditures and fix the economy in an emergency manner. But there isn't a historic example for politicians to follow. Rousseff is not facing directly this problem. Her [policies would be] business as usual. With Serra, on the other hand, some economists close to him are saying, "We have to curb public expenditure, reduce government wages, increase public investments on infrastructure."
Do you expect the next government to carry on Lula's close ties to authoritarian leaders such as Cuba's Fidel Castro, Venezuela's Hugo Chavez, and Iran's Mahmoud Ahmadinejad, despite the strain on U.S. relations?
The only thing that Brazil wants from the United States is to be recognized not only as an important regional player, but an important global player.
Whether Serra or Rousseff wins, I expect the rhetoric to deflate a little, because a lot of this more assertive foreign policy in Brazil has to do with Lula's popularity and international charisma. Lula's hyperactive presidential diplomacy played a really important part in Brazil's controversial stances on the Iranian nuclear program, Cuba, Honduras' coup d'etat. Neither Rousseff nor Serra have Lula's popularity or charisma, so the foreign ministry--which is traditionally very risk-averse--will probably have more autonomy to adjust foreign policy to be more secure. If Rousseff wins, there wouldn't be a radical shift, since that would be recognizing that what Lula did was wrong or was a mistake. If Serra wins, you would expect a clearer shift.
In relation to the United States, it's always been a history of unmatched expectations or frustrations on both sides. Latin America and Brazil are not seen by the U.S. State Department as priorities. Even the fact that, when [Secretary of State] Hillary Clinton or the State Department refers to Brazil, it's usually as part of a greater Latin American project, and not in terms of Brazil as an emerging country or as bilateral relations the way the U.S. is with China, Russia, and India. But the policy agenda of Brazil is very different from the rest of Latin America. We're seeing a turning point in the United States about how to deal with Brazil. Should we deal with Brazil as just one more country in Latin America, under the Latin America agenda umbrella? Or should we deal with Brazil as an emerging power, like we deal with India, China, etc.? I believe the latter, but it's a transition. The United States doesn't have much to offer Brazil right now, and I don't think Brazil wants a lot from the United States. It's good for Brazil to have the United States looking elsewhere, looking at the Middle East, looking at other places, and leaving Brazil to do its own thing. The only thing that Brazil wants from the United States is to be recognized not only as an important regional player, but an important global player. That explains Brazil's stances in cases such as Honduras, Brazil's mission with the UN in Haiti, its adventures in the Middle East, [and] in Iran.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Pausa para a piada da semana...Centro de Atendimento Virtual da Receita para o petista...
Quem não conhece o Vanguarda Popular, o maior centro do pensamento marxista-leninista-maoista do Brasil (possivelmente do mundo também), eu recomendo uma visita ao seu portal, neste link.
Receita Federal lança novo Centro de Atendimento Virtual ao Petista
Escrito por Emmanuel Goldstein
Vanguarda Popular, 6.10.2010
A Receita Federal lançou um novo Centro de Atendimento Virtual ao Petista (e-CAP), que pode ser acessado por qualquer militante do PT de casa ou do diretório, pela Internet. O serviço reúne todas as informações que a Receita possui sobre qualquerotário pagador de impostos cidadão brasileiro.
Com o novo atendimento, será possível acessar/violar/devassar vários sigilos fiscais de inimigos políticos ao mesmo tempo.
“O novo sistema e-CAP vai contribuir para a democratização dos meios de intimidação, permitindo que os sigilos fiscais sejam violados de forma mais rápida e sem deixar vestígios. O e-CAP é fundamental para a implantação do socialismo petista”, declarou o Ministro da Insegurança da Informação do Governo Lula.
Receita Federal lança novo Centro de Atendimento Virtual ao Petista
Escrito por Emmanuel Goldstein
Vanguarda Popular, 6.10.2010
A Receita Federal lançou um novo Centro de Atendimento Virtual ao Petista (e-CAP), que pode ser acessado por qualquer militante do PT de casa ou do diretório, pela Internet. O serviço reúne todas as informações que a Receita possui sobre qualquer
Com o novo atendimento, será possível acessar/violar/devassar vários sigilos fiscais de inimigos políticos ao mesmo tempo.
“O novo sistema e-CAP vai contribuir para a democratização dos meios de intimidação, permitindo que os sigilos fiscais sejam violados de forma mais rápida e sem deixar vestígios. O e-CAP é fundamental para a implantação do socialismo petista”, declarou o Ministro da Insegurança da Informação do Governo Lula.
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Países de Maior Acesso aos textos PRA em Academia.edu (apenas os superiores a 100 acessos) Compilação Paulo Roberto de Almeida (15/12/2025) ...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Reproduzo novamente uma postagem minha de 2020, quando foi publicado o livro de Dennys Xavier sobre Thomas Sowell quarta-feira, 4 de março...
-
Itamaraty 'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia Embaixador foi um grande contador de histórias, ...
-
Israel Products in India: Check the Complete list of Israeli Brands! Several Israeli companies have established themselves in the Indian m...
-
Pequeno manual prático da decadência (recomendável em caráter preventivo...) Paulo Roberto de Almeida Colaboração a número especial da rev...
-
O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...