terça-feira, 9 de novembro de 2010

Um outro Enem é possível...

Possível até que é, mas não com esse pessoal incompetente.

Novo fiasco do Enem 
Editorial - O Estado de São Paulo, 9.11.2010

Se havia alguma dúvida sobre a capacidade do Ministério da Educação (MEC) de recuperar a imagem do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e evitar que sua desmoralização comprometesse todo o sistema de avaliação escolar, ela foi desfeita nesse fim de semana com a prova aplicada a cerca de 3,4 milhões de estudantes. Além de avaliar a qualidade do ensino médio, o Enem é usado como processo seletivo para muitas instituições públicas de ensino superior - principalmente as universidades federais.

Dessa vez os problemas decorreram de falhas de montagem de um dos cadernos da prova, o que levou os estudantes a se deparar com textos repetitivos e falta de questões. Além disso, os cartões de resposta foram impressos de forma invertida - fato que não foi comunicado à maioria dos candidatos. No sábado, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o mesmo que fracassou na organização do Enem de 2009, divulgou que quem foi induzido a erro, no preenchimento do cartão, poderá solicitar que a prova seja corrigida “ao contrário”. Isso dá a medida da inépcia administrativa do MEC.

Por um balanço extraoficial, os problemas ocorridos com o Enem envolveram 20 mil provas. Mas, segundo o reitor da Universidade de Brasília, José Geraldo de Souza Jr., o número de provas impressas com falhas seria de 30 mil. A instituição foi encarregada, juntamente com a Fundação Cesgranrio, de preparar as questões.

Embora as autoridades educacionais tenham afirmado que nenhum aluno será prejudicado, nem o Inep nem o MEC sabem ainda qual é a extensão das falhas ocorridas e de que modo elas poderão ser corrigidas. A aplicação da prova foi classificada como um “desastre” pela OAB. O Ministério Público Federal anunciou que poderá ingressar com ação judicial pedindo a anulação do exame. A Defensoria Pública da União anunciou que tomará iniciativa semelhante. No Ceará, a Justiça Federal concedeu liminar determinando a suspensão imediata do Enem. E a Associação Nacional das Instituições Federais de Ensino Superior reconheceu que a insegurança jurídica acarretará para as universidades problemas ainda mais graves do que os criados pelo Enem de 2009.

No ano passado, os problemas começaram quando se constatou que o MEC não dispunha de infraestrutura adequada para fazer inscrições pela internet. Em seguida, o Inep determinou que vários estudantes deveriam prestar o exame em colégios situados a mais de 300 quilômetros das escolas em que estavam matriculados. Depois, a prova vazou dois dias antes de sua realização, deixando claro que as autoridades educacionais não haviam tomado as medidas de segurança necessárias. Isso as obrigou a preparar um novo teste às pressas, a um custo superior a R$ 30 milhões, e aplicá-lo dois meses após a data prevista, o que desorganizou o calendário das universidades. Na sequência de confusões, constatou-se que várias questões da nova prova tinham viés ideológico. E, no dia em que ela foi aplicada, o MEC divulgou o gabarito errado.

Em 2010, as dificuldades começaram com falhas de logística e amadorismo no planejamento, o que levou à substituição do presidente do Inep. Em seguida, descobriu-se que os dados pessoais dos candidatos às três últimas edições do Enem tinham vazado. Com isso, informações que deveriam ser mantidas em sigilo foram expostas no site do Inep com acesso livre. Depois o MEC se atrapalhou na escolha dos órgãos responsáveis pela formulação das questões, o que acabou criando problemas para a licitação da gráfica e atrasando a contratação de cerca de 300 mil pessoas, entre coordenadores, aplicadores e profissionais encarregados da correção.

Esse é o quadro, descrito com o máximo de objetividade, da desmoralização do Enem. Mas o principal responsável por ele não parece preocupado. Muito pelo contrário. De fato, o presidente do Inep, José Joaquim Soares Neto, dizendo-se “orgulhoso” pela aplicação do Enem, considera que “não houve problemas graves”.

Apreciação sobre a qual os alunos prejudicados teriam muito a opinar…

Nao digam que os mercados sao "perversos"...

E, sobretudo, não tentem "controlar" os mercados com medidas do tipo daquelas que economistas malucos recomendam: controles dos fluxos de capitais, manipulação política das taxas de câmbio e de juros, aumento da (já enorme) influência (na verdade PESO) do governo nos mercados de créditos, e outras medidas mais que esses intervencionistas acham que funcionam, quando elas só contribuem para aumentar ainda mais a volatilidade econômica, acelerar a fuga de capitais e outros efeitos indesejados.
Tem gente que acha que a volatilidade e os capitais "especulativos" são serem alienígenas que ficam à espreita, pela janela, para atacar ao menor sinal.
Sinto decepcionar esse tipo de gente, mas a volatilidade, na verdade, é interna, intrínseca às políticas econômicas erráticas, às declarações não pensadas de certos personagens políticos, enfim, a esses fatores contingentes que soem aparecer em momentos de transição política (mesmo na continuidade aparente que vive o Brasil).
Com respeito à fuga de capitais, sinto, também, decepcionar os incautos, mas os primeiros que fogem são os internos, os domésticos, os caipiras, ou seja, os nacionais - que costumam ser melhor informados do que os estrangeiros -- são os primeiros a se retrair, e buscar paragens mais amenas em centros financeiros off-shore.
Enfim, mercados não são perversos, pela simples e única razão que eles não tem cérebro, nem coração, ou seja, eles são absolutamente frios, totalmente sem coração, indiferentes aos sofrimentos e angústias de dirigentes e simples populares, aplicadores ou poupadores, especuladores ou investidores sérios.
Mercados são o que são, pois eles são os resultados não dirigidos -- muitas vezes impensados -- de milhares de pessoas que intervêm a qualquer momento, com qualquer motivações. Percepções guiam os mercados, mas quem é capaz de prever percepções, quando as informações são tantas e tão desencontradas?
Portanto, deixe os mercados em paz e faça o que tem de fazer, de modo tranquilo: toda riqueza é fruto do trabalho, não da especulação, toda receita é fruto de um trabalho prévio e não existe no ar, toda despesa tem consequencias diretas, para quem paga, e para quem recebe. Mercados são capazes de "perceber" quando algo não está bem, e aí reagem intempestivamente.
Cavec canem, beware of the dog, cuidado com o cão: o cão é o mercado...
Paulo Roberto de Almeida

Mercado cobra de Dilma definição de equipe econômica
Por Ricardo Balthazar e Toni Sciarretta
Folha de S.Paulo, 9.11.2010

A indefinição em torno dos nomes que a presidente eleita Dilma Rousseff escolherá para formar sua equipe de governo alimentou especulações de todo tipo no mercado financeiro nos últimos dias. Os investidores dizem ter dúvidas sobre a disposição de Dilma para conter a expansão dos gastos públicos, medida que julgam necessária para ajudar o Banco Central a combater a inflação. Além disso, eles se preocupam com a possibilidade de que Dilma centralize em seu gabinete as principais decisões econômicas, o que poderia reduzir a liberdade que o BC tem para subir os juros quando achar necessário. “Um presidente com mais influência na economia é algo que não vemos há algum tempo e sem dúvida trará muita incerteza ao mercado”, disse Aloisio Teles, da corretora japonesa Nomura, em nota para clientes ontem.

Embora Dilma tenha se comprometido com políticas austeras na campanha eleitoral, notícias desencontradas sobre a formação de sua equipe e o destino do presidente do BC, Henrique Meirelles, agitaram o mercado de juros futuros, onde os investidores negociam contratos para se prevenir contra mudanças nas taxas de juros. As taxas caíram nos contratos com vencimento nos próximos dois anos e subiram bastante nos contratos de prazo mais longo, sinal de que os investidores apostam numa redução dos juros no início do novo governo e preveem dificuldades depois.

As taxas de juros dos contratos com vencimento em 2017 saltaram ontem de 11,70% para 11,91%, uma variação expressiva num mercado em que pequenas oscilações fazem enorme diferença. No final do dia, as taxas recuaram para 11,86%. “Movimentos bruscos como esse só ocorrem quando há mudança de expectativa”, afirmou o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto. “Muita gente pensa que Dilma talvez queira reduzir os juros por decreto, embora não seja assim que as coisas funcionem.”

Divida Externa do Brasil e FMI: esclarecendo duvidas, eliminando erros

Junto com certos posts sobre a carreira diplomática, que desperta naturalmente a atenção dos candidatos que eventualmente acessam este blog, e um ou outro sobre alguns temas sensíveis -- como um "fatídico" sobre os salários dos "conselheiros" da Petrobras, quase todos amigos, e "servos" do poder -- poucos posts neste blog despertaram tantas paixões e comentários desencontrados como um que postei em 4 de agosto sobre:

Divida do Brasil com o FMI: a farsa de sua quitacao - Flavio Morgenstern

Se tratava, como o próprio título indica, de um artigo de Flavio Morgenstern, explicando a situação real da dívida externa e interna do Brasil, precedido de alguns comentários meus sobre o fato de que a propagandeada "quitação da dívida externa do Brasil junto ao FMI", não passava, justamente, disso, de um ato de propaganda, mistificando a realidade, enganando a maior parte das pessoas e, pior, não seguida de comentários de jornalistas especializados esclarecendo que o Brasil saia pior da situação do que estava antes dessa "quitação" fantasmagórica.
Não vou retomar cada passo das relações do Brasil com o FMI, algo sobre o que já escrevi a respeito, e justamente acabo de atualizar meu capítulo sobre diplomacia financeira num livro que vai ser publicado em terceira edição -- Relações Internacionais e Política Externa do Brasil -- que trará explicações mais extensas a esse respeito.
Se ouso resumir a situação, inclusive em intenção de comentaristas que me escreveram no post acima, com colocações superficiais, a favor e contra, a respeito do assunto, seria isto.

1) "Dívida" do Brasil com o FMI:
A rigor, não existe uma dívida do Brasil para com o FMI e nunca existiu. O que existiram foram planos de contingência e empréstimos condicionais -- créditos stand-by -- que foram negociados entre 1998 e 2001 (e renovados pelo governo Lula) para enfrentar situações de crise como as que abalaram os mercados financeiros na segunda metade dos anos 1990 e no início dos anos 2000, por causa da Argentina E DAS ELEIÇÕES BRASILEIRAS DE 2002 (e desculpo-me pela caixa alta, mas é bom que se diga como são os fatos, não a propaganda).
O Brasil contraiu um primeiro empréstimo do FMI, no quadro de um pacote muito mais amplo em 1998, para enfrentar um problema que diversos outros países enfrentavam: a fuga de capitais de mercados emergentes, que tinha começado com o problema do México, em dezembro de 1994, prolongou-se extensivamente nas crises dos mercados asiáticos de 1997 e assumiu contornos dramáticos com a moratória russa de agosto de 1998. O Brasil não entrou em crise e nunca deixou de pagar suas obrigações externas. Os pacotes foram preventivos e serviram para reforçar suas reservas ou alimentaram o caixa para saldar compromissos externos.
O primeiro pacote -- FMI, BIRD, BID e países membros do BIS -- foi de 48,5 bilhões de dólares. Em contrapartida (as famosas condicionalidades que muitos criticam), o Brasil assumiu o compromisso de "fazer superavit primário", ou seja, reservar uma parte de suas receitas fiscais (então estimada em 2,5% do PIB) para saldar os juros de sua dívida interna, doméstica, que estava crescendo demais.
Aos que reclamam dessas condicionalidades, eu apenas diria o seguinte: tente viver acima de seus vencimentos ou de sua renda, e vá pedir dinheiro ao seu gerente de banco apenas para continuar gastando com restaurantes e compras diversas. Tente viver acima de seus meios, para ver o que acontece. Era isso que estava fazendo, E QUE AINDA FAZ, o Brasil. Nada mais sensato, pois, do que recomendar um pouco de rigor fiscal, que é o que todo mundo faz com suas próprias contas pessoais.
O segundo pacote, contraído em meio à crise argentina de 2001, foi apenas para reforçar as reservas, com uma disponibilidade de 15 bilhões de dólares. Não foi usado, serviu apenas de garantia.
O terceiro pacote, de US$ 30 bilhões, só de dinheiro do FMI, foi feito em meio às eleições de 2002, quando OS MERCADOS ASSUSTADOS COM A POSSIBILIDADE DE O PT DAR CALOTE NA DIVIDA EXTERNA, começaram a cotar por baixo os títulos da dívida brasileira no exterior (que cairam a menos de 50% do seu valor de face, ou seja, você podia comprar um título de 100 dólares pagando apenas 48 dólares, e receberia igual do governo brasileiro os 100 dólares no seu termo). O dólar, como se sabe, foi às alturas, saindo de 1,7 reais para quase 4 contra um dólar, e a taxa de risco do Brasil foi a 24 mil pontos, ou seja 24 pontos percentuais acima das taxas de referência dos EUA.
Foi esse último empréstimo de US$ 30 bilhões que foi aceito e renovado pelo governo do PT, pelo ministro Palocci, em 2003, quando ele assumiu, mas apenas pela quantia de 14,8 bilhões de dólares, dinheiro NÃO UTILIZADO, mas que serviu apenas para reforçar as reservas.
Diga-se de passagem que foi o ministro Palocci que decidiu aumentar as garantias oferecidas pelo Brasil, não solicitadas pelo FMI, de aumentar o superavit primário de 2,5% do PIB para 3,25% do PIB, em total autonomia e independência (como compete a qualquer país membro do FMI).
Esse "empréstimo" -- na verdade, uma carta-compromisso fazendo a concessão desse crédito de 14,8 bi -- ficou em vigor até 2005, quando o governo decidiu pela sua "liquidação" e montou toda aquela operação de propaganda para dizer que tinha "liquidado a dívida com o FMI".
Vamos agora aos fatos.


2) Dívida comercial do Brasil nos mercados financeiros:
Pelo seu crédito, ou pelo direito de uso eventual do dinheiro do FMI (que também é seu, como membro de pleno direito), o Brasil pagava juros de companheiro, de 4,5% na média, ou seja, o dinheiro do FMI era MUITO MAIS BARATO do que qualquer outra operação comercial que o Brasil pudesse fazer nos mercados financeiros.
Mas, claro, apenas para dizer que "não dependia mais do FMI", o governo do presidente Lula declarou, de forma nitidamente enganosa, que estava se libertando da dependência do FMI, devolvendo um empréstimo que ele nunca tomou (na verdade, simplesmente dizendo que não renovaria mais o programa, e que o dinheiro reservado e carimbado em nome do Brasil era dispensável). Por decisão própria, o governo CONTINUOU MANTENDO A META DE SUPERAVIT PRIMÁRIO, por decisão própria, não por imposição do FMI.
O que ficou, então? Apenas empréstimos comerciais, Global Bonds, que o Brasil lança nos mercados comerciais, com taxas de juros nunca inferiores a 8%, em geral, na faixa de 9 a 11%, pelo menos naquela época (hoje se encontram Global Bonds de 7%, mas os mercados estão líquidos novamente e a taxa de risco do Brasil continuou caindo, graças à boa gestão do Banco Central).
Em resumo, o Brasil "trocou" -- não é a mesma coisa, claro, mas serve de comparação -- um "empréstimo" do FMI a 4,5% para ficar com empréstimos comerciais a 10%.
Se isso é vantajoso, apenas os novos donos da matemática da dívida podem dizer. 



3) Dívida interna, e dívida total do Brasil:O fato é que para acumular as reservas que o Brasil acumulou, e proclamar que tem superávit com o mundo -- na verdade a dívida externa continua existindo, mas seu montante é inferior às reservas -- o Brasil faz dívida interna, a 10% ou mais, para poder comprar os dólares dos exportadores.
A consequencia é que temos acumulado uma dívida doméstica muito mais catastrófica do que qualquer dívida externa, inclusive comercial, pois os juros da Selic são sempre superiores aos dos mercados externos e mais do que o dobro do "dinheiro do FMI" (tão execrado).
Quem quiser saber mais sobre a dívida doméstico tem como se informar no site do Tesouro.



4) Iludindo os "incautos" e fazendo propaganda enganosa:
Termino e concluo: apenas os ingênuos acham que o Brasil se libertou do FMI, qualquer que seja o sentido que se dê a essa expressão. O Brasil nunca esteve obrigado a nada que não quisesse fazer, mas como em toda operação de crédito externo, existem garantias que tem de ser dadas pelo uso do dinheiro alheio. Pode-se garantir que as condições do FMI são muito melhores do que empréstimos "soberanos" que implicam custos maiores.
Pior do que tudo é contrair dívida interna para poder manter reservas que ainda tem um custo fiscal -- diferencial de juros internos e externos -- superior a 20 bilhões de dólares por ano.
Esse é o custo da propaganda do governo.

Paulo Roberto de Almeida

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ironias da historia: um peronista morto pela Republica Sindical...

Quando é que isso vai acontecer por aqui?
Não digo peronistas (embora existam alguns), mas equivalentes funcionais, digamos assim...
Paulo Roberto de Almeida

Argentina After Kirchner
Peronist strongman Néstor Kircher may be dead, but the power of Big Labor is alive and well–and holding back economic reform.

By MARY ANASTASIA O'GRADY



BY MARY ANASTASIA O'GRADY

Buenos Aires

The night before former Argentine President Néstor Kirchner died of a heart attack—12 days ago—he is rumored to have had a heated argument with the leader of this country's largest labor union, known by its Spanish initials CGT. Some say it's what killed the Peronist strongman.

The dispute is instructive because it highlights the power of Big Labor in this country and explains why, despite the passing of this powerful politician who acted like a mob boss, there is still little hope that Argentina's economy will begin to modernize any time soon. It is also a cautionary tale ...
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Eu também acho que discutir com líderes sindicais pode fazer mal à saúde...

Posicao brasileira no G20: alguem entendeu?

Confesso que não entendi a posição brasileira na próxima reunião do G20. Leiam primeiro a matéria de jornal, depois volto para comentar:

Nova proposta dos EUA divide G-20
Assis Moreira | De Seul
Valor Econômico, 08/11/2010
 

Os Estados Unidos estão voltando à carga para obter no G-20, nesta semana, em Seul, compromisso de redução de "desequilíbrios comerciais excessivos" com uma proposta que desta vez alveja bem mais a China, com potencial para levar o encontro ao fiasco.
O Valor teve acesso ao "draft" (rascunho) do Plano de Ação de Seul, pelo qual os chefes de Estado se comprometerão com medidas para evitar uma guerra cambial e impulsionar "um crescimento forte, sustentável e equilibrado da economia mundial no médio prazo".
É nesse plano que Washington insiste em estabelecer que o déficit ou superávit das contas correntes dos países não supere 4% do Produto Interno Bruto (PIB). A partir desse patamar seriam deflagradas negociações para sua redução.
"Países com déficits sustentáveis vão reforçar seu desempenho exportador e impulsionar a poupança nacional", diz a proposta americana. "Países com superávits sustentáveis vão adotar políticas cambiais, estrutural e fiscal para impulsionar fontes domésticas de crescimento".
A diferença, em relação à proposta dos Estados Unidos rejeitada em encontro de ministros de Finanças do G-20, é que agora Washington atenua a pressão sobre a Alemanha, país com maior superávit, de 6,1% do PIB, e que contaria na média da zona do euro. Termina por deixar o peso do ajuste mais sobre a China, com saldo de 4,7% nas contas externas.
Washington argumenta que o objetivo não é estabelecer metas quantitativas e sim bandas indicativas, para se alcançar até 2015 desequilíbrios nas contas correntes em níveis sustentáveis. E seria uma maneira alternativa de tratar da moeda chinesa desvalorizada, que dopa suas exportações para o resto do mundo.
Mas Cui Tiankai, vice-ministro chinês das Relações Exteriores, ridicularizou a ideia americana. Há questões na economia mundial que merecem muito mais atenção, como o impacto do afrouxamento monetário nos EUA, afirmou.
O sentimento é de que os EUA relançaram a guerra de moedas antes do G-20 com a anunciada injeção de liquidez de US$ 600 bilhões. Emergentes mais dinâmicos estão sob pressão de mais valorização da moeda, riscos de bolhas pelo excesso de liquidez e de crédito.
A Índia acusa os EUA de terem minado o espírito de cooperação multilateral que os líderes do G-20 vêm tentando duramente estabelecer para afrontar a atual crise das moedas. Para importantes negociadores, sugerir a banda é "forçar a barra" no contexto atual e a proposta deverá ser novamente rejeitada.
Também descontente com a posição americana, o Brasil quer obter do G-20 o aval para que os emergentes possam impor controle de capital para evitar desestabilização de suas economias com o fluxo de capitais. E insistirá para que os países desenvolvidos estimulem suas economias para o consumidor voltar a gastar, em vez de esperar ação apenas dos emergentes.

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Pois bem, agora vejamos [PRA]:
 Se o problema brasileiro é a valorização do real, um problema que ele divide com todos os demais países (pois todos eles sofrem com a desvalorização do dólar, salvo a China), a maneira correta de evitar isso é conter o afluxo maciço de dólares em sua economia, o que ele pode fazer de duas maneiras: importando mais, diminuindo a taxa de juros interna, que é o principal fator de atração desses capitais. Controles de capitais não são as medidas mais adequadas, pois eles aumentam a taxa de risco (spread) nos empréstimos externos, ou seja, quando o Brasil pretender importar capitais estrangeiros, pagará mais caro por isso, já que costuma recorrer a esses mecanismos arbitrários e aleatórios, essencialmente negativos, que impõem um custo para o próprio país.
Agora, se pretende que os países desenvolvidos estimulem suas economias, está sendo contraditório com o que já disse o ministro da Fazendo, para quem esses mecanismos não servem para nada, e são o mesmo que atirar dinheiro de helicóptero (ainda que fique difícil imaginar um helicóptero viajando pelo mundo, atirando dinheiro pela janela). Os EUA injetaram 600 bi na economia justamente para isso, e agora o ministro vem reclamar? Aliás, este é o mesmo fator que faz com o dólar se desvalorize. O ministro precisa resolver do que ele pretende reclamar...
Paulo Roberto de Almeida

Seminar: Brazil’s Foreign Policy - A Critical Appraisal, Washington

Seminar:  Brazil’s Foreign Policy of Today and Tomorrow: A Critical Appraisal, November 16, Washington, DC
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The Brazil Institute at the Woodrow Wilson International Center for Scholars, the Inter-American Dialogue and the Center for Latin American Issues at George Washington University Invite you to a discussion on

Brazil’s Foreign Policy of Today and Tomorrow: A Critical Appraisal

Tuesday, November 16, 2010 – 9 a.m. to 11:30 a.m.

Woodrow Wilson International Center for Scholars 5th Floor Conference Room

RSVP (Acceptances only): james.hodges@wilsoncenter.org

Speakers: Roberto Abdenur, former Deputy Foreign Minister and former Ambassador to China and the United States; Sergio Amaral, former Minister of Development, Industry and Commerce, and former Ambassador to England and France; Marcos Azambuja, former Deputy Foreign Minister and former Ambassador to Argentina and France; Antonio Carlos Pereira, Editor, Opinion Page, O Estado de S. Paulo

Moderator: Paulo Sotero, Director of the Brazil Institute, Woodrow Wilson Center

Discussants: James Ferrer, Director, the GWU Center for Latin American Studies; Peter Hakim, President Emeritus, Inter-American Dialogue

For more information on the Brazil Institute, visit www.wilsoncenter.org\brazil

Woodrow Wilson Center – 1300 Pennsylvania Avenue, N.W. – Washington, DC 20004

domingo, 7 de novembro de 2010

Alguns trabalhos mais recentes - Paulo R. Almeida

Abaixo os trabalhos publicados mais recentes.
Já fiz o meu "gol" número 1.000, por acaso com a publicação de um livro que estava quase dez anos no pipeline: um guia dos arquivos americanos sobre o Brasil, elaborado em colaboração com pesquisadores e assistentes, em Washington, em 2001.
Paulo Roberto de Almeida


1002. “Uma avaliação do governo Lula: políticas sociais e área institucional”, Espaço Acadêmico (ano 10, n. 114, novembro 2010, p. 165-173; ISSN: 1519-6186; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/11526/6255). ABNT: ALMEIDA, P. Uma avaliação do governo Lula: políticas sociais e área institucional. Revista Espaço Acadêmico, Brasil, 10 out. 2010. Disponível em: <http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/11526/6255>. Acesso em: 06 nov. 2010. Relação de Originais n. 2214.

1001. “A Arte de Não Fazer a Guerra: novos comentários à Estratégia Nacional de Defesa”, Revista de Geopolítica (Ponta Grossa, PR; Vol. 1, No 2; jul-dez. 2010, p. 5-20; link : http://www.revistageopolitica.com.br/ojs/ojs-2.2.3/index.php/rg/issue/view/2). Relação de Originais n. 2066.

1000. Guia dos Arquivos Americanos sobre o Brasil: coleções documentais sobre o Brasil nos Estados Unidos (Brasília: Funag, 2010,  244 p.; ISBN: 978-85-7631-274-1; com Rubens Antônio Barbosa e Francisco Rogido Fins, orgs.). Site da Funag (link: https://loja.funag.gov.br/templates/mostra_produto?cod_produto=99046). Relação de Originais n. 2200.


999. “Prata da Casa, Boletim 3-2010”, [Notas sobre os seguintes livros: (a) Ciro Leal M. Da Cunha: Terrorismo Internacional e Política Externa Brasileira Após o 11 de Setembro (Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2009, 216 p.; ISBN: 978-85-7631-190-4); (b) Rômulo Figueira Neves: Cultura Política e Elementos de Análise da Política Venezuelana (Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2010, 152 p.; ISBN: 978-85-7631-192-8); (c) Marcelo Cid: Os Unicórnios (Rio de Janeiro : Sete Letras, 2010, 168 p.; ISBN: 978-85-7577-637-7); (d) Fernando Cacciatore de Garcia: Fronteira Iluminada: História do Povoamento, Conquista e Limites do Rio Grande do Sul, a partir do Tratado de Tordesilhas (1420-1920) (Porto Alegre: Sulina, 2010, 330+16 p.; ISBN: 978-85-205-0555-7)] Boletim ADB (ano 17, n. 70, julho-agosto-setembro 2010, p. 27-28; ISSN 0104-8503). Relação de Originais n. 2170.

998. “La diplomatie de Lula (2003-2010): une analyse des résultats”, In: Denis Rolland, Antonio Carlos Lessa (coords.), Relations Internationales du Brésil: Les Chemins de La Puissance; Brazil’s International Relations: Paths to Power (Paris: L’Harmattan, 2010, 2 vols; vol. I: Visions Globales – Global Representations, p. ). Postado no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/10/relations-internationales-du-bresil.html). Relação de Originais n. 2184.

997. “Balanço do governo Lula, 2003-2010: uma avaliação não complacente”, portal de Economia do iG em 26.10.2010 (link: http://economia.ig.com.br/balanco+do+governo+lula+20032010+uma+avaliacao+nao+complacente/a1237812318976.html). Relação de Originais n. 2188.

996. “Qual a melhor política econômica para o Brasil?: algumas opções pessoais”, Ordem Livre (25 de outubro de 2010; da série Volta ao mundo em 25 ensaios: 21; link: http://ordemlivre.org/textos/1136). Republicada no site do Instituto Millenium (27.10.2010; link: http://www.imil.org.br/artigos/qual-a-melhor-politica-economica-para-o-brasil-algumas-opcoes-pessoais/). Reproduzida no blog O Brasil do PT – O Caos (28.10.2010; link: http://obrasildopt.blogspot.com/2010/10/paulo-roberto-de-almeida-qual-melhor.html). Relação de Originais n. 2095.

995. “Brasil: o que poderíamos ter feito melhor, como sociedade, e não fizemos?”, Ordem Livre (4 de outubro de 2010; da série: Volta ao mundo em 25 ensaios: 20; link: http://www.ordemlivre.org/textos/1120/). Reproduzido no site do Instituto Millenium (12.10.2010; link: http://www.imil.org.br/artigos/brasil-o-que-poderiamos-ter-feito-melhor-como-sociedade-e-nao-fizemos/). Relação de Originais n. 2094.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...