Um importante encontro para debate entre especialistas, numa área em que crenças políticas, simpatias partidárias e honestidade científica se juntam para complicar justamente a dimensão política desse fenômeno real no Brasil.
Suas consequências políticas são mais difíceis de serem avaliadas, pois elas penetram no subconsciente nacional, ou melhor, na psicologia das massas, como se diria antigamente.
Workshop: “Political Consequences of Declining Inequality in Brazil”
University of Oxford, 3 December
****************************
co-sponsored by the Brazilian Studies Programme (www.brazil.ox.ac.uk) and the Oxford Centre for the Study of Inequality and Democracy (ocsid.politics.ox.ac.uk)
Friday, 3 December 2010
Tawney Room, Rewley House, 1 Wellington Square with the generous support of Santander Universities (www.santander.com)
Although Brazil remains a world leader in inequality, the Gini coefficient of income inequality has been falling perceptibly since the early 1990s. The past 5-7 years have seen a notable reduction in poverty rates, with some analysts heralding the emergence of a “new middle class.” Factors contributing to this trend include renewed economic growth, improved education, sustained increases in the minimum wage, and innovative social policies introduced by the past two governments. In particular, the conditional cash transfer programme known as Bolsa Família has generated intense interest both in Brazil and abroad. While economists, sociologists, and demographers have been swift to document the decline in poverty and inequality in Brazil, few have explored the political implications of these trends.
Given that the institutions and practices of Brazilian politics have long been causally linked to the presence of deep inequalities in the country, this day-long workshop aims to analyse both the macropolitical and micropolitical consequences of recent social changes. The key questions are whether (1) government social policy and (2) the declining economic vulnerability of the poor make any difference for the politics of democracy in Brazil.
The workshop will feature nine papers from social scientists who will appraise the implications of social change for democratic development. Topics include electoral realignments, the possible
erosion of oligarchy, new approaches to clientelism and “exchange politics,” political implications of rising labor formality and improved educational/literacy outputs, the impact on governance of rising living standards in peripheral communities, the effects of improving social indicators on longstanding ideological divisions between left and right, the possible accrual of a long-term political legacy for Lula’s PT, and the extent to which subnational politicians (governors and mayors) engage in credit-
claiming. The majority of papers focus centrally on Bolsa Família, allowing us to advance the emerging theoretical debates on the implications of conditional cash transfers for democracy
and development. We will conclude the day with a keynote presentation by Dr Marcelo Neri of the Centre for Social Policies, Getúlio Vargas Foundation, who will lay out the empirical panorama of the recent reduction in Brazilian inequality.
9:05-10:45 Panel 1: Patterns of Voting and Public Opinion
Chair: Andrew Hurrell (University of Oxford)
“Realignment in Brazil”
André Singer (University of São Paulo)
“Poorest Voters vs. Poorest Places: Persistent Patterns and Recent Changes in Brazilian Electoral Patterns”
Cesar Zucco Jr. (Princeton University)
“Electoral Gains and Losses from Conditional Cash Transfer Programs: How Bolsa Família Led to the Polarization of the Brazilian Electorate”
Diego Sanches Correa (University of Illinois)
Discussant: Anthony W. Pereira (King’s College, London)
11:00-12:30 Panel 2: New Perspectives on Clientelism and Exchange Politics
Chair: Nancy Bermeo (University of Oxford)
“Creating Citizens or Clients: The Impact of Bolsa Família in Brazil”
Wendy Hunter (University of Texas at Austin)
“Their Separate Ways: Leftist Mobilization and Clientelist Continuity in Brazilian Subnational Politics”
Alfred P. Montero (Carleton College)
“Agents of Citizenship or Agents of Clientelism? The Cultural Dilemma of Bolsa Família’s State Monitors.”
Presented by Luciana Veiga (Universidade Federal do Paraná) on behalf of co-authors Simone Bohn (York University), Salete da Dalt (Universidade Federal Fluminense), André Augusto Pereira Brandão (Universidade Federal Fluminense), César Augusto da Silva (Federal University of Vale do São Francisco), and Victor Hugo de Carvalho Gouvêa (Universidade Federal Fluminense)
Discussant: David Doyle (Dublin City University)
14:00-15:30 Panel 3: Framing the Public Debate on Redistribution
Chair: Alessandra Aldé (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
“Inequality and Support for Redistribution”
Fabiana Machado (Inter-American Development Bank)
“The Debate on the Reduction of Inequality in Brazil: An Analysis of the 2010 Presidential Campaign”
Marcia Ribeiro Dias (Pontifícia Universidade Católica, Rio Grande do Sul)
“Coalitions for Equity-Enhancing Reform in Brazil”
Diego Sánchez-Ancochea and Timothy J. Power (University of Oxford)
Discussant: Camille Goirand (University of Lille)
15:45-17:30 Panel 4: Keynote Address
Chair: Antonio David Cattani (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
“The Decade of Inequality Reduction in Brazil: Causes, Consequences and Perspectives”
Marcelo Neri (Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro)
Discussant: Edmund Amann (University of Manchester)
17:30-18:00 Closing Remarks and Adjournment
FOR MORE INFO and to register, please contact: david.robinson@lac.ox.ac.uk prior to 30 November 2010
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Um amigo virtual, exageradamente elogioso
Não sou muito de elogios: de dar ou receber...
Em todo caso, tenho de agradecer um jovem amigo virtual, colega de blogosfera, que me enaltece ao ponto do exagero, até provocando certo constrangimento na divulgação, mas não poderia deixar de fazê-lo, como prova de reconhecimento e de agradecimento:
Paulo Roberto de Almeida
Olá prof. Paulo Roberto,
Gostaria de desejar minhas mais sinceras felicitações nesta sua data natalícia. Muita paz em sua vida e na vida das pessoas ao seu redor.
Fiz uma pequena homenagem para o senhor no blog em que faço parte, confira:
http://futilizzando.blogspot.com/2010/11/felicitacoes-paulo-roberto-de-almeida-o.html
Abraços,
Jonathan Yuri
Ao Jonathan, meu abraço.
Em todo caso, tenho de agradecer um jovem amigo virtual, colega de blogosfera, que me enaltece ao ponto do exagero, até provocando certo constrangimento na divulgação, mas não poderia deixar de fazê-lo, como prova de reconhecimento e de agradecimento:
Paulo Roberto de Almeida
Olá prof. Paulo Roberto,
Gostaria de desejar minhas mais sinceras felicitações nesta sua data natalícia. Muita paz em sua vida e na vida das pessoas ao seu redor.
Fiz uma pequena homenagem para o senhor no blog em que faço parte, confira:
http://futilizzando.blogspot.com/2010/11/felicitacoes-paulo-roberto-de-almeida-o.html
Abraços,
Jonathan Yuri
Ao Jonathan, meu abraço.
Ser um pais pobre: gastança, irresponsabilidade e inconsciencia...
O mistério das promessas
Rolf Kuntz
O Estado de S.Paulo, 17 de novembro de 2010
A presidente eleita Dilma Rousseff continua devendo seu programa para o primeiro ano de governo e, de modo especial, sua estratégia para enfrentar as questões mais prementes, como a deterioração das contas externas e das finanças públicas. As poucas informações disponíveis até agora – e provenientes, na maior parte, de pessoal ligado à transição – simplesmente não combinam. Há promessas de aumento de gastos e, ao mesmo tempo, de redução de tributos. Neste momento, o desafio mais visível e mais discutido pelo setor privado é o das contas externas. O déficit em transações correntes deverá chegar a US$ 68 bilhões no próximo ano, segundo a nova estimativa de consultores privados e analistas do setor financeiro, divulgada ontem pelo Banco Central. A previsão de um déficit de US$ 50 bilhões neste ano mantém-se há um mês.
Há quatro semanas a projeção para 2011 indicava um buraco de US$ 62 bilhões nas transações correntes. Nesse intervalo, o valor estimado para o superávit comercial no próximo ano diminuiu de US$ 9 bilhões para US$ 8 bilhões, metade do esperado para 2010.
A previsão do investimento direto estrangeiro em 2011 passou de US$ 38 bilhões para US$ 37 bilhões. Se as bolas de cristal estiverem bem ajustadas, será preciso arranjar US$ 31 bilhões de fontes menos seguras, como empréstimos e aplicações nos mercados de papéis. Não deverá faltar dinheiro de fora para financiar as contas e, além disso, o País dispõe de reservas elevadas (US$ 286 bilhões em 11 de novembro). Mas a qualidade do financiamento será inferior. A presidente eleita já comentou as condições adversas no mercado internacional, mas não disse como pretende cuidar do problema nem se o assunto estará entre suas prioridades.
Em Seul, onde assistiu à reunião de cúpula do Grupo dos 20 (G-20), levada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela falou sobre sua preocupação com o desajuste cambial, prometeu estudar as medidas possíveis e limitou-se a isso. Como já anunciou a intenção de manter o câmbio flutuante, está excluída, por enquanto, a hipótese de uma intervenção direta na cotação do real.
No governo, assim como no setor privado, há opiniões diferentes sobre como cuidar do problema externo. Há quem dê prioridade a medidas defensivas – mais barreiras contra o ingresso de produtos estrangeiros. Há quem recomende mudanças mais amplas e mais ambiciosas, para aumentar o poder de competição do produtor nacional em todos os mercados. Uma estratégia meramente defensiva só poderá fracassar, porque não impedirá os concorrentes – em primeiro lugar os chineses – de continuar tomando espaço dos brasileiros até na América do Sul.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, mencionou um possível corte de encargos trabalhistas, mais altos no Brasil do que na maioria dos países concorrentes. Seria um dos passos para reduzir o excesso de custos – tributários, financeiros, burocráticos e logísticos – e eliminar parte importante das desvantagens competitivas. Mas já se anuncia também a elevação real de várias despesas. Exemplos: aumento da Bolsa-Família além da inflação e mais uma correção generosa do salário mínimo, com repercussão em todos os níveis de aposentadorias. Pode-se falar a favor desses benefícios, por seus efeitos sociais, mas, nesse caso, é preciso saber de onde sairá o dinheiro e, mais que isso, onde haverá redução de gastos.
As contas estão sobrecarregadas com as transferências para o BNDES e a capitalização da Petrobrás, os gastos aumentam e a piora do quadro fiscal é evidente, apesar da maquiagem. Mas o Tesouro, segundo se informa, continuará bancando o financiamento a empresas e endividando-se para isso. Além do mais, será preciso cuidar do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com projetos caros, alguns muito importantes.
Ainda não se sabe quanto a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos vão custar para o contribuinte, mas a conta, pode-se apostar, será pesada. Como as obras estão atrasadas, cresce o risco de soluções de emergência, na última hora, com custos maiores para o governo. Quanto ao trem-bala, o Tesouro está autorizado, por medida provisória, a gastar algumas dezenas de bilhões de reais para garantir os financiamentos concedidos pelo BNDES e compensar erros de projeções. A presidente eleita já se declarou favorável a esse projeto. Falta explicar como conciliará as promessas de aumento de gastos, de redução da carga de impostos e até de eliminação do déficit nominal. Enquanto não vier a explicação, todas as desconfianças e temores serão justificados.
A presidente eleita Dilma Rousseff continua devendo seu programa para o primeiro ano de governo e, de modo especial, sua estratégia para enfrentar as questões mais prementes, como a deterioração das contas externas e das finanças públicas. As poucas informações disponíveis até agora – e provenientes, na maior parte, de pessoal ligado à transição – simplesmente não combinam. Há promessas de aumento de gastos e, ao mesmo tempo, de redução de tributos. Neste momento, o desafio mais visível e mais discutido pelo setor privado é o das contas externas. O déficit em transações correntes deverá chegar a US$ 68 bilhões no próximo ano, segundo a nova estimativa de consultores privados e analistas do setor financeiro, divulgada ontem pelo Banco Central. A previsão de um déficit de US$ 50 bilhões neste ano mantém-se há um mês.
Há quatro semanas a projeção para 2011 indicava um buraco de US$ 62 bilhões nas transações correntes. Nesse intervalo, o valor estimado para o superávit comercial no próximo ano diminuiu de US$ 9 bilhões para US$ 8 bilhões, metade do esperado para 2010.
A previsão do investimento direto estrangeiro em 2011 passou de US$ 38 bilhões para US$ 37 bilhões. Se as bolas de cristal estiverem bem ajustadas, será preciso arranjar US$ 31 bilhões de fontes menos seguras, como empréstimos e aplicações nos mercados de papéis. Não deverá faltar dinheiro de fora para financiar as contas e, além disso, o País dispõe de reservas elevadas (US$ 286 bilhões em 11 de novembro). Mas a qualidade do financiamento será inferior. A presidente eleita já comentou as condições adversas no mercado internacional, mas não disse como pretende cuidar do problema nem se o assunto estará entre suas prioridades.
Em Seul, onde assistiu à reunião de cúpula do Grupo dos 20 (G-20), levada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela falou sobre sua preocupação com o desajuste cambial, prometeu estudar as medidas possíveis e limitou-se a isso. Como já anunciou a intenção de manter o câmbio flutuante, está excluída, por enquanto, a hipótese de uma intervenção direta na cotação do real.
No governo, assim como no setor privado, há opiniões diferentes sobre como cuidar do problema externo. Há quem dê prioridade a medidas defensivas – mais barreiras contra o ingresso de produtos estrangeiros. Há quem recomende mudanças mais amplas e mais ambiciosas, para aumentar o poder de competição do produtor nacional em todos os mercados. Uma estratégia meramente defensiva só poderá fracassar, porque não impedirá os concorrentes – em primeiro lugar os chineses – de continuar tomando espaço dos brasileiros até na América do Sul.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, mencionou um possível corte de encargos trabalhistas, mais altos no Brasil do que na maioria dos países concorrentes. Seria um dos passos para reduzir o excesso de custos – tributários, financeiros, burocráticos e logísticos – e eliminar parte importante das desvantagens competitivas. Mas já se anuncia também a elevação real de várias despesas. Exemplos: aumento da Bolsa-Família além da inflação e mais uma correção generosa do salário mínimo, com repercussão em todos os níveis de aposentadorias. Pode-se falar a favor desses benefícios, por seus efeitos sociais, mas, nesse caso, é preciso saber de onde sairá o dinheiro e, mais que isso, onde haverá redução de gastos.
As contas estão sobrecarregadas com as transferências para o BNDES e a capitalização da Petrobrás, os gastos aumentam e a piora do quadro fiscal é evidente, apesar da maquiagem. Mas o Tesouro, segundo se informa, continuará bancando o financiamento a empresas e endividando-se para isso. Além do mais, será preciso cuidar do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com projetos caros, alguns muito importantes.
Ainda não se sabe quanto a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos vão custar para o contribuinte, mas a conta, pode-se apostar, será pesada. Como as obras estão atrasadas, cresce o risco de soluções de emergência, na última hora, com custos maiores para o governo. Quanto ao trem-bala, o Tesouro está autorizado, por medida provisória, a gastar algumas dezenas de bilhões de reais para garantir os financiamentos concedidos pelo BNDES e compensar erros de projeções. A presidente eleita já se declarou favorável a esse projeto. Falta explicar como conciliará as promessas de aumento de gastos, de redução da carga de impostos e até de eliminação do déficit nominal. Enquanto não vier a explicação, todas as desconfianças e temores serão justificados.
Ser um pais rico: trabalho, recursos e um pouco de sorte...
Os EUA são um país reconhecidamente rico, unicamente com base numa combinação original de fatores que é difícil encontrar em outras partes. Mas não precisa ser assim, pois outros países poderiam, também, combinar outros fatores de riqueza e um pouco de sorte.
Atenção: não coloco achar petróleo entre os fatores de riqueza. Em certo sentido, pode ser um caminho para a pobreza, ou pelo menos para o rentismo corruptor e construtor de desigualdades...
Paulo Roberto de Almeida
Atenção: não coloco achar petróleo entre os fatores de riqueza. Em certo sentido, pode ser um caminho para a pobreza, ou pelo menos para o rentismo corruptor e construtor de desigualdades...
Paulo Roberto de Almeida
Economics
Free exchange
Growth
Why is America so rich?
The Economist, Nov 9th 2010, 13:50
by R.A. | LONDON
ECONOMIC gloom and doom aside, America remains the world's richest large country. It's generally estimated to have a per capita GDP level around $45,000, while the richest European nations manage only a $40,000 or so per capita GDP (setting aside low population, oil-rich states like Norway). Wealth underlies America's sense of itself as a special country, and it's also cited as evidence that America is better than other economies on a range of variables, from economic freedom to optimism to business savvy to work ethic.
But why exactly is America so rich? Karl Smith ventures an explanation:
There's also the question of what exactly one is comparing. What if we take similar European and American metropolitan areas and adjust for human capital and hours worked? On that basis, the difference between America and northern Europe looks relatively small. One might then focus on the ways in which America's more integrated domestic market leads to a lower level of within-continent inequality, even though national inequality levels in Europe compare favourably with America's.
The size of the market may be more important than we imagine. As Mr Smith notes, four of the top five HDI countries share the Common Law. They also speak English. In a world in which national and cultural barriers still bite, America's wealth could be chalked up to the fact that it's a uniquely large and uniform nation. Common rules, culture, language, and so on facilitate high levels of trade and mobility. National and cultural barriers within Europe, by contrast, work to limit the extent to which the economic potential of the continent can be reached.
Mr Smith also gets at something important in discussing immigration and talent. The economic geography of the world is lumpy, and talent likes to clump together into centres of innovation. Through fortune and foresight, America managed to develop world-leading centres of talent in places like Silicon Valley, Boston, and New York. Relatively open immigration rules and the promise of a safe harbour for war refugees, including persecuted Jews, helped build these knowledge centres. When one combines that innovative capacity with a system that makes it relatively easy to develop ideas and relatively lucrative to exploit them economically, the potential is there for rapid and sustained growth.
America does seem to be special in important ways, but it's not always clear what those ways are. A liberal economic order and geographically mobile population are important, but so is the level of education, the promise of social mobility, and the openness of America's borders. It's worth keeping all of that in mind as the country's leaders think about the ways economic policy should change in the wake of the Great Recession.
But why exactly is America so rich? Karl Smith ventures an explanation:
I am going to go pretty conventional on this one and say a combination of three big factorsIt's a difficult question to tackle because there's so very much to it. America jumped to a huge productivity lead early last century by developing a resource- and capital-intense, high-throughput style of manufacturing producing mass market goods. The fractious, class-riven European continent struggled to copy this technology, and while adoption of these methods eventually led to a period of rapid catch-up growth, the process of catch-up was never quite completed. And so that's one gap to explore.
You’ll notice that four of the top five countries in the Human Development Index have the Common Law and the top, Norway, is a awash in oil. Without the petro-kronors they probably wouldn’t be so hot.
- The Common Law
- Massive Immigration
- The Great Scientific Exodus during WWII
You’ll also notice that 3 of the top 4, again with Norway the odd man out, are immigrant nations. The founder effect here should be clear.
The bonus from the great exodus is definitely waning. Most of our hey-day German and Jewish scientists are dying off, but its still given us a boost that lingers to this day. There is no fundamental reason why the US should be the center of the scientific world but for a time it was the only place in the world safe for many scientists.
There's also the question of what exactly one is comparing. What if we take similar European and American metropolitan areas and adjust for human capital and hours worked? On that basis, the difference between America and northern Europe looks relatively small. One might then focus on the ways in which America's more integrated domestic market leads to a lower level of within-continent inequality, even though national inequality levels in Europe compare favourably with America's.
The size of the market may be more important than we imagine. As Mr Smith notes, four of the top five HDI countries share the Common Law. They also speak English. In a world in which national and cultural barriers still bite, America's wealth could be chalked up to the fact that it's a uniquely large and uniform nation. Common rules, culture, language, and so on facilitate high levels of trade and mobility. National and cultural barriers within Europe, by contrast, work to limit the extent to which the economic potential of the continent can be reached.
Mr Smith also gets at something important in discussing immigration and talent. The economic geography of the world is lumpy, and talent likes to clump together into centres of innovation. Through fortune and foresight, America managed to develop world-leading centres of talent in places like Silicon Valley, Boston, and New York. Relatively open immigration rules and the promise of a safe harbour for war refugees, including persecuted Jews, helped build these knowledge centres. When one combines that innovative capacity with a system that makes it relatively easy to develop ideas and relatively lucrative to exploit them economically, the potential is there for rapid and sustained growth.
America does seem to be special in important ways, but it's not always clear what those ways are. A liberal economic order and geographically mobile population are important, but so is the level of education, the promise of social mobility, and the openness of America's borders. It's worth keeping all of that in mind as the country's leaders think about the ways economic policy should change in the wake of the Great Recession.
domingo, 21 de novembro de 2010
O Brasil a caminho do populismo (talvez ja esteja...)
O artigo abaixo é de um escritor consumado, que também é médico e diplomata, o que demonstra que a carreira continua a atrair as melhores vocacões e formações do Brasil, numa diversidade muito saudável para a instituição. Assim, constituímos uma burocracia menos cinzenta e mais diversificada e colorida.
Paulo Roberto de Almeida
TENDÊNCIAS/DEBATES
Sem olhos em casa
CLÁUDIO GUIMARÃES DOS SANTOS
Folha de S.Paulo, 5.11.2010
Governantes populistas, além de lançarem mão de um farto assistencialismo, se esmeram em dificultar o acesso dos cidadãos à informação variada
Segundo Karl Mannheim, uma sociedade moderna dificilmente consegue escolher bem o seu futuro sem a presença de intelectuais independentes. Somente eles, com seu saudável poder corrosivo, são capazes de garantir a existência de uma opinião pública crítica.
Para fazê-lo, contudo, os intelectuais precisam defender o seu direito de pensar como melhor lhes pareça e recusar a adesão canina a esta ou àquela ideologia, a este ou àquele partido.
A sua falta de identidade coletiva - de "espírito de manada" - é o que lhes proporciona a autonomia imprescindível à realização de sua missão: examinar, sem descanso, as soluções conflitantes de um problema antes de rejeitá-las ou de assimilá-las.
Todavia, por rever constantemente as suas opiniões, a intelectualidade "não engajada" é vista com reservas pelos adeptos do ideal gramsciano de "intelectual orgânico", paladino de "sua classe". Estes não suportam o inquietante inconformismo das mentes livres, as quais se encontram, por isso mesmo, em grande perigo nos regimes populistas.
Tal fato, infelizmente, nem sempre é percebido com clareza, já que, ao contrário dos ditadores declarados - que eliminam os intelectuais indesejáveis sem nenhum pudor -, os governantes populistas preferem atuar de modo mais discreto.
Buscam, inicialmente, cooptar a intelectualidade "rebelde", minando-lhe a independência por meio de favores. Se não o conseguem, procuram desacreditá-la perante a população, o que se dá não tanto pelo confronto direto, mas pelo ataque aos meios de comunicação pelos quais se expressa, que são acusados de serem "contra o governo", ou, ainda pior, de serem "contra o povo". A artimanha, porém, só funciona quando o aparato crítico dos indivíduos aos quais se dirige apresenta um nível rudimentar, resultado das graves deficiências educacionais de que padece a maioria da população nesses regimes: pessoas esclarecidas não se deixam engabelar por pregações descabidas.
É por isso que os governantes populistas, além de lançarem mão de farto assistencialismo e de retórica demagógica pela qual se apresentam como "pais do povo" e "salvadores da pátria", tanto se esmeram em dificultar o acesso dos cidadãos à informação diversificada. E o fazem seja pela restrição "bem-intencionada" à liberdade de imprensa, seja pela utilização de instrumentos próprios, como as redes de TV "públicas", que funcionam, quase sempre, como veículos da propaganda oficial.
O populismo deforma os cidadãos como nenhum regime autoritário é capaz de fazê-lo. Ele os perverte desde dentro, destruindo a sua resistência crítica. Ele os faz crer que são suas as razões que o regime neles implanta sutilmente. Ele os convence de que a loucura que os acomete constitui uma maneira mais lúcida de ver as coisas.
As vítimas do populismo, ofuscadas por essa luz malsã não só não lamentam como até comem or am a destruição do pensamento independente. Ao fazê-lo, porém, colocam-se, ingenuamente, ainda mais à mercê dos hábeis governantes, dóceis e desarmadas, sem olhos em casa.
CLÁUDIO L. N. GUIMARÃES DOS SANTOS, 50, escritor, médico e diplomata, é mestre em artes pela ECA-USP e doutor em linguística pela Universidade de Toulouse-Le Mirail (França). Blog: http://perplexidadesereflexoes.blogspot.com/
Paulo Roberto de Almeida
TENDÊNCIAS/DEBATES
Sem olhos em casa
CLÁUDIO GUIMARÃES DOS SANTOS
Folha de S.Paulo, 5.11.2010
Governantes populistas, além de lançarem mão de um farto assistencialismo, se esmeram em dificultar o acesso dos cidadãos à informação variada
Segundo Karl Mannheim, uma sociedade moderna dificilmente consegue escolher bem o seu futuro sem a presença de intelectuais independentes. Somente eles, com seu saudável poder corrosivo, são capazes de garantir a existência de uma opinião pública crítica.
Para fazê-lo, contudo, os intelectuais precisam defender o seu direito de pensar como melhor lhes pareça e recusar a adesão canina a esta ou àquela ideologia, a este ou àquele partido.
A sua falta de identidade coletiva - de "espírito de manada" - é o que lhes proporciona a autonomia imprescindível à realização de sua missão: examinar, sem descanso, as soluções conflitantes de um problema antes de rejeitá-las ou de assimilá-las.
Todavia, por rever constantemente as suas opiniões, a intelectualidade "não engajada" é vista com reservas pelos adeptos do ideal gramsciano de "intelectual orgânico", paladino de "sua classe". Estes não suportam o inquietante inconformismo das mentes livres, as quais se encontram, por isso mesmo, em grande perigo nos regimes populistas.
Tal fato, infelizmente, nem sempre é percebido com clareza, já que, ao contrário dos ditadores declarados - que eliminam os intelectuais indesejáveis sem nenhum pudor -, os governantes populistas preferem atuar de modo mais discreto.
Buscam, inicialmente, cooptar a intelectualidade "rebelde", minando-lhe a independência por meio de favores. Se não o conseguem, procuram desacreditá-la perante a população, o que se dá não tanto pelo confronto direto, mas pelo ataque aos meios de comunicação pelos quais se expressa, que são acusados de serem "contra o governo", ou, ainda pior, de serem "contra o povo". A artimanha, porém, só funciona quando o aparato crítico dos indivíduos aos quais se dirige apresenta um nível rudimentar, resultado das graves deficiências educacionais de que padece a maioria da população nesses regimes: pessoas esclarecidas não se deixam engabelar por pregações descabidas.
É por isso que os governantes populistas, além de lançarem mão de farto assistencialismo e de retórica demagógica pela qual se apresentam como "pais do povo" e "salvadores da pátria", tanto se esmeram em dificultar o acesso dos cidadãos à informação diversificada. E o fazem seja pela restrição "bem-intencionada" à liberdade de imprensa, seja pela utilização de instrumentos próprios, como as redes de TV "públicas", que funcionam, quase sempre, como veículos da propaganda oficial.
O populismo deforma os cidadãos como nenhum regime autoritário é capaz de fazê-lo. Ele os perverte desde dentro, destruindo a sua resistência crítica. Ele os faz crer que são suas as razões que o regime neles implanta sutilmente. Ele os convence de que a loucura que os acomete constitui uma maneira mais lúcida de ver as coisas.
As vítimas do populismo, ofuscadas por essa luz malsã não só não lamentam como até comem or am a destruição do pensamento independente. Ao fazê-lo, porém, colocam-se, ingenuamente, ainda mais à mercê dos hábeis governantes, dóceis e desarmadas, sem olhos em casa.
CLÁUDIO L. N. GUIMARÃES DOS SANTOS, 50, escritor, médico e diplomata, é mestre em artes pela ECA-USP e doutor em linguística pela Universidade de Toulouse-Le Mirail (França). Blog: http://perplexidadesereflexoes.blogspot.com/
O Brasil a caminho da decadencia argentina...
Analogias históricas são sempre equivocadas, e muitas vezes anacrônicas, pois é óbvio que situações derivadas de uma história única e original não são suscetíveis de se desenvolverem em outros países e sociedades no mesmo estilo ou sob os mesmos moldes.
Mas o que se pretende destacar aqui são processos similares, funcionalmente falando, não semelhantes ou devendo se desenvolver da mesma forma. Pode-se, assim, comparar o crescimento dos aparatos sindicais na Argentina de Perón e no Brasil de Lula. Não se trata de um sindicalismo de base, mas de cúpula.
O fato é que a decadência de uma nação tem muitos componentes, mas uma constante, ou um processo muito frequente, é a apropriação dos canais "redistributivos" do Estado por corporações não produtivas e rentistas que de fato tomam para si a riqueza coletada da sociedade. São sanguessugas, que falam em nome da sociedade, como os peronistas argentinos, mas atuam em seu benefício exclusivo.
Eis aí um caminho rápido para a decadência. Ela ainda não veio, pelo menos não completamente, mas já se observam traços disso nos que nos representam e até nos "lideram". Por enquanto só pagamos a festa. Depois vamos ter de administrar os prejuízos também.
Paulo Roberto de Almeida

Ruy Fabiano
Blog do Noblat, 20/11/2010
Na reta final da atual legislatura, e sem que o tema tenha sido debatido ou sequer levado ao conhecimento da sociedade brasileira, a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou proposta que concede às centrais sindicais dez minutos semanais de transmissão gratuita no rádio e TV.
O texto original, de autoria da deputada Manuela D’ávila (PCdoB-RS), era bem mais radical: previa nada menos que dez minutos diários de programação sindical em rádio e TV, sete vezes mais que o texto final aprovado.
Havia ainda proposta similar, do deputado Vicentinho (PT-SP), que estabelecia que a transmissão seria entre as 20 horas e 22 horas – horário nobre - das terças-feiras. Assegurava também programa anual de dois minutos em cadeia nacional para cada central sindical.
Prevaleceu o substitutivo do deputado Roberto Santiago (PV-SP), que estabelece que as transmissões serão às terças-feiras, entre as 6 horas e as 22 horas, em bloco ou em inserções de 30 segundos a um minuto, no intervalo da programação normal das emissoras.
Se aprovada, a regra será incluída no Código Brasileiro de Telecomunicacões, que fixa as obrigações das radiodifusoras - e, em troca, concede-lhes compensação fiscal pela cessão do horário. Ou seja, a gratuidade dada aos sindicatos, sabe-se lá para quê, será paga pelo contribuinte, que não foi consultado a respeito.
O agravante é que a proposta tramita em caráter conclusivo no âmbito das comissões da Câmara. Ou seja, não vai a plenário. Será ainda analisada por duas outras comissões permanentes: a de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática e a de Constituição, Justiça e Cidadania. Considerando-se o poder do lobby sindical no Congresso, é improvável que seja rejeitada nessas instâncias.
Trata-se de passo decisivo para a consolidação do que se convencionou chamar de república sindical. Na gestão Lula, os sindicatos ganharam visibilidade e influência sem precedentes. Lideranças egressas do sindicalismo controlam os bilionários fundos de pensão. As centrais sindicais passaram a ter acesso ao imposto sindical, pago mesmo pelos que não se sindicalizaram. Não lhes é exigida também prestação de contas.
No âmbito do Estado, e em cargos estratégicos – inclusive no primeiro escalão -, figuram nomes forjados no sindicalismo. O resultado notório é a cooptação desse setor pelo Estado, situação que atende pelo nome de peleguismo e distorce os fundamentos da própria instituição sindical, suprimindo-lhe a autonomia e independência. A luta contra o peleguismo, introduzido no Brasil ao tempo da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas, foi uma das bandeiras inaugurais do PT, que propugnava por um sindicalismo moderno, sem vínculos com o Estado.
No poder, Lula, porta-voz desse novo sindicalismo, tratou de torná-lo velho. E tem colhido bons resultados.
Basta ver o papel que as centrais sindicais desempenharam na recém-concluída campanha eleitoral, quando, violando a legislação – que proíbe que se associem a partidos e candidatos -, organizaram comícios e fizeram circular panfletos, jornais e revistas em prol da candidatura de Dilma Roussef. Tudo pago com o imposto sindical.
A conquista de horário gratuito na TV aberta, se confirmado, soma-se à recente aquisição da TV do Trabalhador, pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT, que, por sua vez, é ligada ao PT.
O ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, saudou o novo canal como “uma revolução”, fator decisivo para que a mídia convencional “perca o controle sobre as notícias levadas à opinião pública”. Ou inversamente para que as notícias levadas à opinião pública estejam sob controle, como postulam a Conferência de Comunicação do PT e o Programa Nacional de Direitos Humanos.
De uma forma ou de outra, a república sindical avança a passos largos. Ganha mais visibilidade e tribuna própria, ainda que esses atributos nada tenham a ver com a natureza de seu papel institucional. Passam a integrar na linha de frente o jogo do poder.
Ruy Fabiano é jornalista
Mas o que se pretende destacar aqui são processos similares, funcionalmente falando, não semelhantes ou devendo se desenvolver da mesma forma. Pode-se, assim, comparar o crescimento dos aparatos sindicais na Argentina de Perón e no Brasil de Lula. Não se trata de um sindicalismo de base, mas de cúpula.
O fato é que a decadência de uma nação tem muitos componentes, mas uma constante, ou um processo muito frequente, é a apropriação dos canais "redistributivos" do Estado por corporações não produtivas e rentistas que de fato tomam para si a riqueza coletada da sociedade. São sanguessugas, que falam em nome da sociedade, como os peronistas argentinos, mas atuam em seu benefício exclusivo.
Eis aí um caminho rápido para a decadência. Ela ainda não veio, pelo menos não completamente, mas já se observam traços disso nos que nos representam e até nos "lideram". Por enquanto só pagamos a festa. Depois vamos ter de administrar os prejuízos também.
Paulo Roberto de Almeida
República sindical
Ruy Fabiano
Blog do Noblat, 20/11/2010
Na reta final da atual legislatura, e sem que o tema tenha sido debatido ou sequer levado ao conhecimento da sociedade brasileira, a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou proposta que concede às centrais sindicais dez minutos semanais de transmissão gratuita no rádio e TV.
O texto original, de autoria da deputada Manuela D’ávila (PCdoB-RS), era bem mais radical: previa nada menos que dez minutos diários de programação sindical em rádio e TV, sete vezes mais que o texto final aprovado.
Havia ainda proposta similar, do deputado Vicentinho (PT-SP), que estabelecia que a transmissão seria entre as 20 horas e 22 horas – horário nobre - das terças-feiras. Assegurava também programa anual de dois minutos em cadeia nacional para cada central sindical.
Prevaleceu o substitutivo do deputado Roberto Santiago (PV-SP), que estabelece que as transmissões serão às terças-feiras, entre as 6 horas e as 22 horas, em bloco ou em inserções de 30 segundos a um minuto, no intervalo da programação normal das emissoras.
Se aprovada, a regra será incluída no Código Brasileiro de Telecomunicacões, que fixa as obrigações das radiodifusoras - e, em troca, concede-lhes compensação fiscal pela cessão do horário. Ou seja, a gratuidade dada aos sindicatos, sabe-se lá para quê, será paga pelo contribuinte, que não foi consultado a respeito.
O agravante é que a proposta tramita em caráter conclusivo no âmbito das comissões da Câmara. Ou seja, não vai a plenário. Será ainda analisada por duas outras comissões permanentes: a de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática e a de Constituição, Justiça e Cidadania. Considerando-se o poder do lobby sindical no Congresso, é improvável que seja rejeitada nessas instâncias.
Trata-se de passo decisivo para a consolidação do que se convencionou chamar de república sindical. Na gestão Lula, os sindicatos ganharam visibilidade e influência sem precedentes. Lideranças egressas do sindicalismo controlam os bilionários fundos de pensão. As centrais sindicais passaram a ter acesso ao imposto sindical, pago mesmo pelos que não se sindicalizaram. Não lhes é exigida também prestação de contas.
No âmbito do Estado, e em cargos estratégicos – inclusive no primeiro escalão -, figuram nomes forjados no sindicalismo. O resultado notório é a cooptação desse setor pelo Estado, situação que atende pelo nome de peleguismo e distorce os fundamentos da própria instituição sindical, suprimindo-lhe a autonomia e independência. A luta contra o peleguismo, introduzido no Brasil ao tempo da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas, foi uma das bandeiras inaugurais do PT, que propugnava por um sindicalismo moderno, sem vínculos com o Estado.
No poder, Lula, porta-voz desse novo sindicalismo, tratou de torná-lo velho. E tem colhido bons resultados.
Basta ver o papel que as centrais sindicais desempenharam na recém-concluída campanha eleitoral, quando, violando a legislação – que proíbe que se associem a partidos e candidatos -, organizaram comícios e fizeram circular panfletos, jornais e revistas em prol da candidatura de Dilma Roussef. Tudo pago com o imposto sindical.
A conquista de horário gratuito na TV aberta, se confirmado, soma-se à recente aquisição da TV do Trabalhador, pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT, que, por sua vez, é ligada ao PT.
O ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, saudou o novo canal como “uma revolução”, fator decisivo para que a mídia convencional “perca o controle sobre as notícias levadas à opinião pública”. Ou inversamente para que as notícias levadas à opinião pública estejam sob controle, como postulam a Conferência de Comunicação do PT e o Programa Nacional de Direitos Humanos.
De uma forma ou de outra, a república sindical avança a passos largos. Ganha mais visibilidade e tribuna própria, ainda que esses atributos nada tenham a ver com a natureza de seu papel institucional. Passam a integrar na linha de frente o jogo do poder.
Ruy Fabiano é jornalista
Construindo o Apartheid no Brasil e deformando a História...
Raramente se tem a oportunidade de constatar uma violação flagrante da verdade histórica tão patente, tão descarada, tão mentirosa quanto a que segue abaixo, nesse texto que me dou ao cuidado de transcrever por inteiro, exemplificativo de como se pode deformar a História de maneira tão vil como poucas vezes se viu nos últimos anos de construção do racismo negro no Brasil.
O texto não é apenas anacrônico, no sentido mais completo da palavra, ao pretender ver em Zumbi -- um personagem envolvido em controvérsias suficientes para desacreditar essa história idílica e totalmente falsa que pretendem criar -- um representante do pensamento e democrático e socialista. Ele é também um exemplo do tipo de mistificação da verdade que estão construindo nessas ONGs de Governo (pois é isso o que são) que se encarregaram de deformar a História e de construir o Apartheid racial no Brasil.
De fato, não se consegue imaginar tamanha mistificação da realidade, apenas comparável ao trabalho conduzido no tristemente famoso "Ministério da Verdade" do justificadamente famoso livro de George Orwell, 1984, um monumento da inteligência sincera, individual, por um socialista democrático, em defesa da verdadeira verdade, se ouso dizer, em face da mentira oficial, difundida coletivamente, pelo aparelho do Estado. Exatamente como ocorre neste caso que segue abaixo, um texto pateticamente orwelliano (pelas más razões, claro).
Lamento que material indecoroso como este esteja sendo divulgado neste meu blog, em todo caso voltado para as ideias, mesmo as más, que merecem nosso repúdio e a lata de lixo da História.
Paulo Roberto de Almeida
(*) Oscar Henrique Cardoso, natural de Porto Alegre/RS é jornalista, radialista e atual assessor de Comunicação Social da Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura, em Brasília/DF. È responsável pela execução de projetos em Comunicação Social junto ao Governo Federal, voltados para a cultura e a história afro-brasileira. Edita o Portal da FCP/MinC e o blog A CASA DO OSCAR.
O texto não é apenas anacrônico, no sentido mais completo da palavra, ao pretender ver em Zumbi -- um personagem envolvido em controvérsias suficientes para desacreditar essa história idílica e totalmente falsa que pretendem criar -- um representante do pensamento e democrático e socialista. Ele é também um exemplo do tipo de mistificação da verdade que estão construindo nessas ONGs de Governo (pois é isso o que são) que se encarregaram de deformar a História e de construir o Apartheid racial no Brasil.
De fato, não se consegue imaginar tamanha mistificação da realidade, apenas comparável ao trabalho conduzido no tristemente famoso "Ministério da Verdade" do justificadamente famoso livro de George Orwell, 1984, um monumento da inteligência sincera, individual, por um socialista democrático, em defesa da verdadeira verdade, se ouso dizer, em face da mentira oficial, difundida coletivamente, pelo aparelho do Estado. Exatamente como ocorre neste caso que segue abaixo, um texto pateticamente orwelliano (pelas más razões, claro).
Lamento que material indecoroso como este esteja sendo divulgado neste meu blog, em todo caso voltado para as ideias, mesmo as más, que merecem nosso repúdio e a lata de lixo da História.
Paulo Roberto de Almeida
Oscar Henrique Cardoso (*)
Me chamou a atenção ao verificar a postagem de um internauta falando sobre o que ele sabia ou pensava sobre Zumbi dos Palmares. A referência feita por este brasileiro, usuário da Internet, me fez pensar em um detalhe que pode ainda mais reforçar a importância de Zumbi dos Palmares na construção da história democrática brasileira. O fato citado por ele fez referência a Zumbi como o primeiro "líder socialista de fato que o Brasil já conheceu".
Zumbi dos Palmares não só foi o comandante guerreiro, o líder da resistência dos quilombolas de Palmares. Zumbi dos Palmares implantou na Serra da Barriga um modelo social o qual todos nós perseguimos: um modelo social que proporciona a todos os cidadãos a divisão compartilhada da produção e das riquezas, o debate democrático sobre os destinos de uma comunidade e também a auto-estima dos seus moradores. No caso que falo, os quilombolas que se abrigavam em Palmares tinham orgulho de lutar por um ideal de liberdade, contra a escravidão e o domínio imperialista da coroa portuguesa.
Palmares não está somente viva nos livros históricos e também viva na Serra da Barriga, a qual inúmeros peregrinos e militantes do Movimento Negro subiram no último dia 20 de Novembro. Zumbi foi o líder de uma revolução social a qual todos nós sonhamos. Uma revolução que não queremos que se faça pelas armas, mas sim pela construção de um processo cidadão, o qual dê aos negros brasileiros e aos mestiços, o direito de nascer, crescer, viver e morrer em um país digno. Digno por cada um de nós ver resultados concretos e efetivos nos sistemas públicos de saúde, educação, moradia e trabalho e renda.
A nação que Zumbi construiu em Palmares foi em minha opinião, sem dúvida, um modelo de sociedade democrática e igual. Fugitivos das senzalas encontravam em Palmares um espaço para desenvolver sua formação cidadã. Uma construção democrática coletiva, onde o direito de ser e de viver era plenamente respeitado. Uma antítese aos tempos de escravidão.
O gosto de ver nas ruas deste país a celebração da população negra em razão ao dia 20 de Novembro me faz promover a seguinte leitura. Nós negros queremos ver a sociedade que Zumbi constituiu no Quilombo de Palmares implantada. Nossa população, jovem ou mais velha, ainda deseja assistir a uma partilha de bens iguais dentro de nossa sociedade. Partilhar bens se reflete em dar acesso a negros, pardos e mestiços uma educação de qualidade, a um serviço de saúde que contemple as nossas especificidades raciais e a um pleno desenvolvimento de trabalho e renda para os negros que vivem no campo e nas grandes cidades.
Nosso herói Zumbi dos Palmares não foi só um herói abolicionista. Foi também o herói de toda uma parcela da nação brasileira que não concordava com a escravidão imposta pela coroa portuguesa. O sonho de liberdade que Zumbi implantou na Serra da Barriga era também o sonho de inúmeros abolicionistas, que desfilavam em meio à aristocracia o desejo de ver o fim da chibata. Hoje os negros brasileiros esperam derrubar uma versão moderna da chibata. A versão da invisibilidade.
A luta é árdua, mas estamos conseguindo começar a nos organizar para deixar para as novas gerações os ideais de igualdade e democracia que foram perseguidos por Zumbi dos Palmares. Ele foi um herói de verdade. Ele fez no seu quilombo o Brasil que todos nós sonhamos. Verdadeiramente Zumbi foi o nosso herói, pois deu sua vida pela igualdade racial e social em um Brasil Colônia que era explorado e usurpado de suas riquezas.
Ao voltar a falar sobre este mail que declarava Zumbi como o primeiro líder socialista já conhecido de fato pelo Brasil, me faz acreditar que a importância de Zumbi em nossa história foi muito maior do que simplesmente lembrar dele como mártir. Zumbi foi construtor, mesmo que por um curto espaço de tempo, de um Brasil para o futuro. Um país onde todos sonhamos que um dia existirá. Nosso compromisso é trabalhar para que a imagem de Zumbi dos Palmares não fique configurada apenas nos livros didáticos como mais um herói. Este negro guerreiro deve sim ser lembrado como um cidadão pleno, um empreendedor, construtor de um quilombo que serviu não só de resistência à escravidão. Palmares foi sim o nosso primeiro modelo e exemplo de sociedade democrática, onde todos os fugitivos e não fugitivos exerciam a plenitude da democracia.
(*) Oscar Henrique Cardoso, natural de Porto Alegre/RS é jornalista, radialista e atual assessor de Comunicação Social da Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura, em Brasília/DF. È responsável pela execução de projetos em Comunicação Social junto ao Governo Federal, voltados para a cultura e a história afro-brasileira. Edita o Portal da FCP/MinC e o blog A CASA DO OSCAR.
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